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172 - O banho dos cavalos

Nikolay Bogdanov

Autor Anónimo
Nasci numa família de criadores de cavalos. Já os meus avós e os pais deles criavam
cavalos. É uma tradição que remonta há várias gerações nas estepes russas.
O cavalo é um símbolo da liberdade e da alma russa. As crianças ainda mal
conseguem andar já montam nos póneis e nos potros. Ainda não têm nada, mas já
têm um cavalo. Não sabem comer, mas já sabem dar de comer a um cavalo.
Os cavalos são as escolas das nossas crianças. São eles que lhes ensinam tudo. O
afeto, a amizade, a alegria, a revolta, a tristeza, a liberdade e por vezes até a
teimosia.
O cavalo é muitas vezes o melhor amigo do russo. Se os cães guardam os rebanhos
e os nossos acampamentos, as ovelhas são a nossa fonte de carne e agasalho é o
cavalo que nos permite fazer grandes deslocações. Levam aos prados e campos
mais longínquos, nos permite transportar as tendas quando mudamos os
acampamentos para as várzeas ou para as terras altas.
Os nossos cavalos são treinados para serem infatigáveis, pelo que todos os motivos
são bons para festejar e todos os festejos são bons para organizar corridas de
cavalos.
Podemos não saber o nome das crianças, mas todos sabem os nomes dos cavalos.
Apesar de se viver nas etepes, no meio do pó e da lama, é importante cuidar dos
cavalos. Saber transpor rios, lagos e charcos sem que os cavalos se assustem com a
água. Para isso passeamos os cavalos quando chove para sentirem a água a cair no
pelo e escorrer pelo lombo abaixo. Os cavalos assustam-se com facilidade e com
facilidade atiram com o cavaleiro ao chão.
O que o cavalo mais aprecia é ser escovado, com uma escova dura que o liberte
dos parasites, endireite os pelos, solte as crinas e as caudas para esvoaçarem ao
vento quando correm.
Adoram vir ao rio tomar banho e para nós é sempre uma festa o banho dos
cavalos.

29/3/2019

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