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CADERNO EM POESIA DE

DIREITO
ADMINISTRATIVO
Professor: Rodolfo Penna

2
SUMÁRIO
1. Conceito de regime jurídico administrativo 11
a. Divisão do regime jurídico segundo Maria Sylvia Zanella di Pietro
11
b. Regime jurídico administrativo 11
c. Regras vs princípios 11
d. Diferenciação entre regras e princípios segundo Ronald Dworkin
12
e. Diferenciação entre regras e princípios para Robert Alexy 12
f. Diferenciação entre regras e princípio pela Doutrina Moderna 12
g. Classificações de princípios 14

2. Princípios basilares: Supremacia do Interesse Público


(prerrogativas) e Indisponibilidade do Interesse Público
(restrições) 15
a. Conceito de interesse público 15
b. Diferenciação da doutrina clássica: interesse público primário e
secundário 15
c. Princípio da supremacia do interesse público em relação ao
interesse privado 15
d. Princípio da indisponibilidade do interesse público 17

3. Princípios expressos da Administração Pública (previstos


no artigo 37, caput, CF/88) 19
a. Princípio da legalidade 19
b. Princípio da impessoalidade 20
c. Princípio da moralidade 21
d. Princípio da publicidade 22
e. Princípio da eficiência 22

4. Princípios implícitos da Administração Pública 24


a. Princípio da razoabilidade e proporcionalidade 24
i. Razoabilidade 24
ii. Proporcionalidade 24
b. Princípio da continuidade dos serviços públicos 24
c. Princípio da motivação 24
d. Princípio da autotutela 25
e. Princípio da segurança jurídica 25
i. Princípio da proteção à confiança legítima 25
f. Princípio da especialidade 26

3
g. Presunção da legalidade 26
i. Presunção de veracidade dos atos administrativos 26
h. Princípio do contraditório e ampla defesa 26
i. Princípio do contraditório 26
ii. Princípio da ampla defesa 27
i. Princípio da precaução 27
j. Princípio da consensualidade 27
k. Princípio da sindicabilidade 27
l. Princípio da prestação de contas 27
m. Princípio da subsidiariedade 27
n. Princípio da hierarquia 28

5. Direito Administrativo: conceitos 29


a. Conceitos iniciais 29
b. Critérios para definir o Direito Administrativo 29
c. Ciência do Direito Administrativo e Ciência da Administração 31

6. Origem do Direito Administrativo 32


7. Evolução do Direito Administrativo 34
a. Evolução nos países 34
b. Evolução no Brasil 34

8. Fontes do Direito Administrativo 36


a. Classificação das fontes 36
b. Fontes básicas do Direito Administrativo 36

9. Interpretação do Direito Administrativo 38


10. Conceituação da Administração Pública 39
a. Estado 39
b. Função Administrativa 39
c. Função de governo 40
d. Conceito de Administração Pública 40

11. Sistemas de controle da Administração Pública 42


12. Organização Administrativa 44
a. Desconcentração e Descentralização 44
b. Centralização e concentração 45
c. Administração Pública direta e indireta 45
d. Setores da Administração Pública 46
e. Órgãos públicos 46
i. Teorias sobre a relação entre os órgãos e os agentes públicos 46
ii. Classificação dos órgãos públicos (Hely Lopes Meirelles) 47

4
f. Autarquias 48
g. Fundações Públicas 51
h. Empresas estatais 52
i. Sociedade de economia mista 53

13. Consórcios públicos 57


14. Entidades paraestatais 60
a. Origem 60
b. Setores da Administração Pública 60
c. Entidades do 3º setor (entidades paraestatais) 60
i. Serviços Sociais Autônomos (Sistema S) 60
ii. Organizações Sociais (OS) 61
iii. Organizações da Sociedade Civil de interesse público (OSCIP): 64
iv. Organizações da Sociedade Civil (OSC) 67
v. Entidades de apoio 75

15. Poderes da Administração Pública 77


a. Poder hierárquico 78
i. Características do Poder hierárquico 78
b. Poder disciplinar 78
c. Poder normativo 80
d. Poder de polícia 83
e. Abuso de poder: 87
i. Modalidades de abuso de poder 87
f. Deveres da Administração Pública: 87

16. Atos Administrativos 88


a. Conceito 88
b. Atos da Administração Pública (gênero) 88
c. Fato da Administração Pública 89
d. Classificação dos atos administrativos 89
e. Pressupostos do ato administrativo 93
f. Mérito administrativo 96
g. Atributos do ato administrativo 96
h. Espécies de atos administrativos 97
i. Extinção do ato administrativo 99
j. Convalidação e conversão do ato administrativo 101
k. Teoria das autolimitações administrativas (teoria dos atos
próprios) 102
l. Teoria dos precedentes administrativos 103

17. Licitações 103


a. Disposições iniciais 104

5
b. Contratos 104
c. Artigo 176 105
d. Conceito de licitação 105
e. Objetivos da licitação 105
f. Âmbito de aplicação da Lei de Licitações 106
g. Competência legislativa (licitações) 107
h. Microempresas e empresas de pequeno porte (artigo 4º): 107
i. Objetivos (artigo 11) 107
j. Exigência de governança (artigo 11, parágrafo único) 108
k. Princípios 108
l. Agentes públicos na licitação (artigo 7º) 113
m. Agente de contratação 113
n. Objeto da licitação 114
o. Formas de contratação indireta 118
p. Serviços terceirizados e regime de dedicação exclusiva de mão de
obra 121
q. Artigo 49 121
r. Locação de imóveis (artigo 51) 122
s. Licitações internacionais (artigo 52) 122
t. Fases da licitação 122
u. Vedações para participar da licitação (artigo 14): 127
v. Artigo 15 e 16: 128
w. Modalidades de licitação: 130
x. Critérios de julgamento 135
y. Contratação direta: 136
z. Alienações de bens 151
aa. Procedimentos auxiliares 151

18. Contrato administrativo 156


a. Conceito 158
b. Sujeitos 158
c. Pode haver contrato administrativo entre entes diversos? 158
d. Empresas estatais celebram contrato administrativo? 158
e. Formalismo moderado 159
f. Caráter bilateral e consensual do contrato 160
g. Comutatividade e onerosidade do contrato 161
h. Pessoalidade do contrato (intuitu personae): 161
i. Desequilíbrio do contrato Administrativo 162
j. Formalização dos contratos 162
k. Procedimento (artigo 90, Lei 14.133) 163
l. Alocação de riscos 164
m. Artigo 25, da Lei 14.133 164

6
n. Duração dos contratos 166
o. Cláusulas exorbitantes: 168
p. Artigo 104, da Lei 14.133 168
q. Exigência de garantia 169
r. Exigência de compensação 169
s. Deveres das partes 169
t. Responsabilidades 169
u. Pagamentos 170
v. Equilíbrio econômico financeiro 171
w. Reajuste 172
x. Revisão (artigo 104) 172
y. Atualização monetária 173
z. Repactuação 173
aa. Teoria da imprevisão 173
bb. Fato do príncipe 174
cc. Fato da Administração 174
dd. Caso fortuito ou força maior 174

19. Serviços Públicos 174


a. Sentidos do serviço público 175
b. Princípios 175
c. Classificação dos serviços públicos 178
d. Espécies 179
e. Criação do serviço público 180
f. Prestação do serviço público 180
g. Defesa dos usuários dos serviços públicos 181
h. Código de Defesa do Consumidor: aplica ou não aos serviços
públicos? 181
i. Delegação de serviços públicos para iniciativa privada 182
j. Precisa de autorização legislativa para prestação de serviço
público? 183
k. Concessão comum de serviços públicos 183
l. Parcerias-público privadas ( Lei 11.079/94) 197
m. Autorização de serviços públicos 202
n. Relicitação e prorrogação (Lei 13448/17) 203

20. Agentes públicos 203


a. Conceito de agente público 204
b. Agente público de fato ou de direito 204
c. Cargo e emprego público 204
d. Função pública 204
e. Criação e extinção de cargo público 205
f. Regimes jurídicos dos agentes públicos 205

7
g. Agentes públicos (classificação-espécies) 206
h. Requisitos de acesso a cargo público e emprego público 214
i. Concurso público 214
j. Provimento 226
k. Investidura 228
l. Vacância 229
m. Estágio probatório/estabilidade/vitaliciedade/ perda do cargo
229
n. Sistema remuneratório dos servidores públicos (artigo 39, § 1º,
CF/88) 230
o. Alteração do valor da remuneração 231
p. Teto remuneratório constitucional (artigo 37, XI, CF/88) 233
q. Cumulação de cargos e empregos públicos 235
r. Greve e sindicalização 236
s. Disposições constitucionais aplicados aos ocupantes de cargos
eletivos 237
t. Regime disciplinar dos servidores: introdução 237
u. Estudo do Processo Administrativo Disciplinar (PAD) 240
v. Servidor público cedido para outro órgão 245
w. Servidores públicos e férias 246

21. Controle da Administração Pública 248


a. Classificações 248
b. Autocontrole 249
c. Processo administrativo 250
d. Prescrição e decadência 252
e. Controle legislativo 252
f. Função típica do Poder Legislativo 253
g. Controle exercido pelo Tribunal de Contas 253
h. Tribunal de Contas pode exercer controle de constitucionalidade?
255
i. Princípio da universalidade dos Tribunais de Contas 256
j. Controle dos atos de concessão inicial de aposentadoria, reforma
ou pensão 257

22. Responsabilidade Civil do Estado 260


a. Conceito de responsabilidade civil do Estado 260
b. Origem da responsabilidade civil do Estado 260
c. Requisitos da responsabilidade do Estado extracontratual 262
d. Elementos da responsabilidade extracontratual 263
e. Causas excludentes da responsabilidade civil do Estado 264
g. Responsabilidade civil do Estado por Omissão 265

8
h. Responsabilidade civil objetiva do Estado em alguns casos
específicos 266
i. Responsabilidades específicas do Estado 270
j. Ação judicial de reparação do dano 273

23. Bens públicos 274


a. Conceito 274
b. Domínio público e domínio eminente 275
c. Classificação dos bens públicos 275
d. Afetação e desafetação 277
e. Regime jurídico dos bens públicos 278
f. Aquisição de bens pela Administração Pública 281
g. Gestão dos bens públicos 281
h. Alienação dos bens públicos 289
i. Espécies de bens públicos 290

24. Intervenção do Estado na propriedade privada 295


a. Espécies de intervenção 295
b. Modalidades de intervenção branda ou repressiva 295
c. Desapropriação 302
d. Desapropriação direta 315
e. Desapropriação para fins de reforma agrária (artigo 186, CF) 317
f. Desapropriação urbanística (artigo 182, §4º, CF/88) 318
g. Desapropriação confisco (artigo 243, CF/88) 319
h. Desapropriação indireta (artigo 35, DL 3365) 319

25. Intervenção do Estado na Ordem Econômica 322


a. Histórico 322
b. Princípios da ordem econômica: artigo 170, CF/88 322
c. Formas de intervenção 323
d. Atividade econômica e serviço público 324
e. Regulação: pressupostos iniciais 324
f. Falhas de Mercado 324
g. Formas de regulação 325
h. Controle ou tabelamento de preços 326
i. Regulação setorial vs regulação concorrencial 327
j. Conflito entre a regulação setorial e concorrencial 327
k. Análise de impacto regulatório 328
l. Fomento 328
m. Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência 328
n. Intervenção direta na atividade econômica 328
o. Intervenção concorrencial 329
p. Intervenção por meio do Monopólio Estatal 329

9
q. Diferença entre Monopólio e Privilégio para o STF 329

26. Agências Reguladoras 329


a. Mandato por prazo determinado dos dirigentes 332
b. Análise de impacto regulatório 332
c. Jurisprudência 332

27. Improbidade Administrativa 334


a. Conceito 334
b. Consequências da improbidade administrativa 334
c. Retroatividade da Lei 14.230/21 334
d. Elementos para configuração do ato de improbidade 336
e. Quem pode propor ação de improbidade? 338
f. Espécies de ato de improbidade administrativa (artigo 9º-11) 338
g. Sanções aplicáveis 339
h. Liquidação e execução do julgado (artigo 18, da Lei de
Improbidade) 340
i. Independência entre instâncias 341
j. Procedimento administrativo (artigo 14-15, da Lei de Improbidade)
342

28. Temas extras (Aula bônus) 343


a. Entidades do terceiro setor 344
b. Consórcios 349
c. Lei anticorrupção 354
d. Lei de acesso à informação 363
e. Empresas estatais 368
f. Processo Administrativo Federal 387
g. Jurisprudência 402

10
1. Conceito de regime jurídico
administrativo1
● Conjunto de normas jurídicas (regras e princípios) que
regem a Administração Pública em sua relação: (I)
interna; (II) com agentes públicos; (III) com os
contratados; (IV) com os particulares; (V) com os bens e
(VI) com todas suas atividades (ex: Poder de Polícia).
a. Divisão do regime jurídico segundo Maria Sylvia
Zanella di Pietro
i. Da Administração Pública: é amplo, englobando normas
de direito privado e direito público.
ii. Administrativo: somente engloba as normas de direito
público.
b. Regime jurídico administrativo
iii. dá ensejo para as prerrogativas2 e restrições3 da
Administração Pública, havendo uma chamada
bipolaridade.
c. Regras vs princípios

1
Por que começar a estudar o Direito Administrativo pelos princípios?

Porque eles são importantes para situar o aluno no âmbito do Direito Administrativo como um
todo. Há dois princípios basilares (supraprincípios): (I) supremacia do interesse público (II)
indisponibilidade do interesse público. Essas duas bases fundamentam o Direito Administrativo.

2
Prerrogativa é o poder concedido à Administração Pública, de modo a permitir que tenha a
imposição de sua vontade em relação ao particular de forma unilateral, visando a persecução da
supremacia do interesse público. A prerrogativa advém do princípio da supremacia do interesse
público.

3
As Restrições existem para que os gestores não se acharem donos da Administração Pública. As
restrições advém do princípio da indisponibilidade do interesse público que tem como um dos seus
principais vetores o princípio da legalidade.

11
Não há hierarquia entre regras e princípios, de modo que ambos
possuem força normativa, dotados de coercibilidade.

d. Diferenciação entre regras e princípios segundo


Ronald Dworkin
i. Regras: as regras são a descrição de comportamentos
que serão preenchidos mediante subsunção do fato à
norma.
● As consequências decorrentes da subsunção
é tudo ou nada.4
ii. Princípios: possuem uma dimensão de peso. Neles, são
descritos, de forma abstrata, valores jurídicos, sem
determinar uma conduta específica. Ressalta-se que,
existindo choque entre princípios, terá a seguinte
solução: atribui-se, primeiramente, um peso para cada
princípio e, posteriormente, verifica-se qual princípio irá
prevalecer. Ainda, salienta-se que se deve aplicar ambos
os princípios no caso concreto, não excluindo nenhum
princípio.5
e. Diferenciação entre regras e princípios para
Robert Alexy
i. Regras: são sempre satisfeitas ou não satisfeitas.
ii. Princípios: são mandados de otimização que devem ser
satisfeitos na maior medida do possível dentro das
possibilidade fáticas e jurídicas existentes
f. Diferenciação entre regras e princípio pela
Doutrina Moderna
i. Regras:

4
Exemplo: ou mata alguém ou não mata alguém.

5
Diferente do caso da colisão entre regras em que se deve excluir uma regra.

12
1. Conceito: as regras são descrições objetivas e
fechadas de uma conduta, sendo a concretização
de valores jurídicos.
2. Estrutura normativa: as regras são definições
definitivas de comportamentos.
3. Modo de aplicação: as regras são aplicadas no
modo tudo ou nada. No choque entre regras, deve
resolver pelos seguintes critérios:
● (I) hierarquia: a regra superior
prevalece em relação à regra inferior.
● (II) cronológico: a regra nova prevalece
em relação à regra antiga.
● (III) especificidade: a regra mais
específica prevalece em relação à regra
geral.
ii. Princípios:
1. Conceitos: os princípios são normas mais abertas e
abstratas que trazem valores jurídicos,
estabelecendo os fins que devem ser cumpridos
pela Administração Pública.
2. Estrutura normativa: os princípios são definições
de valores éticos.
3. Modo de aplicação: são aplicados na maior
medida possível dentro das possibilidades.
Quando há choque entre princípios, deve-se
utilizar o critério da ponderação entre princípios
que sempre ocorre diante de um caso concreto.
Ressalta-se que não há exclusão completa de
nenhum princípio.

13
● O princípio jurídico possui força
normativa6, de modo que não são mais
meros vetores de interpretação.
g. Classificações de princípios
iii. Onivalentes: transitam em todos os ramos das Ciências.
iv. Plurivalentes: são aplicados em mais de uma Ciência.
v. Monovalentes: aplicados em apenas uma Ciência.
vi. Setoriais: são aplicados em apenas um sub-ramo do
Direito.

6
Vincula a Administração Pública e os particulares. Exemplo: nepotismo → conduta vedada
decorrente do princípio da moralidade.

14
2. Princípios basilares: Supremacia do
Interesse Público (prerrogativas) e
Indisponibilidade do Interesse Público
(restrições)7
a. Conceito de interesse público
i. De início, ressalta-se que não é a soma dos interesses
individuais. O interesse público é o interesse da
coletividade considerada como um todo, ainda que
contrário aos interesses individuais.
b. Diferenciação da doutrina clássica: interesse
público primário e secundário
ii. Interesse público primário: interesse da coletividade.
iii. Interesse público secundário: interesse patrimonial da
Administração Pública como pessoa jurídica (ex: na sua
organização interna, gestão de bens e erário). Somente
pode ser buscado quando, mediatamente ou
imediatamente, atenda ao interesse público primário.
c. Princípio da supremacia do interesse público em
relação ao interesse privado
i. Conceito: estabelece as prerrogativas da Administração
Pública. A Constituição Federal determina competências
para Administração pública e, para isso, há a necessidade
dos meios que nada mais são que as prerrogativas.
Estabelece-se uma relação de verticalidade

7
Ambos os princípios dizem respeito ao interesse público, porque a principal finalidade da
Administração Pública é atingir o interesse público.

15
(Administração no topo e particulares na base). Ex:
intervenção do Estado na propriedade
ii. Críticas da doutrina:
1. Segundo a doutrina, não se pode estabelecer
como premissa que o interesse público sempre
prevalecerá sobre os interesses particulares. Basta
ver que há previsão na Constituição Federal de
interesse fundamentais individuais, o que
demonstra que o interesse público não prevalecerá
sempre.
2. Segundo a doutrina, há uma impossibilidade em
definir de forma objetiva o que é considerado
como interesse público.
● Resultado: o interesse público
deve ser estabelecido no caso
concreto.
3. Segundo a doutrina, há indissociabilidade do
interesse público e privado em diversas situações.
iii. Divisão do Princípio da supremacia do interesse público
1. Supremacia genérica (geral) vs específica
(individual)
● Supremacia genérica (geral): a vontade
da Administração Pública prevalece
sobre todos os particulares,
independente de qualquer relação
com o particular.
● Supremacia específica (individual): a
vontade da Administração Pública
prevalece em razão de uma relação
jurídica existente com o particular.

16
d. Princípio da indisponibilidade do interesse público
i. Conceito: A Administração Pública não pode dispor do
interesse público, porque ela não é titular desse
interesse, sendo mera administradora. Dessa maneira,
ela depende de uma autorização legal para administrar o
interesse público. Com isso, a Administração Pública
precisa de uma lei para atuar, no caso concreto,
restringindo a liberdade da população.
● Decorre do Princípio Republicano.
ii. Possibilidade de a Administração Pública se submeter à
arbitragem, à mediação, à conciliação e aos comitês de
resolução de disputas (importantes para obras e serviços
de engenharia): havia muita discussão acerca disso, de
modo que, com o decorrer do tempo, passou a se
entender que o interesse público é diferente do interesse
patrimonial. Nessa linha de entendimento, percebe-se
que muitas vezes a Administração deve dispor do
interesse patrimonial para atingir o interesse público.
- Há os seguintes requisitos para
arbitragem:
● Deve ser firmado compromisso
arbitral ou cláusula
compromissória pela autoridade
competente;
● Deve se tratar de direitos
disponíveis;
● Deve respeitar os princípios da
Administração Pública;
● Deve haver solução de direito e
não com base na equidade.
- Comitês de resolução de disputas
● Há prevenção dos conflitos;

17
● Há três tipos:
○ com decisões vinculantes
○ com decisões sugestivas
○ com decisões mista

18
3. Princípios expressos da
Administração Pública (previstos no
artigo 37, caput, CF/88)
a. Princípio da legalidade
i. No âmbito público, a Administração Pública somente
pode atuar quando a lei autorizar. Diferente do âmbito
privado, onde pode fazer tudo que a lei não proíbe.
ii. Princípio da reserva legal
o Precisa de uma lei específica para que a
Administração Pública possa atuar.
● O princípio da legalidade está sofrendo uma superação.
A legalidade está sendo considerada sob o aspecto da
juridicidade. Na juridicidade, há mais restrição na
atuação do administrador, porque ele deve observar não
só a lei, mas o ordenamento jurídico como um todo.
● E, se não tiver lei autorizando a Administração Pública
para cumprir competência prevista na Constituição
Federal?
○ Segundo o professor Rafael Oliveira, há: (I) a
vinculação negativa8 que é quando a
Administração Pública pode agir no cumprimento
de suas competências constitucionais mesmo que
não exista lei, desde que sua atuação esteja em
compatibilidade com o ordenamento jurídico
como um todo.

8
Diferente da vinculação positiva que é quando a Administração Pública somente pode agir
quando há lei permitindo.

19
b. Princípio da impessoalidade
i. O administrador não atua em nome próprio, mas em
nome do ente público a qual ele pertence.
ii. 1º aspecto: isonomia: o agente público não pode atuar a
fim de favorecer interesses pessoais, ele deve agir de
maneira isonômica.
1. Isonomia formal: tratar todos de forma igual
perante a lei.
2. Igualdade material: tratar os iguais de forma igual
e os desiguais de forma desigual na medida de sua
desigualdade.
iii. 2º aspecto: vedação à promoção pessoal: está muito
ligado à Teoria do Órgão, de modo que a atuação do
agente público não é imputada a ele diretamente, mas
ao órgão a qual ele pertence, imputando a atuação ao
ente público de que o órgão faça parte.
● Artigo 37, §1º, CF/889
iv. 3º aspecto: princípio da finalidade (sub-princípio da
impessoalidade): a atuação da Administração Pública
tem que sempre buscar o interesse público.
● Exceção do princípio da
impessoalidade:
intranscendência subjetiva das
sanções: a sanção aplicada ao
ente em razão da má gestão de
um gestor não pode ser
transferida ao próximo gestor

9
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá
ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes,
símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.

20
que tomar todas as providências
para sanar a irregularidade.
Súmula 615 STJ10
c. Princípio da moralidade
i. Conceito: os agentes públicos devem atuar de acordo
com a ética e boa-fé. Essa moralidade não é social.
ii. Moralidade social (subjetiva): senso comum. Cada pessoa
acha que determinada coisa é moral.
iii. Moralidade jurídica (objetiva): baseada em critérios
objetivos, pautando a ética no ordenamento jurídico
como um todo.

- Lembrar da força vinculante do princípio, basta ver


que não há lei proibindo o nepotismo, de modo
que o próprio princípio da moralidade estabelece
essa proibição.
❖ O Nepotismo não veda a nomeação
para cargos políticos11 e nem para
cargos cujo acesso se deu por
concurso público.
■ O que é cargo político?
● Conselheiro do
Tribunal de Contas
não é cargo político,
mas técnico,
segundo o STF, é.

10
"Não pode ocorrer ou permanecer a inscrição do município em cadastros restritivos fundada em
irregularidades na gestão anterior quando, na gestão sucessora, são tomadas as providências
cabíveis à reparação dos danos eventualmente cometidos.

11
Exceção: não pode nomear parentes para cargo político se o parente não tiver capacidade
técnica e idoneidade moral.

21
❖ A súmula vinculante número 1312 não
exauriu os casos de nepotismo.

d. Princípio da publicidade
i. Conceito: os atos administrativos devem ser públicos,
exceto no caso de o sigilo ser indispensável para
segurança do Estado13 ou da sociedade e para preservar
a vida privada.
ii. Publicidade ≠ atos publicados: o fato de um ato ser
público não quer dizer que deve ser publicado. Ex: ato de
organização de repartição não precisa ser publicado em
meio oficial, porque não irá vincular terceiros.
iii. Instrumentos que garantem o princípio da publicidade
1. Direito de petição
2. Direito subjetivo às certidões: quando pede uma
certidão e ela é negada, tem direito líquido e certo,
de modo que pode impetrar mandado de
segurança (não é habeas data)
iv. Lei de acesso à informação: a Administração Pública não
pode negar informações de forma imotivada e nem
colocar obstáculos.
e. Princípio da eficiência
i. Conceito: a Administração Pública tem que ter uma
atuação voltada para utilização dos melhores meios
possíveis para atingir os resultados. Esse princípio
consagrou a transição da Administração Pública

12
A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o
terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica
investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão
ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o
ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal.

13
deve observar os requisitos da Lei de Acesso à Informação. Essa lei define as informações que
devem ser sigilosas, a seguir: (I) informação restrita: sigilo de 5 anos; (II) informação secreta: sigilo
de 15 anos; (III) informação ultrassecreto: sigilo de 25 anos podendo ser prorrogada até 50 anos.

22
burocrática (voltada para os procedimentos) para a
gerencial (voltada para os resultados). Com efeito, surge
a teoria da instrumentalidade das formas, por exemplo.
ii. Instrumentos para garantir a eficiência:
1. Mudança de 2 anos para 3 anos do prazo de efetivo
exercício para cumprimento do estágio probatório
e imposição de comissão de análise de
desempenho;
2. Possibilidade de demissão dos servidores públicos
com base em avaliação periódica;
3. Possibilidade de determinação de autarquias e
fundações como agências executivas;
4. Possibilidade de celebração de parcerias com o
terceiro setor.

23
4. Princípios implícitos da
Administração Pública
● São implícitos na Constituição Federal, o que não
impede que estejam previstos em lei.
a. Princípio da razoabilidade e proporcionalidade
● Esses princípios decorrem de dois valores: (I) valor
do devido processo legal substancial que protege
os bens e a liberdade individual (II) Estado
Democrático de Direito.
i. Razoabilidade
o Deve ter os meios adequados para atingir os fins.
ii. Proporcionalidade
● Adequação: meio adequado para atingir
determinada finalidade.
● Necessidade: ação necessária para atingir
determinada finalidade, de modo que não pode
restringir um direito individual além do necessário.
● Proporcionalidade em sentido estrito: as sanções
aplicadas devem ser proporcionais às condutas.
b. Princípio da continuidade dos serviços públicos
i. Conceito: as atividades administrativas devem ser
prestadas de forma contínua.
ii. Atividades de necessidade absoluta: devem funcionar
sempre.
iii. Atividades de necessidade relativa: podem ter horários
pré-definidos para prestação do serviço.
c. Princípio da motivação

24
● Conceito: a regra é que todos os atos e decisões
administrativos devem ser motivados, salvo expressa
previsão legal ou constitucional. A LINDB, em seu artigo
2014, prioriza a preocupação com a motivação dos atos
administrativos.
d. Princípio da autotutela
● Conceito: poder-dever da Administração Pública de
controlar seus próprios atos. A Administração Pública
deve anular atos ilegais e revogar atos discricionários
válidos por motivo de conveniência e oportunidade. Caso
seja possível a convalidação dos atos administrativos
(vícios sanáveis), a Administração pública deve
convalidar.
i. Súmula 473 STF15
ii. Artigo 53, Lei 9784/9916
e. Princípio da segurança jurídica
● Conceito: os atos administrativos não podem provocar
surpresas negativas. Com isso, não pode haver retroação
de novos entendimentos para atingir atos pretéritos ou
anular uma situação já consolidada e deve ter a
preservação do direito jurídico, ato jurídico perfeito e
coisa julgada.
i. Princípio da proteção à confiança legítima

14
Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com base em valores
jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão.
Parágrafo único. A motivação demonstrará a necessidade e a adequação da medida imposta ou
da invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, inclusive em face das
possíveis alternativas.

15
A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais,
porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade,
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.

16
A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode
revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.

25
o Classe intermediária entre o direito adquirido e a
mera expectativa de direito, de forma que, se
houver uma situação consolidada pelos anos
alterada, deve haver um regime de transição. Ex:
reforma da previdência → há um regime de
transição.
1. Direito adquirido: preencheu todos os requisitos
para fruição do benefício.
2. Mera expectativa de direito: não gera o direito em
si.
f. Princípio da especialidade
o Conceito: a Administração Pública deve se
especializar em determinadas áreas, de modo que
pode criar órgãos especializados e entidades da
Administração Pública indireta (ex: cria autarquia
para determinada área específica, por exemplo o
INSS).
g. Presunção da legalidade
o Conceito: mais que um princípio é um atributo do
ato administrativo, de modo que se presume de
forma relativa (iuris tantum)17 que determinado ato
administrativo é válido.
i. Presunção de veracidade dos atos administrativos
1. Presume-se que os atos administrativos são
verdadeiros, admitindo-se prova em sentido
contrário (presunção relativa)
h. Princípio do contraditório e ampla defesa
i. Princípio do contraditório
o Conceito: terceiro precisa tomar conhecimento do
ato e ter oportunidade de manifestação, de modo

17
Cabe prova em sentido contrário.

26
que tais manifestações devem influenciar na
decisão administrativa.
ii. Princípio da ampla defesa
1. Duplo grau de jurisdição;
2. Possibilidade de defesa técnica: súmula
vinculante 518
3. Normalmente defesa prévia: exceto em caso de
urgência que pode ter defesa diferida.
i. Princípio da precaução
● Conceito: caso não tenha certeza que determinada
atividade não irá lesar o interesse público, deve proibir
determinada atividade.
j. Princípio da consensualidade
● Conceito: a Administração Pública deve buscar negociar
com o particular, em vez de impor sua vontade. O
particular pode participar ativamente dos atos
administrativos, o que garante uma legitimidade
democrática das decisões administrativas. Porém, a
Administração nunca pode desviar do interesse público.
● Ex: termo de ajustamento de conduta e audiência
pública.
k. Princípio da sindicabilidade
● Conceito: os atos da administração pública são passíveis
de controle: (I) pelo Poder Judiciário (II) pelo Poder
Legislativo auxiliado pelos Tribunais de Contas (III) pelos
órgãos de controle interno.
l. Princípio da prestação de contas
● Conceito: a Administração Pública precisa prestar contas
perante à sociedade
m. Princípio da subsidiariedade
18
A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a
Constituição.

27
● Conceito: quando a atividade não for essencial, o Estado
deve transferir para a iniciativa privada, tanto no setor
social (ex: 3º setor) quanto no setor econômico.
n. Princípio da hierarquia
● Conceito: a Administração Pública é escalonada de
forma hierárquica, de modo que os órgãos inferiores
têm o dever de obediência aos órgãos superiores.

28
5.Direito Administrativo: conceitos
a. Conceitos iniciais
● Direito público: trata de relações verticalizadas. Ex:
Direito Administrativo
● Direito privado: trata de relações horizontalizadas. Ex:
Direito Comercial.

- Essa distinção já está superada com a


constitucionalização do direito privado.
- ATENÇÃO! Normas de ordem pública não se
confundem com Direito Público
- As normas de ordem pública decorrem da
necessidade de tutela dos direitos
individuais fundamentais

● Direito social: decorre de uma posição de diferença


entre as partes que estão em uma situação de
desigualdade. Ex: Direito do Trabalho.
● Direito Administrativo: ramo do Direito Público que
rege as relações da Administração Pública tanto
com os particulares quanto em sua relação com os
entes públicos e agentes públicos.
b. Critérios para definir o Direito Administrativo
i. Critério da legalidade: o Direito Administrativo é a
compilação das leis administrativas.
1. Crítica: Excluía os princípios.

29
ii. Critério do Poder Executivo: o Direito
Administrativo somente rege relações do Poder
Executivo.
1. Crítica: outros poderes também exercem
função administrativa em sua função atípica.
iii. Critério da relação jurídica: o Direito Administrativo
rege a relação entre Administração Pública e os
particulares.
iv. Critério do serviço público (Léon Duguit): o Direito
Administrativo rege os serviços públicos.
1. Crítica: há outros objetos do Direito
Administrativo, como o Poder de Polícia.
v. Critério teleológico: o Direito Administrativo rege
as relações voltadas para os seus fins.
1. Crítica: esquece das atividades meio.
vi. Critério negativista: o Direito Administrativo rege
tudo aquilo que não diz respeito à função
legislativa ou judiciária.
vii. Critério da autoridade pública: o Direito
Administrativo somente rege os atos de império.
viii. Critério da atividade jurídica do Estado: o Direito
Administrativo seria a união dos princípios que
regulam a atividade jurídica não contenciosa do
Estado e a constituição dos órgãos e meios de sua
ação.
ix. Critério da hierarquia orgânica: o Direito
Administrativo rege os órgãos inferiores do Estado.
x. Critério da Administração Pública: o Direito
Administrativo rege as normas que rege a
Administração Pública em todas suas funções.

30
xi. Critério funcional: o Direito Administrativo rege as
funções administrativas sem restringir as funções e
os órgãos. É o critério atualmente adotado.
xii. Critério técnico-científico do Direito Administrativo:
Estuda o Direito Administrativo de forma a propor
mudanças (atividade criativa), de modo que traz a
ideia de princípios e institutos. Rompe com o
critério legalista do Direito Administrativo.
c. Ciência do Direito Administrativo e Ciência da
Administração
● Ciência do Direito Administrativo: é uma ciência
jurídica
● Ciência da Administração: é uma ciência social

31
6. Origem do Direito Administrativo
a. Estado absolutista: Marcado pela frase: "o Estado sou
eu". Governo dos homens e não das leis. O rei não pode
errar. O rei era a personificação de Deus na terra.
- A Revolução Francesa faz surgir o Estado
Democrático de Direito. Assim, há uma mudança
de paradigma do Estado.
b. Caso Agnes Blanco: foi o caso que originou o Direito
Administrativo. Esse caso ocorreu na França.
i. Explicação do caso: uma garota chamada Agnes
Blanco foi atropelada por um veículo de uma
empresa pública da França, ficando gravemente
ferida. Por conta disso, o pai da garota ajuizou uma
ação indenizatória contra o Estado. Assim,
ocasionou-se um conflito entre a jurisdição
administrativa e a jurisdição comum, ficando
decidido que tal caso seria de competência da
jurisdição administrativa (Conselho de Estado), já
que havia uma relação jurídica envolvendo o
Estado que estava prestando serviço público.
c. Estado Democrático de Direito: pautado nas leis
i. Declaração dos direitos dos homens
ii. Separação entre os poderes: sistema de freios e
contrapesos
iii. Princípio da legalidade: Estado limitado pelas leis.
d. Estado liberal: Estado abstencionista
i. Problemas: gerou muita desigualdade social

32
e. Estado social: o Estado passou a realizar uma
intervenção mais intensa nas relações privadas, sendo
prestacionista.
i. Problemas; crise fiscal
f. Estado regulador: O Estado devolve as atividades não
essenciais para a iniciativa privada, de modo que ele
apenas desenvolve diretamente atividades essenciais.
Assim, o Estado apenas terá um papel de regulador das
atividades prestadas pelos particulares.

33
7. Evolução do Direito Administrativo
a. Evolução nos países
i. França: principal contribuinte para o Direito
Administrativo, especialmente com as escolas que
buscaram definir o conceito de Direito
Administrativo. Houve muita influência
jurisprudencial.
1. Na França, vigora a dualidade de jurisdição:
(I) Civil vinculado ao Poder Judiciário e (II)
Conselho de Estado19 vinculado ao Poder
Executivo.
ii. Alemanha: Direito Administrativo evoluiu de forma
técnica científica, de modo que teve muita
influência doutrinária.
iii. Itália: teve influência jurisprudencial e doutrinária.
iv. Inglaterra e EUA: evolução tardia do Direito
Administrativo, devido ao common law.
b. Evolução no Brasil
i. Período Imperial: 4 poderes (Executivo, Legislativo,
Judiciário e Moderador). Não houve tanto
desenvolvimento do Direito Administrativo.
1. Muito influenciado pelo Direito
Administrativo francês.
ii. Período Republicano: foi extinto o Poder
Moderador.
iii. Constituição de 1934: trouxe o princípio da
legalidade.

19
O Conselho de Estado criou vários princípios administrativos a partir de casos concretos.

34
iv. Constituição de 1988: trouxe a constitucionalização
do Direito Administrativo.

35
8. Fontes do Direito Administrativo
a. Classificação das fontes
● Fonte formal: é a fonte de conhecimento, sendo a lei a
principal fonte. Há outras fontes: (I) jurisprudência; (II)
doutrina e (III) costumes
● Fonte material: fatores externos que influenciam o
Direito Administrativo. Ainda, relaciona-se com o órgão
do qual emana o Direito Administrativo. Ou seja, é a
forma como é produzido o Direito Administrativo em si.
● Fonte primária: cria de fato o Direito Administrativo,
criando direitos e obrigações. A lei é a fonte clássica
primária.
● Fontes secundárias: (I) doutrina; (II) jurisprudência e (III)
costumes.
b. Fontes básicas do Direito Administrativo
● Lei
● Jurisprudência: decisões reiteradas no mesmo sentido
proferidas pelo Tribunal.
● Doutrina
● Costumes: Para ser fonte tem que ter dois aspectos: (I)
objetivo: condutas reiteradas de uma sociedade (II)
subjetivo: percepção daquela sociedade que a conduta é
obrigatória.
i. Costume secundum legem: são os costumes
segundo as leis.
ii. Costume praeter legem: costume quando não há
lei sobre o assunto, de modo que é o costume
usado em caso de lacunas

36
iii. Costume contra legem: não é fonte do Direito
Administrativo
iv. Costume social: não vincula a Administração
Pública
v. Costume administrativo: vinculado à
Administração Pública. Quando a Administração
Pública tem uma ação reiterada sobre
determinado assunto, não pode mudar seu
comportamento de modo a atingir fatos pretéritos.
● Princípios gerais do direito: artigo 4º, LINDB20
● Tratados internacionais: fonte primária.
i. Tratados Internacionais sobre direitos humanos se
aprovados em cada Casa do Congresso Nacional
em dois turnos por 3/5 dos votos, serão
recepcionados como emenda constitucional.
ii. Tratados Internacionais sobre direitos humanos
não aprovados em cada Casa do Congresso
Nacional em dois turnos por 3/5 dos votos terão
status de norma supralegal.
iii. Tratados internacionais que não tratam a respeito
de Direitos Humanos possuem status de lei
ordinária.

20
Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os
princípios gerais de direito

37
9. Interpretação do Direito
Administrativo
● Lembre-se!
i. Texto legal: é estático.
ii. Norma: é dinâmica.
● Tipos de interpretação
i. Autêntica; feita pela própria lei
ii. Doutrinária
iii. Judicial
● Formas de interpretação
i. Histórica: leva em consideração o momento
histórico.
ii. Lógica: leva em consideração a perspectiva lógica
gramatical.
iii. Sistemática: leva em consideração todo o
ordenamento jurídico.
iv. Teleológica: leva em consideração a finalidade da
lei.
v. Literal ou gramatical: interpreta conforme a
literalidade da lei. Não é muito indicada.
● Preceitos para interpretar
i. Considerar a desigualdade na relação entre
particulares e Administração Pública;
ii. Presunção de legalidade e veracidade dos atos
administrativos;
iii. Há a competência discricionária da Administração
Pública para que ela atinja as finalidades.

38
10. Conceituação da Administração
Pública
a. Estado
● Conceito: Pessoa jurídica soberana territorialmente
localizada. Deve ter os seguintes requisitos: (I) povo; (II)
território e (III) soberania.
i. Formas de Estado
1. Estado Unitário:
2. Estado Federado: organizado em federações.
ii. Poderes do Estado21
1. Executivo: exerce a função administrativa por
excelência.
2. Legislativo
3. Judiciário
b. Função Administrativa
● Conceito
i. Critérios para definir o conceito de função
administrativa
1. Subjetivo: função administrativa é aquela
exercida pelos órgãos da Administração
Pública. Isso não é totalmente correto pelo
fato de que os outros poderes também
exercem função administrativa (função
atípica).

21
Lembrar que todos os poderes exercem funções típicas e funções atípicas.

39
2. Material: leva em conta a atividade exercida,
sendo função administrativa tudo aquilo que
supre um interesse público.
3. Formal: leva em conta o regime jurídico.
ii. Conceito de função administrativa adotado pelos
doutrinadores: função administrativa é aquela
exercida pelos órgãos ou entidades da
Administração Pública quando atendem uma
necessidade pública ou coletiva no exercício de
suas funções pautadas no regime jurídico público.
● Tarefas precípuas da Administração Pública
i. Função de fomento;
ii. Função de intervenção;
iii. Função de poder de polícia;
iv. Função de serviços públicos.
c. Função de governo
● Conceito: Gestão superior do Estado.
i. Governo em sentido subjetivo: órgãos de governo
ii. Governo em sentido material: funções de governo
iii. Formas de governo
1. Monarquia: baseada na hereditariedade e
não há prestação de contas. Os mandatos
são vitalícios
2. República: há a prestação de contas pelo
governante. Os mandatos são periódicos
iv. Sistemas de Governo
1. Parlamentarismo
2. Presidencialismo
3. Semipresidencialismo
d. Conceito de Administração Pública
● Critérios para definir o conceito

40
i. Critério subjetivo ou orgânico: leva em
consideração os órgãos que exercem a função
administrativa. Baseado na pergunta: quem exerce
a função administrativa?
● Escreve da seguinte forma:
Administração Pública.
ii. Critério objetivo/material ou funcional: leva em
consideração a atividade exercida (função
administrativa)
● Escreve da seguinte forma:
administração pública.

41
11. Sistemas de controle da
Administração Pública
● Sistema francês (dualidade de jurisdição)
i. Corte de cassação: órgão do poder judiciário que
julga os casos nas relações entre particulares.
ii. Conselho de Estado: órgão do Poder Executivo
(tem função jurisdicional). Julga casos relacionados
com a Administração Pública. A decisão faz coisa
julgada material, de modo que não pode ser
revista pela corte de cassação.
● Sistema inglês (unicidade da jurisdição): somente o
Poder Judiciário pode dizer o direito no caso concreto,
fazendo coisa julgada. No Brasil, é adotado esse sistema,
havendo o princípio da inafastabilidade da jurisdição.
i. No Brasil, não há instância administrativa de curso
forçado caracterizada pela necessidade de esgotar
a esfera administrativa para levar uma questão ao
Poder Judiciário.
a. Exceção:
i. Justiça desportiva: caso de
instância administrativa de curso
forçado.
ii. Reclamação Constitucional com
base em violação de súmula
vinculante22: não é considerado

22
Lei 11.417/06

42
um caso de instância
administrativa de curso forçado,
sendo somente um
impedimento de utilização de
uma via específica.
iii. Habeas data: não é considerado
um caso de instância
administrativa de curso forçado,
porque requerimento
administrativo negado é o
interesse jurídico que permite a
propositura da ação judicial.
iv. Ações previdenciárias: o STF
possui o entendimento que não
há a possibilidade de ingressar
com uma ação judicial
diretamente perante a Justiça
Federal para pleitear benefícios
previdenciários. Não é
considerado um caso de
instância administrativa de curso
forçado.

Art. 7º Da decisão judicial ou do ato administrativo que contrariar enunciado de Súmula


Vinculante, negar-lhe vigência ou aplicá-lo indevidamente caberá reclamação ao Supremo
Tribunal Federal, sem prejuízo dos recursos ou outros meios admissíveis de impugnação.

§ 1º Contra omissão ou ato da administração pública, o uso da reclamação só será admitido após o
esgotamento das vias administrativas.

§ 2º Ao julgar procedente a reclamação, o Supremo Tribunal Federal anulará o ato administrativo


ou cassará a decisão judicial impugnada, determinando que outra seja proferida com ou sem
aplicação da súmula, conforme o caso.

43
12. Organização Administrativa
a. Desconcentração e Descentralização
o Descentralização política: criação de outros entes
federados. Ex: O Estado cria outros municípios.
o Descentralização administrativa: transferência
das funções administrativas da Administração
Pública para outras pessoas jurídicas. Há pelo
menos duas pessoas jurídicas diversas.
▪ Formas de descentralização administrativa
1. Descentralização técnica: a
Administração Pública cria outra
pessoa jurídica que integra a
Administração indireta, transferindo
parcela de suas funções
administrativas. Precisa de lei.
2. Descentralização por delegação ou
colaboração: a Administração Pública
celebra contrato de concessão de
serviços públicos, por exemplo, com
pessoa jurídica de direito privado e
delega um serviço público a ela.
3. Descentralização territorial: a
Administração Pública cria uma
entidade geograficamente delimitada
com competências administrativas
genéricas. Precisa de lei.
o Desconcentração administrativa: a Administração
Pública cria órgãos internos dentro de uma

44
mesma pessoa jurídica, distribuindo as
competências administrativas.
▪ Observação: uma pessoa jurídica da
Administração Pública indireta pode
desconcentrar.
b. Centralização e concentração
o Centralização: extinção de uma pessoa jurídica
criada.
o Concentração: extinção de órgãos, concentrando
as atividades em um órgão central.
c. Administração Pública direta e indireta
o Administração Pública direta: a atividade
administrativa é prestada pelas pessoas jurídicas
de direito interno. Ex: União, Estados, DF e
Municípios
o Administração Pública indireta: somente aquelas
entidades que a lei estabeleceu como
Administração Pública indireta pode ser definida
dessa forma (adotou-se o sentido formal). Ex:
autarquias23, fundações, empresas públicas e
sociedades de economia mista.
▪ Características
1. Dependem de lei;
● As autarquias e fundações
públicas (pessoas jurídicas de
direito público) são criadas
diretamente por meio de lei.
● As fundações públicas de direito
privado, empresas públicas e
sociedades de economia mista

23
Dentro das autarquias, há as associações públicas que são os consórcios públicos criados com
personalidade jurídica de direito público.

45
são autorizadas por meio de lei,
de modo que somente passam a
existir no meio jurídico por meio
de registro jurídico no órgão
competente.
2. Não há hierarquia com a
Administração direta
● Não há subordinação, mas
vinculação (controle finalístico).
d. Setores da Administração Pública
o 1º setor: a Administração Pública em si.
o 2º setor: mercado (iniciativa privada).
o 3º setor: entidades de direito privado sem fins
lucrativos que contribuem para a Administração
Pública para uma finalidade de interesse público e
social.

e. Órgãos públicos
● Conceito: entidades administrativas sem personalidade
jurídica própria, de modo que todos os direitos e
obrigações pertencem à pessoa jurídica na qual está
integrado.
o São criados e extintos por lei
i. Teorias sobre a relação entre os órgãos e os agentes
públicos

46
▪ Teoria do mandato: há uma outorga de
mandato pelo órgão ao agente público. Não
foi adotada.
▪ Teoria da representação: o agente público é
representante do órgão. Não foi adotada.
▪ Teoria do órgão ou imputação volitiva: a
vontade manifestada pelo agente público é
imputada pelo órgão público a qual ele
pertence, de modo que a vontade imputada
ao órgão público na verdade é do ente
público no qual o órgão está incluído. Foi a
teoria adotada.
o Personalidade judiciária: excepcionalmente, os
órgãos de cúpula (envergadura constitucional)
podem ter personalidade judiciária (não é
personalidade jurídica) para defender seus
interesses institucionais.
▪ Súmula 525 STJ: A Câmara de Vereadores
não possui personalidade jurídica, apenas
personalidade judiciária, somente podendo
demandar em juízo para defender os seus
direitos institucionais.
ii. Classificação dos órgãos públicos (Hely Lopes
Meirelles)
▪ Quanto à hierarquia
1. órgãos independentes: órgãos
constitucionais, representativos da
cúpula dos Poderes Estatais. Ex: Poder
Executivo, Poder Judiciário e Poder
Legislativo.
2. órgãos autônomos: possuem uma
autonomia reforçada, estando

47
imediatamente subordinados aos
órgãos independentes. Ex: Ministérios
3. órgãos superiores: possuem poder
decisório, porém estão subordinados a
uma chefia superior.
4. órgãos subalternos: somente
executam decisões, sem poder
decisório.
▪ Quanto à estrutura
1. órgãos simples: constituídos por um
centro de competências.
2. órgãos compostos: formados por
diversos órgãos menores.
▪ Quanto à atuação funcional
1. órgãos singulares: formados por um
único agente.
2. órgãos colegiados: formados por
vários membros.
▪ Quanto à competência
1. órgãos federais,
2. órgãos distritais
3. órgãos estaduais
4. órgãos municipais
f. Autarquias
● Conceito: integra a Administração Pública indireta,
sendo uma espécie de pessoa jurídica de direito público.
Exemplo: INSS.
o Características
▪ Exercem atividades típicas do poder estatal:
exigem o poder de império estatal por meio
da supremacia do interesse público.

48
▪ Possuem autonomia administrativa e
financeira24
▪ Patrimônio público: seus bens são públicos
▪ Não sofrem controle hierárquico da
Administração Direta, de modo que não há
subordinação.
▪ Os atos são considerados administrativos
▪ Regime de pessoal é estatutário, em regra.
▪ Devem realizar licitação e concurso público
▪ Nomeação dos dirigentes é feita pelo Chefe
do Poder Executivo: em alguns casos essa
nomeação pode passar por sabatina do
Senado.

▪ Responsabilidade civil objetiva


▪ Foro processual é o comum (Estadual ou
Federal)
▪ Prerrogativas processuais
1. Prazo em dobro;
2. Isenção de custas;
3. Imunidade tributária recíproca.
o Autarquias especiais
▪ Autarquias de ensino ou culturais
1. Possuem autonomia didática
científica, de modo que o Poder
Executivo não pode interferir na grade
de ensino e nem na didática;

24
Possuem orçamentos próprios

49
2. Há autonomia dos dirigentes, de
modo que o reitor não é indicado pelo
Chefe do Poder Executivo, sendo
votado pelo corpo discente e docente.
▪ Autarquias profissionais (conselhos
profissionais)
● STF decidiu que os
conselhos profissionais
possuem natureza jurídica
sui generis de pessoa
jurídica de direito público
não estatal.
● As contribuições possuem
natureza tributária.
● Submetidas ao Tribunal de
Contas.
● Não estão submetidos ao
regime de precatórios,
porque os conselhos
possuem receita própria.
● Não possuem isenção de
custas processuais.
● Podem contratar pelo
regime celetista, tendo
que realizar concurso
público.
● Podem executar seus
créditos por meio de
execução fiscal, porém
somente quando o débito
chegar ao valor de 4
anuidades.

50
● OAB: não faz parte da
Administração Pública, de
modo que não é autarquia,
sendo uma pessoa jurídica
sui generis.
○ Recebe atribuições
constitucionais, por
exemplo propor
Ação Direta de
Inconstitucionalidad
e.
○ Advogados são
pessoas que
exercem função
essencial à justiça.
○ Submete ao controle
do Tribunais de
Contas.
○ Foro processual na
Justiça Federal.
○ Não precisa realizar
licitação.
○ Não precisa realizar
concursos públicos.
▪ Autarquias sob regime especial (agências
reguladoras):
g. Fundações Públicas
● Conceito: pessoa jurídica integrante da Administração
Indireta. Podem ter personalidade de direito público ou
de direito privado. O objeto das fundações é uma
atividade de interesse social. Não se aplica o controle das
fundações privadas (controle do Ministério Público).

51
o Fundação pública de direito público: criada por lei,
de modo que não basta que a lei disponha que ela
é considerada pessoa jurídica de direito público,
devendo exercer atividade típica de Estado.
Conhecidas como fundações autárquicas. São um
patrimônio público personalizado. Possui todas as
prerrogativas da Fazenda Pública.
o Fundação pública de direito privado: autorizada
por lei, de modo que deve ser registrada no órgão
competente.
h. Empresas estatais
● Conceito: todas as entidades empresariais que passam
ao controle acionário do Estado (sendo o acionista
majoritário). Pode ter uma empresa estatal que não
integra a Administração Pública indireta, no caso de não
ter a empresa autorização legislativa.
o Observação: empresa pública e sociedade de
economia mista precisam de autorização
legislativa. Ainda deve haver o registro no órgão
competente.
o Empresa pública (artigo 3º, Lei 13.303/16)25: pessoa
jurídica de direito privado cujo capital social
pertence exclusivamente ao Estado criada sob
qualquer forma jurídica admitida em direito para
prestação de serviços públicos ou exploração
econômica em sentido estrito. Pode ter

25
Art. 3o Empresa pública é a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com
criação autorizada por lei e com patrimônio próprio, cujo capital social é integralmente detido
pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios.
Parágrafo único. Desde que a maioria do capital votante permaneça em propriedade da União,
do Estado, do Distrito Federal ou do Município, será admitida, no capital da empresa pública, a
participação de outras pessoas jurídicas de direito público interno, bem como de entidades da
administração indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

52
participação dos entes da Administração direta e
indireta.
▪ Foro da empresas pública federal: Justiça
Federal
▪ Foro da empresa pública estadual: Justiça
Estadual
i. Sociedade de economia mista
● Conceito: pessoa jurídica de direito privado criada
sob a forma de sociedade anônima26, sendo a
maioria do capital social com direito a voto do Poder
Público, embora possa ter participação do setor
privado27 no capital social. Pode realizar a prestação
de serviços públicos e exploração econômica em
sentido estrito. São autorizadas por lei, necessitando
do registro no órgão competente. Não sofrem
controle hierárquico dos entes da Administração
direta, apenas controle finalístico.
▪ Foro da sociedade de economia mista
federal: Justiça Estadual.
▪ Foro da sociedade de economia mista
estadual: Justiça Estadual.
o Subsidiárias da empresa pública ou sociedade de
economia mista: não precisa de autorização
legislativa específica basta de autorização genérica
na lei que autorizou a criação dessas empresas.
Ainda, para alienar as subsidiárias não precisa de
autorização legislativa específica e nem de
licitação.

26
Aplicam-se os dispositivos das Leis da S.A naquilo que couber.

27
Inclusive capital aberto na bolsa de valores.

53
▪ Participação em empresas privadas: não

precisa de autorização legislativa específica,


basta de autorização genérica na lei que
autorizou a criação dessas empresas.
● Para participar do capital
social de uma empresa
privada, o objeto social
dessa empresa privada
deve ter relação com as
empresas públicas e
sociedades de economia
mista.

o Desestatização: O Estado torna a empresa pública


ou sociedade de economia mista em empresa
privada. Isso pode ocorrer por meio da: (I) alienação
da empresa estatal ou (II) alienação do controle
acionário.
▪ Alienação do controle acionário: precisa de
autorização legislativa específica e de
licitação.
▪ Observação: não precisa de autorização
legislativa específica para inclusão de
empresa pública e sociedade de economia
mista em plano de desestatização, porque já
tem uma lei para criar o plano de
desestatização.
o Desinvestimento: é uma atividade estratégica que
reduz paulatinamente o capital social na empresa
estatal. Pode levar a desestatização ou não.

54
o Nomeação dos dirigentes das empresas públicas e
sociedades de economia mista: é nomeado pelo
chefe do Poder Executivo. É inconstitucional a
determinação de que essa nomeação deve passar
por autorização do Poder Legislativo.
o Objeto das empresas públicas e sociedades de
economia mista.
▪ Exploração econômica: não goza das
prerrogativas da Fazenda Pública.
1. Responsabilidade civil: subjetiva
2. Imunidade tributária recíproca:
gozam da imunidade caso estejam em
regime de monopólio
3. Não se submete a lei de falências.
▪ Prestação de serviços públicos:
1. Se estiver em regime não
concorrencial:
a. Submete-se ao regime de
precatórios, desde que, segundo
o STF, preste serviço público
essencial e não tenha objetivo de
divisão de lucro entre os
acionistas.28
2. Bens impenhoráveis e imprescritíveis,
porque os bens estão ligados à
prestação de serviço público.
3. Responsabilidade civil: objetiva (artigo
37, §6º, CF/88).
4. Imunidade tributária recíproca:
gozam da imunidade.

28
Nem sempre esse requisito está presente nas questões de concurso público.

55
5. Não se submete a lei de falências.
▪ Em regra, os atos são privados
● Exceção (atos
considerados
administrativos): atos
relacionados à função
administrativa (ex:
realização de concurso
público).29
o O Tribunal de contas pode fiscalizar as empresas
públicas e sociedades de economia mista.
▪ Incide esse controle, porque o Estado
contribui para a criação dessas empresas.
● O STJ, em um julgado
específico, afastou esse
controle em relação à
atividade fim dessas
empresas.

29
Na hipótese de impetrar um mandado de segurança contra a autoridade coatora, no exercício
das atribuições administrativa, da sociedade de economia mista federal, a competência é da
Justiça Federal

56
13. Consórcios públicos
● Conceito: regidos pela Lei 11.107/05. Não são uma nova
espécie de pessoa jurídica que integra a Administração
Pública, de modo que forma uma pessoa jurídica com
um formato já existente. Assim, são uma pessoa jurídica
formada exclusivamente por entes da federação para
consecução de interesses em comum (ex: gestão
associada de serviços públicos). Pode ter personalidade
jurídica de direito público (associação pública → natureza
jurídica de autarquia)30 ou privado.
o Natureza jurídica: contrato interfederativo, artigo
3º, da Lei 11.107/05.31
▪ Para criação do consórcio, não basta a
celebração do contrato, de tal maneira que
precisa de tais requisitos na seguinte ordem :
1. Realizar um protocolo de intenções;
● Exceção: em caso de os
termos do protocolo de
intenção já estarem
formalizados em uma lei
do ente federado → não
precisa realizar protocolo
de intenções.
2. Aprovar o protocolo de intenções
mediante lei de cada um dos entes

30
Integra a Administração Pública indireta de todos os entes públicos consorciados.

31
Art. 3º O consórcio público será constituído por contrato cuja celebração dependerá da prévia
subscrição de protocolo de intenções.

57
federados que pretendem celebrar o
consórcio;
3. Celebração do contrato, formando o
consórcio.
o Pode ter um contrato de consórcio público
apenas entre parte dos entes federados que
subscreveram o protocolo de intenções, desde que
tenha essa previsão no protocolo.
o Pode ter um consorciamento parcial, desde que
aceito pelos demais entes federados.
o Dirigente escolhido entre os chefes do executivo
dos entes consorciados.
o Vedações
▪ A União não pode celebrar consórcio público
com Município sem a presença do Estado no
qual está localizado o Município.
▪ O Estado não pode celebrar consórcio
público com Município de outro Estado
(exceto se esse Estado participar do
consórcio).
o Alteração ou extinção do consórcio público
▪ Alteração: precisa de ato formal estabelecido
em assembleia e ratificação desse ato por
meio de lei de todos os entes consorciados.
▪ Extinção: precisa de ato formal em
assembleia conforme previamente
disciplinado na lei do ente federado que irá
se retirar.
o Previsões do regime jurídico
▪ Necessita de licitação;
▪ Submetido às regras
financeiras-orçamentárias.

58
▪ Pessoal contratado mediante concurso
público sob regime da CLT.
o Contrato de rateio (artigo 8º, d a Lei 11.107/05)32

32
Art. 8º Os entes consorciados somente entregarão recursos ao consórcio público
mediante contrato de rateio.
§ 1º O contrato de rateio será formalizado em cada exercício financeiro, e seu prazo de
vigência não será superior ao das dotações que o suportam, com exceção dos contratos
que tenham por objeto exclusivamente projetos consistentes em programas e ações
contemplados em plano plurianual. (Redação dada pela Lei nº 14.026, de 2020)
§ 2º É vedada a aplicação dos recursos entregues por meio de contrato de rateio para o
atendimento de despesas genéricas, inclusive transferências ou operações de crédito.
§ 3º Os entes consorciados, isolados ou em conjunto, bem como o consórcio público, são
partes legítimas para exigir o cumprimento das obrigações previstas no contrato de rateio.
§ 4º Com o objetivo de permitir o atendimento dos dispositivos da Lei Complementar nº
101, de 4 de maio de 2000, o consórcio público deve fornecer as informações necessárias
para que sejam consolidadas, nas contas dos entes consorciados, todas as despesas
realizadas com os recursos entregues em virtude de contrato de rateio, de forma que
possam ser contabilizadas nas contas de cada ente da Federação na conformidade dos
elementos econômicos e das atividades ou projetos atendidos.
§ 5º Poderá ser excluído do consórcio público, após prévia suspensão, o ente consorciado
que não consignar, em sua lei orçamentária ou em créditos adicionais, as dotações
suficientes para suportar as despesas assumidas por meio de contrato de rateio.

59
14. Entidades paraestatais
● Conceito: entidades da sociedade civil, sem fins
lucrativos, que caminham "ao lado" do Estado para
desempenhar atividade de interesse social (ex: saúde,
educação e cultura). O Estado fomenta essas
atividades.
● As entidades paraestatais não integram a
Administração Pública.
a. Origem
● Reforma Administrativa
a. EC 19/98: realizar a transição entre
Administração Pública burocrática33 (focada
no procedimento) para a gerencial (focada
em atingir as metas).34
b. Setores da Administração Pública
● 1º setor: Estado
● 2º setor: mercado
● 3º setor: entidades paraestatais
c. Entidades do 3º setor (entidades paraestatais)
i. Serviços Sociais Autônomos (Sistema S)
● Criados sob a forma de confederações privadas,
representando determinada classe de trabalhadores
ou classe econômica.
● Criação autorizada por lei, porque essas entidades
recebem contribuições sociais de natureza tributária
(artigo 240, CF c/c artigo 149, CF)

33
Há centralização de atividades na Administração Pública.

34
Relacionada a Teoria da Instrumentalidade das Formas.

60
ii. Organizações Sociais (OS)
● Lei 9637/98
● Conceito: é uma pessoa jurídica (não é uma nova
espécie), a qual foi concedida uma qualificação
especial35, não possuindo fins lucrativos36. Foram
criadas para substituir o Estado na prestação de
atividades não essenciais.
● Modo de consentimento da qualificação especial: há,
primeiramente, uma entidade privada sem fins
lucrativos. Posteriormente, essas entidades pedem
essa qualificação ao ministério supervisor relacionado
a área da entidade. A decisão do ministério é
discricionária.
● Essa qualificação é hipótese de
credenciamento, de modo que não precisa
de licitação.
● Precisa de um Conselho de Administração com
participação de representantes do Poder Público e da
sociedade (artigo 2º, I, d, da Lei 9637/98)37
● As organizações sociais somente podem realizar
atividades nas seguintes áreas:
o Ensino;
o Pesquisa Científica;
o Desenvolvimento tecnológico;

35
Para poder celebrar contrato de gestão com o Poder Público, recebendo fomento do Estado.

36
Não há distribuição de lucros entre associados.

37
Art. 2o São requisitos específicos para que as entidades privadas referidas no artigo anterior
habilitem-se à qualificação como organização social:

I - comprovar o registro de seu ato constitutivo, dispondo sobre:

d) previsão de participação, no órgão colegiado de deliberação superior, de representantes do


Poder Público e de membros da comunidade, de notória capacidade profissional e idoneidade
moral;

61
o Proteção e preservação do meio ambiente;
o Cultura;
o Saúde.
● Celebra contrato de gestão (exógeno) com o Poder
Público
● Observação: não confundir contrato
de gestão (exógeno) com contrato de
gestão endógeno que é aquele
celebrado com órgãos da própria
Administração Pública. (artigo 37, §8º,
CF)38
o Há fomentos diversos: recebimento de dinheiro
público, permissão de uso de bens públicos e
cessão especial de servidores.
o O contrato de gestão estabelece várias metas,
objetivos e hipóteses de desempenho para essas
organizações sociais.
o A Administração Pública faz o controle dessas
organizações sociais (OS).
● As organizações sociais devem prestar
contas para a Administração Pública.
o O contrato de gestão na verdade tem natureza
jurídica de convênio, segundo o STF (ADI 1923/DF),

38
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e entidades da administração
direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus administradores
e o poder público, que tenha por objeto a fixação de metas de desempenho para o órgão ou
entidade, cabendo à lei dispor sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
(Regulamento) (Vigência)
I - o prazo de duração do contrato; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, obrigações e responsabilidade
dos dirigentes; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
III - a remuneração do pessoal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

62
porque não há interesses conflitantes, mas
comuns.
o O contrato de gestão possui:
▪ Plano de trabalho com metas, prazos e
definições do processo de fiscalização;
▪ Limites e critérios para as despesas.
o Fiscalização do contrato de gestão (artigo 9º e 10º,
da Lei 9637/98)39
● A Administração Pública que qualificou a entidade
como OS pode celebrar contratos com essas
entidades por meio de dispensa de licitação.40
● Desqualificação: ocorre quando há descumprimento
da lei ou do contrato de gestão.

39
Art. 9o Os responsáveis pela fiscalização da execução do contrato de gestão, ao tomarem
conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade na utilização de recursos ou bens de
origem pública por organização social, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob
pena de responsabilidade solidária.

Art. 10. Sem prejuízo da medida a que se refere o artigo anterior, quando assim exigir a gravidade
dos fatos ou o interesse público, havendo indícios fundados de malversação de bens ou recursos
de origem pública, os responsáveis pela fiscalização representarão ao Ministério Público, à
Advocacia-Geral da União ou à Procuradoria da entidade para que requeira ao juízo competente
a decretação da indisponibilidade dos bens da entidade e o seqüestro dos bens dos seus
dirigentes, bem como de agente público ou terceiro, que possam ter enriquecido ilicitamente ou
causado dano ao patrimônio público.

§ 1o O pedido de seqüestro será processado de acordo com o disposto nos arts. 822 e 825 do Código
de Processo Civil.

§ 2o Quando for o caso, o pedido incluirá a investigação, o exame e o bloqueio de bens, contas
bancárias e aplicações mantidas pelo demandado no País e no exterior, nos termos da lei e dos
tratados internacionais.

§ 3o Até o término da ação, o Poder Público permanecerá como depositário e gestor dos bens e
valores seqüestrados ou indisponíveis e velará pela continuidade das atividades sociais da
entidade.

40
Lembrar que a qualificação é hipótese de credenciamento, de modo que não precisa de
licitação.

63
● ADI 1923/DF41
iii. Organizações da Sociedade Civil de interesse público
(OSCIP):
● há uma qualificação de uma pessoa jurídica já
constituída e em efetivo e regular funcionamento de
no mínimo 3 anos.
● Lei 9790/99
● Qualificação: ato vinculado concedido pelo Ministério
da Justiça.
● Não há exigência de Conselho da Administração com
participação do Poder Público e da sociedade

41
Trecho retirado da ADI: “a figura do contrato de gestão configura hipótese de convênio, por
consubstanciar a conjugação de esforços com plena harmonia entre as posições subjetivas, que
buscam um negócio verdadeiramente associativo, e não comutativo, para o atingimento de um
objetivo comum aos interessados: a realização de serviços de saúde, educação, cultura, desporto e
lazer, meio ambiente e ciência e tecnologia, razão pela qual se encontram fora do âmbito de
incidência do art. 37, XXI, da CF. Diante, porém, de um cenário de escassez de bens, recursos e
servidores públicos, no qual o contrato de gestão firmado com uma entidade privada termina por
excluir, por consequência, a mesma pretensão veiculada pelos demais particulares em idêntica
situação, todos almejando a posição subjetiva de parceiro privado, impõe-se que o Poder Público
conduza a celebração do contrato de gestão por um procedimento público impessoal e pautado
por critérios objetivos, por força da incidência direta dos princípios constitucionais da
impessoalidade, da publicidade e da eficiência na Administração Pública ( CF, art. 37, caput). As
dispensas de licitação instituídas no art. 24, XXIV, da Lei nº 8.666/93 e no art. 12, § 3º, da Lei nº
9.637/98 têm a finalidade que a doutrina contemporânea denomina de função regulatória da
licitação, através da qual a licitação passa a ser também vista como mecanismo de indução de
determinadas práticas sociais benéficas, fomentando a atuação de organizações sociais que já
ostentem, à época da contratação, o título de qualificação, e que por isso sejam
reconhecidamente colaboradoras do Poder Público no desempenho dos deveres constitucionais
no campo dos serviços sociais. O afastamento do certame licitatório não exime, porém, o
administrador público da observância dos princípios constitucionais, de modo que a contratação
direta deve observar critérios objetivos e impessoais, com publicidade de forma a permitir o acesso
a todos os interessados. As organizações sociais, por integrarem o Terceiro Setor, não fazem parte
do conceito constitucional de Administração Pública, razão pela qual não se submetem, em suas
contratações com terceiros, ao dever de licitar, o que consistiria em quebra da lógica de
flexibilidade do setor privado, finalidade por detrás de todo o marco regulatório instituído pela Lei.
Por receberem recursos públicos, bens públicos e servidores públicos, porém, seu regime jurídico
tem de ser minimamente informado pela incidência do núcleo essencial dos princípios da
Administração Pública ( CF, art. 37, caput), dentre os quais se destaca o princípio da
impessoalidade, de modo que suas contratações devem observar o disposto em regulamento
próprio (Lei nº 9.637/98, art. 4º, VIII), fixando regras objetivas e impessoais para o dispêndio de
recursos públicos. Os empregados das Organizações Sociais não são servidores públicos, mas sim
empregados privados, por isso que sua remuneração não deve ter base em lei ( CF, art. 37, X), mas
nos contratos de trabalho firmados consensualmente. Por identidade de razões, também não se
aplica às Organizações Sociais a exigência de concurso público ( CF, art. 37, II), mas a seleção de
pessoal, da mesma forma como a contratação de obras e serviços, deve ser posta em prática
através de um procedimento objetivo e impessoal”.

(STF - ADI: 1923 DF, Relator: AYRES BRITTO, Data de Julgamento: 16/04/2015, Tribunal Pleno, Data
de Publicação: 17/12/2015)

64
● Celebra com o Poder Público Termo de Parceria.
● Vedações (artigo 2º, da Lei 9790/99)42

42
Art. 2o Não são passíveis de qualificação como Organizações da Sociedade Civil de Interesse
Público, ainda que se dediquem de qualquer forma às atividades descritas no art. 3o desta Lei:

I - as sociedades comerciais;

II - os sindicatos, as associações de classe ou de representação de categoria profissional;

III - as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação de credos, cultos, práticas e visões
devocionais e confessionais;

IV - as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas fundações;

V - as entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar bens ou serviços a um círculo


restrito de associados ou sócios;

VI - as entidades e empresas que comercializam planos de saúde e assemelhados;

VII - as instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas mantenedoras;

VIII - as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gratuito e suas mantenedoras;

IX - as organizações sociais;

X - as cooperativas;

XI - as fundações públicas;

XII - as fundações, sociedades civis ou associações de direito privado criadas por órgão público ou
por fundações públicas;

XIII - as organizações creditícias que tenham quaisquer tipo de vinculação com o sistema
financeiro nacional a que se refere o art. 192 da Constituição Federal.

Parágrafo único. Não constituem impedimento à qualificação como Organização da Sociedade


Civil de Interesse Público as operações destinadas a microcrédito realizadas com instituições
financeiras na forma de recebimento de repasses, venda de operações realizadas ou atuação
como mandatárias. (Incluído pela Lei nº 13.999, de 2020)

65
● Atividades que podem ser exercidas pela OSCIP
(artigo 3º, da Lei 9790/99)43
● Será desqualificada quando descumprir requisito em
lei por meio de processo administrativo com
contraditório e ampla defesa.

