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RELAÇÃO JURIDICA - ELEMENTOS

1. ELEMENTO SUBJETIVO – SUJEITOS:

A - ATIVO – É O TITULAR DO DIREITO; E

B - PASSIVO – É QUEM TEM O DEVER CONTRAPOSTO,

* PODE SER UM INDIVÍDUO OU UMA COLETIVIDADE. O SUJEITO PASSIVO PODE


SER IDENTIFICADO OU INDETERMINADO (OPONÍVEL ERGA OMNES)

* AS PESSOAS PODEM SER NATURAIS (FÍSICAS) OU JURÍDICAS (ENTES


ARTIFICIAIS). TAMBÉM PODEM SER SUJEITOS DE DIREITO NÃO PERSONIFICADOS
OU SEJA, TER CAPACIDADE DE DIREITO OU SUBJETIVIDADE RESTRITA E DEFINIDA
EM LEI.

2. ELEMENTO OBJETIVO – OBJETO, NO DIREITO PRIVADO: DAR, FAZER, OU NÃO


FAZER, OU SEJA: INTERESSES, BENS E SERVIÇOS SÃO A FORMA DE OBJETO MAIS
COMUM NO DIREITO PRIVADO.

3. ELEMENTO ABSTRATO / VINCULO JURIDICO, HÁ INCIDÊNCIA E


CONSEQUÊNCIAS PREVISTAS EM NORMAS JURÍDICAS. DIFERENÇA DO FATO
SOCIAL COMUM PARA O FATO JURÍDICO, OU SEJA, FATO HUMANO OU NATURAL
QUE CRIA, MODIFICA E/OU EXTINGUE DIREITOS E DEVERES
PESSOAS – SUJEITOS DE DIREITO

SUJEITOS DE DIREITO PERSONIFICADOS: TEM


PERSONALIDADE JURIDICA PLENA, OU SEJA: PODEM
FIGURAR / ATUAR EM QUALQUER RELAÇÃO JURÍDICA.
PODENDO ATUAR DE FORMA DIRETA, COM AUTONOMIA
PLENA (PLENAMENTE CAPAZES); OU INDIRETA VIA
REPRESENTANTES LEGAIS OU CONVENCIONAIS, por ser
dotado de incapacidade absouta ou relativa conforme a lei civil.

MODALIDADES:

1. PESSOAS NATURAIS / FÍSICAS – 2º CC

2. PESSOAS JURIDICAS / ENTES ARTIFICIAIS – 40-52 CC


PESSOAS (???)

SUJEITOS DE DIREITO NÃO PERSONIFICADOS: Atuam em algumas


relações jurídicas definidas em lei, portanto tem subjetividade ou capacidade
de direito restrita.
Para alguns órgãos ou repartições públicas se reconhece a figura da
personalidade judiciária (70 CPC, sum 525 STJ) que permitem atuar
processualmente em conflitos de competência administrativa, p.ex.: Câmara
de Vereadores municipal X Assembleia Legislativa estadual para decidir sobre
funcionamento do comércio durante a pandemia da Covid-19.
Modalidades:
1. ENTES DESPERSONALIZADOS ou pessoas formais, tem capacidade de
direito restrita, mas não personalidade ampla: 91 CC; 75, V-VII, IX e XI, CPC;
sum. 525 STJ. Entes artificiais ou órgãos públicos. EXEMPLO: Espólio (1.911,
pú., e 1.797, CC; 75, VII, p. 1º, 597, 618, 796, CPC).
2. ANIMAIS SENCIENTES: De ordinário e tradicionalmente considerados:
bens semoventes (82 CC) X Mas... 225, p. 1º, VII da CRFB/88; 32, L. 9605/98;
64 DL. 3688/41; L. 11794/08 – PL. 27/2018 e PL 6054/2019 seriam titulares de
direitos? Quando se fala de proteção em face do próprio dono? – Polêmico!
3. NASCITURO, embrião não nascido: 2º CC - POLÊMICA!!!
TEORIAS DO INÍCIO DA PERSONALIDADE – PESSOA NATURAL

EXISTEM MUITAS TEORIAS SOBRE O INÍCIO DA


PERSONALIDADE DA PESSOA NATURAL. PRINCIPAIS:

1. CONCEPCIONISTA – 2º CC, PARTE FINAL: SE EXISTE PESSOA


(VIDA) EXISTE PERSONALIDADE JURÍDICA, TER ALGUNS
DIREITOS É ENTRAR NO MUNDO JURÍDICO

2. NATALISTA – 2ºCC, PARTE INICIAL: O NASCITURO APÓS O


PARTO SEPARADO DA MÃE, RESPIRAR SOZINHO GANHA
PERSONALIDADE JURÍDICA PLENA (53, PAR. 2, L. 6015/73 - LRP)

3. PERSONALIDADE CONDICIONADA / NATALISTA MODERADA:


JÁ TEM PERSONALIDADE, MAS OS DIREITOS SÃO IN FIERI,
EXPECTATIVAS CONDICIONADAS AO NASCIMENTO COM VIDA,
ENTÃO EXISTE UMA PERSONALIDADE “DORMENTE” QUE ESTÁ
CONDICIONADA AO NASCIMENTO COM VIDA PARA PERMITIR A
EXIGIBILIDADE PLENA DOS DIREITOS PREVISTOS EM LEI.
PESSOA – SUBJETIVIDADE - PERSONALIDADE
◼ Ser uma PESSOA / VIDA. Quando COMEÇA?
15-20 dias - Meios contraceptivos são permitidos e largamente aplicados até o fim
da fase da nidação (DIU e pílula do dia seguinte), o uso de material genético
humano, feto excedentário, é reconhecido por lei e decisão do Supremo (25 PL.
478/2007, 4º, 1. D. 678/92 x 5º, I, L. 11.105/2005, ADI3510/600/DF-2008).
◼ Ter CAPACIDADE DE DIREITO / SUBJETIVIDADE: ser titular de alguns direitos.
Quando COMEÇA?
◼ Todo mundo concorda, mesmo o embrião já é dotado de subjetividade /
capacidade de direito, restrita e definida em lei, sendo a maior parte dos direitos
in fieri, meras expectativas condicionadas ao nascimento, representados pela
mãe (2º., 932, I, 1.779 CC). O P.L. 478/2007 (Estatuto do Nasc
PL 478 de 2007 e apensados - Câmara dos Deputados
◼ camara.leg.brhttps://www.camara.leg.br › fichadetramitacao
ituro), pretende ampliar este reconhecimento:
a. Direitos In fieri - 542, 1.609, pú., 1.779-1.780, 1.798, 1.799, I, 1.952, CC;
b. Incondicionados / plenos – Existenciais como os direitos da personalidade (11 ao
21, CC), ou mesmo patrimoniais como o direitos aos alimentos gravídicos (L.
11.804/2008).
NASCITURO TEM PERSONALIDADE? Depende do que se considera ter
Personalidade Jurídica. As teorias da personalidade tem atribuído significados
distintos para a personalidade jurídica da pessoa natural
FIM DA PERSONALIDADE DA PESSOA NATURAL – 3 FORMAS

1º) ÓBITO / MORTE - 6º 9º, I, CC; 29, III, 77-87, L. 6015/73,


LEI DE REGISTROS PÚBLICOS - LRP

MOMENTO? MORTE ENCEFÁLICA, POR


INTERPRETAÇÃO DO ART. 3º, DA L. 9434/97, LEI DE
DOAÇÃO DE ÓRGÃOS - LDO

* COMORIÊNCIA (8º, CC): SITUAÇÃO EXCEPCIONAL DE


SIMULTANEIDADE PRESUMIDA DE MORTES
COMPROVADAS. O FATO DA MORTE NÃO É
PRESUMIDO E SIM O MOMENTO SIMULTÂNEO DE
ÓBITO DE DUAS OU MAIS PESSOAS EM UM MESMO
EVENTO, SOBRETUDO QUANDO PARENTES ENTRE SI.

ATENÇÃO: NÃO BASTA SER NO MESMO EVENTO, TEM


QUE HAVER IMPRECISÃO NA ORDEM DAS MORTES
FIM DA PERSONALIDADE DA PESSOA NATURAL – 3 FORMAS

2º) MORTE PRESUMIDA SEM DECRETAÇÃO DE AUSÊNCIA. SITUAÇÃO ESPECIAL


EM QUE AUSENTE CORPO OU PARTE DE CORPO QUE PERMITA ATESTADO
MÉDICO DE ÓBITO HÁ GRANDE PROBABILIDADE DE FALECIMENTO DO
DESAPARECIDO QUE SERÁ DETERMINADA POR DECISÃO JUDICIAL E
POSTERIORMENTE REGISTRADO, 7º E 9º, IV, CC; 88 LRP:

REQUISITOS: CESSADAS AS BUSCAS OFICIAIS E APÓS O RECONHECIMENTO DO


FATO POR DECISÃO JUDICIAL LEVADA A REGISTRO

HIPÓTESES: ART. 7º DO CC:

I – EXTREMA PROBABILIDADE DA FATALIDADE, DECISÃO DEFINE (SUBJETIVO);

II – ATO DE GUERRA – ENCERRAMENTO + 2 ANOS, PRESSUPOSTA (OBJETIVO)

NOS DOIS CASOS A SENTENÇA É LEVADA AO REGISTRO QUE FIXA DATA


PROVÁVEL DO FIM DA PESSOA QUE PODE SER ANTERIOR A DATA DA SENTENÇA
FIM DA PERSONALIDADE DA PESSOA NATURAL – 3 FORMAS

3º) MORTE PRESUMIDA COM DECRETAÇÃO DE AUSÊNCIA -


PROCESSO LONGO COM TRÊS FASES (TRIFÁSICO):

1. DECRETAÇÃO / CURADORIA: ARROLAMENTO E ARRECADAÇÃO DOS


BENS E NOMEAÇÃO DO CURADOR ESPECIAL
INTERVALO – 1-3 ANOS (26 CC) – JÁ TINHA PROCURADOR?

2. SUCESSÃO PROVISÓRIA: HABILITAÇÃO, EXIGE OU NÃO CAUÇÃO?


DEPENDE SE É HERDEIRO NECESSÁRIO OU NÃO (30 E 1845 CC). TEM
TRANSMISSÃO DA POSSE (NÃO CONFUNDIR COM A PROPRIEDADE).
INTERVALO – 5-10 ANOS (37, 38 CC) – JÁ TINHA 80 ANOS OU MAIS?
ÚLTIMAS NOTÍCIAS FORAM A MAIS DE 5 ANOS?

3. SUCESSÃO DEFINITIVA: TRANSMISSÃO DA PROPRIEDADE


FIM? DESAPARECIDO AINDA TEM + 10 ANOS (39 CC; 745 CPC; 614 J.CIV.),
MAS SÓ RECUPERA O QUE AINDA EXISTIR E OS SUBROGADOS.

* REGIME JURÍDICO: 9º, IV, 22-39, 1.570, CC; 242, P. 1º, 626, 744, 745, CPC;
29, VI, 94, 104, 107, I, LRP; ENC. 614 J.CIV.

* SE O CORPO / PARTES FOR ENCONTRADO? PROCESSO NORMAL DE


ÓBITO – (35 CC); E SE FOR HERANÇA JACENTE? 28, PAR. 2º, 39, PAR.
UN., 1.819-1.823, CC; 738-743, CPC – PODER PÚBLICO “HERDA”.
MUNICÍPIO OU DF, BENS URBANOS; UNIÃO FEDERAL OS BENS RURAIS
CONSEQUÊNCIAS DO FIM DA PERSONALIDADE

1. DEVERES? O fim da personalidade extingue obrigações personalíssimas, mas são


mantidas algumas obrigações, dívidas patrimoniais transmissíveis, que devem ser
habilitadas no inventário da partilha - arts. 642-646 CPC; 1821, 1847, 1997-2001, CC.

NÃO SE HERDA DÍVIDA? Regra: 1792, 1997, CC; 796, CPC. “Exceções”: a. alimentos
– 1700, CC; 23, L6515/73, enc. 342, J. Civ., e, b. obrigações propter rem, que aderem a
coisa e são recebidas pelo sucessor (502, 1.345 CC), pois a consequência do
inadimplemento é o risco da perda do bem ao qual aderem tais débitos (3º, IV, L.
8009/90; REsp. 1829663/SP, j. 17.06.2016).

2. DIREITOS – Fim da personalidade (sentido subjetivo), mas são mantidos direitos da


personalidade, defendidos pelos parentes próximos por legitimidade extraordinária (12, p.
ú., 20, p.ú., 943, 1.851, CC; 70-A, par. 7º, 95, LRP; 5, 275, 398, 399 e 400, J. Civ.; 642,
STJ). O sujeito do direito material é o falecido, mas o sujeito processual é o parente
próximo pela óbvia impossibilidade do de cujus postular a lesão de seu direito existencial
que é intransmissível, portanto, não se confunde como hipótese de dano reflexo (948 CC,
490, 491 STF), mas há quem considere mera sucessão do direito patrimonial ao
resultado econômico de processo. Não seria o caso p.ex. da defesa de homenagem de
nome de rua ou estádio de antecessor já falecido em que se reconhece legitimidade para
defesa aos parentes próximos:
(https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1995/2/25/cotidiano/14.html); ou revogação da doação
em caso de homicídio do doador (561, CC).
PERSONALIDADE E CAPACIDADE - CONCEITOS
I – PERSONALIDADE, no Direito a palavra tem dois sentidos:

1. SUBJETIVO, personalidade é atributo jurídico, aptidão para ser titular de


direitos e estar submetido a deveres, figurar em relações jurídicas em
geral, é a personalidade jurídica das pessoas naturais e jurídicas;

2. OBJETIVO, conjunto de direitos que trata dos principais aspectos e


manifestações da pessoa humana (existenciais). Exclusivos das pessoas
naturais (286, J.Civ., 52 CC). É preciso ter personalidade (atributo
subjetivo), portanto ser sujeito de direito, para exercer direitos da
personalidade que são o objeto da relação jurídica com um titular.
Exceção: nascituro (2o CC) dotado de subjetividade, capacidade de
direito restrita, para tais direitos mesmo antes de ter personalidade
jurídica plena para a teoria majoritária: Natalista.

3. II – CAPACIDADE, medida da personalidade, tem dois sentidos:

4. DE DIREITO – TER DIREITOS – 1o., CC. A pessoa natural já é dotada


antes do nascimento, de maneira restrita e definida em lei, é também
conhecida como subjetividade, e atua via representante legal (1779 CC).

5. DE FATO – EXERCER COM AUTONOMIA – 3o.ao 5o., CC – regra geral


só com 18 anos completos (maioridade civil), admite exceções (p.ex.
Emancipação que pode antecipar para 16 anos: 5o CC), e casos de
convalidação da incapacidade relativa.
INCAPAZES – INCAPACIDADE DE FATO

INCAPACIDADE DE FATO - DOIS GRAUS:

1o. INCAPACIDADE ABSOLUTA (3o., CC; Lei 13.146/20125, Estatuto da Pessoa


com Deficiência-EPD). O EPD alterou profundamente o CC, reduzindo as
hipóteses de incapacidade absoluta no CC apenas ao caso do menor de 16 anos.

