Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Marcos Castelli PDF
Marcos Castelli PDF
MARCOS CASTELLI
Maringá-PR
2016
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA
M ARCOS C ASTELLI
Maringá-PR
2016
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Biblioteca Setorial BSE-DMA-UEM, Maringá, PR, Brasil)
Castelli, Marcos
C348t Teoremas de ponto fixo / Marcos Castelli. --
Maringá, 2016.
72 f. : il. figs.
MARCOS CASTELLI
BANCA EXAMINADORA
Meus sinceros agradecimentos aos meus queridos pais, Venilda de Lourdes de Bar-
ros Castelli e Amarildo Castelli por tudo aquilo que me ensinaram, pelo amor, confi-
ança e incentivo que me deram. Aos meus irmãos, Fabio Castelli e Silvana Castelli pelo
companheirismo, afeto e apoio.
Neste trabalho estudaremos teoremas sobre pontos fixos, a citar, Banach, Brouwer,
Schauder e Schaefer, e apresentamos algumas aplicações destes. Para o de Banach, sua
demonstração fornece um processo interativo para encontrar o ponto fixo.
Munidos dos resultados sobre Lagrangianas nulas provamos que não existe uma re-
tração suave da bola unitária em sua fronteira. Utilizando ideias de função suavizante
constatamos que não existe retração contínua, com a posse desses fatos demonstramos
o teorema do ponto fixo de Brouwer.
This work is concerned with the Fixed Point theorems, more precisely, we deal with
the Banach, Brouwer, Schauder and Schaefer theorems, and their applications.
For the proof of Banach’s theorem, the iterative process has been presented provi-
ding the successive approximation algorithm for applications.
In order to prove the Brouwer Fixed Point theorem, we show that there is no con-
tinuous retraction from the unit ball into its boundary. The machinery of the Null-
Lagrangian and some Functional Analysis results are used.
The Shauder theorem is proven as a generalization of the Brouwer Fixed Point the-
orem to the infinite-dimensional compact and convex sets. Finite-dimensional projec-
tions are used for continuous operators to show the to be possessed with a fixed point.
As a corollary, we prove in the sequel the Schaefer Fixed Point theorem which is
useful to solve boundary and initial-boundary value problems for non-linear differen-
tial equations.
Introdução 8
1.2 Aplicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
3.3 Aplicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
Apêncice 61
Referências Bibliográficas 71
INTRODUÇÃO
A teoria sobre pontos fixos são de vasta aplicação em matemática, sendo também
uma ferramenta corriqueira no estudo envolvendo equações diferenciais não lineares.
Devido a valiosas informações que um ponto fixo pode oferecer, grandes matemáticos
enriqueceram a teoria com grandes teoremas sobre pontos fixos.
Neste capítulo abordaremos o Teorema do Ponto Fixo de Banach, também conhecido como
teorema das contrações. Este teorema é um resultado fundamental em espaços métricos,
ele garante a existência de um único ponto fixo para uma aplicação sobre certas condi-
ções.
O nome deste teorema é devido a Stefan Banach, um cientista polonês que concedeu
grandes contribuições para a matemática. Ele fundou a Análise Funcional Moderna e,
entre os vários trabalhos, destacam-se as suas ideias para a teoria das séries ortogonais
e na teoria de medida e integração. Banach foi quem introduziu o conceito de espaços
vetorias normados, e provou vários teorema dessa área.
Definição 1.1. Um espaço métrico é um par (X, d) onde X é um conjunto não vazio e d é uma
função definida sobre X × X assumindo valores em R cumprindo as seguintes condições para
todo x, y, z ∈ X :
• M2 ) d(x, y) = 0 ⇔ x = y ;
• M3 ) d(x, y) = d(y, x) ;
Quando nos referirmos a R como espaço métrico estaremos considerando essa mé-
trica.
d(x, y) = kx − yk.
n
! 12
X
kxk = x2i ;
i=1
n
X
kxk1 = |xi | ;
i=1
kxk2 = max {|xi |},
1≤i≤n
onde x : (x1 , . . . , xn ) ∈ Rn .
Como uma das aplicações do teorema do ponto fixo de Banach, iremos provar
o teorema de existência e unicidade de solução para um sistemas de EDOs, o fa-
moso teorema de Picard-Lindelöf. Na sua demonstração usaremos o espaço vetorial
C ([a, b], Rn ) := {f : [a, b] → Rn : f é contínua} com a norma
p
kxk = hx, xi, (x ∈ X).
Definição 1.2 (Sequência de Cauchy, Espaço Completo). Uma sequência (xn ) em um es-
paço métrico (X, d) é dita de Cauchy se para todo ε > 0 existir N = N (ε) ∈ N tal que
Um espaço vetorial normado cuja métrica induzida o torna um espaço métrico com-
pleto é chamado de espaço de Banach, como também se um espaço vetorial munido de
um produto interno cuja norma obtida o classifica como espaço de Banach, é chamado
espaço de Hilbert.
xn+1 = f (xn )
Demonstração:
De fato, pela Definição 1.4, existe 0 < c < 1 tal que d(f (x), f (y)) ≤ c d(x, y), assim
≤ c d(xn , xn−1 )
≤ c2 d(xn−1 , xn−2 )
..
.
≤ cn d(x1 , x0 ).
cm
d(xm , xn ) ≤ d(x0 , x1 ) −→ 0 quando m → ∞. (1.1-1)
1−c
x = lim xn = lim f (xn−1 ) = f lim xn−1 = f (x).
n→∞ n→∞ n→∞
E para finalizar mostraremos que x é o único ponto fixo. Suponhamos que y ∈ X seja
um ponto fixo de f , assim
isso implica que d(x, y) = 0, pois c < 1. Logo x = y, e isto completa a demonstração.
O Teorema do Ponto Fixo de Banach é especialmente útil, uma vez que, além da
existência garante a unicidade do ponto fixo. No entanto, a exigência da aplicação
ser uma contração limita a sua utilidade. Nos próximos capítulos estaremos enfraque-
cendo as hipóteses sobre a aplicação, porém pediremos condições mais fortes sobre o
domínio e contradomínio da aplicação.
Corolário 1.6. Seja f : X → X uma aplicação sobre o espaço métrico X = (X, d), e suponha
que f m é uma contração para algum inteiro positivo m. Então f tem um único ponto fixo.