43
Art. 3o A qualificação instituída por esta Lei, observado em qualquer caso, o princípio da
universalização dos serviços, no respectivo âmbito de atuação das Organizações, somente será
conferida às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujos objetivos sociais tenham
pelo menos uma das seguintes finalidades:

I - promoção da assistência social;

II - promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;

III - promoção gratuita da educação, observando-se a forma complementar de participação das


organizações de que trata esta Lei;

IV - promoção gratuita da saúde, observando-se a forma complementar de participação das


organizações de que trata esta Lei;

V - promoção da segurança alimentar e nutricional;

VI - defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento


sustentável;

VII - promoção do voluntariado;

VIII - promoção do desenvolvimento econômico e social e combate à pobreza;

IX - experimentação, não lucrativa, de novos modelos sócio-produtivos e de sistemas alternativos


de produção, comércio, emprego e crédito;

X - promoção de direitos estabelecidos, construção de novos direitos e assessoria jurídica gratuita


de interesse suplementar;

XI - promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da democracia e de outros


valores universais;

XII - estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias alternativas, produção e divulgação de


informações e conhecimentos técnicos e científicos que digam respeito às atividades
mencionadas neste artigo.

XIII - estudos e pesquisas para o desenvolvimento, a disponibilização e a implementação de


tecnologias voltadas à mobilidade de pessoas, por qualquer meio de transporte.

Parágrafo único. Para os fins deste artigo, a dedicação às atividades nele previstas configura-se
mediante a execução direta de projetos, programas, planos de ações correlatas, por meio da
doação de recursos físicos, humanos e financeiros, ou ainda pela prestação de serviços
intermediários de apoio a outras organizações sem fins lucrativos e a órgãos do setor público que
atuem em áreas afins.

66
DIFERENÇAS ENTRE ORGANIZAÇÕES SOCIAIS (OS) E ORGANIZAÇÕES
DA SOCIEDADE CIVIL DE INTERESSE PÚBLICO (OSCIP)

OS OSCIP

celebram contrato de gestão celebram termo de parceria

a qualificação dada é um ato a qualificação dada é um ato


discricionário vinculado

a qualificação é dada pelo a qualificação é dada pelo


Ministério relacionado à área da Ministério da Justiça.
atividade exercida pela organização

necessidade de um Conselho de
Administração com representantes
do Poder Público e membros da
comunidade

a organização necessita já estar


constituída e em efetivo e regular
funcionamento por no mínimo 3
anos.

iv. Organizações da Sociedade Civil (OSC)


● Lei 13019/14
● Conceito: qualificação jurídica especial de entidades
já existentes, sendo tal qualificação ex lege.
● Há 3 espécies de pessoas jurídicas que podem se
qualificar como OSC

67
o Entidades privadas sem fins lucrativos em geral;
o Sociedades cooperativas com interesse de cunho
social;
o Entidades religiosas que exerçam atividades
estritamentes de cunho social distintas das
atividades de cunho religioso.
a. Não pode receber recurso do Poder Público
para exercer atividades estritamente
religiosas.
● Instrumentos de parceria
o Termo de colaboração
● Há transferência de recursos
financeiros públicos.
○ Logo, precisa de chamamento
público (procedimento
administrativo público objetivo e
impessoal para selecionar a
melhor proposta de trabalho
para celebração de parcerias). Há
hipóteses de dispensa do
chamamento público prevista
nos artigos 29, 30 e 31, da Lei
13019/14.
■ O chamamento público
começa com publicação
de edital com
antecedência mínima de
30 dias da publicação do
edital até a publicação das
propostas (artigo 26);
■ O chamamento público
não pode prever situações

68
de distinções, devendo ser
isonômico;
■ O chamamento público
deve conter a minuta.
● O termo de colaboração é proposto
pela Administração Pública
o Termo de fomento
● Há transferência de recursos
financeiros públicos.
○ Logo, precisa de chamamento
público (procedimento
administrativo público objetivo e
impessoal para selecionar a
melhor proposta de trabalho
para celebração de parcerias). Há
hipóteses de dispensa do
chamamento público prevista
no artigo 29, 30 e 31.
■ O chamamento público
começa com publicação
de edital com
antecedência mínima de
30 dias da publicação do
edital até a publicação das
propostas (artigo 26);
■ O chamamento público
não pode prever situações
de distinções, devendo ser
isonômico;
■ O chamamento público
deve conter a minuta.

69
● O termo de fomento é proposto pelas
organizações da sociedade civil.
o Acordo de cooperação
● Não há transferência de recursos
financeiro públicos.
● Não precisa de chamamento público.
○ Porém, haverá a necessidade de
chamamento público quando
houver alguma forma de
compartilhamento de recursos
patrimoniais pela Administração
Pública.
● Procedimento de manifestação de interesses (PMIS) -
artigo 18 a 21, da Lei 13.01944: o PMIS meio pelo qual as
entidades da iniciativa privada entregam informações
para a Administração Pública verificar se é interesse
abrir um chamamento público.
● É um procedimento discricionário;
● A Administração não está obrigada a
realizar um chamamento público,
ainda que o PMIS tenha um desfecho
favorável.
● Dispositivos legais importantes
o Artigo 35: A celebração e a formalização do termo
de colaboração e do termo de fomento
dependerão da adoção das seguintes providências
pela administração pública:

I - realização de chamamento público, ressalvadas


as hipóteses previstas nesta Lei;

44
Recomenda-se a leitura dos dispositivos legais.

70
II - indicação expressa da existência de prévia
dotação orçamentária para execução da parceria;

III - demonstração de que os objetivos e finalidades


institucionais e a capacidade técnica e operacional
da organização da sociedade civil foram avaliados e
são compatíveis com o objeto;

IV - aprovação do plano de trabalho, a ser


apresentado nos termos desta Lei;

V - emissão de parecer de órgão técnico da


administração pública, que deverá pronunciar-se,
de forma expressa, a respeito:

a) do mérito da proposta, em conformidade com a


modalidade de parceria adotada;

b) da identidade e da reciprocidade de interesse


das partes na realização, em mútua cooperação, da
parceria prevista nesta Lei;

c) da viabilidade de sua execução;

d) da verificação do cronograma de desembolso;

e) da descrição de quais serão os meios disponíveis


a serem utilizados para a fiscalização da execução
da parceria, assim como dos procedimentos que
deverão ser adotados para avaliação da execução
física e financeira, no cumprimento das metas e
objetivos;

g) da designação do gestor da parceria;

h) da designação da comissão de monitoramento


e avaliação da parceria;

71
VI - emissão de parecer jurídico do órgão de
assessoria ou consultoria jurídica da administração
pública acerca da possibilidade de celebração da
parceria.

§ 1º Não será exigida contrapartida financeira como


requisito para celebração de parceria, facultada a
exigência de contrapartida em bens e serviços cuja
expressão monetária será obrigatoriamente
identificada no termo de colaboração ou de
fomento.

§ 2º Caso o parecer técnico ou o parecer jurídico de


que tratam, respectivamente, os incisos V e VI
concluam pela possibilidade de celebração da
parceria com ressalvas, deverá o administrador
público sanar os aspectos ressalvados ou,
mediante ato formal, justificar a preservação
desses aspectos ou sua exclusão.

§ 3º Na hipótese de o gestor da parceria deixar de


ser agente público ou ser lotado em outro órgão
ou entidade, o administrador público deverá
designar novo gestor, assumindo, enquanto isso
não ocorrer, todas as obrigações do gestor, com as
respectivas responsabilidades.

§ 5º Caso a organização da sociedade civil adquira


equipamentos e materiais permanentes com
recursos provenientes da celebração da parceria, o
bem será gravado com cláusula de
inalienabilidade, e ela deverá formalizar promessa
de transferência da propriedade à administração
pública, na hipótese de sua extinção.

72
§ 6º Será impedida de participar como gestor da
parceria ou como membro da comissão de
monitoramento e avaliação pessoa que, nos
últimos 5 (cinco) anos, tenha mantido relação
jurídica com, ao menos, 1 (uma) das organizações
da sociedade civil partícipes.

§ 7º Configurado o impedimento do § 6º , deverá


ser designado gestor ou membro substituto que
possua qualificação técnica equivalente à do
substituído.

o Artigo 39: Ficará impedida de celebrar qualquer


modalidade de parceria prevista nesta Lei a
organização da sociedade civil que:
I - não esteja regularmente constituída ou, se
estrangeira, não esteja autorizada a funcionar no
território nacional;
II - esteja omissa no dever de prestar contas de
parceria anteriormente celebrada;
III - tenha como dirigente membro de Poder ou do
Ministério Público, ou dirigente de órgão ou
entidade da administração pública da mesma
esfera governamental na qual será celebrado o
termo de colaboração ou de fomento,
estendendo-se a vedação aos respectivos cônjuges
ou companheiros, bem como parentes em linha
reta, colateral ou por afinidade, até o segundo grau;
IV - tenha tido as contas rejeitadas pela
administração pública nos últimos cinco anos,
exceto se:

73
a) for sanada a irregularidade que motivou a
rejeição e quitados os débitos eventualmente
imputados;
b) for reconsiderada ou revista a decisão pela
rejeição;
c) a apreciação das contas estiver pendente de
decisão sobre recurso com efeito suspensivo;
V - tenha sido punida com uma das seguintes
sanções, pelo período que durar a penalidade:
a) suspensão de participação em licitação e
impedimento de contratar com a administração;
b) declaração de inidoneidade para licitar ou
contratar com a administração pública;
c) a prevista no inciso II do art. 73 desta Lei;
d) a prevista no inciso III do art. 73 desta Lei;
VI - tenha tido contas de parceria julgadas
irregulares ou rejeitadas por Tribunal ou Conselho
de Contas de qualquer esfera da Federação, em
decisão irrecorrível, nos últimos 8 (oito) anos;
VII - tenha entre seus dirigentes pessoa:
a) cujas contas relativas a parcerias tenham sido
julgadas irregulares ou rejeitadas por Tribunal ou
Conselho de Contas de qualquer esfera da
Federação, em decisão irrecorrível, nos últimos 8
(oito) anos;
b) julgada responsável por falta grave e inabilitada
para o exercício de cargo em comissão ou função
de confiança, enquanto durar a inabilitação;
c) considerada responsável por ato de
improbidade, enquanto durarem os prazos
estabelecidos nos incisos I, II e III do art. 12 da Lei nº
8.429, de 2 de junho de 1992.

74
§ 1º Nas hipóteses deste artigo, é igualmente
vedada a transferência de novos recursos no
âmbito de parcerias em execução, excetuando-se
os casos de serviços essenciais que não podem ser
adiados sob pena de prejuízo ao erário ou à
população, desde que precedida de expressa e
fundamentada autorização do dirigente máximo
do órgão ou entidade da administração pública,
sob pena de responsabilidade solidária.
§ 2º Em qualquer das hipóteses previstas no caput,
persiste o impedimento para celebrar parceria
enquanto não houver o ressarcimento do dano ao
erário, pelo qual seja responsável a organização da
sociedade civil ou seu dirigente.
§ 4º Para os fins do disposto na alínea a do inciso IV
e no § 2º , não serão considerados débitos que
decorram de atrasos na liberação de repasses pela
administração pública ou que tenham sido objeto
de parcelamento, se a organização da sociedade
civil estiver em situação regular no parcelamento.
§ 5º A vedação prevista no inciso III não se aplica à
celebração de parcerias com entidades que, pela
sua própria natureza, sejam constituídas pelas
autoridades referidas naquele inciso, sendo vedado
que a mesma pessoa figure no termo de
colaboração, no termo de fomento ou no acordo
de cooperação simultaneamente como dirigente e
administrador público.
§ 6º Não são considerados membros de Poder os
integrantes de conselhos de direitos e de políticas
públicas.
v. Entidades de apoio

75
● São formadas por servidores públicos que formam
essa entidade em nome próprio para apoiar uma
atividade de uma entidade na qual estão vinculados.
Não há um marco legal, mas leis específicas (ex: Lei
8958/94).

76
15. Poderes da Administração Pública
● Poder vinculado: poder-dever que a Administração
Pública possui de executar o que a lei prevê.
● Poder discricionário: há uma margem de liberdade
do Administrador para saber se vai adotar a conduta
ou não dentro da margem prevista na lei. Só diz
respeito ao motivo e objeto do ato administrativo. A
discricionariedade existe quando a lei assim dispõe ("a
critério da Administração Pública") Ex: licença para
tratar de interesses particulares.
● Mérito administrativo: administrador verifica dentro dos
critérios de conveniência e oportunidade se irá adotar
determinada conduta.
● Não é arbitrário, porque deve estar conforme os parâmetros
da legalidade.
● Conceitos jurídicos indeterminados: admitem atuação
discricionária. É na zona cinzenta que a autoridade
competente irá atuar com discricionariedade para preencher o
conceito jurídico indeterminado.

77
● Controle da atuação: O poder judiciário não pode controlar o
mérito administrativo.

a. Poder hierárquico
● A Administração Pública é organizada de forma
escalonada dentro da mesma pessoa jurídica, o que
origina o poder hierárquico. Não há hierarquia entre
pessoas jurídicas.
i. Características do Poder hierárquico
1. Emitir ordens aos subordinados → dever de
obediência dos subordinados das ordens que não
sejam manifestamente ilegais45
2. Ordem individual direta: superior hierárquico dá
uma ordem de forma direta ao subordinado.
3. Ordem formal: decorre dos atos ordinatórios.
4. Poder de fiscalização, controle e revisão dos atos
dos subordinados: a autoridade superior verifica se
os atos estão de acordo com o ordenamento
jurídico. Caso verifique determinada irregularidade,
tem o poder-dever de controle e revisão (anular e
revogar)
5. Poder de resolução de conflitos internos entre
subordinados
b. Poder disciplinar
● Conceito: poder de investigar e punir em caso de
infração disciplinar. O Poder disciplinar não se restringe
aos agentes públicos, de forma que também abrange os

45
Caso o subordinado vislumbre que a ordem é manifestamente ilegal deve representar à
autoridade competente para a responsabilização do superior hierárquic
o.

78
particulares que possuem vínculo com a Administração
Pública46.
o Poder de modificação de competência
1. Delegação de competência: atribuição temporária
de parcela da competência (não pode delegar
totalmente a competência) para outro agente
público (não precisa ter hierarquia).
2. Avocação de competência: a autoridade superior
avoca de forma temporária parcela da
competência do subordinado.
o Exemplo:
1. Aplicação de sanções, pelos diretores dos presídios,
aos presidiários que cometeram uma sanção
disciplinar;
2. Aplicação de sanções aos agentes públicos;
3. Exclusão de aluno de Universidade Pública
o Há a necessidade de um processo administrativo com
contraditório e ampla defesa.
o O Poder disciplinar é discricionário
1. A discricionariedade não está relacionada ao fato
de que, constatada a irregularidade, pode ou não
aplicar a sanção. Nesse caso, há obrigatoriedade de
punição.
2. A discricionariedade está presente na gradação da
pena.

46
≠ do Poder de Polícia que tem aplica sanções aos particulares que não possuem vínculo
específico com a Administração Pública

79
● STJ (MS 21937/DF)47: quando a conduta do
servidor público se amolda à pena de
demissão e cassação de aposentadoria, não
há discricionariedade na gradação da pena.
c. Poder normativo
● Conceito: prerrogativa que a Administração Pública
possui de editar atos gerais e abstratos. Há discussão
na doutrina se tal poder deve ser chamado de
normativo ou regulamentar.
● Formas de regulamentação
o Regulamentos executivos (decreto executivo): Poder do
Chefe Executivo de editar regulamentos que dão fiel
execução às leis, buscando esclarecer e especificar para
uma correta aplicabilidade.
1. Artigo 84, IV, CF/8848
2. Não cabe delegação.
3. Não cria direitos e obrigações

47
Trecho retirado do acórdão: "A Administração Pública, quando se depara com situações em que
a conduta do investigado se amolda nas hipóteses de demissão ou cassação de aposentadoria,
não dispõe de discricionariedade para aplicar pena menos gravosa por tratar-se de ato vinculado.
Nesse sentido, confira-se: [...] o administrador não tem qualquer margem de discricionariedade na
aplicação da pena, tratando-se de ato plenamente vinculado. Configurada a infração do art. 117,
XI, da Lei 8.112/90, deverá ser aplicada a pena de demissão, nos termos do art. 132, XIII, da Lei
8.112/90, sob pena de responsabilização criminal e administrativa do superior hierárquico desidioso.
Consoante a jurisprudência do STJ, "a pena demissória atendeu aos princípios da razoabilidade e
da proporcionalidade, não havendo que se falar em violação do art. 128 da Lei 8.112/1990,
porquanto há adequação entre o instrumento (processo administrativo disciplinar) e o fim
(aplicação da pena), e a medida é exigível e necessária, diante da gravidade da conduta
perpetrada pelo impetrante, o qual utilizou-se indevidamente e verbas públicas em benefício
próprio e de terceiros, o que evidencia a prática da infração disciplinar capitulada no art. 117, IX e
XVIII, da Lei 8.112/1990, e o acerto da pena aplicada, ainda mais quando inexiste outro meio legal
para se chegar ao mesmo resultado e tampouco a medida é excessiva ou se traduz em resultado
indesejado pelo sistema jurídico, ainda mais considerando que o agir do servidor ensejou a quebra
do princípio da confiança e atentou contra os princípios administrativos da moralidade e da
impessoalidade, que deve regular a relação entre a Administração Pública e os seus servidores"
(STJ - MS: 21937 DF 2015/0172445-3, Relator: Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Data de
Julgamento: 28/08/2019, S1 - PRIMEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 23/10/2019)

48
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para
sua fiel execução;

80
● Segundo a doutrina, cabe a criação de
obrigações secundárias.
o Regulamentos autônomos (decretos autônomos):
1. Artigo 84, VI, a, CF/8849
2. Pode ser delegado
o Regulamentos autorizados ou delegados
1. Agências reguladoras editam esses regulamentos.
2. Conceito: ato normativo editado com base em
uma lei que não estabelece exatamente os
contornos do conteúdo do ato, de modo que a lei
estabelece apenas uma "moldura". A lei estabelece
os limites e parâmetros.
3. Segundo o STF, é possível criar direitos e
obrigações por meio dos regulamentos
autorizados.
4. Não pode substituir atividade típica do Poder
Legislativo.

49
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
VI - dispor, mediante decreto, sobre:
a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de
despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos → não há um ato normativo, porque não
há generalidade e abstração.

81
5. ADI 487450

50
Vistos etc. Pela petição nº 44591/2013, recebida em 09.9.2013, requerem a admissão no feito, na
qualidade de amici curiae, (i) Luís Renato Vedovato, advogado e professor do curso de economia
da Universidade Estadual de Campinas, atuando em nome próprio; (ii) Oscar A. Cabrera, Diretor
Executivo do Instituto ONeill para Direito à Saúde Global e Nacional da Faculdade de Direito de
Georgetown e professor visitante da Faculdade de Direito de Georgetown; e (iii) Campaign for
Tobacco Free Kids (TFK), constituída como pessoa jurídica de direito privado nos Estados Unidos da
América. O art. 7º, § 2º, da Lei nº 9.868/99 autoriza a admissão, pelo relator, nos processos de
controle abstrato de constitucionalidade, de outros órgãos ou entidades, na qualidade de amici
curiae, sempre que a matéria seja de significativa relevância e os requerentes ostentem
representatividade adequada. Na medida em que tendente a pluralizar e enriquecer o debate
constitucional com o aporte de argumentos e pontos de vista diferenciados, bem como de
informações e dados técnicos relevantes à solução da controvérsia jurídica e, inclusive, de novas
alternativas de interpretação da Carta Constitucional, a intervenção de amicus curiae acentua o
respaldo social e democrático da jurisdição constitucional exercida por esta Corte. Forte na
expressa redação do art. 7º, § 2º, da Lei 9.868/99, que se refere a órgãos ou entidades, e não, de
modo geral, a pessoas físicas ou jurídicas, o Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento de
que as pessoas físicas, por carecerem da representatividade inerente à intervenção dos amici
curiae, não são podem ser admitidas como tais. Nesse sentido: ADI 4178, Ministro Cezar Peluso,
decisao de 07.10.2009, DJe 15.10.2009; ADI 4403, Ministro Ricardo Lewandowski, decisao de 25.5.2010,
DJe 28.5.2010; ADPF 205, Ministro Dias Toffoli, decisao de 16.2.2011, DJe 23.2.2011; RE 606199, Ministro
Teori Zavascki, decisao de 20.9.2013, DJe 24.9.2013. De outra parte, também já assentou esta Corte
que somente podem ser admitidos como amici curiae os interessados cujos pedidos foram
deduzidos até o encaminhamento do feito à pauta do Plenário. Nesse sentido: RE 606199, Ministro
Teori Zavascki,decisao de 30.8.2013, DJe 04.9.2013; ADI 4439, Ministro Ayres Britto, decisao de
02.10.2012, DJe 08.10.2012; ADPF 186, Ministro Ricardo Lewandowski, decisao de 16.11.2011, DJe
18.11.2011; ADC 16, Ministro Cezar Peluso, decisao de 04.11.2009, DJe 09.11.2009. Confira-se, ainda:
Agravo regimental. Ação direta de inconstitucionalidade (...) 4. O amicus curiae somente pode
demandar a sua intervenção até a data em que o Relator liberar o processo para pauta. 5. Agravo
regimental a que se nega provimento. ( ADI 4071-AgR/DF, Relator Ministro Menezes Direito, DJe
15.10.2009) Incluído o presente feito na Pauta nº 33/2013 (DJe nº 170, divulgado em 29.08.2013,
publicado em 30.8.2013), inadmissível o pedido recebido somente em 09.9.2013. Observados os
termos do art. 7º, § 2º, da Lei nº 9.868/99, indefiro os pedidos de ingresso no feito, na condição de
amici curiae, deduzidos por Luís Renato Vedovato, Oscar A. Cabrera e Campaign for Tobacco Free
Kids (TFK). Publique-se. Brasília, 27 de setembro de 2013.Ministra Rosa WeberRelatora
(STF - ADI: 4874 DF, Relator: Min. ROSA WEBER, Data de Julgamento: 27/09/2013, Data de
Publicação: DJe-196 DIVULG 03/10/2013 PUBLIC 04/10/2013)

82
d. Poder de polícia
● Prerrogativa da Administração Pública para
condicionar, restringir, limitar ou regulamentar
determinado direito privado em prol do interesse
público.
● Artigo 78, CTN51
● Poder de polícia ≠ Polícia Judiciária
o Polícia Judiciária:
1. É uma polícia que se relaciona com o ilícito penal;
2. É um instrumento da persecução penal;
3. Incide sobre pessoas;
4. Caráter repressivo;
5. Somente os órgão da segurança pública podem
exercer o poder de polícia judiciária.
o Poder de polícia (polícia administrativa)
1. É uma polícia administrativa que se relaciona a
condutas administrativas;
2. É um fim em si mesmo;
3. Incide sobre atividades e bens;
4. Caráter eminentemente preventivo;
5. Pode ser executada por vários órgãos.
● Supremacia geral: todos estão submetidos à atuação da
Administração Pública. O Poder de polícia está inserido na
supremacia geral.

51
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou
disciplinando direito, interêsse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em
razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina
da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou
autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos
individuais ou coletivos. (Redação dada pelo Ato Complementar nº 31, de 1966)
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo
órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de
atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder.

83
● Supremacia especial: somente estão submetidos à atuação da
Administração Pública aqueles que possuem uma relação
especial com a Administração disciplinar.
● Fundamento do poder de polícia
o Doutrina moderna: atender os direitos fundamentais.
● Forma do exercício do poder de polícia
o Em regra, preventiva
● Excepcionalmente, pode ser
repressiva.
● Atuação do poder de polícia: tradicionalmente, é uma atuação
negativa, porque impõe obrigações de não fazer. Porém,
atualmente, já se observam imposições de fazer (atuação
positiva), por exemplo na imposição de aproveitamento do solo
urbano.
● O poder de polícia é ampliado no Estado de Defesa e Estado
de Sítio.
● Licença e autorização
o Licença: É um ato de poder de polícia, sendo vinculado.
A extinção da licença antes do prazo gera direito à
indenização.
o Autorização: é um ato de poder de polícia discricionário
e precário, de modo que a extinção, em regra, não gera
direito à indenização.
● Sanções do poder de polícia
o Multas;
o Interdição de estabelecimento;
o Suspensão do exercício de direitos;
o Demolição de obra irregular desde que não habitada52;
o Apreensão de mercadorias.
● Ciclos do Poder de Polícia: todo o caminho que se faz até
chegar à finalidade.
52
Quando habitadas, precisa de autorização do Poder Judiciário

84
o 1º: Ordem de polícia: é o ato normativo que estabelece
restrições e condições às atividades privadas. Uma lei
pode ser a fase da ordem de polícia (no conceito amplo
do poder de polícia) → decretos também podem.
● Sempre presente a fase da ordem de polícia.
o 2º: Consentimento: anuência do Poder Público para que
o particular possa desenvolver determinada atividade
privada.
o 3º: Fiscalização: Poder Público fiscaliza se os indivíduos
estão agindo conforme a lei
● Sempre presente a fase da fiscalização
o 4º: Sanção: se, na fiscalização, for verificada alguma
irregularidade, aplica-se a sanção.
● Delegação do Poder de Polícia
o Delegação do Poder de Polícia para:
1. Pessoas jurídicas de direito público integrantes da
Administração indireta: pode ser delegado
2. Pessoa jurídica de direito privado não integrante
da Administração Pública: não pode ser delegado.
3. Pessoa jurídica de direito privado integrante da
Administração Pública indireta: pode, segundo
decisão recente do STF, desde que as pessoas
jurídicas: (I) sejam prestadoras de serviço público
típico de Estado (II) possuam capital social
majoritariamente público (III) tenham atuação em
regime de não concorrência. (RE 633782/MG)53

53
O Recurso extraordinário definiu a seguinte tese de repercussão geral: “é constitucional a
delegação do poder de polícia, por meio de lei, a pessoas jurídicas de direito privado integrantes
da Administração Pública indireta de capital social majoritariamente público que prestem
exclusivamente serviço público de atuação própria do Estado e em regime não concorrencial.” (STF
- RE: 633782 MG, Relator: LUIZ FUX, Data de Julgamento: 26/10/2020, Tribunal Pleno, Data de
Publicação: 25/11/2020)

85
● ATENÇÃO! Não pode delegar a ordem
de polícia.
4. As guardas municipais: para o STF, pode haver a
delegação do poder de polícia para as guardas
municipais (RE 658570)54
● Atividades acessórias: não constituem exercício do poder de
polícia propriamente dito, podendo ser executadas tais
atividades por meio de equipamentos eletrônicos e
particulares.
● Atributos do Poder de Polícia
o Discricionariedade: não é todo discricionário, de modo
que a fiscalização, por exemplo, é um ato vinculado,
porque deve sempre fiscalizar, porém a Administração
pode escolher a maneira que irá fiscalizar.
o Coercibilidade: prerrogativa concedida à Administração
Pública para impor seus próprios atos ao particular,
independente do consentimento do particular.
● Somente está presente no caso de
imposição de obrigação ao particular.
o Autoexecutoriedade: possibilidade de a Administração
Pública executar, direta e imediatamente, suas decisões,
inclusive com o uso de força pública,
independentemente de autorização judicial.
● Somente está presente quando houver
previsão em lei ou em casos de urgência.
1. Executoriedade: a Administração executa
diretamente suas decisões.

54
Em repercussão geral, definiu-se a seguinte tese: é constitucional a atribuição às guardas
municipais do exercício de poder de polícia de trânsito, inclusive para imposição de sanções
administrativas legalmente previstas. (STF - RE: 658570 MG, Relator: MARCO AURÉLIO, Data de
Julgamento: 06/08/2015, Tribunal Pleno, Data de Publicação: 30/09/2015

86
2. Exigibilidade: a Administração utiliza de meio
coercitivos indiretos de coerção para que o
particular cumpra suas obrigações.
● Prescrição do Poder de Polícia: prazo prescricional de 5 anos.
o Prescrição intercorrente trienal
● Exercício do Poder de Polícia entre os entes federados
(interfederativo)
o Fundamento: repartição constitucional de
competências.
e. Abuso de poder:
● A Administração Pública não pode atuar além dos
limites estabelecidos para o exercício desses poderes
i. Modalidades de abuso de poder
1. Excesso de poder: vício relacionado à
competência (extrapolando ou atuando fora da
competência). O ato será nulo.
2. Desvio de poder: decorre de um desvio de
finalidade. Ocorre quando um ato não atende o
interesse público ou a finalidade específica
definida em lei. O ato será nulo.
3. Omissão: a Administração deve agir, porém não
age. Ainda, pode ocorrer omissão por excesso de
poder e desvio de poder.
f. Deveres da Administração Pública:
o Poder-dever vinculado;
o Dever de eficiência;
o Dever de probidade;
o Dever de prestação de contas.

87
16. Atos Administrativos
a. Conceito
● O ato administrativo é uma manifestação de vontade
unilateral da Administração Pública (agindo nessa
qualidade) ou de particulares no exercício de
atribuições públicas delegadas, objetivando atingir o
interesse público, sob o regime jurídico de direito
público, que gera efeitos jurídicos para a
Administração Pública, estando submetidos ao
controle judicial.
i. Manifestação de vontade unilateral
ii. Da Administração Pública agindo nessa
qualidade: não na qualidade de particular.
iii. De particulares no exercício de atribuições
públicas delegadas:
● exemplo: concessionárias de serviço
público.
iv. Objetivando atingir o interesse público
v. Sob o regime jurídico de direito público
vi. Gera efeitos jurídicos para a Administração
Pública: tem que provocar mudanças jurídicas.
vii. Estando submetidos ao controle judicial
b. Atos da Administração Pública (gênero)
● Atos privados da Administração Pública (espécie): a
Administração realiza determinados atos, sob regime
jurídico de direito privado, atuando em igualdade de
condições com o particular.
● Atos administrativos (espécie)
● Atos de mera execução (espécie): não há
manifestação de vontade.
o Fato administrativo

88
● Conceito: evento da natureza que provoca
efeitos no âmbito da Administração
Pública. Exemplo: passagem do tempo →
gera prescrição de direitos.
c. Fato da Administração Pública
● Conceito: evento da natureza que não provoca efeitos
no âmbito da Administração Pública.
● Silêncio administrativo: só importa em manifestação
de vontade quando a lei assim determinar.
d. Classificação dos atos administrativos
● Ato vinculado: a Administração Pública não possui
margem de escolha para atuar.
● Ato discricionário: há margem de liberdade de
escolha da Administração Pública, mediante critérios
de conveniência e oportunidade (mérito
administrativo).
● Critério quanto aos destinatários
o Atos gerais: são destinados às pessoas
indeterminadas, de modo que estabelece uma
conduta genérica. Exemplo: atos normativos
o Atos individuais ou especiais: são destinados às
pessoas específicas.
● Critérios quanto aos efeitos
o Atos internos: não afetam terceiros.
o Atos externos: afetam terceiros, de modo que a
publicação é condição de eficácia.
● Critério quanto à repercussão sobre a esfera jurídica
do particular:
o Atos ampliativos: ampliam direitos.
o Atos restritivos: restringe direitos.
● Critério quanto à formação dos atos

89
o Atos simples: basta uma única manifestação de
vontade para formar o ato.
● Ato simples singular: o órgão é composto
por somente uma pessoa
● Ato simples colegiado: o órgão é
composto por um grupo de pessoas.
o Atos compostos: depende de duas
manifestações de vontade, sendo: (I) principal:
define o objeto do ato, determinando o efeito
jurídico do ato (II) acessória: não dispõe acerca
do objeto do ato, de modo que atua de forma
complementar e controladora, verificando se o
ato principal está em conformidade.
● Precisa de uma relação de hierarquia,
porque a manifestação de vontade
acessória será feita pelo órgão superior ao
órgão que emitiu a manifestação
principal.
● Para produzir efeitos, o ato precisa da
manifestação dos dois órgãos
o Atos complexos: há a manifestação autônoma e
independente de dois ou mais órgãos, de forma
que, com o somatório dessas manifestações, há
a edição do ato administrativo.
● Exemplo de ato complexo: A nomeação
de ministro do STF pelo Presidente da
República precisa de aprovação do
Senado. → seria ato composto ou
complexo? Para fins de prova, é um ato
complexo.
● Exemplo de ato complexo: ato de
concessão de aposentadoria, reforma ou

90
pensão: o Tribunal de Contas tem a
competência para apreciar para fins de
registro a legalidade dos atos de
concessão de aposentadoria, reforma ou
pensão.
● Pede-se aposentadoria → órgão
administrativo concede → envia para
Tribunal de Contas (aprecia a
legalidade).
● Súmula vinculante nº 355: não há
contraditório e ampla defesa, porque
antes da aprovação pelo Tribunal de
Contas o ato não está formado ainda.
● RE 63655356: o Tribunal de Contas
possui prazo razoável de 5 anos para
apreciar a legalidade de ato de
concessão de aposentadoria, reforma
ou pensão, de modo a garantir a
segurança jurídica.
○ Esse prazo é contado a partir da
chegada do processo no Tribunal
de Contas.
● Critério quanto à imperatividade

55
Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla
defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que
beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de
aposentadoria, reforma e pensão.

56
Recurso extraordinário. 2. Servidor público. Aposentadoria. 3. Anulação do ato pelo TCU.
Discussão sobre a incidência do prazo decadencial de 5 anos, previsto na Lei 9.784/99, para a
Administração anular seus atos, quando eivados de ilegalidade. Súmula 473 do STF. Observância
dos princípios do contraditório e da ampla defesa. Repercussão geral reconhecida.
(STF - RE: 636553 RS 0008177-52.2010.4.04.0000, Relator: GILMAR MENDES, Data de Julgamento:
23/06/2011, Tribunal Pleno, Data de Publicação: 25/06/2012)

91
o Atos de império: atos editados no exercício de
autoridade estatal
o Atos de gestão: atos editados no exercício de
uma relação negocial/consensual.
● Critério quanto ao objeto
o Ato-regra: ato normativo que possui
característica de generalidade.
o Atos subjetivos: ato concreto que cria direitos e
obrigações. O particular possui mais poder de
negociação.
o Ato-condição: investe o particular em uma
situação jurídica pré-existente, de modo que
esse particular passa a se submeter a todas as
regras jurídicas existentes.
● Critério quantos aos efeitos
o Atos constitutivos: atos que criam, modificam
ou extinguem direitos ou relações jurídicas.
o Atos declaratórios: atos que reconhecem e
declaram a existência de uma relação jurídica.
o Atos enunciativos: atos que enunciam um fato,
emitindo um juízo de valor.
● Critério quanto à validade.
o Atos válidos: estão de acordo com a ordem
jurídica.
o Ato nulo: possui vício grave (insanável) que deve
ser anulado, sendo nulo desde a sua origem (ex
tunc).
o Ato inválido: possui vício sanável, podendo ser
anulado ou corrigido.
o Ato inexistente: não tem os requisitos básicos
para sua formação.

92
o Atos irregulares: possuem um defeito muito
leve, de modo que nem precisa ser corrigido.
● Critério quanto a formação da exequibilidade dos atos
o Ato perfeito: quando ele completa todo o ciclo
de formação e está apto para produzir efeitos.
o Ato imperfeito: não completou o ciclo de
formação.
o Ato pendente: está acabado, porém não produz
efeitos, porque depende de termo ou condição.
o Ato consumado: ato que já foi editado e já
produziu os seus efeitos.
e. Pressupostos do ato administrativo
● Competência: atribuição legal para executar
determinado ato, sendo definida pela lei, em regra. A
competência é irrenunciável, improrrogável e
limitada. Somente tem competência o agente público
competente57. A competência é um elemento
vinculado. Quando há vício de competência, há um
abuso de poder na modalidade excesso de poder.
Lembre-se! A competência em regra é um vício
sanável, exceto em caso de: (I) competência exclusiva
e (II) competência material
o Delegação da competência: transferência
temporária de parcela da competência para outro
agente público de mesma hierarquia ou hierarquia
inferior. É um ato precário e não exclusivo.

57
Agente público de fato: foi investido em cargo público, porém a investidura foi irregular. Haverá
a nulidade (ex tunc). Atos praticados por agente público de fato, em virtude da Teoria da
Aparência, terão seus efeitos mantidos em relação a terceiros de boa-fé.
Usurpador de função: sujeito que nunca foi investido em cargo público, porém se apresenta como
agente público. É crime. Haverá um ato inexistente.

93
a. Hipóteses que não pode haver delegação de
competência (artigo 13, Lei 9784/99)58
b. Súmula 510 STF59
o Avocação de competência: agente público
hierarquicamente superior chama para si a
competência que a lei atribuiu para seu subordinado.
É um ato precário.
● Forma: exteriorização do ato administrativo. A
doutrina tradicional trata a forma como elemento
vinculado. Porém, em alguns casos, pode ser um
elemento discricionário se tiver previsto em lei. É um
vício sanável, exceto se a forma for essencial para a
substância do ato.
o Instrumentalidade das formas: se a atuação
atingiu a finalidade, porém não cumpriu a
forma (desde que não essencial a substância do
ato) correta, não irá anular o ato. A forma não é
um fim em si mesmo.
● Objeto: efeito jurídico material produzido pelo ato;
conteúdo do ato administrativo.
a. Ex: demissão → extinção do vínculo jurídico
com a Administração
b. Vícios do objeto: (I) objeto ilegal (II) objeto
diferente do previsto em lei.
● Sempre insanável

58
Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:
I - a edição de atos de caráter normativo;
II - a decisão de recursos administrativos;
III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.

59
Praticado o ato por autoridade, no exercício de competência delegada, contra ela cabe o
mandado de segurança ou a medida judicial.

94
o Finalidade: é um ato vinculado. O vício de finalidade
é sempre insanável, sendo uma espécie de abuso de
poder na espécie desvio de poder.
a. Finalidade geral ou mediata: interesse
público
b. Finalidade imediata ou específica; aquilo que
a lei está buscando atingir.
o Motivo: os fundamentos de fato e de direito que dão
ensejo à prática do ato. É o porquê. O motivo pode
ser discricionário ou vinculado. Vício insanável.
a. Motivo ≠ motivação: motivação é
exteriorização dos motivos. A motivação
integra o elemento "forma" do ato
administrativo. O motivo é o pressuposto
fático e jurídico para formação do ato.
b. Vício de motivo ocorre quando o motivo for;
(I) falso ou (II) verdadeiro, porém não possui
aptidão para gerar o efeito do ato que foi
praticado.
c. Espécies de vícios de motivos
i. Ausência de motivo
ii. Motivo ilegítimo
d. Motivação aliunde ou per relationem: motiva
com base em um documento pré-existente.
Essa motivação é admitida pelo
ordenamento jurídico.
e. Teoria dos motivos determinantes: a
validade de um ato administrativo está
vinculada à veracidade dos motivos
constantes no ato. Se um ato tiver um
motivo falso, será nulo, mesmo que
determinado ato não exija motivação. Ex:

95
exoneração de servidores ocupantes de
cargo demissível ad nutum.
f. Móvel: intenção do agente de praticar
determinado ato. Em regra, não é relevante,
salvo se for um móvel ilegal que vicie a
prática do ato administrativo.
f. Mérito administrativo
● Conceito: é a análise de conveniência e oportunidade na
prática de um ato discricionário. Cabe, apenas ao
Administrador, a análise do mérito administrativo.
g. Atributos do ato administrativo
● Presunção (relativa) de legitimidade ou legalidade:
presume-se que um ato administrativo foi editado
conforme o ordenamento jurídico como um todo, sendo
válido desde sua origem. Para ser anulado, precisa que o
interessado comprove que o ato viola determinada
norma jurídica.
● Presunção de veracidade: presume-se que os atos são
verdadeiros, sendo dotados de fé pública.
o Atos que não possuem presunção de
veracidade: (I) atos privados; (II) atos
manifestamente ilegais e (III) atos que
envolvam a prova de fato negativo (prova
diabólica)
● Imperatividade: prerrogativa que a Administração
Pública tem de impor a sua vontade aos particulares,
independente da vontade desses.
o Atos que não possuem imperatividade: atos
enunciativos.
● Autoexecutoriedade: possibilidade de execução direta e
imediata, inclusive com uso de força pública, dos atos

96
administrativos, independentemente do consentimento
do Poder Judiciário.
● Só há autoexecutoriedade em duas
hipóteses: (I) previsão legal (II) situação de
urgência
o Exigibilidade: utilização de meios coercitivos
indiretos, por exemplo, multa diária.
o Executoriedade: utilização de meios coercitivos
diretos, por exemplo, apreensão de mercadorias.
● Tipicidade (Maria Sylvia Zanella di Pietro): a
Administração Pública somente pode praticar atos
previamente previstos em lei.
h. Espécies de atos administrativos
● Atos normativos: dotados de generalidade e abstração,
estabelecendo hipóteses genéricas e consequências,
destinando-se a todas as pessoas. Não podem inovar no
ordenamento jurídico, em regra.
● Atos ordinatórios: decorrem do Poder hierárquico e
possuem o objetivo de organizar a pessoa jurídica. Ex:
despachos, ofícios, portarias.
● Atos negociais (de consentimento): não são negócios
jurídicos, pois os atos negociais são unilaterais. São atos
nos quais o particular necessita do consentimento da
Administração para exercer determinada atividade. O
consentimento é dado por alvará que é dividido em:
o Licença: ato vinculado; gera direito subjetivo ao
particular; ato declaratório; ato definitivo (não pode
ser revogado a qualquer tempo) e cuja anulação gera
indenização, em regra.
o Autorização e permissão: atos discricionários; não
geram direito subjetivo, mas mera expectativa de

97
direito; atos constitutivos; atos precários (pode
revogar a qualquer tempo) e cuja anulação não gera
indenização, em regra.
a. Permissão: prepondera o interesse público;
b. Autorização: prepondera o interesse privado.
o Admissão: ato vinculado que reconhece o direito ao
recebimento de determinado serviço.
● Atos enunciativos60: possuem duas acepções:
o Sentido estrito: designa atos que emitem opinião. Ex:
parecer.
o Sentido amplo: designa atos que emitem opinião e
declaratórios. Ex: certidões; atestados e
apostilamento
a. Certidão: declara informação existente em
banco de dados.
b. Atestados: declaração de um fato
presenciado pelo agente público, porém não
existe no banco de dados da Administração
Pública.
c. Apostilamento: averba determinado fato ou
direito reconhecidos pela norma jurídica.
d. Parecer:61 emissão por parte do agente
público de uma opinião. Há três hipóteses:
● (I) facultativo: não é exigido pela lei.
● (II) obrigatório: exigido pela lei, porém
a Administração Pública não está
obrigada a adotar a posição do
parecer.

60
Não produzem efeitos por si só.

61
O agente público somente será responsabilizado por sua opinião emitida no parecer se verificar:
(I) erro grosseiro ou (II) dolo.

98
● (III) vinculado: exigido pela lei, de
modo que a Administração Pública
está obrigada a adotar a posição do
parecer.
● Atos punitivos: aplicam sanções com base no poder
disciplinar ou de polícia.
● Atos administrativos de controle: corrigem, extinguem
ou homologam determinados atos administrativos.
i. Extinção do ato administrativo
● Normal: quando o ato administrativo já produziu todos
os efeitos ou quando chega ao termo final.
● Objetiva: ocorre quando o objeto do ato administrativo é
extinto.
● Subjetiva: ocorre quando o destinatário do ato
administrativo é extinto.
● Manifestação de vontade do particular
o Recusa: ocorre antes que o ato comece a produzir
efeitos.
o Renúncia: ocorre depois que o ato comece a produzir
efeitos.
● Manifestação de vontade da Administração Pública
o Anulação: extinção do ato por motivo de vício de
legalidade.
a. Pode ocorrer de ofício ou a pedido do
interessado;
b. Efeitos ex tunc (retroativos), extinguindo os
efeitos desde a origem.
● A doutrina já admite a
modulação dos efeitos do ato

99
administrativo. Artigo 2362 e 2463
da LINDB.
c. Há um prazo decadencial de 5 anos para
anular, salvo: (I) má-fé e (II) quando há um
ato administrativo que viola frontalmente
valores constitucionais64 (sem prazo).
● O STF decidiu que nenhuma lei
pode determinar um prazo
diferente que o decadencial de 5
anos. (ADI 6019)65
d. Artigo 2066 e 2167, LINDB

62
Art. 23. A decisão administrativa, controladora ou judicial que estabelecer interpretação ou
orientação nova sobre norma de conteúdo indeterminado, impondo novo dever ou novo
condicionamento de direito, deverá prever regime de transição quando indispensável para que o
novo dever ou condicionamento de direito seja cumprido de modo proporcional, equânime e
eficiente e sem prejuízo aos interesses gerais.

63
Art. 24. A revisão, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, quanto à validade de ato,
contrato, ajuste, processo ou norma administrativa cuja produção já se houver completado levará
em conta as orientações gerais da época, sendo vedado que, com base em mudança posterior de
orientação geral, se declarem inválidas situações plenamente constituídas.
Parágrafo único. Consideram-se orientações gerais as interpretações e especificações contidas
em atos públicos de caráter geral ou em jurisprudência judicial ou administrativa majoritária, e
ainda as adotadas por prática administrativa reiterada e de amplo conhecimento público.

64
por exemplo: provimento em cargo público sem concurso público.

65
Embargos de declaração opostos contra acórdão que julgou procedente o pedido de declaração
de inconstitucionalidade do art. 10, I, da Lei nº 10.177/1988, do Estado de São Paulo, que estabelece
o prazo decadencial de 10 (dez) anos para anulação de atos administrativos reputados inválidos
pela Administração Pública estadual.
(STF - ADI: 6019 SP, Relator: ROBERTO BARROSO, Data de Julgamento: 04/10/2021, Tribunal Pleno,
Data de Publicação: 08/10/2021)

66
Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com base em valores
jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão.
Parágrafo único. A motivação demonstrará a necessidade e a adequação da medida imposta ou
da invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, inclusive em face das
possíveis alternativas.

67
Art. 21. A decisão que, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, decretar a invalidação
de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa deverá indicar de modo expresso suas
consequências jurídicas e administrativas.
Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput deste artigo deverá, quando for o caso, indicar
as condições para que a regularização ocorra de modo proporcional e equânime e sem prejuízo
aos interesses gerais, não se podendo impor aos sujeitos atingidos ônus ou perdas que, em função
das peculiaridades do caso, sejam anormais ou excessivos.

100
o Revogação: ocorre em relação a um ato válido que a
Administração Pública entendeu que, por
conveniência e oportunidade, o ato deve ser extinto.
a. Pode ocorrer a pedido ou de ofício
b. Ex nunc (efeitos prospectivos)
c. Somente se revoga atos discricionários
d. O Poder Judiciário não pode revogar, por
motivo de conveniência e oportunidade, atos
do Poder Executivo. Porém, o Poder
Judiciário pode revogar seus próprios atos
administrativos.
e. Atos que não podem ser revogados: (I) atos
vinculados (II) atos consumados (III) atos
praticados no processo administrativo que já
ocorreu a preclusão (IV) atos que já geraram
direitos adquiridos (V) atos declaratórios e
opinativos.
● Caducidade: extinção do ato administrativo por conta da
superveniência de uma nova lei que é incompatível com
o ato administrativo, havendo uma ilegalidade
superveniente.
o Efeitos ex nunc.
● Contraposição ou derrubada: extinção do ato
administrativo por conta de um ato administrativo
superveniente que é incompatível com o ato anterior
● Cassação: extinção do ato administrativo quando o
particular deixa de preencher os requisitos necessários
para manutenção do ato no mundo jurídico.
j. Convalidação e conversão do ato administrativo
● Convalidação: correção de um ato administrativo, com
efeitos ex tunc. O ato passa a ser considerado válido
desde sua origem.

101
● Requisitos:
o O vício contido pelo ato deve ser sanável
(competência que não seja exclusiva ou vício de
forma que não seja essencial à prática do ato);
o Não pode ter lesão ao interesse público;
o Não pode ter prejuízo para terceiros.
● A Administração Pública poderá convalidar os atos
administrativos.
o 1ª corrente: há uma corrente doutrinária que defende
que a convalidação é discricionária.
o 2ª corrente: há uma outra corrente que defende que
a convalidação é vinculada.
● Prazo para anular ato administrativo:
o 1ª corrente: parcela da doutrina entende que passado
o prazo de 5 anos para anular o ato administrativo,
haverá uma convalidação tácita.
o 2ª corrente (majoritária): não admite que ocorra uma
convalidação tácita, porque, para ter convalidação,
deve ter manifestação de vontade da Administração.
● Conversão: prática de um novo ato administrativo,
aproveitando-se dos elementos válidos de um ato
administrativo anterior.
o Efeitos retroativos.
k. Teoria das autolimitações administrativas (teoria
dos atos próprios)
● A Administração Pública deve ter uma coerência de
atuação para preservar a confiança legítima dos
administrados.

102
● Resp 1.192.67868
● Requisitos:
o Identidade subjetiva: deve ser a mesma pessoa
jurídica que editou o ato anterior e posterior.
o Identidade objetiva: necessidade de o pressuposto
fático ser o mesmo no ato anterior e posterior.
o Existência de contrariedade
l. Teoria dos precedentes administrativos
● Conceito: Administração Pública quando decide
reiteradamente em um mesmo sentido, cria um
precedente administrativo. Assim, a Administração
Pública, quando for decidir em uma mesma situação
fática, deve agir conforme o precedente anterior. Se a
Administração quiser decidir diferente, deve modificar
sua orientação geral, de modo que a modificação não irá
atingir casos pretéritos.

68
RECURSO ESPECIAL. DIREITO CAMBIÁRIO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE TÍTULO DE
CRÉDITO. NOTA PROMISSÓRIA. ASSINATURA ESCANEADA.DESCABIMENTO. INVOCAÇÃO DO VÍCIO
POR QUEM O DEU CAUSA. OFENSA AO PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA. APLICAÇÃO DA TEORIA
DOS ATOS PRÓPRIOS SINTETIZADOS NOS BROCARDOS LATINOS 'TU QUOQUE' E 'VENIRE CONTRA
FACTUM PROPRIUM'. (..) 6. Aplicação da 'teoria dos atos próprios', como concreção do princípio da
boa-fé objetiva, sintetizada nos brocardos latinos 'tu quoque' e 'venire contra factum proprium',
segundo a qual ninguém é lícito fazer valer um direito em contradição com a sua conduta anterior
ou posterior interpretada objetivamente, segundo a lei, os bons costumes e a boa-fé (...)
(STJ - REsp: 1192678 PR 2010/0083602-0, Relator: Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, Data de
Julgamento: 13/11/2012, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 26/11/2012)

103
17. Licitações
a. Disposições iniciais
i. Licitação eletrônica em um cenário de evolução
tecnológica;
ii. Incorporou muitas coisas de outras leis e questões
jurisprudenciais;
iii. Vigência da lei
1. Não possui vacatio legis, de modo que entrou em
vigor na data de sua publicação.
iv. Não trouxe revogação de imediato das leis anteriores: Lei
8666, Lei do RDC e Lei do Pregão. Somente serão
revogadas após 2 anos, de modo que, nesse prazo, terá a
vigência simultânea dos dois regimes. Durante esse
regime, pode haver contratação com base em ambas as
leis, podendo o administrador escolher qual regime
desde que expresso no edital. Todavia, jamais pode
mesclar os dois regimes.
v. Exceção: revogação imediata dos dispositivos legais
penais.
vi. Não houve revogação da Lei 13.303, porém as disposições
penais serão aplicadas a essa lei. Ainda, pode-se aplicar a
Lei 14.133 em determinados casos.
b. Contratos
o Ex: Imagine um contrato com duração de 5 anos, de
modo que ficará vigente ainda quando a Lei 8666 for
revogada. Nesse caso, a Lei 8666 ainda continuará
regendo esse contrato, porque há ultratividade da Lei
8666.

104
o A lei que rege a licitação é a lei que rege o contrato
proveniente (artigo 191, pu, da Lei 14.133)69
c. Artigo 176
Art. 176. Os Municípios com até 20.000 (vinte mil) habitantes
terão o prazo de 6 (seis) anos, contado da data de
publicação desta Lei, para cumprimento:
I - dos requisitos estabelecidos no art. 7º e no caput do art.
8º desta Lei;
II - da obrigatoriedade de realização da licitação sob a forma
eletrônica a que se refere o § 2º do art. 17 desta Lei;
III - das regras relativas à divulgação em sítio eletrônico
oficial.
Parágrafo único. Enquanto não adotarem o PNCP, os
Municípios a que se refere o caput deste artigo deverão:
I - publicar, em diário oficial, as informações que esta Lei
exige que sejam divulgadas em sítio eletrônico oficial,
admitida a publicação de extrato;
II - disponibilizar a versão física dos documentos em suas
repartições, vedada a cobrança de qualquer valor, salvo o
referente ao fornecimento de edital ou de cópia de
documento, que não será superior ao custo de sua
reprodução gráfica.
d. Conceito de licitação
● Processo administrativo da seleção das propostas mais
vantajosas.
e. Objetivos da licitação

69
Art. 191. Até o decurso do prazo de que trata o inciso II do caput do art. 193, a Administração
poderá optar por licitar ou contratar diretamente de acordo com esta Lei ou de acordo com as leis
citadas no referido inciso, e a opção escolhida deverá ser indicada expressamente no edital ou no
aviso ou instrumento de contratação direta, vedada a aplicação combinada desta Lei com as
citadas no referido inciso.
Parágrafo único. Na hipótese do caput deste artigo, se a Administração optar por licitar de acordo
com as leis citadas no inciso II do caput do art. 193 desta Lei, o contrato respectivo será regido pelas
regras nelas previstas durante toda a sua vigência.

105
o Promover o desenvolvimento nacional, por exemplo, por
meio do favorecimento das microempresas e pequenas
de pequeno porte.
f. Âmbito de aplicação da Lei de Licitações
o Aplica-se a toda Administração Pública direta, autarquias
e fundações, fundos especiais e entidades controlada
direta e indiretamente pela Administração Pública
o Lei de âmbito nacional:
o Competência da União de dispor normas
gerais de licitação, os Estados e municípios
devem dispor de normas específicas.
● Aplicação no âmbito do Poder Legislativo e Judiciário
● Não aplica às empresas estatais.
● Artigo 3º: hipótese de não aplicação 70
o Não se aplicam às repartições públicas no exterior71.
o Artigo 1º, §3º72

70
Art. 3º Não se subordinam ao regime desta Lei:
I - contratos que tenham por objeto operação de crédito, interno ou externo, e gestão de dívida
pública, incluídas as contratações de agente financeiro e a concessão de garantia relacionadas a
esses contratos;
II - contratações sujeitas a normas previstas em legislação própria.

71
Exemplo: consulado brasileiro na China não precisa realizar licitação. As repartições públicas
sediadas no exterior obedecem às peculiaridades locais e princípios observados nessa lei como
publicidade e moralidade

72
§ 3º Nas licitações e contratações que envolvam recursos provenientes de empréstimo ou doação
oriundos de agência oficial de cooperação estrangeira ou de organismo financeiro de que o Brasil
seja parte, podem ser admitidas:

I - condições decorrentes de acordos internacionais aprovados pelo Congresso Nacional e


ratificados pelo Presidente da República;

II - condições peculiares à seleção e à contratação constantes de normas e procedimentos das


agências ou dos organismos, desde que:

a) sejam exigidas para a obtenção do empréstimo ou doação;

b) não conflitem com os princípios constitucionais em vigor;

c) sejam indicadas no respectivo contrato de empréstimo ou doação e tenham sido objeto de


parecer favorável do órgão jurídico do contratante do financiamento previamente à celebração do
referido contrato;

106
g. Competência legislativa (licitações)
● Artigo 22, XVII, CF/88.
● ADI 927.
h. Microempresas e empresas de pequeno porte
(artigo 4º):
● Há critérios de favorecimento, buscando o
desenvolvimento nacional sustentável.
● Aplicam-se às licitações e contratos disciplinados por
esta Lei as disposições constantes dos arts. 42 a 49 da Lei
Complementar nº 123 (regime diferenciado para
microempresas e empresas de pequeno porte), de 14 de
dezembro de 2006, salvo nos seguintes casos:
1. no caso de licitação para aquisição de bens ou
contratação de serviços em geral, ao item cujo
valor estimado for superior à receita bruta máxima
admitida para fins de enquadramento como
empresa de pequeno porte (EPP);
2. no caso de contratação de obras e serviços de
engenharia, às licitações cujo valor estimado for
superior à receita bruta máxima admitida para fins
de enquadramento como empresa de pequeno
porte.
● Critérios de favorecimento
o Empate ficto: artigo 44, §1º. Não garante a vitória
automática, de modo que será concedida uma nova
oportunidade para oferecer proposta.
o Procedimento de favorecimento: artigo 45
o Somente tem que apresentar a regularidade de
documentação fiscal e trabalhista no momento de
celebração de contrato.

107
i. Objetivos (artigo 11)
o assegurar a seleção da proposta apta a gerar o resultado
de contratação mais vantajoso para a Administração
Pública, inclusive no que se refere ao ciclo de vida do
objeto;
o assegurar tratamento isonômico entre os licitantes, bem
como a justa competição;
o evitar contratações com sobrepreço ou com preços
manifestamente inexequíveis e superfaturamento na
execução dos contratos;
1. Sobrepreço: problema na licitação, sendo gerado,
geralmente, sem má-fé.
2. Superfaturamento: problema no contrato, sendo
gerado, geralmente, com má-fé.
o incentivar a inovação e o desenvolvimento nacional
sustentável.
j. Exigência de governança (artigo 11, parágrafo
único)
● A alta administração do órgão ou entidade é responsável
pela governança das contratações e deve implementar
processos e estruturas, inclusive de gestão de riscos e
controles internos, para avaliar, direcionar e monitorar os
processos licitatórios e os respectivos contratos, com o
intuito de alcançar os objetivos estabelecidos no caput
deste artigo, promover um ambiente íntegro e confiável,
assegurar o alinhamento das contratações ao
planejamento estratégico e às leis orçamentárias e
promover eficiência, efetividade e eficácia em suas
contratações.
k. Princípios

108
● Princípio do planejamento: o planejamento é importante
para o controle e para fins de preparação do interessado.
1. Plano de contratação anual: é facultativo, porém é
importante para o planejamento
2. Fase preparatória (artigo 18)
o Princípio da eficácia
o Princípio da segregação de funções (artigo 7º, §1º)73: cada
fase do metaprocesso da licitação deve ser conduzida
por um agente público ou grupo diferentes um dos
outros, de modo que não pode um único agente ficar
responsável por todas essas fases para evitar erros, vícios
e corrupção.
o Princípio da isonomia: a Administração Pública precisa
estabelecer igualdade de condições. Deve-se observar a
igualdade material e formal.
1. Artigo 9º74

73
§ 1º A autoridade referida no caput deste artigo deverá observar o princípio da segregação de
funções, vedada a designação do mesmo agente público para atuação simultânea em funções
mais suscetíveis a riscos, de modo a reduzir a possibilidade de ocultação de erros e de ocorrência
de fraudes na respectiva contratação.

74
Art. 9º É vedado ao agente público designado para atuar na área de licitações e contratos,
ressalvados os casos previstos em lei:
I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos que praticar, situações que:
a) comprometam, restrinjam ou frustrem o caráter competitivo do processo licitatório, inclusive nos
casos de participação de sociedades cooperativas;
b) estabeleçam preferências ou distinções em razão da naturalidade, da sede ou do domicílio dos
licitantes;
c) sejam impertinentes ou irrelevantes para o objeto específico do contrato;
II - estabelecer tratamento diferenciado de natureza comercial, legal, trabalhista, previdenciária
ou qualquer outra entre empresas brasileiras e estrangeiras, inclusive no que se refere a moeda,
modalidade e local de pagamento, mesmo quando envolvido financiamento de agência
internacional;
III - opor resistência injustificada ao andamento dos processos e, indevidamente, retardar ou
deixar de praticar ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa em lei.
§ 1º Não poderá participar, direta ou indiretamente, da licitação ou da execução do contrato
agente público de órgão ou entidade licitante ou contratante, devendo ser observadas as
situações que possam configurar conflito de interesses no exercício ou após o exercício do cargo ou
emprego, nos termos da legislação que disciplina a matéria.
§ 2º As vedações de que trata este artigo estendem-se a terceiro que auxilie a condução da
contratação na qualidade de integrante de equipe de apoio, profissional especializado ou
funcionário ou representante de empresa que preste assessoria técnica.

109
2. ADI 307075
3. ADI 3.735: A igualdade pode ser relativizada por
duas vias: (A) pela lei, mediante o estabelecimento
de condições de diferenciação exigíveis em
abstrato e (B) pela autoridade responsável pela
condução do processo licitatório, que poderá
estabelecer elementos de distinção
circunstanciais, de qualificação técnica e
econômica, sempre vinculados à garantia de
cumprimento de obrigações específicas.
4. Promoção da igualdade material
a. Critérios de desempate (artigo 60)76
75
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTIGO 11, § 4º, DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO
RIO GRANDE DO NORTE. LICITAÇÃO. ANÁLISE DE PROPOSTA MAIS VANTAJOSA. CONSIDERAÇÃO
DOS VALORES RELATIVOS AOS IMPOSTOS PAGOS À FAZENDA PÚBLICA DAQUELE ESTADO.
DISCRIMINAÇÃO ARBITRÁRIA. LICITAÇÃO. ISONOMIA, PRINCÍPIO DA IGUALDADE. DISTINÇÃO
ENTRE BRASILEIROS. AFRONTA AO DISPOSTO NOS ARTIGOS 5º, CAPUT; 19, INCISO III; 37, INCISO
XXI, E 175, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. (...) 4. A lei pode, sem violação do princípio da igualdade,
distinguir situações, a fim de conferir a uma tratamento diverso do que atribui a outra. Para que
possa fazê-lo, contudo, sem que tal violação se manifeste, é necessário que a discriminação
guarde compatibilidade com o conteúdo do princípio. 5. A Constituição do Brasil exclui quaisquer
exigências de qualificação técnica e econômica que não sejam indispensáveis à garantia do
cumprimento das obrigações. A discriminação, no julgamento da concorrência, que exceda essa
limitação é inadmissível (...).
(STF - ADI: 3070 RN, Relator: EROS GRAU, Data de Julgamento: 29/11/2007, Tribunal Pleno, Data de
Publicação: 19/12/2007)

76
Art. 60. Em caso de empate entre duas ou mais propostas, serão utilizados os seguintes critérios
de desempate, nesta ordem:
I - disputa final, hipótese em que os licitantes empatados poderão apresentar nova proposta em
ato contínuo à classificação;
II - avaliação do desempenho contratual prévio dos licitantes, para a qual deverão
preferencialmente ser utilizados registros cadastrais para efeito de atesto de cumprimento de
obrigações previstos nesta Lei;
III - desenvolvimento pelo licitante de ações de equidade entre homens e mulheres no ambiente
de trabalho, conforme regulamento;
IV - desenvolvimento pelo licitante de programa de integridade, conforme orientações dos órgãos
de controle.
§ 1º Em igualdade de condições, se não houver desempate, será assegurada preferência,
sucessivamente, aos bens e serviços produzidos ou prestados por:
I - empresas estabelecidas no território do Estado ou do Distrito Federal do órgão ou entidade da
Administração Pública estadual ou distrital licitante ou, no caso de licitação realizada por órgão
ou entidade de Município, no território do Estado em que este se localize;
II - empresas brasileiras;
III - empresas que invistam em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no País;
IV - empresas que comprovem a prática de mitigação, nos termos da Lei nº 12.187, de 29 de
dezembro de 2009.
§ 2º As regras previstas no caput deste artigo não prejudicarão a aplicação do disposto no art. 44
da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006.

110
● 1º: empresas estabelecidas no território do
Estado ou do Distrito Federal do órgão ou
entidade da Administração Pública
estadual ou distrital licitante ou, no caso
de licitação realizada por órgão ou
entidade de Município, no território do
Estado em que este se localize;
● 2º: empresas brasileiras;
● 3º: empresas que invistam em pesquisa e
no desenvolvimento de tecnologia no
País;
● 4º: empresas que comprovem a prática
de mitigação, nos termos da Lei nº 12.187
🡪 comparar com a lei 8.66677

5. Margem de preferência (artigo 26)78


a. Normal: 10 %
77
Em igualdade de condições, como critério de desempate, será assegurada preferência,
sucessivamente, aos bens e serviços:
II - produzidos no País;
III - produzidos ou prestados por empresas brasileiras.
IV - produzidos ou prestados por empresas que invistam em pesquisa e no desenvolvimento de
tecnologia no País.
V- produzidos ou prestados por empresas que comprovem cumprimento de reserva de cargos
prevista em lei para pessoa com deficiência ou para reabilitado da Previdência Social e que
atendam às regras de acessibilidade previstas na legislação. → Foi revogado pela nova lei de
licitação. Passou a ser um requisito de habilitação para a licitação, de modo que ficou um
regime mais protetivo. Ainda, a lei nova ainda prevê que, se celebrado um contrato e depois
ficar constatado que a empresa deixou de reservar cargos para reabilitados e pessoas com
deficiência, poderá haver a anulação da licitação

78
Art. 26. No processo de licitação, poderá ser estabelecida margem de preferência para:
I - bens manufaturados e serviços nacionais que atendam a normas técnicas brasileiras;
II - bens reciclados, recicláveis ou biodegradáveis, conforme regulamento.
§ 1º A margem de preferência de que trata o caput deste artigo:
I - será definida em decisão fundamentada do Poder Executivo federal, no caso do inciso I do
caput deste artigo;
II - poderá ser de até 10% (dez por cento) sobre o preço dos bens e serviços que não se enquadrem
no disposto nos incisos I ou II do caput deste artigo;
III - poderá ser estendida a bens manufaturados e serviços originários de Estados Partes do
Mercado Comum do Sul (Mercosul), desde que haja reciprocidade com o País prevista em acordo
internacional aprovado pelo Congresso Nacional e ratificado pelo Presidente da República.
§ 2º Para os bens manufaturados nacionais e serviços nacionais resultantes de desenvolvimento e
inovação tecnológica no País, definidos conforme regulamento do Poder Executivo federal, a
margem de preferência a que se refere o caput deste artigo poderá ser de até 20% (vinte por
cento).

111
b. Adicional: pode chegar a 20% de bens
manufaturados e serviços nacionais
resultantes de desenvolvimento e inovação
tecnológica no País, definidos conforme
regulamento do Poder Executivo Federal.
6. Restrição à concorrência: Nas contratações
destinadas à implantação, à manutenção e ao
aperfeiçoamento dos sistemas de tecnologia de
informação e comunicação considerados
estratégicos em ato do Poder Executivo federal, a
licitação poderá ser restrita a bens e serviços com
tecnologia desenvolvida no País produzidos de
acordo com o processo produtivo básico de que
trata a Lei nº 10.176, de 11 de janeiro de 2001.
● Princípio da competitividade
● Princípio da publicidade
o Portal Nacional das Contratações Públicas
Publicação dos contratos é condição de eficácia.
o Sigilo das propostas até a respectiva abertura, salvo se os
lances forem abertos
1. Publicidade diferida relativa ao orçamento: o
orçamento estimado poderá ter publicidade
diferida, desde que a Administração justifique.
▪ O sigilo não prevalece para os órgãos de
controle.
▪ Não pode haver orçamento estimado sigilo
(publicidade diferida) em caso de licitação
cujo critério for do tipo maior desconto e
nem na hipótese da licitação da modalidade
concurso.
▪ O orçamento somente se torna público
depois da homologação.

112
● Princípio da moralidade e probidade
● Princípio da eficiência, eficácia e efetividade
o Eficiência: relacionada aos meios
o Eficácia: relacionada aos resultados
o Efetividade: junção da eficiência com eficácia
● Vinculação ao edital
● Julgamento objetivo: regras do jogo devem estar previamente
definidas no edital
● Formalismo moderado (artigo 12, III):
o o desatendimento de exigências meramente formais
que não comprometam a aferição da qualificação do
licitante ou a compreensão do conteúdo de sua proposta
não importará seu afastamento da licitação ou a
invalidação do processo;
l. Agentes públicos na licitação (artigo 7º)
o Caberá à autoridade máxima do órgão ou da entidade,
ou a quem as normas de organização administrativa
indicarem, promover gestão por competências e
designar agentes públicos para o desempenho das
funções essenciais à execução desta Lei que preencham
os seguintes requisitos:
o Sejam, preferencialmente, servidor efetivo ou
empregado público dos quadros permanentes da
Administração Pública;
o tenham atribuições relacionadas a licitações e contratos
ou possuam formação compatível ou qualificação
atestada por certificação profissional emitida por escola
de governo criada e mantida pelo poder público;
o não sejam cônjuge ou companheiro de licitantes ou
contratados habituais da Administração nem tenham
com eles vínculo de parentesco, colateral ou por

113
afinidade, até o terceiro grau, ou de natureza técnica,
comercial, econômica, financeira, trabalhista e civil.
m. Agente de contratação
● Conceito: é o sujeito que conduz a licitação, é
obrigatoriamente servidor efetivo ou empregado público.
Pode ser auxiliado por uma equipe de apoio79.
o Comissão de contratação: deve haver 3 membros que
serão servidores ou empregados efetivos.
1. Facultativo: nas licitações para contratações de
bens e serviços que a lei considere especiais
2. Obrigatório: na modalidade de licitação diálogo
competitivo.
o Leilão: poderá ser: (I) um leiloeiro oficial que será
designado pela modalidade pregão (com critério de
julgamento de maior desconto sobre a comissão a ser
paga ao leiloeiro) ou credenciamento (hipótese de
inexigibilidade de licitação) ou (II) pode ser um servidor
designado.
o Representação de agentes públicos em caso de atuar
com base em parecer da procuradoria (artigo 10): será
defendido por meio da advocacia pública. Se o agente
agir com dolo não terá direito à representação da
advocacia pública. Ainda, aplica na hipótese se o agente
não ocupa mais cargo público
n. Objeto da licitação
o Compras (artigo 40): dá preferência ao sistema do
regime de preços

79
Irá auxiliar o agente de contratação, o que não exime a responsabilidade do agente, salvo se for
induzido a erro pela equipe de apoio.