Leis Especiais: Apesar do EPD ter retirado o deficiente mental do rol do CC,
admite incapacidade absoluta para tal condição, embora prefira a decretação de
relativa incapacidade. O Estatuto do Índio (4o, pú., e L. 6001/73) é lei especial que
pressupõe incapacidade absoluta para os índios não integrados.

São representados (932, I e II, 974, 1634, VII, 1690, 1747, I, CC), se praticarem
algum ato em regra é nulo (166, I, CC). Não tem como convalidar, mas admite
uma exceção: 542 e 543, CC (donatário de doação pura).

2o. INCAPACIDADE RELATIVA (4o., CC), todos os demais casos de


incapacidade do CC, devem ser precedidos de processo de interdição, e o
incapaz por idade entre 16-18 anos, sem emancipação, mesmo sem interdição.

São assistidos (932, I e II, 974, 1634, VII, 1690, 1747, I, CC), se praticarem um
ato civil em regra ele é anulável (171, I, 178, III, CC). Mas, tem diversas formas
para convalidar: 105, 172-184, 178, III, e 589 CC, e várias exceções: 5o, 228, I,
666, 1517, 1693, II, 1860, par. un, CC.
1º) POR IDADE

INCAPACIDADE ABSOLUTA, até os 16 anos incompletos (3o


CC); E, INCAPACIDADE RELATIVA, dos 16 anos completos
aos 18 anos incompletos (4o, I, CC)
RESPONSÁVEL LEGAL:
1. PAI E MÃE – PODER FAMILIAR: 226, p. 5º, 229, CRFB/88;
932, I, 1612, 1.630-1.638, 1.689-1.692, CC; 21-24, 33-35, L.
8069/90, Estatuto da Criança e Adolescente - ECA
* Considerando ainda para efeitos legais de aplicação das
medidas de segurança (delitual) como criança até 12 anos e
adolescente dos 12 aos 18 anos incompletos (2º ECA), mas não
se distinguindo tais categorias para efeito de capacidade que
toma a regra geral do CC: até 16 (incapacidade absoluta), dos
16 aos 18 anos (incapacidade relativa).
2. TUTOR – Responsável substituto na falta ou impedimento
(destituição: 92, II, 244-247, CP, 23, 24 L. 8069/90) de todas as
autoridades parentais (pai e mãe) é nomeado um parente
próximo, ou mesmo amigo, padrinho ou madrinha, que pode ser
indicado ou definido na sentença de nomeação (932, II, 1633,
1.728-1.776, CC; 33-38, ECA; 747-763, CPC).
PROCEDIMENTO DE EMANCIPAÇÃO – ANTECIPAÇÃO DA MAIORIDADE CIVIL

EMANCIPAÇÃO (5º, I, 9º, II, 976, 1635, II, 1614, 1690, 1758, 1763, I, CC; 13,
p. 2º, 29, IV, 89-91, 107, p. 1º, L. 6.015/73-LRP; enc. 530, J.Civ.). 3 formas:
1. VOLUNTÁRIA – Concedida pelos pais por instrumento público independe
de homologação judicial, é registrada (5o, I, 9o, II, 1635, II, 1690, CC);
2. JUDICIAL – Por decisão judicial no caso de tutor ou para “desempatar”
decisão dos pais, é registrada, decisão deve ser comunicada em até 8 dias
(5o, I, 9o, II, 1631, pú., CC; 89 e 91 LRP);
3. LEGAL – Em hipóteses previstas nos incisos II-V do 5o, CC, é anotada (13
e 107 LRP):
a. casamento, que por sua vez depende de autorização parental – pode ser
suprida por juiz (1519 CC) -´para 16-18 anos (5o. II, 1517, 1520 CC);
b. sustento próprio por cargo público efetivo, propriedade de estabelecimento
comercial ou civil, trabalho remunerado (5o, III, V, 972, CC);
c. colação de grau de nível superior: bcharelado, licenciatura ou tecnólogo (5o,
IV, CC; 36, p. 9o, 44, 45, L. 9434/97, Lei de Diretrizes e Bases - LDB)
◼ Requisitos: mínimo: ter 16 anos completos E só para os atos da vida civil
◼ Só vale perante terceiros após registro – 1758 CC; 91, par. un. LRP.
2º) TOXICOMANO OU ÉBRIO HABITUAL – PROCEDIMENTO DE INTERDIÇÃO

Caso de incapacidade relativa, (4º II, 1767, III, CC; 114, EPD):

◼ Depende de procedimento judicial de INTERDIÇÃO - 747-763, CPC; enc. 574,


J.Civ. – com atuação obrigatório do MP na função de custus leges, fiscal da
sociedade e da lei – 178, II, e 279, CPC

◼ Procedimento de interdição é de Jurisdição voluntária- 88, 215, I, CPC. Por tal


razão é reversível, não fazendo coisa julgada definitive, não faz coisa julgada
material - 1.772, 1.776, CC; 756, CPC; L. 10216/2001; 14-17, EPD

◼ Decisão judicial deve se apoiar em exame pericial biopsicossocial – 750, 753,


754, CPC; 2o, EPD. Contra exigência no peticionamento, mas exigindo na
decisão: STJ, REsp. 1685826/BA, 19.09.2017.

◼ A sentença deve ser registrada para criar efeitos jurídicos perante terceiros –
9o., III, CC; 13, p. 2º, 29, V; 79, 10º; 89, 92-94, 104, 107, LRP. * Exceção:
quando manifesta e evidente a condição de incapacidade mesmo que anterior
ao procedimento de interdição (STJ: REsp. 1694984/MS) X inversamente para
atos processuais: REsp. 1694984/MS e 1414884/RS.

◼ Responsável legal: curatela (antigo e secundário – 749, 752 e 755-758, CPC;


1767-1778, CC; 85 EPD; enc. 25 e 26, IBDFAM), pode ser compartilhada
(1775-A, CC), ou APOIADORES DE DECISÃO (nova figura e prioritária:
84-87, EPD; 1783-A, CC)
3º ) INCAPAZ DE EXPRIMIR A PRÓPRIA VONTADE PERMANENTE OU TRANSITORIAMENTE

Também depende de procedimento judicial de interdição (4º III,


1767, I, CC; 114, EPD), portanto:

◼ tem participação do MP…

◼ é de Jurisdição voluntária / reversível…

◼ depende de exame pericial biopsicossocial…

◼ sentença deve ser registrada para ter efeitos perante terceiros…

◼ Responsável legal: curador (antigo e secundário: 85, EPD), ou os


apoiadores de decisão (novo e prioritário – 84-87, EPD) conforme
a lei, MAS neste caso só faz sentido a curatela (enc. 640 J.Civ.),
não havendo como nomear apoiador de decisão para quem não
pode tomar nenhuma decisão por estar muitas vezes
desacordado permenentemente (comatoso).
4º) PRÓDIGO

Hipótese apenas de incapacidade relativa e especial, apenas para atos de


disposição patrimonial (4º IV, 1767, V, 1782, CC; 6o, 85, EPD). Como nos casos
anteriores depende de procedimento judicial de interdição, portanto:

◼ tem participação do MP…

◼ é de Jurisdição voluntária / reversível…

◼ depende de exame pericial biopsicossocial…

◼ sentença deve ser registrada para ter efeitos perante terceiros…

◼ Diferença neste caso está nas consequências da interdição que é apenas para
atos de disposição patrimonial, p.ex. Adotar uma criança ou casar não
dependem de representação (85 EPD).
5º) PORTADOR DE NECESSIDADES ESPECIAIS MENTAIS – L. 13.146/2015 – EPD – INTERDIÇÃO ESPECIAL
É hipótese que atualmente se sujeita a regime jurídico especial: Dec. 6949/2009 – Conv.
Intern. sobre Dir. de Pessoas com Deficiência NY/2007; L. 10.216/2001, Lei
antimanicomial; e, Lei 13146/2015, Estatuto das Pessoas com Deficiência–EPD.

◼ EPD - Tirou os deficientes mentais do rol das incapazes do CC (rotulagem social);

◼ MAS… apesar de reconhecer manutenção da plena capacidade para alguns atos da


vida civil de natureza existencial – 6o., 85, 86, EPD / caso especial: 637 J.Civ. (ato
existencial pelo representante) – O EPD mantem a necessidade do procedimento de
interdição, com as mesmas características das hióteses anteriores de incapacidade
civil que não por idade, exigindo inclusive o registro da decisão para eficácia social
plena. No entanto, o STJ admite pedido de invalidade para fato anterior ao registro
da interdição civil em caso de incapacidade manifesta.

◼ Diferenças: a. Decisão determina dois fatores, juízo de grau e de possível


reversibilidade da condição (755, 756 CPC; enc. 574, J.Civ.), que não são
mutuamente condicionantes; b. Há possibilidade de nomeação de curador provisório
initio litis em casos graves (87, EPD), cabendo internação voluntária ou compulsória
em casos extremos (4o, III EPD, 4o. ao 9o, L 10216/2001); c. uso da curatela como
última opção dando priodidade para a figura dos apoiadores de decisão (1783-A CC;
84, p. 3o, 85, p 2o, EPD; enc. 638-640, J.Civ.), para garantir o máximo de autonomia
privada e socialização do interditado. Há até quem defenda a figura da autocuratela
para casos de espectro mais leve de incapacidade mental (enc. 26, IBDFAM).
6º) ÍNDIOS NÃO INTEGRADOS – LEI 6.001/1973, ESTATUTO DOS ÍNDIOS – PROCEDIMENTO DE DESINTERDIÇÃO

Regime jurídico especial: 4o., pú., CC; 114, EPD; 50, p. 2o., 246, p. 2o. e 3o., LRP; L. 6.001/73 (Estatuto dos Índios), Dec.
88.118/83; Dec. 564/92; Dec. 1.141/94; Dec. 1.775/96; Dec. 3.156/99; e Inst. Normativas 1 e 2/94, FUNAI.

ATENÇÃO: incapacidade vale apenas para o índio não integrado – A lei pressupõe incapacidade absoluta nestes casos.

Para os índios não integrados, silvícolas, o procedimento de interdição não é exigido, inversamente pode haver o procedimento de
“desinterdição”. Pela via administrativa, direto na FUNAI, ou Judicial, pelo qual o postulante deve provar a compreensão e inserção
na cultura “civilizada” moderna.

Responsável legal: FUNAI, por TUTELA ESPECIAL – 231 e 232, CRFB/1988. O registro civil de índios NÃO INTEGRADOS é
facultativo – 50, p. 2º, LRP, 12, 13 do Estatuto dos índios.
ESTADO CIVIL OU QUALIFICAÇÃO JURÍDICA – POSSE DE ESTADO

Popularmente chamado de qualificação jurídica o estado civil da


pessoa é o conjunto de informações pessoais que atende a uma
dupla função:
1. IDENTIFICAÇÃO SOCIAL, para atos oficiais, negociais e judiciais
2. ESTABELECER O REGIME JURÍDICO PESSOAL – “regras do
jogo”, conjunto de normas que vai incidir muitas vezes garantindo
proteção, privilêgios e preferências especiais
POSSE DE ESTADO ou ESTADO SOCIOAFETIVO: É o status civil
juridicamente imperfeito, mas com consequências jurídicas similares.
p.ex: casamento putativo – 1545 e 1561 CC; ou, parentalidade
socioafetiva: 1593 CC (paterna, materna e, recentemente, até
fraterna e post mortem: STJ, 4a. T., REsp. 1674372/SP-2022).
Tem 3 requisitos:
1. Nome – denominação e uso corrente
2. Fama - reconhecimento público no ambiente social
3. Boa-fé - desconhecimento do impedimento ou vício de formação
REGISTRO DA PESSOA NATURAL – L. 6.015/73, LEI DE REGISTROS PÚBLICOS - LRP
3 MODALIDADES de registros da pessoa natural:
1. REGISTROS / CERTIDÕES, atos principais, p.ex: Nascimento,
casamento, morte (9o CC; 29-96 LRP);
2. AVERBAÇÕES, atos secundários, fatos que alteram o registro
principal, p.ex.: divórcio, dissolução de união estável,
reconhecimento de filiação (10, 976 CC; 29, par. 1o, 97-105 LRP);
3. ANOTAÇÕES, registro ou averbação em livro próprio, devem ser
posteriormente anotados nos eventuais registros que lhe precedem
no tempo. 106-108, LRP.
O REGISTRO CIVIL É REGIDO PELO PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE
OU IMUTABILIDADE, MAS… Pode sofrer alterações por diversas
razões: fatos naturais, sociais, atos de vontade ou mesmo por decisão
judicial. Em todo caso como se tratam de informações de interesse
público, a alteração depende de procedimento prévio em regra judicial e
com participação do MP na função de fiscal da sociedade (custus
leges), pois a alteração registral pode ser um recurso para fugir de
cobranças civis ou processos criminais – 39-41, 56, 57, 109-113, LRP. A
recente L. 14382/2022 ao mesmo tempo que facilita o procedimento de
alteração determina que alterações extrajudiciais de nome só podem
ser feitas uma vez (56, p. 1º, LRP).
1. NASCIMENTO

Regime jurídico: 9º, I, CC; 29, I, 50-66, LRP; 10, 228, 229 L. 8069/90.

DOCUMENTO PRÉVIO: Declaração de Nascido Vivo (DNV), hospitalar ou cartorária


– 49, 53, 54, 10o., e p 1o.-3o., LRP. Atenção: o nome do pai na DNV não faz
presumir paternidade (54, p. 2o, 59, 60, LRP); GRATUIDADE para todo cidadão: 5o.
LXXVI, CRFB/88; 30, LRP. DNV é dispensada em registro tardio de maior (46 LRP).

PRAZOS: a. 15 dias, comum (Pai e Mãe – 46, 50 e 52, 1o., LRP); b. 3 meses,
especial, local de nasimento 30 km distante da sede do cartório (50 LRP); c. 45 dias
(outros parentes ou autoridades que não os pais – 52, 2o-6o, LRP); d. a qualquer
tempo entre 18-21 anos, a propria pessoa (50, p. 3o, LRP). Fora do prazo – 46 e 50,
LRP: precisará de termo assinado por duas testemunhas, pode ser colocado em
suspeição e depender de decisão judicial, terá atribuição de multa de 1 Sal.Min.
Objetivo: coibir adoção “à brasileira” 241-243 CP.

ESPECIAIS:

a. Exposto - 52, 4º ao 6º, 61, 62, LRP;

b. Gêmeos – 54, 3º), 63, LRP;

c. À bordo – 31, 51, 64, 65, LRP; e, Em guerra – 66, LRP;

d. Estrangeiros: 224, CC; 13 LINDB; 32, 50, p. 5º, 65, 129, 6º, 148, 221, III, LRP
2. CASAMENTO

Regime jurídico: 9º, I, e 1.511-1.570, CC; e 29, II, 67-76, LRP

◼ FASE PRÉVIA: Habilitação / Proclamas do cartório civil (edital) com


participação do MP, que exige a comprovação e documentação: certidão de
nascimento ou equivalente, declaração de inexistência de impedimento por
duas testemunhas, declaração de estado civil dos nubentes e dos respectivos
pais, certidão de óbito, invalidade ou divórcio de eventual casamento anterior -
1525-1532, CC; c/c, 67-69, LRP.