1.2 Aplicações 16
Demonstração:
lim g n (x) = x
b
n→∞
x
b = lim g n (f (b
x))
n→∞
= lim f (f (f (. . . (f (b
x)))))
n→∞ | {z }
mn+1 vezes
= lim f f (f (. . . (f (b
x))))
n→∞ | {z }
mn vezes
n
= lim f (g (b
x))
n→∞
= lim f (b
x)
n→∞
= f (b
x) .
1.2 Aplicações
Demonstração:
1.2 Aplicações 17
Suponhamos por contradição que exista ε0 > 0 tal que para todo n ∈ N pode-se
1
obter xn ∈ X e tn ∈ K de modo que kxn − x0 k < e kf (xn , tn ) − f (x0 , tn )k > ε0 .
n
Como K é compacto, passando a subsequência se necessário, podemos assumir que
tn → t0 ∈ K. Como xn → x0 , a continuidade da f nos daria
Z b
f (t) − µ k(t, τ )f (τ ) dτ = g(t) (1.2-2)
a
Aqui [a, b] é um intervalo real, f é uma função real sobre [a, b] desconhecida, e µ ∈ R é um
parâmetro, o Núcleo k da equação é uma função dada sobre G = [a, b] × [a, b], e g é uma função
dada sobre [a, b].
Aplicação 1.9 (Equação Integral de Fredholm). Suponha que k : G → R seja uma função
contínua sobre G = [a, b] × [a, b] e suponha ainda que g ∈ C[a, b]. Se
1
|µ| < (1.2-3)
c(b − a)
Z b
f (t) − µ k(t, τ )f (τ ) dτ = g(t)
a
1
Uma equação sem o termo f (t) assume a forma
Z b
k(t, τ )f (τ ) dτ = g(t)
a
Demonstração:
Z b
T f (t) = g(t) + µ k(t, τ )f (τ ) dτ.
a
Vamos mostrar que T f é contínua em [a, b]. Seja t0 ∈ [a, b] e tn → t0 em [a, b].
Como k é contínua, dado ε > 0 o lema 1.7 garante que existe δ > 0 tal que, se µ, f 6= 0
ε
|tn − to | < δ =⇒ |k(tn , τ ) − k(t0 , τ )| < , para todo τ ∈ [a, b].
2|µ| kf k |b − a|
d(T f , T h ) = max |T f (t) − T h (t)|
t∈[a,b]
Z b
= |µ| max k(t, τ )[f (τ ) − h(τ )] dτ
t∈[a,b] a
Z b
≤ |µ| max |k(t, τ )||f (τ ) − h(τ )| dτ
t∈[a,b] a
Z b
≤ |µ| c max |f (x) − h(x)| dτ
a x∈[a,b]
Z b
= |µ| c max |f (x) − h(x)| dτ
x∈[a,b] a
= |µ| c d(f, h)(b − a)
= α d(f, h)
1
α = |µ|c(b − a) < .c(b − a) = 1.
c(b − a)
Aplicação 1.10 (Equação Integral de Volterra). Suponhamos que g em (1.2-4) seja contínua
sobre [a, b] e que o núcleo k é contínua sobre a região triangular R no plano tτ dada por a ≤
τ ≤ t, a ≤ t ≤ b. Então (1.2-4) tem uma única solução f sobre [a, b] para todo µ.
Demonstração:
Z t
T f (t) = g(t) + µ k(t, τ )f (τ ) dτ, (1.2-5)
a
f (t) = T f (t)
(t − a)m
|T m f (t) − T m h (t)| ≤ |µ|m cm
d(f, h). (1.2-7)
m!
Para m = 1 é verdadeiro por (1.2-6). Suponha válido até m, assim, usando a hipótese
1.2 Aplicações 21
de indução temos
m+1 m+1 m m
|T f (t) − T h (t)| = T T f (t) − T T h (t)
Z t
m
m
= |µ| k(t, τ )[T f (τ ) − T h (τ )] dτ
a
Z t
|k(t, τ )||T m f (τ ) − T m h (τ )| dτ
≤ |µ|
Za t
(τ − a)m
≤ |µ| c |µ|m cm d(f, h) dτ
a m!
Z t
m+1 m+1 (τ − a)m
= |µ| c d(f, h) dτ
a m!
(t − a)m+1
= |µ|m+1 cm+1 d(f, h)
(m + 1)!
(b − a)m
|T m f (t) − T m h (t)| ≤ |µ|m cm
d(f, h).
m!
m
m
d T f , T h ≤ αm d(f, h),
onde
(b − a)m
αm = |µ|m cm .
m!
Fixado µ e para m suficientemente grande temos que αm < 1, assim T m é uma contra-
ção sobre C[a, b], segue do corolário 1.6 que (1.2-4) tem uma única solução.
e |f | < M .
Demonstração:
Assim, uma solução do problema (1.2-8) dever ser também uma solução da equação
(1.2-9), e reciprocamente, se x(t) é solução da equação integral (1.2-9) então
x(t0 ) = x0 e x0 = f (t, x)
pelo teorema fundamental do Cálculo, ou seja, x(t) é uma solução de (1.2-8). Ainda, se
Z t
g(t) = x0 + f (s, x(s)) ds,
t0
obtemos que
g(t0 ) = x0 e g0 (t) = f (t, x)
e, portanto,
g(t) = x(t).
1.2 Aplicações 23
Z t
T x(t) = x0 + f (s, x(s)) ds, x ∈ C (Iα , Bb ) .
t0
K n |t − t0 |n
|T n x(t) − T n y(t) | ≤
d(x, y), t ∈ Iα , (1.2-10)
n!
k+1 k+1 k k
|T x(t) − T y(t) | = T T x(t) − T T y(t)
Z t h
k
k
i
=
f s, T x(s) − f s, T y(s) ds
Zt0t
k
k
≤ f s, T x(s) − f s, T y(s) ds
Zt0t
k k
≤ K T x(s) − T y(s) ds
t0
Z t k k
K |s − t0 |
≤ K d(x, y) ds
t0 k!
k+1
Z t
K k
= d(x, y) |s − t0 | ds
k! t0
k+1 k+1
K |t − t0 |
= d(x, y).
(k + 1)!
