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INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO

PÚBLICA
RESUMO DA UNIDADE

Esta unidade analisará os Princípios da Administração Pública, por meio das noções
básicas da Administração Pública, bem como os Regimes Jurídicos Administrativos.
Especificamente, foi elencada nessa apostila a evolução dos Modelos da Gestão
Pública, os quais são: Patrimonialismo, Burocracia e Gerencial. O conceito e
poderes do Estado, bem como a diferença entre Estado e Governo; os sistemas de
controle da atuação administrativa, assim como o modelo aplicado no Brasil;
também foram enfocadas a relação do Direito Administrativo com os demais ramos
do direito e suas fontes; foi abordado no Regime Jurídico Administrativo sua
definição, princípios e regras, assim como o Interesse Público Primário e
Secundário. Dentro do Regime Jurídico ainda foi apresentado sobre a Supremacia
do Interesse Público sobre o Privado e a Indisponibilidade do Interesse Público e a
Organização Administrativa onde se podem destacar os princípios inerentes a
Organização Administrativa. Sobre a atuação do Estado, é importante mencionar o
Uso e Abuso de Poder, a diferença entre o Poder Discricionário e o Poder Vinculado.
Por fim, mas não menos importante, foi apresentado os princípios que regem a
Administração Pública, sendo estes implícitos e explícitos. Trata-se de um módulo
voltado para apresentar a organização, os princípios estatais e a atuação do Estado
em busca do interesse público. Essa matéria é importante por ser a base do estudo
da Administração Pública, visto a importância da organização e atuação do Estado
na busca de atender ao interesse público.

Palavras-chave: Direito Administrativo, Organização do Estado, Interesse Público e


Princípios Administrativos.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO DO MÓDULO ............................................................................... 5


CAPÍTULO 1 - NOÇÕES BASICAS DE DIREITO ADMININSTRATIVO.................... 7
1.1 Evolução dos Modelos de Gestões Pública ................................................... 8
1.1.1 Patrimonialismo .............................................................................................. 8
1.1.2 Administração Pública Burocrática ................................................................. 9
1.1.3 Administração Pública Gerencial ................................................................. 11
1.2 Conceito de Estado ...................................................................................... 14
1.2.1 Poderes do Estado ....................................................................................... 15
1.3 Governo X Estado ........................................................................................ 16
1.4 Sistema de Controle da Atuação Administrativa .......................................... 16
1.5 Sistema Administrativo Brasileiro ................................................................. 17
1.6 Relação com outros Ramos do Direito ......................................................... 18
1.7 Fontes do Direito Administrativo .................................................................. 19
CAPÍTULO 2 - REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO .......................................... 23
2.1 Definição ...................................................................................................... 23
2.2 Princípios e Regras ...................................................................................... 25
2.3 Interesse Público Primário X Interesse Público Secundário ......................... 27
2.4 Supremacia do Interesse Público sobre o Privado ....................................... 28
2.5 Indisponibilidade do Interesse Público ......................................................... 29
2.6 Organização Administrativa ......................................................................... 30
2.7 Poderes Administrativos............................................................................... 33
2.7.1 Uso e Abuso de Poder ................................................................................. 34
2.7.2 Discricionariedade e Vinculação .................................................................. 36
2.8 Controle Judicial da Atividade Discricionária ................................................ 38
CAPÍTULO 3 - PRINCÍPIOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO ................................ 39
3.1 Princípio da Legalidade ................................................................................ 39
3.2 Princípio da Impessoalidade ........................................................................ 40
3.2.1 Princípio da Intrancendência ........................................................................ 42
3.3 Princípio da Moralidade................................................................................ 42
3.4 Princípio da Publicidade ............................................................................... 43

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3.4.1 Exceções ao Princípio da Publicidade ......................................................... 44
3.5 Princípio da Eficiência .................................................................................. 45
3.6 Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa ............................................. 46
3.7 Princípio da Continuidade do Serviço Público .............................................. 49
3.7.1 O Servidor Público tem Direito de Greve? ................................................... 49
3.8 Princípio da Autotutela ................................................................................. 50
3.9 Princípio da Razoabilidade........................................................................... 51
3.10 Princípio da Proporcionalidade .................................................................... 53
3.11 Princípio da Motivação ................................................................................. 54
3.12 Princípio da Isonomia ................................................................................... 56
3.13 Princípio da Finalidade ................................................................................. 58
3.14 Princípio da Especialidade ........................................................................... 59
3.15 Princípio da Segurança Jurídica .................................................................. 60
3.16 Obrigatoriedade dos Princípios .................................................................... 61
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 63

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APRESENTAÇÃO DO MÓDULO

Nos últimos anos vivenciamos a evolução dos Modelos de Gestão Pública no


Brasil. A organização do país iniciou com o modelo Patrimonialista, passando pelo
modelo Burocrático e se aperfeiçoando com o modelo Gerencial.
No modelo Patrimonialista havia muito favoritismo, corrupção e nepotismo, por
esse motivo surgiu o modelo Burocrático, a fim de acabar com a corrupção e o
nepotismo, contudo, esse modelo também teve algumas falhas e visava somente à
rotina administrativa, por isso, mais uma vez, foi necessário criar um novo modelo de
Governo, onde, dessa vez, visava não apenas acabar com a corrupção e o
nepotismo, nem somente a rotina administrativa, mas sim, buscava atender ao
interesse público com qualidade e eficiência.
Como forma de controlar a atuação do Estado, foi criado um sistema de
controle. Existem duas formas de controle administrativo, sendo o francês e o inglês.
O Sistema de Controle Administrativo Francês era caracterizado como duplo
grau de jurisdição, nesse caso, os atos administrativos ilícitos podiam ser analisados
e julgados pela própria administração e pelo poder judiciário. Para que o ato seja
julgado no poder judiciário é necessário que este seja motivado.
No Sistema de Controle Inglês, que é o sistema adotado no Brasil, os atos
administrativos ilícitos eram analisados e julgados pelo Poder Judiciário e somente
este tinha a decisão definitiva.
O Regime Jurídico Administrativo representa os princípios e regras que regem
a organização administrativa do Estado. Para Mateus Carvalho, o regime jurídico
pode ser definido como:
Conjunto harmônico de princípios que definem a lógica da atuação do ente
público, a qual se baseia na existência de limitações e prerrogativas em
face do interesse público. Esses princípios devem resguardar essa lógica,
havendo, entre eles, um ponto de coincidência. (CARVALHO, 2019, p. 59)

A Administração Pública é dívida em Direta e Indireta, sendo a primeira,


organizada em: União, Estados, Municípios e Distrito Federal. Já a Administração
Pública Indireta possui como entes: as Autarquias, Fundações Públicas, Empresas
Públicas e Sociedade de Economia Mista.

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Quanto aos Princípios Fundamentais da Organização Administrativa, temos: o


Princípio Planejamento, da Coordenação, da Descentralização, da Delegação de
Competência e por fim o Princípio do Controle. Esses princípios se encontram
elencados no artigo 6º do Decreto-Lei nº200/67.
Sobre os Princípios Basilares do Direito Administrativo, podemos citar os cinco
princípios explícitos do artigo 37, caput, da Constituição Federal de 1988, sendo
eles: a Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência. Esses são
apenas os princípios explícitos, há ainda outros princípios que serão abordados na
apostila.
Pode-se então destacar que a finalidade da atuação do Estado é atender com
qualidade e eficiência ao interesse da coletividade, o que acarreta alguns poderes e
deveres para o exercício de suas funções. Esses poderes são diferentes dos da
Administração. Os poderes do Estado podem ser classificados em: Legislativo,
Executivo e Judiciário.
Ressalta-se ainda que haja um limite legal para esses poderes e quando o
servidor público os ultrapassa, deverão responder por abuso, independentemente se
o ato foi comissivo ou omissivo.
É importante frisar que este assunto não se esgota nas páginas deste trabalho
e há muito que pesquisar e produzir de conhecimento sobre esta área tão
importante.

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CAPÍTULO 1 - NOÇÕES BASICAS DE DIREITO ADMININSTRATIVO

Primeiramente a necessidade do homem em criar relações foi o ponto de


partida para o surgimento do direito. Contudo o ordenamento jurídico se manifesta
por meio de condutas impositivas, criado por um Estado organizado politicamente,
cujo objetivo é alcançar a paz social. Direito: Para Ely Lopes Meireles (2003), é o
conjunto de regras de conduta coativamente impostas pelo Estado. Divide-se para
fins didáticos em dois ramos direito público e direito privado:
 Direito privado: se caracteriza pela vigência do princípio da autonomia da
vontade. Significa que as partes envolvidas na relação jurídica podem
eleger livremente os fins que pretendem atingir, bem como quais meios
utilizar, desde que não sejam proibidos por lei.
 Direito público: no Direito Público não vigora o princípio da autonomia da
vontade. Vigora a ideia de função, de dever de agir para o atendimento do
interesse público.

Enquanto o Direito Privado regula os interesses particulares, como forma de


possibilitar o convívio das pessoas em sociedade e uma harmoniosa fruição dos
seus bens, o direito público tem por objeto e objetivo, regular os interesses da
sociedade como um todo, ou seja, regular as relações entre a sociedade e o Estado
e entre as entidades e órgãos que compõem o Estado.
Ao prevalecer o interesse público sobre os interesses privados, a desigualdade
nas relações jurídicas dá a tônica marcante ao direito público que se fundamenta na
noção de que os interesses da coletividade prevalecem sobre os interesses
privados, por isso, quando o Estado atua na defesa do interesse público, goza de
certas prerrogativas que o situam em posição jurídica de superioridade ante o
particular, obviamente, respeitando as garantias individuais consagradas pelo
ordenamento jurídico.

DICA
O Direito Administrativo, como ramo do Direito Público, deve, de forma inescusável e
irrenunciável, atender ao Interesse público

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1.1 Evolução dos Modelos de Gestões Pública

Quando o Poder Público não trabalha visando o interesse da população, que


busca por uma gestão competente, mudanças ocorrem, por esse motivo, abaixo
iremos estudar os três modelos de gestão pública que já vigorou no Brasil.

1.1.1 Patrimonialismo
O Patrimonialismo foi o primeiro modelo de gestão pública a vigorar no Brasil,
tendo seu início na era do Estado Absolutista. Esse modelo de gestão perdurou até
o começo do século XX.
Nesse modelo, o Estado atendia aos interesses do poder soberano e o da
nobreza real, não havendo distinção do que era coisa pública do que era coisa
particular. Para Pereira (1996) o maior problema em não haver essa distinção era
que aumentava o nepotismo e a corrupção. Nessa época também não era possível
definir o que era de competência exclusiva do Estado. Na era do Estado Absolutista,
não havia leis, o que ocorria era que todos viviam naturalmente e cediam seus
direitos ao poder soberano, o rei, que era responsável por proteger seu povo.
Ao se falar de Patrimonialismo no Brasil é necessário citar Portugal, que em
sua fase monárquica era agrícola e patriarcal, contudo, com a evolução das cidades
e economia, foi possível estabelecer seu quadro administrativo, cujo papel era de
domínio sobre a vida pública, se tornando assim patrimonialista. Nessa gestão o
poder era absolutista, se mantendo por meio do monopólio do comércio.
Na era do Brasil Colônia, o açúcar era a principal fonte de exportação e o
motivo de ocupação, contudo, era necessário que sua comercialização tivesse uma
licença do Estado, beneficiando assim a Corte Portuguesa, da qual a organização do
poder brasileiro se baseou. Mesmo com o Brasil se tornando um país independente,
a estrutura colonial perdurou, mas agora por meio de vários aglomerados de
organizações oligárquicas de poder dispersas por todo território. Cada aglomerado
possuía seu próprio sistema, como era o caso dos sistemas fechados alicerçados
nos latifúndios improdutivos, na escravidão e na regra senhorial.
Nessa época os donos dos latifúndios controlavam os cargos públicos,
utilizando em proveito próprio e de terceiros próximos a eles. Esses coronéis

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também se impunham sobre às câmaras, caminhando assim, lado a lado o


coronelismo, sistema político e os presidentes das províncias em busca dos
interesses correspondentes.
Com esse período surgiu o termo “filhos da folha” que definiam aqueles
funcionários da administração colonial que viviam às custas do Estado. Esses
funcionários eram os que conseguiam o cargo por indicação, por ser amigo do rei.
Com isso é possível dizer que o patrimonialismo pode ser definido como a era da
corrupção e favoritismo.
Com o capitalismo e a democracia se tornando dominantes no país, o mercado
e a população se tornam distintas do Estado e o patrimonialismo termina.

1.1.2 Administração Pública Burocrática


Em busca de diferenciar o político e o administrador público, separando assim
o particular do público, surgiu então a Burocracia. Na Burocracia a escolha das
pessoas era fundada na aptidão e na capacidade técnica. Abaixo é possível
verificar a características da Burocracia.

Quadro 1: Características da Burocracia


CARACTERÍSTICA DEFINIÇÃO
Profissionalização Capacitação profissional do indivíduo
Ideia de carreira Oportunidade de crescimento profissional
Hierarquia funcional Ordem de distribuição de função com níveis de subordinação
Impessoalidade Voltado para todos e não para um indivíduo
Formalismo Respeito as regras estabelecidas
Fonte: Autor,2019

O principal objetivo da Burocracia era combater a corrupção e o nepotismo


deixados pelo patrimonialismo. A Burocracia é modelo metódico e eficiente que traz,
com riqueza de detalhes, como deverá ser o funcionamento das coisas. Para Max
Weber (1944) pode ser definida como:
Hierarquia de autoridade.
Divisão do trabalho.
Competência técnica.
Normas de procedimentos para atuação no cargo.
Normas que controlam o comportamento do empregado.
Autoridade limitada do cargo.
Gratificação diferencial por cargos.
Separação entre propriedade e administração.

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Ênfase nas comunicações escritas.


Disciplina racional.
Especialização da administração que é separada da propriedade.
Profissionalização dos participantes.
Completa previsibilidade do funcionalismo.