◼ APÓS habilitação (5 dias: 67, p. 1o) e proclamas (dispensadas em casamento


nuncupativo: 69 LRP), 90 dias (1532 CC) para celebração mediante entrega do
DOCUMENTO para cerimônia / celebração do casamento: assento ou termo
ou CERTIFICADO DE HABILITAÇÃO (1531, 1532 CC)

◼ GRATUIDADE: Só da celebração (1512 CC), ou seja, todo o procedimento


cartórário é pago, porém para pobres / hipossuficientes econômicos é admitida
gratuidade geral bastando documento / declaração de pobreza assinado pelo
próprio interessado, se analfabeto a rogo com duas testemunhas – 30, p. 1o e
2o, LRP; 6o DL. 3200/41; L. 1060/50; L. 7115/83, L. 7510/86; L. 7844/89; L.
7871/89; L. 9534/97; 82, 95, 98-102 CPC
2. CASAMENTO

PRAZOS: 30 dias casamento civil (33, II, 73, LRP), 90 dias para casamento religioso com efeito civil
(1516, p. 1o, CC; 33, III, 71-75, LRP). ESPECIAIS:
a. Putativo – 1545 e 1561, CC, enc. 4 IBDFam.;
b. Nuncupativo ou in extremis – 69 e 76 LRP; 1540, 1541, 1542, CC;
c. Por procuração – 1542, 1550, V, e 1560, p. 2º, CC. União estável (70-A, p. 2º, LRP)
d. Virtual – por videoconferência (67, p. 8º LRP)
e. Estrangeiros – registro em 80 dias após a volta ao Brasil (224, 1544 CC; 7º, p. 3º, e 5º; e, 13,
LINDB; 32, 65, 129, 6º, 148, 221, III, LRP).
f. União estável – 226, p. 3º , CRFB/88, 1.723-1.727, 1790, CC; 70-A, 94-A, LRP; L. 8.971/94, L.
9.278/96, enc. 115, 266, 346, 525, 641 J.Civ., enc. 3 IBDFam., Temas STF: 498, 809. – requisitos
(1723 CC), não impõe todos os deveres do casamento (1566, 1724, CC, 382 STF: coabitação):
relação estável e duradoura (mínimo 1 ano, majoritária), dever de mútua fidelidade e lealdade foi
afastado: “...exigência em relações estáveis e duradouras simultâneas, mas não nas
sucessivas...” (STJ, REsp. 1974218/AL-2022. 3ª. T. Min. Andrighi), sem impedimento matrimonial,
estável e que não é: noivado “convivência com expectativa de constituir família no futuro...” (STJ,
REsp. 1454643/RJ, 03.03.2015, 3ª T. Min. Bellizze – “namoro qualificado”). União estável pode
converter em casamento por procuração (70-A, p. 2º, L. 6015/73)
g. União homoafetiva – equiparada ao relacionamento por união estável - 3º, IV, 5º, II, 226, p. 3º,
CRFB/88, ADI 4277/DF – 2011, ADPF 132/RJ – 2011, ADI 4966/DF- 2013, enc. 524, 526, 601
J.Civ., Res. 175/2013 do CNJ determinou o reconhecimento de Casamento no cartório civil) O
Temas STF: 498 e 809 STF, efeitos sucessórios.
3. MORTE

Regime jurídico: 6º-8º, CC; 29, III, 77-88, LRP; Res. 2173/2017, CFM.
◼ DOCUMENTO PRÉVIO: Atestado médico de óbito (duplo atestado de morte
encefálica, intervalo de 6-24 h + teste de apneia) – 9o, I CC; 77, 80 LRP
◼ GRATUIDADE: Todo cidadão – 5o. LXXVI, CRFB/88; 30, LRP
◼ PRAZOS: 24 horas ou 90 dias (50, 78, LRP), fora do prazo (46, 83, LRP)
ESPECIAIS:
a. Indigente - 79, p. 6º, 81, 82, e 87, LRP; L. 8501/92 (uso em aulas de anatomia e
medicina legal do corpo não reclamado em até 30 dias);
b. Menor até 1 ano de idade – 53 e 77, p. 1º, LRP (certidão de nascimento);
c. Funeral por cremação – 77, p. 2º, LRP, ou autorização judicial;
d. Interno sob custódia do Estado - 79, p. 4º, 80-83, 87, LRP;
e. À bordo – 31, 84, LRP e Em guerra – 85 e 86, LRP;
f. Estrangeiros - 224, CC; 13, LINDB; 32, 65, 129, 6º, 148, 163, 221, III, LRP
g. Morte presumida: 1. sem ausência – 7º e 9º, IV, CC; 88 LRP; 2. com ausência –
22-39 CC, 75, VI, 626, 671, 744, 745 CPC, 29, VI, 94, 104, 107, LRP.
DOMICÍLIO – 70-78 CC

CONCEITO: Local onde a pessoa fixa residencia, moradia (objetivo), com ânimo definitivo
(subjetivo). A pessoa pode ter várias residências, mas deve ter apenas um local oficial ao
qual se reconhece a natureza de domicílio civil, local onde será demandada para atos
oficiais, judiciais e negociais da sua vida civil.
FUNÇÕES: 1. É o asilo inviolável – extensão da personalidade da pessoa humana (5º, XI
CRFB88; 150, CP – invasão de domicílio -; 212, CPC – horário para atos processuais:
6-20h. -). 2. Identifica a pessoa em sua qualificação jurídica e define sua jurisdição: local
onde vai demandar e ser demandado (53 CPC; 7º-12 LINDB)
◼ 70 CC – Domicílio X residencia. Corpus / moradia + Animus manendi / intenção
(circunstancias da vida definem e comprovam)
◼ 71 CC; 46, p. 1o CPC – Conurbação, dois ou mais domicílios, vale onde for encontrado
◼ 72 CC, 651 CLT, – Domicílio profissional (42 CDC)
◼ 73 CC; 46, p. 2o CPC – Sem domicílio fixo, vale onde for encontrado
◼ 74 CC; 43 CPC – Mudança de domicílio, definido pelo ânimo / circunstâncias da vida
◼ 75 CC; 51, 53, III, IV, CPC; 363 STF – Domicílio “necessário” da PJ, admite várias
alternativas de jurisdição (75, p. 1o CPC; 4o L. 9099/95)
◼ 76 e 77 CC – Domicílio necessário pessoa natural (75 CPC; L. 7.652/88 - marítimo)
◼ 78 CC; 335 STF Domicílio contratual / foro de eleição (exceção não vale: 25, 51, I CDC)
DIREITOS DA PERSONALIDADE

1. FUNDAMENTO: principio da dignidade da pessoa humana – 1o, III, CRFB/88.


2. CONCEITO: Grupo de direitos subjetivos existenciais que abrange os mais importantes aspectos e
manifestações da pessoa natural.
3. CLASSIFICAÇÃO em 3 grupos: 1. Integridade física; 2. Integridade moral; 3. Integridade intelectual.
4. CARACTERÍSTICAS – 11 CC: a. intransmissíveis; b. irrenunciáveis; c. indisponíveis (enc. 4, 6 e
139 das J.Civ.); d. imprescritíveis; e. oponíveis erga omnes; f. inatos ou originários; g. impenhoráveis;
h. previstos de maneira não exaustiva ou taxativa (enc. 274, J.Civ.), p.ex. 404 e 405, J.Civ.; ou 531 e
576, J.Civ. ATENÇÃO: Tem exceções de lei (parte inicial do 11 CC) e autolimiteção (4 e 139 J.Civ.).
5. APLICAÇÃO: SÃO ABSOLUTOS? Conflito com outras normas fundamentais é inerente a uma
sociedade multicultural, Constituição de 1988 é fruto de uma reabertura democrática e um fluxo
intenso de demandas até então represadas. Existe tensão interna constitucional, valores (ética social)
e princípios aparentemente contraditórios. A antinomia constitucional, é um “problema” ou questão
comum do constitucionalismo moderno dito pós-positivista. Se não existe norma inconstitucional em
razão de outra norma constitucional (Otto Bachoff), como resolver estes conflitos? È possível admitir
superioridade de direitos existenciais (1o, III, CF/88), mas nunca que são absolutos aprioristicamente.
TÉCNICA DA PONDERAÇÃO – 3 juízos / postulados: a. necessidade, b. adequação, c,
proporcionalidade. A decisão não é um tudo ou nada e não é vinculativa de modo absolute para casos
semelhantes. Técnica da ponderação é amplamente reconhecida e já está positivada no ordenamento
jurídico: 8o e 489, II do CPC e 20 da LINDB, enc. 17 do IBDFAM; e, 274, 278, 279, 403 e 613, J.Civ.
TEORIA DOS PRINCÍPIOS - ALEXY / DWORKIN
CONSTITUCIONALIZAÇÃO: Reconhecimento da supremacia e força irradiante das
normas e princípios fundamentais. Superação da norma fundamental meramente
programática – aplicação ou eficácia máxima possível.
Princípios fundamentais: são normas dotadas de abertura semântica, consequência a
posteriori não previamente estabelecida. Forma de aplicação diferente de uma norma
tradicional (norma-regra) que se dá pelo silogismo jurídico (subsunção normativa) e
cuja antinomia se resolve pelos critérios clássicos (2o, LINDB): a. hierarquia, b.
cronologia, c. especialidade. Em caso de antinomia entre princípios deve ser adotada
a Técnica da ponderação (8º e 489, II, CPC; 20, LINDB; 274 J.Civ.). Postulados do
procedimento da proporcionalidade / razoabilidade (Alexy):
1. Necessidade, verificar se existe outro meio de resolução, questão da dignidade
legislativa (autocontenção do poder judicial)
2. Adequação, verificação da aplicação do princípio perante o sacrifício de outras
normas fundamentais e da adequação ao fim pretendido (colisão de princípios /
sociedade plúrima)
3. Proporcionalidade em sentido estrito, verificar da intensidade ou proporção da
aplicação da norma fundamental, sopesamento de interesses e sacrifícios do caso
concreto
Resultado não é um “tudo ou nada” (proporção) e não vincula de forma absoluta todos
os casos semelhantes, mas ao longo do tempo se estabelecem os parêmetros / balizas
(romance em cadeia – chain novel de Dworkin)
DIREITOS DA PERSONALIDADE
TRÊS FORMAS DE PROTEÇÃO 12 CC; 140 das J.Civ.

1. Preventiva: Ações cautelares, urgência, em caso de mera ameaça de lesão (294-311,


CPC), o pedido inibitório, preventivo, é geralmente combinado com multa cominatória
para garantir efetividade (297, 311, III, CPC).

2. Cominatória: Ações mandatórias ou inibitórias (cominatórias em sentido estrito), para


casos de lesão continuativa, decisão judicial exige fazer ou não fazer algo sob pena de
multa coercitiva, não se confundindo com reparação (500 CPC), normalmente fixada
em salários mínimos por dia de descumprimento (947 CC; 48, 84 CDC; 325, 497, 537,
814 e 821, CPC).

3. Reparatória: Ação de reparação / indenização de danos materiais e morais, para


casos em que a lesão já ocorreu e trouxe consequências para o patrimônio material
e/ou moral da pessoa (5º, V e X, CRFB/88; 186, CC; 53, IV, a, 789, CPC; súm. 37,
221, e 227, STJ; enc. 286, 491, 551, J.Civ.).

As três formas de tutela podem ser combinadas em um mesmo processo/pedido.


Importante: não existe direito subjetivo aprioristicamente absoluto, mesmo que o direito de
demanda judicial seja constitucionalmente garantido (5º, XXXV CRFB/88), a proteção dos
direitos da personalidade pode sofrer limitação ou flexibilização – NÃO EXISTE DIREITO
SUBJETIVO APRIORISTICAMENTE ABSOLUTO -, na análise das circunstancias do
caso e dos direitos, SOBRETUDO direitos fundamentais, que estão em choque ou conflito
no caso dado – NOVAMENTE: atenção para a técnica da ponderação!!!
INTEGRIDADE FÍSICA

1. DIREITO À VIDA – Absoluto? Nenhum direito é absoluto aproristicamente! Possível


conflito com direito a liberdade religiosa ou de crença (oposição de consciência) E com o
direito à autonomia privada do paciente: 5o, caput, CRFB/88 X 5o, VI, CRFB/88, 15, CC e
533 J.Civ.. Sobre o tema das Testemunhas de Jeová – 403, J.Civ., p.ex.: RExt
1212272/AL, 2019.

Recentemente tem ganhado força um debate em defesa do direito oposto: Direito à


própria morte, digna, regra brasileira: Res. 2173/2017, CFM. Em jurisdição internacional
existem vários precedentes importantes. No Brasil há que se distinguir 3 situações:

a. Eutanásia: Morte sem sofrimento. Ação que promove morte alheia. Direta (eutanásia
real): sufocamento, desligamento de equipamento, ou, indireta (suicídio assistido):
indicação de fármaco ou substancia letal. Ilegal – 121 e 122, CP, e 29, Cód. de Ética
Médica. Objeto do art. 21, PL. 5559/2016.

b. Ortotanásia – Boa morte. Omissão de “socorro heroico”. Permitida e atualmente


regulamentada (Res. 1805/2006, CFM) pelo Testamento Vital, antigo, ou Diretiva
Antecipada de Vontade, mais simples: paciente auxiliado pelo médico define em seu
prontuário a opção (Res. 1995/2012, CFM)

c. Distanásia – Prolongamento da vida em sofrimento. Persistência ou dilação da vida


em sofrimento, condições extremas ou miseráveis, não é ilegal mas eticamente
condenável. Inc. XXI, preâmbulo do Código de Ética Médica (Res. 1931/2009, CFM).
INTEGRIDADE FÍSICA

2. DIREITO A INTEGRIDADE CORPORAL – abrange partes do corpo (órgãos e


tecidos) e próteses e órteses artificiais para parte da doutrina. 13-15, 949, 950, CC.
A propria lei civil admite a disponibilidade em 3 exceções adotado o devido protocolo
legal descrito em leis especiais para cada uma destas hipóteses:

1. FIM TEREPEÚTICO: Disposição de parte do corpo que considera o bem estar do


ser humano de maneira integral: físico e psiquico (enc. 6, J.Civ.). O consentimento
informado é exigido sempre que possível (Res. 1897/2009, e 1931/2009, CFM; e 14,
PL. 5559/2016). Autonomia privada do paciente é soberana mesmo em caso de
riscos de morte (15, CC; 403, 522, J.Civ.).