114
1. Realizado com base no termo de referência80
(artigo 6º, XXIII)81
2. A padronização do objeto é a regra, porém não é
um fim em si mesmo, porque tem que tomar
cuidado com a necessidade da Administração
Pública
● Artigo 43
● Catálogo eletrônico da padronização82,
somente pode ser dispensado por
escrito (artigo 19, §2º)
o Indicação de marcas
1. Súmula TCU 270
2. É possível de forma excepcional desde que
justificado quando:
● em decorrência da necessidade de
padronização do objeto;
● em decorrência da necessidade de
manter a compatibilidade com
plataformas e padrões já adotados
pela Administração;
● quando determinada marca ou
modelo comercializados por mais de
um fornecedor forem os únicos
capazes de atender às necessidades
do contratante;
● quando a descrição do objeto a ser
licitado puder ser mais bem

80
Documento necessário para a contratação de bens e serviços, que deve conter os seguintes
parâmetros e elementos descritivos:

81
Obras e serviços de engenharia são feitos com base no projeto básico ou projeto executivo.

82
Sistema informatizado, de gerenciamento centralizado e com indicação de preços, destinado a
permitir a padronização de itens a serem adquiridos pela Administração Pública e que estarão
disponíveis para a licitação;

115
compreendida pela identificação de
determinada marca ou determinado
modelo aptos a servir apenas como
referência;
○ Vedação de indicação de marca:
artigo 41, III83
o Parcelamento do objeto: deve ser adotado, sendo a
divisão do objeto em partes menores e independentes.
Cada parte, item, etapa ou parcela representa uma
licitação isolada ou em separado. As diferentes licitações
podem ser feitas em procedimentos distintos ou num só
processo licitatório, quando então a licitação terá seu
objeto dividido em itens. O parcelamento só deverá,
contudo, ser utilizado quando demonstrar-se técnica e
economicamente viável, a fim de não violar o princípio
da eficiência. Artigo 40, §2º84
o Licitação por itens: súmula 247 TCU85. Abre um processo
licitatório, porém faz várias licitações dentro desse
processo único.
● Obras e serviços de engenharia
o Obra: toda atividade estabelecida, por força de lei, como
privativa das profissões de arquiteto e engenheiro que

83
Vedar a contratação de marca ou produto, quando, mediante processo administrativo, restar
comprovado que produtos adquiridos e utilizados anteriormente pela Administração não
atendem a requisitos indispensáveis ao pleno adimplemento da obrigação contratual;

84
§ 2º Na aplicação do princípio do parcelamento, referente às compras, deverão ser considerados:
I - a viabilidade da divisão do objeto em lotes;
II - o aproveitamento das peculiaridades do mercado local, com vistas à economicidade, sempre
que possível, desde que atendidos os parâmetros de qualidade; e
III - o dever de buscar a ampliação da competição e de evitar a concentração de mercado.

85
É obrigatória a admissão da adjudicação por item e não por preço global, nos editais das
licitações para a contratação de obras, serviços, compras e alienações, cujo objeto seja divisível,
desde que não haja prejuízo para o conjunto ou complexo ou perda de economia de escala, tendo
em vista o objetivo de propiciar a ampla participação de licitantes que, embora não dispondo de
capacidade para a execução, fornecimento ou aquisição da totalidade do objeto, possam fazê-lo
com relação a itens ou unidades autônomas, devendo as exigências de habilitação adequar-se a
essa divisibilidade.

116
implica intervenção no meio ambiente por meio de um
conjunto harmônico de ações que, agregadas, formam
um todo que inova o espaço físico da natureza ou
acarreta alteração substancial das características
originais de bem imóvel;
o Serviço de engenharia: exigem a atuação de um
engenheiro ou arquiteto
o Artigo 4586
o Para realizar uma obra ou serviço de engenharia, em
regra, deve ter um projeto básico e executivo
1. Projeto básico: conjunto de elementos necessários
e suficientes, com nível de precisão adequado para
definir e dimensionar a obra ou o serviço, ou o
complexo de obras ou de serviços objeto da
licitação, elaborado com base nas indicações dos
estudos técnicos preliminares, que assegure a
viabilidade técnica e o adequado tratamento do
impacto ambiental do empreendimento e que
possibilite a avaliação do custo da obra e a
definição dos métodos e do prazo de execução.
2. Projeto executivo
● Exceção (não precisa de projeto básico
e projeto executivo):
○ Em se tratando de estudo
técnico preliminar para
86
Art. 45. As licitações de obras e serviços de engenharia devem respeitar, especialmente, as
normas relativas a:
I - disposição final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos gerados pelas obras
contratadas;
II - mitigação por condicionantes e compensação ambiental, que serão definidas no procedimento
de licenciamento ambiental;
III - utilização de produtos, de equipamentos e de serviços que, comprovadamente, favoreçam a
redução do consumo de energia e de recursos naturais;
IV - avaliação de impacto de vizinhança, na forma da legislação urbanística;
V - proteção do patrimônio histórico, cultural, arqueológico e imaterial, inclusive por meio da
avaliação do impacto direto ou indireto causado pelas obras contratadas;
VI - acessibilidade para pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida.

117
contratação de obras e serviços
comuns de engenharia, se
demonstrada a inexistência de
prejuízo para a aferição dos
padrões de desempenho e
qualidade almejados, a
especificação do objeto poderá
ser realizada apenas em termo
de referência ou em projeto
básico, dispensada a elaboração
de projetos.
○ Contratação integrada87: o
projeto básico e executivo serão
de responsabilidade do
contratado.
○ Contratação semi-integrada88: o
projeto básico será realizado pela
Administração Pública, porém o
particular pode alterar o projeto
básico. O projeto executivo é
feito pelo particular.
o. Formas de contratação indireta
1. Empreitada por preço global: contratação da
execução da obra ou do serviço por preço certo e
total;

87
Regime de contratação de obras e serviços de engenharia em que o contratado é responsável
por elaborar e desenvolver os projetos básico e executivo, executar obras e serviços de engenharia,
fornecer bens ou prestar serviços especiais e realizar montagem, teste, pré-operação e as demais
operações necessárias e suficientes para a entrega final do objeto;

88
Regime de contratação de obras e serviços de engenharia em que o contratado é responsável
por elaborar e desenvolver o projeto executivo, executar obras e serviços de engenharia, fornecer
bens ou prestar serviços especiais e realizar montagem, teste, pré-operação e as demais
operações necessárias e suficientes para a entrega final do objeto;

118
2. Empreitada por preço unitário: contratação da
execução da obra ou do serviço por preço certo de
unidades determinadas;
3. Contratação por tarefa: regime de contratação de
mão de obra para pequenos trabalhos por preço
certo, com ou sem fornecimento de materiais;
4. Empreitada integral (turn key): contratação de
empreendimento em sua integralidade,
compreendida a totalidade das etapas de obras,
serviços e instalações necessárias, sob inteira
responsabilidade do contratado até sua entrega ao
contratante em condições de entrada em
operação, com características adequadas às
finalidades para as quais foi contratado e atendidos
os requisitos técnicos e legais para sua utilização
com segurança estrutural e operacional;
5. Fornecimento e prestação de serviço associado:
regime de contratação em que, além do
fornecimento do objeto, o contratado
responsabiliza-se por sua operação, manutenção
ou ambas, por tempo determinado.
● Serviços em geral

119
● Artigo 47-5089

89
Art. 47. As licitações de serviços atenderão aos princípios:
I - da padronização, considerada a compatibilidade de especificações estéticas, técnicas ou de
desempenho;
II - do parcelamento, quando for tecnicamente viável e economicamente vantajoso.
§ 1º Na aplicação do princípio do parcelamento deverão ser considerados:
I - a responsabilidade técnica;
II - o custo para a Administração de vários contratos frente às vantagens da redução de custos,
com divisão do objeto em itens;
III - o dever de buscar a ampliação da competição e de evitar a concentração de mercado.§ 2º Na
licitação de serviços de manutenção e assistência técnica, o edital deverá definir o local de
realização dos serviços, admitida a exigência de deslocamento de técnico ao local da repartição
ou a exigência de que o contratado tenha unidade de prestação de serviços em distância
compatível com as necessidades da Administração.

Art. 48. Poderão ser objeto de execução por terceiros as atividades materiais acessórias,
instrumentais ou complementares aos assuntos que constituam área de competência legal do
órgão ou da entidade, vedado à Administração ou a seus agentes, na contratação do serviço
terceirizado:
I - indicar pessoas expressamente nominadas para executar direta ou indiretamente o objeto
contratado;
II - fixar salário inferior ao definido em lei ou em ato normativo a ser pago pelo contratado;
III - estabelecer vínculo de subordinação com funcionário de empresa prestadora de serviço
terceirizado;
IV - definir forma de pagamento mediante exclusivo reembolso dos salários pagos;
V - demandar a funcionário de empresa prestadora de serviço terceirizado a execução de tarefas
fora do escopo do objeto da contratação;
VI - prever em edital exigências que constituam intervenção indevida da Administração na gestão
interna do contratado.
Parágrafo único. Durante a vigência do contrato, é vedado ao contratado contratar cônjuge,
companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, de dirigente
do órgão ou entidade contratante ou de agente público que desempenhe função na licitação ou
atue na fiscalização ou na gestão do contrato, devendo essa proibição constar expressamente do
edital de licitação.

Art. 49. A Administração poderá, mediante justificativa expressa, contratar mais de uma empresa
ou instituição para executar o mesmo serviço, desde que essa contratação não implique perda de
economia de escala, quando:
I - o objeto da contratação puder ser executado de forma concorrente e simultânea por mais de
um contratado; e
II - a múltipla execução for conveniente para atender à Administração.
Parágrafo único. Na hipótese prevista no caput deste artigo, a Administração deverá manter o
controle individualizado da execução do objeto contratual relativamente a cada um dos
contratados.

Art. 50. Nas contratações de serviços com regime de dedicação exclusiva de mão de obra, o
contratado deverá apresentar, quando solicitado pela Administração, sob pena de multa,
comprovação do cumprimento das obrigações trabalhistas e com o Fundo de Garantia do Tempo
de Serviço (FGTS) em relação aos empregados diretamente envolvidos na execução do contrato,
em especial quanto ao:
I - registro de ponto;
II - recibo de pagamento de salários, adicionais, horas extras, repouso semanal remunerado e
décimo terceiro salário;
III - comprovante de depósito do FGTS;
IV - recibo de concessão e pagamento de férias e do respectivo adicional;
V - recibo de quitação de obrigações trabalhistas e previdenciárias dos empregados dispensados
até a data da extinção do contrato;
VI - recibo de pagamento de vale-transporte e vale-alimentação, na forma prevista em norma
coletiva.

120
● Deve seguir a padronização e parcelamento sempre que
possível.
p. Serviços terceirizados e regime de dedicação
exclusiva de mão de obra
● Serviços terceirizados
1. Não há pessoalidade entre a Administração e os
empregados.
2. A terceirização foi considerada constitucional,
inclusive em relação a atividades fins.
3. Não pode indicar pessoas expressamente
nominadas para executar determinada atividade
para não configurar pessoalidade.
4. Não pode estabelecer vínculo de subordinação
entre a Administração Pública e os empregados.
Há subordinação entre empregado e contratada.
● Regime de dedicação exclusiva (artigo 50):
o Conceito: aquele cujo modelo de execução
contratual exige que a) os empregados do
contratado fiquem à disposição nas
dependências do contratante para a
prestação dos serviços; o contratado não
compartilhe os recursos humanos e
materiais disponíveis de uma contratação
para execução simultânea de outros
contratos; o contratado possibilite a
fiscalização pelo contratante quanto à
distribuição, controle e supervisão dos
recursos humanos alocados aos seus
contratos.

121
q. Artigo 4990
r. Locação de imóveis (artigo 51)91
s. Licitações internacionais (artigo 52)92
t. Fases da licitação93
Deve ser preferencialmente de forma eletrônica, salvo se
devidamente justificado. Ainda, pode-se exigir que a execução de
forma eletrônica seja condição de validade e eficácia dos atos.
● Fase preparatória
● Plano anual de contratação: facultativo
● Estudo técnico preliminar
● Termo de referência ou projetos

90
Art. 49. A Administração poderá, mediante justificativa expressa, contratar mais de uma
empresa ou instituição para executar o mesmo serviço, desde que essa contratação não implique
perda de economia de escala, quando:
I - o objeto da contratação puder ser executado de forma concorrente e simultânea por mais de
um contratado; e
II - a múltipla execução for conveniente para atender à Administração.
Parágrafo único. Na hipótese prevista no caput deste artigo, a Administração deverá manter o
controle individualizado da execução do objeto contratual relativamente a cada um dos
contratados.

91
Art. 51. Ressalvado o disposto no inciso V do caput do art. 74 desta Lei, a locação de imóveis
deverá ser precedida de licitação e avaliação prévia do bem, do seu estado de conservação, dos
custos de adaptações e do prazo de amortização dos investimentos necessários.

92
Art. 52. Nas licitações de âmbito internacional, o edital deverá ajustar-se às diretrizes da política
monetária e do comércio exterior e atender às exigências dos órgãos competentes.
§ 1º Quando for permitido ao licitante estrangeiro cotar preço em moeda estrangeira, o licitante
brasileiro igualmente poderá fazê-lo.
§ 2º O pagamento feito ao licitante brasileiro eventualmente contratado em virtude de licitação
nas condições de que trata o § 1º deste artigo será efetuado em moeda corrente nacional.
§ 3º As garantias de pagamento ao licitante brasileiro serão equivalentes àquelas oferecidas ao
licitante estrangeiro.
§ 4º Os gravames incidentes sobre os preços constarão do edital e serão definidos a partir de
estimativas ou médias dos tributos.
§ 5º As propostas de todos os licitantes estarão sujeitas às mesmas regras e condições, na forma
estabelecida no edital.
§ 6º Observados os termos desta Lei, o edital não poderá prever condições de habilitação,
classificação e julgamento que constituam barreiras de acesso ao licitante estrangeiro, admitida a
previsão de margem de preferência para bens produzidos no País e serviços nacionais que
atendam às normas técnicas brasileiras, na forma definida no art. 26 desta Lei.

93
A sequência de atos prevista na lei 8.666 era insuficiente por ser extremamente formalista,
trazendo resultados ruins para eficiência da licitação. A sequência era: (I) edital (II) habilitação (III)
julgamento (IV) homologação e (V) adjudicação.

122
● Aprovação jurídica pela Advocacia Pública mediante
parecer (artigo 53): último momento da fase
preparatória. A aprovação deve seguir critérios objetivos.
Deve ter linguagem simples e de forma clara.
● Artigo 53, §5º94: dispensável a
aprovação jurídica
● Possibilidade de realização de audiência pública:
facultativa
● Elaboração e divulgação do edital de licitação: o contrato
é anexo obrigatório do edital
● Artigo 5495: publicação no PNCP
● Artigo 54, §1º96: publicação em diário
oficial e jornal de grande circulação
● Artigo 54, §2º97

94
§ 5º É dispensável a análise jurídica nas hipóteses previamente definidas em ato da autoridade
jurídica máxima competente, que deverá considerar o baixo valor, a baixa complexidade da
contratação, a entrega imediata do bem ou a utilização de minutas de editais e instrumentos de
contrato, convênio ou outros ajustes previamente padronizados pelo órgão de assessoramento
jurídico.

95
Art. 54. A publicidade do edital de licitação será realizada mediante divulgação e manutenção
do inteiro teor do ato convocatório e de seus anexos no Portal Nacional de Contratações Públicas
(PNCP).

96
§ 1º Sem prejuízo do disposto no caput, é obrigatória a publicação de extrato do edital no Diário
Oficial da União, do Estado, do Distrito Federal ou do Município, ou, no caso de consórcio público,
do ente de maior nível entre eles, bem como em jornal diário de grande circulação.

97
§ 2º É facultada a divulgação adicional e a manutenção do inteiro teor do edital e de seus
anexos em sítio eletrônico oficial do ente federativo do órgão ou entidade responsável pela
licitação ou, no caso de consórcio público, do ente de maior nível entre eles, admitida, ainda, a
divulgação direta a interessados devidamente cadastrados para esse fim.

123
● Prazos (artigo 55)98: prazos mínimos
para apresentação de propostas e
lances.
● Apresentação de propostas e lances, quando for o caso
● Modo de disputa aberto: o critério técnica e preço não
pode utilizar modo de disputa aberto. É possível haver os
lances intermediários. Artigo 56, §4º99. Artigo 57100
● Modo de disputa fechado: a proposta é sigilosa. Utilizado
em proposta de melhor técnica ou melhor técnica e
preço.

98
Art. 55. Os prazos mínimos para apresentação de propostas e lances, contados a partir da data
de divulgação do edital de licitação, são de:

I - para aquisição de bens:


a) 8 (oito) dias úteis, quando adotados os critérios de julgamento de menor preço ou de
maior desconto;
b) 15 (quinze) dias úteis, nas hipóteses não abrangidas pela alínea “a” deste inciso;

II - no caso de serviços e obras:


a) 10 (dez) dias úteis, quando adotados os critérios de julgamento de menor preço ou de
maior desconto, no caso de serviços comuns e de obras e serviços comuns de engenharia;
b) 25 (vinte e cinco) dias úteis, quando adotados os critérios de julgamento de menor preço
ou de maior desconto, no caso de serviços especiais e de obras e serviços especiais de
engenharia;
c) 60 (sessenta) dias úteis, quando o regime de execução for de contratação integrada;
d) 35 (trinta e cinco) dias úteis, quando o regime de execução for o de contratação
semi-integrada ou nas hipóteses não abrangidas pelas alíneas “a”, “b” e “c” deste inciso;

III - para licitação em que se adote o critério de julgamento de maior lance, 15 (quinze)
dias úteis;

IV - para licitação em que se adote o critério de julgamento de técnica e preço ou de


melhor técnica ou conteúdo artístico, 35 (trinta e cinco) dias úteis.

§ 1º Eventuais modificações no edital implicarão nova divulgação na mesma forma de sua


divulgação inicial, além do cumprimento dos mesmos prazos dos atos e procedimentos
originais, exceto quando a alteração não comprometer a formulação das propostas.

§ 2º Os prazos previstos neste artigo poderão, mediante decisão fundamentada, ser


reduzidos até a metade nas licitações realizadas pelo Ministério da Saúde, no âmbito do
Sistema Único de Saúde (SUS).

99
§ 4º Após a definição da melhor proposta, se a diferença em relação à proposta classificada em
segundo lugar for de pelo menos 5% (cinco por cento), a Administração poderá admitir o reinício
da disputa aberta, nos termos estabelecidos no instrumento convocatório, para a definição das
demais colocações.

100
Art. 57. O edital de licitação poderá estabelecer intervalo mínimo de diferença de valores entre
os lances, que incidirá tanto em relação aos lances intermediários quanto em relação à proposta
que cobrir a melhor oferta.

124
● Modo de disputa aberto e fechado: primeiro apresenta a
proposta fechada. Depois tem a abertura da proposta e
classificação dessas. E, posteriormente, abre o modo de
disputa aberto, de modo que as partes podem dar lances
sucessivos crescentes ou decrescentes.
● Julgamento
● 1ª subfase: verifica se a proposta está de acordo com o
previsto no edital
● Artigo 59101
● A nova lei não estabelece quais as propostas
são manifestamente inexequíveis, diferente
da lei 8.666.
● 2ª subfase: classificação em si
● Pode haver a negociação direta da
Administração Pública com o licitante
vencedor, de modo que se o preço
continuar acima do orçamento
estimado poderá negociar melhores
condições com o segundo colocado
que sairá vencedor. Isso somente
ocorre se a proposta do 1º colocado
estiver acima do estimado (artigo 61)
● Habilitação
● Jurídica;
● Técnica: se o contratado não consegue por si só
comprovar a capacidade técnica, ele pode subcontratar
para complementar a habilitação técnica (em até 25%)
101
Art. 59. Serão desclassificadas as propostas que:
I - contiverem vícios insanáveis;
II - não obedecerem às especificações técnicas pormenorizadas no edital;
III - apresentarem preços inexequíveis ou permanecerem acima do orçamento estimado para a
contratação;
IV - não tiverem sua exequibilidade demonstrada, quando exigido pela Administração;
V - apresentarem desconformidade com quaisquer outras exigências do edital, desde que
insanável.

125
● Fiscal: somente verificada após o julgamento, mesmo
que tenha inversão de fases
● Social e trabalhista102:
1. Lembre-se! Uma das determinações é ter que
comprovar que não teve condenação por trabalho
infantil
● Econômica-financeira
1. É cabível habilitação de empresas em recuperação
judicial, desde que comprove que tem condições
mínimas.
● Encerramento da licitação: é enviado para a autoridade
superior para verificar se há algum vício no processo licitatório.
Há ainda a possibilidade de revogação por motivo de
superveniência de fato que enseja a revogação. Ainda, pode
determinar o retorno do processo para corrigir irregularidade.
Se estiver tudo certo irá adjudicar o objeto e homologar a
licitação.
● Adjudicação: é um ato declaratório, de modo que não
obriga a Administração a celebrar o contrato. Há
somente a declaração de que, caso tenha a celebração
do contrato, deve fazer com o licitante vencedor
● Homologação: é enviado para a autoridade superior para
verificar se há algum vício no processo licitatório. Há
ainda a possibilidade de revogação por motivo de
superveniência de fato que enseja a revogação. Ainda,
pode determinar o retorno do processo para corrigir
irregularidade. Se estiver tudo certo irá adjudicar o
objeto e homologar a licitação.
● Fase recursal única
102
Lembrar que a reserva de cargos para pessoa com deficiência e para reabilitados da
previdência social é requisito de habilitação. A lei que reserva parcela mínima de cargos prevê que
se nenhuma pessoa com deficiência aparecer para o cargo a empresa poderá eximir dessa
obrigação.

126
u. Vedações para participar da licitação (artigo 14):
Art. 14. Não poderão disputar licitação ou participar da
execução de contrato, direta ou indiretamente:
I - autor do anteprojeto, do projeto básico ou do projeto
executivo, pessoa física ou jurídica, quando a licitação versar
sobre obra, serviços ou fornecimento de bens a ele
relacionados;
II - empresa, isoladamente ou em consórcio, responsável pela
elaboração do projeto básico ou do projeto executivo, ou
empresa da qual o autor do projeto seja dirigente, gerente,
controlador, acionista ou detentor de mais de 5% (cinco por
cento) do capital com direito a voto, responsável técnico ou
subcontratado, quando a licitação versar sobre obra, serviços
ou fornecimento de bens a ela necessários;
III - pessoa física ou jurídica que se encontre, ao tempo da
licitação, impossibilitada de participar da licitação em
decorrência de sanção que lhe foi imposta;
IV - aquele que mantenha vínculo de natureza técnica,
comercial, econômica, financeira, trabalhista ou civil com
dirigente do órgão ou entidade contratante ou com agente
público que desempenhe função na licitação ou atue na
fiscalização ou na gestão do contrato, ou que deles seja
cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou
por afinidade, até o terceiro grau, devendo essa proibição
constar expressamente do edital de licitação;
V - empresas controladoras, controladas ou coligadas, nos
termos da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976,
concorrendo entre si;
VI - pessoa física ou jurídica que, nos 5 (cinco) anos anteriores
à divulgação do edital, tenha sido condenada judicialmente,
com trânsito em julgado, por exploração de trabalho infantil,
por submissão de trabalhadores a condições análogas às de

127
escravo ou por contratação de adolescentes nos casos
vedados pela legislação trabalhista.
§ 1º O impedimento de que trata o inciso III do caput deste
artigo será também aplicado ao licitante que atue em
substituição a outra pessoa, física ou jurídica, com o intuito de
burlar a efetividade da sanção a ela aplicada, inclusive a sua
controladora, controlada ou coligada, desde que devidamente
comprovado o ilícito ou a utilização fraudulenta da
personalidade jurídica do licitante.
§ 2º A critério da Administração e exclusivamente a seu
serviço, o autor dos projetos e a empresa a que se referem os
incisos I e II do caput deste artigo poderão participar no apoio
das atividades de planejamento da contratação, de execução
da licitação ou de gestão do contrato, desde que sob
supervisão exclusiva de agentes públicos do órgão ou
entidade.
§ 3º Equiparam-se aos autores do projeto as empresas
integrantes do mesmo grupo econômico.
§ 4º O disposto neste artigo não impede a licitação ou a
contratação de obra ou serviço que inclua como encargo do
contratado a elaboração do projeto básico e do projeto
executivo, nas contratações integradas, e do projeto executivo,
nos demais regimes de execução.
§ 5º Em licitações e contratações realizadas no âmbito de
projetos e programas parcialmente financiados por agência
oficial de cooperação estrangeira ou por organismo financeiro
internacional com recursos do financiamento ou da
contrapartida nacional, não poderá participar pessoa física ou
jurídica que integre o rol de pessoas sancionadas por essas
entidades ou que seja declarada inidônea nos termos desta
Lei.
v. Artigo 15 e 16:

128
Art. 15. Salvo vedação devidamente justificada no processo
licitatório, pessoa jurídica poderá participar de licitação em
consórcio, observadas as seguintes normas:
I - comprovação de compromisso público ou particular de
constituição de consórcio, subscrito pelos consorciados;
II - indicação da empresa líder do consórcio, que será
responsável por sua representação perante a Administração;
III - admissão, para efeito de habilitação técnica, do somatório
dos quantitativos de cada consorciado e, para efeito de
habilitação econômico-financeira, do somatório dos valores de
cada consorciado;
IV - impedimento de a empresa consorciada participar, na
mesma licitação, de mais de um consórcio ou de forma isolada;
V - responsabilidade solidária dos integrantes pelos atos
praticados em consórcio, tanto na fase de licitação quanto na
de execução do contrato.
§ 1º O edital deverá estabelecer para o consórcio acréscimo de
10% (dez por cento) a 30% (trinta por cento) sobre o valor
exigido de licitante individual para a habilitação
econômico-financeira, salvo justificação.
§ 2º O acréscimo previsto no § 1º deste artigo não se aplica aos
consórcios compostos, em sua totalidade, de microempresas e
pequenas empresas, assim definidas em lei.
§ 3º O licitante vencedor é obrigado a promover, antes da
celebração do contrato, a constituição e o registro do consórcio,
nos termos do compromisso referido no inciso I do caput deste
artigo.
§ 4º Desde que haja justificativa técnica aprovada pela
autoridade competente, o edital de licitação poderá
estabelecer limite máximo para o número de empresas
consorciadas.

129
§ 5º A substituição de consorciado deverá ser expressamente
autorizada pelo órgão ou entidade contratante e condicionada
à comprovação de que a nova empresa do consórcio possui, no
mínimo, os mesmos quantitativos para efeito de habilitação
técnica e os mesmos valores para efeito de qualificação
econômico-financeira apresentados pela empresa substituída
para fins de habilitação do consórcio no processo licitatório que
originou o contrato.
Art. 16. Os profissionais organizados sob a forma de cooperativa
poderão participar de licitação quando:
I - a constituição e o funcionamento da cooperativa
observarem as regras estabelecidas na legislação aplicável, em
especial a Lei nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971, a Lei nº
12.690, de 19 de julho de 2012, e a Lei Complementar nº 130, de
17 de abril de 2009;
II - a cooperativa apresentar demonstrativo de atuação em
regime cooperado, com repartição de receitas e despesas
entre os cooperados;
III - qualquer cooperado, com igual qualificação, for capaz de
executar o objeto contratado, vedado à Administração indicar
nominalmente pessoas;
IV - o objeto da licitação referir-se, em se tratando de
cooperativas enquadradas na Lei nº 12.690, de 19 de julho de
2012, a serviços especializados constantes do objeto social da
cooperativa, a serem executados de forma complementar à
sua atuação.

130
w.Modalidades de licitação103:
Não importa mais o preço para definir a modalidade e
sim o objeto.
● Pregão (é a regra): obrigatório para contratação de bens e
serviços comuns (obrigatório)104 (os padrões de
desempenho podem ser objetivamente determinados de
acordo com os critérios do mercado). Pode ser usado para
serviços comuns de engenharia (facultativo). Não é
permitido para bens e serviços especiais e para obras.
● Critérios de julgamento: menor preço e maior desconto.
● Concorrência: utilizado obrigatoriamente para bens e serviços
especiais e obras. E, facultativamente, para serviços comuns de
engenharia.
● Critérios para julgamento: todos, exceto o maior lance.
● Concurso: usado para trabalho técnico, científico ou artístico.
Há a definição de um prêmio ou remuneração para o
particular.
● Critério de julgamento: melhor técnica ou conteúdo
artístico.
● Leilão105: usado para alienação de bens móveis e imóveis. Não
tem fase de habilitação. A homologação somente ocorre após
efetivação do pagamento pelo vencedor.
103
Retirou a tomada de preços e convite que eram modalidades da Lei 8.666
Tomada de preços é a modalidade de licitação entre interessados devidamente cadastrados ou
que atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à
data do recebimento das propostas, observada a necessária qualificação.
Convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu objeto,
cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) pela unidade
administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumento convocatório e o
estenderá aos demais cadastrados na correspondente especialidade que manifestarem seu
interesse com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das propostas.
Existindo na praça mais de 3 (três) possíveis interessados, a cada novo convite, realizado para
objeto idêntico ou assemelhado, é obrigatório o convite a, no mínimo, mais um interessado,
enquanto existirem cadastrados não convidados nas últimas licitações.

104
bens e serviços de prateleira.

105
Na lei 8666, era trazido o leilão para alienação de bens da Administração Pública móveis e a
concorrência para alienação de bens imóveis. Com a nova lei, seja bem móvel ou imóvel a
modalidade será o leilão.

131
● Critério de julgamento: é o maior lance.
● Diálogo competitivo106: Há duas fases: A primeira fase é um
diálogo da Administração com os particulares para que eles
apresentem soluções para o problema apresentado. Na
segunda fase, publica-se um novo edital, havendo a
competição dos participantes que participaram da primeira
fase. Foi concebido para conferir maior flexibilidade nas
licitações públicas
● Artigo 32:

Art. 32. A modalidade diálogo competitivo é restrita a


contratações em que a Administração:

I - vise a contratar objeto que envolva as seguintes


condições

a) inovação tecnológica ou técnica;

b) impossibilidade de o órgão ou entidade ter sua


necessidade satisfeita sem a adaptação de soluções
disponíveis no mercado; e

c) impossibilidade de as especificações técnicas serem


definidas com precisão suficiente pela Administração;

II - verifique a necessidade de definir e identificar os


meios e as alternativas que possam satisfazer suas
necessidades, com destaque para os seguintes aspectos:

a) a solução técnica mais adequada;

b) os requisitos técnicos aptos a concretizar a solução já


definida;

c) a estrutura jurídica ou financeira do contrato;

106
Importação do direito europeu.

132
§ 1º Na modalidade diálogo competitivo, serão
observadas as seguintes disposições:

I - a Administração apresentará, por ocasião da


divulgação do edital em sítio eletrônico oficial, suas
necessidades e as exigências já definidas e estabelecerá
prazo mínimo de 25 (vinte e cinco) dias úteis para
manifestação de interesse na participação da licitação;

II - os critérios empregados para pré-seleção dos


licitantes deverão ser previstos em edital, e serão
admitidos todos os interessados que preencherem os
requisitos objetivos estabelecidos;

III - a divulgação de informações de modo


discriminatório que possa implicar vantagem para algum
licitante será vedada;

IV - a Administração não poderá revelar a outros licitantes


as soluções propostas ou as informações sigilosas
comunicadas por um licitante sem o seu consentimento;

V - a fase de diálogo poderá ser mantida até que a


Administração, em decisão fundamentada, identifique a
solução ou as soluções que atendam às suas
necessidades;

VI - as reuniões com os licitantes pré-selecionados serão


registradas em ata e gravadas mediante utilização de
recursos tecnológicos de áudio e vídeo;

VII - o edital poderá prever a realização de fases


sucessivas, caso em que cada fase poderá restringir as
soluções ou as propostas a serem discutidas;

133
VIII - a Administração deverá, ao declarar que o diálogo
foi concluído, juntar aos autos do processo licitatório os
registros e as gravações da fase de diálogo, iniciar a fase
competitiva com a divulgação de edital contendo a
especificação da solução que atenda às suas
necessidades e os critérios objetivos a serem utilizados
para seleção da proposta mais vantajosa e abrir prazo,
não inferior a 60 (sessenta) dias úteis, para todos os
licitantes pré-selecionados na forma do inciso II deste
parágrafo apresentarem suas propostas, que deverão
conter os elementos necessários para a realização do
projeto;

IX - a Administração poderá solicitar esclarecimentos ou


ajustes às propostas apresentadas, desde que não
impliquem discriminação nem distorçam a concorrência
entre as propostas;

X - a Administração definirá a proposta vencedora de


acordo com critérios divulgados no início da fase
competitiva, assegurada a contratação mais vantajosa
como resultado;

XI - o diálogo competitivo será conduzido por comissão


de contratação composta de pelo menos 3 (três)
servidores efetivos ou empregados públicos
pertencentes aos quadros permanentes da
Administração, admitida a contratação de profissionais
para assessoramento técnico da comissão;

§ 2º Os profissionais contratados para os fins do inciso XI


do § 1º deste artigo assinarão termo de confidencialidade
e abster-se-ão de atividades que possam configurar
conflito de interesses.

134
● Pode utilizar para a concessão de serviços públicos e
parcerias público privadas
● Sistema de registro de preços: é o conjunto de procedimentos para
realização mediante contratação direta ou licitação nas modalidades
pregão ou concorrência, de registro formal de preços relativos à
prestação de serviços, a obras e a aquisição e locação de bens para
contratações futuras (utilizado de forma preferencial para compras).
Pode utilizar nos casos de dispensa e inexigibilidade da licitação. A
ata de registro de preços não obriga a Administração a contratar,
porém obriga o beneficiário da ata a fornecer. Ainda, a Administração
Pública pode realizar licitação, caso queira.
● Há o prazo de validade de 1 anos podendo ser
prorrogado por igual período
● Procedimento
1. Fase preparatória: abertura da manifestação de
interesses de 8 dias úteis para os órgãos se
manifestarem (órgãos participantes).
● Órgão que não se manifestaram:
segue o previsto no artigo 86, §2º, da
Lei de Licitações.107

107
§ 2º Se não participarem do procedimento previsto no caput deste artigo, os órgãos e entidades
poderão aderir à ata de registro de preços na condição de não participantes, observados os
seguintes requisitos:

I - apresentação de justificativa da vantagem da adesão, inclusive em situações de provável


desabastecimento ou descontinuidade de serviço público;

II - demonstração de que os valores registrados estão compatíveis com os valores praticados pelo
mercado na forma do art. 23 desta Lei;

III - prévias consulta e aceitação do órgão ou entidade gerenciadora e do fornecedor.

135
x. Critérios de julgamento
● Menor preço (artigo 34, da Lei de Licitações);108
● Maior desconto (artigo 34, da Lei de Licitações)
● Melhor técnica ou conteúdo artístico (artigo 35, da Lei de
Licitações)109
● Técnica e preço (artigo 36, da Lei de Licitações)110
● Maior lance, no caso de leilão
● Maior retorno econômico (novidade em relação a lei 8.666): A
Administração Pública quer incentivar o contratado a trazer
108
Art. 34. O julgamento por menor preço ou maior desconto e, quando couber, por técnica e preço
considerará o menor dispêndio para a Administração, atendidos os parâmetros mínimos de
qualidade definidos no edital de licitação.
§ 1º Os custos indiretos, relacionados com as despesas de manutenção, utilização, reposição,
depreciação e impacto ambiental do objeto licitado, entre outros fatores vinculados ao seu ciclo de
vida, poderão ser considerados para a definição do menor dispêndio, sempre que objetivamente
mensuráveis, conforme disposto em regulamento.
§ 2º O julgamento por maior desconto terá como referência o preço global fixado no edital de
licitação, e o desconto será estendido aos eventuais termos aditivos.

109
Art. 35. O julgamento por melhor técnica ou conteúdo artístico considerará exclusivamente as
propostas técnicas ou artísticas apresentadas pelos licitantes, e o edital deverá definir o prêmio ou
a remuneração que será atribuída aos vencedores.
Parágrafo único. O critério de julgamento de que trata o caput deste artigo poderá ser utilizado
para a contratação de projetos e trabalhos de natureza técnica, científica ou artística.
110

Art. 36. O julgamento por técnica e preço considerará a maior pontuação obtida a partir da
ponderação, segundo fatores objetivos previstos no edital, das notas atribuídas aos aspectos de
técnica e de preço da proposta.

§ 1º O critério de julgamento de que trata o caput deste artigo será escolhido quando estudo
técnico preliminar demonstrar que a avaliação e a ponderação da qualidade técnica das
propostas que superarem os requisitos mínimos estabelecidos no edital forem relevantes aos fins
pretendidos pela Administração nas licitações para contratação de:
I - serviços técnicos especializados de natureza predominantemente intelectual, caso em
que o critério de julgamento de técnica e preço deverá ser preferencialmente empregado;
II - serviços majoritariamente dependentes de tecnologia sofisticada e de domínio restrito,
conforme atestado por autoridades técnicas de reconhecida qualificação;
III - bens e serviços especiais de tecnologia da informação e de comunicação;
IV - obras e serviços especiais de engenharia;
V - objetos que admitam soluções específicas e alternativas e variações de execução, com
repercussões significativas e concretamente mensuráveis sobre sua qualidade,
produtividade, rendimento e durabilidade, quando essas soluções e variações puderem ser
adotadas à livre escolha dos licitantes, conforme critérios objetivamente definidos no edital
de licitação.

§ 2º No julgamento por técnica e preço, deverão ser avaliadas e ponderadas as propostas técnicas
e, em seguida, as propostas de preço apresentadas pelos licitantes, na proporção máxima de 70%
(setenta por cento) de valoração para a proposta técnica.

§ 3º O desempenho pretérito na execução de contratos com a Administração Pública deverá ser


considerado na pontuação técnica, observado o disposto nos §§ 3º e 4º do art. 88 desta Lei e em
regulamento.

136
uma maior economia com as despesas correntes da
Administração Pública, de modo que quanto maior a
economia maior será a remuneração do contratado
y. Contratação direta:
● Não é sinônimo de contratação informal, porque deve
seguir um procedimento.
● Inexigibilidade (artigo 74, da Lei de Licitações 🡪 rol
exemplificativo): não é possível competição
1. Fornecedor exclusivo111: inexigibilidade fática.
2. Contratação de profissional do setor artístico:
inexigibilidade jurídica.
3. Serviços técnicos especializados de natureza
predominantemente intelectual com profissionais
ou empresas de notória especialização, vedada a
inexigibilidade para serviços de publicidade e
divulgação112.
● Na lei 8.666, havia a previsão de natureza
singular.
● Credenciamento: Qualquer particular que preencha os
requisitos será credenciado, de modo que a
Administração Pública recebe pelo serviço prestado,
sendo escolha do particular qual vai contratar. Não pode

111
§ 1º Para fins do disposto no inciso I do caput deste artigo, a Administração deverá demonstrar a
inviabilidade de competição mediante atestado de exclusividade, contrato de exclusividade,
declaração do fabricante ou outro documento idôneo capaz de comprovar que o objeto é
fornecido ou prestado por produtor, empresa ou representante comercial exclusivos, vedada a
preferência por marca específica.

112
a) estudos técnicos, planejamentos, projetos básicos ou projetos executivos;
b) pareceres, perícias e avaliações em geral;
c) assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras ou tributárias;
d) fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou serviços;
e) patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas;
f) treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;
g) restauração de obras de arte e de bens de valor histórico;
h) controles de qualidade e tecnológico, análises, testes e ensaios de campo e laboratoriais,
instrumentação e monitoramento de parâmetros específicos de obras e do meio ambiente e
demais serviços de engenharia que se enquadrem no disposto neste inciso;

137
estabelecer critérios de classificação. Artigo 79, da Lei de
Licitações 113
● Aquisição ou locação de imóvel cujas características de
instalações e de localização tornem necessária sua
escolha
● Dispensável (artigo 75, da Lei de Licitações 🡪 rol
taxativo): é discricionário.
Art. 75. É dispensável a licitação:
I - para contratação que envolva valores inferiores a R$
100.000,00 (cem mil reais), no caso de obras e serviços
de engenharia ou de serviços de manutenção de
veículos automotores; (Vide Decreto nº 10.922, de 2021)
(Vigência)

113
Art. 79. O credenciamento poderá ser usado nas seguintes hipóteses de contratação:

I - paralela e não excludente: caso em que é viável e vantajosa para a Administração a realização
de contratações simultâneas em condições padronizadas;

II - com seleção a critério de terceiros: caso em que a seleção do contratado está a cargo do
beneficiário direto da prestação;

III - em mercados fluidos: caso em que a flutuação constante do valor da prestação e das
condições de contratação inviabiliza a seleção de agente por meio de processo de licitação.

Parágrafo único. Os procedimentos de credenciamento serão definidos em regulamento,


observadas as seguintes regras:

I - a Administração deverá divulgar e manter à disposição do público, em sítio eletrônico oficial,


edital de chamamento de interessados, de modo a permitir o cadastramento permanente de
novos interessados;

II - na hipótese do inciso I do caput deste artigo, quando o objeto não permitir a contratação
imediata e simultânea de todos os credenciados, deverão ser adotados critérios objetivos de
distribuição da demanda;

III - o edital de chamamento de interessados deverá prever as condições padronizadas de


contratação e, nas hipóteses dos incisos I e II do caput deste artigo, deverá definir o valor da
contratação;

IV - na hipótese do inciso III do caput deste artigo, a Administração deverá registrar as cotações de
mercado vigentes no momento da contratação;

V - não será permitido o cometimento a terceiros do objeto contratado sem autorização expressa
da Administração;

VI - será admitida a denúncia por qualquer das partes nos prazos fixados no edital.

138
II - para contratação que envolva valores inferiores a R$
50.000,00 (cinquenta mil reais), no caso de outros
serviços e compras; (Vide Decreto nº 10.922, de 2021)
(Vigência)
III - para contratação que mantenha todas as condições
definidas em edital de licitação realizada há menos de 1
(um) ano, quando se verificar que naquela licitação:
a) não surgiram licitantes interessados (licitação
deserta) ou não foram apresentadas propostas
válidas (licitação fracassada)
b) as propostas apresentadas consignaram preços
manifestamente superiores aos praticados no
mercado ou incompatíveis com os fixados pelos
órgãos oficiais competentes;
IV - para contratação que tenha por objeto:
a) bens, componentes ou peças de origem
nacional ou estrangeira necessários à manutenção
de equipamentos, a serem adquiridos do
fornecedor original desses equipamentos durante
o período de garantia técnica, quando essa
condição de exclusividade for indispensável para a
vigência da garantia;
b) bens, serviços, alienações ou obras, nos termos
de acordo internacional específico aprovado pelo
Congresso Nacional, quando as condições
ofertadas forem manifestamente vantajosas para a
Administração;
c) produtos para pesquisa e desenvolvimento,
limitada a contratação, no caso de obras e serviços
de engenharia, ao valor de R$ 300.000,00
(trezentos mil reais); (Vide Decreto nº 10.922, de
2021) (Vigência)

139
d) transferência de tecnologia ou licenciamento de
direito de uso ou de exploração de criação
protegida, nas contratações realizadas por
instituição científica, tecnológica e de inovação
(ICT) pública ou por agência de fomento, desde
que demonstrada vantagem para a Administração;
e) hortifrutigranjeiros, pães e outros gêneros
perecíveis, no período necessário para a realização
dos processos licitatórios correspondentes,
hipótese em que a contratação será realizada
diretamente com base no preço do dia;
f) bens ou serviços produzidos ou prestados no País
que envolvam, cumulativamente, alta
complexidade tecnológica e defesa nacional;
g) materiais de uso das Forças Armadas, com
exceção de materiais de uso pessoal e
administrativo, quando houver necessidade de
manter a padronização requerida pela estrutura de
apoio logístico dos meios navais, aéreos e
terrestres, mediante autorização por ato do
comandante da força militar;
h) bens e serviços para atendimento dos
contingentes militares das forças singulares
brasileiras empregadas em operações de paz no
exterior, hipótese em que a contratação deverá ser
justificada quanto ao preço e à escolha do
fornecedor ou executante e ratificada pelo
comandante da força militar;
i) abastecimento ou suprimento de efetivos
militares em estada eventual de curta duração em
portos, aeroportos ou localidades diferentes de

140
suas sedes, por motivo de movimentação
operacional ou de adestramento;
j) coleta, processamento e comercialização de
resíduos sólidos urbanos recicláveis ou reutilizáveis,
em áreas com sistema de coleta seletiva de lixo,
realizados por associações ou cooperativas
formadas exclusivamente de pessoas físicas de
baixa renda reconhecidas pelo poder público como
catadores de materiais recicláveis, com o uso de
equipamentos compatíveis com as normas
técnicas, ambientais e de saúde pública;
k) aquisição ou restauração de obras de arte e
objetos históricos, de autenticidade certificada,
desde que inerente às finalidades do órgão ou com
elas compatível;
l) serviços especializados ou aquisição ou locação
de equipamentos destinados ao rastreamento e à
obtenção de provas previstas nos incisos II e V do
caput do art. 3º da Lei nº 12.850, de 2 de agosto de
2013, quando houver necessidade justificada de
manutenção de sigilo sobre a investigação;
m) aquisição de medicamentos destinados
exclusivamente ao tratamento de doenças raras
definidas pelo Ministério da Saúde;
V - para contratação com vistas ao cumprimento do
disposto nos arts. 3º, 3º-A, 4º, 5º e 20 da Lei nº 10.973, de 2
de dezembro de 2004, observados os princípios gerais de
contratação constantes da referida Lei;
VI - para contratação que possa acarretar
comprometimento da segurança nacional, nos casos
estabelecidos pelo Ministro de Estado da Defesa,

141
mediante demanda dos comandos das Forças Armadas
ou dos demais ministérios;
VII - nos casos de guerra, estado de defesa, estado de
sítio, intervenção federal ou de grave perturbação da
ordem;
VIII - nos casos de emergência ou de calamidade
pública, quando caracterizada urgência de atendimento
de situação que possa ocasionar prejuízo ou
comprometer a continuidade dos serviços públicos ou a
segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e
outros bens, públicos ou particulares, e somente para
aquisição dos bens necessários ao atendimento da
situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas
de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo
máximo de 1 (um) ano, contado da data de ocorrência da
emergência ou da calamidade, vedadas a prorrogação
dos respectivos contratos e a recontratação de empresa
já contratada com base no disposto neste inciso; (na lei
anterior era prazo de 180 dias sem prorrogação)
IX - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito
público interno, de bens produzidos ou serviços
prestados por órgão ou entidade que integrem a
Administração Pública e que tenham sido criados para
esse fim específico, desde que o preço contratado seja
compatível com o praticado no mercado;
X - quando a União tiver que intervir no domínio
econômico para regular preços ou normalizar o
abastecimento;
XI - para celebração de contrato de programa com ente
federativo ou com entidade de sua Administração
Pública indireta que envolva prestação de serviços
públicos de forma associada nos termos autorizados em

142
contrato de consórcio público ou em convênio de
cooperação;
XII - para contratação em que houver transferência de
tecnologia de produtos estratégicos para o Sistema
Único de Saúde (SUS), conforme elencados em ato da
direção nacional do SUS, inclusive por ocasião da
aquisição desses produtos durante as etapas de absorção
tecnológica, e em valores compatíveis com aqueles
definidos no instrumento firmado para a transferência de
tecnologia;
XIII - para contratação de profissionais para compor a
comissão de avaliação de critérios de técnica, quando se
tratar de profissional técnico de notória especialização;
XIV - para contratação de associação de pessoas com
deficiência, sem fins lucrativos e de comprovada
idoneidade, por órgão ou entidade da Administração
Pública, para a prestação de serviços, desde que o preço
contratado seja compatível com o praticado no mercado
e os serviços contratados sejam prestados
exclusivamente por pessoas com deficiência;
XV - para contratação de instituição brasileira que tenha
por finalidade estatutária apoiar, captar e executar
atividades de ensino, pesquisa, extensão,
desenvolvimento institucional, científico e tecnológico e
estímulo à inovação, inclusive para gerir administrativa e
financeiramente essas atividades, ou para contratação de
instituição dedicada à recuperação social da pessoa
presa, desde que o contratado tenha inquestionável
reputação ética e profissional e não tenha fins lucrativos;
XVI - para aquisição, por pessoa jurídica de direito público
interno, de insumos estratégicos para a saúde produzidos
por fundação que, regimental ou estatutariamente,

143
tenha por finalidade apoiar órgão da Administração
Pública direta, sua autarquia ou fundação em projetos de
ensino, pesquisa, extensão, desenvolvimento
institucional, científico e tecnológico e de estímulo à
inovação, inclusive na gestão administrativa e financeira
necessária à execução desses projetos, ou em parcerias
que envolvam transferência de tecnologia de produtos
estratégicos para o SUS, nos termos do inciso XII do
caput deste artigo, e que tenha sido criada para esse fim
específico em data anterior à entrada em vigor desta Lei,
desde que o preço contratado seja compatível com o
praticado no mercado.

§ 1º Para fins de aferição dos valores que atendam aos


limites referidos nos incisos I e II do caput deste artigo,
deverão ser observados:
I - o somatório do que for despendido no exercício
financeiro pela respectiva unidade gestora;
II - o somatório da despesa realizada com objetos de
mesma natureza, entendidos como tais aqueles relativos
a contratações no mesmo ramo de atividade.

§ 2º Os valores referidos nos incisos I e II do caput deste


artigo serão duplicados para compras, obras e serviços
contratados por consórcio público ou por autarquia ou
fundação qualificadas como agências executivas na
forma da lei.

§ 3º As contratações de que tratam os incisos I e II do


caput deste artigo serão preferencialmente precedidas
de divulgação de aviso em sítio eletrônico oficial, pelo
prazo mínimo de 3 (três) dias úteis, com a especificação

144
do objeto pretendido e com a manifestação de interesse
da Administração em obter propostas adicionais de
eventuais interessados, devendo ser selecionada a
proposta mais vantajosa.

§ 4º As contratações de que tratam os incisos I e II do


caput deste artigo serão preferencialmente pagas por
meio de cartão de pagamento, cujo extrato deverá ser
divulgado e mantido à disposição do público no Portal
Nacional de Contratações Públicas (PNCP).

§ 5º A dispensa prevista na alínea “c” do inciso IV do


caput deste artigo, quando aplicada a obras e serviços de
engenharia, seguirá procedimentos especiais instituídos
em regulamentação específica.

§ 6º Para os fins do inciso VIII do caput deste artigo,


considera-se emergencial a contratação por dispensa
com objetivo de manter a continuidade do serviço
público, e deverão ser observados os valores praticados
pelo mercado na forma do art. 23 desta Lei e adotadas as
providências necessárias para a conclusão do processo
licitatório, sem prejuízo de apuração de responsabilidade
dos agentes públicos que deram causa à situação
emergencial.

§ 7º Não se aplica o disposto no § 1º deste artigo às


contratações de até R$ 8.000,00 (oito mil reais) de
serviços de manutenção de veículos automotores de
propriedade do órgão ou entidade contratante,
incluído o fornecimento de peças

145
● Dispensada: artigo 76, da Lei de Licitações 🡪 rol taxativo

Art. 76. A alienação de bens da Administração Pública,


subordinada à existência de interesse público devidamente
justificado, será precedida de avaliação e obedecerá às
seguintes normas:

I - tratando-se de bens imóveis, inclusive os pertencentes às


autarquias e às fundações, exigirá autorização legislativa e
dependerá de licitação na modalidade leilão, dispensada a
realização de licitação nos casos de:

a) dação em pagamento;

b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou


entidade da Administração Pública, de qualquer esfera de
governo, ressalvado o disposto nas alíneas “f”, “g” e “h” deste
inciso;

c) permuta por outros imóveis que atendam aos requisitos


relacionados às finalidades precípuas da Administração, desde
que a diferença apurada não ultrapasse a metade do valor do
imóvel que será ofertado pela União, segundo avaliação prévia,
e ocorra a torna de valores, sempre que for o caso;

d) investidura;

e) venda a outro órgão ou entidade da Administração Pública


de qualquer esfera de governo;

f) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de


direito real de uso, locação e permissão de uso de bens imóveis
residenciais construídos, destinados ou efetivamente usados
em programas de habitação ou de regularização fundiária de

146
interesse social desenvolvidos por órgão ou entidade da
Administração Pública;

g) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de


direito real de uso, locação e permissão de uso de bens imóveis
comerciais de âmbito local, com área de até 250 m² (duzentos
e cinquenta metros quadrados) e destinados a programas de
regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por
órgão ou entidade da Administração Pública;

h) alienação e concessão de direito real de uso, gratuita ou


onerosa, de terras públicas rurais da União e do Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) onde
incidam ocupações até o limite de que trata o § 1º do art. 6º da
Lei nº 11.952, de 25 de junho de 2009, para fins de regularização
fundiária, atendidos os requisitos legais;

i) legitimação de posse de que trata o art. 29 da Lei nº 6.383, de


7 de dezembro de 1976, mediante iniciativa e deliberação dos
órgãos da Administração Pública competentes;

j) legitimação fundiária e legitimação de posse de que trata


a Lei nº 13.465, de 11 de julho de 2017;

II - tratando-se de bens móveis, dependerá de licitação na


modalidade leilão, dispensada a realização de licitação nos
casos de:

a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de


interesse social, após avaliação de oportunidade e
conveniência socioeconômica em relação à escolha de outra
forma de alienação;

b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou


entidades da Administração Pública;

147
c) venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa,
observada a legislação específica;

d) venda de títulos, observada a legislação pertinente;

e) venda de bens produzidos ou comercializados por entidades


da Administração Pública, em virtude de suas finalidades;

f) venda de materiais e equipamentos sem utilização previsível


por quem deles dispõe para outros órgãos ou entidades da
Administração Pública.

§ 1º A alienação de bens imóveis da Administração Pública cuja


aquisição tenha sido derivada de procedimentos judiciais ou
de dação em pagamento dispensará autorização legislativa e
exigirá apenas avaliação prévia e licitação na modalidade leilão.

§ 2º Os imóveis doados com base na alínea “b” do inciso I


do caput deste artigo, cessadas as razões que justificaram sua
doação, serão revertidos ao patrimônio da pessoa jurídica
doadora, vedada sua alienação pelo beneficiário.

§ 3º A Administração poderá conceder título de propriedade ou


de direito real de uso de imóvel, admitida a dispensa de
licitação, quando o uso destinar-se a:

I - outro órgão ou entidade da Administração Pública, qualquer


que seja a localização do imóvel;

II - pessoa natural que, nos termos de lei, regulamento ou ato


normativo do órgão competente, haja implementado os
requisitos mínimos de cultura, de ocupação mansa e pacífica e
de exploração direta sobre área rural, observado o limite de que
trata o § 1º do art. 6º da Lei nº 11.952, de 25 de junho de 2009.

148
§ 4º A aplicação do disposto no inciso II do § 3º deste artigo será
dispensada de autorização legislativa e submeter-se-á aos
seguintes condicionamentos:

I - aplicação exclusiva às áreas em que a detenção por


particular seja comprovadamente anterior a 1º de dezembro de
2004;

II - submissão aos demais requisitos e impedimentos do


regime legal e administrativo de destinação e de regularização
fundiária de terras públicas;

III - vedação de concessão para exploração não contemplada


na lei agrária, nas leis de destinação de terras públicas ou nas
normas legais ou administrativas de zoneamento
ecológico-econômico;

IV - previsão de extinção automática da concessão, dispensada


notificação, em caso de declaração de utilidade pública, de
necessidade pública ou de interesse social;

V - aplicação exclusiva a imóvel situado em zona rural e não


sujeito a vedação, impedimento ou inconveniente à exploração
mediante atividade agropecuária;

VI - limitação a áreas de que trata o § 1º do art. 6º da Lei nº


11.952, de 25 de junho de 2009, vedada a dispensa de licitação
para áreas superiores;

VII - acúmulo com o quantitativo de área decorrente do caso


previsto na alínea “i” do inciso I do caput deste artigo até o
limite previsto no inciso VI deste parágrafo.

§ 5º Entende-se por investidura, para os fins desta Lei, a:

149
I - alienação, ao proprietário de imóvel lindeiro, de área
remanescente ou resultante de obra pública que se tornar
inaproveitável isoladamente, por preço que não seja inferior ao
da avaliação nem superior a 50% (cinquenta por cento) do valor
máximo permitido para dispensa de licitação de bens e
serviços previsto nesta Lei;

II - alienação, ao legítimo possuidor direto ou, na falta dele, ao


poder público, de imóvel para fins residenciais construído em
núcleo urbano anexo a usina hidrelétrica, desde que
considerado dispensável na fase de operação da usina e que
não integre a categoria de bens reversíveis ao final da
concessão.

§ 6º A doação com encargo será licitada e de seu instrumento


constarão, obrigatoriamente, os encargos, o prazo de seu
cumprimento e a cláusula de reversão, sob pena de nulidade
do ato, dispensada a licitação em caso de interesse público
devidamente justificado.

§ 7º Na hipótese do § 6º deste artigo, caso o donatário necessite


oferecer o imóvel em garantia de financiamento, a cláusula de
reversão e as demais obrigações serão garantidas por hipoteca
em segundo grau em favor do doador.

150
🡪 Remanescente de obra não é mais caso de dispensa, de
modo que há uma convocação dos remanescentes da
classificação (artigo 90)114
z. Alienações de bens
● os bens devem estar desafetados (bens dominicais).
Ainda, há outros requisitos (I) interesse público
devidamente justificado (II) avaliação prévia (III) licitação
na modalidade leilão, ressalvado os casos de dispensa da
licitação (IV) no caso de bens imóveis, há em regra
autorização legislativa.
● Imóveis adquiridos em procedimentos judiciais ou dação
em pagamento: não há necessidade de autorização
judicial para alienação.
aa. Procedimentos auxiliares
● Credenciamento e sistema de registro de preços

114
Art. 90. A Administração convocará regularmente o licitante vencedor para assinar o termo de
contrato ou para aceitar ou retirar o instrumento equivalente, dentro do prazo e nas condições
estabelecidas no edital de licitação, sob pena de decair o direito à contratação, sem prejuízo das
sanções previstas nesta Lei.
§ 1º O prazo de convocação poderá ser prorrogado 1 (uma) vez, por igual período, mediante
solicitação da parte durante seu transcurso, devidamente justificada, e desde que o motivo
apresentado seja aceito pela Administração.
§ 2º Será facultado à Administração, quando o convocado não assinar o termo de contrato ou não
aceitar ou não retirar o instrumento equivalente no prazo e nas condições estabelecidas, convocar
os licitantes remanescentes, na ordem de classificação, para a celebração do contrato nas
condições propostas pelo licitante vencedor.
§ 3º Decorrido o prazo de validade da proposta indicado no edital sem convocação para a
contratação, ficarão os licitantes liberados dos compromissos assumidos.
§ 4º Na hipótese de nenhum dos licitantes aceitar a contratação nos termos do § 2º deste artigo, a
Administração, observados o valor estimado e sua eventual atualização nos termos do edital,
poderá:
I - convocar os licitantes remanescentes para negociação, na ordem de classificação, com vistas à
obtenção de preço melhor, mesmo que acima do preço do adjudicatário;
II - adjudicar e celebrar o contrato nas condições ofertadas pelos licitantes remanescentes,
atendida a ordem classificatória, quando frustrada a negociação de melhor condição.
§ 5º A recusa injustificada do adjudicatário em assinar o contrato ou em aceitar ou retirar o
instrumento equivalente no prazo estabelecido pela Administração caracterizará o
descumprimento total da obrigação assumida e o sujeitará às penalidades legalmente
estabelecidas e à imediata perda da garantia de proposta em favor do órgão ou entidade
licitante.
§ 6º A regra do § 5º não se aplicará aos licitantes remanescentes convocados na forma do inciso I
do § 4º deste artigo.
§7º Será facultada à Administração a convocação dos demais licitantes classificados para a
contratação de remanescente de obra, de serviço ou de fornecimento em consequência de
rescisão contratual, observados os mesmos critérios estabelecidos nos §§ 2º e 4º deste artigo.

151
● Pré-qualificação técnica: artigo 80, da Lei de Licitações

Art. 80. A pré-qualificação é o procedimento


técnico-administrativo para selecionar previamente:
I - licitantes que reúnam condições de habilitação para
participar de futura licitação ou de licitação vinculada a
programas de obras ou de serviços objetivamente
definidos;
II - bens que atendam às exigências técnicas ou de
qualidade estabelecidas pela Administração.
§ 1º Na pré-qualificação observar-se-á o seguinte:
I - quando aberta a licitantes, poderão ser dispensados os
documentos que já constarem do registro cadastral;
II - quando aberta a bens, poderá ser exigida a
comprovação de qualidade.
§ 2º O procedimento de pré-qualificação ficará
permanentemente aberto para a inscrição de
interessados.
§ 3º Quanto ao procedimento de pré-qualificação,
constarão do edital:
I - as informações mínimas necessárias para definição do
objeto;
II - a modalidade, a forma da futura licitação e os critérios
de julgamento.
§ 4º A apresentação de documentos far-se-á perante
órgão ou comissão indicada pela Administração, que
deverá examiná-los no prazo máximo de 10 (dez) dias
úteis e determinar correção ou reapresentação de
documentos, quando for o caso, com vistas à ampliação
da competição.
§ 5º Os bens e os serviços pré-qualificados deverão
integrar o catálogo de bens e serviços da Administração.

152
§ 6º A pré-qualificação poderá ser realizada em grupos
ou segmentos, segundo as especialidades dos
fornecedores.
§ 7º A pré-qualificação poderá ser parcial ou total, com
alguns ou todos os requisitos técnicos ou de habilitação
necessários à contratação, assegurada, em qualquer
hipótese, a igualdade de condições entre os
concorrentes.
§ 8º Quanto ao prazo, a pré-qualificação terá validade:
I - de 1 (um) ano, no máximo, e poderá ser atualizada a
qualquer tempo;
II - não superior ao prazo de validade dos documentos
apresentados pelos interessados.
§ 9º Os licitantes e os bens pré-qualificados serão
obrigatoriamente divulgados e mantidos à disposição do
público.
§ 10. A licitação que se seguir ao procedimento da
pré-qualificação poderá ser restrita a licitantes ou bens
pré-qualificados.
● Procedimento de manifestação de interesses: artigo 81, da Lei
de Licitações
Art. 81. A Administração poderá solicitar à iniciativa
privada, mediante procedimento aberto de manifestação
de interesse a ser iniciado com a publicação de edital de
chamamento público, a propositura e a realização de
estudos, investigações, levantamentos e projetos de
soluções inovadoras que contribuam com questões de
relevância pública, na forma de regulamento.
§ 1º Os estudos, as investigações, os levantamentos e os
projetos vinculados à contratação e de utilidade para a
licitação, realizados pela Administração ou com a sua
autorização, estarão à disposição dos interessados, e o

153
vencedor da licitação deverá ressarcir os dispêndios
correspondentes, conforme especificado no edital.

§ 2º A realização, pela iniciativa privada, de estudos,


investigações, levantamentos e projetos em decorrência
do procedimento de manifestação de interesse previsto
no caput deste artigo:
I - não atribuirá ao realizador direito de preferência no
processo licitatório;
II - não obrigará o poder público a realizar licitação;
III - não implicará, por si só, direito a ressarcimento de
valores envolvidos em sua elaboração;
IV - será remunerada somente pelo vencedor da licitação,
vedada, em qualquer hipótese, a cobrança de valores do
poder público.
§ 3º Para aceitação dos produtos e serviços de que trata o
caput deste artigo, a Administração deverá elaborar
parecer fundamentado com a demonstração de que o
produto ou serviço entregue é adequado e suficiente à
compreensão do objeto, de que as premissas adotadas
são compatíveis com as reais necessidades do órgão e de
que a metodologia proposta é a que propicia maior
economia e vantagem entre as demais possíveis.
§ 4º O procedimento previsto no caput deste artigo
poderá ser restrito a startups, assim considerados os
microempreendedores individuais, as microempresas e
as empresas de pequeno porte, de natureza emergente
e com grande potencial, que se dediquem à pesquisa, ao
desenvolvimento e à implementação de novos produtos
ou serviços baseados em soluções tecnológicas
inovadoras que possam causar alto impacto, exigida, na
seleção definitiva da inovação, validação prévia

154
fundamentada em métricas objetivas, de modo a
demonstrar o atendimento das necessidades da
Administração.

● Registro cadastral: artigo 87 e 88, da Lei de Licitações.


Art. 87. Para os fins desta Lei, os órgãos e entidades da
Administração Pública deverão utilizar o sistema de registro
cadastral unificado disponível no Portal Nacional de
Contratações Públicas (PNCP), para efeito de cadastro
unificado de licitantes, na forma disposta em regulamento.
§ 1º O sistema de registro cadastral unificado será público e
deverá ser amplamente divulgado e estar permanentemente
aberto aos interessados, e será obrigatória a realização de
chamamento público pela internet, no mínimo anualmente,
para atualização dos registros existentes e para ingresso de
novos interessados.
§ 2º É proibida a exigência, pelo órgão ou entidade licitante, de
registro cadastral complementar para acesso a edital e anexos.
§ 3º A Administração poderá realizar licitação restrita a
fornecedores cadastrados, atendidos os critérios, as condições
e os limites estabelecidos em regulamento, bem como a
ampla publicidade dos procedimentos para o cadastramento.
§ 4º Na hipótese a que se refere o § 3º deste artigo, será
admitido fornecedor que realize seu cadastro dentro do prazo
previsto no edital para apresentação de propostas.
Art. 88. Ao requerer, a qualquer tempo, inscrição no cadastro
ou a sua atualização, o interessado fornecerá os elementos
necessários exigidos para habilitação previstos nesta Lei.
§ 1º O inscrito, considerada sua área de atuação, será
classificado por categorias, subdivididas em grupos, segundo a
qualificação técnica e econômico-financeira avaliada, de

155
acordo com regras objetivas divulgadas em sítio eletrônico
oficial.
§ 2º Ao inscrito será fornecido certificado, renovável sempre
que atualizar o registro.
§ 3º A atuação do contratado no cumprimento de obrigações
assumidas será avaliada pelo contratante, que emitirá
documento comprobatório da avaliação realizada, com
menção ao seu desempenho na execução contratual, baseado
em indicadores objetivamente definidos e aferidos, e a
eventuais penalidades aplicadas, o que constará do registro
cadastral em que a inscrição for realizada.
§ 4º A anotação do cumprimento de obrigações pelo
contratado, de que trata o § 3º deste artigo, será condicionada
à implantação e à regulamentação do cadastro de atesto de
cumprimento de obrigações, apto à realização do registro de
forma objetiva, em atendimento aos princípios da
impessoalidade, da igualdade, da isonomia, da publicidade e
da transparência, de modo a possibilitar a implementação de
medidas de incentivo aos licitantes que possuírem ótimo
desempenho anotado em seu registro cadastral.
§ 5º A qualquer tempo poderá ser alterado, suspenso ou
cancelado o registro de inscrito que deixar de satisfazer
exigências determinadas por esta Lei ou por regulamento.
§ 6º O interessado que requerer o cadastro na forma
do caput deste artigo poderá participar de processo licitatório
até a decisão da Administração, e a celebração do contrato
ficará condicionada à emissão do certificado referido no § 2º
deste artigo.

Observação: Em 29/12/2022, o Presidente proferiu o Decreto


11.317 que alterou alguns valores previstos na Lei de Licitações.
O decreto está disponível no seguinte link:

156
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2022/decret
o/d11317.htm.

157
18. Contrato administrativo
a. Conceito
● acordo bilateral de vontades, estabelecendo direitos e
obrigações recíprocos, regido, predominantemente, pelo
Direito Público, marcado pela verticalidade da relação (a
Administração está em situação de predominância em
razão das cláusulas exorbitantes que decorrem da própria
lei).
● ≠ Contrato da Administração Pública: engloba os contratos
privados e contratos administrativos.
b. Sujeitos
● Administração Pública e particular.
c. Pode haver contrato administrativo entre entes
diversos?
i. Não, porque não há conflito de interesses, nesse caso.
d. Empresas estatais celebram contrato
administrativo?
i. 1ª corrente: não celebram, porque as empresas estatais
são pessoas jurídicas de direito privado.
ii. 2ª corrente: há necessidade da seguinte divisão:
1. Empresas estatais prestadoras de serviço público:
podem celebrar contrato administrativo.
2. Empresas estatais exploradoras de atividade
econômica: não podem celebrar contrato
administrativo.
● Fontes normativas: Lei 8666; Lei 14.133 e 13.303.
● Regime de transição de contratos

158
🡪 artigo 191, parágrafo único, da Lei 14.133115: há
ultratividade da Lei 8.666 em relação aos contratos
por ela regidos ou nos contratos celebrados após
uma licitação regida pela Lei 8.666.
e. Formalismo moderado
i. Formalismo moderado: os contratos, em regra, serão
escritos e em linguagem nacional. Há uma exceção,
permitindo contratos verbais:
1. artigo 95, §2º, da Lei 14.133: pequenas compras ou
serviços de pronto pagamento cujo valor não seja
superior a 10 mil reais.
2. artigo 60, parágrafo único, da Lei 8.666: pequenas
compras de pronto pagamento116 cujo valor não
seja superior a 8.800 mil reais.
ii. Devem ser publicados no Portal Nacional de
Contratações Públicas (PNCP0 para produzir efeitos

115
Art. 191. Até o decurso do prazo de que trata o inciso II do caput do art. 193, a Administração
poderá optar por licitar ou contratar diretamente de acordo com esta Lei ou de acordo com as leis
citadas no referido inciso, e a opção escolhida deverá ser indicada expressamente no edital ou no
aviso ou instrumento de contratação direta, vedada a aplicação combinada desta Lei com as
citadas no referido inciso.
Parágrafo único. Na hipótese do caput deste artigo, se a Administração optar por licitar de acordo
com as leis citadas no inciso II do caput do art. 193 desta Lei, o contrato respectivo será regido pelas
regras nelas previstas durante toda a sua vigência.

116
Em regime de adiantamento.

159
1. Artigo 94, da Lei 14.133117
2. Contratos celebrados em regime de urgência
surtem efeitos imediatamente (a partir de
assinatura), porém deve ser publicado no PNCP
sob pena de nulidade.
iii. São públicos, exceto quando for imprescindível para
segurança do Estado e da sociedade.
iv. Artigo 89, §1º, da Lei 14.133118
v. Instrumento do contrato é obrigatório. Exceto:
1. Dispensa de licitação em razão do valor;
2. Compras com entrega imediata que não resultem
em obrigações futuras.
● Será substituído por outro instrumento
hábil.
f. Caráter bilateral e consensual do contrato
● Surte efeitos e criam direitos e obrigações para ambas as
partes.

117
Art. 94. A divulgação no Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP) é condição
indispensável para a eficácia do contrato e de seus aditamentos e deverá ocorrer nos seguintes
prazos, contados da data de sua assinatura:
I - 20 (vinte) dias úteis, no caso de licitação;
II - 10 (dez) dias úteis, no caso de contratação direta.
§ 1º Os contratos celebrados em caso de urgência terão eficácia a partir de sua assinatura e
deverão ser publicados nos prazos previstos nos incisos I e II do caput deste artigo, sob pena de
nulidade.
§ 2º A divulgação de que trata o caput deste artigo, quando referente à contratação de
profissional do setor artístico por inexigibilidade, deverá identificar os custos do cachê do artista,
dos músicos ou da banda, quando houver, do transporte, da hospedagem, da infraestrutura, da
logística do evento e das demais despesas específicas.
§ 3º No caso de obras, a Administração divulgará em sítio eletrônico oficial, em até 25 (vinte e
cinco) dias úteis após a assinatura do contrato, os quantitativos e os preços unitários e totais que
contratar e, em até 45 (quarenta e cinco) dias úteis após a conclusão do contrato, os quantitativos
executados e os preços praticados.

118
Art. 89. Os contratos de que trata esta Lei regular-se-ão pelas suas cláusulas e pelos preceitos de
direito público, e a eles serão aplicados, supletivamente, os princípios da teoria geral dos contratos
e as disposições de direito privado.
§ 1º Todo contrato deverá mencionar os nomes das partes e os de seus representantes, a
finalidade, o ato que autorizou sua lavratura, o número do processo da licitação ou da contratação
direta e a sujeição dos contratantes às normas desta Lei e às cláusulas contratuais.