Portanto,
K n αn
|T n x(t) − T n y(t) | ≤
d(x, y)
n!
K n αn
assim para n suficientemente grande, < 1 visto que este é o termo da série cuja
n!
soma é ekα , donde T n é uma contração em C (Iα , Bb ). Pela Proposição 1.6 temos que T
possui um único ponto fixo, e isto prova o teorema de Picard-Lindelöf.
n
X ∂ 2f
4f := ,
i=1
∂x2i
Aplicação 1.13. Vamos agora aplicar o Teorema do Ponto Fixo de Banach para comprovar a
existência de solução para o problema de contorno semi-linear com condições iniciais para o
1.2 Aplicações 25
n
X n
X
ij
Lu = − a (x, t) uxi xj + bi (x, t) uxi + c(x, t)u.
i,j=1 i=1
u : [0, T ] → H01 (U )
definida por
[u(t)] (x) := u(x, t) (x ∈ U, 0 ≤ t ≤ T ).
∂u
Fixe a função v ∈ H01 (U ). Multiplicando por v a EDP + Lu = f e depois inte-
∂t
1.2 Aplicações 26
n
Z X n
X
ij
B[u, v; t] := a (·, t) uxi vxj + bi (·, t) uxi v + c(·, t)uv dx
U i,j=1 i=1
kut kH −1 (U ) ≤ C kukH01 (U ) + kut kL2 (U ) .
O primeiro termo em (1.2-13) pode ser expresso por hu0 , vi, onde h , i denota a duali-
dade de H −1 (U ; Rm ) e H01 (U ; Rm ).
u ∈ L2 0, T ; H01 (U ) com u0 ∈ L2 0, T ; H −1 (U )
• hu0 , vi + B[u, v; t] = (f , v)
• u(0) = g.
Teorema 1.16 (Existência da solução fraca). Existe uma única solução fraca de (1.2-12).
Portanto
|f (z)| ≤ C (kzk + 1) (1.2-14)
Dizemos que
u ∈ L2 0, T ; H01 (U ; Rm ) com u0 ∈ L2 0, T ; H −1 (U ; Rm )
(1.2-15)
u(0) = g. (1.2-17)
Z 21
2
kukH01 (U ;Rm ) = kDuk dx .
U
Demonstração:
Para demonstrar este teorema, vamos aplicar o Teorema do Ponto Fixo de Banach.
Considere o espaço
X = C [0, T ]; L2 (U ; Rm ) ,
com a norma
kvk := max kv(t)kL2 (U ;Rm ) .
0≤t≤T
Seja A o operador definido como segue. Dada uma função u ∈ X, seja h(t) :=
f (u(t)) (0 ≤ t ≤ T ). Devido a estimativa (1.2-14) temos que h ∈ L2 (0, T ; L2 (U ; Rm )) .
1.2 Aplicações 28
w ∈ L2 0, T ; H01 (U ; Rm ) com w0 ∈ L2 0, T ; H −1 (U ; Rm ) .
(1.2-19)
Assim, w ∈ X satisfaz
Defina A : X → X por
A[u] = w,
a2 εb2
Logo, aplicando as desigualdades de Cauchy-Schwars, Young ab ≤ + , ε>0
2ε 2
e Poincaré temos
d
kw − w∗ k2L2 (U ;Rm ) + 2kw − w∗ k2H 1 (U ;Rm )
dt 0
= 2 (w − w∗ , h − h∗ )
2
Para ε < deduzimos
C
d d
kw − w∗ k2L2 (U ;Rm ) ≤ kw − w∗ k2L2 (U ;Rm ) + (2 − εC)kw − w∗ k2H 1 (U ;Rm )
dt dt 0
1
≤ kf (u) − f (u∗ )k2L2 (U ;Rm )
ε
≤ Kku − u∗ k2L2 (U ;Rm ) ,
Z s
∗ d
kw(s) − w (s)k2L2 (U ;Rm ) = kw(t) − w∗ (t)k2L2 (U ;Rm ) dt
0 dt
Z s
≤ K ku(t) − u∗ (t)k2L2 (U ;Rm ) dt (1.2-21)
0
≤ KT ku − u∗ k2
kw − w∗ k2 ≤ KT ku − u∗ k2 .
Logo
1
kA[u] − A[u∗ ]k ≤ (KT ) 2 ku − u∗ k, (1.2-22)
1
portanto A é uma contração se T é pequeno tal que (KT ) 2 = γ < 1.
1
Dado T > 0, escolhemos T1 > 0 tão pequeno tal que (KT1 ) 2 < 1. Então aplicamos
o Teorema do Ponto Fixo de Banach para encontrar uma solução do problema 1.2-11
1.2 Aplicações 30
sobre o intervalo de tempo [0, T1 ]. Desde que u(t) ∈ H01 (U ; Rm ) quase sempre em
0 ≤ t ≤ T1 , podemos redefinir T1 se necessário e assumir que u(T1 ) ∈ H01 (U ; Rm ).
Observe que o tempo T1 > 0 depende da constante K, que por sua vez depende
da somente constante de Lipschitz para f . Podemos então repetir o que foi feito acima
para o intervalo [T1 , 2T1 ] e estender nossa solução para esse intervalo. Após alguns
passos construímos uma solução fraca em todo o intervalo [0, T ].
CAPÍTULO 2
Luitzen Egbertus Jan Brouwer mais conhecido como L.E.J. BROUWER, nasceu em
Overschie no dia 27 de fevereiro de 1881 vivendo até o dia 2 de dezembro de 1966, em
Blaricum. Foi um grande gênio matemático com fortes tendências filosóficas. Embora
a própria demonstração proposta por ele recebeu suas críticas, por terem base na lei
do terceiro excluído (demonstração por absurdo), Brouwer foi quem fundou o intuici-
onismo matemático que considera qualquer objeto matemático como um produto da
construção de uma mente, e portanto, a existência de um objeto matemático equivale
a construção dele.
Suponhamos que f : [−1, 1] → [−1, 1] seja uma função contínua. Então f possui um ponto
fixo.