Em compensação Chiavenato (2003, p. 617) a Burocracia é um sistema


fechado, de modo a verificar todo o funcionamento interno da organização como se
ela estivesse isolada, ou como se fossem instituições autônomas, não podendo ser
atingida por qualquer ação exterior.
A Burocracia no Brasil veio como forma de acelerar o processo de
industrialização, onde o Estado possui um papel intervencionista no ramo de
produção de bens e serviços. Esse modelo deu início no primeiro mandato de
Getúlio Vargas. Foi por meio desse governo que surgiram as primeiras carreiras
públicas, onde os servidores eram selecionados por meio de concursos.
Foi por meio do mandato de Vargas também que surgiu o Departamento
Administrativo do Serviço Público (DASP), de modo a renovar a administração.
O modelo burocrático se baseou na teoria de Taylor, visando a razão por meio
da simplicidade, padronizando e adquirindo racionalmente os materiais, revendo a
organização e aplicando medidas para definir os procedimentos da Administração.
O Patrimonialismo, mesmo em processo de finalização, ainda mantinha
resquícios de força no sistema político brasileiro, onde no lugar da forma de
mandonismo dos coronéis, surgem os políticos que privilegia certas clientelas em
busca de benefício próprio e os servidores públicos que visavam vantagens
pessoais. Abaixo um quadro da diferença entre burocracia e patrimonialismo:

Quadro 2: Diferença entre burocracia e patrimonialismo


BUROCRACIA PATRIMONIALISMO
Estados Nacionais Monarquias Absolutistas
Concursos Públicos Nepotismo
Separação do Público e do Privado Não havia separação do Público e do Privado
Profissionais do Estado Trabalhadores da Família
Conhecimento Técnico Favoritismo
Fonte: Autor, 2019

É notório que com o excesso de controle exercido na burocracia que os pontos


negativos acabaram surgindo. No início, o principal objetivo da Burocracia era

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garantir a ordem pública, gerenciar a justiça, gerir os contratos e imóveis, mas a


quantidade de serviço foi crescendo se tornando a principal celeuma.
Ainda sobre os pontos negativos, pode-se citar o crescimento dos papéis, a
falta de compromisso dos servidores, já que a burocracia não visava melhorias,
apenas o controle da situação em que se encontrava, bastava seguir a rotina, sem
se preocupar com a eficiência. Por isso até hoje se utiliza o termo “Burocracia” ao
tratar dos serviços públicos, por ter seus processos demorados.
Como forma de acabar com esses problemas que foram surgindo, começou a
ser implantado um novo governo, o de Administração Pública Gerencial.

1.1.3 Administração Pública Gerencial


Em busca de sanar os problemas deixados pelo modelo de gestão anterior,
surge no século XX, o modelo gerencial. Abaixo as principais características do
Modelo Gerencial:

Imagem 1: Características do Modelo Gerencial

Fonte: Autor, 2019

Segundo Abrúcio (1996, apud CARVALHO, 2019), diversos foram os motivos


socioeconômicos que acarretaram a crise do Estado na era Burocrática, contudo, os
quatro mais importantes são:
1.As duas Crises do Petróleo, em 1973 e 1979, ocasionando uma recessão
na economia mundial dos anos oitenta.
2.Problema fiscal dos Estados em financiar os seus déficits públicos e a
recusa dos contribuintes em pagar mais impostos.
3.A Crise de Governança dos Estados contemporânea.
4.A globalização e todas as transformações tecnológicas que ocorreram no
setor produtivo e afetaram o Estado.

Após os anos 1970, essencialmente nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha


foram criados projetos públicos voltados para o crescimento e melhoria dos serviços

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realizados a população, cuja nomenclatura popular é gerencialismo na gestão


pública, também conhecida como managerialism.
O Modelo Gerencial evoluiu passou de puro para New Public Management e
depois para Public Service Oriented. O gerenciamento puro tinha como fundamento
a busca pela efetividade, economia e produção, de modo a impressionar os
contribuintes.
Logo após, o modelo se tornou New Public Management, que visava não
somente a efetividade, mas também a qualidade dos serviços prestados, de modo a
atender as necessidades do cliente. Esse princípio da qualidade administrativa
visava conseguir satisfazer os clientes.
Com isso a qualidade na prestação de serviços tornou-se o principal objetivo
do modelo gerencial, com uma abordagem da Administração de Qualidade Total,
com essa estratégia buscava-se descentralizar a administração e aplicar a base
contratual de prestação de serviços públicos.
Por fim, surge o modelo Public Service Oriented, trazendo os princípios da
transparência, o dever de prestar as contas, a participação política, princípio da
equidade e justiça. Com esse modelo busca-se a implantação de políticas públicas,
mudar a visão do cidadão para algo mais coletivo trazendo-lhes direitos e deveres, e
por fim, mas não menos importante, a aplicação do princípio da cooperação aplicado
entre as agências públicas de modo a obter resultados mais satisfatórios.
(ABRÚCIO, 1996, apud CARVALHO, 2019)
Já no Brasil, o Modelo Gerencial foi confundido com pensamentos neoliberais
de modo a diminuir os gastos e os funcionários públicos como forma de resolver os
problemas de limitações orçamentárias que se iniciou nos anos 1980 com a crise
estatal.
É possível notar, que diferentemente do patrimonialismo, tanto o modelo
burocrático quando o modelo gerencial visava combater o nepotismo e a corrupção,
entretanto, o modelo gerencial fundamenta que para isso não é preciso aplicar
procedimentos tão severos, já que é notório a rejeição social em relação as pessoas
fazem esse tipo de coisa. Abaixo, um quadro da diferença entre os três modelos de
gestão pública no Brasil:

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Quadro 3: Diferença entre Patrimonialismo, Burocracia e Gerencialismo


PATRIMONIALISMO BUROCRACIA GERENCIALISMO
Monarquias Absolutistas Estados Nacionais Estado Mínimo
Favoritismo Conhecimento Técnico Empreendedorismo
Corrupção e Nepotismo Profissionalização, Redução de custos e
hierarquia funcional, aumento na qualidade dos
formalismo etc. serviços
Até 1850 1850 – 1980 Após 1980
Fonte: Autor, 2019

O foco do modelo gerencial é o cidadão, fundamentando-se na


descentralização e no severo controle sobre o exercício das atividades
administrativas conferido por fatores e determinados por contratos de administração.
Desse modo, pode-se defini-lo como resposta ao crescimento de serviços
administrativos e a evolução tecnológica e econômica.
Embora tenha ocorrido pontos negativos no modelo burocrático, deve-se
lembrar que houve também pontos positivos que se mantiveram, como o caso da
admissão de funcionários públicos por meio de concursos, analisando seus méritos,
o sistema organizacional e universal de remuneração, bem como as carreiras
públicas, a análise de desempenho etc.
A grande diferença do regime burocrático para o gerencial é que no primeiro o
mais importante era o processo, já no segundo é os resultados. No modelo gerencial
o plano de ação é voltado para:
A definição precisa dos objetivos que o administrador público deverá atingir
em sua unidade.
A garantia de autonomia do administrador na gestão dos recursos humanos,
materiais e financeiros que lhe forem colocados à disposição para que
possa atingir os objetivos contratados.
O controle ou cobrança a posteriori dos resultados. Adicionalmente, pratica-
se a competição administrada no interior do próprio Estado, quando há a
possibilidade de estabelecer concorrência entre unidades internas. No plano
da estrutura organizacional, a descentralização e a redução dos níveis
hierárquicos tornam-se essenciais. (JANIQUES, 2019, p.2)

Em síntese, pode-se dizer que a Administração Pública deve permitir a maior


interação dos servidores privados e mudar o foco dos procedimentos para os
resultados dos serviços prestados.

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Mesmo que o modelo gerencial tenha se baseado no gerenciamento de


empresas, estes não se podem confundir, pois enquanto a economia das empresas
é procede dos pagamentos que os clientes realizam e é controlada pelo mercado, a
economia do Estado procede de impostos e é gerenciada pela administração
pública.
A gestão de empresas está voltada para o particular, enquanto a gestão
pública volta-se para o interesse coletivo. Nesse ponto o modelo gerencial se
assemelha ao modelo burocrático.
O grande problema do modelo burocrático era que este muitas vezes confundia
o interesse público com a afirmação do poder do Estado, com isso, grande parte dos
serviços públicos voltava-se a atender as necessidades burocráticas do Estado. A
matéria das políticas públicas é deixada para depois. Contudo, o modelo gerencial
nega esse quadro, dizendo que o interesse público está diretamente ligado ao
interesse coletivo e não do Estado.
O modelo gerencial passa a ver o indivíduo como contribuinte tributário e como
cliente para o qual presta serviços. Os efeitos das atividades do Estado são
considerados eficazes devido ao fato de estarem atendendo aos interesses do
cidadão-cliente.
Esse modelo, por fim, tornou-se efetivo no mundo quando, por meio dos
fundamentos traçados, todas as repartições públicas, das estruturas gerenciais e da
modernização do Estado, se tornaram aptas para proporcionar o aumento da
qualidade e eficiência da prestação de serviços a sociedade oferecidos pelo poder
público.

1.2 Conceito de Estado

O Estado é dotado de Personalidade Jurídica própria de Direito Público,


alicerçado na lei máxima que, no Brasil, é a Constituição Federal dirigida por um
Governo Soberano. Um Estado Soberano consiste em um Governo que é o
elemento condutor, um povo, que representa o componente humano e por fim um
território que é o espaço físico que ocupa.

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O Estado Soberano é responsável por manter a organização e o controle da


sociedade, uma vez que tem o domínio legítimo do uso da força. De certa forma o
estado modifica a base do ramo direito público ou enquanto ente fiscalizador
influencia o ramo do direito privado. O surgimento e a evolução da noção do Estado
fazem aparecer à figura do Estado de Direito, configurando uma ideia de que a
Administração Pública subordina ao direito posto, assim como os demais sujeitos de
direitos da sociedade. Ou seja, o Estado de Direito é aquele que se submete ao
direito que ele mesmo instituiu.
No século XIX Estado de Direito teve seu marco inicial com a doutrina alemã,
tendo como base organizacional três pilares, quais sejam: a Tripartição de Poderes,
a Universalidade da Jurisdição e a Generalização do Princípio da Legalidade.

1.2.1 Poderes do Estado


O Brasil adotou a clássica teoria da tripartição das funções do Estado,
exemplificada por Montesquieu, sendo essas funções organizadas em poderes.
Neste mesmo diapasão a Constituição Federal, especificamente em seu artigo 2º
define o funcionamento do Estado divido em três poderes: o Legislativo, o Executivo
e o Judiciário, sendo que tais poderes são independentes e harmônicos entre si.
Os Poderes integram a Organização Política do Estado e representam uma
divisão estrutural interna, visando ao mesmo tempo à especialização no exercício
das funções estatais e impedir a concentração de todo o poder do Estado na mão de
uma única pessoa ou órgão.
Cada poder possui função típica (própria) e atípica (acessória), portanto o
legislativo cria leis, o judiciário julga os conflitos com caráter definitivo e o executivo
administra e executa as leis em concreto.

ATENÇÃO
Os Poderes do Estado são estruturas organizacionais do Estado que não se
confundem com os poderes administrativos - que são instrumentos concedidos à
Administração Pública para consecução dos seus interesses, dividindo-se em: Poder
Normativo, Hierárquico, Disciplinar e Poder de Polícia. Tais poderes instrumentais
são prerrogativas concedidas ao Estado para persecução do interesse público.

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Além das funções típicas de cada poder existem, em caráter excepcional, as


funções atípicas. Nesse sentido o poder legislativo realizando um procedimento
licitatório para obtenção de equipamentos de computadores, exercerá uma função
atipicamente a função administrativa. Da mesma forma o Poder Executivo editando
Medidas Provisórias está atuado atipicamente na função legislativa.

1.3 Governo X Estado

Não se pode confundir a definição de Estado e Governo, haja vista que Estado
é um conjunto de pessoas em determinado território e sujeito a um governo nesta
definição podemos destacar três elementos: Povo, Território e Governo.
Neste diapasão, Governo são os pilares de um de Estado. Sendo assim o
Governo é o centro de diretoria do Estado organizado por um ordenamento jurídico
por ele imposto, a qual se fundamenta em regras baseadas na Constituição Federal.
Atualmente a doutrina Brasileira define Governo em duas acepções jurídicas:
 Sentido subjetivo - É a cúpula diretiva do Estado responsável pela
condução das atividades estatais, ou seja, o conjunto de poderes e
órgãos constitucionais.
 Sentido objetivo ou material - Governo é a atividade diretiva do Estado,
confundindo-se com o complexo de suas funções básicas.

1.4 Sistema de Controle da Atuação Administrativa

As atividades administrativas desenvolvidas pelo Estado devem atender o


interesse coletivo, no qual é controlado pelo representante da coletividade. Como
forma de limitar a atuação da administração e evitar que ocorra atos ilícitos e
ilegítimos foram criados sistemas administrativos de controle.
Existem dois Sistemas de Controle Administrativo, sendo eles: o Inglês e o
Francês. O Inglês, também conhecido como Sistema Único, é o meio pelo qual
todos os problemas, público ou privado, podem ser levados à justiça comum, ou
seja, o poder judiciário é o único com competência para julgar as causas, com
trânsito em julgado.

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Embora nesse controle tenha competência para julgar os litígios sejam do


poder administrativo, nada impede que o litígio seja solucionado por processo
administrativo. A administração tem competência para revisar seus atos, mesmo que
não haja manifestação de um interessado. Contudo, é importante ressaltar que uma
decisão administrativa não impede que seja iniciado um processo na justiça comum,
sendo assim, somente a decisão do poder judiciário é considerada definitiva.
Desse modo, a coisa julgada pela administração apenas impede que haja um
processo administrativo. Assim sendo, com o princípio da autotutela, cabe o controle
de legalidade ser realizado pelo Poder Judiciário.
Já o Francês, também conhecido como Sistema Contencioso Administrativo,
ou ainda, Sistema de Dualidade de Jurisdição, este já é o oposto do Sistema Inglês,
já que é proibido ao poder judiciário ter ciência dos atos ilícitos praticados pela
administração, cabendo nesses casos o julgamento por meio de uma jurisdição
especial, formado por tribunais administrativos.
Nesse sistema o Poder Judiciário não tem competência para julgar as causas
administrativas, salvo quando envolver, por exemplo, a propriedade privada.
Assim sendo, pode-se dizer que há uma dualidade de jurisdição, podendo
prevalecer a jurisdição administrativa ou a justiça comum.
No caso da Jurisdição Administrativa, será formada por tribunais
administrativos e terá competência para julgar os atos administrativos. Já a Justiça
Comum, será formada pelo Poder Público e terá competência para julgar os demais
casos que não sejam de atuação da administração. Esse sistema de controle
estabelecido na França, aplica a separação dos poderes de maneira absolutista. Na
França cabe ao Conselho de Estado decidir sobre os atos da administração pública
de modo definitivo, não sendo possível a revisão pelo Poder Judiciário.
É importante salientar que esse tipo de sistema é muito criticado pelo fato de a
Administração Pública, além de ser a parte julgada é também a parte julgadora.