160
g. Comutatividade e onerosidade do contrato
i. Onerosidade: a prestação exige uma contraprestação.
ii. Comutatividade: as obrigações e direitos estão
estabelecidos no contrato.
h. Pessoalidade do contrato (intuitu personae):
i. Precisa ser executado por quem celebrou o contrato
com a Administração Pública.
ii. Subcontratação parcial (artigo 122, Lei 14.133119): é possível
nos termos estabelecidos pela Administração Pública.
iii. Artigo 74, §4º, Lei 14.133120
🡪 O contrato administrativo é um contrato de adesão

119
Art. 122. Na execução do contrato e sem prejuízo das responsabilidades contratuais e legais, o
contratado poderá subcontratar partes da obra, do serviço ou do fornecimento até o limite
autorizado, em cada caso, pela Administração.
§ 1º O contratado apresentará à Administração documentação que comprove a capacidade
técnica do subcontratado, que será avaliada e juntada aos autos do processo correspondente.
§ 2º Regulamento ou edital de licitação poderão vedar, restringir ou estabelecer condições para a
subcontratação.
§ 3º Será vedada a subcontratação de pessoa física ou jurídica, se aquela ou os dirigentes desta
mantiverem vínculo de natureza técnica, comercial, econômica, financeira, trabalhista ou civil com
dirigente do órgão ou entidade contratante ou com agente público que desempenhe função na
licitação ou atue na fiscalização ou na gestão do contrato, ou se deles forem cônjuge,
companheiro ou parente em linha reta, colateral, ou por afinidade, até o terceiro grau, devendo
essa proibição constar expressamente do edital de licitação.

120
Art. 74. É inexigível a licitação quando inviável a competição, em especial nos casos de:
III - contratação dos seguintes serviços técnicos especializados de natureza predominantemente
intelectual com profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para
serviços de publicidade e divulgação:
a) estudos técnicos, planejamentos, projetos básicos ou projetos executivos;
b) pareceres, perícias e avaliações em geral;
c) assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras ou tributárias;
d) fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou serviços;
e) patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas;
f) treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;
g) restauração de obras de arte e de bens de valor histórico;
h) controles de qualidade e tecnológico, análises, testes e ensaios de campo e laboratoriais,
instrumentação e monitoramento de parâmetros específicos de obras e do meio ambiente e
demais serviços de engenharia que se enquadrem no disposto neste inciso;

§ 4º Nas contratações com fundamento no inciso III do caput deste artigo, é vedada a
subcontratação de empresas ou a atuação de profissionais distintos daqueles que tenham
justificado a inexigibilidade.

161
i. A Administração estabelece cláusulas obrigatórias do
contrato, de modo que o particular não pode negociar.
ii. Minuta do contrato: fixada como anexo do edital, de
modo que o contratado não pode negociar seus termos.
● É um contrato de adesão?
○ O contrato não está plenamente
completo, porque precisa ser
integrado com as propostas de preço,
de modo que o particular está
contribuindo para a elaboração do
contrato.
iii. É um contrato de adesão?
● Muitas bancas entendem que sim.
i. Desequilíbrio do contrato Administrativo
i. Há o desequilíbrio entre a Administração Pública e o
particular
ii. Instabilidade e mutabilidade: o contrato pode ser
alterado de forma unilateral pela Administração Pública
nos termos estabelecidos em lei.
j. Formalização dos contratos
iii. Formalismo moderado
1. Exige licitação;
2. Escrito
3. Exige algumas informações formais
4. Minuta do contrato é anexo do edital

162
5. Artigo 92, da Lei 14.133121: cláusulas obrigatórias.
6. Cláusulas de reajuste e repactuação: obrigatória a
presença
7. Obrigatoriedade do instrumento contratual
8. Publicação no PNCP
k. Procedimento (artigo 90, Lei 14.133)

121
Art. 92. São necessárias em todo contrato cláusulas que estabeleçam:
I - o objeto e seus elementos característicos;
II - a vinculação ao edital de licitação e à proposta do licitante vencedor ou ao ato que tiver
autorizado a contratação direta e à respectiva proposta;
III - a legislação aplicável à execução do contrato, inclusive quanto aos casos omissos;
IV - o regime de execução ou a forma de fornecimento;
V - o preço e as condições de pagamento, os critérios, a data-base e a periodicidade do
reajustamento de preços e os critérios de atualização monetária entre a data do adimplemento
das obrigações e a do efetivo pagamento;
VI - os critérios e a periodicidade da medição, quando for o caso, e o prazo para liquidação e para
pagamento;
VII - os prazos de início das etapas de execução, conclusão, entrega, observação e recebimento
definitivo, quando for o caso;
VIII - o crédito pelo qual correrá a despesa, com a indicação da classificação funcional
programática e da categoria econômica;
IX - a matriz de risco, quando for o caso;
X - o prazo para resposta ao pedido de repactuação de preços, quando for o caso;
XI - o prazo para resposta ao pedido de restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro,
quando for o caso;
XII - as garantias oferecidas para assegurar sua plena execução, quando exigidas, inclusive as que
forem oferecidas pelo contratado no caso de antecipação de valores a título de pagamento;
XIII - o prazo de garantia mínima do objeto, observados os prazos mínimos estabelecidos nesta Lei
e nas normas técnicas aplicáveis, e as condições de manutenção e assistência técnica, quando for
o caso;
XIV - os direitos e as responsabilidades das partes, as penalidades cabíveis e os valores das multas
e suas bases de cálculo;
XV - as condições de importação e a data e a taxa de câmbio para conversão, quando for o caso;
XVI - a obrigação do contratado de manter, durante toda a execução do contrato, em
compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, todas as condições exigidas para a
habilitação na licitação, ou para a qualificação, na contratação direta;
XVII - a obrigação de o contratado cumprir as exigências de reserva de cargos prevista em lei, bem
como em outras normas específicas, para pessoa com deficiência, para reabilitado da Previdência
Social e para aprendiz;
XVIII - o modelo de gestão do contrato, observados os requisitos definidos em regulamento;
XIX - os casos de extinção.

163
i. Exigência de garantia da prestação do objeto do
contrato: a Administração pode ou não exigir. Se a
Administração exigir, quem define a modalidade é o
contratado.
ii. Caução em dinheiro ou títulos da dívida pública
iii. Seguro-garantia
1. Seguro garantia com cláusula de retomada
(performance bond): somente pode ser exigido nos
contratos de obras ou serviços de engenharia. Esse
seguro estabelece que no contrato de
inadimplemento pelo contratado, a seguradora irá
assumir a responsabilidade pela execução do
remanescente da obra ou serviço de engenharia. A
seguradora pode assumir diretamente ou pode
contratar terceiros para executar contratos.
● A seguradora está obrigada a assumir
a execução? Ainda há discussão sobre
isso.
● Artigo 101, da Lei 14.133122
iv. Fiança bancária
l. Alocação de riscos
i. define o responsável no contrato por cada risco,
alocando a responsabilidade para a parte que tem
melhor condições de gerenciar. A matriz de risco é
levada em consideração para o equilíbrio financeiro do
contrato.
m. Artigo 25, da Lei 14.133
Art. 25. O edital deverá conter o objeto da licitação e as regras
relativas à convocação, ao julgamento, à habilitação, aos
recursos e às penalidades da licitação, à fiscalização e à

122
Art. 101. Nos casos de contratos que impliquem a entrega de bens pela Administração, dos quais
o contratado ficará depositário, o valor desses bens deverá ser acrescido ao valor da garantia.

164
gestão do contrato, à entrega do objeto e às condições de
pagamento.
§ 1º Sempre que o objeto permitir, a Administração adotará
minutas padronizadas de edital e de contrato com cláusulas
uniformes.
§ 2º Desde que, conforme demonstrado em estudo técnico
preliminar, não sejam causados prejuízos à competitividade
do processo licitatório e à eficiência do respectivo contrato, o
edital poderá prever a utilização de mão de obra, materiais,
tecnologias e matérias-primas existentes no local da
execução, conservação e operação do bem, serviço ou obra.
§ 3º Todos os elementos do edital, incluídos minuta de
contrato, termos de referência, anteprojeto, projetos e outros
anexos, deverão ser divulgados em sítio eletrônico oficial na
mesma data de divulgação do edital, sem necessidade de
registro ou de identificação para acesso.
§ 4º Nas contratações de obras, serviços e fornecimentos de
grande vulto, o edital deverá prever a obrigatoriedade de
implantação de programa de integridade pelo licitante
vencedor, no prazo de 6 (seis) meses, contado da celebração
do contrato, conforme regulamento que disporá sobre as
medidas a serem adotadas, a forma de comprovação e as
penalidades pelo seu descumprimento.
§ 5º O edital poderá prever a responsabilidade do contratado
pela:
I - obtenção do licenciamento ambiental;
II - realização da desapropriação autorizada pelo poder
público.
§ 6º Os licenciamentos ambientais de obras e serviços de
engenharia licitados e contratados nos termos desta Lei terão
prioridade de tramitação nos órgãos e entidades integrantes
do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) e deverão

165
ser orientados pelos princípios da celeridade, da cooperação,
da economicidade e da eficiência.
§ 7º Independentemente do prazo de duração do contrato,
será obrigatória a previsão no edital de índice de
reajustamento de preço, com data-base vinculada à data do
orçamento estimado e com a possibilidade de ser
estabelecido mais de um índice específico ou setorial, em
conformidade com a realidade de mercado dos respectivos
insumos.
§ 8º Nas licitações de serviços contínuos, observado o
interregno mínimo de 1 (um) ano, o critério de reajustamento
será por:
I - reajustamento em sentido estrito, quando não houver
regime de dedicação exclusiva de mão de obra ou
predominância de mão de obra, mediante previsão de índices
específicos ou setoriais;
II - repactuação, quando houver regime de dedicação
exclusiva de mão de obra ou predominância de mão de obra,
mediante demonstração analítica da variação dos custos.
§ 9º O edital poderá, na forma disposta em regulamento,
exigir que percentual mínimo da mão de obra responsável
pela execução do objeto da contratação seja constituído por:
I - mulheres vítimas de violência doméstica;
II - oriundos ou egressos do sistema prisional.

166
n. Duração dos contratos
ii. Por escopo (artigo 111, da Lei 14.133)123: o prazo não é
relevante para execução contratual.
iii. Por prazo certo (regra): o prazo de duração do contrato é
relevante para o cumprimento, de modo que, finalizado
o prazo, o contrato será extinto.
1. Por prazo certo (Regra geral): prazo de 1 ano (artigo
105, da Lei 14.133)
2. Outros prazos:
1. Serviços e fornecimentos contínuos (art 106,
da Lei 14.133): 5 anos
2. Aluguel de equipamentos e utilização de
programas de informática (art 106, §2º, da Lei
14.133): 5 anos
3. Operação continuada de sistemas
estruturantes de Tecnologia da Informação
(art 114): 15 anos
4. Contrato de fornecimento de prestação de
serviço associado (artigo 113): até 5 anos.
5. Contratos previstos no caso da dispensa: até
10 anos
6. Contratos que geram receita ou economia
(art 110, I e II)
a. Com investimento: 35 anos
b. Sem investimento: 10 anos.

123
Art. 111. Na contratação que previr a conclusão de escopo predefinido, o prazo de vigência será
automaticamente prorrogado quando seu objeto não for concluído no período firmado no
contrato.
Parágrafo único. Quando a não conclusão decorrer de culpa do contratado:
I - o contratado será constituído em mora, aplicáveis a ele as respectivas sanções administrativas;
II - a Administração poderá optar pela extinção do contrato e, nesse caso, adotará as medidas
admitidas em lei para a continuidade da execução contratual.

167
iv. Por prazo indeterminado (exceção): quando a
Administração Pública é usuária de um serviço público
em regime não concorrencial.
o. Cláusulas exorbitantes:
● Conceito: são garantias previstas por lei (ex lege) à
Administração Pública, de modo que ela passa a ter mais
poderes que o particular.
p. Artigo 104, da Lei 14.133124
i. Alteração unilateral do contrato (artigo 124; artigo 125;
artigo 126; artigo 129): no mesmo termo aditivo deve
restabelecer o equilíbrio econômico-financeiro
1. Alteração qualitativa: alteração de cláusulas
regulamentares para melhor adequação técnica
2. Alteração quantitativa: altera a quantidade do
objeto
● Limites:
○ Acréscimos e supressões de até
25% do valor inicial nos contratos
de OBRAS, SERVIÇOS OU
COMPRAS.

124
Art. 104. O regime jurídico dos contratos instituído por esta Lei confere à Administração, em
relação a eles, as prerrogativas de:
I - modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às finalidades de interesse público,
respeitados os direitos do contratado;
II - extingui-los, unilateralmente, nos casos especificados nesta Lei;
III - fiscalizar sua execução;
IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou parcial do ajuste;
V - ocupar provisoriamente bens móveis e imóveis e utilizar pessoal e serviços vinculados ao objeto
do contrato nas hipóteses de:
a) risco à prestação de serviços essenciais;
b) necessidade de acautelar apuração administrativa de faltas contratuais pelo contratado,
inclusive após extinção do contrato.
§ 1º As cláusulas econômico-financeiras e monetárias dos contratos não poderão ser alteradas
sem prévia concordância do contratado.
§ 2º Na hipótese prevista no inciso I do caput deste artigo, as cláusulas econômico-financeiras do
contrato deverão ser revistas para que se mantenha o equilíbrio contratual.

168
○ Acréscimos de até 50% nas
REFORMAS DE EDIFÍCIO OU
EQUIPAMENTOS.
ii. Extinção unilateral do contrato: o particular não pode
rescindir unilateralmente. A administração pode
rescindir inclusive sem culpa do contratado
iii. Fiscalização da execução: a Administração, nos termos
do art 7, deve instituir agentes públicos (um ou mais)125
para fiscalizar o contrato.
iv. Aplicação direta de sanções
v. Ocupar provisoriamente bens
q. Exigência de garantia
r. Exigência de compensação
● Restrição ao descumprimento do contrato não cumprido:
O contratado diante do inadimplemento da
Administração Pública, pelo prazo de dois meses,
deve manter a execução do contrato. Após esse
prazo, pode solicitar a suspensão do contrato ou
rescisão contratual.
Somente pode pedir a rescisão contratual, se a
suspensão da Administração Pública superar 3
meses.
o Não pode pedir a rescisão se tiver uma
situação de urgência ou culpa do contratado.
s. Deveres das partes
i. A Administração não pode retardar a execução do
contrato. Se houver, o contrato é prorrogado
automaticamente pelo mesmo prazo que foi suspenso
(artigo 115, §1º)

125
Poder ter o auxílio da equipe de apoio.

169
t. Responsabilidades
i. Regra: todos os encargos cabem ao particular
contratado e não se transferem para a Administração
Pública na hipótese de inadimplemento.
Há exceções (apenas nos contratos de terceirização
com regime de dedicação exclusiva de mão de
obra)
a. Encargos previdenciários: a Administração
Pública será responsável de forma solidária
b. Encargos trabalhistas: a Administração
Pública será responsável de forma solidária.
A transferência não é automática, de modo
que depende da comprovação da culpa do
Poder Público na fiscalização do contrato,
especialmente em relação às obrigações
trabalhistas.
● Formas de evitar o inadimplemento de
encargos trabalhistas (art 121, §3º)126
● No caso de obra, incide a OJ 191 da
SDI-1 do TST127

126
Art. 121. Somente o contratado será responsável pelos encargos trabalhistas, previdenciários,
fiscais e comerciais resultantes da execução do contrato.
§ 3º Nas contratações de serviços contínuos com regime de dedicação exclusiva de mão de obra,
para assegurar o cumprimento de obrigações trabalhistas pelo contratado, a Administração,
mediante disposição em edital ou em contrato, poderá, entre outras medidas:
I - exigir caução, fiança bancária ou contratação de seguro-garantia com cobertura para verbas
rescisórias inadimplidas;
II - condicionar o pagamento à comprovação de quitação das obrigações trabalhistas vencidas
relativas ao contrato;
III - efetuar o depósito de valores em conta vinculada;
IV - em caso de inadimplemento, efetuar diretamente o pagamento das verbas trabalhistas, que
serão deduzidas do pagamento devido ao contratado;
V - estabelecer que os valores destinados a férias, a décimo terceiro salário, a ausências legais e a
verbas rescisórias dos empregados do contratado que participarem da execução dos serviços
contratados serão pagos pelo contratante ao contratado somente na ocorrência do fato gerador.

127
Diante da inexistência de previsão legal específica, o contrato de empreitada de construção civil
entre o dono da obra e o empreiteiro não enseja responsabilidade solidária ou subsidiária nas
obrigações trabalhistas contraídas pelo empreiteiro, salvo sendo o dono da obra uma empresa
construtora ou incorporadora.

170
u. Pagamentos
● Ordem cronológica dos vencimentos: pode ser alterada
essa ordem nos casos do artigo 141, da Lei de
Licitações128.
1. Artigo 144, da Lei de Licitações 129
● Pagamento antecipado: é permitido se representar
sensível economia ou for indispensável para o
fornecimento do bem ou prestação de serviço
128
Art. 141. No dever de pagamento pela Administração, será observada a ordem cronológica para
cada fonte diferenciada de recursos, subdividida nas seguintes categorias de contratos:
I - fornecimento de bens;
II - locações;
III - prestação de serviços;
IV - realização de obras.
§ 1º A ordem cronológica referida no caput deste artigo poderá ser alterada, mediante prévia
justificativa da autoridade competente e posterior comunicação ao órgão de controle interno da
Administração e ao tribunal de contas competente, exclusivamente nas seguintes situações:
I - grave perturbação da ordem, situação de emergência ou calamidade pública;
II - pagamento a microempresa, empresa de pequeno porte, agricultor familiar, produtor rural
pessoa física, microempreendedor individual e sociedade cooperativa, desde que demonstrado o
risco de descontinuidade do cumprimento do objeto do contrato;
III - pagamento de serviços necessários ao funcionamento dos sistemas estruturantes, desde que
demonstrado o risco de descontinuidade do cumprimento do objeto do contrato;
IV - pagamento de direitos oriundos de contratos em caso de falência, recuperação judicial ou
dissolução da empresa contratada;
V - pagamento de contrato cujo objeto seja imprescindível para assegurar a integridade do
patrimônio público ou para manter o funcionamento das atividades finalísticas do órgão ou
entidade, quando demonstrado o risco de descontinuidade da prestação de serviço público de
relevância ou o cumprimento da missão institucional.
§ 2º A inobservância imotivada da ordem cronológica referida no caput deste artigo ensejará a
apuração de responsabilidade do agente responsável, cabendo aos órgãos de controle a sua
fiscalização.
§ 3º O órgão ou entidade deverá disponibilizar, mensalmente, em seção específica de acesso à
informação em seu sítio na internet, a ordem cronológica de seus pagamentos, bem como as
justificativas que fundamentarem a eventual alteração dessa ordem.

129
Art. 144. Na contratação de obras, fornecimentos e serviços, inclusive de engenharia, poderá ser
estabelecida remuneração variável vinculada ao desempenho do contratado, com base em
metas, padrões de qualidade, critérios de sustentabilidade ambiental e prazos de entrega
definidos no edital de licitação e no contrato.
§ 1º O pagamento poderá ser ajustado em base percentual sobre o valor economizado em
determinada despesa, quando o objeto do contrato visar à implantação de processo de
racionalização, hipótese em que as despesas correrão à conta dos mesmos créditos
orçamentários, na forma de regulamentação específica.
§ 2º A utilização de remuneração variável será motivada e respeitará o limite orçamentário fixado
pela Administração para a contratação.

171
v. Equilíbrio econômico financeiro
● Tem como objetivo manter a proporcionalidade entre a
prestação e a contraprestação. A extinção do contrato não é
um motivo para seu reequilíbrio econômico-financeiro,
porém o pedido deve ser feito durante o contrato (artigo
131)130. Há os seguintes instrumentos:
w.Reajuste
● Conceito: uma cláusula obrigatória do contrato com índice
previamente definido, podendo ter vários índices com
periodicidade de 1 ano, sendo a data base a do orçamento
estimado. Possui a função de equilibrar o contrato diante da
inflação (fato previsível), incidindo em cláusulas
econômicas. Não precisa ter termo aditivo, basta simples
apostila.

130
Art. 131. A extinção do contrato não configurará óbice para o reconhecimento do desequilíbrio
econômico-financeiro, hipótese em que será concedida indenização por meio de termo
indenizatório.
Parágrafo único. O pedido de restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro deverá ser
formulado durante a vigência do contrato e antes de eventual prorrogação nos termos do art. 107
desta Lei.

172
x. Revisão (artigo 104131)
● Conceito: vincula-se a um evento futuro e incerto (ou evento
previsível, porém de efeitos incalculáveis), fazendo frente à
Teoria da Imprevisão, de modo a reequilibrar o contrato. Aqui,
entra o caso fortuito e de força maior, fato do príncipe e casos
em que há alteração unilateral da Administração. Não há
período mínimo, não havendo índice definido. Não depende
de previsão contratual, porque decorre da lei. Há necessidade
de termo aditivo.
● Os acordos coletivos de trabalho que alterem os
encargos trabalhistas não ensejam a revisão, porque é
um fato previsível. Esses acordos irão ensejar a
repactuação.
y. Atualização monetária
● Conceito: atualiza quando a Administração atrasa o
pagamento.
z. Repactuação
● Conceito: é uma cláusula obrigatória relacionada ao regime
de dedicação exclusiva de mão de obra quando há variação
do valor devido em relação aos custos componentes do

131
Art. 104. O regime jurídico dos contratos instituído por esta Lei confere à Administração, em
relação a eles, as prerrogativas de:
I - modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às finalidades de interesse público,
respeitados os direitos do contratado;
II - extingui-los, unilateralmente, nos casos especificados nesta Lei;
III - fiscalizar sua execução;
IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou parcial do ajuste;
V - ocupar provisoriamente bens móveis e imóveis e utilizar pessoal e serviços vinculados ao objeto
do contrato nas hipóteses de:
a) risco à prestação de serviços essenciais;
b) necessidade de acautelar apuração administrativa de faltas contratuais pelo contratado,
inclusive após extinção do contrato.
§ 1º As cláusulas econômico-financeiras e monetárias dos contratos não poderão ser alteradas
sem prévia concordância do contratado.
§ 2º Na hipótese prevista no inciso I do caput deste artigo, as cláusulas econômico-financeiras do
contrato deverão ser revistas para que se mantenha o equilíbrio contratual

173
contrato. Deve estar prevista no edital com data vinculada à
apresentação das propostas, para os custos decorrentes do
mercado, e com data vinculada ao acordo, à convenção
coletiva ou ao dissídio coletivo ao qual o orçamento esteja
vinculado, para os custos decorrentes da mão de obra. Há
periodicidade mínima de 12 meses.
aa. Teoria da imprevisão
● Conceito: há um fato imprevisível, extracontratual e
extraordinário que impede, onera ou retarda a prestação
das obrigações contratuais. Podem gerar duas
consequências: (I) revisão → reequilíbrio
econômico-financeiro (II) extinção do contrato sem culpa
das partes (inexecução contratual involuntária).
bb. Fato do príncipe
● Conceito: atos gerais do Estado que refletem no contrato,
porém não estão especificamente relacionados ao
contrato.
cc. Fato da Administração
● Conceito: atos ou omissões específicos do Estado,
relacionado diretamente ao contrato.
dd. Caso fortuito ou força maior
● Conceito: eventos da natureza ou atos de terceiros
● Interferências imprevistas: ocorrências preexistentes
descobertas apenas durante a execução do contrato.

174
19. Serviços Públicos
a. Sentidos do serviço público
i. Critério Subjetivo: órgãos da Administração Pública
ii. Critério Orgânico: diz respeito ao prestador do serviço
público.
iii. Sentido Formal: atividade prestada sob o regime jurídico
de direito público.
iv. Sentido Material: prestação de uma atividade que busca
atingir o interesse coletivo.
v. Conceito dinâmico: serviço público é a atividade
prestada, pela Administração Pública, seja diretamente,
por meio de seus órgãos ou entidades, ou indiretamente
por meio de delegação aos particulares sob o regime
jurídico predominante de direito público, buscando
conceder uma comodidade ao coletivo.
vi. Critério objetivo: prestação da Administração Pública
b. Princípios
i. Continuidade: serviços públicos devem ser prestados de
forma contínua, de modo que se pressupõe que o
serviço é adequado.
1. Serviços de necessidade absoluta: deve ser
prestado 24 horas por dia, sendo essencial.
2. Serviços de necessidade relativa: não precisa ser
prestado 24 horas por dia.
● Não é descontinuidade do serviço em situação
de emergência. Não exige aviso prévio.
● Artigo 6º, § 3o Não se caracteriza como
descontinuidade do serviço a sua interrupção
em situação de emergência ou após prévio
aviso, quando:

175
○ I - motivada por razões de ordem técnica
ou de segurança das instalações:
○ II - por inadimplemento do usuário,
considerado o interesse da coletividade.
■ Segundo a doutrina majoritária,
não há violação ao princípio da
continuidade, mas efetivação,
porque, assim, é possível manter o
serviço público para os demais
usuários. Ainda, não pode causar
prejuízo à vida e à saúde do usuário
e deve considerar o interesse da
coletividade.
● § 4º A interrupção do serviço na hipótese
prevista no inciso II do § 3º deste artigo não
poderá iniciar-se na sexta-feira, no sábado ou no
domingo, nem em feriado ou no dia anterior ao
feriado.
● Para haver interrupção, o inadimplemento do
usuário deve ser atual e não pode ser relativo a
usuários anteriores (somente pode interromper
se o inadimplente for o usuário atual). Isso
porque é uma obrigação pessoal (STJ)
● Não pode interromper por conta de fraude
constatada de forma unilateral, de modo que
deve dar oportunidade de ampla defesa. Ainda
há outros requisitos:
○ O débito deve ser atual;
○ O inadimplemento tem que corresponder
ao período de 90 dias anteriores à
constatação da fraude. E, depois de
constatada a fraude, deve notificar o

176
usuário para pagar o débito devido e após
esse prazo, caso não tenha pagamento,
possui 90 dias para efetuar o corte
● Não pode a interrupção causar prejuízo à vida e
à saúde do usuário.
● A interrupção não pode ser por conta de
inadimplemento de valor irrisório.
● A interrupção somente pode atingir os imóveis
relativos ao inadimplemento.
● Somente pode haver interrupção.
● A divulgação da suspensão do serviço público
por meio de rádio é considerada aviso prévio.
● Administração pública usuária e
inadimplente do serviço público de energia
elétrica
○ A concessionária pode realizar a
interrupção do fornecimento de energia
elétrica?
■ Sim, exceto relativo a serviços
públicos de repartições que
prestem serviços essenciais.
ii. Igualdade: universalidade dos serviços públicos. A
igualdade também deve ser material, de modo a tratar
os iguais de forma igual e os desiguais de forma desigual
na medida de sua desigualdade. Exemplo: quem usa
mais a energia, paga mais. Artigo 13, da Lei 8987/95132
iii. Mutabilidade ou atualidade: serviços públicos se
adequam à evolução tecnológica e social, de modo que
os serviços são prestados de forma adequada.

132
Art. 13. As tarifas poderão ser diferenciadas em função das características técnicas e dos custos
específicos provenientes do atendimento aos distintos segmentos de usuários.

177
iv. Generalidade (ou universalidade): deve prestar o serviço
público para o máximo de pessoas.
v. Modicidade das tarifas: as tarifas devem ter um valor
médio. Artigo 11, da Lei 8987/95. 133
c. Classificação dos serviços públicos
i. Critério dos destinatários
1. Uti universi (gerais; coletivos: prestado à
coletividade em geral sem individualização de
cada um. Ex: serviço de iluminação pública. Não
podem ser remunerados mediante taxa.
2. Uti singuli (singulares ou individual): consegue
individualizar cada beneficiário, inclusive a
quantidade de serviço que cada um consumiu.
Exemplo: serviço de energia elétrica; recolhimento
domiciliar de lixo.
ii. Titularidade federativa
1. Federal
2. Estadual
3. Municipal
4. Distrital
iii. Critério quanto ao objeto
1. Administrativos: executados pela própria
administração pública
2. Comerciais: produz renda, de modo que pode ser
cobrado dos usuários. Geralmente é o objeto de
concessão e permissão.

133
Art. 11. No atendimento às peculiaridades de cada serviço público, poderá o poder concedente
prever, em favor da concessionária, no edital de licitação, a possibilidade de outras fontes
provenientes de receitas alternativas, complementares, acessórias ou de projetos associados, com
ou sem exclusividade, com vistas a favorecer a modicidade das tarifas, observado o disposto no
art. 17 desta Lei.
Parágrafo único. As fontes de receita previstas neste artigo serão obrigatoriamente consideradas
para a aferição do equilíbrio econômico-financeiro do contrato.

178
3. Social: atende a direitos fundamentais sociais. Ex:
saúde e educação.
iv. Critério quanto à essencialidade
1. Essenciais: privativo da Administração Pública
2. Não essenciais: podem ser prestados por
particulares.
v. Critério quanto à criação
1. Inerentes: deveriam ser prestados pelo Estado
mesmo sem previsão legal, decorre da própria
atividade típica do Estado.
2. Legislativa: o Estado somente vai prestar porque
está previsto em lei.
vi. Critério quanto à titularidade
1. Próprio: serviço de titularidade exclusiva do Estado.
2. Impróprio/virtuais/compartilhados: são executados
por particulares
vii. Critério quanto à exclusividade
1. Exclusivo: são privativos do Estado, não podendo
ser delegado.
2. Não exclusivo: não são privativos do Estado,
podendo ser delegado.
d. Espécies
i. Comum: serviços públicos prestados pela União, Estado,
DF e municípios, de modo que todos os entes devem
contribuir entre si.
🡪 Formas que os entes podem contribuir entre si:
1. Por meio de lei complementar;

179
2. Artigo 25, §3º, CF/88:134 Instituição de região
metropolitana aglomerações urbanas e
microrregiões
3. Gestão associada de serviços públicos: consórcios
(com personalidade jurídica) ou convênios de
cooperação (ajuste entre os entes, sem formar
pessoa jurídica)
4. Convênios em geral
ii. Privativos: serviços públicos exclusivos de determinado
ente (União, Estado, DF ou Municípios)
e. Criação do serviço público
i. Inerentes: decorrem da razão de ser do Estado.
ii. Criados por lei: a lei realiza a publicatio135 que é a retirada
de um serviço da iniciativa privada, trazendo para o
âmbito da Administração Pública.
f. Prestação do serviço público
i. Gestão
1. Regulamentação: fica nas mãos do ente
responsável pela prestação do serviço público.
ii. Execução
1. Modalidades
a. Direta: realizada diretamente pelo Estado.
b. Indireta: realizada por meio da iniciativa
privada, por meio de delegação feita pelo
Estado. Deve fazer licitação (exceto: situações
devidamente justificadas, segundo o STF). O
Estado delega somente a execução,

134
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas,
aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes,
para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse
comum.

135
Deve ser razoável e com justificativa plausível.

180
mantendo a titularidade da prestação do
serviço público.
g. Defesa dos usuários dos serviços públicos
i. Lei 13460/17: Dispõe sobre participação, proteção e
defesa dos direitos do usuário dos serviços públicos da
administração pública.
1. Tem alcance nacional;
2. Artigo 1º, §3º: Aplica-se subsidiariamente o disposto
nesta Lei aos serviços públicos prestados por
particular.
3. Carta de serviço aos usuários
4. Manifestações dos usuários dirigidas às
ouvidorias136
5. Conselho dos usuários
6. Avaliação continuada dos serviços públicos
h. Código de Defesa do Consumidor: aplica ou não
aos serviços públicos? 137

136
Art. 10. A manifestação será dirigida à ouvidoria do órgão ou entidade responsável e conterá a
identificação do requerente.
§ 1o A identificação do requerente não conterá exigências que inviabilizem sua manifestação.

§ 2o São vedadas quaisquer exigências relativas aos motivos determinantes da apresentação de


manifestações perante a ouvidoria.

§ 3o Caso não haja ouvidoria, o usuário poderá apresentar manifestações diretamente ao órgão
ou entidade responsável pela execução do serviço e ao órgão ou entidade a que se subordinem
ouse vinculem.

§ 4o A manifestação poderá ser feita por meio eletrônico, ou correspondência convencional, ou


verbalmente, hipótese em que deverá ser reduzida a termo.

§ 5o No caso de manifestação por meio eletrônico, prevista no § 4o , respeitada a legislação


específica de sigilo e proteção de dados, poderá a administração pública ou sua ouvidoria
requerer meio de certificação da identidade do usuário.

§ 6o Os órgãos e entidades públicos abrangidos por esta Lei deverão colocar à disposição do
usuário formulários simplificados ede fácil compreensão para a apresentação do requerimento
previsto no caput, facultada ao usuário sua utilização.

§ 7o A identificação do requerente é informação pessoal protegida com restrição de acesso nos


termos da Lei no 12.527, de 18 de novembro de 2011.

137
Artigo 7º, Lei 8987; Artigo 6º, X, CDC

181
i. Artigo 7º, Lei 8987
ii. Artigo 6º, X, CDC
1. 1ª corrente (ampliativa): CDC deve ser aplicado a
todos os serviços públicos (gerais ou individuais)
2. 2ª corrente (intermediária): apenas os serviços
públicos individuais terão aplicabilidade do CDC
(artigo 3º, §2º, CDC)
3. 3ª corrente (restritiva): o CDC apenas incide em
relação aos serviços públicos individuais
remunerados mediante tarifa.
4. RESP 493181138: o STJ tende para a corrente
intermediária.
i. Delegação de serviços públicos para iniciativa
privada
i. Regra: prestação pelo particular por sua conta e risco.
ii. Artigo 175, CF/88139

138
PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EXCEÇÃO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO INDENIZATÓRIA.
PRESTAÇÃO DE SERVIÇO PÚBLICO. AUSÊNCIA DE REMUNERAÇÃO. RELAÇÃO DE CONSUMO
NÃO-CONFIGURADA. DESPROVIMENTO DO RECURSO ESPECIAL. 1. Hipótese de discussão do foro
competente para processar e julgar ação indenizatória proposta contra o Estado, em face de
morte causada por prestação de serviços médicos em hospital público, sob a alegação de
existência de relação de consumo. 2. O conceito de "serviço" previsto na legislação
consumerista exige para a sua configuração, necessariamente, que a atividade seja prestada
mediante remuneração (art. 3º, § 2º, do CDC). 3. Portanto, no caso dos autos, não se pode falar
em prestação de serviço subordinada às regras previstas no Código de Defesa do Consumidor, pois
inexistente qualquer forma de remuneração direta referente ao serviço de saúde prestado pelo
hospital público, o qual pode ser classificado como uma atividade geral exercida pelo Estado à
coletividade em cumprimento de garantia fundamental (art. 196 da CF). 4. Referido serviço, em
face das próprias características, normalmente é prestado pelo Estado de maneira universal, o que
impede a sua individualização, bem como a mensuração de remuneração específica, afastando a
possibilidade da incidência das regras de competência contidas na legislação específica. 5.
Recurso especial desprovido.
(STJ - REsp: 493181 SP 2002/0154199-9, Relator: Ministra DENISE ARRUDA, Data de Julgamento:
15/12/2005, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: DJ 01/02/2006 p. 431, grifo nosso)

139
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou
permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.
Parágrafo único. A lei disporá sobre:
I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o caráter
especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de caducidade,
fiscalização e rescisão da concessão ou permissão;
II - os direitos dos usuários;
III - política tarifária;
IV - a obrigação de manter serviço adequado.

182
1. Concessão: normas gerais editadas pela União
a. Comum
b. Especiais (parcerias públicas privadas).
2. Permissão
3. Autorização: somente em situações excepcionais
devidamente justificadas, de modo que é
permitida a delegação sem licitação.
j. Precisa de autorização legislativa para prestação
de serviço público?
i. O artigo 2º, da lei 9074140 estabelece uma necessidade de
autorização legislativa para a prestação de serviços
públicos pela Administração Pública, sendo o chamado
publicatio.
k. Concessão comum de serviços públicos
ii. Lei 8987/95
iii. Hipóteses de delegação
1. Concessão de serviço público:
a. Modalidade de licitação nas modalidades:
● Concorrência;
● Diálogo competitivo.
2. Destinada a pessoas jurídicas ou consórcio de
empresa;
3. Prazo determinado;
4. Caráter definitivo.
iv. Concessão de serviço público precedida de obra pública
● Exemplo: concessões de rodovia.
● Modalidade de licitação nas
modalidades:

140
Art. 2º É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios executarem obras e
serviços públicos por meio de concessão e permissão de serviço público, sem lei que lhes autorize e
fixe os termos, dispensada a lei autorizativa nos casos de saneamento básico e limpeza urbana e
nos já referidos na Constituição Federal, nas Constituições Estaduais e nas Leis Orgânicas do
Distrito Federal e Municípios, observado, em qualquer caso, os termos da Lei no 8.987, de 1995

183
● Concorrência;
● Diálogo competitivo.
● Destinada a pessoas jurídicas ou
consórcio de empresa;
● Prazo determinado;
● Caráter definitivo.
v. Permissão de serviço público (artigo 40)141
1. Por meio de licitação sem modalidade definida;
2. Destinada a pessoas jurídicas ou pessoas físicas.
3. Prazo determinado, segundo a doutrina.142
4. Caráter precário
● Se tiver prazo determinado, enseja
indenização ao particular.
vi. Licitação nas concessões e permissões
1. RE 1.001.104143
2. Aplica de forma supletiva a Lei de Licitações
3. Artigo 5º, da Lei 8987: O poder concedente
publicará, previamente ao edital de licitação, ato
justificando a conveniência da outorga de
concessão ou permissão, caracterizando seu
objeto, área e prazo.
● Deve aplicar a fase preparatória
também prevista na Lei de Licitações
(14.133)

141
Art. 40. A permissão de serviço público será formalizada mediante contrato de adesão, que
observará os termos desta Lei, das demais normas pertinentes e do edital de licitação, inclusive
quanto à precariedade e à revogabilidade unilateral do contrato pelo poder concedente.
Parágrafo único. Aplica-se às permissões o disposto nesta Lei.

142
Mas, na lei, não está escrito que deve ter prazo determinado.

143
TRANSPORTE PÚBLICO COLETIVO – LICITAÇÃO – FORMA ESSENCIAL. Salvo situações
excepcionais, devidamente comprovadas, o implemento de transporte público coletivo pressupõe
prévia licitação.
(STF - RE: 1001104 SP, Relator: MARCO AURÉLIO, Data de Julgamento: 15/05/2020, Tribunal Pleno,
Data de Publicação: 19/06/2020)

184
4. Não há exclusividade
5. Projeto básico e projeto executivo: o autor do
projeto básico e executivo ou seu responsável pode
participar da licitação (artigo 31, da Lei 9074)144
6. Critérios de julgamentos específicos (além dos
comuns)
a. Menor valor da tarifa;
b. Menor oferta;
c. Menor valor da tarifa + menor oferta;
d. melhor proposta em razão da combinação
dos critérios de menor valor da tarifa do
serviço público a ser prestado com o de
melhor técnica;
e. melhor proposta em razão da combinação
dos critérios de maior oferta pela outorga da
concessão com o de melhor técnica
f. melhor oferta de pagamento pela outorga
após qualificação de propostas técnicas.
7. Critério de desempate
a. Só há o critério de desempate para empresas
brasileiras
8. Desclassificação das propostas (artigo 17, da Lei
8987/95)145
9. Fases da licitação:

144
Art. 31. Nas licitações para concessão e permissão de serviços públicos ou uso de bem público, os
autores ou responsáveis economicamente pelos projetos básico ou executivo podem participar,
direta ou indiretamente, da licitação ou da execução de obras ou serviços.

145
Art. 17. Considerar-se-á desclassificada a proposta que, para sua viabilização, necessite de
vantagens ou subsídios que não estejam previamente autorizados em lei e à disposição de todos
os concorrentes.
§ 1o Considerar-se-á, também, desclassificada a proposta de entidade estatal alheia à esfera
político-administrativa do poder concedente que, para sua viabilização, necessite de vantagens ou
subsídios do poder público controlador da referida entidade.
§ 2o Inclui-se nas vantagens ou subsídios de que trata este artigo, qualquer tipo de tratamento
tributário diferenciado, ainda que em consequência da natureza jurídica do licitante, que
comprometa a isonomia fiscal que deve prevalecer entre todos os concorrentes.

185
a. Regra: primeiro habilitação e depois
julgamento, porém há permissão de
inversão da ordem.
10. Consórcios (artigo 19 e 20, da Lei 8987/95)146
11. Procedimento de manifestação de interesses é
possível
● Enunciado 1, da I Jornada de Direito
Administrativo CJF147
12. Cláusulas obrigatórias do contrato (artigo 23, da Lei
8987/95)
Art. 23. São cláusulas essenciais do contrato de
concessão as relativas:
I - ao objeto, à área e ao prazo da concessão;
II - ao modo, forma e condições de prestação do
serviço;
III - aos critérios, indicadores, fórmulas e
parâmetros definidores da qualidade do serviço;

146
Art. 19. Quando permitida, na licitação, a participação de empresas em consórcio,
observar-se-ão as seguintes normas:
I - comprovação de compromisso, público ou particular, de constituição de consórcio, subscrito
pelas consorciadas;
II - indicação da empresa responsável pelo consórcio;
III - apresentação dos documentos exigidos nos incisos V e XIII do artigo anterior, por parte de cada
consorciada;
IV - impedimento de participação de empresas consorciadas na mesma licitação, por intermédio
de mais de um consórcio ou isoladamente.
§ 1o O licitante vencedor fica obrigado a promover, antes da celebração do contrato, a constituição
e registro do consórcio, nos termos do compromisso referido no inciso I deste artigo.
§ 2o A empresa líder do consórcio é a responsável perante o poder concedente pelo cumprimento
do contrato de concessão, sem prejuízo da responsabilidade solidária das demais consorciadas.

Art. 20. É facultado ao poder concedente, desde que previsto no edital, no interesse do serviço a
ser concedido, determinar que o licitante vencedor, no caso de consórcio, se constitua em empresa
antes da celebração do contrato.

147
Enunciado 1: Autorização para apresentação de projetos, levantamentos, investigações ou
estudos no âmbito do Procedimento de Manifestação de Interesse, quando concedida mediante
restrição ao número de participantes, deve se dar por meio de seleção imparcial dos interessados,
com ampla publicidade e critérios objetivos.

186
IV - ao preço do serviço e aos critérios e
procedimentos para o reajuste e a revisão das
tarifas;
V - aos direitos, garantias e obrigações do poder
concedente e da concessionária, inclusive os
relacionados às previsíveis necessidades de futura
alteração e expansão do serviço e consequente
modernização, aperfeiçoamento e ampliação dos
equipamentos e das instalações;
VI - aos direitos e deveres dos usuários para
obtenção e utilização do serviço;
VII - à forma de fiscalização das instalações, dos
equipamentos, dos métodos e práticas de
execução do serviço, bem como a indicação dos
órgãos competentes para exercê-la;
VIII - às penalidades contratuais e administrativas a
que se sujeita a concessionária e sua forma de
aplicação;
IX - aos casos de extinção da concessão;
X - aos bens reversíveis;
XI - aos critérios para o cálculo e a forma de
pagamento das indenizações devidas à
concessionária, quando for o caso;
XII - às condições para prorrogação do contrato;
XIII - à obrigatoriedade, forma e periodicidade da
prestação de contas da concessionária ao poder
concedente;
XIV - à exigência da publicação de demonstrações
financeiras periódicas da concessionária; e
XV - ao foro e ao modo amigável de solução das
divergências contratuais.

187
Parágrafo único. Os contratos relativos à concessão
de serviço público precedido da execução de obra
pública deverão, adicionalmente:
I - estipular os cronogramas físico-financeiros de
execução das obras vinculadas à concessão; e
II - exigir garantia do fiel cumprimento, pela
concessionária, das obrigações relativas às obras
vinculadas à concessão.
13. O prazo do contrato é estabelecido pela lei que
autorizou a delegação.
14. O contrato de concessão poderá prever o emprego
de mecanismos privados para resolução de
disputas decorrentes ou relacionadas ao contrato.
15. Prorrogação do contrato
a. Não pode ser feita por meio de lei, segundo
o STF, devendo ser mediante decisão do
Poder Administrativo, sendo tal decisão
discricionária, de modo que não há direito
subjetivo do particular.
b. Deve haver a prorrogação quando o contrato
estiver sendo encerrado
16. Responsabilidade do contratado (caráter pessoal
dos contratos): a lei determina que o contratado
executa por sua conta e risco. Porém, já se
vislumbra a matriz de riscos, de modo que a
Administração fica responsável por determinados
riscos e o particular por outros riscos.
a. A concessionária pode contratar terceiros
para realizar atividades acessórias, porém
não pode substitui-la (artigo 25, da Lei

188
8987/95)148. Nesse caso, essa relação entre
concessionária e terceiro é de direito privado,
não havendo relação jurídica entre
Administração Pública e o terceiro.
b. Subconcessão: contratação de um terceiro
para realização de parcela do objeto da
concessão, devendo haver: (I) previsão
contratual (II) autorização da Administração
Pública (III) realização de licitação pela
Administração Pública na modalidade
concorrência.149 Artigo 26, da Lei 8987/95150. A
subconcessionária será sub-rogada nos
direitos e obrigações da subconcedente,
inclusive se responsabilizando pelas
obrigações e sendo detentores dos direitos
relativos a parte da subconcessão.
c. Transferência da concessão: é a cessão da
posição contratual para um terceiro,
havendo uma alteração subjetiva do
contrato. Necessita de autorização do Poder

148
Art. 25. Incumbe à concessionária a execução do serviço concedido, cabendo-lhe responder por
todos os prejuízos causados ao poder concedente, aos usuários ou a terceiros, sem que a
fiscalização exercida pelo órgão competente exclua ou atenue essa responsabilidade.
§ 1o Sem prejuízo da responsabilidade a que se refere este artigo, a concessionária poderá
contratar com terceiros o desenvolvimento de atividades inerentes, acessórias ou complementares
ao serviço concedido, bem como a implementação de projetos associados. (Vide ADC 57)
§ 2o Os contratos celebrados entre a concessionária e os terceiros a que se refere o parágrafo
anterior reger-se-ão pelo direito privado, não se estabelecendo qualquer relação jurídica entre os
terceiros e o poder concedente.
§ 3o A execução das atividades contratadas com terceiros pressupõe o cumprimento das normas
regulamentares da modalidade do serviço concedido.

149
Questiona-se: Poderia haver o diálogo competitivo?
Para fins de prova, adotar o que está escrito na lei que é o fato de que não está previsto o diálogo
competitivo.

150
Art. 26. É admitida a subconcessão, nos termos previstos no contrato de concessão, desde que
expressamente autorizada pelo poder concedente.
§ 1o A outorga de subconcessão será sempre precedida de concorrência
§ 2o O subconcessionário se sub-rogará todos os direitos e obrigações da subconcedente dentro
dos limites da subconcessão.

189
concedente151. Os novos sujeitos precisam
preencher os requisitos e se
comprometerem a cumprir as cláusulas
contratuais.
d. Transferência do controle acionário: não há
alteração subjetiva do contrato. A pessoa
jurídica sofrerá uma alteração no controle
acionário. Necessita de autorização do Poder
concedente152. Os novos sujeitos precisam
preencher os requisitos e se
comprometerem a cumprir as cláusulas
contratuais.
e. Assunção do controle ou da administração
temporária da concessionária por seus
financiadores e garantidores (artigo 27-A, da
Lei 8987/95)
f. Vantagens concedidas às concessionárias
quando vai buscar um financiamento:
● Artigo 28 e 28-A, da Lei 8987/95.
g. Concessionária pode fixar responsável pelos
atos de execução da desapropriação
h. É de responsabilidade do Poder concedente
homologar os reajustes e promover as
revisões
i. A concessionária deve permitir a livre
fiscalização

151
Se não tiver autorização, terá caducidade do contrato.

152
Se não tiver autorização, terá caducidade do contrato.

190
j. A concessionária deve prestar serviço
adequado (artigo 6º, §1º, da Lei 8987/95)153
vii. Direito dos usuários (artigo 7º e 7º-A, da Lei 8987/95)
Art. 7º. Sem prejuízo do disposto na Lei no 8.078, de 11 de
setembro de 1990, são direitos e obrigações dos usuários:
I - receber serviço adequado;
II - receber do poder concedente e da concessionária
informações para a defesa de interesses individuais ou
coletivos;
III - obter e utilizar o serviço, com liberdade de escolha
entre vários prestadores de serviços, quando for o caso,
observadas as normas do poder concedente
IV - levar ao conhecimento do poder público e da
concessionária as irregularidades de que tenham
conhecimento, referentes ao serviço prestado;
V - comunicar às autoridades competentes os atos ilícitos
praticados pela concessionária na prestação do serviço;
VI - contribuir para a permanência das boas condições
dos bens públicos através dos quais lhes são prestados
os serviços.
Art. 7º-A. As concessionárias de serviços públicos, de
direito público e privado, nos Estados e no Distrito
Federal, são obrigadas a oferecer ao consumidor e ao
usuário, dentro do mês de vencimento, o mínimo de seis
datas opcionais para escolherem os dias de vencimento
de seus débitos
viii. Prerrogativas do poder concedente

153
Art. 6o Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado ao pleno
atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas pertinentes e no
respectivo contrato.
§ 1o Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência,
segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas.

191
1. Alteração unilateral do contrato, havendo o
reequilíbrio econômico-financeiro
2. Extinção do contrato
3. Fiscalização do contrato (artigo 30, da Lei
8987/95)154
a. Permanente: feita por intermédio de órgão
técnico do poder concedente ou por
entidade com ele conveniada
b. Periódica: realizada por comissão composta
de representantes do poder concedente, da
concessionária e dos usuários.
4. Possibilidade de aplicação de sanções
5. Intervenção da Administração (artigo 32-34, da Lei
8987/95)155
● Intervenção ocorre mediante
decreto que irá definir o

154
Art. 30. No exercício da fiscalização, o poder concedente terá acesso aos dados relativos à
administração, contabilidade, recursos técnicos, econômicos e financeiros da concessionária.

Parágrafo único. A fiscalização do serviço será feita por intermédio de órgão técnico do poder
concedente ou por entidade com ele conveniada, e, periodicamente, conforme previsto em norma
regulamentar, por comissão composta de representantes do poder concedente, da concessionária
e dos usuários.

155
Art. 32. O poder concedente poderá intervir na concessão, com o fim de assegurar a adequação
na prestação do serviço, bem como o fiel cumprimento das normas contratuais, regulamentares e
legais pertinentes.
Parágrafo único. A intervenção far-se-á por decreto do poder concedente, que conterá a
designação do interventor, o prazo da intervenção e os objetivos e limites da medida.

Art. 33. Declarada a intervenção, o poder concedente deverá, no prazo de trinta dias, instaurar
procedimento administrativo para comprovar as causas determinantes da medida e apurar
responsabilidades, assegurado o direito de ampla defesa.

§ 1o Se ficar comprovado que a intervenção não observou os pressupostos legais e regulamentares


será declarada sua nulidade, devendo o serviço ser imediatamente devolvido à concessionária,
sem prejuízo de seu direito à indenização.

§ 2o O procedimento administrativo a que se refere o caput deste artigo deverá ser concluído no
prazo de até cento e oitenta dias, sob pena de considerar-se inválida a intervenção.

Art. 34. Cessada a intervenção, se não for extinta a concessão, a administração do serviço será
devolvida à concessionária, precedida de prestação de contas pelo interventor, que responderá
pelos atos praticados durante a sua gestão.

192
interventor, prazos, objetivos e
limites.
● Intervenção ocorre sem
contraditório e ampla defesa,
porém, depois da intervenção,
tem que se instaurar um
procedimento para verificar se a
intervenção foi regular.
● Deve ser concluído no prazo
máximo de 180 dias.
ix. Impossibilidade da oposição do contrato não cumprido
pelo particular (artigo 39, da Lei 8987/95156): O contrato
de concessão poderá ser rescindido por iniciativa da
concessionária, no caso de descumprimento das normas
contratuais pelo poder concedente, mediante ação
judicial especialmente intentada para esse fim. Na
hipótese prevista, os serviços prestados pela
concessionária não poderão ser interrompidos ou
paralisados, até a decisão judicial transitada em julgado.
x. Remuneração das concessionárias: em regra, a
remuneração ocorre por meio do pagamento de tarifas
relativas ao uso do serviço. Porém, excepcionalmente
pode comprar uma tarifa básica, independente do uso
do serviço (Súmula 356 STJ)157
1. Não pode subordinar as tarifas à lei anterior;
2. Não pode condicionar a tarifa à existência de
serviço público alternativo e gratuito.
156
Art. 39. O contrato de concessão poderá ser rescindido por iniciativa da concessionária, no caso
de descumprimento das normas contratuais pelo poder concedente, mediante ação judicial
especialmente intentada para esse fim.
Parágrafo único. Na hipótese prevista no caput deste artigo, os serviços prestados pela
concessionária não poderão ser interrompidos ou paralisados, até a decisão judicial transitada em
julgado.

157
É legítima a cobrança da tarifa básica pelo uso dos serviços de telefonia fixa

193
3. Receitas alternativas: garante a modicidade das
tarifas. Artigo 11, da Lei 8987/95158
a. Pode ter subvenção do poder concedente de
maneira a promover a modicidade das
tarifas, desde que tenha previsão em lei.
Artigo 35, da Lei 9074.159
4. O aumento do imposto de renda não implica o
reequilíbrio econômico financeiro do contrato.
xi. Métodos de revisão contratual:
1. Revisão do valor da tarifa;
2. Redução dos encargos da concessionária;
3. Redução dos investimentos da concessionária;
4. Prorrogação do contrato da concessão.
5. Vantagens ou subvenções pagas pelo próprio
poder públicos
xii. Possibilidade de controle das tarifas pelo Poder
Judiciário

158
Art. 11. No atendimento às peculiaridades de cada serviço público, poderá o poder concedente
prever, em favor da concessionária, no edital de licitação, a possibilidade de outras fontes
provenientes de receitas alternativas, complementares, acessórias ou de projetos associados, com
ou sem exclusividade, com vistas a favorecer a modicidade das tarifas, observado o disposto no
art. 17 desta Lei.
Parágrafo único. As fontes de receita previstas neste artigo serão obrigatoriamente consideradas
para a aferição do inicial equilíbrio econômico-financeiro do contrato.

159
Art. 35. A estipulação de novos benefícios tarifários pelo poder concedente, fica condicionada à
previsão, em lei, da origem dos recursos ou da simultânea revisão da estrutura tarifária do
concessionário ou permissionário, de forma a preservar o equilíbrio econômico-financeiro do
contrato.
Parágrafo único. A concessão de qualquer benefício tarifário somente poderá ser atribuída a uma
classe ou coletividade de usuários dos serviços, vedado, sob qualquer pretexto, o benefício singular.

194
1. Jurisprudência (RESP 1.171.815160): o Poder Judiciário
não tem o conhecimento técnico necessário para
dispor acerca de revisão tarifária em que foram
utilizados critérios técnicos pela Administração
Pública. O Poder Judiciário somente verifica
questões de legalidade do contrato.
xiii. Extinção do contrato de concessão
Modalidades de extinção:
1. Advento do termo contratual
2. Encampação: extinção do contrato por interesse
público, de modo que necessita de lei autorizativa.
A extinção ocorre mediante decreto e somente
após o pagamento de indenização.
3. Caducidade: extinção por conta da inexecução
contratual da concessionária. Ocorre mediante
decreto e, se for o caso de indenização, somente
ocorre depois da extinção.
a. Transferência da concessão ou controle
acionário sem autorização do poder
concedente: caducidade obrigatória.
4. Por inexecução contratual: caducidade
discricionária
5. Rescisão: ocorre por iniciativa do particular quando
a Administração deixa de cumprir suas obrigações.

160
ADMINISTRATIVO AÇÃO CIVIL PÚBLICA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO DE TELEFONIA DELIMITAÇÃO
DE "ÁREA LOCAL" PARA EFEITO DA COBRANÇA DE TARIFA INTERURBANA MUNICIPALIDADE
NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DOS CRITÉRIOS DEFINIDOS PELA AGÊNCIA REGULADORA. 1.
Não cabe ao Judiciário adentrar o mérito das normas e procedimentos regulatórios que
inspiraram a configuração das "áreas locais" para efeito de cobrança de tarifa interurbana,
porquanto se limitam a aspectos predominantemente técnicos, não necessariamente vinculados
à divisão político-geográfica do município. Além disso, uma vez estipulados, esses critérios têm o
efeito de propiciar aos interessados na prestação do serviço a análise da relação custo-benefício
que determinará as bases do contrato de concessão, cuja revisão a posteriori acarretará prejuízo
demasiado. Precedentes. 2. Recursos especiais providos.
(STJ - REsp: 1171815 PR 2009/0227862-4, Relator: Ministro CASTRO MEIRA, Data de Julgamento:
08/06/2010, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 18/06/2010)

195
Pode ocorrer de forma amigável ou por meio do
Poder Judiciário. Ainda, pode ocorrer mediante
pleito no juízo arbitral desde que convencionado. O
particular não pode opor a exceção do contrato
não cumprido, de modo que o particular não pode
deixar de prestar o serviço público mesmo que a
Administração esteja inadimplente.
6. Anulação: extinção por conta de vícios de
legalidade.
7. Extinção do contrato por falência ou extinção da
pessoa jurídica
8. Distrato: extinção por acordo das partes
9. Extinção por fatos decorrentes da teoria da
imprevisão.

Consequências da extinção
1. Indenização dos investimentos realizados em bens
reversíveis desde que os investimentos não
estejam amortizados ou depreciados.
a. Indenização somente é prévia no caso de
encampação;
b. Multas serão descontadas do valor da
indenização;
2. Reversão dos bens
3. Imediata assunção do serviço público pelo poder
concedente

196
l. Parcerias-público privadas ( Lei 11.079/94)
i. Diretrizes (artigo 4º)161
ii. Modalidades
1. PPP patrocinada:
a. Há a remuneração por meio de tarifa paga
pelo usuário e orçamentos e outras
modalidades de contraprestação estatal.162
b. Lei 8987 aplica de forma subsidiária
c. Nas concessões patrocinadas em que mais
de 70% da remuneração do parceiro privado
for ser paga pela Administração será
precedida de autorização legislativa
específica.
2. PPP administrativa
a. Há remuneração somente por meio de
orçamento ou outra modalidade de
contraprestação estatal.
b. A Administração Pública é a usuária direta
ou indireta dos serviços.
c. Somente alguns dispositivos da Lei 8987
aplicam de forma subsidiária.
iii. Disposições específicas das parcerias público privadas
1. Valor mínimo: 10 milhões de reais;
2. Prazo mínimo de 5 anos e prazo máximo de 25
anos
161
Art. 4º Na contratação de parceria público-privada serão observadas as seguintes diretrizes:
I – eficiência no cumprimento das missões de Estado e no emprego dos recursos da sociedade;
II – respeito aos interesses e direitos dos destinatários dos serviços e dos entes privados incumbidos
da sua execução;
III – indelegabilidade das funções de regulação, jurisdicional, do exercício do poder de polícia e de
outras atividades exclusivas do Estado;
IV – responsabilidade fiscal na celebração e execução das parcerias;
V – transparência dos procedimentos e das decisões;
VI – repartição objetiva de riscos entre as partes;
VII – sustentabilidade financeira e vantagens socioeconômicas dos projetos de parceria.

162
Na concessão comum, não há orçamento público.

197
3. Não cabe como objeto único, o fornecimento de
mão de obra, o fornecimento e instalação de
equipamentos ou execução de obra pública.
iv. Licitações
1. Realizada da modalidade concorrência ou diálogo
competitivo.
2. Artigo 10, da Lei 11.079/04
v. Necessidade de instituição de sociedade de propósitos
específicos antes da celebração do contrato (artigo 9º, da
Lei 11.079/04)163
1. Fica vedado à Administração Pública ser titular da
maioria do capital votante das sociedades de
propósitos específicos, porém isso não impede a
eventual aquisição da maioria do capital votante
da sociedade de propósito específico por
instituição financeira controlada pelo Poder
Público em caso de inadimplemento de contratos
de financiamento.
vi. Contratos de parceria público privada
1. Reajuste ocorre de forma automática, exceto se a
Administração Pública publicar na imprensa

163
Art. 9º Antes da celebração do contrato, deverá ser constituída sociedade de propósito
específico, incumbida de implantar e gerir o objeto da parceria.
§ 1º A transferência do controle da sociedade de propósito específico estará condicionada à
autorização expressa da Administração Pública, nos termos do edital e do contrato, observado o
disposto no parágrafo único do art. 27 da Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995.

§ 2º A sociedade de propósito específico poderá assumir a forma de companhia aberta, com


valores mobiliários admitidos a negociação no mercado.

§ 3º A sociedade de propósito específico deverá obedecer a padrões de governança corporativa e


adotar contabilidade e demonstrações financeiras padronizadas, conforme regulamento.

§ 4º Fica vedado à Administração Pública ser titular da maioria do capital votante das sociedades
de que trata este Capítulo.

§ 5º A vedação prevista no § 4º deste artigo não se aplica à eventual aquisição da maioria do


capital votante da sociedade de propósito específico por instituição financeira controlada pelo
Poder Público em caso de inadimplemento de contratos de financiamento.

198
oficial, onde houver, até o prazo de 15 (quinze) dias
após apresentação da fatura, razões
fundamentadas nesta Lei ou no contrato para a
rejeição da atualização.

Art. 5º , da Lei 11.079/04. As cláusulas dos contratos de parceria


público-privada atenderão ao disposto no art. 23 da Lei nº
8.987, de 13 de fevereiro de 1995, no que couber, devendo
também prever:

I – o prazo de vigência do contrato, compatível com a


amortização dos investimentos realizados, não inferior a 5
(cinco), nem superior a 35 (trinta e cinco) anos, incluindo
eventual prorrogação;

II – as penalidades aplicáveis à Administração Pública e ao


parceiro privado em caso de inadimplemento contratual,
fixadas sempre de forma proporcional à gravidade da falta
cometida, e às obrigações assumidas;

III – a repartição de riscos entre as partes, inclusive os


referentes a caso fortuito, força maior, fato do príncipe e álea
econômica extraordinária;

IV – as formas de remuneração e de atualização dos valores


contratuais;

V – os mecanismos para a preservação da atualidade da


prestação dos serviços

VI – os fatos que caracterizem a inadimplência pecuniária do


parceiro público, os modos e o prazo de regularização e,
quando houver, a forma de acionamento da garantia

VII – os critérios objetivos de avaliação do desempenho do


parceiro privado;

199
VIII – a prestação, pelo parceiro privado, de garantias de
execução suficientes e compatíveis com os ônus e riscos
envolvidos, observados os limites dos §§ 3º e 5º do art. 56 da Lei
nº 8.666, de 21 de junho de 1993, e, no que se refere às
concessões patrocinadas, o disposto no inciso XV do art. 18 da
Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995 ;

IX – o compartilhamento com a Administração Pública de


ganhos econômicos efetivos do parceiro privado decorrentes
da redução do risco de crédito dos financiamentos utilizados
pelo parceiro privado;

X – a realização de vistoria dos bens reversíveis, podendo o


parceiro público reter os pagamentos ao parceiro privado, no
valor necessário para reparar as irregularidades eventualmente
detectadas.

XI - o cronograma e os marcos para o repasse ao parceiro


privado das parcelas do aporte de recursos, na fase de
investimentos do projeto e/ou após a disponibilização dos
serviços, sempre que verificada a hipótese do § 2º do art. 6º
desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.766, de 2012)

§ 1º As cláusulas contratuais de atualização automática de


valores baseadas em índices e fórmulas matemáticas, quando
houver, serão aplicadas sem necessidade de homologação
pela Administração Pública, exceto se esta publicar, na
imprensa oficial, onde houver, até o prazo de 15 (quinze) dias
após apresentação da fatura, razões fundamentadas nesta Lei
ou no contrato para a rejeição da atualização.

§ 2º Os contratos poderão prever adicionalmente:

I - os requisitos e condições em que o parceiro público


autorizará a transferência do controle ou a administração

200
temporária da sociedade de propósito específico aos seus
financiadores e garantidores com quem não mantenha vínculo
societário direto, com o objetivo de promover a sua
reestruturação financeira e assegurar a continuidade da
prestação dos serviços, não se aplicando para este efeito o
previsto no inciso I do parágrafo único do art. 27 da Lei nº 8.987,
de 13 de fevereiro de 1995 ; (Redação dada pela Lei nº
13.097, de 2015)

II – a possibilidade de emissão de empenho em nome dos


financiadores do projeto em relação às obrigações pecuniárias
da Administração Pública;

III – a legitimidade dos financiadores do projeto para receber


indenizações por extinção antecipada do contrato, bem como
pagamentos efetuados pelos fundos e empresas estatais
garantidores de parcerias público-privadas.

2. A Administração Pública pode conceder


garantias164
3. Contraprestação da Administração Pública:
somente ocorre após a disponibilização do serviço,
porém é facultado à administração pública, nos
termos do contrato, efetuar o pagamento da
contraprestação relativa a parcela fruível do serviço
objeto do contrato de parceria público-privada.

164
Art. 8º, da Lei 11.079/04. As obrigações pecuniárias contraídas pela Administração Pública em
contrato de parceria público-privada poderão ser garantidas mediante:
I – vinculação de receitas, observado o disposto no inciso IV do art. 167 da Constituição Federal ;
II – instituição ou utilização de fundos especiais previstos em lei;
III – contratação de seguro-garantia com as companhias seguradoras que não sejam controladas
pelo Poder Público;
IV - garantia prestada por organismos internacionais ou instituições financeiras; (Redação dada
pela Lei nº 14.227, de 2021)
V – garantias prestadas por fundo garantidor ou empresa estatal criada para essa finalidade;
VI – outros mecanismos admitidos em lei.

201
4. Aporte de recurso: transferência antecipada dos
recursos para o parceiro privado para investimento
sob a forma de subvenção, de modo que não
incide os tributos previstos em uma remuneração
antecipada, sendo uma exceção à regra de
pagamento de contraprestação somente após a
disponibilização dos serviços. O aporte de recurso
deve estar previsto no edital de licitação ou em lei
específica. (artigo 6º, §2º e §3º, da Lei 11.079/04)165.
● Por ocasião da extinção do contrato, o
parceiro privado não receberá indenização
pelas parcelas de investimentos vinculados a
bens reversíveis ainda não amortizadas ou
depreciadas, quando tais investimentos
houverem sido realizados com valores
provenientes do aporte de recursos.
vii. Disposições aplicáveis apenas à União
1. Órgão gestor de PPP.
2. Fundo Garantidor de PPPs.
m. Autorização de serviços públicos
i. A maior parte da doutrina admite, não sendo a
autorização concedida pelo Poder de Polícia. A
Administração Pública delega a execução de um serviço
público exclusivo do Estado ao particular.
165
§ 2º O contrato poderá prever o aporte de recursos em favor do parceiro privado para a
realização de obras e aquisição de bens reversíveis, nos termos dos incisos X e XI do caput do art. 18
da Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, desde que autorizado no edital de licitação, se contratos
novos, ou em lei específica, se contratos celebrados até 8 de agosto de 2012. (Incluído pela Lei
nº 12.766, de 2012)
§ 3º O valor do aporte de recursos realizado nos termos do § 2º poderá ser excluído da
determinação: (Incluído pela Lei nº 12.766, de 2012)
I - do lucro líquido para fins de apuração do lucro real e da base de cálculo da Contribuição Social
sobre o Lucro Líquido - CSLL; e (Incluído pela Lei nº 12.766, de 2012)
II - da base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento
da Seguridade Social - COFINS. (Incluído pela Lei nº 12.766, de 2012)
III - da base de cálculo da Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta - CPRB devida pelas
empresas referidas nos arts. 7º e 8º da Lei nº 12.546, de 14 de dezembro de 2011, a partir de 1º de
janeiro de 2015. (Incluído pela Lei nº 13.043, de 2014) Vigência

202
ii. Ocorre por meio de um termo de autorização.
iii. Precária
iv. Ocorre em duas hipóteses:
1. Quando prestado por um grupo específico de
usuários em benefício próprio
2. Situação especiais e transitórias
n. Relicitação e prorrogação (Lei 13448/17)
i. Somente irá ocorrer nos setores rodoviário, ferroviário e
aeroportuário.
ii. Conceito de relicitação: extinção da concessão do
serviço público para fazer uma nova licitação. Essa
extinção pode ser requerida pelo particular quando
verifica que não terá condições de prestar o serviço.
iii. Conceito de prorrogação: alteração do prazo de vigência
do contrato de parceria, quando expressamente
admitida a prorrogação contratual no respectivo edital
ou no instrumento contratual original, realizada a critério
do órgão ou da entidade competente e de comum
acordo com o contratado, produzindo efeitos antes do
término da vigência do ajuste.
iv. É um ato discricionário.

203
20. Agentes públicos
a. Conceito de agente público
● Engloba qualquer pessoa que possua vínculo com a
Administração Pública mesmo que de forma transitória e
não envolva remuneração. Exemplo: mesário, estagiário e
trabalhador voluntário é agente público.
● Artigo 2º, Lei de improbidade Administrativa166
b. Agente público de fato ou de direito
● De fato: investido em cargo público, porém de forma
irregular.
● De direito: agente investido de forma regular
c. Cargo e emprego público
● Cargo: conjunto de atribuições/competências previstas na
estrutura organizatória e cometidas a um servidor público
sob regime estatutário (efetivo, comissionado e vitalício)
i. Efetivo: adquire estabilidade
ii. Comissionado: sem estabilidade. Há livre
exoneração sem motivação
iii. Vitalício: cargos específicos de envergadura
constitucional, havendo uma noção mais forte de
permanência
iv. Cargo de carreira: há a possibilidade de mudar de
carreira
v. Cargo isolado: não há variação de nível do cargo
● Emprego: conjunto de atribuições previstas na estrutura da
Administração Pública, estando cometido ao empregado
público que está sob o regime da CLT.

166
Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda que
transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou
qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas
entidades mencionadas no artigo anterior.

