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4 Intervencoes e psicoterapia breve no contexto hospitalar Rita Aparecida Romaro Se Contribuigées a psicologia hospitalar: desafios e paradigmas O papel do psicélogo e suas possibilidades de atuacao no contexto hospitalar abrangem uma variedade de, demandas, espectros, modalidades e dificuldades de atuacao, e 9 este necessariamente trabalha, ou deveria trabalhar, com uma equipe multidisciplinar, procurando assistir aquele que bus. ca o atendimento nos servigos de um hospital, no Ambito do ambulatério ou da enfermaria, a fim de minorar 0 sofriment mental e suas seqiielas subseqiientes. O campo é amplo e uma contextualizacac infra-estruturas disponiveis torna-se nece: ao pensarmos em modalidades de atuacga nos referimos a um servico ligado a um hospital pablico, aum. pronto-socorro, a to, a um hospital-dia, a uma enfermaria, a um ambulatorio, a um hospital geral, a uma unidade de satide mental... Afunilando um pouco mais: trata-se de um hospital publico ou privado, a equipe de médicos e enfermeiros 6 composta de profissionais experientes, de plantonistas, de residentes, de graduandos em medicina e dreas afins? Sob superviséo? Qual a estrutura administrativa e a infra-estrutura desse local? Existe um servico de psicologia estruturado? Existem outros profissionais da saide na instituigéo, como nutricionistas, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, etc. Qual a missio, os objetivos, a ideologia da instituigéo? Podemos passear mentalmente pelas diversas clinicas de uma instituicao hospitalar, como se passedssemos pelo nosso Préprio corpo, com sua e: Strutura Ossea, seus sistemas circu- latério, digestivo, urinario, genital... seus 6rgaos... Como é dificil nos pensarmos dessa forma fragmentada, em compar- timentos, a menos que sejamos hipocondriacos... Mas é dessa forma que em geral o Paciente é tratado, como um problemade figado, uma cardiopatia, um acidentado, um parto, um leito, um quarto... Eo ser? E 0 individuo que passa por isso? Penso que nesse ponto entra o psic6logo hospitalar, na bus- cade trabalhar com as angustias da equipe multidisciplinar® 0 das estruturas e ssdria, pois é Preciso, 0, discriminarmogs se hospital-escola, aum um pronto-atendimen. 76 Intervencoes € psicoterapia breve no contexto hospitalar as angustias do paciente e de sua familia, para que aquele que éatendido possa ver-se através da doenca, como um individuo, em sua subjetividade, um individuo que esta, no momento, com uma patologia x, ou que precisa de um procedimento y, mas que continua tendo uma identidade, com o direito de saber de seu estado fisico, de seus riscos e Possibilidades, para que possa exercer sua capacidade de opcao. Em um contexto hospitalar, as emogoes, os sentimentos e as sensagdes, destacando-se 0 temor do desconhecido, da solidao e do desamparo, a inseguranga, a sensacao de fracas- so, de inutilidade, de impoténcia, permeiam as vivéncias dos pacientes e familiares, tornando-as perturbadoras, o que por vezes se acentua com 0 tipo de tratamento e de informacées que recebem da equipe que os assiste. O psicélogo, no contexto hospitalar e da sade, bem como todos os profissionais da equipe hospitalar, independente- mente da unidade em que trabalhem ou da patologia que o paciente refira, lida sempre com as questées da alma, com emogoes primitivas mobilizadas por situagdes criticas, por vezes presentes em quadros crénicos. Situagdes criticas essas mobilizadas nas situacdes de agudizacao, de retrocessos, de novas patologias associadas e até mesmo de alta. O espaco de trabalho concedido ao psicologo varia de acordo com a especificidade da instituigdo hospitalar, com a possibilidade de organizagao do servico de psicologia, com a demanda, e a atuacdo pode ocorrer em enfermarias, pronto- Socorro, UTI, ambulatérios, ete. Poderiamos pensar que, no hospital geral, o servico de psi- cologia, por vezes, funciona como um “servico de emergéncia”, acionado em momentos criticos, com 0 fito de reduzir a possibi- lidade de extensao do trauma e do agravamento das situagdes, seja por uma intervengao breve, em geral de escuta e acolhi- mento, que pode ou nao se repetir, dependendo do periodo de internacéo do paciente, da necessidade do caso, das condigdes hospitalares, da permeabilidade da equipe multidisciplinar.

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