Para o caso específico do transgênero: Direito a cirurgia e de alteração registral de


nome (nome social) e gênero (transsexuais também podem alterar registro) – Res.
1.482/97, 1652/2002 e 1955/2010, do CFM, Res. 270/2018 e Prov. 73/2018 do CNJ,
enc. 6 e 276 das J.Civ.; 761 do STF; Dec. 8727/2016, e art. 8º, XI e p. 4º, do Dec.
9278/2018. E ainda vários precedentes judiciais favoráveis inclusive dos tribunais
superiores.
INTEGRIDADE FÍSICA

2. FIM ALTRUÍSTICO: Para doação de órgãos ou tecidos humanos conforme


protocolo legal estabelecido no regime jurídico especial: 199 p. 4º , CRFB/88; 13,
pú., 14, CC; L. 7.649/88; L. 9.434/97 – Lei de Doação de órgãos-LDO; Dec.
2.268/97 e 9175/2017; Portaria 201/2012, Min. da Saúde; 15, 43-46, Res.
1931/2009, 1826/2007, e 2173/2017, CFM; enc. 277, 401, 402, J.Civ.. Admitida a
distinção de procedimento para 2 situações:
a. Doador vivo (9º e 9º-A, LDO): Sempre gratuito, só órgãos e tecidos duplos,
regenerativos e que não impliquem em redução grave de função humana, exigido
o consentimento informado e revogável a qualquer tempo do paciente (exceção
do menor de idade, cujo consentimento pode depender do responsável legal),
decisão soberana do doador (adolescente inclusive) ou responsável legal (ambos
os pais);
b. Doador morto (3º ao 8º, LDO; e, Res. 1826/2007, e 2173/2017, CFM): Sempre
gratuito, só pode ser realizada se o doador é pessoa identificada civilmente, todos
os órgãos e tecidos, após diagnostico duplo de morte encefálica (regras: Res.
2173/17, CFM), decisão do doador em vida (soberana) ou responsável legal
(menor), podendo ser feita após a morte pelos parentes próximos.
INTEGRIDADE FÍSICA

3. FIM CIENTÍFICO: Para doação do corpo de falecido como peça de anatomia


(cursos medicina e odonto), ou cessão do próprio corpo como cobaia de nova técnica
ou substância medicamentosa é permitido SE obedecido o protocolo legal.
Regime jurídico: 199, p. 4º, CRFB/88; 14, CC; L. 8501/92; Código de Nuremberg/1947;
Declarações de Hensinki/WMA - World Medical Aassociation; Good Clinical
Practice/1995 - OMS; L. 11.135/2005; L. 11794/08; 7º L. 12842/2013; Med. Prov.
2191-9/2001; Res. 1609/2000 e, 99-110, da Res. 1931/2009 – CFM; Res. 240/97,
251/97, 292/99, 340/04, 441/11, 466/12, 510/16, do CNS/MS; enc. 2, 277, 401, e 532,
das J.Civ.. Admitindo 2 situações:
a. Peça de anatomia: sempre gratuita e revogável a qualquer tempo. Indigente não
identificado que não tenha o corpo reclamado no prazo de 30 dias será cedido
para faculdades de medicina mesmo sem ato de vontade prévio (L. 8501/92);
b. Cobaia humana: Sempre gratuita, teste prévio em animais quando exigível e
possível (L. 11794/2008), prova de benefício direto, duplo cego com risco do
placebo, proibição de tratamentos paralelos, revogável a qualquer tempo,
prioridade no recebimento de novo medicamento ou tratamento médico se
aprovado (Vide: https://www.ufrgs.br/bioetica/diraber.htm)
INTEGRIDADE MORAL

3. DIREITO AO NOME: Duplo regime jurídico, elementos e proteção no CC, registro e alteração pela LRP
1. ELEMENTOS - 16 ao 19, CC:
a. prenome ou nome de batismo (54, 4o), 55, 57, LRP), simples ou composto (54, 6o, 63, LRP);
b. sobrenome (55, LRP), ou apelido de família, ou patronímico, ou cognomen, de ambos os pais mesmo que
“ilegítimos” (54, 7o., 59, 60 LRP);
c. agnome, em caso de membro da família homônimo (54, 6o, LRP), deve ser evitado (55, p. 3o LRP);
d. pseudônimo ou apelido público e notório para atividade lícita (19 CC; 58, LRP), ou nom de plume, ou nome
artístico (registrável como marca: 12 e 24, II, L. 9610/98 - LDA; 124, XV e XVI, 129, L. 9279/96 - LPI), ou
epíteto, ou alcunha, ou cognome, pode vir à integrar o sobrenome se usado para fins lícitos (57, LRP), com
direito a proteção idêntica ao nome de batismo (19, CC).
2. PROTEÇÃO – 12 CC e 140 J.Civ.:
◼ Lembrar das três tutelas – 12 CC: cautelar – cominatória – reparatória, que podem ser cumuladas
◼ A proteção do nome contra uso ofensivo ou mesmo elogioso desautorizado principalmente econômico (enc.
587, J.Civ.) PODE ser flexibilizada ou ponderada com outros direitos fundamentais (8o, 489, II CPC; 20
LINDB).
◼ Caso muito comum é o de conflito/choque entre a afirmação da liberdade de expressão ou do direito à
informação pública (5o, IV, IX, XIV, e 220, CRFB/88) X a proteção dos direitos da personalidade da
integridade moral: nome, privacidade, intimidade, honra, imagem (5o, V e X, CRFB/88; enc. 274, 278, 279,
587, 613, J.Civ.; ADI 4815/DF-2015, e, ADI 4451/DF-2018.
◼ Regra especial de proteção para divulgação de nome de menor, criança e adolescente, em caso de ato
infracional: 143, 144 e 247 da ECA.
INTEGRIDADE MORAL
3. ALTERAÇÃO: O principio da continuidade ou imutabilidade rege o direito registral
brasileiro, portanto tem que haver procedimento justificando alteração da identidade social
(56, 57 LRP), embora se admita uma alteração imotivada e extrajudicial de prenome (56, p.
1º, LRP). Há varias hipóteses na lei, algumas prevendo processo meramente cartorário /
administrativo (39-41, 56 [1o ano de maioridade do prenome por vários motivos], 57
[inclusão de sobrenomes familiars, etc], e 110 LRP [retificações pelos pais por erro
ortográfico do cartório] que se tornou mais comum pela L. 14382/22; mas em alguns casos
é exigida ação judicial com participação do MP (18, 40, 57, 109-113 LRP; L. 3764/60):
1. Retificação, muito comum por erro ortográfico do cartório (39, 110, LRP);
2. Tomada de abreviatura, excesso de sobrenomes ou por uso professional / commercial
de nome abreviado (29, p. 1º, f, 57, p. 1º, LRP);
3. Exposição ao ridículo, Comum para alterar prenome (55, p. 1º. LRP), no caso de
transsexual / transgênero, o motivo é identidade física diversa e não o ridículo do nome
em si (1º, III, CR/88, 276, J.Civ., 761 STF);
4. Adoção de pseudônimo notório e para fim lícito, importa em inclusão dentre os
sobrenomes (19 CC; 58, caput, LRP);
5. Proteção à testemunha, único caso em que não se averba o novo nome (57. p. 7º, 58,
pú. LRP), exceção à regra geral do 56, p. 2º, LRP;
INTEGRIDADE MORAL
6. Adoção (227, p. 6º, CR/88; 1593, 1596 CC; 95, 96 LRP; 20, 47 ECA; L. 12.010/2009);
7. Reconhecimento de filiação, pode ser paterno, mais comum, ou materno (54, 7º, p. 1º e
2º, 55, 57, I e IV, 59, 60, LRP; L. 8560/92; 20, 26, 27, 102, p. 5º, ECA);
8. Parentalidade não biológica (padrasto / madrasta ou multiparentalidade: 57, p. 8º, LRP),
com expressa concordância do homenageado e mediante procedimento judicial. Tal previsão
tem favorecido a adoção da figura da família multiparental (1596 CC; Prov. 63/2017 e 83/2019
CNJ; RExt. 898060/SC, 2016, Tema 622 STF / RExt. 898060/SC, 6.6.19; enc. 9, 29, 33,
IBDFAM; 632, 642, J.Civ.). Também por esta medida se regulariza o registro pela adoção por
casal homoafetivo ou mesmo para outras formas de entidades familiares não tradicionais (enc.
608 J.Civ.; 12 IBDFAM). Permitindo registrar pluralidade parental de pai ou mãe;
9. Casamento, atualmente adoção de sobrenome familiar do cônjuge é facultativa e recíproca
(1565, p. 1º CC; 57, II, 167, II, 5, LRP), antigamente só a mulher alterava (70, p. 8º, 107, p. 1º
LRP);
10. União estável, diferenças para o casamento: exigência do comparecimento de ambos no
cartório e relação ter sido registrada / oficializada (57, p. 2º 70-A, LRP);
11. Divórcio, o cônjuge “culpado” (contra: EC66/2010) por descumprimento dos deveres
matrimoniais (1566 CC) pode ser condenado a tirar (57, II, III, 70, 3º, LRP). Pode haver recusa
de alteração em caso de prejuízo profissional ou da identificação de prole comum (1578 CC),
atualmente alteração de nome pelo casamento é facultativa diminuindo, consequentemente,
as alterações posteriores por divórcio (1565, p. 1º, CC). Também cabe a alteração por
dissolução da união estável (57, p. 3o-A, LRP).
INTEGRIDADE MORAL
4. DIREITO A PRIVACIDADE / INTIMIDADE
◼ Regime jurídico (5o, X, CRFB/88; e, 21, CC). Dinstinção conceitual: a.
PRIVACIDADE – informações da pessoa em sua vida em relação. Amizades,
amores, sexo, traições, fofocas X b. INTIMIDADE – informações que tratam
apenas da propria pessoa. Idiossincrasias, manias, medos, gostos,
constrangimentos.
◼ Proteção (12 CC; 140 J.Civ.): Pode depender de procedimento de ponderação
quando ocorrer conflito, em especial com outros direitos fundamentais. Muito
comum o caso de colisão com os direitos da liberdade de expressão e informação
pública (5o, IV, IX, XIV e 220, CRFB/88). Ponderação nos casos de colisão (8o,
489, II, CPC; 20, LINDB; enc. 17, IBDFAM; enc. 274, 278, 279, 613, J.Civ.).
1. Privacidade genética: 405 das J.Civ. e 5o., II, L. 13709/2018;
2. Privacidade digital (big data): 404, J.Civ.; 7º, 10-21, L. 12965/2014, Marco Civil da
Internet-MCI; 31, 32, 43-49, L. 13709/2018, Lei Geral de Proteção de Dados
Pessoais-LGPD; L. 12527/2011, transparência; L. 12737/12, Dieckmann; PL.
2390/2015, cadastro NET; PL 2630/2020; PL 4120/2020, algorítimos; PL 872/2021,
Inteligência Artificial; . Atenção: O procedimento de responsabilidade é distinto, notice
and take down, para o caso de mídia digital, posto que não há controle editorial prévio
como a mídia física / tradicional: responsabilidade solidária autor e editor (221 STJ).
INTEGRIDADE MORAL

5. DIREITO A HONRA
◼ REGIME JURÍDICO: 5o, X, CRFB/88; 20, CC; 138, 139, 146, CP

◼ TIPOS: Diferente de direito criminal só tem 2 tipos: a. honra subjetiva – o que


pensamos de nós mesmos; b. honra objetiva – a fama pública.
◼ PROTEÇÃO – Também está sujeita à ponderações de acordo com o conflito
em concreto em virtude da proteção de outros direitos fundamentais que
acaso entrem em choque.
◼ PESSOAS JURÍDICAS TEM HONRA??? PJs. não tem direitos da
personalidade (286 das J.Civ.), mas gozam de proteção semelhante para seu
patrimônio imaterial (52, CC; enc. 445, J. Civ.), como no caso de lesão a: sigilo
industrial, marca, patente, fundo empresarial, renome / reputação. A lesão da
PJ se assemelha a defesa da honra objetiva da pessoa natural, permitindo
além da reparação por eventuais danos materiais, econômicos comprovados,
reparação de danos “morais”, patrimônio imaterial da PJ, associados ao fato
lesivo (227 do STJ).
INTEGRIDADE MORAL

6. DIREITO À IMAGEM
◼ REGIME JURÍDICO: 5o, V, CRFB/88; 20, CC; 403 STJ; 278, 279, 587, 613, J.Civ.
◼ TIPOS: a. Imagem foto – reprodução de foto ou filme;
b. imagem som – reprodução de gravação / audio;
c. imagem atributo – reprodução de traços, gestuais ou até modo de falar que permitam
identificar perfeitamente a pessoa retratada.
◼ PROTEÇÃO – igual aos demais direitos da personalidade recebe temperamento e
ponderações quando estão em conflito com outros direitos fundamentais, sobretudo
liberdade de expressão e informação pública.
◼ Também se considera não lesivo o uso de imagem de pessoa sem individuação,
difundido em uma massa de pessoas ou com uso de técnicas digitais de
embaçamento.
◼ No caso de criança e adolescente existe regra especial de proteção mais rígida
contra o uso do nome, até mesmo das iniciais, ou imagem mesmo que em caso de
ato judicial ou policial infracional (143, 144, 247, ECA).
INTEGRIDADE MORAL

7. DIREITO AO ESQUECIMENTO
◼ REGIME JURÍDICO: enc. 531 e 576, J.Civ., 7º, X, L. 13.709/2018 – MCI (polêmico), PL
7881/2014, apagamento de informação defasada em buscadores, e, PL 2712/2015, direito
a demanda pelo apagamento de dados; e, 17, Diretiva 95/46/CE e 2016/679 - GPDR
(direito comparado).
◼ POLISSÊMICO: Tem Vários usos / significados, o direito ao esquecimento em sentido
estrito, direito a desindexação de buscadores digitais, modalidade de direito de proteção
de privacidade ou de “cicatrização de feridas” ou mesmo da ressocialização (infrator).
◼ STF pelo Pleno no Caso Aida Curi – família da vítima: Incidente de repercussão geral,
(Tema 786; RExt. 1010606/RJ, 28.05.2021), decidiu ser incompatível com a Constituição
Federal a ideia de um direito ao esquecimento que possibilite impedir, em razão da
passagem do tempo, a divulgação de fatos ou dados verídicos em meios de
comunicação, devendo eventual lesão a direitos da personalidade passar por uma análise
caso a caso, o STF não decidiu de maneira absoluta: Decisão a favor da indenização,
RExt. 1334097/RJ, 18.03.2022 (Chacina da Candelária).
◼ Efeito Streisand - “... fenômeno onde uma tentativa de censurar ou remover algum tipo de
informação se volta contra o censor, resultando na vasta replicação da informação, muitas
vezes facilitada pela Internet“ (fonte: wikipedia)
◼ Inversamente: Direito à memória: L. 12.528/2011 X L 6683/79 e L. 10.559/2002, 8º, ADCT.
Também se fala em direito à memória na sucessão digital (PL 4099/2012 e PL 8562/2017,
pelo testamento digital para manutenção da conta como memorial do falecido X contra:
PL 7742/2017, pela exclusão imediata).
INTEGRIDADE INTELECTUAL

CONCEITO: Os direitos da personalidade da integridade intelectual (bens móveis: 83, III, CC) tem por objeto
manifestações do espírito humano, encontram previsão pontual na Constituição (arts. 5º, IV, IX, XXVII, XXVIII,
XXIX, CRFB/88), Convenção de Berna (D. 75.699/75), Convenção de Paris (D. 635/92), Acordo TRIPS (D.
1355/94, D. 9289/2018), e leis especiais que tratam de suas diversas MODALIDADES:

1. L 10973/2004, e L. 9.279/96: Lei de propriedade industrial – LPI, abriga direito a marca, desenho industrial,
patente de invento (inovação – critérios: 8º LPI: “...novidade, atividade inventiva e aplicação industrial.”),
modelo de utilidade (desenvolvimento de inovação e spin-offs) – critérios: 9º, 76, LPI: “...suscetível de
aplicação industrial, que apresente nova forma ou disposição, envolvendo ato inventivo, que resulte em
melhoria funcional no seu uso ou em sua fabricação”.