1.5 Sistema Administrativo Brasileiro

O Brasil, desde o início da República aderiu ao Sistema de Controle Inglês,


onde o trânsito em julgado da decisão definitiva cabe ao poder judiciário. Essa

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previsão está descrita no artigo 5° inciso XXXV da Carta Magna, onde diz que toda
lesão ou ameaça deve passar por verificação do Poder Judiciário.
Conforme dito anteriormente, o fato de atos administrativos terem que passar
pela apreciação do poder judiciário, não descarta a possibilidade de a administração
pública revisar seus próprios atos. Desse modo a causa julgada na via administrativa
não impede que, de forma motivada, haja a atuação do Poder Judiciário.
No Brasil a atuação do Poder Judiciário depende da motivação, caso contrário
permanecerá inerte. Contudo, é importante ressaltar que o judiciário poderá julgar de
forma independente, mesmo que já tenha ocorrido o processo administrativo sobre o
mesmo fato.
Assim sendo, o particular poderá ingressar com uma ação na via administrativa
ou judiciária. Lembrando que caso ingresse na administrativa poderá ingressar
também na via judiciária, mas após a decisão judiciária não poderá mais ingressar
de novo com a ação, pois a decisão judiciária é definitiva. Desse modo, o particular
poderá iniciar uma ação na via judicial mesmo sem ter esgotado as instâncias da via
administrativa.

1.6 Relação com outros Ramos do Direito

O Direito Administrativo está ligado a diversos ramos do direito, como no caso


do Direito Constitucional, cujo ponto em comum é que ambos estudam diretamente
o Estado. Assim, o Direito Administrativo busca analisar a organização do Estado e
suas relações jurídicas, em contrapartida, o Direito Constitucional busca estudar a
estrutura do Estado, bem como os fins ao qual se dedica.
O Direito Administrativo também está ligado ao Direito Tributário e o
Financeiro, sendo que o primeiro estuda a receita administrativa que irá proporcionar
ao Estado garantir o interesse público. O Direito Financeiro por sua vez estuda os
orçamentos e despesas do Estado, visando também atender ao interesse coletivo.
Há também o Direito Eleitoral, onde cabe a Administração Pública estabelecer
a estrutura da Justiça Eleitoral. No Direito Civil, estuda-se os contratos e a
propriedade os quais são utilizados nas análises dos contratos administrativos e nos
limites da propriedade particular. No Direito Processual, seja ele Penal ou Cível,

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estudam-se as normas e princípios do processo de modo a garantir a melhor defesa


as partes. Há que se falar também no Direito Empresarial que determina as normas
de aplicação das empresas estatais.
O Direito do Trabalho está ligado ao Direito Administrativo no fato de definir as
normas de contratação de empregados públicos por meio da CLT, aos quais devem
se submeter a aprovação em concurso público, na Administração Indireta. Nesses
casos, caberá a Justiça do Trabalho julgar. Há ainda discussões atualmente quanto
ao fato da Administração responder subsidiariamente nesses casos.
No Direito Penal, os crimes praticados pelos servidores públicos ou em razão
de sua função, poderão ser julgados tanto na via administrativa quanto na via penal,
um não excluindo o outro. Ainda, nos casos de crimes praticados contra a
administração pública, serão julgados na via penal. Por fim, mas não menos
importante, tem-se também as Ciências Sociais, que embora não possuam o poder
de coerção, não estabelece nenhuma obrigação, apenas procura atender as
necessidades da coletividade, estudando o Estado e a coletividade para isso.

1.7 Fontes do Direito Administrativo

Conforme já enunciando anteriormente o Direto Administrativo não tem uma


forma codificada, isto é, os instrumentos normativos administrativos não estão
reunidos em um só corpo de leis, haja vista, como ocorre em outros ramos como o
Direito Civil, Processual Civil.
As normas de Direito Administrativo estão esparsas, ou seja, encontradas tanto
no texto Constitucional como em diversas leis complementares, leis ordinárias e em
outros diplomas normativos como decreto-lei, medida provisórias, regulamentos e
por fim decretos do Poder Executivo.
Devido ao fato de ser uma disciplina não codificada, o Direito Administrativo
não tem uma formação sistêmica, dificultando um estudo abrangente do
ordenamento administrativo. Um ponto positivo do Direito Administrativo é ser um
ramo transparente em seu processo decisório mantendo uma estabilidade social.
Frise-se, que para alguns doutrinadores o ramo do direito todo codificado gera
uma estagnação em massa e uma desatualização permanente.

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Dessa forma a doutrina majoritária define a existência de seis fontes principais


do Direito Administrativo, quais sejam: a Lei, a Jurisprudência, a Doutrina, os
Princípios Gerais, os Costumes e os Tratados Internacionais. Vejamos:
A Lei - É fonte principal do Direito Administrativo Brasileiro, devido ao fato de
que o ordenamento juridico brasileiro é rigido pois tem em seu arcabouço
principiológico a legalidade. A constituição Federal é considerada a Lei principal,
hava vista que nela encontramos todos os principios da administração pública. Insta
observar que o ordenamento jurídico administrativo tem sua forma hierarquizada,
portanto todas as normar infraconsitucionais devem encontra respanldo jurídico na
Magna Carta.
Ademais deve ser considerado como fonte secundária os atos normativos infra
legais, editados nos limites da lei, aos quais devem ser obrigatoriamente observados
pois se manifestam como um Poder Normativo do Estado.
Por outro lado, a Lei é o único instituto que tem o poder de criar deveres e
proibições, gerando condutas de fazer e não fazer dentro do Direito Administrativo.
Em suma a Lei é considerada uma fonte direta do Direito Administrativo, pois
somente ela pode criar originalmente normas jurídicas.
A Jurisprudência - Confiruga-se quando existe uma reinteração de Julgados
dos órgãos do judiciário, originando um entendimento para determinado caso
concreto. È considerado uma fonte secundária do direito admininstrativo.
É imprescindível salientar que as decisões judiciais não sua aplicação de forma
geral, e sim, uma aplicação restrita somente será imposta às partes do processo,
sendo assim não gozam de força vinculante. Ademais a CF/88 com advento da
Emenda 45/04, passou admitir a edição de Súmulas Vinculantes editada pelo
Supremo Tribunal Federal, cujo objetivo é determinar a conduta da Administração
Pública.
Conforme dispõe o artigo 103 A da CF/88 diz:
Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por
provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após
reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a
partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em
relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública
direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como
proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Vide Lei nº 11.417,
de 2006) (BRASIL, 1988)

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Sendo assim a regra de edição de Súmula Vinculante está vigente no Brasil,


portanto nem todas as Súmulas editadas pelo Supremo Tribunal Federal terá efeito
vinculante, haja vista que para agregar tal efeito, seguirá o trâmite de aprovação por
dois terços dos ministros, nos moldes do art. 103-A da Constituição.
Neste mesmo sentido o texto da Constituição elenca que às Súmulas tem por
objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de determinadas normas, das quais
sejam objeto de dúvidas pelos órgãos judiciais inferiores ou entre entes da
administração pública.
A Magna Carta estabelece que caberá reclamação constitucional perante o
Supremo Tribunal Federal quando determinado ato administrativo ou decisão judicial
contrarie súmula já editada. Sendo assim anulará o ato administrativo ou cassará a
decisão judicial reclamada reformulando ambas, conforme cada caso.
A doutrina Brasileira estabelece que as decisões judiciais com efeitos
vinculantes sejam consideradas fontes principais ou diretas do direito administrativo,
pois traz mudanças diretas e imediatas ao ordenamento jurídico.

DICA
As decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal , em sede de controle
concentrado, produzirão efeitos contra todos, concomitante efeito vinculante a todos
os órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública direta e indireta.

A Doutrina - É considera fonte secundária. É pautada nos ensinamentos de


grandes estudiosos do direito, haja vista que estuda a fundo as condutas da
admininstração pública, visando a elaboração de novas perpectivas a serem
elaboradas.
Os Costumes - São um cojunto de regras não escritas aplicadas por uma
sociedade de forma obrigaória. É considerado uma fonte relevante do direito
administrativo. Vale ressaltar que os costumes terão seu valor quando de certa
forma influenciarem a doutria e jurisprudencia. Em suma, os costumes são codutas
práticas repetitivamente obseravas pelos agentes públicos, contudo sempre
observados todos os principios admininstrativos na aplicação dos costumes.

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Os Tradados Internacionais - São fontes do Direito Adiministrativo Pátrio.Vale


lembrar que os tratados internacionais de direito humanos seguem um rito especial
já os tratados de direito administrativo não tem esse rigor formal.
Os Princípios Gerais do Direito - São normas não escritas que servem como
base para qualquer ramo do direito, são vetores genéricos que organizam a base do
ordenamento estatal. São apontados, como exemplos, a máxima que define que
ninguém deve ser punido sem ser ouvido previamente, a de que não se pode
permitir que alguém se beneficie da sua própria torpeza, entre outros.

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CAPÍTULO 2 - REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO

O segundo capítulo deste módulo, busca esclarecer a estrutura basilar


principiológica do Direito Administrativo, como um ramo de Direito Público
Autônomo, cujo objetivo é alcançar o interesse coletivo social, criando conceitos
imprescindíveis encontrados no ordenamento jurídico atual.
Doutrinadores como Marcelo Neves, Marcos Bittencourt definiram a diferença
entre princípios e regras, exemplificando suas respectivas aplicações no ramo do
Direito Administrativo.
Em seguida, este capítulo irá abordar os Princípios da Administração Pública
Norteadores do Direito Administrativo e sua Aplicação em Casos Concretos.

2.1 Definição

O Regime Jurídico-administrativo representa os princípios e regras jurídicas


que direcionam a atuação da Administração Pública no exercício da função pública,
conferindo-lhe determinadas prerrogativas e privilégios nas relações jurídicas
entabuladas com os particulares, ao mesmo tempo em que são estabelecidos limites
a esta atuação.
Levando em consideração a estrutura organizacional do Estado, e pelo fato
deste adotar funções essenciais ao interesse da coletividade, fez-se necessário a
criação de um sistema jurídico onde fosse capaz de exemplificar direitos e deveres
para melhor execução de tais funções, cujo objetivo era alcançar o interesse público.
Devido à natureza desses interesses, possuem um conjunto harmônico de princípios
que orientam a atuação administrativa, definindo as prerrogativas e restrições que
são aplicadas ao Estado.
É de fundamental importância o estudo dos princípios, porque eles são os
pilares que determinam o modo de agir de toda Administração Pública, trazendo
uma dinâmica ao sistema Estatal.
Tais princípios orientam a conduta do Estado no exercício de suas atividades
essenciais. Assim como em todas as vertentes do Direito, no Direito Administrativo a

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lógica é o fator fundamental para a criação da espinha dorsal normativa


administrativa.
A Administração Pública, na maioria de suas relações, possui um regime
jurídico diferenciado, para que possa exercer, de forma, eficaz, as funções a ela
determinadas, sendo assim o interesse público está sobreposto a interesses
particulares. Logo, tal regime denomina-se Regime Jurídico-administrativo.
Neste mesmo diapasão o professor Mateus Carvalho (2019, p. 59) define
Regime Jurídico Administrativo como:
Conjunto harmônico de princípios que definem a lógica da atuação do ente
público, a qual se baseia na existência de limitações e prerrogativas em
face do interesse público. Esses princípios devem resguardar essa lógica,
havendo, entre eles, um ponto de coincidência. (CARVALHO, 2019, p. 59)

Portanto, para que seja taxado como disciplina o Direito Administrativo e seus
princípios deverão ser analisados dentro de um conjunto organizado chamado
Regime Jurídico-administrativo.
Nesse sentido, trata-se de um conjunto de princípios, de direito público,
aplicável aos órgãos e entidades que compõem a Administração Pública e à conduta
dos agentes públicos. Norteia-se nos subprincípios a supremacia do interesse
público e da indisponibilidade do interesse público que regem as prerrogativas a
serem estipuladas ao Estado e de limitações impostas ao ente estatal, sempre com
a intenção de se perseguir e alcançar o interesse da coletividade.
Isso porque o Estado tem o dever de atingir certas finalidades indicadas pela lei
e pela CF/88 e, para alcançá-las, depende da existência de poderes não cogitados
para os particulares em geral, não existentes no direito privado. Com efeito, todas as
prerrogativas de direito público conferidas pelo ordenamento jurídico ao Estado
justificam-se por serem necessárias para que ele atinja os fins impostos pelo
ordenamento jurídico.
Por seu turno, da mesma forma que a Administração Pública goza de poderes
especiais, exorbitantes ao direito comum, deve sofrer restrições em sua atuação que
não existem para os particulares. Essas limitações se baseiam no fato de que a
administração não é titular do patrimônio público e do interesse público, mas sim o
povo.

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Os Princípios da Administração Púbica são de fundamental importância para a


matéria de Direito Administrativo como ramo autônomo do Direito, pois tem a função
de oferecer a coerência e harmonia para o sistema normativo jurídico, mesmo diante
da inexistência de uma codificação específica.
Os princípios não estão de forma taxativa e totalmente expressa na legislação,
todavia, é cediço que os princípios, aplicados ao Direito Administrativo, originar-se-
ão do texto da Constituição Federal, subdividindo em princípios implícitos e
explícitos dentro do dispositivo constitucional.
Em suma, pode observar que a Magna Carta é o pilar para encontrar a
definição de todos os princípios que norteiam a atuação do Estado.
Vamos fazer uma breve dissociação entre princípios e regras a luz do direito
administrativo.

2.2 Princípios e Regras

Com o passar dos anos a doutrina veio tentando diferenciar os princípios


norteadores do Direito das regras que atuam nos casos concretos, sendo assim não
podendo ser analisados de forma conjunta os dois conceitos.
Os princípios e regras que integram o regime jurídico-administrativo
determinarão a condução da atividade administrativa, possuindo natureza coercitiva
para todos.
Os Princípios são normas gerais impostas que determinam a atuação do
indivíduo, definindo juízos de valores a serem respeitados e praticados. De toda
forma, os princípios concentram sentidos centrais de um conjunto de ideias
buscando a lógica e harmonia ao Direito Administrativo, possibilitando sua melhor
organização. De fato, os princípios de Direito Administrativo estabelecem um sentido
geral de atuação estatal.
As Regras, por outro lado, se caracterizam por regulamentos que definem a
conduta do indivíduo diante de determinada situação concreta. Vale ressaltar que as
regras direcionadas ao Direito Administrativo estabelecem momentos e formas de
atuação do ente público consoante a um determinado acontecimento que precipita
suas atividades.

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Neste sentido Marcelo Neves (2013) aduz que:


Pode-se, sim, afirmar que os princípios rendem a ser mais gerais e
imprecisos do que as regras (...), mas cumpre insistir que esta característica
não tem uma relação necessária, mas sim eventual (embora se possa falar
em tendencial) com sua maior generalidade e imprecisão em relação às
regras.