204
d. Função pública
● atribuição solta na Administração Pública, sendo atribuída a
uma pessoa já integrante de cargo público.
e. Criação e extinção de cargo público
● Precisa de lei específica
i. Exceções:
▪ Extinção de cargo público quando vagos 🡪
decreto autônomo do Presidente da
República
● Iniciativa de lei
i. Cargos do Poder Executivo: competência do chefe
do Poder Executivo
ii. Cargos do Poder Legislativo: mesas do Poder
Legislativo respectivo.
▪ Pode criar cargos públicos por meio de
ato/resolução. Porém, a remuneração precisa
ser por meio de lei.
iii. Cargos do Poder Judiciário: chefe do Poder
Judiciário (Presidente do Tribunal)
iv. Emprego público de empresa estatal: não precisa
de lei para tanto
f. Regimes jurídicos dos agentes públicos
● Estatutário: regido por lei e vincula os servidores públicos
estatutários (efetivos, comissionados e vitalícios). Nesse
contexto, cada ente federado estabelece uma lei fixando
seu respectivo regime estatutário. O vínculo é legal, de
modo que assina um termo de posse que irá estabelecer o
vínculo jurídico com a Administração Pública (não é a
nomeação que estabelece o vínculo).
i. Competência: Justiça Comum

205
● Celetista: regime dos empregados públicos regido pela CLT.
O vínculo é contratual (assinatura da carteira de trabalho)
i. Competência: Justiça trabalhista
● Especial: aplica aos empregados temporários. Vínculo
jurídico é estabelecido por meio de contrato que possui
natureza de direito público.
i. Competência: Justiça comum
● Regime jurídico único
i. Cada ente deve estabelecer um regime jurídico
único aos agentes públicos. A doutrina estabeleceu
que as pessoas jurídicas de direito público
deveriam ser servidores estatutários. EC 19 trouxe a
reforma administrativa extinguindo esse regime
jurídico único. Assim, os entes federados poderiam
ter agentes públicos tanto estatutários quanto
celetistas, sendo cada carreira de um regime
jurídico.
ii. STF (ADI 2135) em uma medida cautelar
suspendeu a redação dada pela EC 19, de modo
que voltou o regime jurídico único (artigo 39,
CF/88). Porém, a medida cautelar tem efeito ex
nunc, de modo que durante a vigência da EC 19 até
a suspensão houve um período que poderia
conviver mais de um regime jurídico. Assim, foi
criada uma lei 9962/00, de modo que, para os
agentes públicos regidos por essa lei, continuaria o
válido o regime desses agentes públicos
contratados no intervalo citado.
g. Agentes públicos (classificação-espécies)
i. Agentes Públicos de direito

206
ii. Agente político: função diretiva do Estado (declarar
guerra, celebrar acordo de paz, definir políticas
públicas)
▪ 1ª corrente (ampliativa): engloba todas as
carreiras de envergadura constitucional
▪ 2ª corrente: somente os chefes do poder
executivo e legislativo integram essa
categoria
▪ STF: é integrada pelos chefes do poder
executivo e legislativo, membros do MP e
membros do Poder Judiciário
⇒ Observação: membros dos
Tribunais de Contas não
são
iii. Servidor público em sentido amplo
▪ Servidores públicos estatutários
⇒ Efetivos/vitalícios: depende
de concurso público (em
regra, os vitalícios
também, mas há exceções:
ministros do STF.167
⇒ Comissionados: não
precisa de concurso
público. Podem ser
exonerados ad nutum.
Somente pode criar cargo
público em comissão para
cargos de chefia, direção e
assessoramento. A
167
Atenção a essa jurisprudência relacionada ao tema servidores efetivos:
" Viola o art. 40, caput e § 13, da Constituição Federal, a instituição, por meio de lei estadual, de um
regime previdenciário específico para os agentes públicos não titulares de cargos efetivos"
STF. Plenário. ADI 7198/PA, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 28/10/2022 (Info 1074).

207
nomeação é livre, porém
não é arbitrária, de modo
que não pode haver
nepotismo (não pode
nomear parentes até 3º
grau da autoridade
nomeante, exceto no caso
de cargo político).
i. Deve haver um percentual
mínimo que será ocupado por
servidores de carreira (artigo 37,
II e V, CF/88; ADI 3602; RE
1041210168).
ii. Cargo em comissão pode ser
ocupado por qualquer particular.
Função de confiança somente
serão cometidas a alguém que
ocupa cargo público.
168
Criação de cargos em comissão. Requisitos estabelecidos pela Constituição Federal. Estrita
observância para que se legitime o regime excepcional de livre nomeação e exoneração.
Repercussão geral reconhecida. Reafirmação da jurisprudência da Corte sobre o tema.
1. A criação de cargos em comissão é exceção à regra de ingresso no serviço público mediante
concurso público de provas ou provas e títulos e somente se justifica quando presentes os
pressupostos constitucionais para sua instituição.
2. Consoante a jurisprudência da Corte, a criação de cargos em comissão pressupõe: a) que os
cargos se destinem ao exercício de funções de direção, chefia ou assessoramento, não se
prestando ao desempenho de atividades burocráticas, técnicas ou operacionais; b) necessária
relação de confiança entre a autoridade nomeante e o servidor nomeado; c) que o número de
cargos comissionados criados guarde proporcionalidade com a necessidade que eles visam suprir
e com o número de servidores ocupantes de cargos efetivos no ente federativo que os institui; e d)
que as atribuições dos cargos em comissão estejam descritas de forma clara e objetiva na própria
lei que os cria.
3. Há repercussão geral da matéria constitucional aventada, ratificando-se a pacífica
jurisprudência do Tribunal sobre o tema. Em consequência disso, nega-se provimento ao recurso
extraordinário.
Fixada a seguinte tese: a) A criação de cargos em comissão somente se justifica para o exercício de
funções de direção, chefia e assessoramento, não se prestando ao desempenho de atividades
burocráticas, técnicas ou operacionais; b) tal criação deve pressupor a necessária relação de
confiança entre a autoridade nomeante e o servidor nomeado; c) o número de cargos
comissionados criados deve guardar proporcionalidade com a necessidade que eles visam suprir e
com o número de servidores ocupantes de cargos efetivos no ente federativo que os criar; e d) as
atribuições dos cargos em comissão devem estar descritas, de forma clara e objetiva, na própria lei
que os instituir.

208
iii. STF: pressupõe relação de
confiança entre nomeante e
nomeado.
iv. STF: o número de cargo
comissionado precisa guardar
proporcionalidade com o
número de cargos públicos
efetivos.
iv. Servidores públicos celetista (empregados
públicos): não possuem estabilidade. Podem ser
demitidos por qualquer coisa.
⇒ Precisa de motivação?
◊ STF (RE 589998)
entendeu que
precisava de
motivação, em
primeiro plano.
Porém, depois o STF
decidiu que essa
motivação deveria
ser somente
relacionada aos
correios.

⇒ Exceção da regra
“servidores públicos
celetistas não possuem
estabilidade”:
◊ Os empregados
públicos que
completaram dois
anos de efetivo

209
exercício até a EC
19/98 adquiriram
estabilidade.
⇒ Impossibilidade acumular
empregos públicos fora
das hipóteses
constitucionais.
⇒ Empresas públicas e
sociedade de economia
mista devem submeter
seus empregados ao teto,
caso as empresas recebam
recursos financeiros
públicos.
⇒ Precisa de concurso
público
⇒ Atos submetidos ao
controle judicial
⇒ Submetem à Justiça
Trabalhista.
v. Servidores públicos temporários (regime especial-
artigo 37, IX, CF/88)169
⇒ Não celebram contrato de
trabalho e nem termo de
posse, mas contrato de
direito público.
⇒ Submetidos à Justiça
Comum.

169
IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a
necessidade temporária de excepcional interesse público; (Vide Emenda constitucional nº 106, de
2020)

210
⇒ Não se submetem ao
concurso público, mas a
um processo seletivo
objetivo e simplificado.
⇒ Não recebem verbas
trabalhistas (exemplo: 13º
salário, férias e pagamento
de 1/3 de férias). Tem
direito ao depósito do
FGTS. Possuem direitos
trabalhistas, se previstos
na lei de regime especial e
quando configurar
desvirtuamento da
contratação temporária
(exemplo: nulidade do
contrato temporária por
vício de legalidade).
⇒ A lei precisa prever casos
específicos de necessidade
específica. Não pode
prever situações genéricas.
(RE 658026)170.

170
Veja um trecho do julgado: “as regras que restringem o cumprimento desse dispositivo estão
previstas na Constituição Federal e devem ser interpretadas restritivamente. 3. O conteúdo jurídico
do art. 37, inciso IX, da Constituição Federal pode ser resumido, ratificando-se, dessa forma, o
entendimento da Corte Suprema de que, para que se considere válida a contratação temporária, é
preciso que: a) os casos excepcionais estejam previstos em lei; b) o prazo de contratação seja
predeterminado; c) a necessidade seja temporária; d) o interesse público seja excepcional; e) a
necessidade de contratação seja indispensável, sendo vedada a contratação para os serviços
ordinários permanentes do Estado, e que devam estar sob o espectro das contingências normais
da Administração.
(STF - RE: 658026 MG, Relator: DIAS TOFFOLI, Data de Julgamento: 09/04/2014, Tribunal Pleno,
Data de Publicação: 31/10/2014)

211
⇒ A necessidade de
contratação deve ser
indispensável.
⇒ É constitucional a
estipulação de quarentena
para poder contratar
novamente os agentes.
Porém, deve ser
interpretada de forma
restritiva (STJ).
vi. Agentes de saúde e de combate a endemias
⇒ Não precisa de concurso
público, mas necessita de
um processo seletivo
público.
vii. Empregado público em comissão
⇒ É possível, por meio de
uma interpretação
sistemática da
Constituição. Deve-se
observar a necessidade de
ocupar funções de direção,
chefia e assessoramento.
⇒ Não precisa de concurso.
⇒ É de livre nomeação e
exoneração (mesmo sem
justa causa).
⇒ Não tem direito a verbas
rescisórias decorrente da
dispensa imotivada,
somente ao depósito do

212
FGTS (jurisprudência do
TST)
viii. Particulares em colaboração: são particulares que
estão vinculados ao Poder Público de forma
transitória, recebendo ou não remuneração.
▪ Designados: a partir de convocação do
Poder Público. Ex: mesários, militares
conscritos, jurados.
▪ Voluntários: não recebem remuneração,
porém recebem indenização pelos gastos.
▪ Delegados: recebem delegação para serviços
públicos. Exemplo: notários e registradores
(concurso público de provas e títulos; artigo
236, §3º, CF/88)
▪ Credenciados: Ex: médico privado que atua
de forma credenciada com o SUS.
ix. Agentes públicos de fato
▪ Necessário: atua em emergência. Não
implica responsabilidade objetiva do Estado
▪ Putativo: atua em virtude de investidura
irregular. Responsabilidade objetiva do
Estado.

Ambos praticam atos que pela teoria da aparência


tem os efeitos mantidos em relação aos terceiros
de boa-fé.

Usurpação da função não mantém os efeitos dos


atos, configurando crime, não sendo uma
investidura.

213
h. Requisitos de acesso a cargo público e emprego
público
● Artigo 37, CF/88
i. Os requisitos devem ser estabelecidos em lei e
guardar pertinência com as atribuições. A regra é
que para os brasileiros é uma norma de eficácia
plena. Para os estrangeiros, é uma norma de
eficácia limitada (sem lei não pode acessar cargo
público). Os requisitos são:
⇒ Deve estar no gozo dos
direitos políticos;
⇒ Quitação com obrigações
militares;
⇒ Nível de escolaridade
exigido;
⇒ Aprovação em concurso
público.
● Quando deve comprovar os requisitos?
i. Súmula 266, STJ: O diploma ou habilitação legal
para o exercício do cargo deve ser exigido na posse
e não na inscrição para o concurso público.
▪ No caso de magistratura e ministério público,
deve comprovar no momento de inscrição
(STF)
▪ No caso de comprovação de idade máxima,
deve comprovar no momento de inscrição
do concurso público (STF)
i. Concurso público

214
i. Artigo 37, II171; §2º172, CF/88
ii. Conceito: processo administrativo para selecionar
os candidatos com base nas regras definidas na
Constituição, lei e edital.
iii. Súmula vinculante 43173
iv. STF: provimento de cargo sem concurso público
pode ser anulado a qualquer tempo, não
submetendo ao prazo de 5 anos.
v. STF: O provimento de cargo público com base em
decisão precária não pode ser mantido se a
decisão for revogada. Não pode invocar segurança
jurídica e proteção de confiança.
⇒ STJ (RE 608482; Ag REsp
883574):174 eventual
anulação de provimento
de cargo que gerar mais
prejuízos do que
benefícios pode não
importar em perda do
cargo.

171
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso
público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou
emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado
em lei de livre nomeação e exoneração; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

172
§ 2º A não observância do disposto nos incisos II e III implicará a nulidade do ato e a punição da
autoridade responsável, nos termos da lei.

173
É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem
prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a
carreira na qual anteriormente investido.

174
Veja um trecho da decisão, a seguir: Contudo, há uma solidificação de situações fáticas
ocasionada em razão do excessivo decurso de tempo entre o concurso de remoção e os dias
atuais, de maneira que, a reversão desse quadro implicaria inexoravelmente em danos
desnecessários e irreparáveis aos agravados.
(STJ - AREsp: 883574 MS 2016/0066963-3, Relator: Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Data de
Julgamento: 28/09/2017, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 19/10/2017)

215
vi. Servidor que perde o cargo por conta de
provimento irregular tem algum direito?
⇒ STJ (REsp 1806086175): Deve
recolher os valores do
depósito de FGTS durante
o tempo que prestou o
serviço irregular.
vii. Exceções à regra do concurso público
▪ Cargos comissionados;
▪ Agentes de saúde e combate a endemias;
▪ Ministro do STF;
▪ Ministros e conselheiros dos Tribunais de
Contas;
▪ Ministros do 1/5 constitucional;
▪ Combatentes que tenham efetivamente
participado na 2ª GM.
viii. Etapas do concurso público
▪ Pode alterar as datas das etapas do concurso
público para atender candidatos que
possuem escusas de consciência. Somente
pode fazer alteração se tiver razoabilidade,

175
Veja um trecho da decisão, a seguir: Também sob a sistemática da repercussão geral, a
Suprema Corte, ( RE 705.140/RS), firmou a seguinte tese: "A Constituição de 1988 comina de
nulidade as contratações de pessoal pela Administração Pública sem a observância das normas
referentes à indispensabilidade da prévia aprovação em concurso público ( CF, art. 37, § 2º), não
gerando, essas contratações, quaisquer efeitos jurídicos válidos em relação aos empregados
contratados, a não ser o direito à percepção dos salários referentes ao período trabalhado e, nos
termos do art. 19-A da Lei 8.036/90, ao levantamento dos depósitos efetuados no Fundo de
Garantia por Tempo de Serviço - FGTS". (...) Para o fim preconizado no art. 1.039 do CPC/2015,
firma-se a seguinte tese: "Os servidores efetivados pelo Estado de Minas Gerais submetidos ao
regime estatutário, por meio de dispositivo da LCE n. 100/2007, declarado posteriormente
inconstitucional pelo STF na ADI 4.876/DF, têm direito aos depósitos no FGTS referentes ao período
irregular de serviço prestado." 8. Hipótese em que o acórdão impugnado se encontra em
dissonância com o entendimento ora estabelecido, merecendo amparo a pretensão formulada,
com o reconhecimento do direito ao depósito dos valores relativos ao FGTS na conta vinculada da
parte recorrente. 9. Recurso Especial provido.
(STJ - REsp: 1806086 MG 2019/0097626-8, Relator: Ministro GURGEL DE FARIA, Data de Julgamento:
24/06/2020, S1 - PRIMEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 07/08/2020)

216
igualdade entre candidatos e ônus
proporcional.
ix. Prazo de validade do concurso público: até 2 anos
prorrogado por igual período. É um ato
discricionário
x. Cláusula de barreira: é constitucional (“somente os
100 primeiros candidatos vão para tal fase”).
xi. Previsão de concurso regionalizado: é
constitucional a previsão de concurso para área
específica.
xii. Fase de apresentação de títulos: somente pode
exigir títulos quando guardarem pertinência com
as atribuições do cargo. É meramente
classificatória essa fase, não sendo eliminatória.
Deve guardar proporcionalidade com as
pontuações da prova.
xiii. Curso de formação: pode ser fase de concurso
público ou pode ser depois da posse.
xiv. Alteração do edital: somente pode ocorrer quando
há legislação superveniente e se o concurso não
tiver sido concluído e homologado
xv. Direito de acesso a correções e recursos: deve
haver previsão no edital. Não há consenso se deve
mostrar o espelho de prova ou não (a
jurisprudência do STF fala que não tem
necessidade; o STJ possui entendimento que deve
mostrar o espelho ou razões de pontuações).
xvi. Controle judicial
▪ Entendimento acerca das questões do
concurso é mérito administrativo, devendo
prevalecer o entendimento da banca. O
Poder Judiciário não pode alterar gabarito de

217
questão, alegando possuir entendimento
diferente da banca. O Poder Judiciário pode
controlar vícios de legalidade, vícios de
procedimento (fraude) e conteúdo sem
correspondência com o previsto no edital.
⇒ STJ (REMS 49896): em caso
de grave erro no
enunciado, reconhecível
pela banca, haverá
flagrante ilegalidade. As
informações constantes no
espelho de prova são a
motivação do ato
administrativo.
⇒ Nulidade de um concurso
público leva à nulidade dos
atos dele atinentes.
xvii. Discriminações
▪ É possível estabelecer discriminações em
relação a um grupo de pessoas. Há as
seguintes discriminações legítimas:
i. Idade: deve estar previsto em lei
e deve guardar pertinência com
atribuições do cargo. (súmula
683 STF176). Ainda, a idade
mínima deve ser comprovada na
data da posse e a idade máxima
na data da inscrição.

176
O LIMITE DE IDADE PARA A INSCRIÇÃO EM CONCURSO PÚBLICO SÓ SE LEGITIMA EM FACE DO
ART. 7º, XXX, DA CONSTITUIÇÃO, QUANDO POSSA SER JUSTIFICADO PELA NATUREZA DAS
ATRIBUIÇÕES DO CARGO A SER PREENCHIDO.

218
ii. Pessoas com deficiência: a lei
estabelece o mínimo de cargos
para pessoas com deficiência.
➢ Visão monocular: concorre
como portador com
deficiência. Súmula 377
STJ177
➢ Surdez unilateral: não
concorre como portador
de deficiência.
iii. Cotas raciais (ADC 41178): 20% das
vagas para candidatos negros no
momento da inscrição em
concurso público (federal)179. Em
âmbito estadual e municipal,
será estipulada por cada ente
essa porcentagem.
iv. Idoso: não pode haver
discriminação. O primeiro critério
de desempate é ser idoso.
v. Tatuagem: não pode ser critério
discriminatório, exceto quando o
conteúdo da tatuagem viola
valores constitucionais.
vi. Aptidão física: deve haver: (I)
previsão em lei, (II) pertinência

177
O portador de visão monocular tem direito de concorrer, em concurso público, às vagas
reservadas aos deficientes.

178
Veja a tese de julgamento: “É constitucional a reserva de 20% das vagas oferecidas nos
concursos públicos para provimento de cargos efetivos e empregos públicos no âmbito da
administração pública direta e indireta. É legítima a utilização, além da autodeclaração, de
critérios subsidiários de heteroidentificação, desde que respeitada a dignidade da pessoa humana
e garantidos o contraditório e a ampla defesa”.

179
Pode criar critérios de autoidentificação em conjunto com heteroidentificação.

219
com as atribuições do cargo, (III)
ser pautada em critérios
objetivos e (IV) haver
possibilidade do recurso.
➢ A administração pública
não é obrigada a remarcar
a data do TAF por conta de
causas pessoais do
candidato.
➢ Se a candidata estiver
grávida no dia do TAF,
independente de previsão
no edital, deve remarcar a
data, porque a CF/88
protege a maternidade,
sendo o concurso uma
forma de garantir o acesso
da mulher ao mercado de
trabalho.
vii. Aptidão mental: deve haver: (I)
previsão em lei (súmula
vinculante 44), (II) ser pautada
em critério objetivo e científico e
(III) possibilidade de recurso.
◊ Se precisar entrar
com uma ação
judicial contra o
resultado, será
proposta contra o
ente federado e não
contra a banca.

220
viii. Atividade jurídica: depende de
cada carreira. No caso da
magistratura e MP, a
comprovação é na data da
inscrição. Os outros cargos são
na data da posse.
ix. Altura: deve guardar pertinência
com as atribuições do cargo.
x. Limitação de gênero: deve
guardar pertinência com as
atribuições do cargo.
xi. Idoneidade moral: não pode
impedir que o candidato seja
aprovado simplesmente por ter
sido aberto inquérito policial ou
estar ação penal em curso.
Ainda, o fato de o candidato ter o
nome negativado por conta de
dívidas não pode ser um
impedimento
xii. Tempo de serviço público: essa
discriminação é inconstitucional
xviii. Direito subjetivo à nomeação
▪ A simples aprovação não garante o direito
subjetivo à nomeação, porque a
Administração tem discricionariedade
quanto ao número de cargos e quanto ao
momento da nomeação (desde que dentro
do prazo de validade). Porém, há alguns
casos que fazem surgir o direito subjetivo:

221
i. Súmula 15 STF180: o prazo para
entrar com ação é do dia da
nomeação do candidato
preterido. Nesse caso, a ação
viável é o mandado de
segurança.
ii. Candidato nomeado dentro do
número de vagas: possuem
direito subjetivo. Porém, o prazo
para pleitear a nomeação é a
partir do vencimento do prazo
do concurso público (somente
surge o interesse após o prazo de
vencimento do concurso
público). Ainda, o candidato que
não passou dentro do número
de vagas, porém que passou a
entrar dentro do número por
conta da desistência de outro
candidato tem direito subjetivo à
nomeação.
➢ Nesse ponto, ressalta-se a
seguinte jurisprudência: o
prazo para interposição do
mandado de segurança
contra a ausência de
nomeação de candidato
aprovado em concurso
público, inicia-se da data

180
Dentro do prazo de validade do concurso, o candidato aprovado tem direito à nomeação,
quando o cargo for preenchido sem observância da classificação.

222
de expiração da validade
do concurso, em regra (STJ,
2ª Turma). Todavia, no caso
de reclassificação do
concurso público, em
virtude de anulação de
questões por decisão
judicial após o
encerramento do prazo de
validade do certame, a
data do último ato
administrativo reputado
ilegal será considerado o
termo inicial do prazo
decadencial para impetrar
o mandado de segurança
(STJ, 2ª Turma, Info 752,
2022).
iii. Pretensão inequívoca da
necessidade de servidores: gera
direito subjetivo. Deve
demonstrar que há cargo vago e
orçamento.

⇒ Eventualmente a
Administração pode deixar

223
de nomear candidatos que
possuíam direito subjetivo
à nomeação em virtude de
fato superveniente,
imprevisível, grave (grave
situação financeira para o
Estado) e necessidade
inequívoca de não nomear
os candidatos para que a
Administração equilibre
suas contas. (RE 598099)181

181
Veja um trecho da decisão, a seguir: “dentro do prazo de validade do concurso, a Administração
poderá escolher o momento no qual se realizará a nomeação, mas não poderá dispor sobre a
própria nomeação, a qual, de acordo com o edital, passa a constituir um direito do concursando
aprovado e, dessa forma, um dever imposto ao poder público. Uma vez publicado o edital do
concurso com número específico de vagas, o ato da Administração que declara os candidatos
aprovados no certame cria um dever de nomeação para a própria Administração e, portanto, um
direito à nomeação titularizado pelo candidato aprovado dentro desse número de vagas. O dever
de boa-fé da Administração Pública exige o respeito incondicional às regras do edital, inclusive
quanto à previsão das vagas do concurso público. Isso igualmente decorre de um necessário e
incondicional respeito à segurança jurídica como princípio do Estado de Direito. Quando se afirma
que a Administração Pública tem a obrigação de nomear os aprovados dentro do número de
vagas previsto no edital, deve-se levar em consideração a possibilidade de situações
excepcionalíssimas que justifiquem soluções diferenciadas, devidamente motivadas de acordo
com o interesse público. Não se pode ignorar que determinadas situações excepcionais podem
exigir a recusa da Administração Pública de nomear novos servidores. Para justificar o
excepcionalíssimo não cumprimento do dever de nomeação por parte da Administração Pública,
é necessário que a situação justificadora seja dotada das seguintes características: a)
Superveniência: os eventuais fatos ensejadores de uma situação excepcional devem ser
necessariamente posteriores à publicação do edital do certame público; b) Imprevisibilidade: a
situação deve ser determinada por circunstâncias extraordinárias, imprevisíveis à época da
publicação do edital; c) Gravidade: os acontecimentos extraordinários e imprevisíveis devem ser
extremamente graves, implicando onerosidade excessiva, dificuldade ou mesmo impossibilidade
de cumprimento efetivo das regras do edital; d) Necessidade: a solução drástica e excepcional de
não cumprimento do dever de nomeação deve ser extremamente necessária, de forma que a
Administração somente pode adotar tal medida quando absolutamente não existirem outros
meios menos gravosos para lidar com a situação excepcional e imprevisível. De toda forma, a
recusa de nomear candidato aprovado dentro do número de vagas deve ser devidamente
motivada e, dessa forma, passível de controle pelo Poder Judiciário.”
(STF - RE: 598099 MS, Relator: GILMAR MENDES, Data de Julgamento: 10/08/2011, Tribunal Pleno,
Data de Publicação: 03/10/2011)

224
▪ Há possibilidade do pedido de indenização
do candidato que não foi nomeado no prazo
correto, precisando o candidato ter
ingressado com ação judicial? (RE 724347182)
⇒ STF e STJ possuem o
entendimento que não há
direito à indenização,
porque ensejaria um
enriquecimento sem
causa do servidor. Todavia,
há uma exceção:
◊ Arbitrariedade
flagrante da
Administração
Pública em não
nomear.
xix. Nomeação, contratação, readmitir, exonerar no
período eleitoral: não pode dentro do período

182
CONCURSO PÚBLICO – ATO JUDICIAL DETERMINANDO A NOMEAÇÃO – PROJEÇÃO NO TEMPO
– INDENIZAÇÃO – RECONHECIMENTO NA ORIGEM – RECURSO EXTRAORDINÁRIO – REPERCUSSÃO
GERAL ADMITIDA. Possui repercussão geral a controvérsia relativa ao direito de candidatos
aprovados em concurso público à indenização por danos materiais em decorrência da demora na
nomeação determinada judicialmente.
(STF - RE: 724347 DF, Relator: MARCO AURÉLIO, Data de Julgamento: 29/08/2013, Tribunal Pleno,
Data de Publicação: 30/09/2013)

225
eleitoral (artigo 73, V, Lei das eleições183) pelo
menos nos três meses que antecedem as eleições
até a posse, exceto se o concurso tiver sido
homologado dentro dos três meses que
antecedem às eleições.
xx. Limitações da lei de responsabilidade fiscal
xxi. Possibilidade de pedido de final de fila: é possível.
xxii. Jurisprudência relacionada ao tema
▪ A exigência de diploma de nível superior,
promovida por legislação estadual, para o
cargo de perito técnico de polícia - que
anteriormente tinha o nível médio como
requisito de escolaridade - não viola o
princípio do concurso público (art. 37, II, da
CF/88) nem as normas constitucionais sobre
competência legislativa (art. 22, I e art. 24, XVI
e § 4º, da CF/88). A reestruturação de cargos
não configura ascensão funcional, e portanto
não viola o princípio do concurso público,
quando realizada de acordo com os
requisitos da uniformidade das atribuições,
igualdade dos requisitos de escolaridade
para ingresso no cargo, e identidade
remuneratória entre o cargo extinto e o
183
Art. 73. São proibidas aos agentes públicos, servidores ou não, as seguintes condutas tendentes
a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais:
V - nomear, contratar ou de qualquer forma admitir, demitir sem justa causa, suprimir ou
readaptar vantagens ou por outros meios dificultar ou impedir o exercício funcional e, ainda, ex
officio, remover, transferir ou exonerar servidor público, na circunscrição do pleito, nos três meses
que o antecedem e até a posse dos eleitos, sob pena de nulidade de pleno direito, ressalvados:
a) a nomeação ou exoneração de cargos em comissão e designação ou dispensa de funções de
confiança;
b) a nomeação para cargos do Poder Judiciário, do Ministério Público, dos Tribunais ou Conselhos
de Contas e dos órgãos da Presidência da República;
c) a nomeação dos aprovados em concursos públicos homologados até o início daquele prazo;
d) a nomeação ou contratação necessária à instalação ou ao funcionamento inadiável de serviços
públicos essenciais, com prévia e expressa autorização do Chefe do Poder Executivo;
e) a transferência ou remoção ex officio de militares, policiais civis e de agentes penitenciários;

226
cargo criado (STF. Plenário. ADI 7081/BA, Rel.
Min. Edson Fachin, julgado em 21/9/2022
(Info 1074).

j. Provimento
● Conceito: meio pelo qual se preenche um cargo público.
● Espécies
i. Originário: provimento do sujeito que não tinha
vínculo jurídico com a carreira. Deve ocorrer no
padrão original da carreira. A única forma de
provimento originário é a nomeação
ii. Derivado: provimento do sujeito já é integrante na
carreira. A ascensão (ascender de uma carreira de
último padrão para outra carreira) e a
transferência (transferir um servidor para outro
Estado para o mesmo cargo) foram julgadas
inconstitucionais
▪ Vertical: subida na carreira. Exemplo:
promoção184
▪ Horizontal: aproveita no mesmo padrão.
▪ Reingresso: servidor saiu, mas reingressa.
Exemplo: aproveitamento.
● Formas de provimento:
i. Nomeação
ii. Promoção
iii. Readaptação: foi padronizada por meio da
Constituição, de modo que servidor público de
cargo efetivo pode ser readaptado para exercício
de cargo com atribuições compatíveis com sua
limitação física e mental.

184
Por antiguidade e merecimento.

227
iv. Reversão: é quando o sujeito foi aposentado e
retorna ao cargo público. A reversão pode ser de
ofício (servidor foi aposentado por invalidez, porém
a invalidade não existe mais). A reversão pode ser a
pedido, tendo os seguintes requisitos: (I)
aposentadoria voluntária (II) servidor estável (III)
não pode estar aposentado há mais de 5 anos (IV)
deve haver cargos vagos
v. Aproveitamento: é o retorno dos servidores
colocados em disponibilidade.
vi. Reintegração: ocorre quando o servidor foi
demitido e a demissão foi anulada, retornando ao
cargo público (artigo 41, §2º, CF/88)185. Ainda que os
servidores não sejam estáveis, deve o servidor
retornar ao cargo. Se o cargo de origem estiver
ocupado, o servidor (estável) que está ocupando
esse cargo será reconduzido para o seu antigo
cargo ou colocado em disponibilidade.
vii. Recondução: vai ocorrer em dois casos: (I) servidor
inabilitado em estágio probatório; (II) reintegração,
de modo que ocupante do cargo será reconduzido.
k. Investidura
● Ocorre por meio da posse. Se o sujeito for nomeado e não
tomar posse, a nomeação será sem efeito, não havendo
exoneração.
● A posse (30 dias para tomar posse) gera o vínculo jurídico do
servidor com a Administração.

185
Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de
provimento efetivo em virtude de concurso público. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
19, de 1998)
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, será ele reintegrado, e o
eventual ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização,
aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com remuneração proporcional ao
tempo de serviço. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

228
● Tem 15 dias para entrar em exercício após ter tomado posse.
Depois da posse, se não entrar em exercício, haverá
exoneração.
l. Vacância
● Tornar o cargo vago. A promoção pode ser uma forma de
vacância. Readaptação e falecimento também são
exemplos.
m. Estágio probatório/estabilidade/vitaliciedade/
perda do cargo
● Garantia para a sociedade, de modo que o servidor estará
imune a pressões. A estabilidade é atingida após o estágio
probatório (3 anos). A estabilidade se dá em relação ao
serviço público.
● Estabilidade: somente para servidores efetivos. Adquire
após 3 anos de efetivo exercício (efetiva atribuições naquele
cargo, não conta os afastamentos, como licença saúde,
faltas justificadas186) e avaliação por comissão de
desempenho (pode ocorrer posteriormente aos 3 anos de
efetivo exercício, porém somente diz respeito a fatos dentro
desse prazo de 3 anos de efetivo exercício).
i. A aprovação pela comissão de avaliação de
desempenho é imprescindível (enunciado 37 I
Jornada de Direito Administrativo) 187
● Perda de cargo de servidor estável (artigo 41, §1º, CF/88)
i. PAD em contraditório e ampla defesa: demissão
ii. Decisão judicial transitada em julgado: demissão

186
Férias são contadas para fins de efetivo exercício.

187
Enunciado 37: A estabilidade do servidor titular de cargo público efetivo depende da reunião de
dois requisitos cumulativos: (i) o efetivo desempenho das atribuições do cargo pelo período de 3
(três) anos; e (ii) a confirmação do servidor no serviço mediante aprovação pela comissão de
avaliação responsável (art. 41, caput e §4.º, da CRFB c/c arts. 20 a 22 da Lei n. 8.112/1990). Assim, não
há estabilização automática em virtude do tempo, sendo o resultado positivo em avaliação
especial de desempenho uma condição indispensável para a aquisição da estabilidade.

229
iii. Avaliação periódica definida em lei complementar:
demissão
iv. Excesso de gasto com o pessoal (artigo 169, §3º e
§4º):188 exoneração.
▪ Deve ter um ato administrativo motivado
● Vitaliciedade
i. Adquirido após 2 anos de exercício
ii. Perda de cargo público
▪ Somente por sentença transitada em
julgado.
iii. Vitaliciedade imediata (adquire com assinatura do
termo de posse)
▪ Ministro do STF e STJ;
▪ Desembargador proveniente do 1/5
constitucional;
▪ Membros do Conselheiros dos Tribunais de
Contas.
n. Sistema remuneratório dos servidores públicos
(artigo 39, § 1º, CF/88)
§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais
componentes do sistema remuneratório observará:
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998)

188
Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo e pensionistas da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios não pode exceder os limites estabelecidos em lei complementar.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)
§ 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base neste artigo, durante o prazo fixado
na lei complementar referida no caput, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
adotarão as seguintes providências: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão e funções de
confiança; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
II - exoneração dos servidores não estáveis. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
(Vide Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior não forem suficientes para
assegurar o cumprimento da determinação da lei complementar referida neste artigo, o servidor
estável poderá perder o cargo, desde que ato normativo motivado de cada um dos Poderes
especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto da redução de
pessoal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

230
I - a natureza, o grau de responsabilidade e a
complexidade dos cargos componentes de cada carreira;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
II - os requisitos para a investidura; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
III - as peculiaridades dos cargos. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
o. Alteração do valor da remuneração
▪ Somente por meio de lei específica, salvo
artigo 49, VIII, CF/88189 e artigo 29, VI, CF/88.190
▪ Deve ter autorização na lei das diretrizes
orçamentárias (artigo 169, §1º, CF) 191
● Vedações relacionadas à remuneração
i. Não pode haver vinculação de remuneração e nem
equiparação (artigo 37, XIII, CF/88). Súmula
vinculante 37.192

189
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos Ministros de Estado,
observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

190
VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pelas respectivas Câmaras Municipais em cada
legislatura para a subseqüente, observado o que dispõe esta Constituição, observados os critérios
estabelecidos na respectiva Lei Orgânica e os seguintes limites máximos: (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 25, de 2000)

191
§ 1º A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, a criação de cargos,
empregos e funções ou alteração de estrutura de carreiras, bem como a admissão ou contratação
de pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades da administração direta ou indireta,
inclusive fundações instituídas e mantidas pelo poder público, só poderão ser feitas: (Renumerado
do parágrafo único, pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) (Vide Emenda constitucional nº 106,
de 2020)
I - se houver prévia dotação orçamentária suficiente para atender às projeções de despesa de
pessoal e aos acréscimos dela decorrentes; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
II - se houver autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias, ressalvadas as empresas
públicas e as sociedades de economia mista. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998)

192
Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de
servidores públicos sob o fundamento de isonomia.

231
ii. É vedado o efeito cascata na remuneração (artigo
37, XIV, CF/88)193
iii. Artigo 37, §10, CF/88194: não pode receber
aposentadoria de regime próprio ou atividade
militar e ao mesmo tempo remuneração de cargo
público ainda que tenha feito concurso público.
Exceto:
▪ Caso de cargos acumuláveis na ativa. Ex:
cargo técnico com cargo de professor.
▪ Aposentadoria de regime geral de
previdência acumulável com cargo público.
Ex: empregado público que aposentou no
regime geral pode cumular cargo público na
ativa.
iv. Artigo 39, §9º, CF/88:195 não pode incorporar
vantagem temporária no salário base.
● Revisão geral anual (artigo 37, X, CF/88)196
i. O objetivo é garantir que a remuneração
acompanhe a inflação. Embora seja assegurado
para Constituição Federal, o STF entendeu que o
Poder Executivo não está obrigado a mandar o

193
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público não serão computados nem
acumulados para fins de concessão de acréscimos ulteriores; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)

194
§ 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou
dos arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os cargos
acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos e os cargos em comissão declarados
em lei de livre nomeação e exoneração. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) (Vide
Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

195
§ 9º É vedada a incorporação de vantagens de caráter temporário ou vinculadas ao exercício de
função de confiança ou de cargo em comissão à remuneração do cargo efetivo. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

196
X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente
poderão ser fixados ou alterados por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso,
assegurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices; (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) (Regulamento)

232
projeto de lei para assegurar essa revisão geral,
desde que motive (RE 565089)197
● Irredutibilidade do vencimento
i. Exceção: remuneração acima do teto
ii. A irredutibilidade é do valor nominal e não do valor
real.
iii. Diz respeito aos vencimentos, de modo que deve
manter o valor final.
p. Teto remuneratório constitucional (artigo 37, XI,
CF/88)198
● Teto geral: aplicado a todos servidores em todas as esferas.
É o subsídio do ministro do STF.
● Tetos específicos: para cada ente federativo.
i. União: ministro do STF.
ii. Estado:
▪ Poder Executivo: Governador
▪ Poder Legislativo: Deputado Estadual
▪ Poder Judiciário: subsídio do
desembargador estaria limitado a 90, 25% do
subsídio do ministro do STF. Porém, o STF

197
Houve a fixação da seguinte tese: “O não encaminhamento de projeto de lei de revisão anual
dos vencimentos dos servidores públicos, previsto no inciso X do art. 37 da CF/1988, não gera
direito subjetivo a indenização. Deve o Poder Executivo, no entanto, pronunciar-se de forma
fundamentada acerca das razões pelas quais não propôs a revisão”.
(STF - RE: 565089 SP, Relator: MARCO AURÉLIO, Data de Julgamento: 25/09/2019, Tribunal Pleno,
Data de Publicação: 28/04/2020)

198
XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da
administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais
agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos
cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não
poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal,
aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito
Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos
Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos
Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos
por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito
do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e
aos Defensores Públicos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

233
entendeu que os magistrados não estão
submetidos a esse limite de 90,25%, pois a
magistratura é uma, de modo que não é
cabível a distinção. Assim, os magistrados
estão submetidos ao subsídio do STF.
iii. Município
▪ Poder Executivo e Poder Legislativo:
submete ao subsídio do Prefeito, exceto os
vereadores.
● Os Estados e DF podem estabelecer um teto único para
todos, desde que por meio de emenda à Constituição.
● A remuneração dos vereadores não pode ultrapassar o valor
de 5% da receita do município.
● Empresas públicas e sociedade de economia mista
i. Teto remuneratório
▪ As empresas estatais se submetem, exceto
no caso quando não recebe custeio público.
● Verbas e o teto remuneratório
i. Verbas indenizatórias
ii. Direitos sociais previstos para celetista aplicáveis
aos estatutários
iii. Abono de permanência
iv. Cumulação de cargos públicos: incide
individualmente sobre cada remuneração.
v. Honorários advocatícios dos advogados públicos:
submetem ao teto remuneratório.
vi. Teto remuneratório
▪ Aplicação imediata do teto remuneratório
após publicação da lei, de modo que não
pode alegar direito adquirido para aqueles
que ganhavam acima do teto.

234
● Necessidade de devolução de valores indevidamente pago
aos servidores públicos
i. Valores acima do devido: deve observar o
entendimento do STJ, a seguir:
ii. Valores acima do devido em caso de erro
administrativo (operacional ou de cálculo):
servidor público tem que devolver, salvo se
comprovada a boa-fé do servidor público (não
tinha como saber que o pagamento era indevido)
iii. Valores acima do devido em caso de erro de
interpretação da lei pela Administração Pública:
não precisa devolver, salvo se houver má-fé do
servidor.
iv. Valores acima do devido em caso de valor
recebido à título de decisão precária revogada:
deve devolver.
q. Cumulação de cargos e empregos públicos
● Regra: Não pode cumular. Aplica-se a cargos e empregos
públicos. Aplica também aos militares dos Estados e DF. No
caso dos militares da União, somente se aplica a
possibilidade de acumular dois cargos de profissionais da
saúde com profissão regulamentada.
i. Exceção199
▪ Dois cargos de professor
▪ Um cargo de professor com cargo técnico ou
científico.
⇒ Não precisa de formação
universitária (nível
superior). Pode ser cargo

199
Deve ter compatibilidade de horários. Não deve verificar a quantidade de horas, mas a situação
em específico do servidor público, verificando se o exercício de um cargo não atrapalha outro.

235
técnico, exemplo:
intérprete de libras.
⇒ Deve-se observar
atribuições específicas do
cargo.
▪ Dois cargos de profissional da saúde
regulamentada.
▪ Cargo de magistrado e MP com cargo de
professor.
▪ Vereador com cargo público de qualquer
natureza.
● O teto remuneratório se aplica a cada cargo
individualmente. (RE 612975)200
r. Greve e sindicalização
● Os militares estão proibidos de fazer greve.
● Os servidores públicos civis com atribuições relacionadas à
segurança pública não podem fazer greve.
● O fato de o servidor estar em estágio probatório não
impede a realização de greve.
● Os servidores públicos podem realizar a grave nos limites
estabelecidos em lei, porém essa lei não foi editada até hoje.
Com isso, o STF decidiu que se aplica a lei de greve dos
empregados da iniciativa privada.
● O Poder Público deve descontar os valores dos dias de
greve por conta da paralisação, assegurado a compensação
de horário (em vez de descontar os valores). O desconto não
pode ser de uma vez só, deve assegurar o direito de

200
TETO CONSTITUCIONAL – ACUMULAÇÃO DE CARGOS – ALCANCE. Nas situações jurídicas em
que a Constituição Federal autoriza a acumulação de cargos, o teto remuneratório é considerado
em relação à remuneração de cada um deles, e não ao somatório do que recebido.
(STF - RE: 612975 MT, Relator: MARCO AURÉLIO, Data de Julgamento: 27/04/2017, Tribunal Pleno,
Data de Publicação: 08/09/2017)

236
parcelar. Não terá o desconto, se a greve foi iniciada por
uma conduta ilícita do Poder Público.
● Greve por motivação política
i. É considerada ilegal, porque não está vinculada a
pleito de melhoria de condição de trabalho.
● Competência dos estatutários e celetistas: Justiça comum.
s. Disposições constitucionais aplicados aos
ocupantes de cargos eletivos
i. Artigo 38, CF/88201
t. Regime disciplinar dos servidores: introdução
● Regime disciplinar: competência
i. Cada ente institui o seu regime disciplinar.
● Deveres
i. Obediência: precisa obedecer a ordem dos
superiores hierárquicos, exceto se manifestamente
ilegal, de modo que está o sujeito eximido de
cumpri-la e tem o dever de notificar para
autoridade competente sobre essa ilegalidade.
● Penalidades202:
i. Advertência
▪ 180 dias de prescrição

201
Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica e fundacional, no exercício de
mandato eletivo, aplicam-se as seguintes disposições: (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 19, de 1998)
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, ficará afastado de seu cargo,
emprego ou função;
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, emprego ou função, sendo-lhe
facultado optar pela sua remuneração;
III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibilidade de horários, perceberá as
vantagens de seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e,
não havendo compatibilidade, será aplicada a norma do inciso anterior;
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício de mandato eletivo, seu tempo de
serviço será contado para todos os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento;
V - na hipótese de ser segurado de regime próprio de previdência social, permanecerá filiado a
esse regime, no ente federativo de origem. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de
2019)

202
Não há penalidade de multa. Algumas legislações autorizam a substituição de suspensão por
multa.

237
ii. Suspensão
▪ 2 anos de prescrição
iii. Demissão: rompimento do vínculo jurídico com a
Administração Pública sem qualquer pagamento
de direito, exceto verbas já recebidas. É
inconstitucional a previsão de que servidor
demitido não pode voltar ao serviço público,
porque isso seria pena de caráter perpétuo.
▪ 5 anos de prescrição.
▪ Se o fato também for tipificado como crime,
irá aplicar o prazo de prescrição da lei penal.
⇒ STJ: nesse caso, o prazo
prescricional será da lei
penal independentemente
da investigação/ação penal
em relação ao fato na
esfera penal.
⇒ Se já houver condenação
na esfera penal, o prazo
prescricional será da pena
em concreto.
iv. Cassação de aposentadoria ou disponibilidade: ato
punível com demissão.
▪ 5 anos de prescrição.
v. Destituição em cargo em comissão ou função de
confiança: aplicação de penalidade, embora
possam ser demitidos sem motivação.
▪ 2 anos de prescrição.

Deve levar em conta a natureza e gravidade do


fato, atenuantes, agravantes e antecedentes do
servidor público.

238
Em caso de o ato do servidor público ser intitulado
como demissão ou destituição, não poderá a
Administração aplicar pena mais leve.

O prazo prescricional tem o termo inicial a partir do


momento que o fato se tornou conhecido para
autoridade que irá aplicar a pena (previsto na lei
federal dessa forma) (súmula 635 STJ)203. O prazo
prescricional é interrompido com a instauração
válida do PAD ou da sindicância só voltando a
correr 140 dias204 depois, caso não concluído o PAD
e sindicância. O prazo prescricional será suspenso
quando houver decisão judicial de dar
prosseguimento ao PAD.
● O poder disciplinar é discricionário, porém não é, em
relação a aplicação ou não da pena, mas a gradação da
pena. Quando for hipótese de demissão ou cassação de
aposentadoria, não pode aplicar pena mais leve (MS
21937)205
203
Os prazos prescricionais previstos no art. 142 da Lei nº 8.112/1990 iniciam-se na data em que a
autoridade competente para a abertura do procedimento administrativo toma conhecimento do
fato, interrompem-se com o primeiro ato de instauração válido - sindicância de caráter punitivo ou
processo disciplinar - e voltam a fluir por inteiro, após decorridos 140 dias desde a interrupção.

204
Porque o prazo para concluir o pad na esfera federal é de 140 dias.

205
Consoante a jurisprudência do STJ, "a pena demissória atendeu aos princípios da razoabilidade
e da proporcionalidade, não havendo que se falar em violação do art. 128 da Lei 8.112/1990,
porquanto há adequação entre o instrumento (processo administrativo disciplinar) e o fim
(aplicação da pena), e a medida é exigível e necessária, diante da gravidade da conduta
perpetrada pelo impetrante, o qual utilizou-se indevidamente e verbas públicas em benefício
próprio e de terceiros, o que evidencia a prática da infração disciplinar capitulada no art. 117, IX e
XVIII, da Lei 8.112/1990, e o acerto da pena aplicada, ainda mais quando inexiste outro meio legal
para se chegar ao mesmo resultado e tampouco a medida é excessiva ou se traduz em resultado
indesejado pelo sistema jurídico, ainda mais considerando que o agir do servidor ensejou a quebra
do princípio da confiança e atentou contra os princípios administrativos da moralidade e da
impessoalidade, que deve regular a relação entre a Administração Pública e os seus servidores"
(STJ, MS 21.231/DF, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, DJe de
24/04/2017).
(STJ - MS: 21937 DF 2015/0172445-3, Relator: Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Data de
Julgamento: 28/08/2019, S1 - PRIMEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 23/10/2019)

239
● Aplicação de sanção penal não interfere na esfera
administrativa, havendo independência entre as instâncias.
Porém, quando na esfera criminal, ficar constatado que
houve inexistência material do fato ou negativa de autoria a
sentença penal irá influenciar na esfera administrativa,
havendo o arquivamento.
● A autoridade administrativa é competente para verificar se
houve ato de improbidade para aplicar pena administrativa.
● A decisão da esfera controladora que aplica pena de
ressarcimento ao erário, por exemplo, não impede que na
esfera cível ou administrativa seja aplicada a mesma pena.
Porém, deve deduzir os valores na hora de executar cada
título.
● Na responsabilidade civil, o servidor público não pode ser
diretamente demandado em juízo.
u. Estudo do Processo Administrativo Disciplinar
(PAD)
● Introdução
i. Sentido amplo do processo administrativo:
processo administrativo disciplinar ou sindicância
administrativa
ii. Em caso de lacuna das leis estaduais e municipais,
aplica-se a lei federal.
iii. É vedado a verdade sabida, ou seja, ainda que
autoridade competente presencie um ato ilegal
não pode diretamente aplicar uma pena, de modo
que deve instaurar um processo administrativo.
● Sindicância
▪ Preliminar: não tem como objetivo aplicar
pena, mas apenas colher elementos para
comprovar autoria e materialidade. Não

240
precisa de contraditório e ampla defesa. Tem
caráter inquisitorial.
⇒ Finalidade de aplicação
de pena: tem como
objetivo aplicar pena mais
branda (suspensa de até
30 dias na esfera federal).
Deve ter contraditório e
ampla defesa.
● Regras
▪ É possível a instauração com base em
denúncia anônima desde que a autoridade
administrativa fundamente a investigação
em uma investigação preliminar, de modo a
verificar se a denúncia anônima é verdadeira.
Súmula 611 STJ206
▪ O prazo para conclusão do PAD na esfera
federal é de 60 + 60 + 20. O prazo a mais não
gera nulidade, exceto se causar prejuízo.
Súmula 592 STJ207
▪ Súmula vinculante 5208.
● Fases do PAD
i. Instauração: ocorre a instauração por meio de
portaria e define comissão processante (lei federal:

206
Desde que devidamente motivada e com amparo em investigação ou sindicância, é permitida
a instauração de processo administrativo disciplinar com base em denúncia anônima, em face do
poder-dever de autotutela imposto à Administração.

207
O excesso de prazo para a conclusão do processo administrativo disciplinar só causa nulidade
se houver demonstração de prejuízo à defesa.

208
A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a
Constituição.

241
servidores estáveis)209 210 transitória ou permanente.
Essa portaria não precisa ter descrição minuciosa
(somente ocorre no indiciamento) dos fatos a
serem investigados, apenas necessitando uma
apresentação resumida (Súmula 641 STJ211). Se não
forem estáveis os membros da comissão, não terá
nulidade do PAD caso substitua de imediato e não
aproveite atos desses servidores. Inexiste vedação
legal para que membros da comissão do 1º PAD
que foi anulado integre o 2º PAD.
▪ Pode selecionar servidores lotados em
diversos órgãos do processante.
▪ Instaurado o PAD fica superado os vícios da
sindicância.
▪ A participação de um membro da comissão
processante em mais de um processo
administrativo, envolvendo o mesmo
investigado, não configura parcialidade
quando se trata de fatos distintos.
ii. Inquérito administrativo: há produção de provas
(indiciamento ou arquivamento)212, defesa do
investigado e relatório. Deve ter contraditório e
ampla defesa.
▪ Produção de provas

209
Mesmo grau de escolaridade do investigado

210
Naquele cargo específico que exercer atualmente.

211
A portaria de instauração do processo administrativo disciplinar prescinde da exposição
detalhada dos fatos a serem apurados.

212
Iniciativa da comissão ou a pedido do investigado (o presidente da comissão pode negar
quando o pedido for impertinente, meramente protelatório ou não for relevante, não gerando
nulidade do PAD)

242
⇒ Decisões jurisprudenciais
sobre produção de prova:
◊ Pode prova
emprestada no PAD;
◊ Se o investigado deu
causa à própria
ausência no
interrogatório não
gera ausência a falta
de interrogatório.
◊ MS 10599213
◊ Não configura prova
ilícita a obtenção de
conteúdo de e-mail
corporativo.
▪ Indiciamento: narra as provas e diz o motivo
de haver indícios de autoria e materialidade
do fato. Se, após a produção de provas, for
verificado que não houve a infração, irá
arquivar.
▪ Apresentação de defesa:

213
ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. PAD. DEMISSÃO. ALEGAÇÃO DE NULIDADE DO PAD
NÃO EVIDENCIADA. AUSÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO. PARECER DO MPF PELA
DENEGAÇÃO DA ORDEM. ORDEM DENEGADA. 1. A conduta faltosa foi descrita no Termo de
Indiciamento de forma detalhada, com a indicação das respectivas provas, a tipificação das
infrações disciplinares e a formulação do indiciamento, de modo a viabilizar a defesa dos
acusados. 2. Afasta-se a alegação de nulidade da intimação para o depoimento, uma vez que ela
operou-se no limite dos 3 dias de antecedência tão somente em razão da própria conduta da
impetrante. 3. É plenamente admitida a utilização de prova emprestada de outro procedimento
em curso na esfera administrativa ou criminal quando respeitado o contraditório e ampla defesa,
como no caso. 4. O material probatório e a motivação das razões da punição autorizam a
aplicação da sanção de demissão, sendo certo que o procedimento punitivo aparenta
regularidade procedimental. Além disso, não se evidencia desproporcional ou despida de
razoabilidade a punição aplicada, já que a conduta praticada (ter contribuído para a aprovação
de termos aditivos irregulares e para a indevida liberação de recursos públicos) enquadra-se nas
hipóteses puníveis com demissão. 5. Ordem denegada, em consonância com o parecer ministerial.
(STJ - MS: 10599 DF 2005/0068007-0, Relator: Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO, Data de
Julgamento: 28/11/2018, S3 - TERCEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 01/02/2019)

243
⇒ Revelia: ausência material
da defesa. Havendo revelia
do servidor público, não
serão aplicados os efeitos
da revelia, sendo
designado um servidor
dativo.
▪ Relatório: deve ser conclusivo dizendo se é
culpado ou não e irá apresentar a sanção.
iii. Julgamento: a autoridade competente, em regra,
adota o relatório da comissão. Somente poderá
adotar uma decisão em desconformidade com
relatório, se ele estiver em desacordo com as
provas dos autos. A autoridade pode anular o PAD,
se verificar que há vício. Pode haver alteração da
capitulação legal, não sendo causa de nulidade
(não precisa dar oportunidade de se manifestar).
▪ É possível o cumprimento imediato da
penalidade logo após o julgamento, ainda
que pendente de recurso, porque há a
autoexecutoriedade e o recurso
administrativo não possui efeito suspensivo.
▪ Pode afastar preventivamente o servidor
público para assegurar produção de provas,
por meio da autoridade instauradora do PAD
(não por meio da comissão processante).
Artigo 147, Lei 8112214.

214
Art. 147. Como medida cautelar e a fim de que o servidor não venha a influir na apuração da
irregularidade, a autoridade instauradora do processo disciplinar poderá determinar o seu
afastamento do exercício do cargo, pelo prazo de até 60 (sessenta) dias, sem prejuízo da
remuneração.
Parágrafo único. O afastamento poderá ser prorrogado por igual prazo, findo o qual cessarão os
seus efeitos, ainda que não concluído o processo.

244
⇒ Tem prazo de 60 dias
prorrogáveis por igual
período. É uma medida
cautelar, de modo que não
retira a remuneração do
período.
● Controle judicial da decisão administrativa do PAD
i. Não pode substituir o administrador na análise dos
fatos e provas, somente pode verificar se há vício
na legalidade do ato.
ii. Não pode verificar o mérito administrativo.
iii. Não pode definir a pena aplicada.
● Recurso e pedido de reconsideração do PAD
i. Pedido de reconsideração é direcionado para
autoridade que deu a decisão.
ii. Recurso é dirigido para a autoridade superior.
iii. Em ambos cabe reformatio in pejus (pode aplicar
penalidade mais grave), porque vigora a verdade
material.
● Revisão do PAD
i. Ocorre por fato superveniente (elementos novos,
de modo não pode ser por meio de elementos
anteriores) que demonstra que a decisão foi injusta
(devia ter aplicação de pena mais branda) ou
incorreta (deveria ter sido absolvido)
ii. Pode ocorrer de ofício, pelo investigado ou pelos
familiares dele.
O pedido de revisão não implica reformatio in
pejus.
O ônus da prova é do requerente
v. Servidor público cedido para outro órgão

245
i. Se um servidor público cedido para outro órgão
comete uma infração, o órgão que irá instaurar o
PAD será o que servidor se encontrava quando
cometeu a infração (ou que estava vinculado). O
julgamento do PAD irá ocorrer no órgão a que o
servidor está vinculado. (MS 19994)215.
w.Servidores públicos e férias
i. Art 77, §1º, da Lei 8.112/90216
● Para o primeiro período aquisitivo de férias:
precisa de 12 meses de exercício.
● A partir do 2º ano do período aquisitivo: o
servidor pode requerer os 2 períodos de férias no
mesmo ano, sendo uma do período aquisitivo
anterior e a outra do período aquisitivo em curso.
○ Segundo a jurisprudência do Superior
Tribunal de Justiça, em relação aos
servidores públicos, a limitação temporal de
12 meses para a fruição de férias restringe-se
ao primeiro período aquisitivo, inexistindo
óbice a que, ultrapassados os 12 meses
iniciais, haja usufruto de dois períodos no
mesmo exercício. (STJ. 1ª Turma. AgInt no
REsp 1.901.184/PE, Rel. Min. Gurgel de Faria,
DJe de 20/08/2021).

215
Veja um trecho do referido mandado de segurança, a seguir: o fato de o impetrante
encontrar-se cedido à época dos fatos para a Câmara dos Deputados não afasta o poder
disciplinar do órgão de origem do servidor, até mesmo porque o insurgente não perdeu seu
vínculo com o Poder Executivo Federal.
(STJ - MS: 19994 DF 2013/0089770-6, Relator: Ministro BENEDITO GONÇALVES, Data de Julgamento:
23/05/2018, S1 - PRIMEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 29/06/2018)

216
Art. 77. O servidor fará jus a trinta dias de férias, que podem ser acumuladas, até o
máximo de dois períodos, no caso de necessidade do serviço, ressalvadas as hipóteses em
que haja legislação específica.

§ 1º Para o primeiro período aquisitivo de férias serão exigidos 12 (doze) meses de exercício.

246
○ É possível ao servidor que já usufruiu o
primeiro período de férias, após cumprida a
exigência de 12 (doze) meses de exercício,
usufruir as férias seguintes no mesmo ano
civil, dentro do período aquisitivo ainda em
curso, nos termos do § 1° do art. 77 da Lei nº
8.112/90. (STJ. 1ª Seção. REsp 1.907.153-CE, Rel.
Min. Manoel Erhardt (Desembargador
convocado do TRF da 5ª Região), julgado em
26/10/2022 (Recurso Repetitivo – Tema 1135)
(Info 755).
ii. Lei municipal não pode limitar o direito fundamental de
férias do servidor público que gozar, em seu período
aquisitivo, de mais de dois meses de licença médica.
(STF. Plenário. RE 593448/MG, Rel. Min. Edson Fachin,
julgado em 2/12/2022 (Repercussão Geral – Tema 221)
(Info 1078).

247
21. Controle da Administração Pública
● Decorre do Estado Democrático de Direito e do Princípio
Republicano (res: coisa publica: de todos). Ainda, decorre do
princípio da sindicabilidade217. (Administração Pública deve
receber um controle feito pela própria Administração, do Poder
Judiciário, do Poder Legislativo e do povo).
a. Classificações
i. Quanto à origem:
▪ Autocontrole/interno: Administração Pública faz o
controle de seus próprios atos (princípio da
autotutela). Esse controle pode ser hierárquico
(amplo) ou finalístico (controle que a
Administração Direta faz na Administração
indireta). O controle interno é feito por meio de
auditorias, por exemplo. Pode haver um órgão de
controle interno (CGU, por exemplo).
▪ Externo: controle de um Poder sobre o outro. Para
não violar a separação de poderes, esse controle
deve estar previsto na Constituição Federal.
▪ Social ou popular: feito pela própria sociedade.
Exemplo: ação popular, direito de petição,
audiências públicas e controle popular do
procedimento licitatório
ii. Quanto ao momento
● Prévio: antes da ocorrência do ato
● Repressivo: ocorre após a prática do ato

217
Todo ato administrativo pode se submeter a algum tipo de controle. Esse princípio abrange a
autotutela, pois a própria Administração pode exercer controle sobre os seus próprios atos,
anulando os ilegais e revogando os inconvenientes e inoportunos.

248
● Concomitante: ocorre durante um processo
administrativo. Exemplo: controle concomitante da
execução orçamentária.
iii. Quanto ao parâmetro
▪ Legalidade: mais conhecido como controle da
juridicidade (Administração deve se submeter ao
ordenamento jurídico como um todo). Pode-se
entender um ato administrativo como inválido se
contrariar o ordenamento jurídico como um todo
(bloco de legalidade, como ressaltado pela
doutrina). Poder ser um controle interno e externo.
▪ Mérito: diz respeito à conveniência e oportunidade
de determinado ato. Somente a Administração
Pública pode controlar o mérito de seus atos.
▪ Controle legislativo sobre o Poder Executivo:
controla além da legalidade, aspectos relativos à
economicidade de um ato, por exemplo. Há, na
verdade, um controle político. Não há controle de
mérito e nem revogação.
iv. Quanto a amplitude
▪ Hierárquico: acontece dentro da mesma pessoa
jurídica
▪ Finalístico: controle da Administração Direta na
Administração Indireta
b. Autocontrole
● Princípio da autotutela
● Súmula 473 STF218

218
A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais,
porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade,
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.

249
● Pode ocorrer de ofício ou de forma provocada (particular
provoca a Administração Pública para rever seus próprios
atos).
● Sempre que sejam afetados direitos de particulares deve
ter garantia de contraditório e ampla defesa.
● O controle administrativo ou autocontrole também é
realizado pelo Poder Judiciário e Legislativo no exercício
de sua função atípica administrativa, fazendo um
controle dos seus próprios atos internos.
● É realizado por meio de um processo administrativo,219
havendo contraditório e ampla defesa. O particular pode
provocar a Administração para instaurar um processo
administrativo, essa provocação pode ser feita por: (I)
representação (II) denúncia (III) reclamação
administrativa220 (IV) pedido de reconsideração.
c. Processo administrativo
● Em regra, a instauração de um processo administrativo não
prejudica o processo judicial. E, em regra, a instauração de
um processo judicial não implica desistência do processo
administrativo. Porém, a lei pode prever essa hipótese (Lei
de Execução fiscal, por exemplo).
● Princípios
o Oficialidade: impulsionado pela própria
Administração Pública.
o Informalidade: os atos, em regra, não possuem forma
específica. Não há uma forma especial. Há uma
formalidade não exagerada, porém deve ser um

219
Lei 9784 no âmbito federal. Conceito: conjunto de atos concatenados entre si, seguindo uma
sequência lógica definida pela lei, que buscam determinada finalidade (emissão de um ato ou
uma decisão), de modo a melhor atender o interesse público.

220
Lei 9784 no âmbito federal. Conceito: conjunto de atos concatenados entre si, seguindo uma
sequência lógica definida pela lei, que buscam determinada finalidade (emissão de um ato ou
uma decisão), de modo a melhor atender o interesse público.

250
processo escrito e em contraditório e ampla defesa.
Logo, não é uma informalidade, mas a inexistência de
formalidade exagerada
o Instrumentalidade das formas: as formas são mero
instrumento para que o processo chegue a
determinada finalidade. Se atinge a finalidade, não irá
anular todo o processo por conta de mera
irregularidade de uma forma, exceto se a forma for
definida em lei como imprescindível
o Verdade material:221 é a busca pelo que efetivamente
aconteceu no mundo dos fatos.
▪ Possibilidade de produzir provas em qualquer
momento do processo.
▪ Possibilidade de reformatio in pejus nos
recursos e pedido de reconsideração.
o Gratuidade: a Administração Pública não pode cobrar
para prática de atos, salvo em virtude da cobrança de
custos do procedimento suportado pela
Administração Pública. Súmula vinculante nº 21222.
o Contraditório e ampla defesa
● Recurso administrativo: dirigido para autoridade
que proferiu a decisão. Se ela não reconsiderar, ela
irá encaminhar para autoridade superior. Em regra,
não possui efeito suspensivo. Porém, pode ser
concedido o efeito suspensivo no caso concreto.
Não há vedação ao reformatio in pejus. A lei pode
estabelecer possibilidade de recurso de ofício.

221
Verdade formal: se contenta com aquilo que está nos autos; verdade do processo.

222
É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para
admissibilidade de recurso administrativo.

251
○ Recurso hierárquico próprio: dirigido para
autoridade hierárquica superior
○ Recurso hierárquico impróprio: dirigido
para autoridade que não possui hierarquia
em relação a autoridade anterior.

d. Prescrição e decadência
● A Administração tem o prazo de 5 anos para anular seus
próprios atos dos quais decorram efeitos favoráveis ao
particular, salvo má-fé desse particular.
● STF (ADI 6019)223: o Estado não pode estabelecer prazo de 10
anos para anular seus próprios atos, devendo o prazo ser de
5 anos.
● Prazo para ação de reparação civil da Administração
Pública em face do particular: 5 anos, sendo imprescritível
quando houver ato de improbidade administrativa doloso.
e. Controle legislativo
● Controle realizado pelo Poder Legislativo com auxílio do
Tribunal de Contas em face do Poder Executivo e do Poder
Judiciário no exercício de suas funções atípicas
(administrativas).
● É mais amplo que o controle de legalidade, sendo um
controle político

223
Direito constitucional e administrativo. Embargos de declaração em ação direta de
inconstitucionalidade. Extensão da modulação dos efeitos. Ações judiciais em curso. Pretensão
meramente infringente. Desprovimento. 1. Embargos de declaração opostos contra acórdão que
julgou procedente o pedido de declaração de inconstitucionalidade do art. 10, I, da Lei nº
10.177/1988, do Estado de São Paulo, que estabelece o prazo decadencial de 10 (dez) anos para
anulação de atos administrativos reputados inválidos pela Administração Pública estadual. 2.
Pretensão de alteração da modulação dos efeitos promovida pelo Plenário. O acórdão
expressamente afastou a pretensão do embargante, não havendo, portanto, obscuridade,
contradição ou omissão, o que afasta a presença dos pressupostos de embargabilidade. 3. A via
recursal adotada não se mostra adequada para a renovação de julgamento que se efetivou
regularmente. Os embargos de declaração não se prestam a veicular mero inconformismo da
parte recorrente, sendo incabível a reforma do julgado a pretexto de sanar vícios de omissão,
contradição ou obscuridade inexistentes. 4. Embargos de declaração rejeitados.
(STF - ADI: 6019 SP, Relator: ROBERTO BARROSO, Data de Julgamento: 04/10/2021, Tribunal Pleno,
Data de Publicação: 08/10/2021)

252
● Artigo 70, CF/88224
● O controle legislativo é um controle externo.
● Áreas alcançáveis:
o Contábil
o Financeira
o Orçamentária: execução do orçamento
o Operacional
o Patrimonial
f. Função típica do Poder Legislativo
● Fiscalização do Poder Executivo
● Controle parlamentar direto
g. Controle exercido pelo Tribunal de Contas
i. Artigo 71, CF/88
ii. Contas do prefeito: julgado
pela Câmara dos Vereadores.
Somente pode rejeitar o parecer
do Tribunal de Contas do Estado
(ou se tiver, municípios) pelo
voto de 2/3 dos vereadores.
iii.Na lei das inelegibilidades,
verifica-se que não pode ser
candidato aquele que teve suas
contas rejeitadas em mandato
anterior. Então, se o Tribunal de
Contas dá parecer rejeitando as
contas do prefeito, porém a

224
Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e
das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade,
economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso
Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.
Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize,
arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União
responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

253
Câmara dos Vereadores não
julga as contas. Esse prefeito
pode ser candidato?

Segundo o STF, não há


inelegibilidade, porque as
contas deveriam terem sido
rejeitadas pela Câmara dos
Vereadores. O parecer é
meramente opinativo. RE
848826
iv. Assembleia Legislativa não
pode julgar suas próprias
contas, de modo que suas
contas serão julgadas pelo
Tribunal de Contas (ADI 1779)
v. Quem julga a conta dos
Tribunais de Contas?
Não há definição na CF/88. O
STF já entendeu que seria
julgada pela Assembleia
Legislativa.
vi. Sustação de atos e
contratos administrativos (artigo
71, X, CF/88)
● O Tribunal de Contas pode
sustar atos administrativos
ilegais, se não atendida a
regularização pelo Poder
Executivo, de modo que deve
comunicar ao Poder
Legislativo.

254
● O Tribunal de Contas não
pode sustar contratos
administrativos diretamente
(artigo 71, §1º, CF/88), sendo
competência do Congresso
Nacional. Porém, se não
forem tomadas providências
em 90 dias, o Tribunal de
Contas passa a ter
competência.
● As decisões do Tribunal de Contas possuem força de
título executivo judicial
o Quem tem competência para executar?
(agRE 823347)225
▪ Ressarcimento ao erário: ente
público que foi prejudicado.
▪ Multa: ente federado no qual
pertence àquele Tribunal de
Contas.
h. Tribunal de Contas pode exercer controle de
constitucionalidade?
● Não pode fazer o controle
concentrado. Porém, pode fazer o
controle difuso de constitucionalidade
quando for apreciar um ato
administrativo ou tomada de contas
especial, segundo entendimento

225
Recurso extraordinário com agravo. Repercussão geral da questão constitucional reconhecida.
Reafirmação de jurisprudência. 2. Direito Constitucional e Direito Processual Civil. Execução das
decisões de condenação patrimonial proferidas pelos Tribunais de Contas. Legitimidade para
propositura da ação executiva pelo ente público beneficiário. 3. Ilegitimidade ativa do Ministério
Público, atuante ou não junto às Cortes de Contas, seja federal, seja estadual. Recurso não provido.
(STF - ARE: 823347 MA 0000248-92.2011.8.10.0044, Relator: GILMAR MENDES, Data de Julgamento:
02/10/2014, Tribunal Pleno, Data de Publicação: 28/10/2014)

255
anterior do STF. Todavia,
recentemente, o STF proferiu decisões
no sentido de que o Tribunal de
Contas não pode realizar o controle de
constitucionalidade ainda que difuso,
restando superada a súmula 347 STF226
○ Medidas cautelar pelo Tribunal
de Contas
● STF entendeu que é
possível o Tribunal de
Contas aplicar medidas
cautelares, porque, se a
CF/88 conferiu os fins, é
certo que conferiu os
meios para tantos, embora
sem previsão expressa.

i. Princípio da universalidade dos Tribunais de


Contas
● Qualquer pessoa que dê causa a perda
de recurso públicos estará sujeita a
atuação do Tribunal de Contas por
meio da tomada de contas especial
(sempre que verificada alguma
irregularidade)227
● A lei estadual não pode dizer que
antes de assinar um contrato
administrativo deve esse passar pelo

226
O Tribunal de contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das
leis e dos atos do poder público.

227
Tomada de contas ordinárias: julga contas do Chefe do Executivo e agentes administrativos.

256
Tribunal de Contas, por conta da
separação de poderes e em virtude de
desvirtuação do modelo federal
(violação ao princípio da simetria). ADI
916

j. Controle dos atos de concessão inicial de


aposentadoria, reforma ou pensão

● Funcionamento do procedimento de concessão de


aposentadoria, reforma ou pensão
○ O departamento de pessoal do órgão ou entidade
ao qual o servidor está vinculado analisa se ele
preenche os requisitos legais para a aposentadoria
e, em caso afirmativo, concede o benefício. Esse
momento, no entanto, é chamado ainda de
“concessão inicial” da aposentadoria, considerando
que ainda haverá um controle de legalidade a ser
feito pelo Tribunal de Contas. Somente após passar
por esse controle do Tribunal de Contas é que a
aposentadoria poderá ser considerada
definitivamente concedida.
● Natureza jurídica do ato de aposentadoria
○ É um ato administrativo complexo, segundo STJ e
STF, pois para ser formado precisa da manifestação
de vontade de dois ou mais diferentes órgãos.
● Prazo para TCU julgar esses atos
○ Por motivos de segurança jurídica e necessidade
da estabilização das relações, é necessário fixar-se
um prazo para que a Corte de Contas exerça seu
dever constitucional previsto no art. 71, III, da CF/88.