Empregado tem direito sobre sua criação? 454 CLT; 58-63, 88-93, 121, LPI; 11, pu, LDA: Sem vínculo
integral do empregado, com vinculo partes iguais, proporcional (mais de um criador ou convenção expressa),
ou, sendo o objeto fim do contrato: integral do empregador. O empregador tem um ano para registrar patente,
em igual prazo é mantido o direito do empregador após extinção do vínculo laboral.

2. L. 9.610/98: Lei de direitos autorais-LDA, que trata da proteção de obras artísticas, literárias, plásticas,
audiovisuais e musicais

3. L. 9.456/97, L. 10.711/2003, e, L. 10.814/2003 (Cultivares); L. 8.974/95, L. 11.105/05 (OGMs): Leis de


proteção de cultivares e OGMs, que trata da proteção de espécie vegetal ou animal alterada
intencionalmente geneticamente ou por seleção / manipulação (“registro” do açaí por empresa japonesa em
2003, recuperado em 2007, lei: 13123//2015);

4. L. 9.609/98: Lei de software, que trata da proteção de aplicativos e programas de computador,


reconhecendo ser independente de registro prévio.
INTEGRIDADE INTELECTUAL

PROTEÇÃO: A natureza dúplice dos direitos da personalidade da integridade intelectual


determinam tratamento distinto para cada um de seus dois aspectos:
1. Aspecto econômico da obra intelectual, é tratado pelo regime dos direitos reais, e, portanto,
perfeitamente transmissível e disponível onerosa ou gratuitamente, a título permanente (cessão)
ou transitório (licenciamento) da obra ou produto intellectual como um todo ou na forma de
adaptações, podendo estas gerar direitos autorais diversos (14 LDA). É também passível de
extinção pelo decurso de tempo, “prescritíveis”, uma vez que a exploração econômica de uma
criação intelectual pode cair em domínio público, em prazos diversos para cada caso e definido
em suas respectivas leis especiais. Neste sentido, p.ex.: arts. 28 ao 52, L.9.610/98 – LDA. O
direito de copyright - origem: Copyright Act/1709, Inglaterra, common law - trata deste aspecto
que pode ser atribuído ao autor da criação ou divulgador / editor. No Brasil é apenas um aspecto
da proteção (28, 29 LDA).
2. Aspecto moral da obra intelectual, trata do direito à identificação autoral (maternidade ou
paternidade), direito de escolha de divulgação (inédito), direito à integridade (oposição à edições
e alterações da obra original). São direitos relacionados ao aspecto existencial subjetiva e têm as
características atribuídas aos direitos da personalidade em geral: irrenunciáveis, indisponíveis,
imprescritíveis (art. 11 CC). Assim, p.ex.: 24 ao 27, L. 9.610/98.
Além dos direitos autorais dos autores também se protege no ordenamento jurídico os direitos
conexos (89-100 LDA; 13, L. 6533/98; Convenção de Roma: D. 57125/65; PL 5542/2020), que
são reconhecidos para interpretes, artistas, e executantes da obra em geral. No direito desportivo
existe a figura semelhante do direito de arena do atleta (42, L. 9615/98; 24, 25, L. 8672/93).
INTEGRIDADE INTELECTUAL
DOMÍNIO PÚBLICO, PRAZOS: 1. LPI: Invento 20 anos (sem extensão: ADIN 5529/DF-2021), e modelo
de utilidade 15 anos da data do depósito para registro (art. 40). Marca (nominativa, figurativa, trade dress)
10 anos, mas é prorrogável (art. 133), marco de alto renome protegida em todos os ramos (125, 196),
marca notoriamente conhecida independe de registro (126, 196, e 6-bis da Conv. de Paris/1883);

2. LDA: Obras autorais e cópias do mesmo autor (9o LDA), literárias, fonográficas, coreográficas, etc (7o
LDA), independe de registro (18 LDA), vida+70 anos contatos do primeiro dia do ano posterior a morte
do autor (41), ou do ultimo co-autor (42), obra pseudonima ou anonima direito de quem publicar 70 anos
do ato de publicação (40, 44), obra audiovisual 70 anos da data da divulgação (44), também 70 anos para
os direitos conexos dos interpretes (96). Obras de autores mortos sem herdeiros e desconhecidos (45), ou
as que já eram consideradas de domínio publico (112) pela LDA antiga: 60 anos após morte do autor (42
L. 5988/73). Regra internacional minima: vida+50 anos, e para fotografia e obras de arte aplicada vida+25
anos (7o Conv. de Berna) – vide: https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_countries%27_copyright_lengths.

3. Lei das Cultivares: Cai em domínio público em 18 anos videiras e árvores florestais, ornamentais,
frutíferas; e, em 15 anos outras sementes e mudas, a partir da concessão do certificado proovisório de
proteção (11, 12, 40-42, 52, L. 9456/97)

4. Lei de software: Também aplicativos de cellular, proteção por 50 anos contados a partir do primeiro dia
do ano seguinte a publicação ou criação do programa (2o, p. 2o, L. 9609/98). O software pode ser livre e
modificável. O domínio da internet, protegido como sinal identificável (5o, XXIX, CF/88) só pode ser
reservado pelo CGI e regulamentado pela Resolução 2008/08 e 2017/031, proteção legal é semelhante a
da marca (caso domínio Ayrton Senna) difere por não adotar critérios de restrição por setor de atividade ou
território, a proteção se dá pelo próprio uso do domínio, pois é um nome + lugar virtual.
INTEGRIDADE INTELECTUAL

“QUEBRA DE PATENTE” / LICENÇA COMPULSÓRIA: Questão de importância global e atual é


sobre a possibilidade de adoção legal da licença compulsória que suspende temporariamente e
onerosamente (71, p. 1º e 12, 13, 14, LPI) a proteção de patente em especial de medicamentos. O
mecanismo é regulamentado no Brasil, antes protagonista da questão na OMC quanto a remédios
contra à AIDS (D. 3201/99, 4830/2003), por abuso do poder econômico (68-71 LPI; 36, 38, IV, a, L.
12529/2011), atualmente é país paradoxalmente de posição isolada e contrário a “quebra da patente”.
Não obstante, recentemente o Senado aprovou norma (L. 14200/2021, 71-A, LPI) para licenciamento
compulsório por “razões humanitárias” em atendimento a maior demanda em face da crise
pandêmica, COVID, e atendendo a caso de “emergência nacional ou internacional” (71 LPI), perante
a falta de capacidade produtiva atual enquanto restrita a algumas indústrias farmacêuticas.

COMIDA E BEBIDA: É autoral receita de comida ou bebida (final da 4ª. Temporada Masterchef /
“camarão internacional” do Coco Bambu)? Polêmica – 9º, c, L. 5772/1971 (LDA antiga), excluía,
possível como modelo de utilidade ou quanto se tratar de compilação da receita publicada, obra
literária, na LDA atual (7º, XIII, 17, p. 2º, L. 9610/98), mas o art. 8º, I da LDA, é base para recusa da
propriedade autoral do nome, composição ou sabor de um prato que é majoritária com base na
“ausência de caráter criativo” na escolha e organização de ingredientes comuns. Quando for produto
alimentício produzido em escala industrial a regra é diversa e passível de registro e proteção ao
abrigo do sigilo industrial: 229, 230, p. 5º, 232, L. 9279/96 (LPI), embora neste caso as grandes
industrias prefiram simplesmente não patentear para manter o sigilo... p.ex. fórmula “secreta” da
Coca-Cola que nunca foi patenteada, ou o “molho especial” do Big Mac.
PESSOA JURIDICA

1. Início da personalidade da PJ de direito privado (45 e 985, CC): 1. Atos


constitutivos (contrato ou estatuto social), 2. regular registro conforme lei, 3. precedido
de autorização pública (eventual), 4. alterações serão averbadas, 5. pode ser
anulado/desconstituido o registro em até 3 anos (prazo decadencial).
2. Fim da personalidade da PJ de direito privado (51 CC): 1. Deliberação pelo fim
(vários motivos), 2. liquidação (judicial/contenciosa ou administrativa), 3. baixa ou
cancelamento do registro.
3. Inicio e fim da PJ de direito público: lei em sentido amplo, vigência e não
publicação, p.ex.: 18 CF/88, L. 9709/98 (estado); L. Compl. 01/67 (município); 37, XIX,
5o., DL 200/67 (autarquia, fundação pública, soc. eco. mista, empresa pública).
* Não confundir personalidade jurídica com personalidade judiciária - possibilidade
de demander e ser demandado em juízo (70 CPC, sum. 525 STJ) -, p.ex.: Câmara de
vereadores é repartição da PJ de direito público município, mas pode demandar em
nome próprio por seus procuradores, é uma pessoa formal (entes despersonalizado)
que pode defender em juízo questões institucionais, ambora não as patrimoniais
atribuídas à entidade federada da qual é mera repartição pública.
PESSOA JURIDICA - CLASSIFICAÇÃO (40, CC)

I – PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO:

1. Interno (41 e 43, CC), podendo ser: a. administração pública direta, União, Estados,
Distrito Federal, Municípios (incluíndo todos órgãos especiais, repartições e poderes);
e, b. administração pública indireta, Autarquias, Fundações, Empresas Públicas,
Sociedades de Economia Mista. As PJ de direito público com estrutura de direito
privado têm regime jurídico misto, ou seja, patrimônio é público (bens dominicais, 99,
III, CC), mas estrutura e funcionamento (gestão, domicílio, responsabilidade judicial) é
privada mesmo que se submeta ao controle Executivo Estatal (41, p.u., CC; 141,
J.Civ.; 37, XIX, 173, da CRFB/88; 5º, DL. 200/67; súm. 556, STF);

2. Externo (42 CC; 21, I, CF/88), Estados estrangeiros e entidades internacionais, p.ex.:
ONU, OEA, Mercosul, Santa Sé etc.

II – PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO (44, CC): podem ter fins lucrativos,
sociedades, ou não, associações e fundações privadas, a falta de fim lucrativo não
descaracteriza sua natureza privada e não impede de ter atividade econômica (enc. 534
J.Civ.)
MODALIDADES DE PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO

1. SOCIEDADES, são contratuais (contrato social é o ato institutivo) e corporativas (união


de pessoas e recursos), adotando diversas formas de criação (unipessoais, 44, VI: MEI
(L.C. 128/2008), e EIRELI (L. 12441/2011, 980-A CC; enc.: 468-471 J.Civ.; 4, J.Com.),
em comandita, anônimas, de responsabilidade limitada: 280, J.Civ., 981-1195 CC; L.
6404/76; L. 5764/71, L. 8906/64; D. 3708/19; D. 3474/00 etc.) podem ser:

a. civis/simples, atividade fim desenvolvida pelos próprios sócios, normalmente


profissionais liberais, mesmo que outros profissionais atuem (secretariado, contínuos
etc) p.ex: consultórios, escritórios e cooperativas (L 5764/71); ou,

b. comerciais/empresariais (982, CC), que tem por objeto produção e/ou circulação de
bens e serviços e envolve a coordenação de pessoas, bens e procedimentos para um
fim lucrative. Sua maior complexidade e, em regra, maior porte e impessoalidade,
implicam em regime jurídico mais denso, p.ex.: fábricas, montadoras, agências, lojas,
franquias etc.
MODALIDADES DE PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO (CONT.)

2. ASSOCIAÇÕES, são estatutárias, ato institutivo é estatuto social, e


corporativas, união de pessoas que se organizam para a realização de fim
comum não lucrativo particular mesmo que indiretamente social, p.ex.:
sindicatos, clubes desportivos, agremiações carnavalescas, associação de
moradores, etc. (44, I, 53-61, 2.031, 2.033, e 2.034, CC; D. L. 41/66; enc.
142-144, 534 e 615, J.Civ.). Partidos politicos (44, V, CC; L. 9096/95) e
associações religiosas adotam este formato (142 J.Civ.), embora entidades
religiosas prefiram o formato de fundação (44, IV, 62, IX CC);
3. FUNDAÇÕES, são estatutárias, não corporativas e beneficentes (62, CC),
formada pela afetação patrimonial de instituidor pessoa natural ou jurídica, por
ato inter vivos (escritura) ou causa mortis (testamento). p.ex.: Fundações
caritativas, ONGs/OSCIP (L. 9.790/99, D. 3.100/99), institutos que realizam fim
social. Deve ter por objeto fim social relevante e alheio ao interesse ou
benefício direto do instituidor (44, III, 62-69, 2.031, e 2.032, CC). A existência
interira da fundação, criação modificação e extinção, é fiscalizada pelo MP e se
ocorrer extinção por qualquer motivo seu patrimônio deve ser revertido em outra
fundação de fim semelhante. Tal como ocorre na associação não ter fim
lucrativo não impede ter atividade econômica, inclusive venda de bens e
serviços, para manutenção de seus próprios fins (enc. 534, J.Civ.)
MEDIDAS DE PROTEÇÃO DO CRÉDITO

1. Desconsideração da personalidade jurídica, mecanismo pelo qual se ultrapassa o


véu da empresa, se desconsidera a autonomia judicial e patrimonial da pessoa jurídica,
permitindo extender execução contra a PJ sobre patrimônio particular de sócio e/ou
gestor da PJ. São três as teorias de desconsideração:
a. Teoria objetiva, no Brasil fica restrita a cobrança de débitos tributários, permite
extender a execução ao patrimônio dos sócios da PJ com base no mero
inadimplemento da PJ - 124, 133, 135, 136, e 137, CTN, alguns tributaristas falam de
mera responsabilidade subsidiária neste caso no lugar de desconsideração
b. Teoria subjetiva menor, é menos exigente e exige a mera prova de inadimplemento
culposo, por motivos variados, de forma ampla atribui responsabilidade patrimonial ao
sócio e/ou gestor, sem exigência de atribuição de conduta específica da pessoa natural
executada: 28, CDC, enc. 9 J.Com.
c. Teoria subjetiva maior, é majoritária e mais exigente em seus requisites, além da
prova do inadimplemento (contra: 281 J.Civ.), e prova da atuação culposa “tipificada”:
desvio de finalidade ou confusão patrimonial, também exige a prova de benefício direto
do sócio e/ou gestor ao qual se requer a extensão da execução: 50, CC; 133-137, 789
e 790, VII, CPC, 885-A, CLT; 7, 51, 146, 282, 284, 285 e 470, J.Civ.; e, 9, J.Com.
MEDIDAS DE PROTEÇÃO DO CRÉDITO

2. Desconsideração da personalidade jurídica inversa, mecanismo recente que


permite a execução de crédito oponível contra devedor pessoa física sobre patrimônio da
PJ da qual ele faça parte, e na qual tentou ocultar seu patrimônio pessoal. Semelhante a
desconsideração da personalidade jurídica comum em seus requisitos, apenas invertendo
a direção da execução subsidiária, e restringindo a execução ao patrimônio desviado pelo
devedor originário, considerando que na PJ pode haver patrimônio de outras pessoas: 50,
p. 3o, CC; 133, p. 2o, 789, 790, VII, CPC; 283, 487, J. Civ.;