ATENÇÃO
Normas gerais coercitivas que orientam a atuação do indivíduo,
definindo valores a serem observados nas condutas por ele praticadas.
Princípios Por seu turno, os princípios de Direito Administrativo definem a
organização e a forma de atuar do ente estatal, estabelecendo o sentido
geral de sua atuação.
Disposições que definem a atuação do indivíduo diante de determinada
situação concreta.
O conflito entre as regras resulta em antinomia jurídica própria, situação
em que se torna necessária a retirada de uma das regras do
ordenamento jurídico, haja vista a incompatibilidade entre ambas, desde
Regras que ambas pertençam ao mesmo ordenamento e tenham o mesmo
âmbito de validade. Dessa forma, é imperativa a eliminação de uma
delas.
No conflito de princípios, deverá ser realizada uma ponderação de
interesses, de forma a definir qual a melhor solução a ser adotada em
cada situação. Há uma antinomia jurídica imprópria.
Fonte: Carvalho, 2017

Conforme a distinção estabelecida pela doutrina brasileira que dispõem que os


conflitos entre regras e entre os princípios têm consequências diversas. Portanto,
vale dizer que não admite a coexistência de duas ou mais regras que impõem dois
ou mais juízos de valores concretos distintos, mesmo que sejam válidas ao mesmo
tempo. Este conflito é chamado de Antinomia Jurídica Própria, ou seja, se uma regra
é válida, deve-se fazer o que ela propõe, excluindo qualquer outra regra que
disponha em contrário.
Ressalte-se, ainda, que não é permitido o choque entre qualquer princípio e a
regra, uma vez que os princípios servem como orientação basilar para formação das

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regras. Podemos citar como exemplo a demissão de um servidor que somente será
aplicada pela ausência injustificada ao serviço público por mais de trinta dias
consecutivos, portanto não admite outra regra que autorize a prática do ato de
demissão diante da ausência por mais de sessenta dias. Vale ressaltar, que quando
duas regras estiverem presentes uma deve prevalecer sobre a outra, excluindo-a a
regra sobreposta do sistema jurídico.
Por outro lado, a aplicação por um princípio em detrimento do que ele se opõe
em determinado caso concreto, não implica em desobediência do outro. Esse tipo de
conflito não configura antinomia, pois os princípios têm caráter geral que definem um
juízo de valor.
Neste sentido o doutrinador, Dworking (2002) dispõe que: “o aplicador
adotando um dos princípios que afaste outro, não faz com que este seja eliminado
do sistema, pois em outro caso, diante do mesmo princípio, esse poderá vir a
prevalecer”.
Por se tratar de ensinamentos gerais, os princípios não têm uma aplicação
direta, mas sim como forma de valorar a atuação estatal. Sendo assim, podemos
dizer que temos uma antinomia imprópria, ou seja, deverá levar em consideração os
interesses em determinadas situações especificas para escolher qual o princípio
será adotado, portanto a escolha de um princípio em detrimento de outro, não exclui
o princípio afastado do ordenamento jurídico.

2.3 Interesse Público Primário X Interesse Público Secundário

Inicialmente a atuação administrativa é pautada na busca pelo interesse


público, razão pela qual a doutrina define este conceito em interesse público
primário e interesse público secundário.
O Interesse Primário é definido pelas necessidades da sociedade, ou seja, dos
indivíduos participantes da coletividade. Não se confundindo com a vontade da
máquina estatal, a qual se exemplifica o interesse secundário.
Sendo assim, é importante frisar que a busca indevida de interesses
secundários abrindo mão do interesse primário configura abuso de poder do Estado,

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como ocorre quando o estado aumenta exageradamente tributos à população, ou


ainda, desapropriar bens privados sem a justa indenização necessária.
Em suma, pode-se distinguir interesse público primário e o interesse público
secundário. O primeiro prevalece o interesse da sociedade e de seus indivíduos já o
segundo a necessidade de interesses estatais. Caso existir conflitos entre os dois
institutos, sempre prevalecerá o interesse público primário.
Feita a distinção, podemos definir dois princípios norteadores do Direito Público
Brasileiro, quais sejam: a Supremacia do Interesse Público sobre o Interesse
Privado e a Indisponibilidade do Interesse Público pelos Administradores do Estado.

2.4 Supremacia do Interesse Público sobre o Privado

O Interesse Público é superior sob o Interesse Privado, porém todas as ações


estatais visam os interesses da coletividade. Neste diapasão os interesses da
coletividade devem sobrepor às necessidades individuais. Sendo assim, a
administração encontra-se em situação privilegiada, quando se relaciona com os
particulares.
Nas palavras de Marcos Bittencourt (2011): “o princípio da supremacia de
interesse público atribui um status especial ao Estado frente ao particular”, portanto
há uma presunção de legalidade na atuação das entidades Estatais.
Ressalte-se que a conduta do administrador não tem o objetivo de alcançar a
necessidade do indivíduo, mas sim da coletividade, caso não ocorrer tal conduta,
esta sofrerá um desvio de finalidade, o que não está previsto pelo direito.

ATENÇÃO
O Interesse Público é supremo sobre o Interesse
Particular, e todas as condutas estatais têm como
Princípio da supremacia finalidade a satisfação das necessidades coletivas.
do Interesse Público A Administração se põe em situação privilegiada,
sobre o Privado quando se relaciona os particulares.
As prerrogativas da Administração Pública decorrentes
da supremacia do interesse público compõem um

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Poder-dever para bem desempenhar sua função que é


administrar de forma a satisfazer as necessidades da
coletividade.
A incorreta utilização de uma prerrogativa de
Administração Pública pode ser judicialmente corrigida
por habeas corpus (no caso de ofensa à liberdade de ir
Princípio da supremacia
e valor), por melo de habeas data (quando se tratar da
do Interesse Público
violação ao direito de informação) ou, por Mandado de
sobre o Privado
Segurança (em situações de violação a direito líquido e
certo), além da possibilidade de aplicação dos demais
remédios constitucionais.
Fonte: Carvalho, 2019

2.5 Indisponibilidade do Interesse Público

Os limites da atuação administrativa são regulados por este princípio devido ao


fato da impossibilidade de abrir mão dos interesses públicos. De fato, o
administrador não poderá deixar de atuar, quando os interesses da coletividade
assim o exigir. Da mesma forma Celso Antônio Bandeira de Mello (2009, p. 76) aduz
que:
[...] é encarecer que na administração os bens e interesses não se acabam
entregues à livre disposição da vontade do administrador. Antes, para este,
coloca-se a obrigação, o dever de curá-los nos termos da finalidade a que
estão adstritos.

Desta forma o administrador não é possuidor dos bens da administração, ou


seja, ele não tem domínio do interesse público, devido à falta de domínio, não tem
livre atuação.
Portanto o princípio da indisponibilidade limita a atuação dos agentes públicos
evitando a efetiva busca por interesses e vantagens individuais.
Assim Matheus Carvalho (2019, p.46) define que a supremacia do interesse
público sobre o privado e a indisponibilidade do interesse público:
Embasam o sistema normativo administrativo que se resume nas
prerrogativas que o Estado goza para satisfazer as necessidades coletivas,
assim como nas limitações a que o Estado submete para evitar distorções
de condutas. A administração só pode atuar dentro do limite do interesse

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público, não obstante goze de vantagens amparadas no próprio interesse


coletivo.

Por fim destes dois princípios elencados nos tópicos anteriores decorrem todos
os demais princípios. De certar forma como já explicado, todos os princípios
administrativos são derivados da Constituição Federal, sendo alguns implícitos e
outros explícitos.

ATENÇÃO
O agente estatal não pode deixar de atuar, quando as
necessidades da coletividade assim exigirem, uma vez que suas
atividades são necessárias à satisfação dos interesses do povo.
A SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO SOBRE-O
Princípio da INTERESSE PRIVADO e a Indisponibilidade DO INTERESSE
indisponibilidade PÚBLICO embasam o sistema administrativo que se resume nas
do Interesse prerrogativas de que o Estado goza para satisfazer as
Público necessidades coletivas, assim como nas limitações a que o
Estado se submete para evitar distorções de condutas. A
Administração só pode atuar dentro do limite do interesse
público, não obstante goze de vantagens amparadas no próprio
interesse coletivo.
Fonte: Carvalho, 2019

2.6 Organização Administrativa

A Organização Administrativa é definida como uma Estruturação do Estado


haja vista que visa o estudo da sociedade, órgãos e entidades que irão exercer a
função administrativa para formação do Estado.
Neste contexto José dos Santos Carvalho Filho (2012) aduz que: “a função
administrativa é dentre todas a mais ampla, uma vez que é através dela que o
Estado cuida da gestão de todos seus interesses e os da coletividade. ”
Na visão de Carvalho Filho (2012) a expressão Administração Pública
configura um sentido material ou objetivo, fazendo referência a função de
administrar exercida pelo poder público visando os interesses da coletividade.

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Por outro lado, a expressão Administração Pública pode ser definida no


aspecto subjetivo ou orgânico, ou seja, conceitua o conjunto organizacional das
entidades e órgãos voltados para atuação das atividades estatais.
Em suma Matheus Carvalho (2019, p. 58) diz:
O estudo da organização administrativa corresponde à definição e
conhecimento acerca das pessoas, entes e órgãos que compõem o
aparelho administrativo do Estado, no desempenho da atividade
administrativa. Esta organização é feita inicialmente mediante leis ou por
meio de decretos e outros atos normativos.

Visando uma melhor execução das atividades estatais, alguns serviços


públicos são prestados diretamente pelos entes federativos, sem que seja delegada
a execução a terceiros.
O Decreto-lei nº 200/67 e suas respectivas alterações organizam a divisão da
Administração Pública em direta e indireta. Insta observar que o decreto foi editado
em 1967, por isso inúmeros conceitos elencados foram superados pela doutrina ao
decorrer dos anos.
Vale ressaltar que o Decreto-lei 200/67 foi recepcionado pela Constituição
Federal como Lei Ordinária, ou seja, configurando uma força normativa de uma lei.

ATENÇÃO
O Decreto 200/67 só poderá ser alterado mediante Lei Federal, mas não mediante
Lei Estadual ou Municipal, haja vista que na esfera Municipal e Estadual o decreto
funciona como uma norma geral de observatório obrigatória.

Por fim a organização administrativa está pautada em administração direta e


indireta, vejamos.
A Administração Direta consiste em União, Estados, Municípios e Distrito
Federal. São entes da administração Indireta (ou administração Descentralizada).
 Autarquias, inclusive as associações públicas.
 Fundações Públicas.
 Empresas Públicas.
 Sociedade de Economia Mista.

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O Decreto-lei nº 200/67 em seu artigo 6º elencou alguns princípios


fundamentais que deverão fundamentar a estrutura da organização administrativa,
devendo ser observados na formação de entes do Poder Público em todas as
esferas da administração direta, vejamos.
Art. 6º As atividades da Administração Federal obedecerão aos seguintes
princípios fundamentais:
I - Planejamento.
II - Coordenação.
III - Descentralização.
IV - Delegação de Competência.
V – Controle.
(BRASIL, 1967)

Princípio do Planejamento - Toda atividade estatal obedecerá a uma estrutura


que busca o desenvolvimento econômico social do País e segurança pública. Este
princípio norteia a elaboração de planos do Governo, bem como a previsão de
gastos em orçamento.
Princípio da Coordenação - Evita a ocorrência de disparidades na atividade
estatal, como desperdício de recursos públicos. A coordenação está diretamente
ligada a hierarquia, visando maior eficiência na execução das atividades estatais. O
decreto dispões que:
A coordenação será exercida em todos os níveis da administração,
mediante a atuação das chefias individuais, a realização sistemática de
reuniões com a participação das chefias subordinadas e a instituição e
funcionamento de comissões de coordenação em cada nível administrativo.
(BRASIL, 1967)

Princípio da Descentralização Administrativa - Também, como a coordenação,


a descentralização é pautada na eficiência, ou seja, “fazer mais com menos”. A
descentralização consiste na transferência da atividade pública para terceiros
especializados na execução de tais atividades, que sempre atuarão mediante
fiscalização estatal. Neste diapasão o texto do decreto nº 200/67 estabelece que
para impedir o crescimento desmesurado da máquina administrativa e para melhor
eficiência, sempre que possível, transfere suas atividades, desde que exista, na
área, privada, setores qualificados a desempenhar as atividades estatais
descentralizadas.
Princípio da Delegação de Competência - Consistem e uma extensão de
atividades administrativas entre agentes públicos, dentro de um mesmo ente estatal

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de forma concreta e transitória. Neste sentido certa entidade delegante permite que
algumas de suas atividades, por lei, sejam exercidas por outro agente estatal.
Princípio do Controle - O controle das atividades estatais é exercido em todos
os níveis e em todos os órgãos de governo, sendo assim o controle feito pela chefia
consiste na execução de programas governamentais observando as normas e a
atividade exercida do órgão controlado, temos também o controle feito pelos órgãos
próprios de cada sistema e por fim o controle financeiro, onde busca a efetiva
utilização do dinheiro público.

2.7 Poderes Administrativos

Como já é cediço a Administração Pública deverá preservar sua autonomia,


sendo assim a vontade da sociedade deve ser limitada pelo ente estatal. Visando a
efetivação desta limitação o poder público deverá atua de forma impositiva, pois
onde existe um aglomerado de indivíduos sempre há diversas opiniões, crenças e
vontades, haja vista que tais juízos de valores acarretam disparidades de
pensamentos dentro de uma sociedade civil.
Com o passar dos anos a sociedade se desenvolveu muito, tanto no aspecto
social quanto econômico/tecnológico, portanto vieram novos pensamentos e
princípios pautados em costumes e crenças. Partindo desta premissa o estado teve
que se reorganizar para atender aos interesses da sociedade. Esta organização
passou tem se perpetuado até os dias atuais, haja vista que a sociedade está em
constante transformação e para acompanhar tais mudanças a máquina pública
constantemente deva passar por modificações.
A doutrina administrativa moderna costuma apontar 4 (quatro) espécies de
poderes a serem exercidos pela Administração Pública, quais sejam: o Poder
Normativo ou Regulamentar, o Poder Disciplinar, o Poder Hierárquico e o Poder de
Polícia.
Para Carvalho (2019, p.130) “o Poder Normativo facilita a compreensão do
texto legal”. Os seus atos são sempre inferiores à lei e visam regulamentar
determinada situação de caráter geral e abstrato.

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O Poder Hierárquico é característica que integra a estrutura das pessoas


jurídicas da Administração Pública, sejam os entes da Administração Direta ou da
Administração Indireta. Trata-se de atribuição concedida ao administrador para
organizar, distribuir e principalmente escalonar as funções de seus órgãos, sendo o
Poder que a Administração tem de se estruturar internamente determinando uma
relação de hierarquia e subordinação entre seus órgãos e agentes.
O Poder Disciplinar é definido como sanções aplicadas aqueles que estejam
subordinados ao ente estatal, cujo objetivo é apura infrações cometidas por
servidores públicos. A função deste poder é aprimorar a conduta estação
melhorando a qualidade do serviço público prestado.
É obrigação de o Estado atuar de modo a atender e garantir o interesse
coletivo, o que acarreta alguns poderes e deveres para que desempenhe essa
função.
Para Carvalho (2019, p.119): “a Administração não só pode como deve atuar
em nome do interesse público e, toda vez que o interesse público exigir essa
atuação, o Estado não pode se eximir de agir”.
Desse modo, pode-se dizer que os servidores públicos estão a serviço do
Estado e o Estado está a serviço da coletividade, buscando garantir seus interesses.
Assim sendo o Estado no exercício de suas funções possui poder sobre os órgãos e
entidades administrativas, os quais executam suas tarefas e funções.
Esses poderes são indispensáveis e irrenunciáveis, sendo assim o
administrador público não pode dispor desses poderes e nem deixar de utilizá-los
para atender ao interesse público.
É necessário ainda mencionar que há distinção entre os Poderes da
Administração e os do Estado. Diferente do Poder Administrativo, o Poder do Estado
é dividido em: Executivo, Legislativo e Judiciário.

