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1 INTRODUÇÃO
Tendo em vista que o objetivo precípuo da disciplina de Leitura de Ambientes
é o aprimoramento da habilidade de identificação dos diferentes ambientes e
paisagens pelos geógrafos em formação, este breve trabalho tem como proposta
apresentar uma visualização geral e abrangente da área do município de Vitória –
ES, capital capixaba, que foi o destino da atividade prática da disciplina.
Como aprendido em aula, a atividade do geógrafo, hoje, muitas vezes
prescinde da ida até o local para que se possa estudá-la. A quantidade de
informações, dados, imagens, mapas, cartas-imagens, disponíveis para análise
alimenta e facilita muito o trabalho da análise geográfica. Convém dizer que não se
pretende afirmar que a percepção e sondagem in situ sejam substituíveis, muito pelo
contrário.
Dito isso, traz-se aqui informações importantes para a formação da visão e
identificação de um ambiente, sendo possível com elas uma “reconstrução” de sua
paisagem, ainda que teórica. Dados sobre a história local, área do município/bairros,
relevo, vegetação, hidrografia, clima, uso do solo, estrutura viária, estrutura e
distribuição da população local, podem nos permitir a enxergar esse território de
modo abrangente e iniciar o seu entendimento mais aprofundado.
2 OBJETIVOS
a) Propor uma leitura do ambiente de Vitória – ES através de
informações como mapas temáticos, imagens, fotos, modelos de elevação, além do
referencial teórico.
b) Inventariar as informações necessárias para a leitura do ambiente
proposto e correlacioná-las para a sua interpretação.
c) Inferir conclusões acerca deste ambiente a partir das informações
coletadas, isto é, realizar a sua leitura.
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Para realizar a leitura do ambiente de Vitória – ES utilizar-se-á de pesquisa
bibliográfica para embasamento teórico, elaboração e interpretação de tabelas,
gráficos, mapas, imagens, simulação em 3D (Google Maps), construção de modelo
digital de elevação. Após a compreensão da história de formação do município e
seus fatos mais recentes em conjunto com a interpretação dos dados espaciais
constantes nos materiais disponíveis/elaborados, faremos uma leitura abrangente do
espaço da cidade.
Mapas disponibilizados pela prefeitura de Vitória; elaborados pelo autor deste
trabalho, imagens de Google Maps, modelo digitais de elevação, serão os materiais
utilizados.
Entender os dados de vegetação, relevo, clima, estrutura viária, uso do solo,
história da cidade, atividades econômicas desenvolvidas, distribuição espacial da
população, tornará possível “ler” o ambiente proposto.
4 DISCUSSÕES E RESULTADOS
Inicialmente pretendeu-se compreender os aspectos geográficos da cidade:
Vitória é um município brasileiro, capital do estado do Espírito Santo. Ela é uma das
três capitais do país cuja maior parte do município está localizado em uma ilha, no
caso, a Ilha de Vitória que encontra na desembocadura do Rio Santa Maria. Situada
a 20º19'09' de latitude sul e 40°20'50' de longitude oeste, Vitória limita-se ao norte
com o município da Serra, ao sul com Vila Velha, a leste com o Oceano Atlântico e a
oeste com Cariacica.
Vitória é cercada pela Baía de Vitória e é uma ilha de tipo fluviomarinho, mais
outras 34 ilhas e uma porção continental também fazem parte do município,
perfazendo um total de 93,381 km². Originalmente eram 50 ilhas, muitas das quais
foram agregadas por meio de aterro à ilha maior.
Apesar de estar na região costeira e estar no nível do mar, a capital capixaba
possui cerca de 40% do seu território coberto por morros, típicos da região dos
mares de morros, principalmente de composição granítica. O maciço central da ilha
de Vitória, o Morro da Fonte Grande, possui altitude de 308,8 metros. Os principais
afloramentos graníticos são a Pedra dos Dois Olhos, com 296 metros, e o Morro de
São Benedito, com 194 metros de altitude. O ponto mais alto da cidade é o Pico
Desejado, na ilha de Trindade, com 601 metros de altitude. O restante da área do
município (60%) se encontra em altitude não superior a 30 metros demonstrando a
ocupação humana na planície flúvio marinha.
Ao comparar os mapas de relevo, densidade populacional (por bairro),
Rendimento Nominal Mensal (por bairro) e de Verticalização, fica evidente que a
ocupação antrópica sobre este relevo gerou bairros nobres verticalizados nas áreas
mais planas e privilegiadas1 do município enquanto que o subúrbio se concentrou
nas áreas mais afastadas, nas encostas ou próximo às cidades metropolitanas.
Consequência direta desse contexto é o surgimento de áreas de risco que além de
atentarem contra a vida das pessoas originam áreas urbanas com infraestrutura
insuficiente para a qualidade de vida da população de menor renda.