3. Execução de grupo econômico, tema polêmico que tem base divergente na justiça
trabalhista da justiça comum (civil). Permite o mesmo procedimento adotado para a
desconsideração da personalidade jurídica (50, p. 4o, CC). Devedor pode aproveitar
posição de controlador, como pessoa física ou intermediado por sociedade controladora
(holding), de mais de uma PJ, pode desviar patrimônio da PJ devedora para outra PJ do
mesmo grupo por subordinação, coligada ou afiliada. Cabe ao credor provar o
inadimplemento, responsabilidade subsidiária, e a “culpa” ou desvio patrimonial, para
extender sua execução de crédito sobre patrimônio da outra PJ do grupo: 28, p. 2o, 4o,
CDC; 50, p. 4o, 1097-1101, CC, 2o, p. 3o CLT, 406 J.Civ.. Não confundir com grupo por
coordenação ou consorciado, que é de responsabilidade solidária (28, p. 3o, CDC, 81, p.
1o, CPC, 2o, p. 2o CLT). Atenção: 22 das J.Com. Precedentes da justiça trabalhista
diminuem o ônus probatório do credor, admitindo a extensão de cobrança pela prova da
existência de nexo de grupo econômico entre as PJs.
BENS - CLASSIFICAÇÃO
BENS, objeto da relação jurídica, não são os únicos (serviços: fazer e não
fazer), em especial das relações que envolvem obrigação de dar (entregar ou
restituir). Admite a classificação em várias modalidades na forma de dicotomias
/ opostos conceituais:
1. Coisa x Bens, classificação patrimonialista, antropocêntrica e sujeita ao
relativismo tecnológico. Bens são todos os objetos que podem ser
apropriados, se submeterem a sujeição por uma pessoa para o direito (entes
naturais ou artificiais). Ordinariamente tem valor econômico
(patrimonialidade). Enquanto Coisa é tudo que não pode ter um titular,
sujeito de direito, ou pela falta de raridade não interessa ao comércio
humano. p.ex.: estrelas, sol, nuvens, o vento, água do mar, atmosfera etc.
Tal classificação pode mudar com inovação técnica, p.ex. Energia solar com
célula fotovoltáica, ou pela situação jurídica em concreto, p.ex.: carga de
oxigênio no cilindro para mergulho.
2. Bens corpóreos x incorporeos, divide os bens pela sua materialidade, ou
imaterialidade, assim um pendrive que tem várias músicas é corpóreo, o
direito autoral das músicas incorpóreo; o prédio de uma fábrica e seu
maquinário corpóreo, já a marca, patente e fundo empresarial são
incorpóreos; etc. Bens digitais são incorpóreos e objeto de debate e
enquadramento no direito sucessório (PL. 8562/2017; PL. 6468/2019; PL
1689/21; PL. 2664/21).
BENS - CLASSIFICAÇÃO

3. Bens imóveis X móveis, (79-84 CC) A mais importante classificação dos bens pois é
determinante para outras classificações, divide os bens em imóveis – cuja transmissão de
propriedade é formal e exige registro (108, 1227, 1245, CC) -, dos bens móveis – para os
quais basta a mera tradição (1267, CC) para transmição de titularidade, eventual registro é
mero ato probatório de presunção perante terceiros (sums. 132, 585 STJ; 489 STF):

3.1. Imóveis: a. 79 CC - solo natural (imóvel por natureza) e o que lhe incorporar/aderir
natural (acessão física natural: plantas) ou artificialmente (acessão física artificial:
construções). Lembrar: aderência não precisa ser direta ao solo, pode ser no conjunto
estrutural; b. 80 CC – Também são considerados imóveis (incorpóreos porém imóveis por
determinação legal) direitos reais e ações sobre imóveis, e direito à sucessão aberta; c. 81
CC – continuam considerados imóveis edificação separada do solo e removida, mas
mantida a sua unidade, acessão física (material) separada provisoriamente do prédio.

3.2. Móveis: a. 82 CC – bens não aderidos, no máximo apoiados, que podem ser
removidos sem perda de função e estrutura (movéis em geral) e que se movem por força
própria (semoventes: bichos, lembrar: também sujeito de direito não personificado); b. 83
CC – energia com valor econômico (“gato” furto de bem alheio: 155, p. 3o CP), direitos
reais e ações sobre bens móveis, e qualquer outro direito subjetivo de caráter patrimonial
(p.ex.: direitos autorais); 84 CC – acessão física (material) ainda não empregado ou
separado em definitivo, “demolição”, do prédio.
BENS - CLASSIFICAÇÃO

4. Bens fungíveis X infungíveis, (85, 579, 586, 645, CC) divide os bens em móveis
substituíveis por outro do mesmo gênero, qualidade e quantidade, daqueles que
são insubstituíveis por sua natureza (únicos), lei (imóveis), ou convenção (objeto
histórico ou de afeição: 952, pú., CC)

5. Bens não consumíveis X consumíveis, (86, CC), o bem pode ser consumível
por dois motivos: a. por natureza, uso normal importa em destruição (86, parte
inicial), ou b. por definição legal, bem móvel posto em alienação (86, parte final),
portanto, bens imóveis são não consumíveis (conceito legal), como também bens
móveis que o uso normal não destrói nem estão postos à alienação. Não
confundir os conceitos do CC com os do CDC, que divide os bens sem distinguir
entre móveis e imóveis em: bens de consumo (2o, 3o, 26, CDC) duráveis - usados
várias vezes por longo período - e não duráveis – uso único ou por curto período -;
dos bens de produção ou insumos que são reutilizados ou mantidos na cadeia de
produção e venda. Em regra os bens de produção (exceção: teoria finalista
mitigada) são objeto de relação regida pelo direito comum (CC) não se aplicando
o CDC, posto que sua venda não é relação de consumo típica.
BENS - CLASSIFICAÇÃO

6. Bens divisíveis X indivisíveis, (87, 88, 105, 258, 504, 844, 1199, 1314,
1358B-1358E, 1386, 1791, CC), o critério é utilitarista, portanto são bens
divisíveis os que podem ser fracionados sem perda considerável de valor,
substância, ou função sócio-econômica, já os indivisíveis são assim
considerados por a. função (touro de rodeio x boi para engorda e corte), por b.
convenção voluntária (imóvel recebido em condomínio indivisível – 504, 1320
CC, ou multipropriedade – 1358B-1358E, CC) ou por c. determinação legal:
herança, 1791, pú, CC; ou, lote de imóvel urbano que deve medir no mínimo
125 m2 (4o, II, L 6766/76), e a gleba rural de 25-50 Ha (fração minima de
parcelamento - FMP) conforme 65, L. 4504/64.
7. Bens singulares X coletivos ou universalidades, (89-91, 503, CC; 288 J.Civ.)
singular é o objeto considerado per si mesmo mesmo que agrupado com outros,
coletivos são os agrupados que pertencendo a um mesmo sujeito tenham uma
mesma destinação, podendo ter mesma natureza (biblioteca) ou diversa
(caminhão de mudanças). Os bens coletivos podem formar: a. universalidades
de fato, agrupamento de bens com mesmo titular e destinação; e, b.
universalidades de direito (entes despersonalizados), conjunto de relações
jurídicas com valor econômico (obrigacionais e reais) de um mesmo titular.
BENS - CLASSIFICAÇÃO

8. Bens principais X acessórios, classificação dos bens reciprocamente


considerados, depende de comparação entre dois objetos para definir a
posição dos mesmos entre si. O principal é o bem dotado de autonomia de
existência em relação ao outro que lhe é acessório e lhe segue o destino
(princípio da gravitação jurídica: 92, 233, 237, 287, 364, 1.209, 1473, I, CC),
assim se houver alienação o acessório (parte integrante) segue, se nula a
venda a invalidade abrange tudo. Dentre os bens considerados acessórios
existem os: a. acessórios comuns / parte integrante (92, CC), que se
presume acompanhar o principal, e as b. pertenças (93, 94 CC; 535 J.Civ.),
que embora tenham função ligadas ao bem principal não se presumem
acompanhar o seu destino.
Existe ainda o que se convencionou chamar de móveis por antecipação (95,
CC) que são partes integrantes do principal que podem dele ser retiradas
futuramente e negociadas antecipadamente (106 e 583 CC). Se de maneira
definitiva diminuindo-lhe a substância são a. produtos (não renováveis), se
retirados, mas com renovação periódica, são b. frutos (renováveis). Conforme a
forma de renovação os frutos podem ser: b1. naturais, pelas próprias forças; b2.
industriais, dependentes da ação humana; b3. civis, por convenção/ficção
jurídica, p.ex.: aluguel ou rendimentos.
BENS - CLASSIFICAÇÃO

FRUTOS, outra forma de classificar os frutos é quanto ao estado em que se encontram:


a. pendentes, ainda não vencidos ou vincendos, b. percebidos/colhidos, vencidos e
retirados, c. estantes, vencidos, retirados e armazenados, d. consumidos, vencidos e
destruidos, e, percibiendos, vencidos e NÃO retirados, f. colhidos com antecipação,
retirados antes do vencimento.

FRUIÇÃO, o direito de retirar produtos e frutos de um bem principal é de ordinário


atribuído legalmente ao dono (1232, 1253 CC), no entanto, por várias formas e origens
pode haver um desdobramento de direitos e haver outra pessoa com posse sobre bem
alheio. O possuidor pode estar de boa (1201 CC) ou má-fé (1202 CC), conforme saiba ou
tenha como saber que está com posse injusta, enquanto não sabe, a. de boa-fé, terá
direito a todos os frutos, exceto aos colhidos com antecipação e aos pendentes, mas
quanto aos últimos há direito de reparação dos custos de produção e custeio (1214 CC).
Se o possuidor estiver b. de má-fé tem direito apenas as despesas de produção e
custeio e deve restituir ou pagar por todos os frutos, inclusive pela perda dos
percibiendos (1216 CC)

BENFEITORIAS, é o que se acrescenta ao bem principal já existente (96 CC) com


esforço físico ou econômico (97, 241, 242 CC), se for nova estrutura é acessão física (79
CC), mas com o mesmo tratamento jurídico (81 J.Civ.). As benfeitorias são divididas em
três modalidades.
BENS - CLASSIFICAÇÃO
BENFEITORIAS

a. Voluptuárias, (96, p. 1º CC; 36, L. 8245/91, Lei do Inquilinato-LI), são os acréscimos


a uma estrutura de mera decoração, deleite, recreação, ou diversão, p.ex.: uma
piscina ou uma banheira especial, uma pintura decorativa do veículo;

b. Úteis, (96, p. 2º CC; 35, LI), são as melhorias, que aumentam ou facilitem o uso do
bem em sua finalidade, p.ex.: uma janela nova para maior iluminação/ventilação, a
adição de novos airbags para maior segurança do veículo;

c. Necessárias, (96, p. 3º CC; 35, LI), são essenciais ao uso do bem, de ordinário são
obras de conservação ou manutenção do bem que evitam deterioração ou destruição,
p.ex.: Conserto de goteira no teto do imóvel, troca do pneu careca.

Tal como ocorreu com a fruição, retiradas, para as benfeitorias e acessões físicas,
acréscimos, pode ocorrer em posse sobre bem alheio. Se distinguindo as consequências
se de boa (1201 CC) ou má-fé (1202 CC). Em caso de posse a. de boa-fé, terá o
possuidor direito a ser reparado no valor atual (1222 CC) das benfeitorias necessárias e
úteis e reter o bem alheio enquanto não pago (1219 CC), exceção: se a posse advir de
locação as úteis só geram reparação/retenção se autorizadas previamente (35 LI, 578
CC), quanto às voluptuárias terá direito-dever ao levantamento sem dano e se não for
reparado voluntariamente (1219 CC, 35 LI). No caso de b. má-fé, só terá reparação sem
retenção das benfeitorias necessárias, e o reivindicante pode optar por pagar valor de
custo histórico (1220, 1222 CC; 35 LI).
BENS - CLASSIFICAÇÃO

9. Bens dentro X fora do comércio, esta classificação divide os bens em passíveis de


alienação livre, disponíveis, regra de qualquer patrimônio cujo titular seja ente privado,
pessoa física (2o CC) ou jurídica (44 CC); dos bens considerados inalienáveis a. por lei:
direitos da personalidade em geral (11 CC), bens públicos menos os dominicais (100 e 101
CC); ou por b. ato de vontade: bem de família convencional em regra (1711-1722 CC, e
260-265 LRP, não confundir com o bem de família legal que permanece disponível: L.
8009/90; e com gravame da inalienabilidade por concessão em ato de liberalidade: doação
ou testamento (1848, 1911, CC; 30, L. 6830/80; 167, II, 11, LRP). Não confundir com a
impenhorabilidade, absoluta ou relativa, da lei processual (833, 834 CPC; 54A-54G,
104A-104C, CDC; L. 14181/21).
10. Bens privados X bens públicos (98-103 CC), privados são os bens cujo titular é ente
privado, pessoa física ou jurídica. Bens públicos são aqueles cujo titular é toda a
coletividade ou determinado ente público. São de três tipos (99 CC): I – Uso comum do
povo, gerido pelo ente público, p.ex.: mares, praias, praças etc; II – uso especial, ou
afetados, bens móveis ou imóveis pertecentes a entes públicos e destinados a uma
finalidade pública específica, desvio para fins privados é delito (312 CP); III – dominicais,
bens desafetados, perderam sua finalidade pública, diferentemente dos anteriores podem ser
alienado por regras administrativas próprias (100, 101 CC; 23 L. 9.636/98; L. 14133/2021),
também é dominical o patrimônio pertencente às PJ de direito público com estrutura de
direito privado (41, pú. CC; 173 CF/88). Nenhum bem público pode sofrer usucapião (102
CC; 183, p. 3º, 191, pú, CF/88; 340 STF), mas o uso de bem público pode ser cobrado
onerosamente (“uso retribuído”: 103 CC).
BEM DE FAMÍLIA - DUPLO REGIME JURÍDICO

A. Legal – L. 8009/90: Presumido por lei, independe de vontade, (antes: 8o, p. 5o, 19-23, DL 3.200/41 - polêmica: rural).
Atual: L. 8009/90; 833, I, II, CPC. Conteúdo “traduzido” por precedentes judiciais e súmulas: 205 [vigência retroativa], 364
[solteiros], 449 [vaga garagem], 486 [imóvel residencial locado], 549 STJ [fiador, Temas 295 e 1127 STF], que ampliam ou
restringem. Regras: 1o, 2o, 5o, Lei; 833, I, II, III, V, VII, VIII, X, CPC. Abrange: Imóvel residencial não importando o valor +
pertenças, móveis e qualquer tipo de benfeitorias. [mínimo existencial: um eletrodoméstico de cada, móveis em geral,
veículo SE instrumento de trabalho; há quem defina limite: 40 Sal. Min. / “médio padrão de vida…” (833, II e X CPC). STJ
reconheceu imóvel em construção [REsp. 1417629/SP-2013, e, 19600/SP-2022; 325 J.Civ.]. Se o ímóvel não for próprio a
impenhorabilidade abrange pertenças, instrumentos de trabalho e móveis, se evidamente quitados (2o, p.un., da Lei, 833,
II, V, CPC). Não abrange: veículo SÓ de transporte, objeto de arte, decoração e recreio. Exceções que executam: arts.
1o, e 3o., Lei; 73, III, 833, p. 2o, CPC, 8o, p. 5o DL.3200/41, controvérsia do fiador (82, L 8245/91, 3o, VII, L. 8009/90; 549
STJ; STF: Temas 295 e 1127, RExt. 1307334/SP, 06.08.22). Fraude: 4o, p. 1o, Lei; 159 CC. Rural: O 4o, p. 2o, Lei, 22, Dl.
3200/41, 5o, XXVI; 833, VIII, CPC; DL. 3200/41. Critérios para mais de um: 5o, p.un. da Lei, 167, I, 1 LRP.