2.7.1 Uso e Abuso de Poder


Conforme dito anteriormente, os poderes são os meios pelo qual o Estado
garante o atendimento do interesse público. Sem esses poderes a Administração
não conseguiria exercer suas funções em busca de atender o interesse social.

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Assim, conforme Carvalho (2019, p. 120): “o exercício desses Poderes


ultrapassa o caráter da instrumentalidade, ou seja, caso sejam praticados além dos
limites do estritamente necessário, à busca do interesse público, ocorrerá abuso de
poder”.
É importante frisar que há um limite legal para esses poderes e quando o
servidor público os ultrapassa, deverão responder por abuso, independentemente se
o ato foi comissivo ou omissivo.
Assim sendo, o Abuso de Poder pode ser definido como o ato que ultrapassa
os limites da competência legal, ou ainda um ato praticado visando atender a um
interesse diverso do que é estabelecido por lei.
O Abuso de Poder ainda pode ser realizado de duas formas: o abuso de poder
por ato comissivo e o por ato omissivo. O primeiro é quando o agente ultrapassa os
limites de seu poder determinado por lei, já o segundo é quando o agente deixa de
realizar seus deveres. De todos os casos o ato praticado com abuso de poder será
considerado ilícito.
O Abuso de Poder é classificado de dois modos, sendo o primeiro excesso de
poder e o segundo desvio de poder, também conhecido como desvio de finalidade.
Sobre o excesso de poder, Barbosa (2019, s/p) aduz:
Excesso de poder pode ser conceituado como a atuação do agente público
fora dos limites legais de sua competência. É caso em que o agente público
atua sem possuir poder para tanto, sem possuir a função para o qual o ato
necessita ser praticado. Esse ato seria um cadeado e sua chave seria o
agente competente, aquele que abre o cadeado de modo fraudulento, o
praticou fraudulento.

O Desvio de Poder, na visão de Carvalho (2019, p.120) ocorre quando: “o


agente do Estado praticar o ato, até mesmo dentro dos limites da competência a ele
conferida, mas visando a alcançar outra finalidade que não aquela precisa em lei”.
O Desvio de Poder ainda pode aparecer de duas formas distintas: quando o
agente atua visando atender seus interesses ou de alguém próximo a ele, ou ainda
tenta prejudicar alguém de seu interesse ou de uma pessoa próxima a ele, de todo
modo, estaria indo contra o princípio da impessoalidade; ou ainda quando a
autoridade busca atender ao interesse coletivo, mas sem respeitar os limites de sua
prerrogativa.

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De todo modo, o abuso de poder causa a nulidade do ato praticado a ser


analisada no âmbito administrativo ou no judiciário mediante provocação.

2.7.2 Discricionariedade e Vinculação


No Direito Administrativo é indispensável falar sobre o Poder Discricionário e o
Poder Vinculado, de modo a compreender sobre os poderes Administrativos.
Importante ainda dizer, que toda função administrativa está determinada em lei e
somente por meio desta pode-se determinar as condutas dos agentes públicos.
De acordo com Matheus Carvalho (2019, p. 120):
É a Lei que, ao definir a atuação do poder público, determina se a atuação
administrativa será vinculada ou discricionária. Isso porque a lei pode
estipular atuação do agente de forma objetiva ou cedendo a este uma
margem de escolha, dentro dos limites estipulados legalmente.

Deste modo, sempre que a lei trouxer disponibilidade de escolha da atuação do


agente, caracterizará ato discricionário; mas quando trouxer todos os limites da
prerrogativa, será então ato vinculado.
Sobre o poder vinculado, Gomes (2019, p.74) aduz que:
Há atividades administrativas cuja execução fica inteiramente definida em
lei, que dispõe está sobre todos os elementos do ato a ser praticado pelo
agente. A ele não é concedida qualquer liberdade quanto à atividade a ser
desempenhada e, por isso, deve se submeter por inteiro ao mandamento
legal. Seu fundamento constitucional é o princípio da legalidade que requer
a administração a obediência estrita aos termos da lei.

Desse modo, fica claro que o agente deverá atender ao que for determinado
em lei atuando sempre que ocorrer o que tiver sido determinado em lei, não se
afastando do que está definido em lei.
Em contrapartida, como dito anteriormente, no Poder Discricionário, a lei abre
brechas para escolha do agente, podendo verificar qual será a melhor opção para
cada caso. Nessa liberdade de escolha o agente deve atuar da maneira mais
conveniente e oportuna de acordo com as previsões legais.
Gomes (2019) complementa ao dizer que: “conveniência e oportunidade são os
elementos nucleares do poder discricionário. A primeira indica em que condições vai
se conduzir o agente; a segunda diz respeito ao momento em que a atividade deve
ser produzida”.
Carvalho (2019, p.123) traz como exemplo a Lei 8.666/93 que:

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Prevê que a Administração Pública pode alienar bem imóvel que tenha sido
adquirido pelo Estado por meio de decisão judicial ou dação em pagamento,
através de licitação na modalidade concorrência ou leilão. Cabe ao
administrador, no caso concreto, analisar e se valer do instrumento mais
oportuno à alienação destes bens mediante licitação na modalidade tomada
de preços.

É importante dizer que o fato do ato discricionário dar ao agente o direito de


escolha, esse mérito não é ilimitado. O agente deve atuar nos limites da lei em
busca de atender ao interesse público, pois caso contrário agirá com arbitrariedade,
ou seja, fora do que está previsto em lei.
A discricionariedade pode ser materializada tanto na prática do ato quanto no
momento de sua revogação ou ainda, quando tiver sido praticado atendendo a
conveniência e oportunidade dentro dos limites legais.
Há casos em que a lei não determina as opções de escolha, nesses casos o
agente deverá atuar com base nos valores de sua atuação. Carvalho (2019, p.123),
mais uma vez nos traz um excelente exemplo, dizendo:
A título de exemplo, determinada norma de polícia estabelece que a
Administração tem a atribuição de dissolver passeata se houver tumulto.
Diante do dispositivo legal, surge a dúvida: O que é tumulto? Nesses casos,
por tratar-se de um conceito indeterminado, a compreensão deste termo é
feita com base no juízo de conveniência e oportunidade do agente público
que deve, em cada caso concreto, analisar a incidência ou não da norma
legal.

Há quem diverge e diz que nesses casos não ocorre a discricionariedade, que
isso seria caso de interpretação, mas tal opinião não possui respaldo relevante.
Sendo assim, é necessário saber que o que distingue a interpretação da
discricionariedade é o fato de haver escolha legislativa.
No caso da discricionariedade, a lei dispõe ao agente a escolha de agir ou não
e no caso de agir, há as opções de como fazer. Já na interpretação, a lei já
determinou, cabendo assim apenas saber deduzir o que a lei determinou, ou seja,
ocorrerá a interpretação quando a lei estiver ultrapassada ou insatisfatória.
Pode-se assim concluir que a discricionariedade não é uma lei ultrapassada ou
insatisfatória, é apenas uma determinação com margem de escolha ao agente
público, de modo a garantir um melhor funcionamento da atuação do Estado.

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2.8 Controle Judicial da Atividade Discricionária

Como dito no tópico anterior, a discricionariedade é mérito de escolha que o


administrador possui de aplicar a melhor medida para determinada situação. Esse
mérito é de poder administrativo e não judiciário. Sendo assim, o judiciário não tem
legitimidade para julgar o mérito dos atos discricionários, pois o mérito é de natureza
opinativa do agente, cabe apenas o poder de verificar a adequação da lei, pois o
Poder Judiciário tem legitimidade para julgar os aspectos legais dos atos praticados
pelos agentes públicos.
O Poder Judiciário também poderá julgar os atos do administrador que
ultrapasse os limites legais, pois embora o agente tenha o mérito de escolha, esta
deve ser feita em conformidade com a lei.
Como forma de realizar esse controle, o judiciário utilizará dos princípios da
razoabilidade e da proporcionalidade, evitando dessa forma que o agente haja com
excesso de poder ou não haja com razoabilidade.
Ressalta-se ainda que para que ocorra a intervenção do judiciário é necessário
que este tenha sido motivado, para só então atuar contra os atos desproporcionais
do agente.

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CAPÍTULO 3 - PRINCÍPIOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO

Como já foi abordado, os princípios são a base para atuação do Estado,


portanto é considerado como normas orientadoras para as condutas dos agentes
públicos. Os princípios do Direito Administrativo sofrem limitações, portanto não são
considerados absolutos, porém mantém as bases fundamentais de um sistema de
normas que condiciona toda a estruturação de um determinado ramo do Direito,
sempre visando à busca do interesse público.
O arcabouço princípio lógico da Administração Pública tem como norte do
Regime Jurídico-administrativo a supremacia do interesse público sobre o privado e
a indisponibilidade do interesse público.
Passa-se à análise dos cinco princípios explícitos no artigo 37, caput, da
Constituição Federal, quais sejam:
 Legalidade.
 Impessoalidade.
 Moralidade.
 Publicidade.
 Eficiência.

Além destes, há outros princípios que serão analisados separadamente neste


capítulo.

3.1 Princípio da Legalidade

O Princípio da Legalidade foi constituído junto com o Estado de Direito e foi


taxado como uma das principais garantias de respeito aos direitos individuais.
Deste modo Celso Antônio Bandeira de Mello (2009) aduz: “o Princípio da
Legalidade é específico do Estado de Direito, é justamente aquele que o qualifica e
que lhe da identidade própria, por isso considerando é basilar para o Regime
Jurídico-administrativo!”.
Fazendo uma comparação do Direito Privado a luz do artigo 5º, II, da CF/88
que diz: “ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer algo, senão em virtude de

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lei”, todavia o Direito Público já dispõe ao contrário quanto ao administrador: só é


possível fazer o que a lei autorizar.
O administrador púbico, obedecendo ao Princípio da Legalidade, somente pode
exercer suas funções conforme a lei determinar, ou seja, não podendo ao agente
estatal praticar atos sem previsão legal. Deste modo pode-se falar que o Direito
Administrativo aplica o instituto da subordinação à Lei.
Por outro norte, o administrador poderá praticar atos de forma expressa ou
implícita, mediante a possibilidade de edição de atos discricionários onde o agente
público interpretará baseado no princípio da razoabilidade, sua forma de atuação
desde que a lei não o proíba.

3.2 Princípio da Impessoalidade

Impõe ao administrador público que só pratique o ato para o seu fim legal, e o
fim legal é unicamente aquele que a norma de direito indica expressa ou
virtualmente qual o objetivo do ato, de forma impessoal. Para Celso Antônio
Bandeira de Mello (2009), “Administração deve tratar a todos sem favoritismos, nem
perseguições ou animosidade políticas ou ideológicas”.
Este princípio traduz a ideia de que a Administração Pública deve tratar a todos
os administrados sem discriminações benéficas ou detrimentosas, assim,
favoritismos e perseguições não são toleráveis; simpatias ou animosidades
pessoais, políticas ou ideológicas não podem interferir na atuação da Administração
Pública.
A impessoalidade possui duas acepções:
 Quanto aos administrados: a Administração deve agir de forma
impessoal, buscando sempre o interesse público, não podendo buscar
interesses pessoais de determinado particular.
 Quanto a administração: os Atos Administrativos são impessoais, ou seja,
o ato praticado pelo agente é imposto à pessoa jurídica à qual está
vinculado.

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No primeiro sentido, o objetivo é alcançar a finalidade pública, ou seja, a


Administração não pode agir de com vistas a prejudicar ou beneficiar pessoas
determinadas, uma vez que sempre dever ser levado em consideração o interesse
público.
O artigo 100 da CF/88 é um exemplo claro quando faz menção ao regime de
precatórios judiciais, pois o dispositivo proíbe a designação de pessoas ou de casos
nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos.
No segundo sentido, o princípio significa que os atos praticados pelo agente
público são imputáveis ao órgão ou entidade administrativa e não ao agente público
propriamente dito.
Na mesma esteira, o Supremo Tribunal Federal em sede de recurso
extraordinário julgou a possibilidade de uma eventual ação contra o estado,
responsabilizando o ente estatal pelos atos praticados por seus agentes e nunca
imputando diretamente o ato praticado a pessoa do agente público. Vejamos:
EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ADMINISTRATIVO.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO: § 6º DO ART. 37 DA
MAGNA CARTA. ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM. AGENTE
PÚBLICO (EX-PREFEITO). PRÁTICA DE ATO PRÓPRIO DA FUNÇÃO.
DECRETO DE INTERVENÇÃO. O § 6º do artigo 37 da Magna Carta
autoriza a proposição de que somente as pessoas jurídicas de direito
público, ou as pessoas jurídicas de direito privado que prestem serviços
públicos, é que poderão responder, objetivamente, pela reparação de danos
a terceiros. Isto por ato ou omissão dos respectivos agentes, agindo estes
na qualidade de agentes públicos, e não como pessoas comuns. Esse
mesmo dispositivo constitucional consagra, ainda, dupla garantia: uma, em
favor do particular, possibilitando-lhe ação indenizatória contra a pessoa
jurídica de direito público, ou de direito privado que preste serviço público,
dado que bem maior, praticamente certa, a possibilidade de pagamento do
dano objetivamente sofrido. Outra garantia, no entanto, em prol do servidor
estatal, que somente responde administrativa e civilmente perante a pessoa
jurídica a cujo quadro funcional se vincular. Recurso extraordinário a que se
nega provimento. (RE 327.904, Rel. Min. Carlos Britto, Primeira Turma, DJ
8.9.2006 – grifo nosso)

Valendo-se deste Recurso Extraordinário a Impessoalidade está mais que clara


no art.37º, § 1º, da CF/88, em suma diz que a Administração Pública tem que agir
objetivamente em prol da coletividade. Os atos de pessoalidade são vedados, o
exercício da atividade administrativa é atribuição da Administração e a ela são
imputadas todas as condutas dos agentes públicos.