Demonstração:
Suponhamos que f não tenha ponto fixo, assim a função g : [−1, 1] → {−1, 1}
definida por
f [x] − x
g[x] :=
|f [x] − x|
é uma função contínua. Sendo I = [−1, 1] um intervalo e g contínua, temos que g[I] é
um intervalo e, portanto, g[I] = {−1} ou g[I] = {1}. Se g[I] = {1} então
f [1] − 1
1 = g[1] = =⇒ 1 − f [1] = f [1] − 1 =⇒ 2(1 − f [1]) = 0 =⇒ f [1] = 1
|f [1] − 1|
Escreveremos
L = L(p, z, x) = L(p1 , . . . , pn , z, x1 , . . . , xn )
2.1 Equação de Euler-Lagrange 33
Dp L = (Lp1 , . . . , Lpn ) ;
Dz L = Lz ;
Dx L = (Lx1 , . . . , Lxn ).
Defina Z
I[w] := L(Dw(x), w(x), x)dx (2.1-2)
U
sobre todos os caminhos u(x, y) que coincidem com g sobre ∂Ω. Este problema também
é conhecido como problema de Plateau.
2.1 Equação de Euler-Lagrange 34
Braquistócrona. Dado um corpo de massa unitária situado na origem (0, 0), queremos
deslocá-lo até um ponto A = (xA , yA ) com yA < 0 < xA sob a ação da gravidade na
ausência de atrito. Queremos determinar a curva y(x) satisfazendo y(0) = 0 e y(A) =
yA para o qual o tempo de percurso é o mínimo.
Demonstração:
Defina
1
1−
δ2
kx − x0 k 2 se x ∈ B(x0 , δ)
v(x) =
0 se x ∈
/ B(x0 , δ).
2.1 Equação de Euler-Lagrange 35
Temos então que v é suave com suporte compacto além do que, v(x) > 0 para todo
x ∈ B(x0 , δ), assim
Logo Z Z
w(x)v(x)dx = w(x)v(x)dx > 0,
U B(x0 ,δ)
Voltemos ao problema de minimizar (2.1-2). Suponha que existe uma função suave
u cumprindo u = g sobre ∂U e u seja um minimizador de I[·] entre todas as funções
satisfazendo (2.1-1). Vamos demonstrar que u sobre essas hipóteses é solução de uma
EDP não linear.
Para confirmar nossa afirmação, escolha qualquer função suave v com suporte com-
pacto, assim toda função w que cumpre (2.1-1) pode ser escrita como
i0 (0) = 0. (2.1-4)
Z "X
n
#
i0 (ε) = Lpi (Du + εDv, u + εv, x)vxi + Lz (Du + εDv, u + εv, x)v dx. (2.1-7)
U i=1
Z "X
n
#
0 = i0 (0) = Lpi (Du, u, x)vxi + Lz (Du, u, x)v dx
U i=1
n Z
X
= [Lpi (Du, u, x)vxi + Lz (Du, u, x)v] dx . (2.1-8)
i=1 U
Finalmente, desde que v tem suporte compacto, fazendo a integração por partes obte-
mos
Z Z Z
Lpi (Du, u, x)vxi dx = − (Lpi (Du, u, x))xi v dx + Lpi (Du, u, x)vν i dS
U ZU ∂U
n Z h
X i
0 = − (Lpi (Du, u, x))xi v + Lz (Du, u, x)v dx
i=1 U
Z " X n
#
= − (Lpi (Du, u, x))xi + Lz (Du, u, x) v dx.
U i=1
Como está igualdade é válida para todas as funções v ∈ C01 (U ), concluímos do lema
2.1 que u deve ser solução da EDP não linear
n
X
− (Lpi (Du, u, x))xi + Lz (Du, u, x) = 0 em U. (2.1-9)
i=1
2.1 Equação de Euler-Lagrange 37
1
L(p, z, x) = kpk2 .
2
é
n n n
X X X ∂ 2u
0=− (pi )xi = (uxi )xi = = 4u em U.
i=1 i=1 i=1
∂x2i
L : Mm×n × Rm × U → R
L = L(P, z, x) = L(p11 , . . . , pm 1 m
n , z , . . . , z , x1 , . . . , xn )
Defina Z
I[w] := L(Dw(x), w(x), x) dx. (2.1-10)
U
Aqui
wx11 ··· wx1n
.. ..
Dw(x) = ..
. . .
wxm1 · · · wxmn
m×n
é a matriz gradiente de w em x.
Como antes,
i0 (0) = 0.
Se ε = 0 então
Z "X
n X
m m
X
#
0 = i0 (0) = Lpki (Du, u, x)vxki + Lzk (Du, u, x)v k dx.
U i=1 k=1 k=1
2.1 Equação de Euler-Lagrange 39
n X
X m Z m
Z X
0 = Lpki (Du, u, x)vxki dx + Lzk (Du, u, x)v k dx
i=1 k=1 U U k=1
Xn X m Z m
Z X
k
= − Lpki (Du, u, x) v dx + Lzk (Du, u, x)v k dx
xi
i=1 k=1 U U k=1
Z X m
" n #
X
= − Lpki (Du, u, x) + Lzk (Du, u, x) v k dx.
U k=1 xi
i=1
Como está igualdade está válida para todas as funções testes v 1 , . . . , v n concluímos que
n
X
− Lpki (Du, u, x) + Lzk (Du, u, x) = 0 em U (k = 1, . . . , m). (2.1-11)
xi
i=1
Definição 2.2 (Lagrangiana nula). A função L é chamada de Lagrangiana nula se para toda
função suave w : U → Rm o sistema de equações de Euler-Lagrange é satisfeito, isto é
n
X
− Lpki (Dw, w, x) + Lzk (Dw, w, x) = 0 em U (k = 1, . . . , m). (2.1-12)
xi
i=1
Teorema 2.3. Seja L uma Lagrangiana nula. Assuma que u, f sejam duas funções em C ∞ (U , Rm )
tais que
u ≡ f sobre ∂U.
Então
I[u] = I[f ].