257
Sendo o prazo de 5 anos com base no artigo 1º do
Decreto 20.910/1932228 (esse decreto foi
recepcionado pela CF/88 com status de lei
ordinária. Esse decreto não trata diretamente ao
caso do Tribunal de Contas, porém invoca-se por
analogia esse prazo, sendo essa a posição do STF.229
○ O prazo de 5 anos começa a ser contado do dia
em que o processo chega ao Tribunal de Contas.230
● Necessidade de assegurar o contraditório e ampla
defesa no controle de legalidade de tais atos.
○ NÃO há necessidade. Isso porque quando o
Tribunal de Contas aprecia, para fins de registro, a
legalidade das concessões de aposentadorias,
reformas e pensões, não há litígio ou acusação,
mas tão somente a realização de um ato
administrativo. Logo, não havendo litígio, não é
necessário contraditório ou ampla defesa. Com
esse entendimento, há a súmula vinculante 3.231
● A jurisprudência do STF, antes do julgamento do RE
636553/RS possuía uma exceção, de modo que se o
228
Art. 1º As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e qualquer
direito ou ação contra a Fazenda Federal, Estadual ou Municipal, seja qual for a sua natureza,
prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se originarem.

229
O raciocínio do STF foi o seguinte: ora, se o administrado tem o prazo de 5 anos para pleitear
seus direitos contra a Fazenda Pública, deve-se considerar que o Poder Público, no exercício do
controle externo (Tribunal de Contas), também possui o mesmo prazo para rever eventual ato
administrativo favorável ao administrado. Isso é isonomia. Desse modo, a fixação do prazo de 5
anos se afigura razoável para que o Tribunal de Contas proceda ao registro dos atos de concessão
inicial de aposentadoria, reforma ou pensão, após o qual se considerarão definitivamente
registrados.

230
Assim, se o processo de concessão inicial da aposentadoria chega ao Tribunal de Contas no dia
02/02/2015, a Corte de Contas terá até o dia 02/02/2020 para julgar a legalidade deste ato. Se
passar o prazo, o Tribunal de Contas não poderá mais rever esse ato. Esgotado o prazo,
considera-se que a aposentadoria, reforma ou pensão está definitivamente registrada, mesmo
sem ter havido a análise pelo Tribunal de Contas.

231
Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla
defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que
beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de
aposentadoria, reforma e pensão.

258
Tribunal de Contas tivesse demorado mais do que 5 anos
para analisar a concessão inicial da aposentadoria, ele
teria que permitir contraditório e ampla defesa ao
interessado. Porém, essa exceção deixou de existir com o
julgamento do RE 636553/RS, de modo que em nenhum
caso será necessário contraditório ou ampla defesa.

259
22. Responsabilidade Civil do Estado
a. Conceito de responsabilidade civil do Estado
i. Dever do Estado de reparar os danos gerados a terceiros.
ii. Decorre de dois princípios
● Isonomia;
● Teoria da repartição dos encargos sociais: se toda a
sociedade se beneficia da atuação do Estado,
também deve arcar com os prejuízos.
b. Origem da responsabilidade civil do Estado
i. Absolutismo: o rei não pode cometer erros, de modo
que o rei era representação divina na terra. Então, não
erra também na escolha dos agentes públicos.
● O rei é o próprio Estado.
● Não havia responsabilidade civil do Estado.
ii. Responsabilidade com previsão legal: só existia nos
casos que havia previsão em lei, sendo reduzida.
iii. Responsabilidade subjetiva: teoria civilista, de modo
que deveria demonstrar a conduta, dano, nexo de
causalidade e dolo ou culpa.
● Teoria da culpa individual: decorreu dessa
responsabilidade subjetiva. Dividia as atividades do
Estado em: (I) atos de império (o Estado impunha a
vontade ao particular, inclusive com uso da força);
(II) atos de gestão (ato de mera organização do
Estado)
○ Só havia responsabilidade do Estado
no ato de gestão, sendo subjetiva
(demonstrar dolo e culpa do agente)
● Teoria da culpa do serviço ou Teoria anônima: não
precisa demonstrar conduta do agente público,

260
mas da Administração Pública que agiu de forma
insuficiente, omitiu-se ou agiu com atraso.
iv. Responsabilidade objetiva: não precisa demonstrar
dolo e culpa, bastando haver nexo de causalidade entre
o ato e o dano.
● Teoria do risco administrativo: define que as ações
da Administração geram riscos à sociedade, sendo
preciso ressarcir os danos causados a terceiros. É a
teoria adotada no Brasil.
○ Admite excludente de
responsabilidade (caso fortuito, força
maior e culpa exclusiva de terceiro).
○ Admite a excludente da culpabilidade.
Com isso, a responsabilidade é
reduzida por conta da
responsabilidade concorrente com
terceiros.
● Teoria do risco integral: não admite excludente da
culpabilidade, sendo mais restritiva. É aplicada de
forma excepcional, nos seguintes casos:
○ Dano nuclear
○ Dano ambiental: se houver
participação de terceiros, a
responsabilidade do Estado será direta,
objetiva e solidária, porém de
execução subsidiária (só será
executada se não tiver bens suficientes
do particular)
○ REsp 1.374.284232
232
Veja um trecho da decisão, a seguir: "a responsabilidade por dano ambiental é objetiva,
informada pela teoria do risco integral, sendo o nexo de causalidade o fator aglutinante que permite
que o risco se integre na unidade do ato, sendo descabida a invocação, pela empresa responsável
pelo dano ambiental, de excludentes de responsabilidade civil para afastar sua obrigação de
indenizar"

261
○ Danos decorrentes de ataques
terroristas ou atos de guerra de
aeronaves brasileiras ainda que no
exterior: a União fica autorizada a
assumir a responsabilidade.
○ Artigo 1º, da Lei 10.744/03233
c. Requisitos da responsabilidade do Estado
extracontratual
i. Artigo 37, §6º, CF/88: "as pessoas jurídicas de direito
público e as de direito privado prestadoras de serviços
públicos responderão pelos danos que seus agentes,
nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o
direito de regresso contra o responsável nos casos de
dolo ou culpa".
ii. Pessoas que respondem de forma objetiva: pessoas
jurídicas de direito público e pessoas jurídicas de direito
privado, desde que prestadoras de serviço público.
● Exemplo: concessão de serviço público e empresas
estatais que prestem serviços públicos.
○ Concessionária de serviço público: a
Administração Pública responde
subsidiariamente.
○ Não interessa a quem causa o dano:
pode causar dano mesmo que uma
pessoa não seja usuária do serviço
público.

(STJ - REsp: 1374284 MG 2012/0108265-7, Relator: Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Data de
Julgamento: 27/08/2014, S2 - SEGUNDA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 05/09/2014)

233
Art. 1o Fica a União autorizada, na forma e critérios estabelecidos pelo Poder Executivo, a assumir
despesas de responsabilidades civis perante terceiros na hipótese da ocorrência de danos a bens e
pessoas, passageiros ou não, provocados por atentados terroristas, atos de guerra ou eventos
correlatos, ocorridos no Brasil ou no exterior, contra aeronaves de matrícula brasileira operadas por
empresas brasileiras de transporte aéreo público, excluídas as empresas de táxi aéreo.

262
d. Elementos da responsabilidade extracontratual
i. Conduta: há uma conduta praticada por um agente
público que esteja na condição de agente público.
● Caso interessante julgado pelo TJDFT234: um
policial, de folga, disparou com arma de fogo,
atingindo um sujeito. Nesse caso, haverá a
responsabilidade do Estado, porque o policial é
policial a todo momento, havendo uma culpa in
eligendo.
ii. Dano:
● Emergente: perda imediata do patrimônio
● Lucro cessante: o que deixou de ganhar em
virtude do dano.
● Patrimonial
● Extrapatrimonial
● Estético
● Dano social
● Perda de uma chance
iii. Nexo de causalidade
● Teorias que tratam do nexo de causalidade
○ Teoria dos equivalentes causas / Conditio
sine quo non: todos aqueles que
contribuíram para ocorrência do dano são
responsáveis.

234
O Estado responde objetivamente pela reparação de danos decorrentes de disparo de arma de
fogo por policial que, embora em horário de descanso, atua no exercício da função pública. Um
homem ajuizou ação de reparação de danos morais contra o Distrito Federal por ter sido atingido
nas costas, enquanto urinava em via pública. O disparo foi efetuado por policial militar em período
de folga. O pedido foi julgado procedente. Ao apreciarem o recurso interposto pelo ente distrital, os
Julgadores consideraram que, in casu, a responsabilidade estatal é objetiva porque, embora
estivesse de folga, o PM agiu no exercício da função pública, pois acreditava estar em defesa da
sociedade e utilizava artefato bélico pertencente à corporação (artigo 37, § 6º da Constituição de
1988). Acrescentaram que a ação do policial causou risco de morte e sofrimento ao requerente.
Nesse contexto, mantiveram a indenização no valor de 30 mil reais, haja vista a configuração de
nexo causal entre a conduta do agente público e o dano à incolumidade física do requerente.
(Acórdão 1226026, 07116525420178070018, Relator Des. ROMEU GONZAGA NEIVA, 7ª Turma Cível,
data de julgamento: 22/1/2020, publicado no DJe: 3/2/2020).

263
○ Problema: gera o inconveniente de
gerar uma cadeia infinita.
○ Teoria da causalidade adequada: só é
considerada como causa aquela que for mais
adequada para gerar o dano. Porém, a causa
mais adequada pode ser a que não foi
efetivamente que não gerou o dano
○ Teoria da causalidade direta ou imediata: os
antecedentes não se equivalem, sendo,
considerada causa, somente a conduta que
causou direta e imediatamente o dano.
e. Causas excludentes da responsabilidade civil do
Estado
i. Caso fortuito ou força maior: são eventos da natureza
que vão gerar o dano independentemente de ação
estatal, de modo que a Administração Pública pode
prever, mas não pode impedir.
ii. Culpa exclusiva da vítima: a vítima foi a única que
contribuiu para o dano, havendo uma autolesão
iii. Culpa exclusiva de terceiro:
● Exemplo: uma pessoa está dentro de repartição
pública e um terceiro rouba. A Administração
Pública não contribuiu para tal fato, havendo a
culpa exclusiva de terceiro.
f. Causa de diminuição da responsabilidade do Estado
i. Causa concorrente: A Administração Pública contribuiu
com o dano, juntamente com outro sujeito, sendo
reduzida a responsabilidade do Estado na medida de sua
contribuição.

264
g. Responsabilidade civil do Estado por Omissão
i. 1ª corrente: essa corrente argumenta que a
responsabilidade civil do Estado por omissão possui o
mesmo tratamento jurídico da responsabilidade por
ação prevista no artigo 37, §6º, CF/88.
ii. 2ª corrente: a responsabilidade civil do Estado por
omissão é um outro tipo de responsabilidade
● STJ: a responsabilidade, por omissão, é sempre
subjetiva com base na teoria da culpa anônima,
tendo em vista que há culpa da Administração
Pública, sendo o serviço público prestado de forma
irregular.
● Em um caso específico, decidiu que,
quando a Administração Pública está
executando uma atividade que gere
risco inerente à atividade, a
responsabilidade será objetiva,
inclusive por omissão (artigo 927,
parágrafo único, CC).
○ Ex: dano por disparo de arma de
fogo dentro de um fórum que
gerou a morte do advogado. A
atividade dentro do fórum é
perigosa, então o Estado tem
um dever de guarda muito
maior.

265
● STF: distingue a responsabilidade civil do Estado
por omissão:
● Genérica (omissão imprópria):
responsabilidade subjetiva pautando na
culpa anônima com base em um
descumprimento por um dever genérico.
● Específica (omissão própria): a
responsabilidade civil do Estado é objetiva,
decorrendo de um dever específico do
Estado.
h. Responsabilidade civil objetiva do Estado em
alguns casos específicos
i. Morte de preso em estabelecimento prisional: a
responsabilidade é objetiva, porque o Estado tem o
dever específico de garantir a integridade física dos
presos, sendo inclusive uma garantia fundamental.
● Exceção: caso de excludente da ilicitude, não terá a
responsabilidade civil do Estado.
● RE 841526235: se o preso se suicidar, o Estado
responde objetivamente, porque é um dever
específico de garantir a integridade física do
detento. Porém, pode se eximir, caso seja
comprovado que não tinha como impedir o
suicídio.

235
Veja um trecho da decisão, a seguir: "o dever constitucional de proteção ao detento somente se
considera violado quando possível a atuação estatal no sentido de garantir os seus direitos
fundamentais, pressuposto inafastável para a configuração da responsabilidade civil objetiva estatal,
na forma do artigo 37, § 6º, da Constituição Federal. Ad impossibilia nemo tenetur, por isso que nos
casos em que não é possível ao Estado agir para evitar a morte do detento (que ocorreria mesmo
que o preso estivesse em liberdade), rompe-se o nexo de causalidade, afastando-se a
responsabilidade do Poder Público, sob pena de adotar-se contra legem e a opinio doctorum a
teoria do risco integral, ao arrepio do texto constitucional (...) A responsabilidade civil estatal resta
conjurada nas hipóteses em que o Poder Público comprova causa impeditiva da sua atuação
protetiva do detento, rompendo o nexo de causalidade da sua omissão com o resultado danoso"
(STF - RE: 841526 RS, Relator: LUIZ FUX, Data de Julgamento: 30/03/2016, Tribunal Pleno, Data de
Publicação: 01/08/2016)

266
ii. Responsabilidade civil por maus-tratos dos detentos:
o Estado responde de forma objetiva, inclusive em
relação aos danos morais.
● RE 580252236
iii. Roubo, furto ou sequestros nas dependências das
repartições públicas e prestadoras de serviço público
● Furto nas prestadoras de serviço público: o Estado
responde objetivamente.
● Roubo ou sequestro: não há responsabilidade civil
do Estado, porque há culpa exclusiva de terceiro,
salvo se a repartição pública atuava no campo da
segurança pública.
iv. Responsabilidade dos municípios por danos causados
pelo comércio de fogos de artifícios
● STF: se ocorrem danos, o Estado, em regra, não
responsabilidade objetiva (omissão genérica),
sendo só responsabilizado no caso de ter violado
um dever jurídico específico de agir, tais como: (I)
concedeu licença sem cautelas legais (II)
conhecimento do Poder Público das
irregularidades → ou seja, deve-e demonstrar culpa
administrativa do Estado.
v. Danos causados por agentes policiais a jornalistas em
manifestações
● STF: a responsabilidade é objetiva do Estado ainda
que o jornalista soubesse que era uma situação
crítica, exceto no caso em que o Estado provou
que foi avisado, ao jornalista, que não era
236
Veja um trecho da decisão, a seguir: "o Estado é responsável pela guarda e segurança das
pessoas submetidas a encarceramento, enquanto permanecerem detidas. É seu dever mantê-las
em condições carcerárias com mínimos padrões de humanidade estabelecidos em lei, bem como,
se for o caso, ressarcir danos que daí decorrerem".
(STF - RE: 580252 MS, Relator: TEORI ZAVASCKI, Data de Julgamento: 16/02/2017, Tribunal Pleno, Data
de Publicação: 11/09/2017)

267
permitido ficar em determinada localidade (esse
caso será de culpa exclusiva da vítima → causa
excludente).
● RE 1209429237.
vi. O Estado responde por atos causados pelos agentes
públicos ainda que eles estejam amparados por uma
causa de excludente penal
● REsp 1266517238
vii. O Estado não responde civilmente por danos
causados por foragidos do sistema prisional
● O Estado não é o causador direto e imediato
daquele dano. Assim, o Estado somente irá
responder se o dano for causado no ato de fuga,
porque, nesse caso, o Estado tem o dever
específico de agir.
viii. Presença de animais na pista
● As concessionárias de serviço público ou
autarquias respondem objetivamente por danos
causados por animais na pista ao particular (há um
dever específico de segurança).
ix. Danos causados por perseguição em regime ditatorial
● São imprescritíveis as responsabilidades do Estado.

237
Veja a tese de repercussão geral fixada, a seguir: "é objetiva a Responsabilidade Civil do Estado
em relação a profissional da imprensa ferido por agentes policiais durante cobertura jornalística, em
manifestações em que haja tumulto ou conflitos entre policiais e manifestantes. Cabe a excludente
da responsabilidade da culpa exclusiva da vítima, nas hipóteses em que o profissional de imprensa
descumprir ostensiva e clara advertência sobre acesso a áreas delimitadas, em que haja grave risco
à sua integridade física"
(STF - RE: 1209429 SP, Relator: MARCO AURÉLIO, Data de Julgamento: 10/06/2021, Tribunal Pleno,
Data de Publicação: 20/10/2021)

238
Veja um trecho da decisão, a seguir: "segundo a orientação jurisprudencial do STJ, a
Administração Pública pode ser condenada ao pagamento de indenização pelos danos civis
causados por uma ação de seus agentes, mesmo que consequentes de causa excludente de
ilicitude pena"
(STJ - REsp: 1266517 PR 2011/0161696-8, Relator: Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, Data de
Julgamento: 04/12/2012, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 10/12/2012)

268
x. A concessionária de rodovia não deve ser
responsabilizada por roubo239 com emprego de arma
de fogo cometido contra seus usuários em posto de
pedágio (STJ, REsp 1872260-SP, 2022)240
● Exemplificação:
○ Nesse caso, há fortuito externo (fato de
terceiro) que rompe o nexo de causalidade.
● Revisão do tópico responsabilidade das
concessionárias
○ Lembrar, neste ponto, que a
responsabilidade civil das pessoas jurídicas
prestadoras de serviço público (ex:
concessionárias) é objetiva em relação aos
usuários e não usuários, segundo o art 37,
§6º, CF/88. Ainda, no caso das
concessionárias, pode-se invocar o Código
de Defesa do Consumidor, em alguns casos,
pois segundo o STJ a empresa
concessionária que administra a rodovia
mantém relação consumerista com os
usuários, tendo responsabilidade objetiva
por eventuais falhas na prestação do serviço.
■ Casos em que há responsabilidade
objetiva da concessionária por falhas
no serviço:
➢ Acidentes causados por animais
na pista;
➢ Corpos estranhos na rodovia que
causarem acidentes;

239
Atenção! O STF já reconheceu a responsabilidade civil da concessionária que administra a
rodovia por FURTO que ocorreu no local (Info 901, STF, 2018)

240
É isso que cai na sua prova!

269
➢ Atropelamento de pedestre que
atravessava a rodovia.
i. Responsabilidades específicas do Estado
i. Dano decorrente de obra pública
● Caso de má execução da obra
○ Executada diretamente pelo Estado:
responsabilidade objetiva (artigo 37, §6º,
CF/88)
○ Executada por terceiro contratado:
responsabilidade subjetiva, porque não há
prestação de serviço público.
● Simples fato da obra: não interessa, nesse caso, o
executor, havendo responsabilidade objetiva caso
tenha danos anormais e específicos ao particular.
ii. Por atos legislativos
● Regra: não há responsabilidade civil do Estado por
atos legislativos, porque é geral e abstrato.
○ Exceções:
■ Lei inconstitucional: a lei goza de
presunção de constitucionalidade, de
modo que para gerar responsabilidade
do Estado tem que ser declarada
inconstitucional em controle
concentrado pelo STF. Assim, o
particular pode ingressar com uma
ação judicial demonstrando o efetivo
prejuízo sofrido por conta da lei
inconstitucional.
■ Lei de efeitos concretos: é uma lei
meramente formal, tendo conteúdo de
ato administrativo (efeitos concretos),

270
gerando responsabilidade civil do
Estado.
■ Omissão legislativa
➔ Quando a CF/88 estabelece um
prazo para fazer a lei e não
cumpre o prazo: há uma mora,
de modo que o particular deve
demonstrar um dano para ser
responsabilizado.
➔ Quando a CF/88 não estabelece
prazo: a mora deve ser declarada
pelo Poder Judiciário (mandado
de injunção ou ADI por omissão),
de modo que, depois, o
particular pode exigir
responsabilidade civil do Estado.
■ Por ato jurisdicional (sentença):
➔ Regra: não há responsabilidade
civil do Estado, porque o
mecanismo adequado é o
recurso, de modo que admitir
uma ação judicial seria inventar
uma nova maneira.
➔ Há algumas exceções (artigo 5º,
inciso 75, CF/88):
➢ erro judiciário: diz respeito
ao processo penal, sendo
constatado mediante
revisão criminal (fato
superveniente)
➢ prisão além do tempo
fixado pela sentença: Há

271
duas hipóteses: (I) juiz
manda soltar o preso e o
administrador do presídio
não solta, não sendo caso
de responsabilidade do
Estado. (II) o magistrado,
mesmo após ter passado o
tempo fixado na sentença,
não solta, de modo que
terá responsabilidade do
Estado.
➢ demora dos prazos
prestacionais
jurisdicionais: é cabível
indenização somente nos
casos em que o juiz agiu
de forma arbitrária.
iii. Por atos de notários e registradores (atuam como
particulares em colaboração com o Estado).
● 1ª corrente: esses serventuários recebem
delegação de serviço público se enquadram no
artigo 37, §6º, CF/88 respondendo de forma
objetiva.
● 2ª corrente: não aplica o artigo 37, §6º, CF/88,
porque esse artigo fala delegação para pessoa
jurídica e não para pessoa física
● STF (RE 842846): eles são particulares em
colaboração com o Poder Público (os serventuários
são espécie de agentes públicos). Então, deve-se
aplicar o artigo 37, §6º, CF/88, sendo a
responsabilidade objetiva do Estado, de modo que

272
será assegurado o regresso quando houver dolo ou
culpa do agente público.
iv. Por atos de multidão/ momentos de grandes
manifestações
● Em regra, o Estado não responde por esses danos.
Porém, o Estado pode responder de forma
subjetiva por culpa administrativa/falta do serviço.
j. Ação judicial de reparação do dano
i. Não pode ser proposta diretamente em face do agente
público, em virtude do princípio da dupla garantia.
Assim, só pode ingressar com ação em face do Estado,
de tal maneira que, se o Estado for condenado, ele
ingressa com ação de regresso em face do agente
público, se houver dolo ou culpa.
ii. Denunciação da lide: não pode haver, porque haveria
uma ampliação objetiva (mais uma matéria) e subjetiva
(mais uma pessoa) do processo.
iii. Requisitos da ação de regresso
● Estado deve ter sido efetivamente condenado
● Estado ter efetivamente indenizado o particular
● Deve haver comprovação do dolo ou culpa do
agente público
iv. Prescrição da ação civil do particular em relação ao
Estado
● No Decreto 20910/32, o prazo previsto é de 5 anos
contados da data do evento danoso.
○ Problema: com o Código Civil de 2002, há a
previsão de um prazo de 3 anos. Porém,
prevalece o prazo de 5 anos do Decreto,
porque ele é lei especial.
○ Prazo inicial da prescrição: data do trânsito
judicial da sentença penal condenatória,

273
quando houver um ilícito penal praticado
pelos agentes estatais (assim, não irá contar
a partir do dano, quando houver um ilícito
penal).
● Observações
● Ato de improbidade administrativa praticado
de forma dolosa: pode propor a ação de
reparação ao erário a qualquer tempo (ação
imprescritível).
○ A ação de reparação ao erário é
imprescritível. Porém, a ação de
improbidade administrativa não é
imprescritível.
● Ações de ressarcimento por aqueles que
sofreram danos em razão da ditadura
militar: são imprescritíveis

274
23. Bens públicos
a. Conceito
● Artigo 98, CC241. Bem Público é aquele de titularidade de
pessoa jurídica de direito público.
● Bens equiparados a bens públicos: os bens das pessoas
jurídicas de direito privado quando vinculados a atividades
e serviços públicos serão equiparados a bens públicos para
fins de regime jurídico, aplicando as características da
impenhorabilidade e da imprescritibilidade.
i. Há alguns bens de empresas de direito privado (estatais)
que serão considerados bens públicos, exemplo: florestas
públicas dentro de um terreno pertencente a uma
empresa estatal.
b. Domínio público e domínio eminente
● Domínio público: são todos os bens de titularidade do
Poder Público.
● Domínio eminente: são todos os bens do território nacional
de titularidade do Poder Público ou das pessoas privadas e
os bens que não pertencem a ninguém estão submetidos
ao regramento do Poder Público, O Poder Público possui o
poder de regulamentar a limitação da utilização desses
bens (exemplo: uso do poder de polícia).
c. Classificação dos bens públicos
● Quanto à titularidade

241
Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito
público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem.

275
i. Da União: artigo 20, CF/88242.
ii. Do Estado: artigo 26, CF/88243
iii. Dos Municípios: os que estão em titularidade do
município e bens de interesse local
iv. Do Distrito Federal: todos os bens estaduais e municipais
localizados no DF.
● Quanto à destinação dos bens (artigo 99, CC)
i. Uso comum do povo: aberto para utilização de qualquer
pessoa de forma gratuita, em regra. Ex: rua, praças,
parques. Porém, é possível a regulamentação do uso
desses bens (horário de uso, por exemplo).
● As construções geram um dano presumido
para o Poder Público e a coletividade em
geral. Ex: construir uma casa em uma praça
causa um dano presumido (dano in res ipsa),

242
Art. 20. São bens da União:
I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos;
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções
militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei;
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banham mais
de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele
provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;
IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas
oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas
áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 46, de 2005)
V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva; 🡪 não é a
plataforma continental.
VI - o mar territorial;
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; 🡪 geralmente são utilizados por particulares.
VIII - os potenciais de energia hidráulica;
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos;
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios

243
Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:
I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste
caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União;
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob
domínio da União, Municípios ou terceiros;
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União;
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União.

276
de modo que deve indenizar e arcar com os
custos da demolição. REsp 1457851244
ii. Uso especial: bem com finalidade específica
iii. Bem dominical: é um bem que não está destinado a
qualquer finalidade, não sendo utilizado para qualquer
finalidade. É um bem classificado de forma residual.
● É diferente de bem dominial (gênero): bem
de titularidade do Poder Público.
● Classificação quanto à disponibilidade
i. Bens indisponíveis por natureza: não são suscetíveis de
qualquer avaliação econômica, não podendo dispor o
bem. Exemplo: praia.
ii. Bens patrimoniais por natureza: são suscetíveis de
avaliação econômica, porém por algum motivo não são
disponíveis, não podendo ser alienados. Exemplo: bens
de uso especial e uso comum enquanto estiver com a
finalidade específica.
iii. Bens patrimoniais disponíveis: suscetíveis de avaliação
econômica e podem ser alienados. Ex: bens dominicais.
d. Afetação e desafetação
● Afetação: ocorre quando dá destinação específica para bem
público (bem que não tinha destinação, passa a ter
finalidade específica).
● Desafetação: bem que tinha finalidade específica e depois
não tem mais finalidade.
● Esses fenômenos precisam de ocorrer por ato formal?
i. Não, pode ser um simples fato.

244
Veja um trecho da decisão, a seguir: eventual pagamento de laudêmio, de taxa de ocupação e
de tributos não impede a Administração de buscar reaver aquilo que integra o patrimônio da
sociedade. Leniência, inocente ou criminosa, do Poder Público não converte o bem público em
bem privado, nem outorga ao ocupante ilídimo o direito de perpetuar esbulho ou procrastinar sua
pronta correção.
(STJ - REsp: 1457851 RN 2014/0127073-0, Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN, Data de Julgamento:
26/05/2015, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 19/12/2016)

277
e. Regime jurídico dos bens públicos
● Características
i. Alienabilidade condicionada dos bens públicos (artigo
100-101, CC): somente pode alienar quando cumprida
determinadas condições (Lei de Licitação e Contratos): (I)
estarem desafetados; (II) bens imóveis: devem ter: 1)
autorização legislativa; 2) avaliação do bem e 3) interesse
público na alienação e observar a licitação na
modalidade leilão. Obs: quando for bem móvel não
precisa ter autorização legislativa.
● Inalienabilidade absoluta de bem (artigo 225,
§5º, CF/88)245:
ii. Impenhorabilidade: os débitos por condenação judicial
da Fazenda Pública são pagos por meio do regime de
precatórios, e excepcionalmente, quando for de pequeno
valor é por meio de requisição de pequeno valor (artigo
100, CF/88)246. Não há possibilidade de penhora dos bens
públicos para fins de pagamento de adimplemento dos
débitos de condenação judicial. Ainda, há casos de
penhora de contas públicas em demandas ligadas a
direitos fundamentais (ex: demanda ligada à direito a
saúde, de modo que o Estado descumpre a obrigação
judicial de fornecer medicamento, haverá a possibilidade
do Poder Judiciário penhorar as contas públicas do

245
§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações
discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.

246
Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e
Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de
apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos
ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim

278
Poder Público para fins de cumprimento da decisão
judicial. REsp 1.069810.247
1. Nos casos de bens equiparados a bem público
também é impenhorável.
iii. Imprescritibilidade: impossibilidade de os bens públicos
serem adquiridos mediante usucapião (aquisição
originária). Artigo 183, §3º248, 191, pu, CF/88 e artigo 102,
CC.
1. Bem dominical é passível de usucapião? Não, é
uma interpretação contra a lei fazer isso. Porém, há
doutrinadores que admitem isso, porque esses
bens têm estrutura de bem privado, porque não
têm finalidade pública.
2. Invasão de bem público: o STJ tem jurisprudência
pacífica no sentido de que não é possível
caracterizar posse em bem público. Haverá mera
detenção (não tem direito à indenização de
benfeitorias e retenção). Súmula 619 STJ249. Não há
posse, porque é característica daquele que ocupa
o bem com intenção de ser proprietário, de modo
que não pode ser proprietário de bem público. Ex:
imagine que o particular construiu no terreno

247
PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. ADOÇÃO DE MEDIDA NECESSÁRIA
À EFETIVAÇÃO DA TUTELA ESPECÍFICA OU À OBTENÇÃO DO RESULTADO PRÁTICO EQUIVALENTE.
ART. 461, § 5o. DO CPC. BLOQUEIO DE VERBAS PÚBLICAS. POSSIBILIDADE CONFERIDA AO
JULGADOR, DE OFÍCIO OU A REQUERIMENTO DA PARTE. RECURSO ESPECIAL PROVIDO.
ACÓRDÃO SUBMETIDO AO RITO DO ART. 543-C DO CPC E DA RESOLUÇÃO 08/2008 DO STJ. 1.
Tratando-se de fornecimento de medicamentos, cabe ao Juiz adotar medidas eficazes à
efetivação de suas decisões, podendo, se necessário, determinar até mesmo, o sequestro de
valores do devedor (bloqueio), segundo o seu prudente arbítrio, e sempre com adequada
fundamentação. 2. Recurso Especial provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543-C do CPC e
da Resolução 08/2008 do STJ.
(STJ - REsp: 1069810 RS 2008/0138928-4, Relator: Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Data de
Julgamento: 23/10/2013, S1 - PRIMEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 06/11/2013)

248
§ 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.

249
A ocupação indevida de bem público configura mera detenção, de natureza precária,
insuscetível de retenção ou indenização por acessões e benfeitorias

279
público, esse particular não tem direito a ser
indenizado e tem que pagar pela demolição. REsp
863.939250
● Caso em que um terceiro particular
realiza uma invasão nesse bem que o
particular tem detenção no local do
bem público: particular tem, em face
desse terceiro, os direitos à proteção
possessória. REsp 1.484.304/DF. 251
● Retomada dos bens públicos
ocupados irregularmente pelo
particular → O Poder Público precisa de
autorização judicial ou desforço
imediato previsto no Código Civil?
❖ Não precisa de autorização
judicial. 252
250
PROCESSO CIVIL - ADMINISTRATIVO - AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE - IMÓVEL
FUNCIONAL - OCUPAÇÃO IRREGULAR - INEXISTÊNCIA DE POSSE - DIREITO DE RETENÇÃO E À
INDENIZAÇÃO NÃO CONFIGURADO - EMBARGOS DE DECLARAÇÃO - EFEITO INFRINGENTE -
VEDAÇÃO. 1. Embargos de declaração com nítida pretensão infringente. Acórdão que decidiu
motivadamente a decisão tomada. 2. Posse é o direito reconhecido a quem se comporta como
proprietário. Posse e propriedade, portanto, são institutos que caminham juntos, não havendo de
se reconhecer a posse a quem, por proibição legal, não possa ser proprietário ou não possa gozar
de qualquer dos poderes inerentes à propriedade. 3. A ocupação de área pública, quando irregular,
não pode ser reconhecida como posse, mas como mera detenção. 4. Se o direito de retenção ou de
indenização pelas acessões realizadas depende da configuração da posse, não se pode, ante a
consideração da inexistência desta, admitir o surgimento daqueles direitos, do que resulta na
inexistência do dever de se indenizar as benfeitorias úteis e necessárias. 5. Recurso não provido
(STJ - REsp: 863939 RJ 2006/0117429-8, Relator: Ministra ELIANA CALMON, Data de Julgamento:
04/11/2008, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: --> DJe 24/11/2008, --> DJe 24/11/2008)

251
PROCESSUAL CIVIL. ÁREAS PÚBLICAS DISPUTADAS ENTRE PARTICULARES. POSSIBILIDADE DO
SOCORRO ÀS DEMANDAS POSSESSÓRIAS. 1. A ocupação de área pública, sem autorização
expressa e legítima do titular do domínio, não pode ser confundida com a mera detenção. 2.
Aquele que invade terras e nela constrói sua moradia jamais exercerá a posse em nome alheio.
Não há entre ele e o proprietário ou quem assim possa ser qualificado como o que ostenta jus
possidendi uma relação de dependência ou subordinação. 3. Ainda que a posse não possa ser
oposta ao ente público senhor da propriedade do bem, ela pode ser oposta contra outros
particulares, tornando admissíveis as ações possessórias entre invasores. 4. Recurso especial não
provido.
(STJ - REsp: 1484304 DF 2014/0252641-1, Relator: Ministro MOURA RIBEIRO, Data de Julgamento:
10/03/2016, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 15/03/2016)

252
Tal fato se deve por conta: (I) autoexecutoriedade dos atos públicos (II) princípio da autotutela (a
Administração pode sanar as irregularidades) (III) regime especial dos bens públicos.

280
❖ Não há necessidade do
desforço imediato (artigo
1210, §1, CC), segundo o
professor. Porém, o
Enunciado nº 2 da I
Jornada de Direito
Administrativo prevê de
forma diferente253
iv. Não onerabilidade (artigo 1420, CC): somente pode impor
um ônus real quando pode alienar o bem. Onerar um
bem é dar em garantia, de modo que isso seria violar o
princípio licitatório.
● Os bens dominicais também não são
oneráveis.
f. Aquisição de bens pela Administração Pública254
o Originária: adquire um bem sem qualquer restrição
(qualquer dívida que exista sobre o bem não há
transferência para o novo titular). Ex: usucapião (Adm
pode fazer)
o Derivada: transfere os ônus do bem.
g. Gestão dos bens públicos
● A Administração possui liberdade, porém deve observar
requisitos estabelecidos em lei.

253
Enunciado 2: O administrador público está autorizado por lei a valer-se do desforço imediato
sem necessidade de autorização judicial, solicitando, se necessário, força policial, contanto que o
faça preventivamente ou logo após a invasão ou ocupação de imóvel público de uso especial,
comum ou dominical, e não vá além do indispensável à manutenção ou restituição da posse (art.
37 da Constituição Federal; art. 1.210, §1º, do Código Civil; art. 79, § 2º, do Decreto-Lei n. 9.760/1946; e
art. 11 da Lei n. 9.636/1998).

254
Por meio de contrato; usucapião; desapropriação; acessão; aquisição causa mortis;
arrematação; aquisição definida pela lei.

281
● A gestão pode ser transferida a outro ente público. Exemplo:
transferência de gestão da praia para município litorâneo
(em tese a gestão é da União). Lei nº 13240.
● A gestão direta pode ser feita por três formas de uso:
o Uso comum: utilização pela comunidade de forma
indistinta e geralmente de forma gratuita
(excepcionalmente pode ser retribuído). Porém, esse
povo pode sofrer regulamentação.
● Uso anormal extraordinário: a forma de
gestão é a de uso comum, porém há
limitações (ex: horário, cobranças, utilização
para finalidade distinta pela qual o bem é
destinada [ex: praça em determinado dia
será utilizada para excursão escolar])
o Uso especial: utilização remunerada dos bens e
depende de preenchimento de determinados
requisitos
o Uso privativo: o bem é utilizado em caráter privado por
uma pessoa específica, sendo um uso excludente, de
modo que não pode ser utilizado por todos. O Poder
Público permite que um particular use o bem de
maneira excludente por determinado período255
● O administrado (particular) possui o direito
de usar o bem sozinho.
● Depende de um instrumento formal
(jurídico) que fica o tempo de uso, limite do
uso e finalidade do uso.
● O instrumento jurídico formal é precário,
sendo revogável a qualquer tempo, em
regra.

255
Exemplo: fecha rua para que a Igreja faça uma festa junina.

282
● Regime jurídico de direito público.
● STF RE 601720256
● Veja, a seguir, as formas de conceder o uso
privativo:
● Autorização de uso: forma mais
simples de consentir que o particular
use o bem público257. O Poder Público
concede se for de interesse público,
tendo de sua discricionariedade. Não
há direito do particular de obter o uso.
○ É um ato unilateral258;
○ Não se confunde com
autorização de polícia que é uma
autorização para exercer
atividade econômica. E, não se
confunde com autorização de
serviço público.
○ É um ato discricionário, de modo
que concede se tiver
conveniência e oportunidade
○ É precário e pode ser revogado a
qualquer tempo.
○ Em regra, não tem prazo
determinado.

256
IPTU – BEM PÚBLICO – CESSÃO – PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO. Incide o imposto
Predial e Territorial Urbano considerado bem público cedido a pessoa jurídica de direito privado,
sendo esta a devedora.
(STF - RE: 601720 RJ, Relator: EDSON FACHIN, Data de Julgamento: 19/04/2017, Tribunal Pleno, Data
de Publicação: 05/09/2017)

257
Exemplo: fechamento de rua para celebração da Igreja; utilização de calçada para mesa de
bar.

258
Não é contrato, não há acordo de vontade.

283
○ Atende, primordialmente, o
interesse particular, porém tem
que atender o interesse público.
○ Autorização confere uma
faculdade de uso
○ Não depende de lei e licitação.
■ A autorização de uso é
diferente da autorização
de uso de natureza
urbanística que é
específica (MP 220/21).
■ Existe também uma
autorização condicionada
à fixação de direito e
obrigação, sendo uma
autorização qualificada.
● Permissão de uso
○ Ato unilateral, discricionário, sem
prazo determinado, gratuito,
precário e não depende de lei e
nem de licitação (em regra)259 🡪
igual autorização
○ Predominância do interesse
público (a autorização
predomina o interesse
privado)260
○ Concede um dever de o
particular utilizar, porque o
particular está utilizando o bem

259
Precisa de licitação quando houver mais de um interessado.

260
Não se confunde com permissão de serviço público ou de atividade privada de interesse
econômico.

284
público para uma atividade de
predominância do interesse
público.
○ Permissão tem precariedade
menor.
● Concessão de uso
○ Ato bilateral: verdadeiro contrato
administrativo que concede uso
de bem público ao particular,
tendo deveres e direitos entre as
partes.
○ Licitação: será inexigível se tiver
só um interessado.
○ Discricionário
○ Ato permanente: não pode ser
revogado a qualquer tempo,
porque é um contrato rescindido
(distrato) ou extinto de forma
unilateral pela Administração
Pública.
○ Prazo determinado
○ Não depende de lei, mas de
licitação.
● Concessão de direito real de uso (DL
271/1961)
○ Ocorre por meio de contrato
administrativo de direito real
resolúvel de bem público pelos
fins definidos no Decreto. A
concessão de uso é ampla,
diferente do direito real de uso
que tem finalidades específicas

285
(uso social). Somente pode
ocorrer em terrenos públicos
que não possuem benfeitorias,
de modo que o particular deve
dar destinação social para o bem
(não pode dar finalidade
particular).
○ Artigo 7º, DL 271/61261
○ Admite transmissão inter vivo ou
causa mortis
○ Precisa de lei e licitação na
modalidade concorrência, exceto
no caso de inexigibilidade e
dispensa.
● Concessão de uso especial para fins de
moradia (MP 220)
○ Requisitos: posse ininterrupta e
sem oposição; posse por 5 anos
até 22 de dezembro de 2023;
imóvel público de até 250
metros quadrados; imóvel com
características urbanas;
finalidade do uso para moradia;
possuidor não seja proprietário
de outro imóvel urbano ou rural.
○ É um ato vinculado, de modo
que preenchidos os requisitos a
Administração deve realizar a

261
Art. 7o É instituída a concessão de uso de terrenos públicos ou particulares remunerada ou
gratuita, por tempo certo ou indeterminado, como direito real resolúvel, para fins específicos de
regularização fundiária de interesse social, urbanização, industrialização, edificação, cultivo da terra,
aproveitamento sustentável das várzeas, preservação das comunidades tradicionais e seus meios
de subsistência ou outras modalidades de interesse social em áreas urbanas

286
concessão, gerando direito
adquirido para o particular. Se
não for possível conceder no
local específico, pode ser
concedido em outro local.
○ Somente é reconhecido uma
única vez para o possuidor e
pode ser transferido
○ Se for dada outra finalidade, a
concessão será extinta
○ É um direito real: pode ser objeto
de hipoteca
● Concessão coletiva de moradia coletiva
(MP 2.220)
○ posse ininterrupta e sem
oposição; posse por 5 anos até 22
de dezembro de 2023; imóvel
público de superior a 250 metros
quadrados; imóvel com
características urbanas;
finalidade do uso para moradia
para população de baixa renda;
possuidor não seja proprietário
de outro imóvel urbano ou rural
○ Ato vinculado
● Cessão de uso
○ Transferência do uso do bem
público de forma gratuita para
terceiro (ente público, entidade
terceiro setor).
○ Artigo 18, da Lei 9636

287
○ Firmada de instrumento por
termo de cessão de uso
○ Não há regramento uniforme, de
modo que cada ente edita uma
lei.
● Enfiteuse ou aforamento
○ Extinta do ordenamento jurídico, de
modo que só pode ser utilizada para
terrenos de marinha.
■ Os particulares usam os terrenos
de marinha (33 metros da linha
da preamar média até o
continente) de titularidade da
União (senhoril direto).
○ Os particulares pagam um valor anual
para União chamada de foro. Se o
particular quiser transferir pagará o
laudêmio.
○ Decreto 9760/48, artigo 99-124.
○ Natureza jurídica: direito real de coisa
alheia.
● Uso compartilhado: uso de estruturas para
prestação de serviço público (ex: energia
elétrica, gás canalizado). Sendo o terreno um
bem público, não pode haver a cobrança
para instalação dos equipamentos, porque
será utilizado para finalidade em proveito da

288
coletividade (Agravo Regimental do REsp
1378498)262
○ Quando há prestação do serviço
público de forma direta e precisa usar
de um bem particular, geralmente faz
um convênio.
○ Quando há mais de uma
concessionária que vai prestar o
serviço público: Lei 13.116/15, artigo
14-16.263
h. Alienação dos bens públicos
● O bem deve ser desafetado.
● Requisitos:
262
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL EM AÇÃO RESCISÓRIA.
IMPUGNAÇÃO AOS FUNDAMENTOS DO ACÓRDÃO RESCINDENDO. POSSIBILIDADE. BENS
PÚBLICOS. USO DE SOLO, SUBSOLO E ESPAÇO AÉREO POR CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO
PÚBLICO. COBRANÇA. IMPOSSIBILIDADE. 1. A jurisprudência desta Corte Superior de Justiça
sedimentou o entendimento de que o recurso especial interposto nos autos de ação rescisória
fundada em ofensa do art. 485, V, do CPC pode impugnar diretamente as razões do acórdão
rescindendo, não devendo, obrigatoriamente, se limitar ao pressuposto desta ação (violação da
literalidade de lei). Nesse sentido, os seguintes julgados da Corte Especial: EREsp 517220/RN, Rel.
Ministro HAMILTON CARVALHIDO, Rel. p/ Acórdão Ministra NANCY ANDRIGHI, CORTE ESPECIAL,
julgado em 29/08/2012, DJe 23/11/2012; EREsp 1046562/CE, Rel. Ministra ELIANA CALMON, Rel. p/
Acórdão Ministra NANCY ANDRIGHI, CORTE ESPECIAL, julgado em 02/03/2011, DJe 19/04/2011. 2. É
pacífico o entendimento desta Corte Superior no sentido de que a cobrança em face de
concessionária de serviço público pelo uso de solo, subsolo ou espaço aéreo é ilegal (seja para a
instalação de postes, dutos ou linhas de transmissão, p. ex.) porque (i) a utilização, neste caso,
reverte em favor da sociedade - razão pela qual não cabe a fixação de preço público - e (ii) a
natureza do valor cobrado não é de taxa, pois não há serviço público prestado ou poder de polícia
exercido. 3. Agravo regimental não provido.
(STJ - AgRg no REsp: 1378498 RS 2013/0107895-5, Relator: Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES,
Data de Julgamento: 17/10/2013, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 24/10/2013)

263
Art. 14. É obrigatório o compartilhamento da capacidade excedente da infraestrutura de
suporte, exceto quando houver justificado motivo técnico.
§ 1º A obrigação a que se refere o caput será observada de forma a não prejudicar o patrimônio
urbanístico, histórico, cultural, turístico e paisagístico.
§ 2º As condições sob as quais o compartilhamento poderá ser dispensado serão determinadas em
regulamentação específica.
§ 3º A construção e a ocupação de infraestrutura de suporte devem ser planejadas e executadas
com vistas a permitir seu compartilhamento pelo maior número possível de prestadoras.
§ 4º O compartilhamento de infraestrutura será realizado de forma não discriminatória e a preços
e condições justos e razoáveis, tendo como referência o modelo de custos setorial.
Art. 15. Nos termos da regulamentação da Anatel, as detentoras devem tornar disponíveis, de
forma transparente e não discriminatória, às possíveis solicitantes, documentos que descrevam as
condições de compartilhamento, incluindo, entre outras, informações técnicas georreferenciadas
da infraestrutura disponível e os preços e prazos aplicáveis.
Art. 16. As obras de infraestrutura de interesse público deverão comportar a instalação de
infraestrutura para redes de telecomunicações, conforme regulamentação específica.

289
o Bem imóvel:
● Precisa de autorização legislativa, em regra.
● Precisa interesse público
● Precisa avaliação do bem
● Precisa de Licitação (modalidade leilão na nova lei).
Na Lei 8.666, em regra, é modalidade concorrência,
porém se for bem imóvel adquirido em
procedimento judicial ou dação em pagamento,
será modalidade leilão e dispensa autorização
legislativa.
● Bem imóvel adquirido em procedimento judicial
ou dação em pagamento não precisa de
autorização legislativa
o Bem móvel
● Não precisa de autorização legislativa
● Não há regra quanto a modalidade de licitação.
○ Quando for bem inservível ou legalmente
adquirido ou penhorado, será leilão
i. Espécies de bens públicos
● Terras devolutas: na Lei Imperial (601/1850) foi a primeira vez
que se falou de terra devoluta, sendo aquela que não tinha
título de propriedade particular. Se fizer uma regressão
histórica, percebe que a expressão possui o sentido de terra
devolvida ao Poder Público, porque, quando Portugal
chegou ao Brasil, todas as terras pertenciam à Portugal
(direito de conquista → adquiria o domínio do território).
o A coroa portuguesa fez as capitanias
hereditárias, de modo que concedeu essas
terras a determinados grupos de pessoas
para colonizar essas terras para não ter
invasão de outros povos, sendo essas
concessões com natureza de doação com

290
encargo (colonização; exploração da terra).
As terras que não foram colonizadas
deveriam ser devolvidas ao patrimônio
público, por isso o termo terra devoluta (não
pertence a ninguém).
o Proprietário de terra devoluta: em regra,
pertence ao Estado, salvo as que pertencem
à União (artigo 20, II, CF/88)264
o A terra devoluta presume-se de titularidade
do Estado, de modo que a União tem o ônus
de comprovar que a terra devoluta é sua,
enquadrando na hipótese do artigo 20, II,
CF/88.; Súmula 477 STF.265
o Uma terra devoluta que está na faixa de
fronteira (para defesa) em regra pertence à
União. Se pertence à União, o Estado,
quando conceder ao particular, irá conceder
somente o uso, porque a propriedade é da
União.
o As terras devolutas se submetem a um
processo discriminatório

264
Art. 20. São bens da União:
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções
militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei;

265
AS CONCESSÕES DE TERRAS DEVOLUTAS SITUADAS NA FAIXA DE FRONTEIRA, FEITAS PELOS
ESTADOS, AUTORIZAM, APENAS, O USO, PERMANECENDO O DOMÍNIO COM A UNIÃO, AINDA QUE
SE MANTENHA INERTE OU TOLERANTE, EM RELAÇÃO AOS POSSUIDORES.

291
● Terrenos de marinha (DL 9760)266
o Pertencem à União.
o RE 636199267
o Súmula 496 STJ268
● Terrenos marginais ou reservados: banhados pelas
correntes navegáveis fora do alcance da maré até 15 metros
para parte de terra contados desde o ponto médio das
enchentes ordinárias.
o Pertence ao Estado (artigo 31 do Código de águas),
salvo se pertencem à União (artigo 20, III, Código de
águas)
o Súmula 479 STF269
● Terras indígenas

266
Art. 2º São terrenos de marinha, em uma profundidade de 33 (trinta e três) metros, medidos
horizontalmente, para a parte da terra, da posição da linha do preamar-médio de 1831:
a) os situados no continente, na costa marítima e nas margens dos rios e lagoas, até onde se faça
sentir a influência das marés;
b) os que contornam as ilhas situadas em zona onde se faça sentir a influência das marés. 🡪 a
ilha marítima sede de município e capital pertence ao município, porém o terreno de marinha será
da União.
Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo a influência das marés é caracterizada pela
oscilação periódica de 5 (cinco) centímetros pelo menos, do nível das águas, que ocorra em
qualquer época do ano.

267
Tese firmada pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal: Ao equiparar o regime
jurídico-patrimonial das ilhas costeiras em que sediados Municípios àquele incidente sobre a
porção continental do território brasileiro, a Emenda Constitucional nº 46/2005 não interferiu na
propriedade da União, nos moldes do art. 20, VII, da Constituição da República, sobre os terrenos
de marinha e seus acrescidos situados em ilhas costeiras sede de Municípios, incólumes as
relações jurídicas daí decorrentes. 8. Conclusão que não implica afirmar ilegítimos inconformismos
quanto à aplicação do regramento infraconstitucional pertinente e aos procedimentos adotados
pela Secretaria de Patrimônio da União, matérias que, todavia, não integram o objeto deste apelo
extremo e cujo exame refoge à competência extraordinária desta Corte. Procedem da legislação
infraconstitucional as dificuldades práticas decorrentes (i) da opção legislativa de adotar a linha
do preamar médio de 1831 como ponto de referência para medição dos terrenos de marinha
(Decreto-lei nº 9.760/1946), e (ii) das transformações, naturais ou artificiais, ocorridas ao longo dos
anos, como os aterramentos e as alterações do relevo acumuladas. Não guardam relação com a
alteração promovida pela EC nº 46/2005, e não foram por ela solucionadas.
(STF - RE: 636199 ES, Relator: ROSA WEBER, Data de Julgamento: 27/04/2017, Tribunal Pleno, Data
de Publicação: 03/08/2017)

268
Os registros de propriedade particular de imóveis situados em terrenos de marinha não são
oponíveis à União.

269
As margens dos rios navegáveis são de domínio público, insuscetíveis de expropriação e, por isso
mesmo, excluídas de indenização.

292
o Artigo 231, §1º, CF/88270: pertence à União e são bens de
uso especial.
o Não são terras devolutas.
o Súmula 650 STF271
o Julgamento da Raposa do Sol 272
● Plataforma continental: É a porção do fundo oceânico que
margeia os continentes, indo da linha da costa até a
profundidade de aproximadamente 200 m.
o Pertence à União273
● Ilhas
o Marítimas: pertencem à União, salvo se for sede de
município
1. Costeiras
2. Oceânicas

270
§ 1º São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em caráter
permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos
recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e
cultural, segundo seus usos, costumes e tradições.

271
OS INCISOS I E XI DO ART. 20 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL NÃO ALCANÇAM TERRAS DE
ALDEAMENTOS EXTINTOS, AINDA QUE OCUPADAS POR INDÍGENAS EM PASSADO REMOTO.

272
Fico decidido o seguinte: todas as "terras indígenas" são um bem público federal (inciso XI do
art. 20 da CF), o que não significa dizer que o ato em si da demarcação extinga ou amesquinhe
qualquer unidade federada. Primeiro, porque as unidades federadas pós-Constituição de 1988 já
nascem com seu território jungido ao regime constitucional de preexistência dos direitos
originários dos índios sobre as terras por eles "tradicionalmente ocupadas". Segundo, porque a
titularidade de bens não se confunde com o senhorio de um território político. Nenhuma terra
indígena se eleva ao patamar de território político, assim como nenhuma etnia ou comunidade
indígena se constitui em unidade federada. A Constituição Federal trabalhou com data certa -- a
data da promulgação dela própria (5 de outubro de 1988) -- como insubstituível referencial para o
dado da ocupação de um determinado espaço geográfico por essa ou aquela etnia aborígene; ou
seja, para o reconhecimento, aos índios, dos direitos originários sobre as terras que
tradicionalmente ocupam. 11.2. O marco da tradicionalidade da ocupação. É preciso que esse estar
coletivamente situado em certo espaço fundiário também ostente o caráter da perdurabilidade,
no sentido anímico e psíquico de continuidade etnográfica. A tradicionalidade da posse nativa, no
entanto, não se perde onde, ao tempo da promulgação da Lei Maior de 1988, a reocupação
apenas não ocorreu por efeito de renitente esbulho por parte de não-índios. Caso das "fazendas"
situadas na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, cuja ocupação não arrefeceu nos índios sua
capacidade de resistência e de afirmação da sua peculiar presença em todo o complexo
geográfico da "Raposa Serra do Sol".
(STF - Pet: 3388 RR, Relator: Min. CARLOS BRITTO, Data de Julgamento: 19/03/2009, Tribunal Pleno,
Data de Publicação: DJe-181 DIVULG 24-09-2009 PUBLIC 25-09-2009 REPUBLICAÇÃO: DJe-120
DIVULG 30-06-2010 PUBLIC 01-07-2010 EMENT VOL-02408-02 PP-00229)

273
Também as riquezas.

293
o Fluviais: pertencem ao Estado, salvo se tiver em mais
de um Estado e na fronteira de outros países
(pertencem à União)
● Faixa de fronteira
o Em regra, não pertencem à União, somente pertencem
à União as terras devolutas indispensáveis à proteção
das fronteiras
● Subsolo e riquezas mineiras
o Pertencem à União.
● Domínio hídrico
o Código de águas
● Espaço aéreo
o Competência privativa da União para legislar. Porém, a
propriedade do espaço aéreo é de propriedade do
proprietário do solo.

294
24. Intervenção do Estado na
propriedade privada
● Precisa observar a função social.
● Pode sofrer limitações previstas na Constituição Federal. Ex:
desapropriação e requisição.
i. Fundamento: observar a função social
a. Espécies de intervenção
i. Intervenção supressiva: retira a titularidade, transferindo
para o Estado.
ii. Intervenção branda ou repressiva: há uma mera
limitação da propriedade privada.
b. Modalidades de intervenção branda ou repressiva
i. Servidão: institui um direito real, devendo ser registrado
no Cartório.
1. Incide sobre bens imóveis com caráter de
perpetuidade para servir atividades de interesse
público. Diferente da servidão civil que um ímovel
serve a outro.
2. Em regra, não gera direito à indenização
3. Características:
a. Ônus real;
b. Incide sobre bens imóveis;
c. Buscar servir interesse público;
d. Caráter permanente;
e. Não tem direito à indenização;
f. Tem efeito erga omnes.
g. Forma de instituição de servidão
i. Declaração de utilidade pública;

295
ii. Fase de acordo entre as partes
iii. Fase de decisão judicial caso não seja
eficaz o acordo.
h. Extinção servidão: ocorre em caso de não
necessidade mais do bem para atender o
interesse público
ii. Requisição administrativa (artigo 5º, XXV, CF/88)
1. Recai sobre bens móveis, imóveis e serviços
privados.
2. No caso de iminente perigo público, a autoridade
competente poderá usar de propriedade
particular, assegurada ao proprietário indenização
ulterior, se houver dano;
3. Direito Pessoal
4. Requisição administrativa de bens públicos:
● Não cabe requisição administrativa de bens
públicos em caso de normalidade, somente
em caso de Estado de Sítio e Defesa.
iii. Ocupação temporária: é a intervenção branda por meio
da qual o Estado ocupa, por prazo determinado e em
situação de normalidade, a propriedade privada para
execução de obra pública ou a prestação de serviços
públicos.
1. Há duas formas de ocupação temporária:
a. Associada à desapropriação: segue o
procedimento da desapropriação, de modo
que há o dever de indenizar o proprietário do
imóvel, sendo imprescindível um decreto
específico do Poder Executivo.
b. Não associada à desapropriação: não precisa
de ato formal declarando utilidade pública
(atividade autoexecutória). Em regra, não há

296
direito à indenização, exceto se for
comprovado, pelo proprietário, o prejuízo.
iv. Limitação administrativa: decorre de um ato geral e
abstrato, de modo que são restrições estatais impostas
por atos normativos à propriedade, que acarretam
obrigações negativas
1. Regra: não gera direito à indenização, exceto
quando esvazia o conteúdo econômico da
propriedade.
2. Efeitos: ex nunc.
3. STJ:
a. Se houver limitação administrativa sobre
imóvel rural, não há direito à indenização.
Somente haverá indenização, se for imóvel
urbano e for demonstrado que houve dano
ao proprietário
4. Características
a. Recai sobre bens móveis; imóveis e serviços
privados indeterminados.
b. Haverá direito à indenização se houver dano
anormal.

297
Servidão Requisição Ocupação Limitação
administrativa administrativa temporária administrativa

Direito real Direito pessoal _________________ Limitação de


_________________ caráter geral

recai sobre bens recai sobre bens recai sobre bens recai sobre bens
imóveis móveis, imóveis móveis, imóveis móveis, imóveis
e serviços e serviços e serviços
privados privados privados
indeterminados

Finalidade: Finalidade: Finalidade: Finalidade:


interesse público combater atender obra ou atender
situação de serviço público interesse
iminente perigo público.
público

Caráter: Caráter: Caráter: Caráter:


permanente temporário temporário permanente

Em regra, não Em regra, não Em regra, não Em regra, não


tem direito à tem direito à tem direito à tem direito à
indenização, indenização, indenização, indenização,
exceto em caso exceto em caso exceto em caso exceto em caso
de dano de dano de dano de dano

v. Tombamento: o tombamento é a intervenção estatal


restritiva que tem por objetivo proteger o patrimônio
cultural, histórico e artístico brasileiro.
1. Natureza jurídica (majoritária): modalidade
autônoma de intervenção na propriedade privada.

298
2. Artigo 216, CF/ 88274 e artigo 1º, Decreto Lei 25/37
3. Livros do tombo (artigo 4º, Decreto Lei 25/37)275
4. Competência para instituir o tombamento:
concorrente entre União, Estados e Municípios.

274
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial,
tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à
memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
I - as formas de expressão;
II - os modos de criar, fazer e viver;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações
artístico-culturais;
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico,
paleontológico, ecológico e científico.
§ 1º O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio
cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e
de outras formas de acautelamento e preservação.
§ 2º Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da documentação governamental
e as providências para franquear sua consulta a quantos dela necessitem. (Vide Lei nº 12.527, de
2011)
§ 3º A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento de bens e valores culturais.
§ 4º Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos, na forma da lei.
§ 5º Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de reminiscências históricas dos
antigos quilombos.
§ 6 º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a fundo estadual de fomento à cultura
até cinco décimos por cento de sua receita tributária líquida, para o financiamento de programas
e projetos culturais, vedada a aplicação desses recursos no pagamento de: (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
I - despesas com pessoal e encargos sociais; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de
19.12.2003)
II - serviço da dívida; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
III - qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos investimentos ou ações
apoiados. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

275
Art. 4º O Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional possuirá quatro Livros do Tombo,
nos quais serão inscritas as obras a que se refere o art. 1º desta lei, a saber:
1) no Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, as coisas pertencentes às categorias
de arte arqueológica, etnográfica, ameríndia e popular, e bem assim as mencionadas no § 2º do
citado art. 1º.
2) no Livro do Tombo Histórico, as coisas de interêsse histórico e as obras de arte histórica;
3) no Livro do Tombo das Belas Artes, as coisas de arte erudita, nacional ou estrangeira;
4) no Livro do Tombo das Artes Aplicadas, as obras que se incluírem na categoria das artes
aplicadas, nacionais ou estrangeiras.
§ 1º Cada um dos Livros do Tombo poderá ter vários volumes.
§ 2º Os bens, que se incluem nas categorias enumeradas nas alíneas 1, 2, 3 e 4 do presente artigo,
serão definidos e especificados no regulamento que for expedido para execução da presente lei.

299
a. Pode haver tombamento de bens da União
pelos Estado e Municípios → não há
"hierarquia federativa" (não é esse o termo
adequado).
5. Objeto: qualquer bem imóvel ou móveis, inclusive
bens públicos que tem característica artística,
histórica e cultural.
a. Vedação expressa de obras estrangeiras.
b. Deve manter as características do bem
tombado.
6. Em regra, não há indenização, exceto se houver o
esvaziamento do conteúdo econômico.
7. ≠ Registro: que é relativo a bens imateriais.
8. Tipos de tombamento
a. De ofício: feito pela própria Administração
b. Voluntário: solicitado pelo particular ou pelo
Poder Público (em que o particular aceitou
de bom grado).
c. Compulsório: tombamento que segue
processo administrativo, de modo que o
particular não deu anuência ao
tombamento.

300
○ Artigo 8º e 9º DL 25276
d. Provisório: ocorre antes da inscrição no livro
do tombo
e. Definitivo: ocorre após a inscrição no Livro do
Tombo.
f. Individual: ocorre em relação a um bem de
forma individualizada.
g. Geral: não há uma individualização dos bens
h. Total: tombamento em relação à totalidade
do bem
i. Parcial: tombamento em relação à parcela
do bem.
9. Efeitos do tombamento:
a. Registrar o tombamento no livro do tombo;
b. Bem tombado não pode ser retirado do país
senão por curto prazo sem transferência de
domínio a juízo do conselho do IPHAN.
c. Artigo 20: As coisas tombadas ficam sujeitas
à vigilância permanente do Serviço do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional,

276
Art. 8º Proceder-se-á ao tombamento compulsório quando o proprietário se recusar a anuir à
inscrição da coisa.

Art. 9º O tombamento compulsório se fará de acordo com o seguinte processo:

1) o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, por seu órgão competente, notificará o
proprietário para anuir ao tombamento, dentro do prazo de quinze dias, a contar do recebimento
da notificação, ou para, si o quiser impugnar, oferecer dentro do mesmo prazo as razões de sua
impugnação.

2) no caso de não haver impugnação dentro do prazo assinado, que é fatal, o diretor do Serviço do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional mandará por simples despacho que se proceda à
inscrição da coisa no competente Livro do Tombo.

3) se a impugnação for oferecida dentro do prazo assinado, far-se-á vista da mesma, dentro de
outros quinze dias fatais, ao órgão de que houver emanado a iniciativa do tombamento, a fim de
sustentá-la. Em seguida, independentemente de custas, será o processo remetido ao Conselho
Consultivo do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, que proferirá decisão a respeito,
dentro do prazo de sessenta dias, a contar do seu recebimento. Dessa decisão não caberá recurso.

301
que poderá inspecioná-los sempre que for
julgado conveniente, não podendo os
respectivos proprietários ou responsáveis
criar obstáculos à inspeção, sob pena de
multa de cem mil réis, elevada ao dobro em
caso de reincidência.
d. Os vizinhos não podem prejudicar a
visibilidade do bem tombado
c. Desapropriação
i. Conceito: é uma forma de aquisição original do Poder
Público mediante pagamento de indenização em regra
e consiste em uma forma de intervenção supressiva ou
drástica na propriedade privada. Não há a transferência
dos encargos que recai sobre o imóvel. O imóvel é
adquirido de forma livre e desimpedida.
ii. Características
1. Modalidade de intervenção supressiva ou drástica;
2. Originária
3. Interesse Público justificado em ato formal
(decreto ou lei)
4. Devido processo legal administrativo ou judicial
5. Exige, em regra, indenização prévia.
iii. Modalidades
1. Utilidade ou necessidade pública (artigo 5º, XXIV,
CF)
2. Interesse social (Lei 4.132/62)
3. Especial urbanística (artigo 182, §4º, CF/88):
realizada pelos municípios quando após inúmeras
tentativas o imóvel não foi aproveitado após
implementação de diversas medidas.
4. Fins de reforma agrária (184, CF/88)
5. Desapropriação confisco

302
ii. Objeto: qualquer bem patrimonial, não necessariamente
somente imóvel, de modo que um bem móvel corpóreo
e incorpóreo pode ser desapropriado (ex: ações).
iii. Princípio da hierarquia federativa: somente pode haver
desapropriação de cima para baixo (União em relação
aos Estados e municípios); Estados em relação aos
municípios
1. Súmula 479 STF277
iv. Súmula 476 STF278
v. Não pode haver desapropriação de direitos
personalíssimos e nem de pessoa jurídica. Ainda, não
pode desapropriar moeda corrente do país, porém
moeda estrangeira pode.
vi. Desapropriação por zona: consiste na desapropriação
que abrange uma área maior que a anteriormente
prevista pelo Poder Público para realização da obra ou
serviço, consoante o disposto no artigo 4º, DL 3365279.
Essa desapropriação compreende:
1. a área contígua necessária ao desenvolvimento da
obra a que se destina

277
As margens dos rios navegáveis são de domínio público, insuscetíveis de expropriação
e, por isso mesmo, excluídas de indenização.
278
Desapropriadas as ações de uma sociedade, o poder desapropriante, imitido na posse,
pode exercer, desde logo, todos os direitos inerentes aos respectivos títulos.
279
Art. 4o A desapropriação poderá abranger a área contígua necessária ao desenvolvimento da
obra a que se destina, e as zonas que se valorizarem extraordinariamente, em consequência da
realização do serviço. Em qualquer caso, a declaração de utilidade pública deverá
compreendê-las, mencionando-se quais as indispensáveis à continuação da obra e as que se
destinam à revenda.
Parágrafo único. Quando a desapropriação destinar-se à urbanização ou à reurbanização
realizada mediante concessão ou parceria público-privada, o edital de licitação poderá prever que
a receita decorrente da revenda ou utilização imobiliária integre projeto associado por conta e
risco do concessionário, garantido ao poder concedente no mínimo o ressarcimento dos
desembolsos com indenizações, quando estas ficarem sob sua responsabilidade. (Incluído pela Lei
nº 12.873, de 2013)

303
2. As zonas que se valorizarem extraordinariamente,
em consequência da realização do serviço
● Resp 795580280: somente pode desapropriar
por zona em caso de valorização
extraordinária. Quando for valorização
ordinária, irá utilizar do instrumento legal do
tributo de contribuição de melhoria.
vii. Pressupostos:
1. Declaração de utilidade, necessidade pública ou
interesse social: somente o Ente federado pode
declarar que ocorre por meio de decreto do chefe
do Poder Executivo ou por meio de lei pelo Poder
Legislativo
2. Justa prévia indenização em dinheiro: é um direito
fundamental (artigo 5º, XXIV, CF/88). É
imprescindível a avaliação do bem desapropriado,
280
Ficou decidido, na decisão, o seguinte: na desapropriação, direta ou indireta, quando há
valorização da área remanescente não desapropriada em decorrência de obra ou serviço público,
dispõe o Estado de três instrumentos legais para evitar que a mais valia, decorrente da iniciativa
estatal, locuplete sem justa causa o patrimônio de um ou de poucos: a desapropriação por zona
ou extensiva, a cobrança de contribuição de melhoria e o abatimento proporcional, na
indenização a ser paga, da valorização trazida ao imóvel. 4. A valorização imobiliária decorrente
da obra ou serviço público pode ser geral, quando beneficia indistintamente um grupo
considerável de administrados, ou especial, que ocorre quando o benefício se restringe a um ou
alguns particulares identificados ou, pelo menos, identificáveis. 5. A mais valia geral subdivide-se
em ordinária e extraordinária. A primeira tem lugar quando todos os imóveis lindeiros à obra
pública se valorizam em proporção semelhante. A segunda, diferentemente, toma parte quando
algum ou alguns imóveis se valorizam mais que outros, atingidos pela mais valia ordinária. 6. Na
hipótese de valorização geral ordinária, dispõe o Poder Público da contribuição de melhoria como
instrumento legal apto a "diluir", entre os proprietários beneficiados com a obra, o custo de sua
realização. 7. No caso de valorização geral extraordinária, pode o Estado valer-se da
desapropriação por zona ou extensiva, prevista no art. 4º do Decreto-Lei 3.365/41. Havendo
valorização exorbitante de uma área, pode o Estado incluí-la no plano de desapropriação e, com a
revenda futura dos imóveis ali abrangidos, socializar o benefício a toda coletividade, evitando que
apenas um ou alguns proprietários venham a ser beneficiados com a extraordinária mais valia. 8.
Por fim, tratando-se de valorização específica, e somente nessa hipótese, poderá o Estado abater,
do valor a ser indenizado, a valorização experimentada pela área remanescente, não
desapropriada, nos termos do art. 27 do Decreto-Lei 3.365/41. 9. No caso, a área remanescente não
desapropriada valorizou em decorrência da construção de rodovia estadual. A valorização
experimentada pelo imóvel não é especial, mas genérica, atingindo em patamares semelhantes
todos os imóveis lindeiros à via pública construída. Assim, a mais valia deve ser cobrada por meio
do instrumento legal próprio, que é a contribuição de melhoria, sendo indevido o abatimento
proporcional do justo preço a ser pago pela desapropriação.
(STJ - REsp: 795580 SC 2005/0185609-9, Relator: Ministro CASTRO MEIRA, Data de Julgamento:
12/12/2006, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJ 01/02/2007 p. 448 LEXSTJ vol. 211 p. 170)

304
exceto em caso de anuência expressa do
particular. Em regra, é paga em dinheiro, porém a
desapropriação urbanística e agrária é paga em
títulos da dívida pública. As benfeitorias
necessárias e úteis281, quando houver autorização
do bem público, e acessões (feitas anteriormente
ao decreto) serão indenizadas.
a. O valor da indenização é contemporâneo à
data da avaliação judicial levando em conta
condições mercadológicas existentes à
época da efetiva perda da posse do bem.
b. Artigo 100, CF/88: paga pelo regime de
precatórios
c. Área registrada: se há divergência entre a
área registrada e desapropriada, a
indenização é paga com base no valor total
da área desapropriada, porém o sujeito só
recebe o valor da área registrada. O restante
do valor ficará depositado em uma conta em
juízo e o sujeito só irá receber quando
comprovar que a área não registrada é de
sua titularidade.
d. Área com cobertura vegetal: a área com
cobertura vegetal é objeto de avaliação
diferente da área construída, de modo que
somente terá indenização da área vegetal se
comprovada a exploração dos recursos
vegetais (proveito econômico) de forma lícita
e anterior à desapropriação. Ainda, tem que
levar em consideração o fundo do comércio.