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3.2.1 Princípio da Intrancendência


Este princípio, consagrado pelo STF, tem como finalidade de evitar sanções a
entes federados, dificultando sua governabilidade, sanções estas originadas por
condutas de administração anteriores, desde que que o novo administrador esteja
tomando providências necessárias para sanar os prejuízos causados.
A título de exemplo, podemos citar com base na orientação do STF que negou
o pedido da União de se determinar a suspensão da condição de inadimplentes de
Estado Membro, bem como das limitações dela decorrentes, uma vez que as
irregularidades praticadas pelo ente Federado foram decorrentes de atuação da
gestão anterior.

3.3 Princípio da Moralidade

Para este princípio, o administrador público deve agir com honestidade, boa-fé,
lealdade e observando os princípios éticos, ou seja, a atuação não corrupta dos
gestores públicos, ao tratar com a coisa de domino do Estado. Este princípio deverá
seguir os padrões éticos de conduta para alcançar e atender o interesse da
coletividade.
Para alguns doutrinadores este princípio se confunde com o princípio da
legalidade ou por este é absorvido, entretanto, são totalmente distintos, uma vez que
nem tudo que é legal é honesto.
Portanto o conceito de Moralidade é indeterminado, normalmente
doutrinadores aplicam seu conceito em cima do vício de legalidade da conduta
administrativa. Porém a moralidade deve ser estuda como um princípio autônomo,
sendo encontrada em um ato administrativo imoral mesmo que não haja violação ao
princípio da legalidade.
Se voltarmos aos conceitos e distinção entre Moral e Direito pensarmos em
licitude e honestidade, veremos que estes são traços distintivos entre o direito e a
moral, numa aceitação ampla do brocardo segundo o qual non omne quod licet
honestum est (nem tudo que é legal é honesto).
Para atuar observando a moral administrativa não basta ao agente cumprir
formalmente a lei na frieza de sua letra. É necessário que se atenda à letra e ao

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espírito da lei, que ao legal junte-se o ético. Por essa razão, muito frequentemente
os autores afirmam que o princípio da moralidade complementa, ou torna mais
efetivo, materialmente, o princípio da legalidade.
Este conceito foi também protegido no art. 5°, LXXIII, que prevê o cabimento da
ação popular para anulação de "ato lesivo ao patrimônio público à moralidade
administrativa." Essa inovação foi tão importante que deu ensejo ao surgimento da
lei 8.429/92, que versa sobre Improbidade Administrativa e que tem base no art. 37,
§4°, da Carta Magna.

3.4 Princípio da Publicidade

Este princípio exige que os atos administrativos sejam amplamente divulgados


entre os administradores, para lhes permitir o controle da legitimidade da conduta
dos agentes.
Permite ao administrado a visualização de como a administração se porta em
sua atuação e, verifica se está agindo visando o interesse público.
Sendo assim a principal finalidade do Princípio da Publicidade é a garantia dos
atos estatais serem públicos aos seus administrados. A Constituição Federal em seu
artigo 5º, XXXIII, garante o direito à informação:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
(...)
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas
no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo
sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. (BRASIL,
1988)

Além de garantir o direito à informação a CF/88 em seu artigo 5º, LXXII confere
a garantia do habeas data como remédio para sanar qualquer controvérsia que viola
o direito à informação. No mesmo sentido o artigo. 5º XXXIV “b”, garante a emissão
de certidão em repartição pública.
O legislador com vistas a garantir o interesse público editou a lei de acesso à
informação (Lei 12.527/11) onde definiu o dever de publicidade de todos os órgãos
da Administração Direta e Indireta ou qualquer entidade privada que prestam

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serviços visando o interesse público. Sendo assim em seu artigo 5º, do referido
diploma legal, dispõem que “é dever do Estado garantir o direito de acesso à
informação, que será franqueada, mediante procedimentos objetivos e ágeis, de
forma transparente, clara e em linguagem de fácil compreensão”.
Atualmente a doutrina majoritária referenda o princípio da publicidade como
requisito de eficácia do ato administrativo e como um tipo de controle de atos
estatais pelos cidadãos.
Como exemplo pode citar o ato de proibido estacionar, o ato quando assinado
pela autoridade competente está válido, contudo, terá que (publicar) implantar
placas informando os lugares proibidos, sendo assim, a publicidade do referido ato é
requisita de validade para sua eficácia.

3.4.1 Exceções ao Princípio da Publicidade


Vale ressaltar que nenhum princípio é absoluto, logo o princípio da publicidade
tem suas limitações. Como já foi dito o legislador para salvaguardar os direitos dos
administrados, editou a lei de acesso à informação (lei 12.527/11) que fundamentou
o princípio da publicidade.
Conforme artigo 23 e 24 da lei 12.527/11 dispõe que algumas informações
sofrem limitações e são passíveis de classificação, vejamos:
Art. 23. São consideradas imprescindíveis à segurança da sociedade ou do
Estado e, portanto, passíveis de classificação as informações cuja
divulgação ou acesso irrestrito possam:
I - Pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou a integridade do
território nacional;
II - Prejudicar ou pôr em risco a condução de negociações ou as relações
internacionais do País, ou as que tenham sido fornecidas em caráter
sigiloso por outros Estados e organismos internacionais;
III - pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da população;
IV - Oferecer elevado risco à estabilidade financeira, econômica ou
monetária do País;
V - Prejudicar ou causar risco a planos ou operações estratégicos das
Forças Armadas;
VI - Prejudicar ou causar risco a projetos de pesquisa e desenvolvimento
científico ou tecnológico, assim como a sistemas, bens, instalações ou
áreas de interesse estratégico nacional;
VII - pôr em risco a segurança de instituições ou de altas autoridades
nacionais ou estrangeiras e seus familiares; ou
VIII - comprometer atividades de inteligência, bem como de investigação ou
fiscalização em andamento, relacionadas com a prevenção ou repressão de
infrações.
Art. 24. A informação em poder dos órgãos e entidades públicas, observado
o seu teor e em razão de sua imprescindibilidade à segurança da sociedade

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
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ou do Estado, poderá ser classificada como ultrassecreta, secreta ou


reservada.
§ 1º Os prazos máximos de restrição de acesso à informação, conforme a
classificação prevista no caput vigora a partir da data de sua produção e
são os seguintes:
I - Ultrassecreta: 25 (vinte e cinco) anos;
II - Secreta: 15 (quinze) anos; e
III - reservada: 5 (cinco) anos.
§ 2º As informações que puderem colocar em risco a segurança do
Presidente e Vice-Presidente da República e respectivos cônjuges e
filhos(as) serão classificadas como reservadas e ficarão sob sigilo até o
término do mandato em exercício ou do último mandato, em caso de
reeleição.
§ 3º Alternativamente aos prazos previstos no § 1º, poderá ser estabelecida
como termo final de restrição de acesso a ocorrência de determinado
evento, desde que este ocorra antes do transcurso do prazo máximo de
classificação.
§ 4º Transcorrido o prazo de classificação ou consumado o evento que
defina o seu termo final, a informação tornar-se-á, automaticamente, de
acesso público.
§ 5º Para a classificação da informação em determinado grau de sigilo,
deverá ser observado o interesse público da informação e utilizado o critério
menos restritivo possível, considerados:
I - A gravidade do risco ou dano à segurança da sociedade e do Estado; e
II - O prazo máximo de restrição de acesso ou o evento que defina seu
termo final.

Portanto assuntos que tratem da segurança nacional, de certos interesses


sociais, ou de foro íntimo, são considerados sigilosos para seus administrados,
visando sempre o interesse na coletividade.

3.5 Princípio da Eficiência

Este princípio, outrora implícito dentro do nosso sistema normativo


constitucional, tornou-se expresso no caput do artigo 37 com a alteração trazida pela
Emenda Constitucional n°19 que acrescentou ao rol do referido artigo o Princípio da
Eficiência.
Impõe ao agente público que atue com presteza, rapidez, agilidade, perfeição e
rendimento funcional. Para este princípio já não é suficiente que o administrador
haja pautado somente na legalidade, mas se exige um resultado positivo na
realização do serviço público, bem como a satisfação das necessidades da
sociedade.
Discorrendo sobre o tema, Hely Lopes Meirelles (2003, p. 90) sintetiza que:
Dever de Eficiência é o que se impõe a todo agente público de realizar suas
atribuições com presteza, perfeição e rendimento funcional. É o mais

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moderno princípio da função administrativa, que já não se contenta em ser


desempenhada apenas com legalidade, exigindo resultados positivos para o
serviço público e satisfatório atendimento das necessidades da comunidade
e de seus membros.

Por fim, uma prestação de serviços eficiente deve garantir uma célere solução
de controvérsias, razão pela qual, a eficiência está diretamente ligada ao princípio
da celeridade nos processos administrativos, inserido na Constituição da República,
em seu art. 5°, LXXVIII que dispõe que "a todos, no âmbito judicial e administrativo,
são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a
celeridade de sua tramitação”.
Dessa forma, é possível considerar que a rápida solução das controvérsias
enseja uma eficiência na execução das atividades estatais, contribuindo para a
satisfação dos interesses da sociedade.

3.6 Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa

Em suma são princípios elencados no texto Constitucional, em seu artigo 5º,


inciso LV, que resguardar o direito do indivíduo de manifestar no processo judicial ou
administrativo, requerendo produção de provas e provocando sua tramitação.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
(...)
LV - Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados
em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e
recursos a ela inerentes; (BRASIL, 1988)

Um processo administrativo ou judicial consiste em uma relação bilateral, por


isso o contraditório permite a participação da parte interessada na condução do feito,
influenciando com seu juízo de valor a decisão a ser proferida pelo julgador.
Vale dizer, para que se garanta o exercício do contraditório de forma efetiva é
indispensável o respeito da isonomia na relação jurídica. O particular interessado
deve ter o mesmo poder de convencimento que qualquer outra pessoa na relação
processual e, para tanto, terá direito a ser notificado dos atos a serem praticados,
bem como de produzir provas e participar da produção de todas as provas
produzidas nos autos.

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Neste mesmo diapasão Diogo de Figueiredo (2009, p. 86) estabelece que:


Esta nítida proscrição da inquisitoriedade pela Constituição devolve ao
direito brasileiro a sua plena dimensão ética, no mesmo patamar dos
ordenamentos mais avançados. Assim, o princípio do contraditório, que
basicamente determina que se ouçam as partes envolvidas, é instrumento
de garantia processual imprescindível, voltado à observância de uma
extrema gama de liberdades fundamentais, sem a qual perderiam sua
primeira linha de defesa e só poderiam ser invocados depois de, por tantas
vezes, se apresentarem irremediavelmente violados.

Não vale somente dar conhecimento dos atos processuais para o cidadão,
porém é imprescindível a participação dele.
A expressão ampla defesa a luz do Direito Administrativo, é considerada pelos
doutrinadores como uma forma de expressar a democracia, ou seja, e o direito de
proteção dos interesses dos particulares buscando a tutela jurisdicional. Ao abarcar
o tema de ampla defesa devemos mencionar o direito a defesa prévia, o direito do
duplo grau de jurisdição e a garantia de defesa técnica veja:
 Defesa técnica: é um procedimento indispensável para a jurisdição
voluntária conforme disposto na Súmula 343 do STJ: que é indispensável
à presença de advogado em todas as fases do procedimento
administrativo disciplinar. Em suma, esta garantia veio como forma de
evitar abusos por parte das autoridades públicas, diante da ausência de
conhecimento dos procedimentos pelo particular. Contudo esta Súmula
não prevaleceu mediante a edição da Súmula Vinculante nº 5 do STF que
diz: “a falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo
disciplinar não ofende a Constituição”. Para diversos doutrinadores está
súmula vinculante foi um retrocesso do ordenamento jurídico e tem cunho
de edição meramente político.
 Defesa Prévia: consiste no direito de o particular manifestar-se antes da
decisão administrativa. Como todo procedimento administrativo seguido
pelo poder público em processo deverá ser de conhecimento prévio do
particular para que antes de sofrer alguma sanção tenha o direito de se
defender. Todavia buscando o princípio da supremacia do interesse
público sobre o privado, o poder público em casos emergenciais poderá
aplicar sanções antes de dar o direito do particular de se manifestar.
Como exemplo: um prédio de particulares, com risco iminente de desabar

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em cima de uma Prefeitura Municipal, como o perigo poderá destruir todo


o prédio da administração municipal o poder público tem a prerrogativa de
demolir o prédio antes mesmo que o particular tenha feito sua defesa.
Tais situações são definidas como contraditório diferido tendo respaldo
mais uma vez em decorrência da supremacia do interesse público sobre o
privado.
 Duplo grau de jurisdição: aos olhos do Direito Administrativo esta garantia
visa uma análise dos atos praticados pelo poder estatal, mediante
provocação do particular, cujo objetivo é evitar decisões equivocadas de
autoridades de primeiro grau, ou seja, toda decisão de primeira instancia
poderá ser revista em recursos proferidos a superiores. Nesse mesmo
diapasão a Súmula Vinculante nº 21 diz: “é inconstitucional a exigência de
depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade
de recurso administrativo”. Na mesma vertente o STJ editou Súmula de nº
373, disponde que: “É ilegítima e exigência de depósito prévio para
admissibilidade de recurso administrativo.
 Direito a Informação: é o direito de todo interessado do processo
administrativo em conhecer todos os conteúdos das decisões, provas
constituídas dentro do processo. Desta forma o terceiro interessado ou o
particular não poder ter negado seu pedido de vistas aos autos ou Xerox,
ressalvados os casos em que o processo esteja sob análise de
procedimentos internos.

DICA
Súmula Vinculante nº 3: “Nos processos perante o Tribunal de Contas da União
asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando a decisão puder resultar
anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada
a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e
pensão”. Pode-se observar que a relação jurídica presente na Súmula é entre o
administrador público e o Tribunal de Contas, ocorre que o particular sofreu
sanções, por isso tem interesse no processo e a extensão da garantia do
contraditório às decisões.

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3.7 Princípio da Continuidade do Serviço Público

É definido como uma prestação ininterrupta da atividade administrativa. A


atividade estatal deverá ser a princípio contínua, ou seja, o serviço público não pode
ser paralisado e não comportando falhas, pois muitas atividades públicas são
consideradas essenciais para o interesse da coletividade. Como exemplo podemos
citar o serviço de água e energia elétrica fornecido a população.
Este princípio, é necessário para que o serviço público seja considerado
adequado, encontrando respaldo na lei nº 8.987/95 em seu art. 6º, §1º. Vale
ressaltar que a continuidade do serviço público está interligada ao princípio da
eficiência, estudado anteriormente, haja vista de tratar a buscar de resultados
positivos.
Cabe algumas observações inerentes ao princípio da continuidade, vejamos:

3.7.1 O Servidor Público tem Direito de Greve?

Acerca deste questionamento pode-se dizer que a greve irá paralisar ou tornar
inviável a prestação do serviço público, devido ao fato da ausência de servidores,
acarretando prejuízos imensuráveis ao interesse da coletividade.
Os servidores militares são proibidos de fazer greve conforme artigo 142, §3, IV
da Carta Magna que dispõe que “ao militar são proibidas a sindicalização e a greve”.
Por outro norte os servidores civis têm garantido o seu direito de greve nos termos
do artigo 37, VII, da CF/88.
O Supremo Tribunal Federal considerou que o direito de greve conferida aos
servidores civis, tem eficácia limitada, ou seja, dependem de lei complementar para
produzir seus efeitos. Porém em sede de mandado de injunção, por falta de lei que
regulamenta o direito de greve dos servidores civis, o STF decidiu que a lei geral de
greve (Lei 7.783/89) deve ser aplicada aos servidores civis.
Sendo assim, pode-se considerar que o direito de greve do servidor configura
uma exceção ao princípio da continuidade da prestação do serviço público desde
que respeite os limites da lei e não paralise totalmente a atividade pública.