Demonstração:
2.1 Equação de Euler-Lagrange 40
Então
Z "X
n X
m
i0 (ε) = Lpki (εDu + (1 − ε)Df , εu + (1 − ε)f , x)(ukxi − fxki )
U i=1 k=1
m
#
X
k k
+ Lzk (εDu + (1 − ε)Df , εu + (1 − ε)f , x)(u − f ) dx
k=1
m Z
" n
X X
= − Lpki (εDu + (1 − ε)Df , εu + (1 − ε)f , x)
U xi
k=1 i=1
+Lzk (εDu + (1 − ε)Df , εu + (1 − ε)f , x)] (uk − f k ) dx
=0
pois L é uma Lagrangiana nula e temos que (εu + (1 − ε)f ) ∈ C ∞ (U , Rm ) para todo
0 ≤ ε ≤ 1. Logo i( · ) é constante, e assim
isto é
n
X
(det P )δij = pki (cofP )kj (i, j = 1, . . . , n). (2.1-13)
k=1
n
∂ det P X ∂ l
pm (cofP )lm = (cofP )km (k, m = 1, . . . , n).
k
= k
(2.1-14)
∂pm l=1
∂pm
De fato, se l 6= k então (cofP )lm não possui a variável pkm , pois retira-se a coluna m da
∂
matriz P , logo a derivada k plm (cofP )lm é zero.
∂pm
2.1 Equação de Euler-Lagrange 41
n
X
(cofDu)ki,xi = 0 (k = 1, . . . , n). (2.1-15)
k=1
Demonstração:
n n
X X ∂ det Du
δij (cofDu)km ukxm xj pkm
= δij xj
k,m=1 k,m=1
∂pkm
∂
= [(det Du)δij ]
∂xj
" n #
∂ X
= ukxi (cofDu)kj
∂xj k=1
n
X
= ukxi xj (cofDu)kj + ukxi (cofDu)kj,xj .
k=1
n
X n
X
δij (cofDu)km ukxm xj = ukxi xj (cofDu)kj + ukxi (cofDu)kj,xj . (2.1-16)
j,k,m=1 j,k=1
n
X n
X n
X
δij (cofDu)km ukxm xj = (cofDu)km ukxm xi = ukxi xj (cofDu)kj .
j,k,m=1 k,m=1 j,k=1
n n
!
X X
ukxi (cofDu)kj,xj =0 (i = 1, . . . , n), (2.1-17)
k=1 j=1
em x0 . Agora se det Du(x0 ) = 0, escolha ε > 0 de modo que det D(u(x0 ) + εI) 6= 0, e
2.2 Teorema do Ponto Fixo de Brouwer 42
n
X
(cofD(u(x0 ) + εx0 )kj,xj = 0 (k = 1, . . . , n).
j=1
L(P, z, x) := det P
Demonstração:
n
X n
X
− Lpki (Du) + Lzk (Du) = − (cof Du)ki,xi = 0 (k = 1, . . . , n).
xi
i=1 i=1
u : B[0, 1] → B[0, 1]
seja uma função contínua. Então u tem um ponto fixo, isto é, existe x ∈ B[0, 1] tal que
u(x) = x.
Demonstração:
Etapa I. Escreva B = B[0, 1]. Nossa primeira afirmação é que não existe uma função
suave
w : B → ∂B (2.2-18)
cumprindo
w(x) = x para todo x ∈ ∂B. (2.2-19)
Com efeito, suponhamos que tal função w exista. Assim, por (2.2-19) temos
w ≡ I sobre ∂B.
Desde que a função determinante é uma Lagrangiana nula, então o teorema 2.3 implica
que Z Z
det Dw dx = det DI dx = vol(B) 6= 0. (2.2-20)
B B
Por outro lado, (2.2-18) implica que kwk2 ≡ 1, e então diferenciando, nós temos
Como kwk2 = 1, (2.2-21) diz que 0 é um auto valor de (Dw)T para todo x ∈ B, assim
em contradição com (2.2-20). Logo não existe uma função suave w satisfazendo (2.2-18)
e (2.2-19).
Etapa II. Vamos provar agora que não existe função contínua w satisfazendo (2.2-18) e
(2.2-19). Suponhamos que exista tal função w, e estenda continuamente para a função
2.2 Teorema do Ponto Fixo de Brouwer 44
Observe que w1 (x) 6= 0 se x ∈ Rn . Fixe ε > 0 tão pequeno que w1ε = ηε ∗ w1 , onde ηε
é dada pela definição 3.26 do apêndice, cumpra kw1ε (x)k 6= 0 (x ∈ Rn ). Isto é possível
devido a propriedade (iii) do teorema 3.28 do apêndice.
Defina
2w2
w3 := ,
kw2 k
então w3 é uma função suave pois, w2 é uma função suave devido a propriedade (i) do
teorema 3.28 do apêndice e w2 (x) 6= 0 (x ∈ Rn ). A função w3 cumpre as condições (2.2-
18) e (2.2-19) para a bola B[0, 2]. Usando os mesmos argumentos da Etapa I conclue-se
que isto é impossível.
Etapa III. Finalmente vamos a prova do nosso teorema. Suponhamos que exista u
contínua mas não possua ponto fixo. Defina a aplicação w : B → ∂B por
x − u(x)
w(x) := ,
kx − u(x)k
w(x)
u(x)
x
2.2 Teorema do Ponto Fixo de Brouwer 45
Então w(x) = x sobre ∂B, e w é uma função contínua que cumpre (2.2-18) e (2.2-19).
Mas isto é uma contradição com a etapa II, portanto u possui um ponto fixo.
Para futuras aplicações, será necessário uma generalização para conjuntos conve-
xos do Teorema do Ponto Fixo de Brouwer.
Definição 2.7. Seja X um espaço topológico não vazio. Dizemos que X tem a propriedade do
ponto fixo se toda função contínua f : X → X tem um ponto fixo.
Demonstração:
h−1 ◦ g ◦ h : X → X
h−1 ◦ g ◦ h(x0 ) = x0 .
Demonstração:
Teorema 2.11. Todo conjunto K ⊂ Rn convexo, fechado, limitado e não vazio tem a proprie-
dade do ponto fixo.
Demonstração:
O teorema 3.23 do apêndice afirma que K é uma retração de B[0, M ], e pelo teorema
2.10, K possui a propriedade do ponto fixo.
CAPÍTULO 3
Nesta seção estabeleceremos uma extensão do Teorema do Ponto Fixo de Brouwer para
espaços de Banach. Agora a hipótese exigida é compacidade. Esta generalização é
devida a Schauder. A ideia agora é aproximar aplicações compactas por aplicações
com imagem de dimensão finita.