281
Se houver autorização do Poder Público.

305
e. Exceção da indenização em dinheiro282:
f. Somente após o pagamento integral da
indenização pode levar em registro a
sentença que decretou a desapropriação
i. Exceção: artigo 34-A, DL 3.365
viii. Competência para desapropriar: somente os entes
federados podem declarar um bem como de utilidade
ou necessidade pública. Em regra, nem as autarquias,
fundações e agências reguladoras podem. Exceto: o
DNIT (artigo 82, IX, Lei 10233) e ANEEL dentro da sua
finalidade institucional.
ix. Competência para executar a desapropriação em si:
o ente federado, o ente da administração indireta,
delegatária de serviço público e por meio de cláusula
contratual do contratado (particular) por meio de
delegação do Poder Público.
● O decreto desapropriatório nunca poderá ser
delegado.
x. Competência para desapropriar para fins de reforma
agrária: somente a União
xi. Competência desapropriar para fins urbanísticos:
somente os municípios
xii. Competência para desapropriação confisco: somente a
União.
xiii. Competência para desapropriar para fins de necessidade
pública, utilidade pública e interesse social: qualquer
ente
xiv. Fases do procedimento
1. Declaração da desapropriação

282
(I) desapropriação especial urbanística: título da dívida pública resgatáveis em até
(II) desapropriação para fins de agrária: título da dívida agrária resgatável em até 20 anos e pode
resgatar somente a partir do 2º ano. (III) desapropriação confisco: não há indenização.

306
● Consequência: Permite que o ente federado
possa ingressar no bem para realizar a
inspeção, identificando o estado atual do
bem. Artigo 7º, DL 3365283
● Artigo 26, §1º, DL 3365284
● Início do prazo de caducidade: (I) 5 anos para
caso de desapropriação por utilidade ou
necessidade pública. (II) 2 anos para caso de
desapropriação por interesse social.
○ Se não promovida desse prazo, terá
decadência do direito, de modo que
somente poderá emitir nova
declaração após um ano dessa
decadência.
2. Fase executória
a. Inicia com o procedimento administrativo
● Notificação do proprietário: o
proprietário tem prazo para responder
em 15 dias. O silêncio importa em
rejeição da proposta da Administração
Pública. Se for rejeitada, abre a via do
processo judicial. Se for aceita, paga a
indenização e efetiva a desapropriação.
3. Fase judicial se precisar

283
Art. 7o Declarada a utilidade pública, ficam as autoridades administrativas autorizadas a
penetrar nos prédios compreendidos na declaração, podendo recorrer, em caso de oposição, ao
auxílio de força policial. Àquele que for molestado por excesso ou abuso de poder, cabe
indenização por perdas e danos, sem prejuízo da ação penal.

284
Art. 26. No valor da indenização, que será contemporâneo da avaliação, não se incluirão os
direitos de terceiros contra o expropriado. (Redação dada pela Lei nº 2.786, de 1956)
§ 1º Serão atendidas as benfeitorias necessárias feitas após a desapropriação; as úteis, quando
feitas com autorização do expropriante. (Renumerado do Parágrafo Único pela Lei nº 4.686, de
1965)

307
a. Artigo 11285
b. Legitimidade ativa: entes federados ou pode
ser delegado por ente privado
c. Legitimidade passiva: o titular do poder,
possuidor e se houver dúvida na titularidade
do bem deve fazer um litisconsórcio passivo
necessário.
d. Ministério Público não precisa intervir, salvo
quando tiver matéria de atribuições
institucionais do MP (ordem urbanística,
meio ambiente, interesse de menor)
i. Quando for desapropriação para fins
de reforma agrária e especial
urbanística, o MP deve participar.
e. Petição inicial286
f. Ao despachar a inicial, o juiz designará um
perito de sua livre escolha, sempre que
possível, técnico, para proceder à avaliação
dos bens. O autor e o réu poderão indicar
assistente técnico do perito.
g. A avaliação do imóvel é obrigatória ainda
que o réu seja revel. Somente não fará se
tiver a anuência expressa do réu acerca do
preço apresentado na petição inicial. E,
mesmo nesse caso, se o juiz quiser ele pode

285
Art. 11. A ação, quando a União for autora, será proposta no Distrito Federal ou no foro da
Capital do Estado onde for domiciliado o réu, perante o juízo privativo, se houver; sendo outro o
autor, no foro da situação dos bens.

286
Art. 13. A petição inicial, além dos requisitos previstos no Código de Processo Civil, conterá a
oferta do preço e será instruída com um exemplar do contrato, ou do jornal oficial que houver
publicado o decreto de desapropriação, ou cópia autenticada dos mesmos, e a planta ou
descrição dos bens e suas confrontações.
Parágrafo único. Sendo o valor da causa igual ou inferior a dois contos de réis (2:000$0),
dispensam-se os autos suplementares.

308
ordenar avaliação se verificar que essa
proposta inicial não faz jus ao direito social
da justa indenização.
h. Cognição judicial limitada horizontalmente:
o réu somente pode alegar na defesa vício
processual administrativo (vício de
legalidade) e discutir o preço. Porém,
verticalmente a discussão é ilimitada.
i. O réu pode alegar o direito de
extensão: direito de exigir que na
desapropriação se inclua o bem que se
tornará inútil. Isso diz respeito à justa
indenização, então não foge da
matéria alegável.
i. O Poder Judiciário não pode avaliar se há ou
não utilidade pública, porque é mérito
administrativo (artigo 9º e Enunciado nº 3 I
Jornada de Direito Administrativo).
j. Imissão provisória da posse: o Poder Público
pode declarar a urgência e por meio de
depósito de uma quantia, de modo que o
sujeito poderá se apossar do bem antes do
pagamento de indenização. A declaração
de imissão pode ser na petição inicial.
i. Não precisa da avaliação judicial para
que tenha imissão na posse. O STJ tem
a decisão que a imissão prescinde da
avaliação prévia ou pagamento
integral, exigindo apenas o depósito.
Porém, se já houver avaliação judicial
do bem e for um valor superior das

309
alíneas do §1º, o Poder Público terá que
depositar o valor da avaliação.
k. Súmula 625 STF287
l. Deve ser averbada no Registro Geral de
imóveis
m. Lei 13465 trouxe alterações e inseriu o artigo
34-A, de modo que, quando o expropriado
anuiu com a desapropriação, o juiz na
decisão de imissão da posse irá declarar a
propriedade do bem para o Poder Público,
porém essa anuência não retira o direito de
discutir o valor pelo expropriado.
xv. Desistência da ação de desapropriação Pelo Poder
Público
1. O Poder Público pode desistir depois do trânsito
em julgado, desde que: (I) não tenha pagado o
preço para o particular e o (II) particular ainda seja
capaz de continuar utilizando o imóvel nas
mesmas condições substanciais que estava
utilizando antes.
2. O ônus de comprovar o impedimento do direito de
desistência é do particular, ou seja, o particular que
deve comprovar que não pode mais utilizar o
imóvel ou bem da mesma forma que utilizava
antes (REsp 1.368.773/STJ).
3. O pedido de desistência afasta a limitação dos
honorários previsto no Decreto (artigo 27, §1º) e vai
para o limite do CPC.
xvi. Correção monetária, juros na ação de desapropriação.

287
Não contraria a constituição o art. 15, § 1º, do decreto-lei 3365/1941 (lei da desapropriação por
utilidade pública).

310
1. Correção monetária: tratada na súmula 561 STF288 e
67 STJ289 e incide a partir do momento da avaliação
judicial do bem.
2. Juros moratórios: vão incidir por conta do atraso no
pagamento do valor devido. Somente ocorre a
partir do prazo que vencer para o pagamento do
precatório (artigo 100, §5º, CF/88). O precatório
apresentado até 1º de junho de determinado ano
pode ser pago de 31 de dezembro do próximo ano,
não incidindo os juros moratórios nesse tempo.
Passado esse prazo, incidem juros moratórios.
● Incidem juros moratórios entre a data de
realização dos cálculos e a da requisição ou
precatório (RE 579431)290
● O índice é de 6%
● Súmula 12 STJ: “em desapropriação, são
cumuláveis juros compensatórios e
moratórios”.
3. Juros compensatórios: não têm finalidade de
indenizar a mora. Tem finalidade de indenizar a
perda econômica do bem, porque a Administração
Pública será imitida provisoriamente da posse, de
modo que o particular perdeu a disponibilidade do
imóvel e precisa ser compensado, já que ainda é
proprietário. O tempo que passa entre a imissão da
288
Em desapropriação, é devida a correção monetária até a data do efetivo pagamento da
indenização, devendo proceder-se à atualização do cálculo, ainda que por mais de uma vez.

289
Na desapropriação, cabe a atualização monetária, ainda que por mais de uma vez,
independente do decurso de prazo superior a um ano entre o cálculo e o efetivo pagamento da
indenização.

290
JUROS DA MORA – FAZENDA PÚBLICA – DÍVIDA – REQUISIÇÃO OU PRECATÓRIO. Incidem juros
da mora entre a data da realização dos cálculos e a da requisição ou do precatório.
(STF - RE: 579431 RS, Relator: MARCO AURÉLIO, Data de Julgamento: 19/04/2017, Tribunal Pleno,
Data de Publicação: 30/06/2017)

311
posse e a transferência do bem para Administração
Pública (registro geral de imóveis) precisa ser
compensado, sendo esse o tempo de incidência.
● Súmula 164 STF291 e Súmula 69 STJ292.
● Súmula 618 STF; ADI 2332: No artigo 15-A, os
juros moratórios eram de 6% ao ano. Com a
ADI (medida cautelar), suspendeu essa
porcentagem, colocando um percentual de
12% ao ano. Posteriormente, editou a súmula
618 do STF fixando o percentual de 12% ao
ano. Porém, quando julgou a ADI de forma
definitiva, verificou-se que deveria ser 6% ao
ano, de modo que a súmula 618 STF está
superada, sendo, atualmente, os juros
compensatórios de 6% ao ano. Não é “até 6%”
● De acordo com o STJ, os juros
compensatórios incidem sobre a diferença
entre 80% do valor ofertado e o valor
definido na sentença.
○ O início do pagamento se dá com a
imissão na posse.
● Ex: Poder Público oferta R$ 100.000,00 na
petição inicial e depositou. A parte levantou
80 mil reais. 20 mil reais ficaram depositados
em juízo. No final, a sentença julgou o
processo e definiu o valor de 200 mil reais, ou
seja, os juros compensatórios de 6% irão

291
No processo de desapropriação, são devidos juros compensatórios desde a antecipada imissão
de posse, ordenada pelo juiz, por motivo de urgência

292
Na desapropriação direta, os juros compensatórios são devidos desde a antecipada imissão na
posse e, na desapropriação indireta, a partir da efetiva ocupação do imovel.

312
incidir sobre o 20 mil já depositado e os 100
mil, totalizando 120 mil reais
● Quando o imóvel não estiver sendo
explorado não incidem juros compensatórios
(artigo 15, §1º e §2º, DL 3365293 e ADI 2332)

Atenção nessa tabela!

base de cálculo Porcentagem Início


pagamento

Juros moratórios 6% ao ano A partir de 1º


Valor da indenização de Janeiro do
fixado na sentença exercício
seguinte em
que o
pagamento
deveria ser
feito

Juros Compensatórios 6% ao ano Da data da


LEI − Diferença entre o imissão na
valor ofertado em juízo posse
e o valor fixado na
sentença (Medida
Provisória

n. 2.183-56/2001).

STF – diferença

293
Art. 15. Se o expropriante alegar urgência e depositar quantia arbitrada de conformidade com o
art. 685 do Código de Processo Civil, o juiz mandará imití-lo provisoriamente na posse dos bens;
§ 1º A imissão provisória poderá ser feita, independente da citação do réu, mediante o depósito:
(Incluído pela Lei nº 2.786, de 1956)
a) do preço oferecido, se êste fôr superior a 20 (vinte) vêzes o valor locativo, caso o imóvel esteja
sujeito ao impôsto predial; (Incluída pela Lei nº 2.786, de 1956)
b) da quantia correspondente a 20 (vinte) vêzes o valor locativo, estando o imóvel sujeito ao
impôsto predial e sendo menor o preço oferecido; (Incluída pela Lei nº 2.786, de 1956)
c) do valor cadastral do imóvel, para fins de lançamento do impôsto territorial, urbano ou rural,
caso o referido valor tenha sido atualizado no ano fiscal imediatamente anterior; (Incluída pela Lei
nº 2.786, de 1956)
d) não tendo havido a atualização a que se refere o inciso c, o juiz fixará independente de
avaliação, a importância do depósito, tendo em vista a época em que houver sido fixado
originalmente o valor cadastral e a valorização ou desvalorização posterior do imóvel. (Incluída
pela Lei nº 2.786, de 1956)
§ 2º A alegação de urgência, que não poderá ser renovada, obrigará o expropriante a requerer a
imissão provisória dentro do prazo improrrogável de 120 (cento e vinte) dias. (Incluído pela Lei nº
2.786, de 1956)

313
calculada entre 80% do
preço ofertado em juízo
e o valor do bem fixado
na sentença (ADI n.
2.332).

Honorários Meio por cento a


advocatícios Diferença entre o valor 5%
ofertado em juízo e o
valor fixado na sentença
(MP 2.183-56/2001)

314
xvii. Custas e honorários ação de desapropriação
1. Honorários: são fixados entre 0,5 e 5% sobre o valor
da diferença entre o preço ofertado e o valor fixado
na sentença. São percentuais diferentes do CPC/15.
Não há limitação no valor de honorário.
Súmula 141 STJ294.
● Se a sentença condenar a Fazenda
Pública em preço superior ao dobro
ofertado, a sentença fica submetida à
remessa necessária ao segundo grau.
2. Custas processuais: pagas pelo autor, se o réu
aceitar o preço ofertado. Se o réu não aceitar, as
custas são pagas pelo vencido ou
proporcionalmente na forma da lei.

d. Desapropriação direta
i. Tredestinação: dar uma destinação diversa da
inicialmente concebida. Ex: desapropria para construir
uma escola e faz um hospital.
1. Tredestinação lícita: dá uma destinação diferente
da inicialmente determinada, porém a nova
destinação atende ao interesse público. Ex:
desapropria para construir uma escola e faz um
hospital.
● Não cabe retrocessão
2. Tredestinação ilícita: dá uma destinação diferente
da inicialmente determinada, porém a nova
destinação não atende o interesse público. Ex:
294
Os honorários de advogado em desapropriação direta são calculados sobre a diferença entre a
indenização e a oferta, corrigidas monetariamente.

315
desapropria para construir uma escola e, na
verdade, doa o bem para o particular.
● Consequência: nasce o direito à
retrocessão, ou seja, o direito do
expropriado poder reaver o bem
(devolução do bem) e pagar o valor do
preço atual da coisa.
3. Implantação do parcelamento popular: não se
dará outra utilização (tredestinação lícita) e não
tem direito à retrocessão.
4. Natureza jurídica da retrocessão
a. 1ª corrente: direto pessoal, de modo que não
pode reaver o bem, somente dá direito à
indenização. Posição adotada pelo Decreto
Lei 3365
b. 2ª corrente: natureza real, de modo que pode
reaver o bem objeto de tredestinação ilícita
pelo preço atual da coisa. Posição atual
adotada pelo STJ.
c. 3ª corrente: natureza mista, de modo que o
particular expropriado pode reaver o bem ou
pedir a indenização.
5. Tredestinação vs desdetinação vs adestinação
a. Desdestinação: foi dada uma destinação
específica pela qual expropriou o bem,
porém depois retirou essa destinação
● Há direito de retrocessão?
Não, porque somente
ocorre no caso de
tredestinação ilícita.
b. Adestinação: não há qualquer destinação
para o bem.

316
● Há direito de retrocessão?
Não, porque somente
ocorre no caso de
tredestinação ilícita
e. Desapropriação para fins de reforma agrária
(artigo 186, CF295)
ii. Quando o imóvel rural não atende à função social fica
submetido a desapropriação para fins de reforma.
iii. Não pode haver desapropriação para reforma agrária nos
casos de 185, CF/88296.
iv. Competência: exclusiva da União
v. Indenização: títulos da dívida agrária resgatáveis em até
20 anos, o primeiro resgate é só a partir de 2 anos da
emissão desse título. É assegurado o valor real.
● Benfeitorias úteis e necessárias são
indenizáveis em dinheiro
vi. Segue o procedimento especial previsto na LC 76/93,
havendo intervenção obrigatória do MP.

295
Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente,
segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:
I - aproveitamento racional e adequado;
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;
III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.

296
Art. 185. São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária:
I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário não
possua outra;
II - a propriedade produtiva.

317
f. Desapropriação urbanística (artigo 182, §4º,
CF/88)297
i. O Poder Público municipal pode editar lei específica
dizendo que os imóveis da região (previsto no plano
diretor) devem ser aproveitados. Se tiver um imóvel
improdutivo, o município pode determinar o
aproveitamento compulsório (parcelamento ou
edificação compulsória) desse imóvel inutilizado ou
subutilizado. Se não for atendido isso, o município pode
aplicar o IPTU progressivo no tempo que irá aumentar a
cada ano até completar 5 anos consecutivos (artigo 7º,
Estatuto da Cidade). O valor dessa alíquota fixada em lei
específica não pode exceder a duas vezes a alíquota do
ano anterior, sendo a alíquota máxima de 15% no final de
5 anos. Ao final de 5 anos, aplica a alíquota de 15%. Se não
for cumprida a função social mesmo após aplicação da
alíquota, pode haver a desapropriação.
ii. Indenização da desapropriação: feita em títulos da dívida
pública resgatáveis em até 10 anos (todo ano resgata
uma parcela.

297
Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal,
conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das
funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes. (Regulamento) (Vide Lei nº
13.311, de 11 de julho de 2016)
§ 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano
diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado
ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
I - parcelamento ou edificação compulsórios;
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente
aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais
e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.

318
g. Desapropriação confisco (artigo 243, CF/88)298
i. Confisco de imóvel urbano ou rural que estava sendo
utilizado para plantação de plantas psicotrópicas ou
trabalho escravo.
ii. Não há indenização
iii. exploração dessas atividades ilegais não precisa ser
realizada pelo proprietário. O proprietário não pode
alegar desconhecimento dessas atividades, bastando ter
um grau de culpa, somente podendo eximir se
comprovar que não teve culpa, sendo seu ônus
comprovar que não tinha culpa (exemplo: imóvel estava
locado e não tinha capacidade de fiscalizar).
iv. Não pode alegar que só tem plantação em uma parte e
então deve desapropriar somente essa parte
v. Se houver mais de um proprietário e somente um foi
culpado, haverá o confisco de toda propriedade. O
proprietário não culpado tem direito a indenização.
h. Desapropriação indireta (artigo 35, DL 3365299)
i. Ocorre quando o Poder Público se apossa do bem sem
procedimento prévio. O particular não pode reaver o
bem, somente tendo direito à indenização, ainda que o
apossamento tenha sido ilegal sem o devido processo.

298
Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem localizadas
culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na forma da lei serão
expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer
indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que
couber, o disposto no art. 5º. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 81, de 2014)
Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico
ilícito de entorpecentes e drogas afins e da exploração de trabalho escravo será confiscado e
reverterá a fundo especial com destinação específica, na forma da lei. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 81, de 2014)

299
Art. 35. Os bens expropriados, uma vez incorporados à Fazenda Pública, não podem ser objeto
de reivindicação, ainda que fundada em nulidade do processo de desapropriação. Qualquer ação,
julgada procedente, resolver-se-á em perdas e danos.

319
ii. Segue o rito do decreto, aplicando limitação dos
honorários de meio por cento a cinco por cento. (STF)
iii. STF: Não configura desapropriação indireta quando o
Estado se limita a realizar serviços públicos de
infraestrutura, quando a invasão foi feita por particular. O
Poder Público não se apossou do bem.
iv. Os juros compensatórios incidem a partir da perda da
posse do bem pelo particular.
v. Prazo prescricional para ajuizar a ação de desapropriação
indireta: não aplica o prazo do Decreto, havendo a
súmula 119 STJ, sendo o prazo de 20 anos (porque esse
prazo era o geral do CC/16). Essa súmula está superada,
porque o prazo geral do CC é de 10 anos e também
porque para o STJ não se aplica o prazo geral do CC.
Todavia, o prazo é de 10 anos, porém o motivo não é pelo
prazo geral do CC, sendo o motivo o fato de que o prazo
para usucapião extraordinária é de 15 anos, porém, se for
realizada obras de interesse público e função social, será
de 10 anos. A usucapião extraordinária é aquisição
originária do bem basicamente, então passou 10 anos,
adquire o bem. Logo, se em 10 anos há usucapião com
função social, não faz sentido que depois de 10 anos o
particular requeira indenização pelo apossamento do
bem, porque já configura usucapião. (STJ Embargos em

320
REsp 1575846)300. Em suma, em regra o prazo
prescricional é de 10 anos, porque se presume que o
Poder Público realizou obras e serviços, todavia o
particular pode comprovar que o Poder Público não
realizou essas obras, ficando prazo de 15 anos.
● Caso de limitação administrativa e não
desapropriação: a pretensão se funda em
direito pessoal, sendo o prazo prescricional
de 5 anos do Decreto 20910/32.

300
PROCESSO CIVIL. ADMINISTRATIVO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL.
DESAPROPRIAÇÃO. INDIRETA. NATUREZA. AÇÃO INDENIZATÓRIA DE DIREITO REAL. PRESCRIÇÃO.
APLICAÇÃO ANALÓGICA DO PRAZO DE USUCAPIÃO. REGRA. PRAZO DECENAL. CONSTRUÇÃO DE
OBRAS OU IMPLANTAÇÃO DE SERVIÇOS DE UTILIDADE PÚBLICA OU INTERESSE SOCIAL.
PRESUNÇÃO RELATIVA. POSSIBILIDADE DE PROVA EM SENTIDO CONTRÁRIO. PRAZO DE QUINZE
ANOS. EXCEÇÃO. 1. Conforme a jurisprudência, é irrelevante para o conhecimento dos embargos
de divergência o fato de não estar o acórdão paradigma transitado em julgado. 2. A divergência
entre os órgãos fracionários deste Colegiado é evidente. Para a Primeira Turma, o prazo é de 15
anos, na medida em que o parágrafo único do art. 1.238 do Código Civil destina-se especificamente
a regular os direitos do posseiro particular que ocupa o imóvel para uso residencial ou produtivo.
Para a Segunda Turma, o prazo de 10 anos de referido dispositivo é plenamente aplicável à
desapropriação indireta, por presumir-se a implementação pelo Poder Público de obras ou
serviços de utilidade pública ou interesse social. 3. O conceito de desapropriação indireta retrata
situação fática em que a Administração, sem qualquer título legítimo, ocupa indevidamente a
propriedade privada. Incorporado de forma irreversível e plena o bem particular ao patrimônio
público, resta ao esbulhado apenas a ação indenizatória por desapropriação indireta. 4. A
jurisprudência conferiu a essa ação indenizatória caráter de direito real, equiparando seu prazo
prescricional ao da ocorrência de usucapião em favor do ente público. 5. A adoção das regras de
Direito Privado decorre unicamente de construção jurisprudencial. Para aplicação ao Direito
Administrativo de normas do Código Civil de 2002 destinadas a regular relações estritamente
particulares, é preciso interpretá-las de forma temperada. No caso da desapropriação indireta,
inexiste sequer norma positiva no Direito Administrativo, não podendo se exigir da lei civil essa
disposição. 6. Todo o sentido do Código Civil é pela ponderação entre os direitos de propriedade do
particular e o interesse coletivo. No equilíbrio entre eles, está a função social da propriedade.
Assim, plenamente aplicável o parágrafo único às hipóteses de desapropriação indireta, por
presunção de haver o Estado implantado obras ou serviços de caráter social ou utilidade pública.
7. A presunção é relativa, podendo ser afastada pela demonstração efetiva de inexistência de
referidas obras ou serviços. 8. Em regra, portanto, o prazo prescricional das ações indenizatórias
por desapropriação indireta é decenal. Admite-se, excepcionalmente, o prazo prescricional de 15
anos, caso concreta e devidamente afastada a presunção legal. 9. No caso dos autos, o acórdão da
origem demonstra tratar-se de desapropriação indireta pela construção de rodovia, hipótese de
incidência da regra geral. A obra foi realizada em 1976. O decreto de utilidade pública editado em
1994 interrompeu a prescrição. Aplicando-se a regra de transição do Código Civil de 2002, o prazo
prescricional de 10 anos teve início em 11/1/2003. Tendo a presente ação sido ajuizada em agosto de
2013, é forçoso o reconhecimento da prescrição. 10. Embargos de divergência providos.
(STJ - EREsp: 1575846 SC 2015/0322068-7, Relator: Ministro OG FERNANDES, Data de Julgamento:
26/06/2019, S1 - PRIMEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 30/09/2019 RSTJ vol. 255 p. 202)

321
25. Intervenção do Estado na Ordem
Econômica301
a. Histórico
● Ocorre a depender do modelo econômico adotado pelo
Estado.
1. Estado liberal: baseado na abstenção do Estado,
de modo que não intervinha no domínio
econômico, estando pautado na liberdade
individual. Não assumia uma posição ativa.
2. Estado social: o Estado se tornou intervencionista,
de modo que isso acabou trazendo o inchaço da
máquina pública.
3. Estado regulador: o Estado apenas passa a prestar
as atividades essenciais. Em regra, há uma
intervenção indireta.
b. Princípios da ordem econômica: artigo 170, CF/88
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do
trabalho humano e na livre iniciativa,302 tem por fim
assegurar a todos existência digna, conforme os ditames
da justiça social, observados os seguintes princípios:
I - soberania nacional;
II - propriedade privada;
III - função social da propriedade;
IV - livre concorrência;
V - defesa do consumidor;
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante
tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental
dos produtos e serviços e de seus processos de

301
Quem quiser se aprofundar no assunto deve ler o Caderno de Direito Econômico.

302
Esses dois fundamentos devem ser compatibilizados.

322
elaboração e prestação; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
VII - redução das desigualdades regionais e sociais;
VIII - busca do pleno emprego;
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno
porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham
sua sede e administração no País. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 6, de 1995)
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de
qualquer atividade econômica, independentemente de
autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos
em lei. (Vide Lei nº 13.874, de 2019)
● Princípio integradores: busca reduzir a
marginalização social.
c. Formas de intervenção
i. Direta: atua diretamente no domínio econômico,
criando uma empresa estatal que atuará no respectivo
setor econômico.
1. Absorção: o Estado atua em regime de monopólio
ou privilégio.
2. Participação: o Estado intervém no domínio
econômico, porém a empresa estatal irá atuar em
regime concorrencial.
ii. Indireta: O Estado intervém no domínio econômico,
influenciando de alguma forma os agentes econômicos.
1. Por direção: o Estado edita preceitos e regras de
observância obrigatória pelos particulares que
atuam em determinado setor específico.í
2. Por indução: o Estado busca induzir o particular a
prestar determinada atividade.
● Ex: fomento estatal.
● Formas de intervenção indireta no domínio econômico

323
1. Planejamento: o Estado antecipa uma escolha
que faria futuramente. Essa atividade é impositiva
para o setor público (art 174, CF/88) e é meramente
indicativa para o setor privado.
2. Regulação
● Envolve atividade administrativa clássica;
atividade normativa; atividade judicante
d. Atividade econômica e serviço público
i. Atividade econômica em sentido estrito: atividades
abertas à livre iniciativa.
ii. Atividades econômicas de serviço público: podem ser
exploradas pelo Estado e pela iniciativa privada com
finalidade lucrativa.
e. Regulação: pressupostos iniciais303
Envolve três atividades:
i. Atividade administrativa clássica
● Fiscalização
● Aplicação de sanções
ii. Atividade normativa
● Edita normas para o setor regulado.
iii. Atividade judicante
● Resolve conflitos dentro do setor regulado.
f. Falhas de Mercado
i. Espécies de falha de mercado

303
O objetivo da regulação é reduzir as falhas de mercado que geram prejuízo à sociedade em
geral.

324
● (I) Deficiência na produção de bens essenciais:
ocorre em bens que não são lucrativos. Nesse
sentido, a Administração interfere nesses serviços,
porque são essenciais, por exemplo: a própria
Administração exerce a prestação de serviço
postal;
● (II) Assimetria de Informações
● (III) Concentração Econômica: a Administração
busca evitar a concentração econômica, mantendo
agentes econômicos médios, pequenos e grandes.
É claro que resguarda as hipóteses em que se é
permitido o monopólio;
● (III) Externalidade: busca evitar as externalidades
negativas (efeitos colaterais).
ii. Falhas de mercado relacionados aos bens públicos e
serviços
● A prestação do bem ou serviço somente faz
sentido quando prestada pelo governo, sendo
custeada pelos impostos.
● Nesse caso, tem que ser objeto de intervenção
direta no domínio econômico.
g. Formas de regulação
i. Regulação estatal: feita pelo Estado, podendo
ocorrer por órgãos da Administração Pública
Indireta ou agências reguladoras.
ii. Regulação não estatal: exercida por entidades da
sociedade privada por delegação ou incorporação
de suas normas no ordenamento jurídico nacional.
● Exemplo: entidades desportivas.
iii. Autorregulação: feita pelos próprios agentes
econômicos.
● Exemplo: CONAR

325
iv. Desregulação: o próprio mercado faz a regulação
(ideia de mão invisível)
● Não é o que foi adotado no ordenamento
jurídico nacional.
v. Regulação por incentivo ou empurrões: o Estado
utiliza de fomentos, prevendo benefícios aos
agentes econômicos.
● Adota sanções positivas.
Nas palavras do professor Rodolfo, dentro da Regulação, ainda temos:
h. Controle ou tabelamento de preços
i. É uma modalidade de intervenção indireta por meio
da regulação. Essa regulação é excepcional, sendo a
regra a livre iniciativa. O tabelamento pode ocorrer
quando: (I) justificado e limitado no tempo; (II) motivado
por princípios da ordem econômica (III) objetivando
reduzir falhas de mercado, garantindo a defesa do
consumidor e reduzindo as desigualdades sociais.
● Exemplo: em tempos de pandemia, poderia ter
feito um tabelamento do preço do álcool em gel.
ii. Em regra há uma impossibilidade de fixação dos preços
inferiores aos custos
● ADI 319304
iii. O tabelamento pode gerar responsabilidade civil do
Estado, quando causar prejuízos para determinados
setores, apurado por meio de perícia técnica.
● Jurisprudência relacionada:

304
Veja um trecho da decisão: "Em face da atual Constituição, para conciliar o fundamento da
livre iniciativa e do princípio da livre concorrência com os da defesa do consumidor e da
redução das desigualdades sociais, em conformidade com os ditames da justiça social, pode o
Estado, por via legislativa, regular a política de preços, de bens e de serviços, abusiva que é o
poder econômico que visa ao aumento arbitrário dos lucros".

326
○ AI 754714305
○ RESp 1.347.136306
i. Regulação setorial vs regulação concorrencial
i. Regulação Setorial
● Irá regular determinados setores específicos, de
modo que as normas somente valem para
determinados setores.
ii. Regulação concorrencial
● É vista notadamente na Lei do CADE.
● É muito mais abrangente do que a regulação
setorial, de modo que busca proteger a
concorrência dentro da ordem econômica.
j. Conflito entre a regulação setorial e concorrencial
i. De acordo com o STJ, esse conflito é solucionado pela
prevalência das regras setoriais, adotando a doutrina da
ação do próprio Estado. Assim, o próprio Estado, pela
regulação setorial, está excepcionando a aplicação,
naquele setor, de uma regra do próprio Estado de
regulação concorrencial.
● REsp 1390875307
305
AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA
UNIÃO. FIXAÇÃO DE PREÇOS. VALORES INFERIORES. PRECEDENTES. O acórdão recorrido está
alinhado à jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no sentido de que há responsabilidade
objetiva da União pelos danos causados em decorrência da fixação de preços dos produtos do
setor sucroalcooleiros em valores inferiores ao levantamento de custos realizados pela Fundação
Getúlio Vargas. Precedentes. Agravo regimental a que se nega provimento.
(STF - AgR AI: 754714 DF - DISTRITO FEDERAL, Relator: Min. ROBERTO BARROSO, Data de
Julgamento: 17/03/2015, Primeira Turma)

306
ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO.
RESPONSABILIDADE CIVIL. SETOR SUCROALCOOLEIRO. INSTITUTO DO AÇÚCAR E DO ÁLCOOL -
IAA. FIXAÇÃO DE PREÇOS. LEI 4.870/1965. LEVANTAMENTO DE CUSTOS DE PRODUÇÃO.
FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS - FGV. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO. ART. 37, § 6o, DA
CF/1988. COMPROVAÇÃO DO DANO. NECESSIDADE. APURAÇÃO DO QUANTUM DEBEATUR.
LIQUIDAÇÃO POR ARBITRAMENTO. CABIMENTO. INDENIZAÇÃO. NATUREZA JURÍDICA.
LIQUIDAÇÃO COM "DANO ZERO" OU "SEM RESULTADO POSITIVO". POSSIBILIDADE. EFICÁCIA DA
LEI 4.870/1965. RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ
8/2008. RECURSO REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA..

307
ADMINISTRATIVO E ECONÔMICO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DANOS DIFUSOS AOS CONSUMIDORES.
INFRAÇÕES À ORDEM ECONÔMICA. GLP. DISTRIBUIDORAS. FORMAÇÃO DE CARTEL. NÃO
OCORRÊNCIA. APLICAÇÃO DA STATE ACTION DOCTRINE. ATUAÇÃO DAS DISTRIBUIDORAS IMUNES
AO CONTROLE DO ÓRGÃO ANTITRUSTE. ATIVIDADE REGULADA E FISCALIZADA PELO ESTADO.

327
k. Análise de impacto regulatório
i. Processo sistemático baseado em evidências: busca
verificar o custo-benefício da regulação.
● Enunciado nº 38 I Jornada de Direito
Administrativo308.
l. Fomento
i. Atividade de incentivo do Estado
● Fomento honorífico
● Fomento jurídico
● Fomento econômico
○ Pode ser por vantagens patrimoniais
indiretas ou diretas.
m. Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência
i. Essa parte o professor recomenda estudar com o nosso
professor de Direito Econômico (já temos o caderno).
n. Intervenção direta na atividade econômica309
i. Artigo 173, CF/88
● É excepcional, de modo que somente pode intervir
quando houver uma lei específica que tenha

ADVOCACIA DA CONCORRÊNCIA OU EDUCATIVA PARA PROMOÇÃO DE AMBIENTE LIVRE E


COMPETITIVO. RECURSOS ESPECIAIS PROVIDOS. 1. O mercado de GLP - gás liquefeito de petróleo -
tinha seu preço tabelado pelos órgãos reguladores competentes no período em que se alega a
formação de cartel por parte das distribuidoras, o que afasta a possibilidade de punição delas. 2.
Aplicação, ao caso, da state action doctrine foi formulada nos EUA para definir os casos em que
a regulação estatal afastaria o controle concorrencial feito pelo órgão antitruste, quando presentes
determinados requisitos: (i) a regulação estatal deve servir a um fim de política pública; e (ii) o
Estado deve efetivamente obrigar determinada conduta e supervisioná-la: lição do Professor
CALIXTO SALOMÃO FILHO (Direito Concorrencial: As Estruturas, São Paulo, Malheiros, 2007, pp.
238-240)
(STJ - REsp: 1390875 RS 2013/0193352-3, Relator: Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Data de
Julgamento: 09/06/2015, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 19/06/2015)

308
A realização de Análise de Impacto Regulatório (AIR) por órgãos e entidades da Administração
Pública federal deve contemplar a alternativa de não regulação estatal ou desregulação,
conforme o caso.

309
Essa é a parte que interessa da matéria para o Direito Administrativo!

328
demonstrativo de imperativo de segurança
nacional e interesse coletivo ou um caso que esteja
expresso na Constituição da República (exemplo:
exploração do petróleo e gás natural - art 177,
CF/88).
● Ocorre pelas empresas estatais e suas
subsidiárias310
o. Intervenção concorrencial
i. O Estado atua em igualdade de condições com a
iniciativa privada.
ii. Recomenda-se a leitura do art 173, §1º, CF/88.
p. Intervenção por meio do Monopólio Estatal
i. Somente é possível quando houver norma expressa na
Constituição Federal, de modo que somente pode ser
instituído novo monopólio por meio de emenda
constitucional.
q. Diferença entre Monopólio e Privilégio para o STF
i. Monopólio: somente ocorre quando o Estado explora
atividade econômica em sentido estrito .
ii. Privilégio: somente ocorre quando o Estado presta um
serviço público de forma exclusiva no mercado.
● Jurisprudência relacionada: ADPF 46.
● Correios é um exemplo de uma situação de
privilégio e não monopólio, por exemplo.

310
Já estudamos isso no curso.

329
26. Agências Reguladoras
● Agência executiva: não é uma nova espécie de pessoa
jurídica, sendo uma qualificação jurídica especial. As
pessoas jurídicas que podem ser qualificadas como
agências executivas são as autarquias e fundações públicas
(artigo 37, §8º, CF/81311 e artigo 51, da Lei 9649/98)312
● Oferece maior autonomia financeira, orçamentária e
gerencial.
● Contrato de desempenho: não utiliza o termo contrato
de gestão. Possui o prazo mínimo de 1 ano e prazo
máximo de 5 anos. É uma forma de autovinculação da
Administração Pública, de modo que é dizer que não irá

311
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e entidades da administração
direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus administradores
e o poder público, que tenha por objeto a fixação de metas de desempenho para o órgão ou
entidade, cabendo à lei dispor sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
(Regulamento) (Vigência)
I - o prazo de duração do contrato; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, obrigações e responsabilidade
dos dirigentes; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
III - a remuneração do pessoal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

312
Art. 51. O Poder Executivo poderá qualificar como Agência Executiva a autarquia ou fundação
que tenha cumprido os seguintes requisitos:
I - ter um plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institucional em andamento;
II - ter celebrado Contrato de Gestão com o respectivo Ministério supervisor.
§ 1o A qualificação como Agência Executiva será feita em ato do Presidente da República.
§ 2o O Poder Executivo editará medidas de organização administrativa específicas para as
Agências Executivas, visando assegurar a sua autonomia de gestão, bem como a disponibilidade
de recursos orçamentários e financeiros para o cumprimento dos objetivos e metas definidos nos
Contratos de Gestão.

330
intervir na agência executiva. Enunciado 11 I Jornada de
Direito Administrativo313
● Agências reguladoras: não são uma nova espécie de pessoa
jurídica. São uma autarquia constituída sob a forma de
regime jurídico especial. Precisa ser uma pessoa jurídica de
direito público. Essas pessoas podem criar normas,
possuem função judicante e poder de polícia.
● Regulação ≠ regulamentação:314
● Regime jurídico: Lei 13.848, artigo 3º315
● Autonomia administrativa, financeira e orçamentária

313
O contrato de desempenho previsto na Lei 13.934/2019, quando celebrado entre órgãos que
mantêm entre si relação hierárquica, significa a suspensão da hierarquia administrativa, por
autovinculação do órgão superior, em relação ao objeto acordado, para substituí-la por uma
regulação contratual, nos termos do art. 3º da referida Lei.
314
Regulação é mais ampla, porque envolve o poder de polícia e poder normativo. A
regulamentação é somente a edição de decreto.

315
Art. 3º A natureza especial conferida à agência reguladora é caracterizada pela ausência de
tutela ou de subordinação hierárquica, pela autonomia funcional, decisória, administrativa e
financeira e pela investidura a termo de seus dirigentes e estabilidade durante os mandatos, bem
como pelas demais disposições constantes desta Lei ou de leis específicas voltadas à sua
implementação.
§ 1º Cada agência reguladora, bem como eventuais fundos a ela vinculados, deverá corresponder
a um órgão setorial dos Sistemas de Planejamento e de Orçamento Federal, de Administração
Financeira Federal, de Pessoal Civil da Administração Federal, de Organização e Inovação
Institucional, de Administração dos Recursos de Tecnologia da Informação e de Serviços Gerais.
§ 2º A autonomia administrativa da agência reguladora é caracterizada pelas seguintes
competências:
I - solicitar diretamente ao Ministério da Economia:
a) autorização para a realização de concursos públicos;
b) provimento dos cargos autorizados em lei para seu quadro de pessoal, observada a
disponibilidade orçamentária;
c) alterações no respectivo quadro de pessoal, fundamentadas em estudos de dimensionamento,
bem como alterações nos planos de carreira de seus servidores;
II - conceder diárias e passagens em deslocamentos nacionais e internacionais e autorizar
afastamentos do País a servidores da agência;
III - celebrar contratos administrativos e prorrogar contratos em vigor relativos a atividades de
custeio, independentemente do valor.
§ 3º As agências reguladoras devem adotar práticas de gestão de riscos e de controle interno e
elaborar e divulgar programa de integridade, com o objetivo de promover a adoção de medidas e
ações institucionais destinadas à prevenção, à detecção, à punição e à remediação de fraudes e
atos de corrupção.

331
a. Mandato por prazo determinado dos dirigentes
● Há uma estabilidade, de modo que não é de livre
exoneração, somente perdendo o mandato por processo
administrativo disciplinar, sentença judicial transitada
em julgado e se o próprio dirigente pedir exoneração.
● Nomeação do dirigente passa pela sabatina da
Assembleia Legislativa.
● Quarentena de saída: Os membros do Conselho Diretor
ou da Diretoria Colegiada ficam impedidos de exercer
atividade ou de prestar qualquer serviço no setor
regulado pela respectiva agência, por período de 6 (seis)
meses, contados da exoneração ou do término de seu
mandato, assegurada a remuneração compensatória.
● Ausência de recurso hierárquico impróprio
● Teoria do risco da captura: problema que pode existir de
captura econômica ou política do dirigente da agência
reguladora.
● Poder decisório
b. Análise de impacto regulatório
● Indaga-se: Qual o impacto que a regulação desse setor
irá trazer para a economia?
● Deve haver a análise de regulação e não regulação
● Observação: importante realizar uma leitura da Lei nº
13.848/19.
c. Jurisprudência
i. A interposição de recurso administrativo suspende a
exigibilidade da multa, mas não suspende a exigibilidade
dos juros moratórios. Desse modo, a interposição de
recurso administrativo não afasta a incidência dos juros
moratórios, por força dos arts. 2º e 5º do Decreto-Lei nº
1.736/1979, os quais devem incidir a partir do primeiro dia

332
subsequente ao vencimento do prazo previsto para o
pagamento da multa administrativa, conforme
disposição do art. 61, §1º, da Lei nº 9.430/96.( STJ. 1ª Turma.
AREsp 1574873-RJ, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em
18/10/2022 (Info 754).
● A interposição do recurso administrativo apenas
pode ensejar a suspensão da exigibilidade da
multa administrativa, mas não interfere no termo
inicial dos encargos da mora, os quais incidem a
partir do primeiro dia subsequente ao vencimento
do prazo previsto para pagamento do crédito.
(STJ. 2ª Turma. AgInt no AREsp 1.705.876/PR, Rel.
Min. Og Fernandes, DJe 29/03/2021).

333
27. Improbidade Administrativa
a. Conceito
i. Conduta desonesta com a Administração Pública que
contém uma danosidade extraordinária.
ii. Não se confunde com imoralidade administrativa: ato
imoral nem sempre é um ato de improbidade.
iii. Os atos de improbidade devem ser condutas dolosas
(artigo 1º, §2º, da Lei de Improbidade)
1. Dolo específico: precisa ter a vontade de
praticar o ato com vontade específica de obter
um proveito irregular para si ou para outrem.
Esse proveito pode ser econômico/emocional.
● Artigo 11, §1º c/c §2º, da Lei de
Improbidade: o dolo específico é
exigido316
b. Consequências da improbidade administrativa
i. Indisponibilidade de bens
ii. Ressarcimento ao erário
iii. Suspensão dos direitos políticos
iv. Perda da função pública
c. Retroatividade da Lei 14.230/21

316
§ 1º Nos termos da Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção, promulgada pelo Decreto
nº 5.687, de 31 de janeiro de 2006, somente haverá improbidade administrativa, na aplicação deste
artigo, quando for comprovado na conduta funcional do agente público o fim de obter proveito ou
benefício indevido para si ou para outra pessoa ou entidade. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
2021)
§ 2º Aplica-se o disposto no § 1º deste artigo a quaisquer atos de improbidade administrativa
tipificados nesta Lei e em leis especiais e a quaisquer outros tipos especiais de improbidade
administrativa instituídos por lei. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)

334
i. Primeiramente, ressalta-se que a lei 14.230 (nova lei de
improbidade) é mais benéfica que a anterior. Assim,
indaga-se: essa lei irá retroagir?
1. Artigo 1º, §4º, da Lei de Improbidade:
Aplicam-se ao sistema da improbidade
disciplinado nesta Lei os princípios
constitucionais do direito administrativo
sancionador (investiga e aplica pena por
infrações disciplinas)
ii. Artigo 17-D, da Lei de Improbidade: a ação por
improbidade administrativa é repressiva, de caráter
sancionatório, destinada à aplicação de sanções de
caráter pessoal previstas nessa Lei, não constitui ação
civil, sendo vedado seu ajuizamento para o controle
de legalidade de políticas públicas e para a proteção
do patrimônio público e social, do meio ambiente e
de outros interesses difusos, coletivos e individuais
homogêneos.
iii. O STF, na decisão do ARE 843.989, definiu as
seguintes teses:
1. A norma benéfica da Lei 14.230/2021 (revogação
da modalidade culposa) é irretroativa, não
tendo incidência em relação à eficácia da coisa
julgada.
2. A nova lei aplica-se aos atos de improbidade
administrativa culposos, praticados na vigência
do texto anterior da lei, porém sem condenação
transitada em julgado, devendo o juiz analisar
eventual dolo do agente. Assim, as pessoas que
estão sendo processadas exclusivamente pela
prática de atos culposos de improbidade devem
ser absolvidas. Todavia, as pessoas que já foram

335
processadas e executadas e as pessoas que
estão sendo atualmente executadas não são
beneficiadas pela nova lei.
3. O novo regime prescricional previsto na Lei
14.230/21 é irretroativo, de modo que somente
se aplica esse prazo a partir da publicação da lei.
d. Elementos para configuração do ato de
improbidade
i. Sujeito ativo: aquele que comete o ato, sendo o
sujeito passivo da ação de improbidade
administrativa.
1. Quem pode praticar?
2. Artigo 1º- Artigo 3º: (I) agente público; (II)
particular, pessoa física ou jurídica que celebra
ajuste com a Administração no que se refere a
recursos de origem públicos e (III) terceiros que
concorrem dolosamente para a prática do ato.
● Quem é agente público? Qualquer
pessoa que possui vínculo com a
Administração Pública, ainda que
temporário e sem remuneração.
○ Os agentes políticos respondem
por improbidade administrativa,
exceto o Presidente da
República (PET 3240 AGRDF)317

317
Veja um trecho da decisão:Os agentes políticos, com exceção do Presidente da República,
encontram-se sujeitos a um duplo regime sancionatório, de modo que se submetem tanto à
responsabilização civil pelos atos de improbidade administrativa, quanto à responsabilização
político-administrativa por crimes de responsabilidade. Não há qualquer impedimento à
concorrência de esferas de responsabilização distintas, de modo que carece de fundamento
constitucional a tentativa de imunizar os agentes políticos das sanções da ação de improbidade
administrativa, a pretexto de que estas seriam absorvidas pelo crime de responsabilidade. A única
exceção ao duplo regime sancionatório em matéria de improbidade se refere aos atos praticados
pelo Presidente da República, conforme previsão do art. 85, V, da Constituição.
(STF - AgR Pet: 3240 DF - DISTRITO FEDERAL 0004163-95.2004.1.00.0000, Relator: Min. TEORI
ZAVASCKI, Data de Julgamento: 10/05/2018, Tribunal Pleno)

336
● Terceiros: tem que agir de forma
dolosa. O terceiro não pode figurar
sozinho no polo passivo na ação de
improbidade administrativa, de modo
que ele tem que figurar em
litisconsórcio com o agente público.
Isso não configura a existência de um
litisconsórcio passivo necessário,
porque o agente público pode figurar
isoladamente no polo passivo (o
terceiro que não pode).
○ No ano de 2021, o STJ definiu que
pode continuar uma ação de
improbidade administrativa em
que o terceiro configure
isoladamente no polo passivo
quando tiver uma ação
autônoma conexa contra o
agente público que praticou o
ato.
○ Pessoa jurídica pode ser
responsabilizada por
improbidade, de forma
subsidiária (artigo 3º, §2º)
● Particulares: celebram ajuste com a
Administração no que se refere a
recursos de origem pública, de modo
que respondem como se fossem
agentes públicos, podendo figurar de
forma individual no polo passivo.
● Sucessor ou herdeiro daquele que
causou dano ao erário: responde até o

337
limite do patrimônio transferido.
Somente responde por reparação
integral do dano, respondendo apenas
por ato que cause dano ao erário (não
responde por multa)
● Artigo 8º-A, da Lei de Improbidade 318
ii. Sujeito passivo
1. Órgão de todos os poderes, entidades da
administração indireta, entidade privada que
receba subvenção de entes públicos
(responsabilidade ilimitada). Integridades das
entidades privadas para custeio o erário que
concorra no patrimônio ou receita
(responsabilidade limitada)
a. Sentido imediato: Administração Pública
b. Sentido mediato: sociedade
e. Quem pode propor ação de improbidade?
i. Em regra, somente o Ministério Público pode propor,
havendo o prazo de 1 ano para assumir o prazo nas
ações que forem propostas pelos entes públicos que
eram legitimados na antiga lei.
ii. Recentemente, o STF (medida cautelar) fez uma
interpretação para permitir que os entes interessados
possam propor ação de improbidade.
f. Espécies de ato de improbidade administrativa
(artigo 9º-11)

318
Art. 8º-A A responsabilidade sucessória de que trata o art. 8º desta Lei aplica-se também na
hipótese de alteração contratual, de transformação, de incorporação, de fusão ou de cisão
societária. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
Parágrafo único. Nas hipóteses de fusão e de incorporação, a responsabilidade da sucessora será
restrita à obrigação de reparação integral do dano causado, até o limite do patrimônio transferido,
não lhe sendo aplicáveis as demais sanções previstas nesta Lei decorrentes de atos e de fatos
ocorridos antes da data da fusão ou da incorporação, exceto no caso de simulação ou de evidente
intuito de fraude, devidamente comprovados. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)

338
i. Atos que importam enriquecimento ilícito (artigo 9º):
é necessário uma conduta dolosa e recebimento de
vantagem indevida.
ii. Atos que causam prejuízo ao erário (artigo 10): deve
haver prejuízo ao erário e uma conduta dolosa com
nexo de causalidade.
iii. Atos que atentam contra os princípios da
Administração Pública (artigo 11): precisa de conduta
dolosa e nexo de causalidade. Não mais admite dolo
genérico, devendo ter dolo específico ("obter
benefício para si ou para outro''). Há novas condutas
tipificadas: (I) nepotismo; (II) publicidade com objetivo
de promover agente público.
g. Sanções aplicáveis

Enriquecimento Prejuízo ao erário Contra os


ilícito princípios
administrativos

Multa equivalente ao equivalente ao valor 24 vezes o valor da


acréscimo do dano remuneração
patrimonial

Perda de bens e tem se houver não


valores

Perda da função tem tem não


pública

Suspensão dos até 14 anos até 12 anos não


direitos políticos

Proibição de até 14 anos até 12 anos até 4 anos.


contrato e receber
benefícios

339
i. Ressarcimento ao erário: deixa de ser considerado uma
sanção. Porém, estará presente na sentença com base
no artigo 9º e 10º
ii. Perda da função pública: a perda não alcança qualquer
cargo público, mas apenas as de mesma qualidade e
natureza daquele cargo que exerceu no momento do
ato de improbidade, como regra. Porém, o magistrado
nos casos de enriquecimento ilícito pode estender a
perda da função pública aos demais cargos.
iii. Suspensão dos direitos políticos: a partir da decisão
colegiada já começa a contar o prazo de suspensão dos
direitos políticos. Com a nova lei, somente será
executada a condenação após o trânsito em julgado.
iv. Multa: admite-se que seja aumentada até o dobro
v. Proibição de contratar com o Poder Público: somente
atinge a esfera do ente lesado. Porém, de forma
excepcional, o juiz pode estabelecer que pode extrapolar
essas esferas.
h. Liquidação e execução do julgado (artigo 18, da Lei
de Improbidade)
Art. 18. A sentença que julgar procedente a ação
fundada nos arts. 9º e 10 desta Lei condenará ao
ressarcimento dos danos e à perda ou à reversão dos
bens e valores ilicitamente adquiridos, conforme o
caso, em favor da pessoa jurídica prejudicada pelo
ilícito. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 1º Se houver necessidade de liquidação do dano, a
pessoa jurídica prejudicada procederá a essa
determinação e ao ulterior procedimento para
cumprimento da sentença referente ao ressarcimento

340
do patrimônio público ou à perda ou à reversão dos
bens. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 2º Caso a pessoa jurídica prejudicada não adote as
providências a que se refere o § 1º deste artigo no
prazo de 6 (seis) meses, contado do trânsito em
julgado da sentença de procedência da ação, caberá
ao Ministério Público proceder à respectiva liquidação
do dano e ao cumprimento da sentença referente ao
ressarcimento do patrimônio público ou à perda ou à
reversão dos bens, sem prejuízo de eventual
responsabilização pela omissão verificada.
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
i. Independência entre instâncias
i. Regra: instâncias são independentes entre si, exceto:
1. A sentença penal e civil que concluírem pela
inexistência penal do fato ou negativa de
autoria vai interferir na esfera de improbidade
para reconhecer a absolvição.
2. A absolvição criminal com base no artigo 386,
CPP irá impedir o trâmite da ação de
improbidade.

341
j. Procedimento administrativo (artigo 14-15, da Lei
de Improbidade)319
i. O STF já reconheceu a denúncia anônima em caso de
improbidade administrativa.
ii. Prescrição da improbidade administrativa: extinção
do direito que o Ministério Público possui de propor a
ação. Atualmente, o prazo é de 8 anos contados da
ocorrência do fato ou de quando encerrou a infração
(em caso de crime permanente).
1. Causas de interrupção (§4º):320 é interrompida e
volta a contar apenas a partir da metade do
prazo.
2. Prescrição intercorrente:321 reconhecida de ofício
ou a requerimento.

319
Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar à autoridade administrativa competente para que
seja instaurada investigação destinada a apurar a prática de ato de improbidade.
§ 1º A representação, que será escrita ou reduzida a termo e assinada, conterá a qualificação do
representante, as informações sobre o fato e sua autoria e a indicação das provas de que tenha
conhecimento.
§ 2º A autoridade administrativa rejeitará a representação, em despacho fundamentado, se esta
não contiver as formalidades estabelecidas no § 1º deste artigo. A rejeição não impede a
representação ao Ministério Público, nos termos do art. 22 desta lei.
§ 3º Atendidos os requisitos da representação, a autoridade determinará a imediata apuração dos
fatos, observada a legislação que regula o processo administrativo disciplinar aplicável ao agente.
(Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
Art. 15. A comissão processante dará conhecimento ao Ministério Público e ao Tribunal ou
Conselho de Contas da existência de procedimento administrativo para apurar a prática de ato de
improbidade.
Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal ou Conselho de Contas poderá, a requerimento,
designar representante para acompanhar o procedimento administrativo.

320
§ 4º O prazo da prescrição referido no caput deste artigo interrompe-se: (Incluído pela Lei nº
14.230, de 2021)
I - pelo ajuizamento da ação de improbidade administrativa; (Incluído pela Lei nº 14.230, de
2021)
II - pela publicação da sentença condenatória; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
III - pela publicação de decisão ou acórdão de Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal
que confirma sentença condenatória ou que reforma sentença de improcedência; (Incluído
pela Lei nº 14.230, de 2021)
IV - pela publicação de decisão ou acórdão do Superior Tribunal de Justiça que confirma acórdão
condenatório ou que reforma acórdão de improcedência; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
V - pela publicação de decisão ou acórdão do Supremo Tribunal Federal que confirma acórdão
condenatório ou que reforma acórdão de improcedência. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)

321
§ 5º Interrompida a prescrição, o prazo recomeça a correr do dia da interrupção, pela
metade do prazo previsto no caput deste artigo

342
3. Suspensão da prescrição: somente dura 180 dias
e não faz com que o prazo volte a contar do zero
e sim do momento que foi suspenso.
4. Imprescritibilidade de ações de ressarcimento
ao erário com base no ato de improbidade
administrativa
● Somente são imprescritíveis as ações
de ressarcimento ao erário fundadas
em ato doloso de improbidade
administrativa.

Atenção! Sobre o Tema Improbidade ver nosso material sobre a ADI 7236

343
28. Temas extras (Aula bônus)
a. Entidades do terceiro setor
● Conceito: entidades da sociedade civil sem fins lucrativos
que desempenham atividades de interesse social mediante
vínculo formal de parceria com o Estado, de modo que
recebem benefícios para realizar objetivos compactuados
com o Poder Público.
● Características:
o São criadas pela iniciativa privada;
o Não possuem finalidade lucrativa;
o Não podem distribuir valores arrecadados entre os
associados e fundadores, podendo arrecadar valores,
mas desde que investidos na própria entidade;
o Não integram a Administração Pública Indireta.
● Entidade
o Serviços sociais autônomos (sistema S)
o Organizações sociais (OS)
o Organizações da sociedade civil de interesse público
(OSCIP)
o Organizações da sociedade civil (OSC)
● Serviços sociais autônomos
o Dependem de autorização legislativa.
o Ex: SESC.
o Está sujeito à jurisdição estadual (súmula 516 STF)
● Organizações sociais (OS) e organizações da sociedade civil
de interesse público
o Essas entidades pedem a qualificação ao Poder
Público, de modo que ele concede a qualificação por

344
meio de um ato administrativo formal, havendo, em
seguida, a formalização de uma parceria.
● OS: entidade criada sob a forma de associação ou fundação.
o Contrato de gestão: o Estado estabelece metas,
prazos e limites para remuneração dos empregados.
o Possui natureza de convênio (ADI 1923)
o O Estado qualifica essa entidade de forma
discricionária (artigo 1º, da Lei 9.637/98)
o A análise do pedido de qualificação é feita pelo
Ministério ou órgão regulador da área de atuação da
pessoa interessada (ex: se a pessoa interessada atua
na área de saúde, quem irá analisar é o Ministério da
Saúde).
o Deve ter um representante do Poder Público no
órgão de deliberação superior (artigo 2º, I, d)
● OSCIP:
o Termo de parceria: o Estado estabelece metas, prazos
e limites para remuneração dos empregados.
o A entidade tem que ter três anos de funcionamento
(artigo 1º, Lei 9790/99)
o Atividades que as OSCIPS podem desempenhar
(artigo 3º, Lei 9790/99)
o Atividades proibidas de serem realizadas pelas
OSCIPS (artigo 2º Lei 9790/99)

Art. 2o Não são passíveis de qualificação como


Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público,
ainda que se dediquem de qualquer forma às
atividades descritas no art. 3o desta Lei:
I - as sociedades comerciais;
II - os sindicatos, as associações de classe ou de
representação de categoria profissional;

345
III - as instituições religiosas ou voltadas para a
disseminação de credos, cultos, práticas e visões
devocionais e confessionais;
IV - as organizações partidárias e assemelhadas,
inclusive suas fundações;
V - as entidades de benefício mútuo destinadas a
proporcionar bens ou serviços a um círculo restrito de
associados ou sócios;
VI - as entidades e empresas que comercializam planos
de saúde e assemelhados;
VII - as instituições hospitalares privadas não gratuitas e
suas mantenedoras;
VIII - as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não
gratuito e suas mantenedoras;
IX - as organizações sociais;
X - as cooperativas;
XI - as fundações públicas;
XII - as fundações, sociedades civis ou associações de
direito privado criadas por órgão público ou por
fundações públicas;
XIII - as organizações creditícias que tenham quaisquer
tipo de vinculação com o sistema financeiro nacional a
que se refere o art. 192 da Constituição Federal.
Parágrafo único. Não constituem impedimento à
qualificação como Organização da Sociedade Civil de
Interesse Público as operações destinadas a
microcrédito realizadas com instituições financeiras na
forma de recebimento de repasses, venda de operações
realizadas ou atuação como mandatárias. (Incluído
pela Lei nº 13.999, de 2020)

346
Art. 3o A qualificação instituída por esta Lei, observado
em qualquer caso, o princípio da universalização dos
serviços, no respectivo âmbito de atuação das
Organizações, somente será conferida às pessoas
jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujos
objetivos sociais tenham pelo menos uma das
seguintes finalidades:
I - promoção da assistência social;
II - promoção da cultura, defesa e conservação do
patrimônio histórico e artístico;
III - promoção gratuita da educação, observando-se a
forma complementar de participação das organizações
de que trata esta Lei;
IV - promoção gratuita da saúde, observando-se a forma
complementar de participação das organizações de
que trata esta Lei;
V - promoção da segurança alimentar e nutricional;
VI - defesa, preservação e conservação do meio
ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável;
VII - promoção do voluntariado;
VIII - promoção do desenvolvimento econômico e social
e combate à pobreza;
IX - experimentação, não lucrativa, de novos modelos
sócio-produtivos e de sistemas alternativos de
produção, comércio, emprego e crédito;
X - promoção de direitos estabelecidos, construção de
novos direitos e assessoria jurídica gratuita de interesse
suplementar;
XI - promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos
humanos, da democracia e de outros valores universais;
XII - estudos e pesquisas, desenvolvimento de
tecnologias alternativas, produção e divulgação de

347
informações e conhecimentos técnicos e científicos que
digam respeito às atividades mencionadas neste artigo.
XIII - estudos e pesquisas para o desenvolvimento, a
disponibilização e a implementação de tecnologias
voltadas à mobilidade de pessoas, por qualquer meio de
transporte. (Incluído pela Lei nº 13.019, de
2014) (Vigência)
Parágrafo único. Para os fins deste artigo, a dedicação às
atividades nele previstas configura-se mediante a
execução direta de projetos, programas, planos de
ações correlatas, por meio da doação de recursos físicos,
humanos e financeiros, ou ainda pela prestação de
serviços intermediários de apoio a outras organizações
sem fins lucrativos e a órgãos do setor público que
atuem em áreas afins.
o A qualificação da OSCIP é vinculada.
o A análise do pedido de qualificação é feita pelo
Ministério da Justiça
o Não precisa de representante do Poder Público no
órgão de deliberação.
● OSC
o Lei 13.019/14
o Termo de colaboração:
o iniciativa do Estado;
o Há dinheiro público
o Termo de fomento
o Iniciativa da OSC
o Há dinheiro público
o Acordo de cooperação
o As parcerias são precedidas de um chamamento
público. Porém, não pode condicionar o chamamento
à realização do procedimento de manifestação de

348
interesse social que é um instrumento para permitir
que a própria entidade privada apresente um projeto
para o Estado.
o O edital de chamamento público tem minuta do
instrumento por meio do qual será celebrada a
parceria.
o A qualificação é automática.
● Questões relevantes
o As entidades públicas do terceiro setor estão
submetidas ao foro da Justiça Estadual.
o O regime de pessoal é a CLT.
o Não precisa de concurso público, porém deve ter um
processo seletivo simplificado (tema 569 STF)322
o Não se aplica o teto remuneratório previsto na
Constituição.
b. Consórcios
● Natureza jurídica: contrato interfederativo.
● Requisitos
o Necessidade de prévia subscrição do protocolo de
intenções, sendo a subscrição feita por meio de lei.
o Não é uma nova espécie de pessoa jurídica, de modo
que se amolda em uma pessoa jurídica já existente,
podendo ser personalidade jurídica de direito público
(associação pública) ou de direito privado.
o Passos para criação do consórcio público
● Protocolo de intenções
o Poder ser feito com reservas.
o Poderá apenas uma parcela dos entes federados que
subscreveram o protocolo de intenções se consorciar,
desde que tenha cláusula.
322
Os serviços sociais autônomos integrantes do denominado Sistema "S" não estão submetidos à
exigência de concurso público para contratação de pessoal, nos moldes do art. 37, II, da
Constituição Federal.

349
o Subscrição do protocolo pelos entes
o Celebração do contrato de consórcio público.
● Não pode haver contratação somente entre União e
municípios, devendo o Estado do município estar no ajuste
(artigo 1º, §2, Lei 11.107/05)
● Artigo 11, da Lei 11.107/05

Art. 11. A retirada do ente da Federação do consórcio público


dependerá de ato formal de seu representante na
assembleia geral, na forma previamente disciplinada por lei.
§ 1º Os bens destinados ao consórcio público pelo
consorciado que se retira somente serão revertidos ou
retrocedidos no caso de expressa previsão no contrato de
consórcio público ou no instrumento de transferência ou de
alienação.
§ 2º A retirada ou a extinção de consórcio público ou
convênio de cooperação não prejudicará as obrigações já
constituídas, inclusive os contratos, cuja extinção dependerá
do pagamento das indenizações eventualmente devidas.
● Artigo 12, da Lei 11.107/05
Art. 12. A alteração ou a extinção de contrato de consórcio
público dependerá de instrumento aprovado pela
assembleia geral, ratificado mediante lei por todos os entes
consorciados.
§ 2º Até que haja decisão que indique os responsáveis por
cada obrigação, os entes consorciados responderão
solidariamente pelas obrigações remanescentes,
garantindo o direito de regresso em face dos entes
beneficiados ou dos que deram causa à obrigação.
● Objeto: qualquer atividade de interesse comum, inclusive a
gestão associada de serviço público (não necessariamente

350
envolve a prestação de serviço público). Ainda, pode ser
objeto de uma atividade administrativa.
● Diferença entre convênio e consórcio público
o Convênio: não cria uma pessoa jurídica, sendo uma
mera associação.
o Consórcio Público: cria uma nova pessoa jurídica.
● Representante legal: deverá ser Chefe do Poder Executivo
de ente da Federação consorciado;
● Regime de pessoal do consórcio público
o CLT
o Necessita de concurso público
● Contrato de rateio
Art. 8º Os entes consorciados somente entregarão recursos
ao consórcio público mediante contrato de rateio.
§ 1º O contrato de rateio será formalizado em cada exercício
financeiro, e seu prazo de vigência não será superior ao das
dotações que o suportam, com exceção dos contratos que
tenham por objeto exclusivamente projetos consistentes
em programas e ações contemplados em plano
plurianual. (Redação dada pela Lei nº 14.026, de 2020)
§ 2º É vedada a aplicação dos recursos entregues por meio
de contrato de rateio para o atendimento de despesas
genéricas, inclusive transferências ou operações de crédito.
§ 3º Os entes consorciados, isolados ou em conjunto, bem
como o consórcio público, são partes legítimas para exigir o
cumprimento das obrigações previstas no contrato de
rateio.
§ 4º Com o objetivo de permitir o atendimento dos
dispositivos da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de
2000, o consórcio público deve fornecer as informações
necessárias para que sejam consolidadas, nas contas dos
entes consorciados, todas as despesas realizadas com os

351
recursos entregues em virtude de contrato de rateio, de
forma que possam ser contabilizadas nas contas de cada
ente da Federação na conformidade dos elementos
econômicos e das atividades ou projetos atendidos.
§ 5º Poderá ser excluído do consórcio público, após prévia
suspensão, o ente consorciado que não consignar, em sua
lei orçamentária ou em créditos adicionais, as dotações
suficientes para suportar as despesas assumidas por meio
de contrato de rateio.
● Contrato de programa
Art. 13. Deverão ser constituídas e reguladas por contrato de
programa, como condição de sua validade, as obrigações
que um ente da Federação constituir para com outro ente
da Federação ou para com consórcio público no âmbito de
gestão associada em que haja a prestação de serviços
públicos ou a transferência total ou parcial de encargos,
serviços, pessoal ou de bens necessários à continuidade dos
serviços transferidos.
§ 1º O contrato de programa deverá:
I – atender à legislação de concessões e permissões de
serviços públicos e, especialmente no que se refere ao
cálculo de tarifas e de outros preços públicos, à de
regulação dos serviços a serem prestados; e
II – prever procedimentos que garantam a transparência da
gestão econômica e financeira de cada serviço em relação a
cada um de seus titulares.
§ 2º No caso de a gestão associada originar a transferência
total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens
essenciais à continuidade dos serviços transferidos, o
contrato de programa, sob pena de nulidade, deverá conter
cláusulas que estabeleçam:

352
I – os encargos transferidos e a responsabilidade subsidiária
da entidade que os transferiu;
II – as penalidades no caso de inadimplência em relação aos
encargos transferidos;
III – o momento de transferência dos serviços e os deveres
relativos a sua continuidade;
IV – a indicação de quem arcará com o ônus e os passivos
do pessoal transferido;
V – a identificação dos bens que terão apenas a sua gestão e
administração transferidas e o preço dos que sejam
efetivamente alienados ao contratado;
VI – o procedimento para o levantamento, cadastro e
avaliação dos bens reversíveis que vierem a ser amortizados
mediante receitas de tarifas ou outras emergentes da
prestação dos serviços.
§ 3º É nula a cláusula de contrato de programa que atribuir
ao contratado o exercício dos poderes de planejamento,
regulação e fiscalização dos serviços por ele próprio
prestados.
§ 4º O contrato de programa continuará vigente mesmo
quando extinto o consórcio público ou o convênio de
cooperação que autorizou a gestão associada de serviços
públicos.
§ 5º Mediante previsão do contrato de consórcio público, ou
de convênio de cooperação, o contrato de programa poderá
ser celebrado por entidades de direito público ou privado
que integrem a administração indireta de qualquer dos
entes da Federação consorciados ou conveniados.
§ 7º Excluem-se do previsto no caput deste artigo as
obrigações cujo descumprimento não acarrete qualquer
ônus, inclusive financeiro, a ente da Federação ou a
consórcio público.

353
§ 8º Os contratos de prestação de serviços públicos de
saneamento básico deverão observar o art. 175 da
Constituição Federal, vedada a formalização de novos
contratos de programa para esse fim.

c. Lei anticorrupção
O que visa a lei anticorrupção? Responsabilizar as pessoas
jurídicas pela prática de atos contra a administração pública
o Responsabilidade objetiva: sem demonstração de
culpa ou dolo.
o Responsabilidade administrativa e civil
● Objetivos: visa tutelar a moralidade e integridade
patrimonial
● Responsabiliza sociedades personalizadas e não
personalizadas (sociedades irregulares)
● A responsabilidade da pessoa jurídica não exclui a
responsabilidade dos dirigentes e dos agentes públicos.
● Subsiste a responsabilidade da pessoa jurídica na hipótese
de alteração contratual, transformação, incorporação, fusão
ou cisão societária.

o §Nas hipóteses de fusão e incorporação, a


responsabilidade da sucessora será restrita à
obrigação de pagamento de multa e reparação
integral do dano causado, até o limite do patrimônio
transferido, não lhe sendo aplicáveis as demais
sanções previstas nesta Lei decorrentes de atos e
fatos ocorridos antes da data da fusão ou
incorporação, exceto no caso de simulação ou
evidente intuito de fraude, devidamente
comprovados.

354
o As sociedades controladoras, controladas, coligadas
ou, no âmbito do respectivo contrato, as consorciadas
serão solidariamente responsáveis pela prática dos
atos previstos nesta Lei, restringindo-se tal
responsabilidade à obrigação de pagamento de
multa e reparação integral do dano causado.

