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Tecnologia
Corrosão: um problema de bilhões de dólares

Estima-se que no Brasil os gastos com produtos e tratamentos de combate à


corrosão cheguem a US$ 10 bilhões e boa parte deles na indústria petrolífera.
Além do fator meio ambiente, essa preocupação se torna maior pelos amargos
prejuízos financeiros decorrentes deste processo químico

Estudos ao redor do mundo confirmam que a corrosão é realmente um dos maiores


problemas da indústria, sugerindo ainda que os países direcionem cerca de 1% a 3% de
seu PIB na busca de alternativas para contenção e reposição de materiais danificados por
esta reação química.

De investimentos em diferentes pesquisas a contratação de serviços, a mobilização do


mercado no objetivo de reduzir os custos e prejuízos gerados pela corrosão cresceu nos
últimos anos, segundo informaram empresas do setor, e levantou algumas questões
sobre a importância e eficiência dos recursos até então utilizados. Mais do que fornecer
custo reduzido, existem outros fatores, como durabilidade e eficácia do método,
qualificação da mão de obra e certificações, que ganharam ainda maior valor e hoje
encabeçam a lista de prioridades no momento da contratação de empresas da área.

Essa problemática se transformou em oportunidades de negócios para uma extensa


cadeia de fornecedores, sobretudo no mercado petrolífero, um dos mais atingidos. Em se
tratando da produção offshore, a situação ganha maior relevância dada a existência de
grandes e inúmeras estruturas posicionadas em alto mar. Além do processo da corrosão
em si, levando à perda do material, existe o risco iminente de desastres ambientais.

A corrosão provoca perda de espessura e falhas em estruturas metálicas, que podem


comprometer sua integridade, levando-as ao colapso e causando grandes acidentes.

Da inspeção preventiva aos revestimentos, o mercado apresenta novas soluções


anticorrosivas e aposta no crescimento da demanda deste setor.

Revestimentos orgânicos e ecológicos

Aliar proteção anticorrosiva e preservação ambiental. Mais do que nunca, as empresas do


segmento de petróleo e gás têm procurado por produtos e tratamentos que unam esses
dois itens.

Para aplicação de revestimentos orgânicos anticorrosivos em peças metálicas, incluindo


tubos, válvulas, bombas e outras peças, uma das opções é o polímero Nylon 11 (nome
comercial da Rilsan) e Fusion Bonded Epoxi (FBE). "A demanda por revestimento interno
tem se destacado em função das condições operacionais mais severas às quais os
equipamentos estão sendo submetidos", explica Gilson Gama, gerente comercial de uma
empresa especializada do setor que disponibiliza todo o portfólio de revestimentos
orgânicos para a Petrobras, seu maior cliente.

O Nylon 11, também conhecido como poliemida 11, é 100% ecológico e fabricado a partir
de resinas vegetais, do óleo de mamona, não possuindo nenhum agente sintético ou de
vulcanização. Este produto possui certificação de um órgão ambiental do Japão.

Segundo Gilson, "a poliemida 11 é indicada para aplicações navais e offshore pelo
desempenho, resistência e flexibilidade da substância nesses ambientes". A alta
concentração de cloreto é um dos principais problemas nesses segmentos.

Os diferenciais desses revestimentos são: a substituição de ligas metálicas nobres e de


alto custo para proteção contra compostos orgânicos e inorgânicos corrosivos; e redução
de custos com o uso de anti-incrustantes, inibidores de corrosão e na manutenção
preventiva de fluxo de eficiência do equipamento e proteção ao meio-ambiente,
reduzindo a substituição prematura de equipamentos e tubulares.

Além desses, a empresa pretende lançar, ainda este ano, dois novos produtos. Um deles
é na área de polímeros florados, que possui homologação para revestimentos interno em
válvulas. Eles são adequados para trabalhar com um fluido muito corrosivo chamado de
"água produzida", que possui alta concentração de H2S, CO2 e de diversas outras
substancias químicas, presentes nas atividades de reinjeção para estímulo de produção.