Considere
∞
X
2
l2 := {x = (x1 , x2 , . . .) : kxk = |xi |2 < ∞}
i=1
p
A[x] := 2
1 − kxk , x1 , x2 , . . .
3.1 Teorema do Ponto Fixo de Schauder 48
Note que
p 2 ∞
X
kA[x]k2 = 1 − kxk2 + |xi−1 |2 = (1 − kxk2 ) + kxk2 = 1.
i=2
∞
!
p p 2 X
2
kA[xn ] − A[x]k = 1 − kxn k2 − 1 − kxk2 + |xni−1 − xi−1 |2
i=2
p p 2
= 1 − kxn k2 − 1 − kxk2 + kxn − xk2 .
p
(x1 , x2 , x3 , . . .) = x = A[x] = 2
1 − kxk , x1 , x2 , . . . .
p
Então x1 = 1 − kxk2 e xi+1 = xi para todo i = 1, 2, . . .
Logo,
1 = kA[x]k2 = kxk2 = 1 − (x1 )2
isto é, existe J1 ⊂ N infinito tal que lim λk1 = λ1 com 0 ≤ λ1 ≤ 1. Considerando agora a
k∈J1
sequência {λk2 }k∈J1 real limitada, temos que existe J2 ⊂ J1 infinito tal que lim λk2 = λ2 e
k∈J2
0 ≤ λ2 ≤ 1. Continuando esse raciocínio obtemos um conjunto J ⊂ Ji infinito, tal que
n
X X n
k k
lim λi = λi com 0 ≤ λi ≤ 1. Da seguinte igualdade λi = 1 obtemos que λi = 1.
k∈J
i=1 i=1
n
X
Defina então v ∗ = λi ui ∈ conv (Y ).
i=1
∗
Temos que v = v . Com efeito, dado > 0 existe N ∈ N tal que se k ∈ J e k > N,
então
kvk − vk < e |λki − λi | < para i = 1, . . . , n.
2 2(ku1 k + . . . + kun k)
Assim,
0 ≤ kv − v ∗ k ≤ kv − vN k + kvN − v ∗ k
+ |λN N
< 1 − λ1 |ku1 k + . . . + |λn − λn |kun k
2
< .
n
X n
X
u= λi ui com 0 ≤ λi ≤ 1 e λki = 1
i=1 i=1
e também
n
X n
X
v= βi ui com 0 ≤ βi ≤ 1 e βik = 1.
i=1 i=1
n
X n
X
(1 − t)u + tv = (1 − t) λi ui + t βi ui
i=1 i=1
n
X
= [(1 − t)λi + tβi ]ui
i=1
Xn
= ξi ui ,
i=1
3.1 Teorema do Ponto Fixo de Schauder 50
n
X n
X n
X
ξi = (1 − t) λi + t βi = (1 − t) + t = 1.
i=1 i=1 i=1
Para completar nossa afirmação, vamos mostrar que conv (Y ) é o menor convexo
que contém Y . Suponha por absurdo que exista Y ⊂ C conv (Y ) com C convexo.
Então existe u ∈ conv (Y ) \ C, assim u é uma combinação convexa dos elementos de
Y . Devemos mostrar que u ∈ C, o que será feito por indução. Se n = 1 o resultado é
óbvio. Suponhamos que o resultado é válido para n − 1 e provemos para n. Considere
n
X n
X
u= λi ui com 0 ≤ λi ≤ 1 e λi = 1.
i=1 i=1
n−1
X
Se λn = 1, então u = un ∈ C, caso contrário λi > 0 e então
i=1
! !
λ1 λn−1
v= Pn−1 u1 + . . . + Pn−1 un−1
i=1 λi i=1 λi
n−1
X
pertence a C por hipótese. Como un ∈ C, para t = λi da convexidade de C temos
i=1
que
n
X
tv + (1 − t)un = λi ui = u ∈ C.
i=1
Definição 3.2. Seja Y ⊂ X chamamos por envoltória convexa de Y , e denotamos por conv (Y )
, o menor convexo que contém Y .
n
[
Yε := B(ui , ε)
i=1
Nε
[
K⊂ B(ui , ε) = Yε .
i=1
PNε
ωi [u]ui
Pε [u] := Pi=1
n .
i=1 ωi [u]
Demonstração:
Nε
X
A continuidade é imediata, pois cada ωi é contínua e ω[u] := ωi [u] > 0. Dado
i=1
3.1 Teorema do Ponto Fixo de Schauder 52
u ∈ K temos
PNε Nε
ω[u] ωi [u]u i
1
X
ku − Pε [u]k =
u − i=1
=
ω[u]u − ωi [u]ui
ω[u] ω[u]
ω[u]
i=1
Nε Nε Nε
1
X X
1
X
= ωi [u]u − ωi [u]ui
= ωi [u](u − ui )
ω[u]
ω[u]
i=1 i=1 i=1
N ε
1 X 1
≤ ωi [u]ku − ui k < ω[u]ε = ε.
ω[u] i=1
ω[u]
Demonstração:
Fixe ε > 0. Como K é compacto e convexo, seja Y = {u1 , . . . , uNε }um subconjunto
de K tal que conv (Y ) ⊂ K ⊂ Yε . Considere a projeção de Schauder Pε : K → conv (Y )
definida anteriormente.
Aε [uε ] = uε . (3.1-2)
1
kukj − A[ukj ]k = kAkj [ukj ] − A[ukj ]k = kPkj A[ukj ] − A[ukj ]k < .
kj
Como A é contínua segue que A[ukj ] → A[u] e a desigualdade acima implica que
u = A[u].
Demonstração:
Sendo K compacto, existe Y = {u1 , . . . , uNε } ⊂ K, tal que A [C] ⊂ K ⊂ Yε . Uma vez
que C é convexo temos que conv (Y ) ⊂ C. Seja projeção de Schauder Pε : K → conv (Y )
e considere Aε : conv (Y ) → conv (Y ) por
sequinte propriedade
1
kuk − A[uk ]k = kAk [uk ] − A[uk ]k = kPk [A[uk ]] − A[uk ]k < .
k
3.2 Teorema do Ponto Fixo de Schaefer 54
Definição 3.7. Uma aplicação A : X → X é chamada compacta se para toda sequência limi-
tada {uk }∞ ∞
k=1 a sequência {A[uk ]}k=1 possui uma subsequência convergente em X.