● Artigo 28, da Lei 12.846/13: a Lei aplica-se aos atos lesivos


praticados por pessoa jurídica brasileira contra a
administração pública estrangeira, ainda que cometidos no
exterior.
● Artigo 5º, da Lei 12.846/13
Art. 5º Constituem atos lesivos à administração pública,
nacional ou estrangeira, para os fins desta Lei, todos aqueles
praticados pelas pessoas jurídicas mencionadas no
parágrafo único do art. 1º , que atentem contra o patrimônio
público nacional ou estrangeiro, contra princípios da
administração pública ou contra os compromissos
internacionais assumidos pelo Brasil, assim definidos:
I - prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente,
vantagem indevida a agente público, ou a terceira pessoa a
ele relacionada;
II - comprovadamente, financiar, custear, patrocinar ou de
qualquer modo subvencionar a prática dos atos ilícitos
previstos nesta Lei;

III - comprovadamente, utilizar-se de interposta pessoa


física ou jurídica para ocultar ou dissimular seus reais
interesses ou a identidade dos beneficiários dos atos
praticados;
IV - no tocante a licitações e contratos:

355
a) frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou
qualquer outro expediente, o caráter competitivo de
procedimento licitatório público;
b) impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer
ato de procedimento licitatório público;
c) afastar ou procurar afastar licitante, por meio de fraude
ou oferecimento de vantagem de qualquer tipo;
d) fraudar licitação pública ou contrato dela decorrente;
e) criar, de modo fraudulento ou irregular, pessoa jurídica
para participar de licitação pública ou celebrar contrato
administrativo;
f) obter vantagem ou benefício indevido, de modo
fraudulento, de modificações ou prorrogações de contratos
celebrados com a administração pública, sem autorização
em lei, no ato convocatório da licitação pública ou nos
respectivos instrumentos contratuais; ou
g) manipular ou fraudar o equilíbrio econômico-financeiro
dos contratos celebrados com a administração pública;
V - dificultar atividade de investigação ou fiscalização de
órgãos, entidades ou agentes públicos, ou intervir em sua
atuação, inclusive no âmbito das agências reguladoras e
dos órgãos de fiscalização do sistema financeiro nacional.
§ 1º Considera-se administração pública estrangeira os
órgãos e entidades estatais ou representações diplomáticas
de país estrangeiro, de qualquer nível ou esfera de governo,
bem como as pessoas jurídicas controladas, direta ou
indiretamente, pelo poder público de país estrangeiro.
§ 2º Para os efeitos desta Lei, equiparam-se à administração
pública estrangeira as organizações públicas internacionais.

§ 3º Considera-se agente público estrangeiro, para os fins


desta Lei, quem, ainda que transitoriamente ou sem

356
remuneração, exerça cargo, emprego ou função pública em
órgãos, entidades estatais ou em representações
diplomáticas de país estrangeiro, assim como em pessoas
jurídicas controladas, direta ou indiretamente, pelo poder
público de país estrangeiro ou em organizações públicas
internacionais.
● Sanções administrativas (artigo 6º)
Art. 6º Na esfera administrativa, serão aplicadas às pessoas
jurídicas consideradas responsáveis pelos atos lesivos
previstos nesta Lei as seguintes sanções:
I - multa, no valor de 0,1% (um décimo por cento) a 20%
(vinte por cento) do faturamento bruto do último exercício
anterior ao da instauração do processo administrativo,
excluídos os tributos, a qual nunca será inferior à vantagem
auferida, quando for possível sua estimação; e
II - publicação extraordinária da decisão condenatória.
§ 1º As sanções serão aplicadas fundamentadamente,
isolada ou cumulativamente, de acordo com as
peculiaridades do caso concreto e com a gravidade e
natureza das infrações.
§ 2º A aplicação das sanções previstas neste artigo será
precedida da manifestação jurídica elaborada pela
Advocacia Pública ou pelo órgão de assistência jurídica, ou
equivalente, do ente público.
§ 3º A aplicação das sanções previstas neste artigo não
exclui, em qualquer hipótese, a obrigação da reparação
integral do dano causado.
§ 4º Na hipótese do inciso I do caput , caso não seja possível
utilizar o critério do valor do faturamento bruto da pessoa
jurídica, a multa será de R$ 6.000,00 (seis mil reais) a R$
60.000.000,00 (sessenta milhões de reais).

357
§ 5º A publicação extraordinária da decisão condenatória
ocorrerá na forma de extrato de sentença, a expensas da
pessoa jurídica, em meios de comunicação de grande
circulação na área da prática da infração e de atuação da
pessoa jurídica ou, na sua falta, em publicação de circulação
nacional, bem como por meio de afixação de edital, pelo
prazo mínimo de 30 (trinta) dias, no próprio
estabelecimento ou no local de exercício da atividade, de
modo visível ao público, e no sítio eletrônico na rede
mundial de computadores.
● Processo administrativo
Art. 8º A instauração e o julgamento de processo
administrativo para apuração da responsabilidade de
pessoa jurídica cabem à autoridade máxima de cada órgão
ou entidade dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário,
que agirá de ofício ou mediante provocação, observados o
contraditório e a ampla defesa.
§ 1º A competência para a instauração e o julgamento do
processo administrativo de apuração de responsabilidade
da pessoa jurídica poderá ser delegada, vedada a
subdelegação.
§ 2º No âmbito do Poder Executivo federal, a
Controladoria-Geral da União - CGU terá competência
concorrente para instaurar processos administrativos de
responsabilização de pessoas jurídicas ou para avocar os
processos instaurados com fundamento nesta Lei, para
exame de sua regularidade ou para corrigir-lhes o
andamento.
Art. 9º Competem à Controladoria-Geral da União - CGU a
apuração, o processo e o julgamento dos atos ilícitos
previstos nesta Lei, praticados contra a administração
pública estrangeira, observado o disposto no Artigo 4 da

358
Convenção sobre o Combate da Corrupção de Funcionários
Públicos Estrangeiros em Transações Comerciais
Internacionais, promulgada pelo Decreto nº 3.678, de 30 de
novembro de 2000.
Art. 10. O processo administrativo para apuração da
responsabilidade de pessoa jurídica será conduzido por
comissão designada pela autoridade instauradora e
composta por 2 (dois) ou mais servidores estáveis.

§ 1º O ente público, por meio do seu órgão de representação


judicial, ou equivalente, a pedido da comissão a que se
refere o caput , poderá requerer as medidas judiciais
necessárias para a investigação e o processamento das
infrações, inclusive de busca e apreensão.
§ 2º A comissão poderá, cautelarmente, propor à autoridade
instauradora que suspenda os efeitos do ato ou processo
objeto da investigação.
§ 3º A comissão deverá concluir o processo no prazo de 180
(cento e oitenta) dias contados da data da publicação do
ato que a instituir e, ao final, apresentar relatórios sobre os
fatos apurados e eventual responsabilidade da pessoa
jurídica, sugerindo de forma motivada as sanções a serem
aplicadas.
§ 4º O prazo previsto no § 3º poderá ser prorrogado,
mediante ato fundamentado da autoridade instauradora.
Art. 11. No processo administrativo para apuração de
responsabilidade, será concedido à pessoa jurídica prazo de
30 (trinta) dias para defesa, contados a partir da intimação.
Art. 12. O processo administrativo, com o relatório da
comissão, será remetido à autoridade instauradora, na
forma do art. 10, para julgamento.

359
Art. 13. A instauração de processo administrativo específico
de reparação integral do dano não prejudica a aplicação
imediata das sanções estabelecidas nesta Lei.
Parágrafo único. Concluído o processo e não havendo
pagamento, o crédito apurado será inscrito em dívida ativa
da fazenda pública.
Art. 14. A personalidade jurídica poderá ser desconsiderada
sempre que utilizada com abuso do direito para facilitar,
encobrir ou dissimular a prática dos atos ilícitos previstos
nesta Lei ou para provocar confusão patrimonial, sendo
estendidos todos os efeitos das sanções aplicadas à pessoa
jurídica aos seus administradores e sócios com poderes de
administração, observados o contraditório e a ampla defesa.
● Responsabilidade civil (artigo 19)323 Responsabilização na
esfera judicial.
● Quem poderá propor a ação?324
i. Atenção! Nas ações ajuizadas pelo Ministério Público,
poderão ser aplicadas as sanções previstas no art. 6º ,
sem prejuízo daquelas previstas neste Capítulo, desde

323
Art. 19. Em razão da prática de atos previstos no art. 5º desta Lei, a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios, por meio das respectivas Advocacias Públicas ou órgãos de representação
judicial, ou equivalentes, e o Ministério Público, poderão ajuizar ação com vistas à aplicação das
seguintes sanções às pessoas jurídicas infratoras:
I - perdimento dos bens, direitos ou valores que representem vantagem ou proveito direta ou
indiretamente obtidos da infração, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé;
II - suspensão ou interdição parcial de suas atividades;
III - dissolução compulsória da pessoa jurídica;
IV - proibição de receber incentivos, subsídios, subvenções, doações ou empréstimos de órgãos ou
entidades públicas e de instituições financeiras públicas ou controladas pelo poder público, pelo
prazo mínimo de 1 (um) e máximo de 5 (cinco) anos.
§ 1º A dissolução compulsória da pessoa jurídica será determinada quando comprovado:
(requisitos)
I - ter sido a personalidade jurídica utilizada de forma habitual para facilitar ou promover a prática
de atos ilícitos; ou
II - ter sido constituída para ocultar ou dissimular interesses ilícitos ou a identidade dos
beneficiários dos atos praticados.

324
§ 4º O Ministério Público ou a Advocacia Pública ou órgão de representação judicial, ou
equivalente, do ente público poderá requerer a indisponibilidade de bens, direitos ou valores
necessários à garantia do pagamento da multa ou da reparação integral do dano causado,
conforme previsto no art. 7º , ressalvado o direito do terceiro de boa-fé.

360
que constatada a omissão das autoridades competentes
para promover a responsabilização administrativa.
● Prescrição325
● Acordo de leniência: a autoridade máxima de cada órgão ou
entidade pública poderá celebrar acordo de leniência com
as pessoas jurídicas responsáveis pela prática dos atos
previstos que colaborem efetivamente com as
investigações e o processo administrativo, sendo que dessa
colaboração deve resultar: (I) a identificação dos demais
envolvidos na infração, quando couber e (II) a obtenção
célere de informações e documentos que comprovem o
ilícito sob apuração.
o Requisitos: (I) a pessoa jurídica seja a primeira a se
manifestar sobre seu interesse em cooperar para a
apuração do ato ilícito326; (II) a pessoa jurídica cesse
completamente seu envolvimento na infração
investigada a partir da data de propositura do acordo
e (III) a pessoa jurídica admita sua participação no
ilícito e coopere plena e permanentemente com as
investigações e o processo administrativo,
comparecendo, sob suas expensas, sempre que
solicitada, a todos os atos processuais, até seu
encerramento.
o A celebração do acordo de leniência isentará a pessoa
jurídica das sanções previstas no inciso II do art. 6º327 e

325
Art. 25. Prescrevem em 5 (cinco) anos as infrações previstas nesta Lei, contados da data da
ciência da infração ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que tiver
cessado.
Parágrafo único. Na esfera administrativa ou judicial, a prescrição será interrompida com a
instauração de processo que tenha por objeto a apuração da infração.

326
Para gerar essa urgência.

327
publicação extraordinária da decisão condenatória.

361
no inciso IV do art. 19328 e reduzirá em até 2/3 (dois
terços) o valor da multa aplicável.
o O acordo de leniência não exime a pessoa jurídica da
obrigação de reparar integralmente o dano causado.
o O acordo de leniência estipulará as condições
necessárias para assegurar a efetividade da
colaboração e o resultado útil do processo.
o Os efeitos do acordo de leniência serão estendidos às
pessoas jurídicas que integram o mesmo grupo
econômico, de fato e de direito, desde que firmem o
acordo em conjunto, respeitadas as condições nele
estabelecidas.
o A proposta de acordo de leniência somente se tornará
pública após a efetivação do respectivo acordo, salvo
no interesse das investigações e do processo
administrativo.
o Não importará em reconhecimento da prática do ato
ilícito investigado a proposta de acordo de leniência
rejeitada.
o Em caso de descumprimento do acordo de leniência,
a pessoa jurídica ficará impedida de celebrar novo
acordo pelo prazo de 3 (três) anos contados do
conhecimento pela administração pública do referido
descumprimento.
o A celebração do acordo de leniência interrompe o
prazo prescricional dos atos ilícitos previstos nesta Lei.
o Órgão competente para celebrar os acordos de
leniência: A Controladoria-Geral da União - CGU é o
órgão competente para celebrar os acordos de
328
proibição de receber incentivos, subsídios, subvenções, doações ou empréstimos de órgãos ou
entidades públicas e de instituições financeiras públicas ou controladas pelo poder público, pelo
prazo mínimo de 1 (um) e máximo de 5 (cinco) anos.

362
leniência no âmbito do Poder Executivo federal, bem
como no caso de atos lesivos praticados contra a
administração pública estrangeira.
o A administração pública poderá também celebrar
acordo de leniência com a pessoa jurídica responsável
pela prática de ilícitos previstos na Lei de Licitações e
Contratos com vistas à isenção ou atenuação das
sanções administrativas estabelecidas.

d. Lei de acesso à informação


● Lei 12.527: é uma lei nacional, aplicada a toda Administração
Pública e a todos os entes que recebem dinheiro público.
● Destinam-se a assegurar o direito fundamental de acesso à
informação e devem ser executados em conformidade com
os princípios básicos da administração pública.
● A publicidade não deve ser concedida apenas quando for
solicitada, deve ser realizada sempre pela própria
Administração Pública.
● Deve informar o procedimento necessário para obtenção da
informação.
● Deve dar acesso a parte não sigilosa quando tiver parte
sigilosa.
● Responsabilidades
Art. 32, da Lei de acesso à informação. Constituem condutas
ilícitas que ensejam responsabilidade do agente público ou
militar:
I - recusar-se a fornecer informação requerida nos termos
desta Lei, retardar deliberadamente o seu fornecimento ou
fornecê-la intencionalmente de forma incorreta, incompleta
ou imprecisa;
II - utilizar indevidamente, bem como subtrair, destruir,
inutilizar, desfigurar, alterar ou ocultar, total ou

363
parcialmente, informação que se encontre sob sua guarda
ou a que tenha acesso ou conhecimento em razão do
exercício das atribuições de cargo, emprego ou função
pública;
III - agir com dolo ou má-fé na análise das solicitações de
acesso à informação;
IV - divulgar ou permitir a divulgação ou acessar ou permitir
acesso indevido à informação sigilosa ou informação
pessoal;
V - impor sigilo à informação para obter proveito pessoal ou
de terceiro, ou para fins de ocultação de ato ilegal cometido
por si ou por outrem;
VI - ocultar da revisão de autoridade superior competente
informação sigilosa para beneficiar a si ou a outrem, ou em
prejuízo de terceiros; e
VII - destruir ou subtrair, por qualquer meio, documentos
concernentes a possíveis violações de direitos humanos por
parte de agentes do Estado.
§ 1º Atendido o princípio do contraditório, da ampla defesa e
do devido processo legal, as condutas descritas no caput
serão consideradas:
I - para fins dos regulamentos disciplinares das Forças
Armadas, transgressões militares médias ou graves,
segundo os critérios neles estabelecidos, desde que não
tipificadas em lei como crime ou contravenção penal; ou

II - para fins do disposto na Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de


1990, e suas alterações, infrações administrativas, que
deverão ser apenadas, no mínimo, com suspensão, segundo
os critérios nela estabelecidos.
§ 2º Pelas condutas descritas no caput, poderá o militar ou
agente público responder, também, por improbidade

364
administrativa, conforme o disposto nas Leis nºs 1.079, de 10
de abril de 1950, e 8.429, de 2 de junho de 1992.
● Artigo 10º e 11, da Lei de acesso à informação
Art. 10. Qualquer interessado poderá apresentar pedido de
acesso a informações aos órgãos e entidades referidos no
art. 1º desta Lei, por qualquer meio legítimo, devendo o
pedido conter a identificação do requerente e a
especificação da informação requerida.
§ 1º Para o acesso a informações de interesse público, a
identificação do requerente não pode conter exigências
que inviabilizem a solicitação.
§ 2º Os órgãos e entidades do poder público devem
viabilizar alternativa de encaminhamento de pedidos de
acesso por meio de seus sítios oficiais na internet.
§ 3º São vedadas quaisquer exigências relativas aos motivos
determinantes da solicitação de informações de interesse
público.
Art. 11. O órgão ou entidade pública deverá autorizar ou
conceder o acesso imediato à informação disponível.
§ 1º Não sendo possível conceder o acesso imediato, na
forma disposta no caput, o órgão ou entidade que receber
o pedido deverá, em prazo não superior a 20 (vinte) dias:
I - comunicar a data, local e modo para se realizar a
consulta, efetuar a reprodução ou obter a certidão;
II - indicar as razões de fato ou de direito da recusa, total ou
parcial, do acesso pretendido; ou
III - comunicar que não possui a informação, indicar, se for
do seu conhecimento, o órgão ou a entidade que a detém,
ou, ainda, remeter o requerimento a esse órgão ou
entidade, cientificando o interessado da remessa de seu
pedido de informação.

365
§ 2º O prazo referido no § 1º poderá ser prorrogado por mais
10 (dez) dias, mediante justificativa expressa, da qual será
cientificado o requerente.
§ 3º Sem prejuízo da segurança e da proteção das
informações e do cumprimento da legislação aplicável, o
órgão ou entidade poderá oferecer meios para que o
próprio requerente possa pesquisar a informação de que
necessitar.
§ 4º Quando não for autorizado o acesso por se tratar de
informação total ou parcialmente sigilosa, o requerente
deverá ser informado sobre a possibilidade de recurso,
prazos e condições para sua interposição, devendo, ainda,
ser-lhe indicada a autoridade competente para sua
apreciação.
§ 5º A informação armazenada em formato digital será
fornecida nesse formato, caso haja anuência do requerente.
§ 6º Caso a informação solicitada esteja disponível ao
público em formato impresso, eletrônico ou em qualquer
outro meio de acesso universal, serão informados ao
requerente, por escrito, o lugar e a forma pela qual se
poderá consultar, obter ou reproduzir a referida informação,
procedimento esse que desonerará o órgão ou entidade
pública da obrigação de seu fornecimento direto, salvo se o
requerente declarar não dispor de meios para realizar por si
mesmo tais procedimentos.
● É direito do requerente obter o inteiro teor da decisão de
negativa de acesso, por certidão ou cópia.

366
● O serviço da prestação de informação é gratuito, sendo
cobrado apenas os custos para prestação da informação.329
● Informações sigilosas330
● Classificações
i. Reservada: prazo de 5 anos
ii. Secreta: 15 anos
iii. Ultrassecreta: 25 anos
Alternativamente esses prazos previstos poderão
ser estabelecidos como termo final de restrição de
acesso a ocorrência de determinado evento, desde
que este ocorra antes do transcurso do prazo
máximo de classificação.

329
Art. 12. O serviço de busca e de fornecimento de informação é gratuito. (Redação dada pela Lei
nº 14.129, de 2021)
§ 1º O órgão ou a entidade poderá cobrar exclusivamente o valor necessário ao ressarcimento dos
custos dos serviços e dos materiais utilizados, quando o serviço de busca e de fornecimento da
informação exigir reprodução de documentos pelo órgão ou pela entidade pública consultada.
(Incluído pela Lei nº 14.129, de 2021) (Vigência)
§ 2º Estará isento de ressarcir os custos previstos no § 1º deste artigo aquele cuja situação
econômica não lhe permita fazê-lo sem prejuízo do sustento próprio ou da família, declarada nos
termos da Lei nº 7.115, de 29 de agosto de 1983. (Incluído pela Lei nº 14.129, de 2021) (Vigência)

330
Artigo 23, da Lei de acesso à informação. São consideradas imprescindíveis à segurança da
sociedade ou do Estado e, portanto, passíveis de classificação as informações cuja divulgação ou
acesso irrestrito possam:

I - pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou a integridade do território nacional;

II - prejudicar ou pôr em risco a condução de negociações ou as relações internacionais do País, ou


as que tenham sido fornecidas em caráter sigiloso por outros Estados e organismos internacionais;

III - pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da população;

IV - oferecer elevado risco à estabilidade financeira, econômica ou monetária do País;

V - prejudicar ou causar risco a planos ou operações estratégicos das Forças Armadas;

VI - prejudicar ou causar risco a projetos de pesquisa e desenvolvimento científico ou tecnológico,


assim como a sistemas, bens, instalações ou áreas de interesse estratégico nacional;

VII - pôr em risco a segurança de instituições ou de altas autoridades nacionais ou estrangeiras e


seus familiares; ou

VIII - comprometer atividades de inteligência, bem como de investigação ou fiscalização em


andamento, relacionadas com a prevenção ou repressão de infrações.

Art. 24, da Lei de acesso à informação. A informação em poder dos órgãos e entidades públicas,
observado o seu teor e em razão de sua imprescindibilidade à segurança da sociedade ou do
Estado, poderá ser classificada como ultrassecreta, secreta ou reservada.

367
● As informações que puderem colocar em risco a segurança do
Presidente e Vice-Presidente da República e respectivos
cônjuges e filhos(as) serão classificadas como reservadas e
ficarão sob sigilo até o término do mandato em exercício ou do
último mandato, em caso de reeleição.
e. Empresas estatais
● Lei 13.303: aplicam-se às prestadoras de serviços públicos e
exploradoras econômicas, inclusive subsidiárias.331
● O Título I desta Lei, exceto o disposto nos arts. 2º, 3º, 4º, 5º,
6º, 7º, 8º, 11, 12 e 27, não se aplica à empresa pública e à
sociedade de economia mista que tiver, em conjunto com
suas respectivas subsidiárias, no exercício social anterior,
receita operacional bruta inferior a R$ 90.000.000,00
(noventa milhões de reais).
● Para participar no capital social de uma empresa privada, as
empresas estatais precisam cumprir alguns requisitos: (I)
autorização legislativa (II) deve ter o objeto social deve estar
relacionado ao da investidora e (III) na participação em
sociedade empresarial em que a empresa pública, a
sociedade de economia mista e suas subsidiárias não
detenham o controle acionário, essas deverão adotar, no
dever de fiscalizar, práticas de governança e controle
proporcionais à relevância, à materialidade e aos riscos do
negócio do qual são partícipes.

331
Aplica-se inclusive à empresa pública dependente, definida nos termos do inciso III do art. 2º da
Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000 , que explore atividade econômica, ainda que a
atividade econômica esteja sujeita ao regime de monopólio da União ou seja de prestação de
serviços públicos.

Submetem-se ao regime previsto nesta Lei a empresa pública e a sociedade de economia mista
que participem de consórcio, conforme disposto no art. 279 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de
1976 , na condição de operadora.

Submete-se ao regime previsto nesta Lei a sociedade, inclusive a de propósito específico, que seja
controlada por empresa pública ou sociedade de economia mista abrangidas no caput .

368
● O estatuto da empresa pública, da sociedade de economia
mista e de suas subsidiárias deverá observar regras de
governança corporativa, de transparência e de estruturas,
práticas de gestão de riscos e de controle interno,
composição da administração e, havendo acionistas,
mecanismos para sua proteção, todos constantes desta Lei.
● As sociedades de economia mista de capital fechado e as
suas subsidiárias as disposições da Lei nº 6.404, de 15 de
dezembro de 1976, e as normas da Comissão de Valores
Mobiliários sobre escrituração e elaboração de
demonstrações financeiras, inclusive a obrigatoriedade de
auditoria independente por auditor registrado nesse órgão.
● Há alguns requisitos de transparência (artigo 8º)
Art. 8º As empresas públicas e as sociedades de economia
mista deverão observar, no mínimo, os seguintes requisitos
de transparência:
I - elaboração de carta anual, subscrita pelos membros do
Conselho de Administração, com a explicitação dos
compromissos de consecução de objetivos de políticas
públicas pela empresa pública, pela sociedade de economia
mista e por suas subsidiárias, em atendimento ao interesse
coletivo ou ao imperativo de segurança nacional que
justificou a autorização para suas respectivas criações, com
definição clara dos recursos a serem empregados para esse
fim, bem como dos impactos econômico-financeiros da
consecução desses objetivos, mensuráveis por meio de
indicadores objetivos;
II - adequação de seu estatuto social à autorização
legislativa de sua criação;
III - divulgação tempestiva e atualizada de informações
relevantes, em especial as relativas a atividades
desenvolvidas, estrutura de controle, fatores de risco, dados

369
econômico-financeiros, comentários dos administradores
sobre o desempenho, políticas e práticas de governança
corporativa e descrição da composição e da remuneração
da administração;
IV - elaboração e divulgação de política de divulgação de
informações, em conformidade com a legislação em vigor e
com as melhores práticas;
V - elaboração de política de distribuição de dividendos, à
luz do interesse público que justificou a criação da empresa
pública ou da sociedade de economia mista;
VI - divulgação, em nota explicativa às demonstrações
financeiras, dos dados operacionais e financeiros das
atividades relacionadas à consecução dos fins de interesse
coletivo ou de segurança nacional;
VII - elaboração e divulgação da política de transações com
partes relacionadas, em conformidade com os requisitos de
competitividade, conformidade, transparência, equidade e
comutatividade, que deverá ser revista, no mínimo,
anualmente e aprovada pelo Conselho de Administração;
VIII - ampla divulgação, ao público em geral, de carta anual
de governança corporativa, que consolide em um único
documento escrito, em linguagem clara e direta, as
informações de que trata o inciso III;
IX - divulgação anual de relatório integrado ou de
sustentabilidade.
§ 1º O interesse público da empresa pública e da sociedade
de economia mista, respeitadas as razões que motivaram a
autorização legislativa, manifesta-se por meio do
alinhamento entre seus objetivos e aqueles de políticas
públicas, na forma explicitada na carta anual a que se refere
o inciso I do caput .

370
§ 2º Quaisquer obrigações e responsabilidades que a
empresa pública e a sociedade de economia mista que
explorem atividade econômica assumam em condições
distintas às de qualquer outra empresa do setor privado em
que atuam deverão:
I - estar claramente definidas em lei ou regulamento, bem
como previstas em contrato, convênio ou ajuste celebrado
com o ente público competente para estabelecê-las,
observada a ampla publicidade desses instrumentos;
II - ter seu custo e suas receitas discriminados e divulgados
de forma transparente, inclusive no plano contábil.
§ 3º Além das obrigações contidas neste artigo, as
sociedades de economia mista com registro na Comissão
de Valores Mobiliários sujeitam-se ao regime informacional
estabelecido por essa autarquia e devem divulgar as
informações previstas neste artigo na forma fixada em suas
normas.
§ 4º Os documentos resultantes do cumprimento dos
requisitos de transparência constantes dos incisos I a IX
do caput deverão ser publicamente divulgados na internet
de forma permanente e cumulativa.
● Artigo 9º
Art. 9º A empresa pública e a sociedade de economia mista
adotarão regras de estruturas e práticas de gestão de riscos
e controle interno que abranjam:
I - ação dos administradores e empregados, por meio da
implementação cotidiana de práticas de controle interno;
II - área responsável pela verificação de cumprimento de
obrigações e de gestão de riscos;
III - auditoria interna e Comitê de Auditoria Estatutário.
§ 1º Deverá ser elaborado e divulgado Código de Conduta e
Integridade, que disponha sobre:

371
I - princípios, valores e missão da empresa pública e da
sociedade de economia mista, bem como orientações sobre
a prevenção de conflito de interesses e vedação de atos de
corrupção e fraude;
II - instâncias internas responsáveis pela atualização e
aplicação do Código de Conduta e Integridade;
III - canal de denúncias que possibilite o recebimento de
denúncias internas e externas relativas ao descumprimento
do Código de Conduta e Integridade e das demais normas
internas de ética e obrigacionais;
IV - mecanismos de proteção que impeçam qualquer
espécie de retaliação a pessoa que utilize o canal de
denúncias;
V - sanções aplicáveis em caso de violação às regras do
Código de Conduta e Integridade;

VI - previsão de treinamento periódico, no mínimo anual,


sobre Código de Conduta e Integridade, a empregados e
administradores, e sobre a política de gestão de riscos, a
administradores.
§ 2º A área responsável pela verificação de cumprimento de
obrigações e de gestão de riscos deverá ser vinculada ao
diretor-presidente e liderada por diretor estatutário,
devendo o estatuto social prever as atribuições da área,
bem como estabelecer mecanismos que assegurem
atuação independente.
§ 3º A auditoria interna deverá:
I - ser vinculada ao Conselho de Administração, diretamente
ou por meio do Comitê de Auditoria Estatutário;
II - ser responsável por aferir a adequação do controle
interno, a efetividade do gerenciamento dos riscos e dos
processos de governança e a confiabilidade do processo de

372
coleta, mensuração, classificação, acumulação, registro e
divulgação de eventos e transações, visando ao preparo de
demonstrações financeiras.
§ 4º O estatuto social deverá prever, ainda, a possibilidade
de que a área de compliance se reporte diretamente ao
Conselho de Administração em situações em que se
suspeite do envolvimento do diretor-presidente em
irregularidades ou quando este se furtar à obrigação de
adotar medidas necessárias em relação à situação a ele
relatada.
● Artigo 10
Art. 10. A empresa pública e a sociedade de economia mista
deverão criar comitê estatutário para verificar a
conformidade do processo de indicação e de avaliação de
membros para o Conselho de Administração e para o
Conselho Fiscal, com competência para auxiliar o acionista
controlador na indicação desses membros.
Parágrafo único. Devem ser divulgadas as atas das reuniões
do comitê estatutário referido no caput realizadas com o
fim de verificar o cumprimento, pelos membros indicados,
dos requisitos definidos na política de indicação, devendo
ser registradas as eventuais manifestações divergentes de
conselheiros.

● Vedações para as empresas públicas (não fala de sociedade


de economia mista)332: há essa vedação porque a empresa
pública não tem participação no capital privado.
● A sociedade de economia mista poderá solucionar,
mediante arbitragem, as divergências entre acionistas e a

332
Art. 11. A empresa pública não poderá:
I - lançar debêntures ou outros títulos ou valores mobiliários, conversíveis em ações;
II - emitir partes beneficiárias.

373
sociedade, ou entre acionistas controladores e acionistas
minoritários, nos termos previstos em seu estatuto social.
● Estrutura das empresas públicas
o Conselho de Administração
o Diretoria (artigo 23 e 24)
o Conselho Fiscal
● Governança corporativa333: conjunto de boas condutas
praticadas pela empresa estatal para dar maior publicidade,
transparência, integridade e equidade entre acionistas
minoritários e majoritários. São boas práticas previstas em
diversos atos (não só na lei), podendo ser boas práticas até
mesmo de mercado.
● Bases:
o Transparência
333
Art. 9º A empresa pública e a sociedade de economia mista adotarão regras de estruturas e
práticas de gestão de riscos e controle interno que abranjam:
I - ação dos administradores e empregados, por meio da implementação cotidiana de práticas de
controle interno;
II - área responsável pela verificação de cumprimento de obrigações e de gestão de riscos;
III - auditoria interna e Comitê de Auditoria Estatutário.
§ 1º Deverá ser elaborado e divulgado Código de Conduta e Integridade, que disponha sobre:
I - princípios, valores e missão da empresa pública e da sociedade de economia mista, bem como
orientações sobre a prevenção de conflito de interesses e vedação de atos de corrupção e fraude;
II - instâncias internas responsáveis pela atualização e aplicação do Código de Conduta e
Integridade;
III - canal de denúncias que possibilite o recebimento de denúncias internas e externas relativas ao
descumprimento do Código de Conduta e Integridade e das demais normas internas de ética e
obrigacionais;
IV - mecanismos de proteção que impeçam qualquer espécie de retaliação a pessoa que utilize o
canal de denúncias;
V - sanções aplicáveis em caso de violação às regras do Código de Conduta e Integridade;
VI - previsão de treinamento periódico, no mínimo anual, sobre Código de Conduta e Integridade, a
empregados e administradores, e sobre a política de gestão de riscos, a administradores.
§ 2º A área responsável pela verificação de cumprimento de obrigações e de gestão de riscos
deverá ser vinculada ao diretor-presidente e liderada por diretor estatutário, devendo o estatuto
social prever as atribuições da área, bem como estabelecer mecanismos que assegurem atuação
independente.
§ 3º A auditoria interna deverá:
I - ser vinculada ao Conselho de Administração, diretamente ou por meio do Comitê de Auditoria
Estatutário;
II - ser responsável por aferir a adequação do controle interno, a efetividade do gerenciamento dos
riscos e dos processos de governança e a confiabilidade do processo de coleta, mensuração,
classificação, acumulação, registro e divulgação de eventos e transações, visando ao preparo de
demonstrações financeiras.
§ 4º O estatuto social deverá prever, ainda, a possibilidade de que a área de compliance se reporte
diretamente ao Conselho de Administração em situações em que se suspeite do envolvimento do
diretor-presidente em irregularidades ou quando este se furtar à obrigação de adotar medidas
necessárias em relação à situação a ele relatada.

374
o Equilíbrio de direitos entre acionistas minoritários e
majoritários
o Prestação de contas
o Responsabilidade
● Elaboração de carta anual334
● Acionista controlador: Artigo 14 e 15
Art. 14. O acionista controlador da empresa pública e da
sociedade de economia mista deverá:
I - fazer constar do Código de Conduta e Integridade, aplicável
à alta administração, a vedação à divulgação, sem autorização
do órgão competente da empresa pública ou da sociedade de
economia mista, de informação que possa causar impacto na
cotação dos títulos da empresa pública ou da sociedade de
economia mista e em suas relações com o mercado ou com
consumidores e fornecedores;
II - preservar a independência do Conselho de Administração
no exercício de suas funções;
III - observar a política de indicação na escolha dos
administradores e membros do Conselho Fiscal.

Art. 15. O acionista controlador da empresa pública e da


sociedade de economia mista responderá pelos atos
praticados com abuso de poder, nos termos da Lei nº 6.404, de
15 de dezembro de 1976 .
§ 1º A ação de reparação poderá ser proposta pela sociedade,
nos termos do art. 246 da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de
1976 , pelo terceiro prejudicado ou pelos demais sócios,

334
elaboração de carta anual, subscrita pelos membros do Conselho de Administração, com a
explicitação dos compromissos de consecução de objetivos de políticas públicas pela empresa
pública, pela sociedade de economia mista e por suas subsidiárias, em atendimento ao interesse
coletivo ou ao imperativo de segurança nacional que justificou a autorização para suas
respectivas criações, com definição clara dos recursos a serem empregados para esse fim, bem
como dos impactos econômico-financeiros da consecução desses objetivos, mensuráveis por meio
de indicadores objetivos;

375
independentemente de autorização da assembleia-geral de
acionistas.
§ 2º Prescreve em 6 (seis) anos, contados da data da prática do
ato abusivo, a ação a que se refere o § 1º.
● Artigo 27: função social335
● Licitação das empresas estatais
o Há estabelecimento da regra do orçamento sigiloso,
sendo que não prevalece nas regras de controle externo
e interno. Ainda não prevalece nas licitações de maior
desconto.
o Art. 38. Estará impedida de participar de licitações e de
ser contratada pela empresa pública ou sociedade de
economia mista a empresa: (Vide Lei nº 14.002, de
2020)
I - cujo administrador ou sócio detentor de mais de 5%
(cinco por cento) do capital social seja diretor ou
empregado da empresa pública ou sociedade de
economia mista contratante;
II - suspensa pela empresa pública ou sociedade de
economia mista;

335
Art. 27. A empresa pública e a sociedade de economia mista terão a função social de realização
do interesse coletivo ou de atendimento a imperativo da segurança nacional expressa no
instrumento de autorização legal para a sua criação.
§ 1º A realização do interesse coletivo de que trata este artigo deverá ser orientada para o alcance
do bem-estar econômico e para a alocação socialmente eficiente dos recursos geridos pela
empresa pública e pela sociedade de economia mista, bem como para o seguinte:
I - ampliação economicamente sustentada do acesso de consumidores aos produtos e serviços da
empresa pública ou da sociedade de economia mista;
II - desenvolvimento ou emprego de tecnologia brasileira para produção e oferta de produtos e
serviços da empresa pública ou da sociedade de economia mista, sempre de maneira
economicamente justificada.
§ 2º A empresa pública e a sociedade de economia mista deverão, nos termos da lei, adotar
práticas de sustentabilidade ambiental e de responsabilidade social corporativa compatíveis com
o mercado em que atuam.
§ 3º A empresa pública e a sociedade de economia mista poderão celebrar convênio ou contrato
de patrocínio com pessoa física ou com pessoa jurídica para promoção de atividades culturais,
sociais, esportivas, educacionais e de inovação tecnológica, desde que comprovadamente
vinculadas ao fortalecimento de sua marca, observando-se, no que couber, as normas de licitação
e contratos desta Lei.

376
III - declarada inidônea pela União, por Estado, pelo
Distrito Federal ou pela unidade federativa a que está
vinculada a empresa pública ou sociedade de economia
mista, enquanto perdurarem os efeitos da sanção;
IV - constituída por sócio de empresa que estiver
suspensa, impedida ou declarada inidônea;
V - cujo administrador seja sócio de empresa suspensa,
impedida ou declarada inidônea;
VI - constituída por sócio que tenha sido sócio ou
administrador de empresa suspensa, impedida ou
declarada inidônea, no período dos fatos que deram
ensejo à sanção;
VII - cujo administrador tenha sido sócio ou
administrador de empresa suspensa, impedida ou
declarada inidônea, no período dos fatos que deram
ensejo à sanção;
VIII - que tiver, nos seus quadros de diretoria, pessoa que
participou, em razão de vínculo de mesma natureza, de
empresa declarada inidônea.
Parágrafo único. Aplica-se a vedação prevista no caput :
I - à contratação do próprio empregado ou dirigente,
como pessoa física, bem como à participação dele em
procedimentos licitatórios, na condição de licitante;
II - a quem tenha relação de parentesco, até o terceiro
grau civil, com:
a) dirigente de empresa pública ou sociedade de
economia mista;
b) empregado de empresa pública ou sociedade de
economia mista cujas atribuições envolvam a atuação na
área responsável pela licitação ou contratação;
c) autoridade do ente público a que a empresa pública
ou sociedade de economia mista esteja vinculada.

377
III - cujo proprietário, mesmo na condição de sócio, tenha
terminado seu prazo de gestão ou rompido seu vínculo
com a respectiva empresa pública ou sociedade de
economia mista promotora da licitação ou contratante
há menos de 6 (seis) meses.
● Contratação direta:
Art. 28. Os contratos com terceiros destinados à prestação
de serviços às empresas públicas e às sociedades de
economia mista, inclusive de engenharia e de publicidade,
à aquisição e à locação de bens, à alienação de bens e
ativos integrantes do respectivo patrimônio ou à execução
de obras a serem integradas a esse patrimônio, bem como
à implementação de ônus real sobre tais bens, serão
precedidos de licitação nos termos desta Lei, ressalvadas as
hipóteses previstas nos arts. 29 e 30. (Vide Lei nº 14.002,
de 2020)
§ 1º Aplicam-se às licitações das empresas públicas e das
sociedades de economia mista as disposições constantes
dos arts. 42 a 49 da Lei Complementar nº 123, de 14 de
dezembro de 2006 .
§ 2º O convênio ou contrato de patrocínio celebrado com
pessoas físicas ou jurídicas de que trata o § 3º do art. 27
observará, no que couber, as normas de licitação e
contratos desta Lei.
§ 3º São as empresas públicas e as sociedades de economia
mista dispensadas da observância dos dispositivos deste
Capítulo nas seguintes situações:
I - comercialização, prestação ou execução, de forma direta,
pelas empresas mencionadas no caput , de produtos,
serviços ou obras especificamente relacionados com seus
respectivos objetos sociais;

378
II - nos casos em que a escolha do parceiro esteja associada
a suas características particulares, vinculada a
oportunidades de negócio definidas e específicas,
justificada a inviabilidade de procedimento competitivo.
§ 4º Consideram-se oportunidades de negócio a que se
refere o inciso II do § 3º a formação e a extinção de parcerias
e outras formas associativas, societárias ou contratuais, a
aquisição e a alienação de participação em sociedades e
outras formas associativas, societárias ou contratuais e as
operações realizadas no âmbito do mercado de capitais,
respeitada a regulação pelo respectivo órgão competente.
Art. 29. É dispensável a realização de licitação por empresas
públicas e sociedades de economia mista: (Vide Lei nº
14.002, de 2020)
I - para obras e serviços de engenharia de valor até R$
100.000,00 (cem mil reais), desde que não se refiram a
parcelas de uma mesma obra ou serviço ou ainda a obras e
serviços de mesma natureza e no mesmo local que possam
ser realizadas conjunta e concomitantemente;
II - para outros serviços e compras de valor até R$ 50.000,00
(cinquenta mil reais) e para alienações, nos casos previstos
nesta Lei, desde que não se refiram a parcelas de um
mesmo serviço, compra ou alienação de maior vulto que
possa ser realizado de uma só vez;
III - quando não acudirem interessados à licitação anterior e
essa, justificadamente, não puder ser repetida sem prejuízo
para a empresa pública ou a sociedade de economia mista,
bem como para suas respectivas subsidiárias, desde que
mantidas as condições preestabelecidas;
IV - quando as propostas apresentadas consignarem preços
manifestamente superiores aos praticados no mercado

379
nacional ou incompatíveis com os fixados pelos órgãos
oficiais competentes;
V - para a compra ou locação de imóvel destinado ao
atendimento de suas finalidades precípuas, quando as
necessidades de instalação e localização condicionarem a
escolha do imóvel, desde que o preço seja compatível com
o valor de mercado, segundo avaliação prévia;
VI - na contratação de remanescente de obra, de serviço ou
de fornecimento, em consequência de rescisão contratual,
desde que atendida a ordem de classificação da licitação
anterior e aceitas as mesmas condições do contrato
encerrado por rescisão ou distrato, inclusive quanto ao
preço, devidamente corrigido;
VII - na contratação de instituição brasileira incumbida
regimental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino ou
do desenvolvimento institucional ou de instituição
dedicada à recuperação social do preso, desde que a
contratada detenha inquestionável reputação
ético-profissional e não tenha fins lucrativos;
VIII - para a aquisição de componentes ou peças de origem
nacional ou estrangeira necessários à manutenção de
equipamentos durante o período de garantia técnica, junto
ao fornecedor original desses equipamentos, quando tal
condição de exclusividade for indispensável para a vigência
da garantia;
IX - na contratação de associação de pessoas com
deficiência física, sem fins lucrativos e de comprovada
idoneidade, para a prestação de serviços ou fornecimento
de mão de obra, desde que o preço contratado seja
compatível com o praticado no mercado;
X - na contratação de concessionário, permissionário ou
autorizado para fornecimento ou suprimento de energia

380
elétrica ou gás natural e de outras prestadoras de serviço
público, segundo as normas da legislação específica, desde
que o objeto do contrato tenha pertinência com o serviço
público.
XI - nas contratações entre empresas públicas ou
sociedades de economia mista e suas respectivas
subsidiárias, para aquisição ou alienação de bens e
prestação ou obtenção de serviços, desde que os preços
sejam compatíveis com os praticados no mercado e que o
objeto do contrato tenha relação com a atividade da
contratada prevista em seu estatuto social;
XII - na contratação de coleta, processamento e
comercialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou
reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta seletiva de
lixo, efetuados por associações ou cooperativas formadas
exclusivamente por pessoas físicas de baixa renda que
tenham como ocupação econômica a coleta de materiais
recicláveis, com o uso de equipamentos compatíveis com as
normas técnicas, ambientais e de saúde pública;
XIII - para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou
prestados no País, que envolvam, cumulativamente, alta
complexidade tecnológica e defesa nacional, mediante
parecer de comissão especialmente designada pelo
dirigente máximo da empresa pública ou da sociedade de
economia mista;
XIV - nas contratações visando ao cumprimento do disposto
nos arts. 3º, 4º, 5º e 20 da Lei nº 10.973, de 2 de dezembro de
2004 , observados os princípios gerais de contratação dela
constantes;
XV - em situações de emergência, quando caracterizada
urgência de atendimento de situação que possa ocasionar
prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras,

381
serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou
particulares, e somente para os bens necessários ao
atendimento da situação emergencial e para as parcelas de
obras e serviços que possam ser concluídas no prazo
máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e
ininterruptos, contado da ocorrência da emergência,
vedada a prorrogação dos respectivos contratos, observado
o disposto no § 2º ;
XVI - na transferência de bens a órgãos e entidades da
administração pública, inclusive quando efetivada
mediante permuta;
XVII - na doação de bens móveis para fins e usos de
interesse social, após avaliação de sua oportunidade e
conveniência socioeconômica relativamente à escolha de
outra forma de alienação;
XVIII - na compra e venda de ações, de títulos de crédito e
de dívida e de bens que produzam ou comercializem. (Vide
ADIN 5624) (Vide ADIN 5846) (Vide ADIN 5924) (Vide
ADIN 6029)
§ 1º Na hipótese de nenhum dos licitantes aceitar a
contratação nos termos do inciso VI do caput , a empresa
pública e a sociedade de economia mista poderão convocar
os licitantes remanescentes, na ordem de classificação, para
a celebração do contrato nas condições ofertadas por estes,
desde que o respectivo valor seja igual ou inferior ao
orçamento estimado para a contratação, inclusive quanto
aos preços atualizados nos termos do instrumento
convocatório.
§ 2º A contratação direta com base no inciso XV
do caput não dispensará a responsabilização de quem, por
ação ou omissão, tenha dado causa ao motivo ali descrito,

382
inclusive no tocante ao disposto na Lei nº 8.429, de 2 de
junho de 1992 .
§ 3º Os valores estabelecidos nos incisos I e II
do caput podem ser alterados, para refletir a variação de
custos, por deliberação do Conselho de Administração da
empresa pública ou sociedade de economia mista,
admitindo-se valores diferenciados para cada sociedade.
Art. 30. A contratação direta será feita quando houver
inviabilidade de competição, em especial na hipótese
de: (Vide Lei nº 14.002, de 2020)
I - aquisição de materiais, equipamentos ou gêneros que só
possam ser fornecidos por produtor, empresa ou
representante comercial exclusivo;
II - contratação dos seguintes serviços técnicos
especializados, com profissionais ou empresas de notória
especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de
publicidade e divulgação:
a) estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos ou
executivos;
b) pareceres, perícias e avaliações em geral;
c) assessorias ou consultorias técnicas e auditorias
financeiras ou tributárias;
d) fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou
serviços;
e) patrocínio ou defesa de causas judiciais ou
administrativas;
f) treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;
g) restauração de obras de arte e bens de valor histórico.
§ 1º Considera-se de notória especialização o profissional ou
a empresa cujo conceito no campo de sua especialidade,
decorrente de desempenho anterior, estudos, experiência,
publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica

383
ou outros requisitos relacionados com suas atividades,
permita inferir que o seu trabalho é essencial e
indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação do
objeto do contrato.
§ 2º Na hipótese do caput e em qualquer dos casos de
dispensa, se comprovado, pelo órgão de controle externo,
sobrepreço ou superfaturamento, respondem
solidariamente pelo dano causado quem houver decidido
pela contratação direta e o fornecedor ou o prestador de
serviços.
§ 3º O processo de contratação direta será instruído, no que
couber, com os seguintes elementos:
I - caracterização da situação emergencial ou calamitosa
que justifique a dispensa, quando for o caso;
II - razão da escolha do fornecedor ou do executante;
III - justificativa do preço.
● Direito subjetivo à celebração do contrato (artigo 60): a
homologação do resultado implica a constituição de direito
relativo à celebração do contrato em favor do licitante
vencedor.
● Contratos: não há aplicação subsidiária da lei de licitações.
o Enunciado nº 17 I Jornada de Direito Administrativo.336
o Possibilidade de matriz de riscos
o Art. 71. A duração dos contratos regidos por esta Lei não
excederá a 5 (cinco) anos, contados a partir de sua
celebração, exceto: (Vide Lei nº 14.002, de 2020)
I - para projetos contemplados no plano de negócios e
investimentos da empresa pública ou da sociedade de
economia mista;

336
“Os contratos celebrados pelas empresas estatais, regidos pela Lei n.º 13.303/16, não possuem
aplicação subsidiária da Lei n.º 8.666/93. Em casos de lacuna contratual, aplicam-se as disposições
daquela Lei e as regras e os princípios de direito privado.”

384
II - nos casos em que a pactuação por prazo superior a 5
(cinco) anos seja prática rotineira de mercado e a
imposição desse prazo inviabilize ou onere
excessivamente a realização do negócio.
Parágrafo único. É vedado o contrato por prazo
indeterminado.
o Art. 72. Os contratos regidos por esta Lei somente
poderão ser alterados por acordo entre as partes,
vedando-se ajuste que resulte em violação da obrigação
de licitar.
● Previsão de sanções
Art. 82. Os contratos devem conter cláusulas com sanções
administrativas a serem aplicadas em decorrência de atraso
injustificado na execução do contrato, sujeitando o contratado
a multa de mora, na forma prevista no instrumento
convocatório ou no contrato. (Vide Lei nº 14.002, de 2020)
§ 1º A multa a que alude este artigo não impede que a empresa
pública ou a sociedade de economia mista rescinda o contrato
e aplique as outras sanções previstas nesta Lei.
§ 2º A multa, aplicada após regular processo administrativo,
será descontada da garantia do respectivo contratado.
§ 3º Se a multa for de valor superior ao valor da garantia
prestada, além da perda desta, responderá o contratado pela
sua diferença, a qual será descontada dos pagamentos
eventualmente devidos pela empresa pública ou pela
sociedade de economia mista ou, ainda, quando for o caso,
cobrada judicialmente.
Art. 83. Pela inexecução total ou parcial do contrato a empresa
pública ou a sociedade de economia mista poderá, garantida a
prévia defesa, aplicar ao contratado as seguintes
sanções: (Vide Lei nº 14.002, de 2020)
I - advertência;

385
II - multa, na forma prevista no instrumento convocatório ou
no contrato;
III - suspensão temporária de participação em licitação e
impedimento de contratar com a entidade sancionadora, por
prazo não superior a 2 (dois) anos.
§ 1º Se a multa aplicada for superior ao valor da garantia
prestada, além da perda desta, responderá o contratado pela
sua diferença, que será descontada dos pagamentos
eventualmente devidos pela empresa pública ou pela
sociedade de economia mista ou cobrada judicialmente.
§ 2º As sanções previstas nos incisos I e III do caput poderão ser
aplicadas juntamente com a do inciso II, devendo a defesa
prévia do interessado, no respectivo processo, ser apresentada
no prazo de 10 (dez) dias úteis.
Art. 84. As sanções previstas no inciso III do art. 83 poderão
também ser aplicadas às empresas ou aos profissionais que,
em razão dos contratos regidos por esta Lei: (Vide Lei nº
14.002, de 2020)
I - tenham sofrido condenação definitiva por praticarem, por
meios dolosos, fraude fiscal no recolhimento de quaisquer
tributos;
II - tenham praticado atos ilícitos visando a frustrar os objetivos
da licitação;
III - demonstrem não possuir idoneidade para contratar com a
empresa pública ou a sociedade de economia mista em
virtude de atos ilícitos praticados.
● Artigo 80: Os direitos patrimoniais e autorais de projetos ou
serviços técnicos especializados desenvolvidos por
profissionais autônomos ou por empresas contratadas passam
a ser propriedade da empresa pública ou sociedade de
economia mista que os tenha contratado, sem prejuízo da

386
preservação da identificação dos respectivos autores e da
responsabilidade técnica a eles atribuída.

f. Processo Administrativo Federal


● Conceito de processo administrativo federal: relação jurídica
estabelecida entre as partes, estabelecendo direitos e
deveres, objetivando a prática de um ato final.
o Conceito de procedimento: forma pela qual os
atos são praticados.
● Lei 9784/99: somente se aplica subsidiariamente quando
houver leis específicas.
● Lei Federal: somente se aplica no âmbito da União.
o Súmula 633 STJ337
● Princípios (artigo 2º)
Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos
princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade,
proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório,
segurança jurídica, interesse público e eficiência.
● Direito dos administrados
Art. 3o O administrado tem os seguintes direitos perante a
Administração, sem prejuízo de outros que lhe sejam
assegurados:
I - ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores, que
deverão facilitar o exercício de seus direitos e o cumprimento
de suas obrigações;
II - ter ciência da tramitação dos processos administrativos em
que tenha a condição de interessado, ter vista dos autos, obter
cópias de documentos neles contidos e conhecer as decisões
proferidas;

337
A Lei n. 9.784/1999, especialmente no que diz respeito ao prazo decadencial para a revisão de
atos administrativos no âmbito da Administração Pública federal, pode ser aplicada, de forma
subsidiária, aos estados e municípios, se inexistente norma local e específica que regule a matéria.

387
III - formular alegações e apresentar documentos antes da
decisão, os quais serão objeto de consideração pelo órgão
competente;
IV - fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, salvo
quando obrigatória a representação, por força de lei.
● Início do processo
o De ofício ou a requerimento
▪ Requerimento: deve ser formulado por escrito,
salvo se houver lei específica, de modo que será
reduzido a termo.
● Interessados (artigo 9º)
i. pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como titulares
de direitos ou interesses individuais ou no exercício do
direito de representação;
ii. aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm direitos
ou interesses que possam ser afetados pela decisão a ser
adotada;
iii. as organizações e associações representativas, no
tocante a direitos e interesses coletivos;
iv. as pessoas ou as associações legalmente constituídas
quanto a direitos ou interesses difusos.

O comparecimento à consulta pública não confere, por


si, a condição de interessado do processo, mas confere o
direito de obter da Administração resposta
fundamentada, que poderá ser comum a todas as
alegações substancialmente iguais.

● Competência: irrenunciável, porém pode ser delegada,


porque mantém com autoridade delegada o poder de
decidir o ato. É iniciado perante a autoridade de menor grau
hierárquica se não tiver outra previsão da lei
● Impedimento e suspeição

388
Art. 18. É impedido de atuar em processo administrativo o
servidor ou autoridade que:

I - tenha interesse direto ou indireto na matéria;

II - tenha participado ou venha a participar como perito,


testemunha ou representante, ou se tais situações ocorrem
quanto ao cônjuge, companheiro ou parente e afins até o
terceiro grau;

III - esteja litigando judicial ou administrativamente com o


interessado ou respectivo cônjuge ou companheiro.

Art. 19. A autoridade ou servidor que incorrer em


impedimento deve comunicar o fato à autoridade
competente, abstendo-se de atuar.

Parágrafo único. A omissão do dever de comunicar o


impedimento constitui falta grave, para efeitos
disciplinares.

Art. 20. Pode ser arguida a suspeição de autoridade ou


servidor que tenha amizade íntima ou inimizade notória
com algum dos interessados ou com os respectivos
cônjuges, companheiros, parentes e afins até o terceiro
grau.

Art. 21. O indeferimento de alegação de suspeição poderá


ser objeto de recurso, sem efeito suspensivo.

● Observações:
i. Só há punição em relação àquele que não comunicar o
impedimento.
ii. O recurso contra indeferimento de alegação de
suspeição não tem efeito suspensivo.

389
● Da forma, tempo e lugar dos atos dos processos

Art. 22. Os atos do processo administrativo não dependem de


forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir.

§ 1o Os atos do processo devem ser produzidos por escrito, em


vernáculo, com a data e o local de sua realização e a assinatura
da autoridade responsável.

§ 2o Salvo imposição legal, o reconhecimento de firma somente


será exigido quando houver dúvida de autenticidade.

§ 3o A autenticação de documentos exigidos em cópia poderá


ser feita pelo órgão administrativo.

§ 4o O processo deverá ter suas páginas numeradas


sequencialmente e rubricadas.

Art. 23. Os atos do processo devem realizar-se em dias úteis, no


horário normal de funcionamento da repartição na qual
tramitar o processo.

Parágrafo único. Serão concluídos depois do horário normal os


atos já iniciados, cujo adiamento prejudique o curso regular do
procedimento ou cause dano ao interessado ou à
Administração.

Art. 24. Inexistindo disposição específica, os atos do órgão ou


autoridade responsável pelo processo e dos administrados que
dele participem devem ser praticados no prazo de cinco dias,
salvo motivo de força maior.

Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo pode ser dilatado


até o dobro, mediante comprovada justificação.

390
Art. 25. Os atos do processo devem realizar-se
preferencialmente na sede do órgão, cientificando-se o
interessado se outro for o local de realização.

Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita o processo


administrativo determinará a intimação do interessado para
ciência de decisão ou a efetivação de diligências.

§ 1o A intimação deverá conter:

I - identificação do intimado e nome do órgão ou entidade


administrativa;

II - finalidade da intimação;

III - data, hora e local em que deve comparecer;

IV - se o intimado deve comparecer pessoalmente, ou fazer-se


representar;

V - informação da continuidade do processo


independentemente do seu comparecimento;

VI - indicação dos fatos e fundamentos legais pertinentes.

§ 2o A intimação observará a antecedência mínima de três dias


úteis quanto à data de comparecimento.

§ 3o A intimação pode ser efetuada por ciência no processo, por


via postal com aviso de recebimento, por telegrama ou outro
meio que assegure a certeza da ciência do interessado.

§ 4o No caso de interessados indeterminados, desconhecidos


ou com domicílio indefinido, a intimação deve ser efetuada por
meio de publicação oficial.

391
§ 5o As intimações serão nulas quando feitas sem observância
das prescrições legais, mas o comparecimento do
administrado supre sua falta ou irregularidade.

Art. 27. O desatendimento da intimação não importa o


reconhecimento da verdade dos fatos, nem a renúncia a direito
pelo administrado.

Parágrafo único. No prosseguimento do processo, será


garantido direito de ampla defesa ao interessado.

Art. 28. Devem ser objeto de intimação os atos do processo


que resultem para o interessado em imposição de deveres,
ônus, sanções ou restrição ao exercício de direitos e atividades
e os atos de outra natureza, de seu interesse.

● Fases do processo

o Instauração: de ofício ou mediante requerimento

o Instrução: guiada mediante o impulso oficial,


havendo, nessa fase, a produção de provas.

Art. 29. As atividades de instrução destinadas a averiguar e


comprovar os dados necessários à tomada de decisão
realizam-se de ofício ou mediante impulsão do órgão
responsável pelo processo, sem prejuízo do direito dos
interessados de propor atuações probatórias.

§ 1o O órgão competente para a instrução fará constar dos


autos os dados necessários à decisão do processo.

§ 2o Os atos de instrução que exijam a atuação dos


interessados devem realizar-se do modo menos oneroso para
estes.

392
Art. 30. São inadmissíveis no processo administrativo as
provas obtidas por meios ilícitos.

Art. 31. Quando a matéria do processo envolver assunto de


interesse geral, o órgão competente poderá, mediante
despacho motivado, abrir período de consulta pública para
manifestação de terceiros, antes da decisão do pedido, se não
houver prejuízo para a parte interessada.

§ 1o A abertura da consulta pública será objeto de divulgação


pelos meios oficiais, a fim de que pessoas físicas ou jurídicas
possam examinar os autos, fixando-se prazo para oferecimento
de alegações escritas.

§ 2o O comparecimento à consulta pública338 não confere, por


si, a condição de interessado do processo, mas confere o direito
de obter da Administração resposta fundamentada, que
poderá ser comum a todas as alegações substancialmente
iguais.

Art. 32. Antes da tomada de decisão, a juízo da autoridade,


diante da relevância da questão, poderá ser realizada audiência
pública339 para debates sobre a matéria do processo.

Art. 33. Os órgãos e entidades administrativas, em matéria


relevante, poderão estabelecer outros meios de participação
de administrados, diretamente ou por meio de organizações e
associações legalmente reconhecidas.

Art. 34. Os resultados da consulta e audiência pública e de


outros meios de participação de administrados deverão ser
apresentados com a indicação do procedimento adotado.

338
participação por meio de documentos.

339
participação imediata.

393
Art. 35. Quando necessária à instrução do processo, a
audiência de outros órgãos ou entidades administrativas
poderá ser realizada em reunião conjunta, com a participação
de titulares ou representantes dos órgãos competentes,
lavrando-se a respectiva ata, a ser juntada aos autos.

Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha


alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente
para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei.

Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e dados estão


registrados em documentos existentes na própria
Administração responsável pelo processo ou em outro órgão
administrativo, o órgão competente para a instrução proverá,
de ofício, à obtenção dos documentos ou das respectivas
cópias.

Art. 38. O interessado poderá, na fase instrutória e antes da


tomada da decisão, juntar documentos e pareceres, requerer
diligências e perícias, bem como aduzir alegações referentes à
matéria objeto do processo. (verdade material)

§ 1o Os elementos probatórios deverão ser considerados na


motivação do relatório e da decisão.

§ 2o Somente poderão ser recusadas, mediante decisão


fundamentada, as provas propostas pelos interessados quando
sejam ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou protelatórias.

Art. 39. Quando for necessária a prestação de informações ou


a apresentação de provas pelos interessados ou terceiros, serão
expedidas intimações para esse fim, mencionando-se data,
prazo, forma e condições de atendimento.

394
Parágrafo único. Não sendo atendida a intimação, poderá o
órgão competente, se entender relevante a matéria, suprir de
ofício a omissão, não se eximindo de proferir a decisão.

Art. 40. Quando dados, atuações ou documentos solicitados


ao interessado forem necessários à apreciação de pedido
formulado, o não atendimento no prazo fixado pela
Administração para a respectiva apresentação implicará
arquivamento do processo.

Art. 41. Os interessados serão intimados de prova ou diligência


ordenada, com antecedência mínima de três dias úteis,
mencionando-se data, hora e local de realização.

Art. 42. Quando deva ser obrigatoriamente ouvido um órgão


consultivo, o parecer deverá ser emitido no prazo máximo de
quinze dias, salvo norma especial ou comprovada necessidade
de maior prazo.

§ 1o Se um parecer obrigatório e vinculante deixar de ser


emitido no prazo fixado, o processo não terá seguimento até a
respectiva apresentação, responsabilizando-se quem der
causa ao atraso.

§ 2o Se um parecer obrigatório e não vinculante deixar de ser


emitido no prazo fixado, o processo poderá ter
prosseguimento e ser decidido com sua dispensa, sem
prejuízo da responsabilidade de quem se omitiu no
atendimento.

Art. 43. Quando por disposição de ato normativo devam ser


previamente obtidos laudos técnicos de órgãos
administrativos e estes não cumprirem o encargo no prazo
assinalado, o órgão responsável pela instrução deverá solicitar

395
laudo técnico de outro órgão dotado de qualificação e
capacidade técnica equivalentes.

Art. 44. Encerrada a instrução, o interessado terá o direito de


manifestar-se no prazo máximo de dez dias, salvo se outro
prazo for legalmente fixado.

Art. 45. Em caso de risco iminente, a Administração Pública


poderá motivadamente adotar providências acauteladoras
sem a prévia manifestação do interessado.

Art. 46. Os interessados têm direito à vista do processo e a


obter certidões ou cópias reprográficas dos dados e
documentos que o integram, ressalvados os dados e
documentos de terceiros protegidos por sigilo ou pelo direito à
privacidade, à honra e à imagem.

Art. 47. O órgão de instrução que não for competente para


emitir a decisão final elaborará relatório indicando o pedido
inicial, o conteúdo das fases do procedimento e formulará
proposta de decisão, objetivamente justificada, encaminhando
o processo à autoridade competente.

o Fase decisória
● Motivação dos atos processuais (artigo 50)
o Deve observar os preceitos da LINDB,
apresentando as consequências práticas e
jurídicas e a reais dificuldades do gestor.
o É cabível a motivação per relationem
● Lei 14210: incluiu novos artigos na lei.

Art. 49-A. No âmbito da Administração Pública federal, as


decisões administrativas que exijam a participação de 3 (três)
ou mais setores, órgãos ou entidades poderão ser tomadas

396
mediante decisão coordenada, sempre que: (Incluído pela
Lei nº 14.210, de 2021)

I - for justificável pela relevância da matéria; e (Incluído pela


Lei nº 14.210, de 2021)

II - houver discordância que prejudique a celeridade do


processo administrativo decisório. (Incluído pela Lei nº
14.210, de 2021)

§ 1º Para os fins desta Lei, considera-se decisão coordenada a


instância de natureza interinstitucional ou intersetorial que
atua de forma compartilhada com a finalidade de simplificar o
processo administrativo mediante participação concomitante
de todas as autoridades e agentes decisórios e dos
responsáveis pela instrução técnico-jurídica, observada a
natureza do objeto e a compatibilidade do procedimento e de
sua formalização com a legislação pertinente. (Incluído pela
Lei nº 14.210, de 2021)

§ 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)

§ 3º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)

§ 4º A decisão coordenada não exclui a responsabilidade


originária de cada órgão ou autoridade envolvida. (Incluído
pela Lei nº 14.210, de 2021)

§ 5º A decisão coordenada obedecerá aos princípios da


legalidade, da eficiência e da transparência, com utilização,
sempre que necessário, da simplificação do procedimento e da
concentração das instâncias decisórias. (Incluído pela Lei nº
14.210, de 2021)

§ 6º Não se aplica a decisão coordenada aos processos


administrativos: (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)

397
I - de licitação; (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)

II - relacionados ao poder sancionador; ou (Incluído


pela Lei nº 14.210, de 2021)

III - em que estejam envolvidas autoridades de Poderes


distintos. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)

Art. 49-B. Poderão habilitar-se a participar da decisão


coordenada, na qualidade de ouvintes, os interessados de que
trata o art. 9º desta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)

Parágrafo único. A participação na reunião, que poderá incluir


direito a voz, será deferida por decisão irrecorrível da
autoridade responsável pela convocação da decisão
coordenada. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)

Art. 49-C. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)

Art. 49-D. Os participantes da decisão coordenada deverão ser


intimados na forma do art. 26 desta Lei. (Incluído pela Lei nº
14.210, de 2021)

Art. 49-E. Cada órgão ou entidade participante é responsável


pela elaboração de documento específico sobre o tema
atinente à respectiva competência, a fim de subsidiar os
trabalhos e integrar o processo da decisão coordenada.
(Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)

Parágrafo único. O documento previsto no caput deste artigo


abordará a questão objeto da decisão coordenada e eventuais
precedentes. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)

Art. 49-F. Eventual dissenso na solução do objeto da decisão


coordenada deverá ser manifestado durante as reuniões, de
forma fundamentada, acompanhado das propostas de solução

398
e de alteração necessárias para a resolução da questão.
(Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)

Parágrafo único. Não poderá ser arguida matéria estranha ao


objeto da convocação. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)

Art. 49-G. A conclusão dos trabalhos da decisão coordenada


será consolidada em ata, que conterá as seguintes
informações: (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)

I - relato sobre os itens da pauta;

II - síntese dos fundamentos aduzidos

III - síntese das teses pertinentes ao objeto da convocação;

IV - registro das orientações, das diretrizes, das soluções


ou das propostas de atos governamentais relativos ao objeto
da convocação;

V - posicionamento dos participantes para subsidiar


futura atuação governamental em matéria idêntica ou similar;
e

VI - decisão de cada órgão ou entidade relativa à matéria


sujeita à sua competência.

§ 1º Até a assinatura da ata, poderá ser complementada a


fundamentação da decisão da autoridade ou do agente a
respeito de matéria de competência do órgão ou da entidade
representada.

§ 3º A ata será publicada por extrato no Diário Oficial da União,


do qual deverão constar, além do registro referido no inciso IV
do caput deste artigo, os dados identificadores da decisão
coordenada e o órgão e o local em que se encontra a ata em
seu inteiro teor, para conhecimento dos interessados.

399
● Extinção do processo

o A pedido do interessado
a. Desistência
b. Renúncia: não pode entrar com outro
processo
o De ofício
o Nulidade
o Vício processual

Art. 51. O interessado poderá, mediante manifestação escrita,


desistir total ou parcialmente do pedido formulado ou, ainda,
renunciar aos direitos disponíveis.

§ 1o Havendo vários interessados, a desistência ou renúncia


atinge somente quem a tenha formulado.

§ 2o A desistência ou renúncia do interessado, conforme o


caso, não prejudica o prosseguimento do processo, se a
Administração considerar que o interesse público assim o
exige.

Art. 52. O órgão competente poderá declarar extinto o


processo quando exaurida sua finalidade ou o objeto da
decisão se tornar impossível, inútil ou prejudicado por fato
superveniente.

● Recurso administrativo e revisão

o Artigo 56, §2º: está superado pela súmula


vinculante 21

o Cabe recurso em face das razões de legalidade e


de mérito

400
o Prazo geral: 10 dias, prorrogado por igual período
se justificado

o Recurso é dirigido para a autoridade que proferiu a


decisão, tendo 5 dias para reconsiderar.

o Em relação aos recursos, observa-se:

a. Tramitará no máximo por três instâncias.

b. Em regra, não possui efeito suspensivo, salvo


havendo justo receio de prejuízo de difícil ou
incerta reparação decorrente da execução.

c. Recurso interposto perante autoridade


incompetente não é rejeitado, de modo que
será indicada a autoridade competente e o
prazo será devolvido para nova interposição
do recurso.

d. O não conhecimento do recurso não impede


que a Administração reconheça de ofício os
argumentos do recurso.
o Legitimados340
o Não vigora o princípio da reformatio in pejus no
recurso.
o Na revisão administrativa, não cabe reformatio in
pejus.

340
Art. 58. Têm legitimidade para interpor recurso administrativo:

I - os titulares de direitos e interesses que forem parte no processo;

II - aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamente afetados pela decisão recorrida;

III - as organizações e associações representativas, no tocante a direitos e interesses coletivos;

IV - os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou interesses difusos.

401
Art. 64-A. Se o recorrente alegar violação de
enunciado da súmula vinculante, o órgão
competente para decidir o recurso explicitará as
razões da aplicabilidade ou inaplicabilidade da
súmula, conforme o caso.
Art. 64-B. Acolhida pelo Supremo Tribunal Federal
a reclamação fundada em violação de enunciado
da súmula vinculante, dar-se-á ciência à
autoridade prolatora e ao órgão competente para o
julgamento do recurso, que deverão adequar as
futuras decisões administrativas em casos
semelhantes, sob pena de responsabilização
pessoal nas esferas cível, administrativa e penal.
o Revisão administrativa341: cabe aos processos
administrativos que resultem sanções.

g. Jurisprudência
i. A interposição do recurso administrativo apenas pode
ensejar a suspensão da exigibilidade da multa
administrativa, mas não interfere no termo inicial dos
encargos da mora, os quais incidem a partir do primeiro
dia subsequente ao vencimento do prazo previsto para
pagamento do crédito. (STJ. 2ª Turma. AgInt no AREsp
1.705.876/PR, Rel. Min. Og Fernandes, DJe 29/03/2021).
ii. São inadmissíveis, em processos administrativos de
qualquer espécie, provas consideradas ilícitas pelo Poder
Judiciário. (Info 1079, STF)

341
Art. 65. Os processos administrativos de que resultem sanções poderão ser revistos, a qualquer
tempo, a pedido ou de ofício, quando surgirem fatos novos ou circunstâncias relevantes suscetíveis
de justificar a inadequação da sanção aplicada.

Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar agravamento da sanção.

402
iii.
iv. STF. Plenário. ARE 1316369/DF, Rel. Min. Edson Fachin,
redator do acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em
9/12/2022 (Repercussão Geral – Tema 1238) (Info 1079).
v.

403

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