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Você sabe fazer do limão limonada?

Márcia Maria de Matos

A frase, ou ditado, se a vida lhe der um limão, faça dele uma limonada,
resume-se na expressão “fazer do limão limonada” que é citada no Google
6.740 (pesquisa com aspas, semana passada). Não descobri a origem.
Provavelmente, algum dia em algum lugar a expressão foi cunhada quando
uma situação indesejada foi revertida positivamente. Ficou bacana e foi
popularizada, passando a fazer parte de nossas conversas, de tal forma que
a repetimos sem pensar.
O que me chama a atenção é o sem pensar, revelação de comportamento
empreendedor, da capacidade de lidar com situações difíceis ou complexas
acreditando na possibilidade de transformar em oportunidade uma situação
aparentemente negativa. Otimismo? Talvez. Gosto de associar o otimismo
ao comportamento empreendedor. Não falo do otimismo irresponsável, da
crença imobilizada na solução vinda de fora. Falo de uma crença interior, da
força que reage às dificuldades e encontra saídas para os labirintos da
necessidade.
Acredito que todo empreendedor é esse otimista, empreendendo nas suas
empresas ou nas empresas para as quais trabalha, criando negócios,
desenvolvendo projetos, liderando ou liderado.
Outro dia assisti uma reportagem na TV sobre uma empresa de sucesso, a
Farm, empresa de moda para descolados. Qual não foi minha surpresa ao
descobrir que no início tiveram que fechar uma loja, perder carros e
apartamento e começar a produzir roupas para vender na feira. A situação
não era um limão, era um limoeiro inteiro, carregado! E eles transformaram
em limonada doce e geladinha! E os muitos casos de pessoas que se viram
sem emprego, apelaram para um salgadinho, uma comidinha caseira, um
artesanato e com o tempo acabaram construindo um bom pé de meia?
Haja limão na vida de tanta gente e haja otimismo e força para a
transformação.
Por outro lado, conheço pessoas, que incapazes de reagir, caíram,
deprimiram, adoeceram.
O que diferencia uma das outras? Você pode me dizer que são
oportunidades, que aparecem para uns e não para outros. Pode ser, mas
sem otimismo podemos não enxergar as oportunidades, quando elas nos
aparecem travestidas de negro. Aliás, há os que enxergam o invisível e
concretizam o que não somos capazes de imaginar.
Os livros costumam falar sobre correr riscos calculados. Mas sem otimismo
quem correria qualquer tipo de risco?
Talvez a razão de tanta gente fazendo limonada, aliar à força e ao otimismo
a disposição para o fazer.
Pessoas que fazem, erram, fazem de novo. Cheias de vontade, acabam
acertando.
Na ordem caótica do dia-a-dia, nascem, crescem e morrem empresas,
muitas delas do mesmo dono. Depois vem os livros com as receitas,
extraídas da vida de personalidades de sucesso. No entanto, o meu sucesso
será sempre diferente do seu sucesso, que será diferente do nosso. O
funcionário bem sucedido é com certeza um empreendedor, da mesma
forma que os donos da Farm ou os donos das padarias da esquina. Ambos
bem sucedidos.
A receita consiste no fazer sem medo, na capacidade de adoçar o azedo e,
ainda, servi-lo gelado.
A cada dia que passa o mundo exige que sejamos empreendedores, a cada
dia que passa reduz-se o espaço para empregados acomodados. E daqui a
pouco, vamos ler nas placas, nos classificados dos jornais, nos sites da
Internet anúncios procurando pessoas capazes de fazer limonada. Afinal, o
emprego não está diminuindo, as exigências é que estão mudando. E o
mercado não está saturado, está faltando é inovação. Mas isso é outro
papo.

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