A:X→X
Demonstração:
Defina à : X → X por
A[u]
se kA[u]k ≤ M
Ã[u] := M A[u] (3.2-4)
se kA[u]k ≥ M.
kA[u]k
para v ∈ X. Agora, se kvk = M , temos que deve existir uma subsequência {A[ukjn ]}∞
n=1
de tal modo que kA[ukjn ]k < M , kA[ukjn ]k > M ou kA[ukjn ]k = M para todo n ∈ N. Os
dois primeiros casos recaem nos anterios, para o terceiro basta notar que A[u] = Ã[u].
Note que Ã[X] ⊂ B[0, M ], assim podemos considerar à : B[0, M ] → B[0, M ]. Seja
K o fecho do menor convexo que contém Ã[B[0, M ]], isto é K = con Ã[B[0, M ]] , note
que K ⊂ B[0, M ] pois toda bola fechada é convexa e fechada.
3.2 Teorema do Ponto Fixo de Schaefer 55
Com efeito, vamos mostrar a priori que Ã[B[0, M ]] é compacto. Isto segue sem
dificuldades observando que se à é uma aplicação compacta, então toda sequência
em Ã[B[0, M ]] possui uma subsequência convergente, pois a pré imagens formam uma
sequência limitada.
Ã[u0 ] = u0 (3.2-5)
M A[u0 ] M
u0 = = λA[u0 ] para λ = < 1. (3.2-6)
kA[u0 ]k kA[u0 ]k
Mas,
M A[u0 ]
ku0 k = kÃ[u0 ]k =
kA[u0 ]k
= M,
Teorema 3.9 (Teorema de ponto fixo para conjuntos convexos). Seja K um subconjunto
convexo de um espaço de Banach X, com 0 ∈ K. Se A : K → K é uma aplicação contínua e
compacta para o qual o conjunto
Para provar este teorema, basta fazer uma leve modificação na demonstração acima.
Observando que se 0 ∈ K então K ∩ B[0, M ] é não vazio e convexo para todo M > 0,
assim podemos considerar à : K ∩ B[0, M ] → K ∩ B[0, M ]. Como K ∩ B[0, M ] é con-
vexo, o fecho do menor conjunto convexo que contém Ã[K ∩ B[0, M ]] está contito em
K ∩ B[0, M ], e o resultado segue de modo análogo.
3.3 Aplicações
Corolário 3.11. Dada f ∈ C(R) tal que |f (t)| ≤ α(1 + |t|) onde α > 0. Então a aplicação
u 7−→ f (u) é contínua de L2 (U ) em L2 (U ).
Aplicação 3.12 (Equação Elíptica Semilinear). Vamos estudar a equação diferencial semili-
near com a forma
− 4 u = f (u) em U
(3.3-7)
u=0 sobre ∂U,
Teorema 3.13. Seja U ⊂ Rn um aberto, limitado e com fronteira suave, e f ∈ C(R) uma
função limitada. Então o problema de contorno 3.3-7 tem uma solução fraca u ∈ H01 (U ), isto é,
a seguinte igualdade Z Z
Du · Dφ dx = f (u)φ dx
U U
Demonstração:
3.3 Aplicações 57
Nosso objetivo é mostrar que A se encaixa nas hipóteses do teorema do ponto fixo de
Schauder, obtendo assim um ponto fixo que será a solução fraca desejada.
A é uma aplicação contínua. O corolário 3.11 garante que u 7−→ f (u) é contínua
de L2 (U ) nele mesmo. O corolário 3.38 do apêndice, afirma que (−4)−1 é contínua de
L2 (U ) em H01 (U ), que pode ser imerso contínuamente em L2 (U ) pela proposição 3.35.
Portanto A é uma aplicação contínua.
Vamos provar agora que A(K) está contido em algum compacto. Aplicando nova-
mente a desigualdade de Poincaré do lado direito de (3.3-8) obtemos
kDA(u)k2L2 (U ) ≤ CkDA(u)kL2 (U )
para alguma constante C. Assim kA(u)kL2 (U ) ≤ C, isto implica que A(K) é limitado em
H01 (U ) pelo corolário 3.40 do apêndice. E uma vez que a imersão de H01 (U ) em L2 (U )
está contida em algum compacto, segue que A(K) está contido em algum compacto.
Uma vez que K é convexo e fechado, A é contínua e A(K) está contido em algum
compacto segue do corolário do teorema do ponto fixo de Schauder que A tem um
ponto fixo u ∈ K. Pela escolha do operador A, este u está em H01 (U ).
3.3 Aplicações 58
Aplicação 3.14. Vamos agora aplicar o Teorema de Schaefer para provar a existência de solução
de um problema elíptico de valores de fronteira quasilinear
− 4 u + g (Du) + µu = 0 em U
(3.3-9)
u = 0 sobre ∂U,
onde U é aberto, limitado com fronteira suave e g : Rn → R uma função suave e Lipschitz.
Demonstração:
A[u] = w.
3.3 Aplicações 59
onde k = KC > 0.
Note que, se A tiver um ponto fixo, então esse ponto fixo será a solução procurada
do problema (3.3-9). Para provar a existência de tal ponto fixo, utilizaremos o Teorema
do Ponto Fixo de Schaefer. Vamos mostrar que A : H01 (U ) → H01 (U ) se enquadra das
hipóteses do teorema.
kA[uk ]kH 2 (U ) = kwk kH 2 (U ) ≤ k kuk kH01 (U ) + 1 ≤ k (M + 1) .
Logo,
sup kwk kH 2 (U ) < ∞. (3.3-15)
k
Agora, Z Z
Dwkj · Dv + µwkj v dx = − g Dukj v dx
U U
para todo v ∈ H01 (U ). Como g é contínua, de ukj → u e por (3.3-16) temos que
Z Z
(Dw· Dv + µwv) dx = − g (Du) v dx
U U
tada em H01 (U ), temos então que (3.3-15) também é satisfeita, e prosseguindo de modo
análogo podemos encontrar uma subsequência {A[ukj ]}∞ 1
j=1 que converge em H0 (U ).