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3.8 Princípio da Autotutela

Considera que é o poder da Administração Pública controlar seus atos,


podendo ela mesma rever suas próprias condutas para trazer regularidade as suas
ações.
A Súmula 473 externiza muito bem este princípio:
A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios
que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los,
por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos
adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.

Na mesma vertente o artigo 53, da Lei 9.784/99 define que: “a Administração


deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode
revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos
adquiridos”.
Verifica-se que os dois dispositivos trazem o instituto da não provocação do
ente público, para que reveja seus atos, podendo refazer suas condutas de próprio
ofício. Em contrapartida o Judiciário não pode atuar no controle das atividades
estatais sem que haja uma justa provocação. Todavia a prerrogativa que o Estado
tem de anular seus atos ou revogá-los de ofícios não afasta a incidência da tutela
jurisdicional garantida no artigo 5º, inciso XXXV da Constituição Federal, pode-se
dizer que um ato revogado ou anulado que cause prejuízo a particulares poderá ser
objeto de ação judicial.

DICA
Insta observar que o controle judicial dos atos praticados pela Administração Pública
será feito somente no juízo de legalidade dos atos.

Vale ressaltar, se os atos praticados pelo poder público forem considerados


ilegais, não configura uma faculdade do administrador em anular, contudo mesmo
que o ato seja lícito, mas não haja interesse da ordem pública, será admitida sua
revogação.
Conforme diz Matheus Carvalho (2019, p. 89):
Com o intuito de evitar que a revisão de alguns atos possa ser mais nociva
do que a sua permanência no ordenamento jurídico, alguns limites foram

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criados para a Autotutela no que tange à anulação de atos viciados, em


observância ao Princípio da Segurança Jurídica. Nestes casos, é relevante
analisar a boa-fé dos destinatários da conduta ilícita.

Por fim, no âmbito da Administração Pública Federal a lei 9.784/99 impõe um


prazo de cinco anos para que a Administração Pública possa rever suas condutas,
salvo a má fé do beneficiário daquele ato.
Insta salientar, que os Princípios Constitucionais não são absolutos, portanto,
visando garantir a finalidade do interesse público, à referida autotutela sofre
limitações em observância ao princípio da Segurança Jurídica, objeto de estudo
posteriormente.

NÃO SE ESQUEÇA
Anulação Ilegalidade Retrospectivo Ex Tunc
Revogação Conveniência e oportunidade Prospectivos Ex Nunc

3.9 Princípio da Razoabilidade

O Princípio da Razoabilidade dispõe que a atuação administrativa deva ser de


maneira equilibrada e coerente, com bom senso, a partir de limites racionalmente
aceitos, daí porque a razoabilidade também é conhecida como princípio da proibição
dos excessos. Fundamentando-se nos princípios da legalidade e finalidade.
Para José dos Santos Carvalho Filho (2012), "razoabilidade é a qualidade do
que é razoável, ou seja, aquilo que se situa dentro de limites aceitáveis, ainda que
os juízos de valor que provocaram a conduta possam dispor-se de forma um pouco
diversa”.

DICA
É importante observar que a decisão judicial que analisará a conduta estatal não
admite tal correição judicial que invada o Mérito Administrativo, haja vista que o
agente público tem discricionariedade na valoração da conduta de acordo com cada
caso concreto.

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Sendo assim, quando o poder público proferir uma conduta desarrazoada,


alegando critérios de oportunidade e conveniência, esta conduta será considerada
ilegal/ilegítima, pois ofende o princípio da finalidade levando o particular a provocar o
judiciário por um controle de legalidade alegando vícios praticados pelos atos
praticados pelo administrador público.
Desta forma, quando a conduta estatal extrapolar os limites da lei, criando
vícios afrontando expresso dispositivo legal ou ainda deixando de aplicar Princípio
Constitucional, compete ao Poder Judiciário, desde que provocado corrigir o vício
estatal anulando seus efeitos.
Veja um julgado do Superior Tribunal de Justiça:
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÁO AO ART. 535 DO CPC.
INOCORRÉNCIA IPI. ALÍQUOTA ZERO. NECESSIDADE DE
COMPROVAÇÁO DA COMPOSIÇÁOQUÍMICA DA MATÉRIA-PRIMA
UTILIZADA NA INDUSTRIALIZAÇÁODE PRODUTOS. REQUERIMENTO
DE PROVA PERICIAL NO PROCESSO ADMINISTRATIVOFISCAL.
DEFERIMENTO OU INDEFERIMENTO. PODER
DISCRICIONÁRIODAADMINISTRAÇÁO PÚBLICA. ART. 18 DO DECRETO
N. 70.235172. POSSIBILIDADE DE CONTROLE PELO JUDICIARIO.
1. Os órgãos julgadores não estão obrigados a examinar todas as teses
levantadas durante um processo judicial, bastando que as decisões
proferidas estejam devida e coerentemente fundamentadas, em obediência
ao que determina o art. 93, inc. IX, da Lei Maior Isso não caracteriza ofensa
aos arts.131, 458 e 535, inc. II, do CPC. Neste sentido, existem diversos
precedentes desta Corte.
2. Hoje em dia, parte da doutrina e da jurisprudência já admite que o Poder
Judiciário possa controlar o mérito do ato administrativo (conveniência e
oportunidade) sempre que, no uso da discricionariedade admitida
legalmente, a Administração Pública agir contrariamente ao princípio da
razoabilidade. Lições doutrinárias.
3. Isso se dá porque, ao extrapolar os limites da razoabilidade, a
Administração acaba violando a própria legalidade, que, por sua vez, deve
pautar a atuação do Poder Público, segundo ditames constitucionais
(notadamente do art. 37, caput).
4. Dessa forma, por mais que o art. 18 do Decreto n. 70.235/72 diga que,
em processo administrativo fiscal, a autoridade competente pode indeferir
os pedidos de perícia formulados pelo interessado sempre que considerá-
los prescindíveis para o deslinde da questão, se o Judiciário, apreciando
pretensão ventilada pelo contribuinte, observa que "[a] matéria objeto do
auto de infração envolve conhecimentos técnicos específicos que implicam
no necessário auxílio de produção de prova pericial, pois se discute a
composição química da matéria-prima e dos produtos industrializados pela
impetrante, para fins de comprovação de que estaria sujeito à alíquota zero"
(fl. 214), então, por meio do controle de legalidade, o pedido de produção de
prova deve ser deferido.
5. Note-se que a subsunção de determinado insumo ou matéria-prima ao
regime de alíquota zero, isenção ou não-tributação não é uma questão de
conveniência e oportunidade da
Administração vale dizer, se o produto está enquadrado na hipótese fática
descrita na lei, então devem incidir as consequências nela p1evistas.

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6. Se o único modo de se demonstrar o cumprimento do substrato fático da


norma é da realização de perícia (conforme conclusão da origem), fica fácil
concluir que eventual oposição da Administração acaba violando o direito
subjetivo constitucional do administrado-contribuinte ao devido processo
legal {art. 5°, inc. LIV).
7. Na verdade, mais do que malferir o citado dispositivo constitucional, a
Administração fere a própria regra vertida pelo art. 18 do Decreto n.
702.'35/72 (que supostamente embasaria sua pretensão recursal), pois ficou
constatado que não há caso de prescindibilidade da prova pericial - ao
contrário, ela é decisiva. Como dito anteriormente, tem-se aqui clássica
situação em que, a pretexto de um juízo de conveniência e oportunidade, o
Poder Público acaba indo de encontro à legalidade.
8. Recurso especial não-provido.
STJ - RECURSO ESPECIAL Rfap 778648 PE 2005/0146395-7 (STJ)
Data de publicação: 01112/2008

3.10 Princípio da Proporcionalidade

O Princípio da Proporcionalidade consiste em obrigar o agente público a atua


de forma proporcional, ou seja, manter um equilíbrio entre os motivos que deram
respaldo para prática de determinado ato. Como já foi falada toda e qualquer
conduta estatal deve atender os interesses públicos, portanto a proporcionalidade
tem como objetivo evitar abusos de poder na atuação dos agentes público. Logo
buscar um equilíbrio entre a conduta do agente e os interesses da Administração
Pública é a essencialidade desde princípio.
O Princípio da Proporcionalidade possui os seguintes elementos essenciais:
 Adequação: o meio utilizado deve ser compatível com o fim buscado
(equilíbrio entre meios e fins).
 Exigibilidade: a conduta deve ser necessária, sendo o único meio menos
gravoso para alcançar o fim público.
 Proporcionalidade em sentido estrito: as vantagens têm de superar as
desvantagens.
Insta salientar que Celso Antônio Bandeira de Mello (2009, p. 78) ao definir a
ilegalidade de condutas praticadas pelo agente público diz:
Sobremodo quando a Administração restringe situação jurídica dos
administrados além do que caberia, por imprimir às medidas tomadas uma
intensidade ou extensão supérfluas, prescindendas, ressalta a ilegalidade
de sua conduta. É que ninguém deve estar obrigado a suportar constrições
em sua liberdade ou propriedade que não sejam indispensáveis à satisfação
do interesse público.

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Suponha-se, por exemplo, que um agente público pratique uma conduta de


infração leve, e um superior hierárquico deste agente aplique uma sanção
equiparada a de uma infração gravíssima. Nestes casos o Poder Judiciário tem
respaldo, desde provocado pelo interessado, em anular tal sanção, haja vista, que
violou o princípio da proporcionalidade.

DICAS
Por derradeiro, cumpre ressaltar que o Supremo Tribunal Federal subdivide o
princípio da proporcionalidade em 3 subprincípios, a saber: adequação, necessidade
e proporcionalidade em sentido estrito.
O Subprincípio da Proporcionalidade Stricto sensu consiste em uma ponderação
entre a intensidade da restrição ao direito fundamental e a importância da realização
do direito fundamental, apresentando-se como um verdadeiro equilíbrio de valores e
bens.
Por seu turno, o Subprincípio da Adequação revela-se na utilização da medida
adequada, idônea para atingir o fim pretendido, enquanto que o subprincípio da
necessidade se reflete na avaliação de medida restritiva de direito, com vistas a
definir se é realmente necessária para atingir o fim proposto ou se existe uma
medida menos danosa que atende a esse fim.

3.11 Princípio da Motivação

Estabelece que a Administração Pública deva justificar os seus atos,


apontando os fundamentos de fato e de direito (motivo), bem como a correlação
lógica entre os eventos e as providências tomadas.
A finalidade é avaliar se o administrador agiu de forma compatível com lei que
lhe serviu de fundamento. É também uma garantia para a ampla defesa e para o
controle da legalidade dos atos praticados. Portanto como o princípio da publicidade
é considerado requisito de validade do ato administrativo, a motivação é
indispensável ao controle de validade das condutas administrativas, haja vista que
demonstra para a coletividade que a atividade estatal se direciona a busca do
interesse social.

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Contudo, para diversos doutrinadores tal princípio não é considerado preceito


constitucional, mas sim uma mera exigência para as condutas estatais. Por outro
norte o STJ já manifestou que a motivação é um princípio constitucional:
"AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE
SEGURANÇA, ADMINISTRATIVO. ATO ADMINISTRATIVO.MOTIVAÇÃO.
AUSÊNCIA. 1. O motivo e requisito necessário a formação do ato
administrativo e a motivação, alçado à categoria de princípio, e obrigatório
ao exame da legalidade, da finalidade e da moralidade administrativa. 2.
Como ato diverso e autônomo que é, o ato administrativo que torno sem
efeito ato anterior, requer fundamentação própria, não havendo falar em
retificação, se o ato subsequente não se limito a emendar eventual falha ou
erro formal, importando na desconstituição integro/ do ato anterior. (.,.}, 4.
“Agravo regimental improvido”. (AgRg no RMS 15.350/DF, rei. MirL Hamilton
Carvalhído, DJ 8.9.2003). (CARVALHO, 2019)

Por fim, a luz da legislação infraconstitucional, o dever de motivação das


condutas estatais encontra respaldo no artigo: 50 da lei 9.784/99 estabelece que:
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos
fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:
I - Neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
II - Imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública;
IV - Dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório;
V - Decidam recursos administrativos;
VI - Decorram de reexame de ofício;
VII - Deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem
de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais;
VIII - Importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato
administrativo.
§ 1º A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir
em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres,
informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante
do ato.
§ 2º Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser utilizado
meio mecânico que reproduza os fundamentos das decisões, desde que
não prejudique direito ou garantia dos interessados.
§ 3º A motivação das decisões de órgãos colegiados e comissões ou de
decisões orais constará da respectiva ata ou de termo escrito. (BRASIL,
1999)

Com garantia da celeridade e economia processual, o ente estatal poderá


utilizar da mesma fundamentação (motivação) para justiçar vários atos idênticos,
desde que resguarde o direito das partes interessadas.
Esta situação, elencada no parágrafo primeiro acima, configura, o que a
doutrina administrativa chama de motivação aliunde dos atos administrativos, ocorre
quando a motivação de uma determinada conduta encontra fundamento em atos
administrativos pré-editados.

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Por fim, as motivações das decisões proferidas pelos Tribunais Administrativos,


a Constituição determina em seu art. 93º, inciso X, que “as decisões administrativas
dos Tribunais serão motivadas e em sessão pública, sendo as disciplinas tomadas
pelo voto da maioria absoluta de seus membros”

DICA
Ressalte-se ainda que não se confunde motivação e motivos dos atos
administrativos, uma vez que estes são elementos formadores da atuação e que a
motivação é somente a fundamentação deste ato.