Mesmo trabalhando especificamente com a etapa de aplicação do produto, tal motivo não
reduz os cuidados e muito menos os investimentos com as atividades. Por este motivo, a
empresa está promovendo as adaptações necessárias a fim de obter a certificação.
"Temos toda a responsabilidade de uso e manuseio do produto, então, a partir da
aquisição da ISO 14001, estaremos gerenciando toda a cadeia do processo, inclusive
qualquer resíduo", afirmou o gerente.

Gilson aponta a intenção da empresa em instalar uma unidade fabril em um município


situado na área de influência na Bacia de Campos. Atualmente, mantém uma equipe de
apoio para acompanhamento de trabalhos de campo e nas aplicações in situ. A empresa
também está se preparando para os desafios tecnológicos para exploração e produção na
camada de pré-sal.

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Ainda falando de revestimentos, o NonSkid 126, uma solução de outra empresa do


mesmo segmento, é um antiderrapante texturizado, à base de resina epóxi curada com
poliamida de alta espessura. Pode receber outras tintas para acabamento, tais como as
tintas epoxídicas e poliuretânicas.

Possui significativa aceitação pelo mercado e é um exemplo de alta resistência física e


química, sendo largamente utilizado em áreas onde há necessidade de proteção e solução
para evitar acidentes de trabalho com "escorregões". O produto é ecologicamente correto
por possuir teores muito baixos de evaporação de solventes.

"Além do NonSkid 126, possuímos diferenciais tais como apoio técnico antes e depois da
compra na aplicação dos produtos e um trabalho de desenvolvimento personalizado para
a situação específica de cada cliente", afirma Clayton Queiroz Júnior, gerente comercial
da empresa fabricante de tintas e revestimentos anticorrosivos de alta performance. O
gerente acrescenta que a empresa possui uma linha direcionada ao atendimento das
normas da Petrobras.

A fabricante já atua na Bacia de Campos por meio de sua filial na cidade de Niterói e de
fornecedores em várias empresas. Para este ano, contará com estoque local por meio de
distribuidores e ação técnica e comercial.

Outra empresa fabricante traz como novidade a linha de revestimentos anticorrosivos


líquidos à base de novolacas e resinas epóxi-fenólicas, assim como uma linha de reparos
de engenharia metálicos e cerâmicos. Os novos produtos são livres de solventes (COVs)
ou à base d’água, alinhados à conduta crescente de respeito ao meio ambiente.

Os revestimentos Scothkote foram desenvolvidos para proteger superfícies metálicas


operadas em qualquer ambiente industrial, incluindo tanques, tubulações, maquinário,
plataformas de aço e passarelas. Possuem grande aderência às superfícies metálicas,
longa duração, resistência a uma gama extensa de produtos químicos e facilidade de uso.

"Tecnicamente, os novos produtos apresentam desempenho superior de resistência


térmica e abrasão", explicou Marcelo C. Gandur, gerente de negócios, que atua na Divisão
de Produtos para Proteção contra Corrosão desta companhia.

O diferencial da linha de reparos tem como princípio ativo uma tinta anticorrosiva na
forma líquida. Apesar de já possuir um produto de mesma finalidade só que sob a forma
de pó - bastante utilizado por fabricantes de tubos - a tinta líquida é indicada para
reparos dessas tubulações. "Na manutenção de um tubo, é preciso fazer seu corte. Neste
processo, a tinta líquida é a solução mais indicada pelo tipo da atividade em si", afirmou
José Nunes, gerente de desenvolvimento de negócios da mesma empresa que o gerente
Marcelo Gandur.

Os investimentos corporativos globais em P&D da empresa na área de produtos


anticorrosivos estão na ordem de US$ 6 milhões. A empresa, voltada para
desenvolvimento e pesquisa de novas tecnologias, prevê até o ano que vem a
inauguração de um laboratório de desenvolvimento de linha de corrosão em Sumaré (SP).

A empresa trabalha com o desenvolvimento de produtos, e os procedimentos para sua


aplicação são feitos por empresas parcerias.