B. Convencional: Conteúdo e funcionamento no Código (1711-1722, 1.911, CC; 833, I CPC), formalidades na LRP (167, I,
1, e, 260-265 LRP). Diversamente da modalidade Legal, o convencional depende de ato constitutivo, escrituração e
registro, seus critérios e abrangência são bem diversos. Não se restringem ao mínimo existencial.

Regras: 1711-1714, CC; 167, I, 1, II, 11, 260-265, LRP: Imóvel residencial + pertenças + valor mobiliário [$$$], até 1/3 do
patrimônio líquido do instituidor [terceiro ou família beneficiada], valor mobiliário até o valor do imóvel, E deve ser
formalizado por escritura ou testamento com registro na matrícula do imóvel, pode haver oposição em até 30 dias após
publicação do registro; 1715 CC, 260-265, LRP: exceções de execução: débitos reais e imobiliários + anteriores ao registro
de toda natureza [limite? Proteção anterior do legal], se restar valor: sub-rogação; 1717, 1719 CC: indisponibilidade e
sub-rogação; 1715, p.un., 1716, 1719, 1721, 1722 CC: extinção; 1713, p. 3º, 1718, 1720, CC: administração do
patrimônio, presumida do casal, mas pode ser terceiro profissional.
Todo fato social que cria, modifica e/ou TAXONOMIA ou CLASSIFICAÇÃO DO FATO JURÍDICO
extingue direitos e deveres, além do
indivíduo tem efeitos sociais previstos em
normas jurídicas é fato jurídico. pode ter
origem em fato natural, ordinário e
extraordinário (393 CC), OU ato de vontade
humana: ato jurídico, este pode ser
conforme a lei, ato lícito, ou contra a lei,
ato ilícito. O ato ilícito na esfera cível de
ordinário gera dever de reparar, obrigação
sucessiva, advinda do descumprimento de
um compromisso contratual previamente
ajustado (a. RC contratual: 389-405 CC),
OU do dever geral de cautela social
presente no 186, 927 CC (b. RC
extracontratual/aquiliana). Já o ato lícito
(185, CC) se desdobra em três
possibilidades: a. ato jurídico unilateral,
só uma vontade cria, p.ex. promessa de
recompensa (854-860 CC); b. ato-fato,
vontade na conduta, mas não no resultado,
cujos efeitos são da lei, p.ex. ocupação Objetiva – Ob. de resultado
(1263 CC), achado de tesouro (1264-1266 CONTRATUAL
CC); e, c. negócios jurídicos, origem em
duas (bilaterais) ou mais vontades Subjetiva – Ob. de meio
(multilaterais), p.ex.: Compra e venda ATO ILÍCITO
(481-532 CC); podendo ser típico Subjetiva – 186 CC
(contratos) ou atípicos (casamento,
Extracontratual
1511-1.70, CC; ou, negócio processual,
190, CPC). Objetiva – “exceções” da lei
ESCADA PONTEANA - TRICOTOMIA DE PLANOS DE ANÁLISE DO NEGÓCIO JURÍDICO

ESCADA PONTEANA – organização dos planos de


formação/controle legal do negócio jurídico proposta por Pontes
de Miranda

O contrato é apenas uma espécie de negócio jurídico e ambos

3. CONSEQUÊNCIAS – modais ou eventuais ou acidentais


são manifestações do Princípio da Autonomia Privada, • CONDIÇÃO
suspensiva ou
faculdade dos entes privados fazerem tudo o que não for resolutiva
proibido por lei, esta liberdade que no Constitucionalismo • TERMO inicial e final
• ENCARGO OU MODO
Liberal, embrionário, foi submetida ao paradigma da vontade
• PARTES CAPAZES

2. VALIDADE - adjetivos
absoluta, séc, XVII-XIX, ao longo do tempo sofrendo cortes, • PARTES • OUTROS:
restrições e controles que vão resultar, já na segunda metade LEGITIMAS
(legitimidade e 1. JUROS
do séc. XX, em uma revisão do próprio paradigma estrutural do legitimação) 2. MULTAS
• OBJETO IDÓNEO 3. PERDAS E DANOS

1. EXISTÊNCIA - substantivos
conceito de negócio jurídico: VONTADE e seu fundamento:
lícito, possível, 4. EVICÇÃO
IGUALDADE FORMAL, implicando em um reconhecimento de determinado ou 5. VÍCIO REDIBITÓRIO
determinável 6. REVISIONAIS
uma mudança a partir do Constitucionalismo Social, com • FORMA LÍCITA
• VONTADE / 7. ETC.
fundamento na ISONOMIA/IGUALDADE SUBSTANCIAL e no prevista ou não
NECESSIDADE proibida
reconhecimento da atuação de novos princípios: função social, • PARTES • VONTADE SEM
boa-fé objetiva, justiça contratual, que determinam novos • OBJETO - VÍCIOS livre,
tempo, lugar e consciente, e pra
paradigmas de análise e controle da autonomia privada. Assim, modo fim lícito
• FORMA
além da vontade é possível se reconhecer em alguns negócios
jurídicos a presença da NECESSIDADE que justifica o maior
controle do Estado (dirigismo contratual) sobre as relações
contratuais, sobretudo por leis especiais.
1. PLANO DA EXISTÊNCIA - SUBSTANTIVOS
Inicialmente tem que haver a VONTADE substrato essencial do negócio jurídico. Outros
elementos essenciais ou pressupostos. Cinco perguntas:
1. Quem? PARTES e sua qualificação jurídica
2. O que? OBJETO, a prestação ou dever principal das partes
3. Quando? TEMPO da realização das prestações
4. Onde? LUGAR da realização das prestações (435 CC)
5. Como? MODO de realização das prestações
Além destes elementos a doutrina tradicionalmente também defende a como elemento
essencial de existência a FORMA (?).
Crítica: seria a forma realmente essencial perante o Princípio do Consensualismo (107 CC)
que permite a adoção de contratos atípicos/inominados, não previstos em lei parcial ou
totalmente? Ou até mesmo o fato de ser mais comum a ausência de qualquer exigência de
forma sequer como requisito de validade: 104, III, 107, 425 e 432, CC, posto que a maioria
dos contratos quotidianos é verbal ou até mesmo gestual. Atualmente a exigência de forma é
apenas residualmente exigida como requisito de validade na lei civil: 104, III, 108, 109, e 166,
IV e V, CC.
A falta de qualquer pressuposto de existência deveria levar a declaração de inexistência do
negócio jurídico, mas por falta de previsão própria se reconhece a nulidade absoluta do
negócio por aplicação de norma por analogia: 166, VII, CC.
2. PLANO DA VALIDADE - ADJETIVOS
Os planos da existência e validade tratam da FORMAÇÃO do contrato, o plano da eficácia se relaciona
com a EXECUÇÃO. O Código Civil trata em dois momentos da validade:

1. PRESSUPOSTOS GERAIS (104-120, 166, 168-184, CC):

A. PARTES CAPAZES (104, I, 166, I 171, I, CC): a.1. exceções: 542, 543; 666, 1517, 1860, pú. CC; 5º
CC, emancipação; e, a.2. casos de convalidação: 178, III; 172-176 e 589, I; 180 e 589, V; 589, II CC;
181 e 310, todos do CC.

B. PARTES LEGÍTIMAS: b.1. poder de disposição / legitimidade (115-120, 932, CC): teoria da
aparência (116, 119 CC); e, b.2. requisitos específicos da lei / legitimação (p.ex. 1º na venda:
496 CC; 497 CC, 890 CPC; 1647, I, 1648, 1649, CC; 2º na doação: 544 e 549; 548; 550 CC);

C. OBJETO IDÔNEO (104, II, 166, II, III, CC): a. lícito (em si e na causa/motivo), b. possível física,
fática e juridicamente, mesmo que inicial ou relativamente (106, 458-461 e 483 CC), c.
determinado, especificado, ou determinável, gênero e quantidade (243, CC; 811, CPC);

D. FORMA (104, III, 107, 166, IV e V, CC): formalidade particular (p.ex. 541, pú. CC) ou solenidade
legal (p.ex. 108, 1227 e 1245 CC) convencional (109 CC) conforme ou não contrária a lei (104, III,
212, 166, IV e V, CC). Não confundir: formalidade probatória, bens móveis: 1267 CC; 132, 585 STJ,
489 STF.

2. DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO (138-167, 171, e 178, CC): Atingem a VONTADE que deve
ser: livre, consciente, para fim lícito. Assim negócio válido não pode conter a. vícios de
consentimento: erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão; ou b. vícios sociais: fraude contra
credores ou simulação (138-169, 171, 178, CC).
INTERPRETAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO
Teorias de interpretação do negócio jurídico:
1. Subjetiva ou da vontade, compreende que o que vale é a vontade interna,
o pensado / desejado, admitida de maneira excepcional como no caso de
reserva mental conhecida (art. 110, parte final do CC; 4o, I, e 23, CDC);

2. Objetiva ou da declaração, considera como referência a vontade


externada, manifestada verbalmente ou por escrito, é a regra geral no caso
de conflito do paradigma da vontade (art. 110, parte inicial do CC);

3. Preceptiva ou da confiança ou da primazia da realidade, se apresenta


quando há um conflito de nível distinto da questão da interpretação da
vontade subjetiva, reconhece primazia ao comportamento real das partes,
realidade, sobre o que pensaram ou declararam, o paradigma é a boa-fé
objetiva (arts. 112 e 113 CC; 130 e 131 do antigo C.Com.).
O Brasil adota as três teorias, embora divergentes, mas gradua / determina a
aplicação conforme a circunstância do conflito em concreto 110-113 CC.
INTERPRETAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO

Regras de interpretação, o direito privado nacional tem algumas regras pontuais


para interpretação dos negócios jurídicos:

1. Em contratos de adesão/subordinantes, interpretação em favor do vulnerável ou


aderente (423 e 424 CC; 4o, I, 47, 51, VI, e 54 CDC; 9o e 468 CLT; 45 L.
8245/91), in dubio pro misero / vulnerabili;

2. O silêncio e a inércia podem ser interpretados como manifestação de vontade


(arts. 111, 432, 539, e 659, CC; 28, 46, p. 1º, 47, caput, e 50, L. 8.245/91; e – no
Contrato de Trabalho em favor do empregado -, arts. 442 e 443, da CLT), mas não
em todos os casos: contrato de consumo (39, III e VI, e pú. CDC);

3. Negócios que tenham por objeto direito da personalidade são interpretados de


maneira restritiva, cessão de direito autoral e de imagem só são admitidas de
maneira específica e transitória (4o, L. 9610/98; sum. 403 do STJ; enc. 4 e 139
das J.Civ.)

4. Atos de liberalidade e de renúncias de direitos são interpretados restritivamente


(114, 819, e 1.922, CC);

5. No caso do direito sucessório em especial no testamento se pretende a


interpretação conforme a vontade real do testador no momento do ato, mesmo
que se trate de compensação de dívidas: 133, 1899, 1918, 1919, e 1922, CC.
DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO – VICIOS DE CONSENTIMENTO

1. ERRO ou ignorância: 138-144, 171, II e 178, II, CC; 12 J.Civ.. Falta consciência.
CONCEITO/ELEMENTOS: Falsa percepção (138 CC) da realidade de elemento essencial (erro)
ou de todo o negócio (ignorância), substancial (140 CC), razão determinante, e escusável, uma
pessoa comum cometeria o engano (contra: 12 J.Civ.)

CLASSIFICAÇÃO: A) substancial X acidental (sem efeito: 140); B) objetiva (139, I): negócio,
objeto, quantidade, subjetiva (139, II), de direito (139, III CC); C) Pessoal X por representante
(116, 141 CC).

REGRA: Anulável em 4 anos contados do dia que foi feito o negócio (171, II e 178, II CC);
EXCEÇÕES: Não anula se esgotado o prazo (178, II, CC), se falta element0 (138 CC), se
acidental (140 CC), se possível/oferecida correção (142-144 CC).

2. DOLO: 145-150, 171, II e 178, II, CC. Falta consciência. CONCEITO/ELEMENTOS: Falsa
percepção provocada intencionalmente (145 CC), substancial, não bilateral (150 CC)
CLASSIFICAÇÃO: A) substancial X acidental (só reparação: 146); B) por ação/comissivo (145) X
por omissão/reticência (147); C) Contratante (145) X representante (pelo proveito ou
convencional: 116 e 149) X terceiro de fora (148) só invalida se contratante tinha como saber; D)
dolus malus X dolus bonus, exagero publicitário (depende quem é o público 6o, III, 37, p. 1o,
CDC)

REGRA: Anulável em 4 anos contados do dia que foi feito o negócio (171, II e 178, II).
EXCEÇÕES: Não anula se esgotado o prazo (178, II, CC), se acidental (146 CC), se bilateral (150
CC), se de terceiro e contratante não tinha como saber (148 CC), se dolus bonus conforme o caso
(6o, III, 37, p. 1o, CDC).
DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO – VICIOS DE CONSENTIMENTO
3. COAÇÃO: 151-155, 171, II e 178, II, CC. Falta liberdade

CONCEITO/ELEMENTOS: Manifestação de vontade coagida por ameaça real e


grave (análise subjetiva: 151 e 152), de mal atual ou iminente (151), e substancial
(analogia: 146), injusta ou ilícita (153 e 188, I, CC)

CLASSIFICAÇÃO: A) substancial X acidental; B) pessoal, familiar, patrimonio pessoal


(151) X de terceiro próximo (151, pu. CC); C) Contratante (145) X representante (pelo
proveito ou convencional: 116 e 149, analogia) X terceiro de fora (154 e 155) se
sabia ou tinha como saber; D) Moral / vis compulsiva, de mal físico ou moral, verbal,
por escrito ou gestual, (151-155 CC) X Física irresistível / vis absoluta (NULO, não há
vontade, elemento de existência, nulo absoluto: 166, VII CC)

REGRA: Anulável em 4 anos contados do dia que cessar a ameaça (171, II e 178, I)

EXCEÇÕES: Não anula se esgotado o prazo (178, I, CC), se for mero temor
reverencial / exercício regular de direito (153 e 188, I, CC,) – se irregular gera
invalidade, E reparação por abuso (187 CC) e até restituição em dobro (876-883 CC;
42, pu., CDC) -, se de terceiro e contratante não tinha como saber (155, CC), ou se
faltar algum elemento (151, 152, CC).