3.3 Aplicações 60
u
Então = A[u], isto é, u ∈ H 2 (U ) ∩ H01 (U ) e
λ
− 4 u + µu = −λg(Du) em U.
a2 εb2
Aplicando a desigualdade ab ≤ + (ε > 0) com a = kDuk, b = kuk e ε = C temos
2ε 2
que
|Duk2 Ckuk2
kDukkuk ≤ + ,
2C 2
substituindo em (3.3-17) temos,
|Duk2 Ckuk2
Z Z
kDuk2 + µkuk2 dx ≤
C + + kuk dx
U U 2C 2
Ckuk2 kuk2 + 1
Z Z
1 2
≤ kDuk dx + C + dx
2 U U 2 2
(C + 1)kuk2 1
Z Z
1 2
= kDuk dx + C + dx
2 U U 2 2
Z Z
1
kDuk2 dx + K kuk2 + 1 dx,
≤ (3.3-18)
2 U U
C(C + 1)
onde K = é uma constante que não depende λ. Então, subtraindo os termos
2
3.3 Aplicações 61
e portanto Y é limitado.
APÊNDICE
Definição 3.16. Dizemos que a fronteira ∂U é de classe C k se para todo x0 ∈ ∂U existe r > 0
e uma função γ : Rn−1 → R de classe C k tal que (reorientando os eixos se necessário) temos
Teorema 3.18 (Teorema de Gauss-Green). Suponhamos que U seja limitado e que ∂U seja
C 1:
3.5 Análise Funcional 63
(i) Se u ∈ C 1 (U ). Então
Z Z
uxi dx = uν i dS (i = 1, . . . , n).
U ∂U
(ii) Temos Z Z
div u dx = uν dS.
U ∂U
Teorema 3.20 (Desigualdade de Gronwall). Seja ξ(t) não negativa, somável sobre [0, T ] e
cumpra para quase todo t a desigualdade
Z t
ξ(t) ≤ C1 ξ(s)ds + C2
0
ξ(t) ≤ C2 1 + C1 teC1 t
tal que
kx − u(x)k = min kx − vk. (3.5-19)
v∈K
Demonstração:
Teorema 3.23. Todo conjunto K ⊂ Rn convexo, fechado e não vazio é uma retração do Rn .
Demonstração:
Então
u(x) = x.
Uma função f é dita ter suporte compacto se o conjunto supp(f ) é compacto. Note
que o suporte é sempre um conjunto fechado, assim, o suporte é compacto se e somente
se é limitado. Denote o conjunto de todas as funções suaves com suporte compacto por
C0∞ . As vezes vamos chamar a função φ pertencente a C0∞ de função teste.
U = {x ∈ U | dist(x, ∂U ) ≥ }.
Z −1 Z
1
onde C := exp dx é tomado para η(x)dx = 1.
B(0,1) kxk2 − 1 Rn
(ii) Para todo ≥ 0 , seja
1 x
η (x) = n η .
Z
η (x)dx = 1 e supp(η ) ⊂ B(0, ).
Rn
3.5 Análise Funcional 66
isto é, Z Z
f (x) = η (x − y)f (y)dy = η (y)f (x − y)dy.
U B(0,)
Demonstração:
f (x + hei ) − f (x)
Z
η (x + hei − y) − η (x − y)
= f (y)dy
h U h
Z
η (x + hei − y) − η (x − y)
= f (y)dy
V h
η (x + hei − y) − η (x − y) ∂η
lim = (x − y)
h→0 h ∂xi
∂f f (x + hei ) − f (x)
(x) = lim
∂xi h→0 h
Z
η (x + hei − y) − η (x − y)
= lim f (y)dy
h→0 V h
Z
∂η
= (x − y)f (y)dy
V ∂xi
∂η
= ∗ f (x).
∂xi
3.6 Epaços Lp e Espaços de Sobolev 67
Em particular f ∈ C ∞ (U ).
Pois não existe termos na fronteira, desde que φ tem suporte compacto em U, e assim
desaparece perto de ∂U . Mais geralmente, se k é um inteiro positivo, u ∈ C k (U ) e
α := (α1 , . . . , αn ) é um multi-índice de ordem |α| = α1 + . . . + αn = k, então
Z Z
α α
uD φdx = (−1) Dα uφ dx (3.6-23)
U U
se
Z Z
α α
uD φdx = (−1) vφ dx (3.6-24)
U U
Lema 3.32. A αth -derivada fraca, se existe, é única a menos de um conjunto de medida nula.
Demonstração:
Então, Z
(u − w) φ dx = 0
U
Definição 3.33. O espaço de Sobolev W k,p (U ) é o conjunto formado por todas as funções
localmente integráveis1 u : U → R tal que para cada multi-índice α, com |α| ≤ K, a derivada
fraca Dα u existe e pertence a Lp (U ).
Proposição 3.37. Seja g ∈ H −1 (U ) e µ ≥ 0. Então existe uma única v ∈ H01 (U ) tal que
− 4 v + µv = g em D0 (U ) e v é a única solução do problema variacional
Z Z
Dv · Dw dx + µ vw dx = hg, wi ∀w ∈ H01 (U ).
U U
kukLp (U ) ≤ CkDukLp (U ) .
1
Integrável sobre algum subconjunto compacto do domínio.
3.6 Epaços Lp e Espaços de Sobolev 70
kukH01 (U ) = kDukL2 (U )
para todo u ∈ H01 (U ). Está norma é equivalente a norma definida na proposição 3.36.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] ACKER, F.; DICKSTEIN, F. Uma Introdução à Análise Convexa. IMPA, 1983.
[5] EVANS, C. L. Partial Diferential Equations. vol. 19, 2.ed. American Mathematical
Society, 2010.
[6] GOLDENSTINE, H. A History of the Calculus of Variations, from 17th through the 19th
Century. Springer−Verlag, New York, 1980.
[8] LIMA, E. L. Análise Real: Funções de n Variáveis. vol.2. Rio de Janeiro: IMPA, 2010.
[10] MARTINEZ, A. L. M. Pontos fixos em cones de espaços de Banach e uma equação dife-
rencial de quarta ordem.(Dissertação mestrado), Universidade Estadual de Maringá,
2006.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 72
[11] NIRENBERG, L. Topics on Nonlinear Functional Analysis. Courant Inst. of Math. Sc.,
N.Y. University, N-Y, 1974.