Na Bacia de Campos, a empresa atua por meio de vendedores especializados e serviço


técnico. Sobre as pesquisas em andamento, Marcelo C. Gandur conta que a companhia
está empenhada em entender os requisitos de desempenho dos revestimentos das
condições existentes na camada de pré-sal. "Identificamos um possível aumento na
necessidade de revestimentos internos resistentes a fluidos mais corrosivos, com maior
grau de flexibilidade, sem comprometimento da resistência térmica e química", explicou.

Maior velocidade da inspeção e aquisição de dados

A fim de preservar a integridade estrutural de grandes superfícies, tais como navios,


tanques, plataformas, dutos e outros tipos, o mercado teve que pensar numa solução
eficaz tanto no desempenho da atividade em si, quanto nas formas de otimizar o
trabalho, incluindo as tecnologias, custo e sua operacionalização. Uma empresa do setor,
especializada em inspeção e desenvolvimento de softwares, vem testando uma solução
que se baseia em multiplexadores (circuito básico de interconexão) por ultrassom.

O uso de multiplexadores de ultrassom permite cobrir e avaliar tais tipos de grandes


estruturas a um custo razoável, tornando possível a criação de sistemas de pequeno
porte, além de confiáveis.

O lançamento é o SMUX, ou supermultiplexador de 48 canais, um multiplexador de


ultrassom e software para inspeção de estruturas metálicas por ultras-som, com
velocidade de varredura de 300 canais por segundo. Seus diferenciais de mercado são
justamente a quantidade de canais, seu tamanho reduzido e sua alta velocidade.

O SMUX permite fazer uma inspeção de um casco de um petroleiro típico em cerca de


três dias, com uma resolução de uma medida por centímetro quadrado. Enquanto num
multiplexador de primeira geração, o computador comanda o fechamento de cada chave,
um supermultiplexador controla sozinho a sequência de fechamento das chaves, o
pulsador da fonte de sinais de ultrassom e também fornece sinais de sincronismo para
gerenciar a cadência de aquisição de dados pelo computador. O SMUX gera um volume de
dados muito maior para o computador tratar, sendo desejável que o computador seja
poupado de parte de suas tarefas.

O uso de multiplexadores de ultrassom otimiza a infraestrutura de inspeção, tanto de


equipamentos como de pessoal, permitindo que poucos operadores, com poucos
instrumentos, possam inspecionar rapidamente grandes áreas, com alta resolução. Os
mutiplexadores desenvolvidos são os menores e mais velozes do mercado, podendo ser
facilmente adaptados a aplicações em que a portabilidade é importante. Possuem baixo
consumo, podendo operar com bateria e alta velocidade de varredura. Com os
multiplexadores e os programas de aquisição e análise desenvolvidos, podem ser
montados sistemas altamente eficientes para análise de falhas em estruturas.

De acordo com o projetista dessa empresa, Filson Bellan Lee, existe uma tendência no
mercado em exigir, além do laudo, uma descrição dos procedimentos adotados, havendo,
dentro deste perfil, uma preferência por sistemas automáticos, capazes de adquirir uma
maior quantidade de dados, decorrente de uma melhor resolução de medida, com o
objetivo de identificar defeitos cada vez menores e disparar medidas preventivas.

Parte das plataformas e dos petroleiros brasileiros já tem um tempo de uso razoável e

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precisam de inspeção de alta resolução, pois tendem a apresentar problemas de corrosão


"Este mais sérios e maiores.
conteúdo é de propriedade da
3 Macaé Offshore. O conteúdo Outra novidade para ainda este ano é o desenvolvimento de um veículo de inspeção de
pode ser reproduzido desde corrosão em cascos de navio, para o qual a empresa vem recebendo o apoio da Fundação
que citada a fonte" de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj). O investimento da empresa
em soluções anticorrosivas chega a 20% de seu faturamento.

Ciente do perfil e necessidades do segmento de petróleo e gás na Bacia de Campos, a


empresa, que ainda não tem base nesta área, está programando demonstrações do
produto e seus serviços para companhias da região. Enquanto isso, mantém vínculo com
a incubadora de empresas da Universidade Federal Fluminense (UFF), que está montando
uma estrutura de apoio na região.

