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Numa sala ampla, alguém olha um livro solitário sobre a mesa.

Na solidão daquele livro se


encontram palavras, textos, frases, contextos, sentimentos, memórias, fatos, visões,
alucinações... Partes de uma vida traduzida em palavras.

São escritas de um coração vivo, pulsante. São rabiscos que transcrevem a realidade que
subsisti na cabeça do criador. São desabafos angustiantes de dias solitários. São registros de
grandes glórias gradualmente alcançadas, mas que não trazem mérito algum. São memórias
daquele que olha o livro. São apenas palavras escritas em um livro.

Nessa hora, ele lê e vê que o livro conta a história de um menino, de um autor, de um


trovador, de um naufrago, de um homem, de um qualquer, de qualquer um. Aquele livro
estranho, escrito por um ser estranho e que neste instante estranhamente olha o livro, dá a
quem o lê a estranha sensação daquelas palavras estranhas serem estranhamente feitas para
ele ou a estranha impressão de serem estranhas demais para serem feitas para um estranho
alguém.

Não é de todo errado, por certo tudo o que é escrito nada tem haver com tudo do mundo, tem
tudo relacionado ao tudo da mente do criador. Tudo é escrito para alguém e nada impede que
esse alguém não saiba que todas as palavras são para ele. Tudo que é escrito, é escrito para
quem lê, para quem escreve, para quem não sabe, para quem não lê, para quem conhece,
para quem nunca irá conhecer.

As palavras são jogadas e ficam estateladas no branco do papel. Em branco fica a mente,
manchado fica o papel, jogadas ficam as palavras, estatelados ficam os sentidos.

Chega de loucura, chega dessas palavras, chega de chegar, chega de partir...

Quero que o mundo trancado na minha mente seja exposto para o mundo e pelo o mundo a
fora. Quero as frases perdidas, quero os sentidos achados, quero as palavras dançando, quero
uma dança de versos, quero que aqueles que lêem, falem. E os que falam, leiam.

Não posso mais deixar de pensar que tudo o que ali se encontrar, é por que, aquele que
escreve, tenta de todas as maneiras tocar a alma dos que lêem. Tocando ou não, as palavras
estão ai. Cem textos, cem escritos, sem sentido, sem pesar.

Aquele que lê, agora folheia o livro. Volta a palavras antigas. Revive sentimentos passados. Vê
vida em cada letra. E volta para as ultimas frases escritas. E lê. E pensa. E vive. E pega a pena. E
vira a página. E volta a escrever.

“Sempre continuo. Eu trovo a todo custo.”

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