Coação física irresistível – NULO absoluto no lugar de anulável, pela ausência de


elemento essencial da vontade (166, VII CC)
DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO – VICIOS DE CONSENTIMENTO
4. ESTADO DE PERIGO: 156, 171, II e 178, II, CC; 148 J.Civ.. Falta liberdade

CONCEITO/ELEMENTOS: Manifestação de vontade coagida por risco de dano a saúde ou vida,


atual ou iminente, do qual a contraparte tem ciência, e se aproveita cobrando com excessiva
onerosidade (padrão do mercado: 157, p. 1o CC)

CLASSIFICAÇÃO: A) do contatante ou familiar, (156) X de terceiro próximo (156, pu. CC) – não se
configura sobre patrimônio, inclusive bicho doméstico (82 CC): casos de lesão -;

REGRA: Anulável em 4 anos contados do dia que foi feito o negócio (171, II e 178, II). EXCEÇÕES:
Não anula se faltar algum elemento (156 CC), se já esgotado o prazo (178, II, CC), ou se oferecida
correção da cobrança (157, p. 2o CC, e 148 J.Civ.), ou se justificada a cobrança a maior (doutrina –
156 CC).

5. LESÃO: 157, 171, II e 178, II, CC. Falta Liberdade ou consciência

CONCEITO/ELEMENTOS: Manifestação de vontade coagida por preemente necessidade (157, 1a


parte), ou equivocada por proveito de inexperiência (vulnerabilidade - 157, 2a parte), do qual a
contraparte se aproveita com cobrança desproporcional (padrão do mercado: 157, p. 1o CC)

CLASSIFICAÇÃO: A) objetiva / necessidade X subjetiva / inexperiência;

REGRA: Anulável em 4 anos contados do dia que foi feito o negócio (171, II e 178, II). EXCEÇÕES:
Não anula se faltar algum elemento (147 CC), se já esgotado o prazo (178, II, CC), ou se oferecida
correção da cobrança (157, p. 2o CC), ou se justificada a cobrança a maior (doutrina).

Figuras afins: A) Lesão usurária, (1o-4o, Dec. 22.626/33; 4º, L. 1.521/51), nulo, sem prazo, delituosa
(instituição financeira NÃO: 283 STJ e 596 STF); B) lesão no CDC, nulo, sem prazo, vulnerabilidade
presumida (4o, I, 39, 51, 52, p. 1o, CDC); C) lesão enorme/enormíssima, direito romano, “sucessor”:
preço vil na execução, menor que 50% da avaliação (891, 896, e 903, p. 1º, I, CPC)
DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO – VICIOS SOCIAIS

6. FRAUDE CONTRA CREDORES: 158-165, 171, II, 178, II, CC; 94, 130, e 164, p. 3º, II, L.
11.101/05 - LF. Falta licitude na conduta.

CONCEITO/ELEMENTOS: Negócio jurídico de devedor insolvável - com ou na iminência de


ficar com patrimônio negativo (158) -, considerado fraude na lei, eventus damni, com
intenção, consilium fraudis, de prejudicar credores. O conluio doloso (130 LF), acordo das
partes, na fraude não precisa ser provado, quando não é presumido (158), basta a prova da
possibilidade de ciência (159) da contraparte.

MODALIDADES DE FRAUDE: A) Ato de liberalidade, doação, fraude presumida (158 CC, e


129, IV LF); B) recusa em aumento de patrimônio, presumida, por remissão de dívida ou
recusa de herança (158, 385-388, 1.813, CC; e 129, V, L.F), normalmente são atos válidos;
C) Ato oneroso, fraude provada, redução patrimonial, o contraparte poderia saber da
insolvência (culpa), admitidas exceções legais: gastos de manutenção/conservação do
negócio ou despesas de subsistência / mínimo existêncial (164 CC; 54A-54G, 104A-104C,
CDC; L. 14181/21), fraude onerosa não se presume (159 CC; e, 129, VI, LF); D) Uso da
impenhorabilidade do bem de família, tentative de “blindar” o patrimônio (arts. 4º, p. 1º, L.
8.009/90; 833, I, CPC; 167, I, 1, LRP). As duas últimas fraudes são contra credores
quirografários, ultimos da fila no concurso de credores (955-965 CC; 83 LF), pois alteram a
ordem de créditos: E) Pagamento antecipado de débito (162 CC; 129, I e II, LF); e, E)
Concessão de privilêgio/garantia que não existia inicialmente (158, p. 1º, 163, e 165, pu.
CC; 129, III e VIII, LF). Em ambos os casos um credor beneficiado vai “furar a fila” dos
demais credores.
DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO – VICIOS SOCIAIS

REGRA Anulável em 4 anos contados do dia que foi feito o negócio (171, II e 178, II CC),
MAS, doutrina e precedentes judiciais majoritários afirmam ser caso de declaração de
ineficácia relativa (165 CC; 138 LF), pois apenas uma das partes do negócio é desfeita.
A ação cabível é a Pauliana (tradição romana) ou Revocatória (130-138 LF), embora a LF
use “revogar” o correto é a retirada da voz: re-vocare (132-138 LF). A ação tem
litisconsórcio passivo necessário (160, pu., CC; 130, LF; 113, I, 114 e 116, CPC).
PRAZOS Além do prazo decadencial que se conta a partir do ato fraudulento para a
frente de 4 anos (art. 178, II CC). Em caso de fraude de devedor PJ, fraude falencial (L.
11.101/2005 - LF), devem ser considerados outros prazos antes do geral para anulação de
vício do CC. Assim: se o ato é anterior e gratuito, liberalidade, a invalidade só alcança
até 2 (dois) anos para trás da decisão que decreta falência (arts. 129, IV e V da LF;
1003 e 1032 CC), se posterior alcança até 3 (três) anos para frente da decisão (132 da
LF). Em síntese são três “filtros” ou perguntas: 1º o ato é fraude? 2º está dentro do
interregno de 2 anos antes e 3 anos depois da decretação? 3º a Ação Pauliana ou
Revocatória foi proposta no limite decadencial de 4 anos contados a partir do ato?
Fraudes processuais, as mesmas formas de ato fraudulento previstas no CC, se
cometidas após o início de um processo de execução tem consequências mais graves,
fere a dignidade da justiça, neste caso a legitimidade é ampla (juiz de oficio e MP), basta a
prova do dano, e a consequência vai além da invalidade civil e passa a ser criminal além
da invalidade civil do ato (674, II, 789, V, 792, 828, p. 4º, e 856, p. 3º, CPC; súm 375, do
STJ; 179, 329-331, 347, 358, CP; 31, L. 6.830/80; e 185, CTN)
DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO – VICIOS SOCIAIS

7. SIMULAÇÃO: 167-169, CC; 446, I, CPC; 152, 153, 293, 294, 578, J.Civ.. Falta
licitude a conduta.

CONCEITO/ELEMENTOS: Unico nulo, praticado mediante conluio/cumplicidade dos


contratantes para utilizer de um simulacro/mentira buscando prejudicar
intencionalmente terceiro ou à ordem pública.

MODALIDADES DE SIMULAÇÃO: A) Absoluta, tudo é mentira, logo tudo é nulo (167)


X relativa, o simulacro esconde o ato real, dissimulado, ironicamente neste caso a
nulidade, mais grave, pode não resultar em desfazimento de todo o negócio. O ato
dissimulado pode ser mantido, posto que válido na substância e forma, mas com
consequências majoradas (167, parte final, CC; enc. 153, 293, J.Civ.); B) simulação
subjetiva, da pessoa/laranja (167, p. 1o, I) X objetiva, negócio, objeto, preço,
quantidade (167, p. 1o, II) X de data, documento ante ou pós-datado (167, p. 1o, III),
atenção: cheques “pré-datados” não são simulação, não há terceiro prejudicado (370
STJ); C) Maliciosa, com intenção de prejudicar X inocente, sem intenção de criar
prejuízo, polêmica se ainda exclui invalidade (103, CC/16; 152 J.Civ.).

REGRA: Nulo é o simulacro, não necessariamente todo o negócio (167), portanto:


legitimidade é ampla, Juiz de ofício ou MP (168), alegada a qualquer tempo (169).

Figuras afins: A) Decrlaração não séria, animus jocandi, no contexto fica evidente ser
falsa, jocose, teatral, didática etc; B) Fraude à lei, tratamento legal identico (166, VI
CC); C) Negócio fiduciário com amigo, há interposição de terceiro, mas sem intenção
de causar e sim de evitar o prejuízo, “laranja do bem” (436-438 CC).
ATO INVÁLIDO – NULO X ANULÁVEL

O ato inexistente é o que não reune todos os elementos essenciais de formação:


vontade, partes, objeto e forma, não podendo produzir qualquer efeito jurídico, ao
qual por falta de previsão propria é declarada “nulidade” absoluta: 166, VII CC, p.ex.:
coação física irresistível. Ato inválido, tem gradação: Nulo (166-170 CC) ou
anulável (171-184 CC), com várias difretenças:
1. Interesse: Nulo público ou social (166 CC) / anulável privado (171 e 178 CC); 2.
legitimidade: nulo, ampla (168 CC), terceiros e até o juíz de oficio ou MP na função de
custus leges / anulável, do ente diretamente prejudicado (171 CC), privado ou
público, salvo no caso da fraude processual; 3. Ação e decisão, Nulo, ação
decalaratória de nulidade com eficácia ex tunc, ou seja, retroage a data da celebração
/ anulável, ação anulatória desconstitutiva (revocatória ou pauliana para fraude contra
credores), tem efeitos ex nunc, atinge o ato apenas da decisão em diante, não
retroage; 4. Prazo: Nulo em regra imprescritível, pode ser alegada a qualquer tempo
(169 CC) / anulável, sempre tem prazo, em regra de 2 ou 4 anos (178, 179 CC), pode
ser mais (p.ex.: 54 L. 9784/99 e 473 STF, ato administrativo); 5. Convaliação, ato nulo
quase não tem como ser corrigido, a única hipótese é pela conversão objetiva do
negócio* (170), p.ex.: doação de imóvel de pai para um dos três filhos ferindo a
legítima, nulo: 544 e 549 CC, convertida em empréstimo / já o ato anulável, tem
várias exceções e formas de correção, convalidação, do ato: 142-144, 146, 148, 150,
153, 155, 157, p. 2o, 164, 171-184, 310, 589 CC, p.ex.: o fato de ter se esgotado o
prazo decadencial (178 e 179 CC).
PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA - DOMIENTIBUS NON SUCURRIT JUS
Compreendido que ato anulável sempre tem prazo (p.ex. 178, 179), e ato nulo é “imprescritível” ou passível de ser alegado a
qq. tempo (169) precisamos diferenciar as situações do tempo sobre o direito subjetivo: A) Prescrição (189 e 206), prazo
legal (205, 206 CC) que atinge a pretensão judicial (demanda condenatória) de direito subjetivo que se inicia sempre do
descumprimento do dever primário (direito violado), inadimplemento/débito ou lesão/reparação [o Brasil adota em regra a
teoria objetiva (fato gerador, 14 J.Civ.) no lugar da Teoria Subjetiva (ciência efetiva do fato, p.ex: 573 STJ) da actio nata]; B)
Decadência (207-211 CC), prazo previsto em lei, convencionado pelas partes, ou mesmo judicial, que atinge direito
potestativo e que se inicia do momento definido em lei (legal) ou escolhido pelas partes (convencional), pode variar (direito
adquirido, demanda constitutiva), e tem previsão dispersa no Código ou cláusula contratual. Ambas em qualquer grau de
jurisdição (193 CC - *instâncias especiais exigem prequestionamento: 278 e 507, CPC, preclusão).
As causas de impedimento e suspensão são as mesmas só variando se incidem antes do início da contagem, impede, ou
depois, suspensão (197-199 CC): entre cônjuges e companheiros (296 J.Civ., até o fim da relação), entre ascendentes e
descendentes, tutelados, curatelados e apoiados (até o fim da subordinação SE acontecer, cabe regressiva: 195), contra
incapazes absolutos (atenção: relativos conta, *440 CLT), ausentes em geral (156 J.Civ.), e ausentes do país em exercício de
serviço público civil ou militar (até o fim da ausência), pendente condição suspensiva, prazo de vencimento ou ação de
evicção (447-457 CC). Também não corre prescrição enquanto pendente ação criminal por conta do efeito panprocessual
(200, 935, CC; 91, I, CP; 63-68 CPP).
As causas que interrompem contagem de prazos legais (202-204 CC) implicam em parada total da contagem, há
rompimento da inércia do titular, e SE reiniciar é do zero (prescrição intercorrente: 206-A CC). A situação mais comum, vale
para prescrição e decadência, é a propositura de demanda, data do protocolo, mesmo que despachada por juiz
incompetente, porém com a condição da citação ter sido válida (221, I, CC; 240, 312, 802, CPC; 106 STJ, 78 TFR; 417
J.Civ.).
Em regra não prazo decadencial é peremptório (207), não muda a contagem, mas em alguns casos pode se admite alteração
em casos expressos: incapaz absoluto (208), situações do CDC (26, p. 2º e 3º CDC).
Outras diferenças: pode se renunciar a prescrição (191 CC), ressalvado interesse de terceiro, mas a decadência legal não
embora a convencional sim (209 CC); prescrição PODE ser conhecida e decadência LEGAL DEVE ser reconhecida de ofício
(210) e NÃO PODE se for decadência CONVENCIONAL (211).
ELEMENTOS DE EFICÁCIA
No plano da eficácia da Escada Ponteana são verificadas as consequências do negócio jurídico, se existente e
válido, que podem se dar de maneira imediata (134), caso mais comum dos negócios de execução imediata, ou
se são negócios jurídicos sujeitos a elemento acidental ou modal para se efetivarem plenamente, ou seja,
dependem de um evento futuro incerto (condição: 121-130) ou certo (termo: 131-135 CC) para seus efeitos, ou
embora gerem efeitos de imediato podem perder seus efeitos pelo descumprimento de tarefa anexa (encargo ou
modo: 136, 137 CC).
1. Condição: É todo o evento futuro e incerto na ocorrência, embora certo na possibilidade e licitude (104, II,
106, 122, 123 CC), da qual pode depender o início dos efeitos do ato (suspensiva, 125) ou inversamente ser o
evento que põe fim aos efeitos já iniciados (resolutiva, 127). Regras: A parte que prevê a condição suspensiva
não pode adotar medidas obstativas da realização do evento sob pena da condição ser considerada efetiva (126
e 129), e se for caso de resolutiva o efeito dela é imediato mas não retroage em regra (ex nunc 128 CC). A parte
que aguarda a condição pode tomar medidas de conservação do direito eventual (130 CC);
2. Termo: É evento futuro e certo na ocorrência, pode ser prazo, decurso de tempo certo na ocorrência e
momento, ou a morte (incerteza é só do momento exato). Regras: Termo inicial, dias a quo, impede exercício mas
não existência de direito (131), termo final, dias ad quem, momento final da contagem ou vencimento. Prazo
(recheio) em regra exclui o primeiro dia (* Penal: 10 CP) e inclui o último, se este não for dia útil prorroga até o
próximo que, meado é sempre 15º dia, prazo de mês e ano termina no dia de igual número do que começa, prazo
de hora conta por minuto exato (132);
3. Encargo e modo: São tarefas lícitas (137) anexas de ordinário impostas ao recebimento de liberalidade (p.ex.
doação), não impede a aquisição do bem (136), mas seu descumprimento PODE gerar revogação do benefício
(555, 559, 560, 562, CC). O encargo pode ser para benefício do doador, terceiro ou interesse geral (553), o modo
é mais restrito, pois é o MOTIVO determinante da liberalidade (137 CC), sua impossibilidade invalida todo o ato
de liberalidade

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