3.12 Princípio da Isonomia

A Isonomia analisada em seu aspecto formal exclui o tratamento diferenciado


aos cidadãos, por motivo de índole pessoal, haja vista de garantir um padrão de
condutas dos Entes Estatais. A luz do aspecto material, a isonomia justifica o
tratamento diferenciado, cujo objetivo é igualar juridicamente aqueles considerados
desiguais. Neste sentido a Administração deve tratar igualmente os iguais e
desigualmente os desiguais, na medida de suas desigualdades.
Vale ressaltar que o Princípio da Isonomia visa garantir prerrogativas a
determinados grupos socialmente prejudicados como forma de diminuir as
desigualdades em relação ao restando da coletividade, cujo objetivo é incluir o
menos favorecidos na sociedade.
Como exemplo, podemos citar os portadores de deficiência, art.5º, §º, da lei
8.112/90 dispõe que:
As pessoas portadoras de deficiência são asseguradas o direito de se
inscrever em concurso público para provimento de cargo cujas atribuições
sejam compatíveis com a deficiência de que são portadoras, para tais
pessoas serão reservadas até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas
no concurso. (BRASIL, 1990)

Neste mesmo sentido a Súmula 683 do STF considera que a idade mínima
para ingresso em cargo público deverá ser justificada, se necessária ao exercício
das funções do cargo a ser preenchido, vejamos: Súmula 683 “O Limite de idade
para inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7º, XXX

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Constituição Federal, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições o
cargo a ser preenchido”.
Outra aplicação plausível do Princípio da Isonomia, como exemplo no ramo da
licitação, quando obriga o poder público garantir que as contratações tenham
critérios de contratação não quebre a igualdade entre os licitantes, como forma de
beneficiar um em detrimento dos demais.
Veja o julgado do Superior Tribunal de Justiça que manifestou o seguinte:
Ementa PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. RECURSO
ESPECIAL.MANDADO DE SEGURANÇA. DIREITO LÍQUIDO E CERTO
(LEI 1.533 /51, ART.
(1°). CERCEAMENTO DE DEFESA. NECESSÁRIO REEXAME DO
CONTEXTO FATICO. PROBATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ.
Licitação. RESTRIÇÃO EDJTALÍCIA RELATIVA À LOCALIZAÇÀO DE
INSTALAÇÓES DOS
LICITANTES. ILEGALIDADE (LEI 8.666 /93, ART 30, § 6°). PRINCIPIOS
DAISONOMIA E IMPESSOALIDADE. DOUTRINA. PRECEDENTES. L O
julgamento da alegada violação do art. 1° da Lei 1.533 i51 - para se verificar
a existência ou não de direito líquido e certo amparado por ação
mandamental -, bem como a análise da necessidade de perícia técnica e,
consequentemente, da ocorrência de cerceamento de defesa, pressupõem,
necessariamente, o reexame do contexto fático-probatório, atividade
cognitiva vedada nesta instância especial (Súmula 7 DO ST]). 2. No
ordenamento jurídico em vigor, a contratação de obras, serviços, compras e
alienações, no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal, dos Municípios e entidades da administração pública indireta, está
subordinada ao princípio constitucional da obrigatoriedade da licitação
pública, no escopo de assegurara igualdade de condições a todos os
concorrentes e a seleção da proposta mais vantajosa {CF/88, art. 37, XXI;
Lei 8.666 /93, arts. 1° 2° e 3°). 3. A Lei 8.666 193, na seção que tratada
habilitação dos licitantes interessados, veda exigências relativas à
propriedade e localização prévia de instalações, máquinas, equipamentos e
pessoal técnico (art. 30, § 6°). O fundamento dessa vedação repousa nos
princípios da isonomia e da impessoalidade. 4. A restrição editalícia
(exigência de disponibilidade de usina de asfalto localizada no raio de até
80 km do centro geométrico da obra) é manifestamente ilegal porque frustra
o caráter competitivo do certame, ou seja. restringe a disputa às empresas
situadas nas mediações da obra. 5. Recurso especial parcialmente
conhecido e, nessa parte, desprovido. STJ -RECURSO ESPECIAL REsp
622717RJ 2004/0008148-1 (STJ). Data de publicação: 05/10/2006.

DICA
Sendo assim, todas as vezes que a norma estatal definir critérios de tratamento
diferenciado entre os seus destinatários torna-se relevante a análise da adequação
entre essas regras e os motivos que ensejaram a referida discriminação.

Atualmente, a isonomia se manifesta em programas sociais do governo que


visam a inclusão dos menos favorecidos a adentrarem na sociedade, por exemplo,

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inclusão de afrodescendentes ou egressos de escolas públicas nas universidades


públicas.

3.13 Princípio da Finalidade

Dispõe que a Administração deve buscar sempre um fim legal, coincidente com
os interesses da coletividade (interesse público primário). Está intimamente ligado
aos princípios da supremacia do interesse público sobre o privado e do princípio da
indisponibilidade do interesse público.
O descumprimento desse princípio é chamado de desvio de poder ou desvio de
finalidade que, caracterizam-se quando o agente pratica o ato visando a fim diverso
daquele previsto, explícito ou implicitamente, na regra de competência do art. 2º, §
único, “e”, da Lei 4.717/65.
Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas
no artigo anterior, nos casos de:
(..)
Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade observar-se-ão
as seguintes normas:
(..)
e) o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a
fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de
competência. (BRASIL, 1965)

Neste sentido, José de Carvalho Filho (2012, p. 98) trata o princípio da


Finalidade como:
Uma reflexão da aplicação do conhecido princípio da finalidade, sempre
estampado na obra dos tratadistas da matéria, segundo o qual o alvo a ser
alcançado pela Administração é somente o interesse público, e não se
alcança o interesse público se for perseguido o interesse particular,
porquanto haverá nesse caso sempre uma atuação discriminatória' .

Por fim, o art. 2º, § único, inciso XIII da lei 9.784/99 define os critérios de
atuação da administração pública, determina que o agente público deva realizar uma
melhor interpretação da norma administrativa para melhor garantir o interesse
público sendo vedada a aplicação retroativa de nova interpretação.

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DICA
Ressalte-se que o desvio de poder (ou desvio de finalidade na prática do ato
administrativo) é considerado uma espécie do Gênero abuso de poder e, portanto,
qualquer ato administrativo, cujo objetivo ensejar obtenção de resultados diversos ao
do interesse público daquele definido na lei, por ser considerada abusivos e
consequentemente passíveis de na anulação.

3.14 Princípio da Especialidade

Este princípio tem como fonte basilar da indisponibilidade do interesse público


e do dever de eficiência na conduta administrativa, inerente aos órgãos estatais,
haja vista que justifica a desconcentração de atividades de órgãos estatais e a
descentralização dos serviços do Estado.
Conforme o art. 37, XIX da CF/88, para que a Administração Pública possa
criar entidades, é necessário que exista uma lei que autorize a criação e defina,
detalhadamente, as finalidades da nova pessoa jurídica.
Para José dos Santos Carvalho Filho (2012 p. 124), tal princípio aponta para a
absoluta necessidade de ser expressamente consignada na lei, porém a atividade
deve ser exercida, descentralizadamente pela entidade da Administração Indireta.
Nenhuma dessas atividades pode ser instituída com finalidades genéricas, vale
dizer, sem que se defina na lei o objeto preciso de sua atuação.
A atividade administrativa deve pautar-se na busca pela eficiência, em
determinados casos concretos os entes estatais delegam a terceiros especializados
a execução de alguns serviços públicos. Portanto a delegação de alguma atividade
acarreta mais eficiência, haja vista que as entidades especializadas dedicam todos
os seus esforços na execução de uma única função.

DICA
A Administração Pública se rege pelo princípio da especialidade, devendo criar
órgãos e entidades para atingir o interesse público. Não esquecer que a diferença
entre órgão e entidade está na Personalidade Jurídica.

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Neste mesmo diapasão, mediante criação de lei especifica se criam entidades


com personalidade jurídica própria e capacidade de autoadministração para alcançar
o interesse da coletividade.

Órgãos Não tem personalidade jurídica Ex: Ministérios e Secretarias


Entidades Possui Personalidade Jurídica Ex: Administração Direta e Indireta

ATENÇÃO
Na Criação de Órgãos fala-se em desconcentração!
Na Criação de Entidade (tem personalidade jurídica) fala-se em descentralização!

3.15 Princípio da Segurança Jurídica

É considerado um dos pilares da ordem jurídica, um dos princípios básicos do


Estado de Direito, sendo aplicável a outros ramos do Direito. Tem a finalidade de
evitar alterações supervenientes que causem instabilidade social e minorar os
efeitos traumáticos de novas disposições, protegendo sempre a estabilidade jurídica.
Um dos conflitos do Direito Administrativo está na ponderação entre os
princípios da legalidade e da segurança jurídica, diante de situações ilegais que
praticamente se consolidam no tempo e em que há boa-fé por parte dos
beneficiários de seus efeitos. Conforme o renomado José dos Santos Carvalho Filho
(2012), a doutrina alemã tem invocado os princípios da segurança jurídica e
proteção à confiança na tentativa de estabilização destas situações.
Pelo primeiro, confere-se relevo ao aspecto objetivo do conceito, indicando-se
a inafastabilidade da estabilização jurídica; pelo segundo, o realce incide sobre o
aspecto subjetivo, e neste se sublinha o sentimento do indivíduo em relação a atos,
inclusive e principalmente do Estado, dotados de Presunção de legitimidade e com
aparência de legalidade.
O STF, baseado em tais princípios, já permitiu a produção de efeitos de ato
administrativo baseado em lei constitucional, em que a situação do administrado já
estava consolidada. Conforme dita o art. 2º, inciso XIII, da lei 9.784/99, a
Administração deve buscar a interpretação da norma que melhor garanta o

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atendimento do fim público a que se dirige, vedada a aplicação retroativa da nova


interpretação.
Exemplo desta situação está nos pagamentos de determinadas vantagens a
servidores públicos a partir de errônea interpretação da legislação por parte da
Administração, que posteriormente buscava reaver as parcelas pagas.
O tema foi levado ao Judiciário, que pacificou entendimento de que as parcelas
pagas são irrepetíveis, face à boa-fé do servidor público. O entendimento foi
internalizado na Administração Pública Federal por meio da súmula editada pela
Advocacia-Geral da União.
Súmula 34 AGU: “não estão sujeitos à repetição os valores recebidos de boa-fé
pelo servidor público, em decorrência de errônea ou inadequada interpretação da lei
por parte da Administração Pública”.

DICA
Segurança Jurídica - Estabilidade das relações jurídicas com a “adoção de formas
simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurança e respeito
aos direitos dos administrados”.

3.16 Obrigatoriedade dos Princípios

Conforme previamente estipulado, esses princípios configuram um arcabouço


jurídico que justifica e embasa toda a atuação estatal.
Não é suficiente, pois, que o ente público atue em conformidade com o
disposto na lei, mas que pratique condutas de forma honesta, em respeito à
moralidade, buscando a obtenção de resultados positivos, dando publicidade aos
atos, por si praticados, além de se orientar por todos os outros princípios que
norteiam suas condutas.
Sendo assim, a boa administração é aquela que interpreta o texto legal de
forma a alcançar o interesse público, mas também respeitando os preceitos
balizadores da atuação do Estado como forma de garantir o exercício da cidadania.
Não se pode esquecer de que o Estado manifesta vontade em nome do povo,
devendo-se direcionar à satisfação dos anseios populares e que toda atuação da

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Administração Pública que se distancie de qualquer dos princípios analisados deve


ser considerada ilícita, em sentido amplo, e extirpada do ordenamento jurídico.
Ademais, o art. 11 da lei nº 8.429/92, demonstrando a força coercitiva dos
preceitos principiológicos que definem a atuação estatal considera ato de
improbidade qualquer conduta do agente público que enseje violação aos princípios
orientadores da atividade estatal, ainda que não haja enriquecimento ilícito ou
prejuízo direto ao erário em decorrência desta conduta.
Por fim, além da função coercitiva, deve-se reconhecer a força orientadora
dessas normas, que devem ser analisadas na confecção das regras aplicáveis à
atuação do ente público, na execução da atividade administrativa.

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REFERÊNCIAS

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desvio de poder e a convalidação dos seus atos. Jus. 2016. Disponível em
https://jus.com.br/artigos/48858/abuso-de-poder-excesso-de-poder-e-desvio-de-
poder-e-a-convalidacao-dos-seus-atos Acesso em 28 de ago. 2019

BITTENCOURT, Marcos. Manual de Direito Administrativo, São Paulo: Forum


Editora, 4ª ed, 2011

BRASIL. Constituição Da República Federativa Do Brasil De 1988. Emendas


Constitucionais de Revisão. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm Acesso em 28 de
ago. 2019

BRASIL. Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992. Dispõe sobre as sanções aplicáveis


aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de
mandato, cargo, emprego ou função na administração pública direta, indireta
ou fundacional e dá outras providências. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8429.htm Acesso em 25 de ago. 2019

BRASIL. Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011. Regula o acesso a


informações previsto no inciso XXXIII do art. 5º , no inciso II do § 3º do art. 37 e
no § 2º do art. 216 da Constituição Federal; altera a Lei nº 8.112, de 11 de
dezembro de 1990; revoga a Lei nº 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos
da Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providências. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm Acesso em
25 de ago. 2019

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. RE 327.904, Rel. Min. Carlos Britto, Primeira
Turma, DJ 8.9.2006. Disponível em
www.stf.jus.br›portal›processo›verProcessoTexto Acesso em 28 de ago. 2019

BRASIL. Decreto-lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967. Dispõe sobre a


organização da Administração Federal, estabelece diretrizes para a Reforma
Administrativa e dá outras providências. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del0200.htm Acesso em 28 de ago.
2019

BRASIL. Superior Tribunal Federal. Súmula Vinculante 5. Disponível em


http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumario.asp?sumula=1199 Acesso
em 28 de ago. 2019

BRASIL. Superior Tribunal Federal. Súmula Vinculante 21. Disponível em


http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumario.asp?sumula=1255 Acesso
em 28 de ago. 2019

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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
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http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumarioSumulas.asp?sumula=1602
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BRASIL. Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999. Regula o processo administrativo


no âmbito da Administração Pública Federal. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9784.htm Acesso em 25 ago. 2019

BRASIL. Lei nº 7.783, de 28 de junho de 1989. Dispõe sobre o exercício do direito


de greve, define as atividades essenciais, regula o atendimento das
necessidades inadiáveis da comunidade, e dá outras providências. Disponível
em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7783.htm Acesso em 25 ago. 2019

BRASIL. Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995. Dispõe sobre o regime de


concessão e permissão da prestação de serviços públicos previsto no art. 175
da Constituição Federal, e dá outras providências. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8987compilada.htm Acesso em 25 ago.
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E_2008.aspx Acesso em 27 ago. 2019

BRASIL. Emenda constitucional nº 45, de 30 de dezembro de 2004. Altera


dispositivos dos arts. 5º, 36, 52, 92, 93, 95, 98, 99, 102, 103, 104, 105, 107, 109,
111, 112, 114, 115, 125, 126, 127, 128, 129, 134 e 168 da Constituição Federal, e
acrescenta os arts. 103-A, 103B, 111-A e 130-A, e dá outras providências.
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm Acesso
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