Garantindo maior durabilidade

Dois fatores são apontados como os principais na busca pela maior durabilidade dos
produtos e tratamentos de combate à corrosão. Manutenções preventivas e aplicação e
escolha adequada do revestimento para as condições de exposição são, segundo as
empresas, os itens mais importantes nesse contexto. Tais manutenções e inspeções
preventivas podem ser feitas tanto pela empresa cliente quanto pela fornecedora, e o
período de verificação varia em cada caso.

De acordo com o gerente comercial Clayton Queiroz Junior, "para todo trabalho, existe um
tempo de manutenção e correção". Em geral, as inspeções são orientadas para serem
feitas de três a seis meses, e havendo qualquer falha na pintura, que seja logo corrigida.

"Conhecemos casos no exterior em que o equipamento está sendo utilizado há mais de


trinta anos", afirma o gerente Gilson Gama.

Ainda na busca de maior durabilidade, existe um outro fator muito importante e anterior
à aplicação dos revestimentos que poderá ser crucial no resultado final dessas aplicações.
Trata-se da preparação de superfícies. Neste processo, são retiradas quaisquer sujidades,
sais solúveis e componentes causadores de corrosão em superfícies.

Uma das opções existentes no mercado é o hidrojateamento. Considerada uma das mais
seguras e ecologicamente corretas opções de preparação de superfícies, o
hidrojateamento em pressão elevada confere maior produtividade ao processo, o
equivalente a 50% se comparado a outros.

Este procedimento substitui todos os processos particulados empregados para esta


finalidade, tais como granalha de aço e escória de cobre, e processos mecânicos como
agulheiros, esmerilhamento, lixamento, dentre outros.

Deficiências no processo impedem melhores resultados

O alto valor destinado ao setor de tratamento e pesquisas em corrosão possui outras


justificativas que vão além da simples ação química e natural. Em meio a tantos
investimentos, pequenas falhas como má aplicação do sistema, escolha inadequada e
mau treinamento dos profissionais estão no topo da lista de erros mais comuns neste
processo.

Para resolver a questão, fornecedores e clientes estão mais exigentes e atentos às


novidades do mercado e às certificações indicadas e aprovadas pelos órgãos
competentes.

Outro item bastante comentado pelas empresas é a deficiência na qualificação dos


profissionais. Uma das soluções que vêm sendo desenvolvidas pela Associação Brasileira
de Corrosão (Abraco) são os treinamentos periódicos, abertos ou para as empresas, em
diversas localidades do país e em todas as áreas da corrosão, que incluem, por exemplo,
pintura industrial e inspeção.

Neste caminho, a associação, que possui papel regulador e promotor, promove também a
interligação de todos os componentes da área, de consultores a empresas, oferecendo
desde cursos, seminários e congressos até a verificação das regulamentações expedidas
pela Associação Brasileira de Normas e Técnicas (ABNT).

A Abraco sedia o Comitê Brasileiro de Corrosão (CB-43) da ABNT, que tem como objetivo
elaborar normas técnicas na Corrosão. Desta forma, elabora, por meio de suas comissões
técnicas (pintura industrial, proteção catódica, corrosão atmosférica, terminologia ou
inibidores de corrosão), as normas que serão seguidas no processo de certificação de
produtos ou profissionais.

Para 2009, a associação iniciará o processo de certificação de inspetores de pintura


industrial, baseado na norma ABNT - NBR 15218.

O último grande estudo realizado, há sete anos, nos Estados Unidos, pelas empresas CC
Technologies Laboratories, a Nace International, conhecida como a Sociedade da Corrosão
e a federal Higway (FHWA), indicou um gasto anual de US$ 400 bilhões somente neste
país. No Brasil, ainda não existe um estudo oficial de estimativas de gastos com técnicas
anticorrosivas (incluindo seus produtos). Entretanto, ainda este ano, a Associação
Brasileira de Corrosão (Abraco) iniciará um projeto cujo objetivo é estimar o custo da
corrosão e de suas técnicas de combate e prevenção.

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