O clima da cidade é o tropical úmido, nitidamente quente, mas suavizado pela
presença da umidade e vento vindos do mar conferindo baixas amplitudes térmicas
anuais e com chuvas presentes o ano inteiro. Os maiores índices pluviométricos se
concentram no verão (dezembro – março) e as menores no inverno (julho –
setembro).
A vegetação nativa da área é a Floresta Mata Atlântica associada com as
restingas e os mangues tendo em vista a área costeira e o estuário do rio Santa
Maria. Levando em conta a presença humana exploradora dos últimos 400 anos a
maior parte de sua vegetação foi perdida, no entanto, onde o relevo é mais
acidentado ou há alguma área protegida2 ainda restam porções de mata. Ainda
assim, boa parte da população da capital (de diferentes classes sociais) está
assentada sobre áreas de preservação e proteção ambiental, como o caso dos
bairros da Ilha do Frade, Ilha do Boi, Piedade, Santa Tereza, etc…(Modelo Digital de
Elevação comparando Área Urbanizada e Unidades de Conservação).
1
Aqui vem à tona a discussão da paisagem enquanto mercadoria e fomentador de qualidade de vida.
Em Vitória, e isso acontece Brasil afora, os bairros de população mais abastada localizam-se próximo
às orlas, ilhas, com belas vistas. A beleza cênica e natural também entra na conta da seleção de
quem ocupa onde.
2
Parque Municipal Gruta da Onça, Parque Botânico da Vale, Parque Estadual da Fonte Grande,
Parque Municipal Tabuazeiro, etc. Ver mapa de Vegetação x Unidades de Conservação.
Depois de entender minimamente as características do meio físico de Vitória,
vejamos seus aspectos históricos: A cidade foi fundada em 1551, após uma batalha
contra os índios Goitacazes, sendo assim, o nome anterior (Vila Nova) deu lugar à
Vila da Vitória. Durante o período colonial a capitania se sustentava basicamente
pela produção açucareira e a economia local era nitidamente tímida frente às outras
capitanias ao seu redor (sul da Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro).
A cultura religiosa dessa época deixou marcas na região e hoje são
encontrados vários construções e monumentos de inspiração barroca, erguidos
pelos jesuítas. Seguindo para meados do século XIX, vemos a substituição da cana-
de-açúcar pela cultura do café que por sua vez trouxe fluxos de capital e de pessoas
nunca antes vistos para a cidade e seu entorno.
São nestas décadas (final do séc. XIX até meados do XX) que observa-se a
modernização de Vitória a partir da construção de aterros para alargamento dos
bairros, pavimentação ampla nos principais pontos da cidade, surgimento de novos
bairros, construção da ferrovia (EFVM), da ponte que ligou a ilha ao continente, etc.
Tal estrutura permitiu que Vitória se adequasse às novas atividades e desafios que
surgiriam.
Após a crise do café e a crescente industrialização do país, o porto de Vitória
exerceu papel fundamental como atrativo de investimento e instalação de indústrias
dos mais variados setores que possibilitaram o desenvolvimento para a cidade e sua
região metropolitana, aqui, mais uma vez se observa o crescimento da população
local:
Quadro 1: Evolução da população de Vitória/ES (1872-2010)
Ano População Total
1872 16.157
1900 11.850
1920 21.866
1940 45.212
1950 50.131
1960 85.242
1970 133.019
1980 207.736
1991 258.777
2000 292.304
2010 325.453
Goiabeiras + Jardim da Penha = Continental Antônio Honório, Boa Vista, Goiabeiras, Jabour,
Jardim da Penha, Maria Ortiz, Mata da Praia,
Morada do Camburi, Pontal de Camburi,
república, Segurança do Lar, Solon Borges,
Aeroporto.
5 CONCLUSÃO
A realização da “leitura dos ambientes” é atividade elementar de um geógrafo
ou qualquer outro profissional que se aventura na descoberta do espaço. A
percepção e a identificação das diferenças e identidades dos lugares e das
paisagens obtidas através do estudo de fotos, mapas, gráficos, textos traz o
entendimento acerca do local e da problemática proposta.
Este trabalho buscou, ainda que timidamente, “ler” o município de Vitória/ES
através dessas ferramentas da pesquisa geográfica. Descobriu-se que muita
informações e conclusões podem ser geradas a partir dessas análises.
Perceber Vitória como uma capital que apesar de bela, moderna,
economicamente dinâmica também é desigual e em muitos lugares, excludente. A
construção do espaço da cidade requer trabalho de todos, carece de um
planejamento urbano consciente, inteligente e socialmente responsável, e é isso que
se espera da população (entre civis e políticos) não apenas capixaba mas de todas
as cidades brasileiras.
6 REFERÊNCIAS CONSULTADAS
G1. Vitória e Serra estão entre as 20 cidades com mais moradores em área de
risco. Disponível em: <https://g1.globo.com/es/espirito-santo/noticia/vitoria-e-serra-
estao-entre-as-20-cidades-com-mais-moradores-em-area-de-risco.ghtml>. Acesso
em 18 out 2018.