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TRANSCRIÇÃO DO CURSO DE A a Z

ÊNFASE – ERIC NAVARRO

eriknavarro@cursoenfase.com.br

AÇAO CIVIL PÚBLICA


Sumário
AÇÃO CIVIL PÚBLICA ......................................................................................................................................................... 2
DIREITOS DIFUSOS, COLETIVOS, INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS ..................................................................................... 2
LEIS ................................................................................................................................................................................ 2
LEGITIMAÇÃO ATIVA E INTERESSE DE AGIR .................................................................................................................. 2
MINISTÉRIO PÚBLICO .................................................................................................................................................... 2
DEFENSORIA PÚBLICA ................................................................................................................................................... 4
LEGITIMIDADE E PERTINÊNCIA TEMÁTICA.................................................................................................................... 4
SENTENÇA E COISA JULGADA........................................................................................................................................ 5
FORMAÇÃO DA COISA JULGADA NAS AÇÕES COLETIVAS ......................................................................................... 5
EFEITOS SECUNDÁRIOS DA SENTENÇA ..................................................................................................................... 7
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA EM ACP.................................................................................................................... 8
LEGITAMAÇÃO PARA O CUMPRIMENTO DE SENTENÇA EM ACP ............................................................................. 8
AÇÕES COLETIVAS E AÇÕES INDIVIDUAIS ..................................................................................................................... 9
LITISPENDÊNCIA ENTRE ACP ......................................................................................................................................... 9
HÁ LITISPENDÊNCIA ENTRE ACP QUE TUTELA DTOS TRANSIND E ACP QUE TUTELA DTOS IND HOMO? ................ 9
OUTROS TEMAS ............................................................................................................................................................ 9
ABANDONO E DESISTÊNCIA (art. 5º, §3º, LACP) ....................................................................................................... 9
ART. 87, CDC c.c ART. 17 E 18, LACP ......................................................................................................................... 9
COMO FICA A CONDENAÇÃO DO RÉU EM HONORÁRIOS NA ACP PROPOSTAS PELO MP JULGADAS
PROCEDENTES? ....................................................................................................................................................... 10
IMPRESCRITIBILIDADE DE REPARAÇÃO DO ERÁRIO PÚBLICO?............................................................................... 10
QUESTÕES DE ACP ...................................................................................................................................................... 10
AÇÃO POPULAR ............................................................................................................................................................... 10
DADOS GERAIS ............................................................................................................................................................ 10
CIDADÃO, LITISCONSÓRCIO ATIVO, DESISTÊNCIA, LEGITIMIDADE ATIVA .............................................................. 11
MINISTÉRIO PÚBLICO .................................................................................................................................................. 12
PÓLO PASSIVO............................................................................................................................................................. 12
PRAZO DA CONTESTAÇÃO....................................................................................................................................... 13
SENTENÇA ................................................................................................................................................................... 13
PROCEDÊNCIA ......................................................................................................................................................... 13
LITISCONSÓRCIO PASSIVO E RESULTADO DO PROCESSO ....................................................................................... 13
IMPROCEDÊNCIA ..................................................................................................................................................... 14
RECURSOS ................................................................................................................................................................... 14
EXECUÇÃO DA SENTENÇA ........................................................................................................................................... 14
MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO ........................................................................................................................... 14
LEGITIMAÇÃO ATIVA ................................................................................................................................................... 14

AÇAO CIVIL PÚBLICA


DIREITOS DIFUSOS, COLETIVOS, INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS
Direitos difusos e coletivos são chamados de dtos transindividuais, porque são indivisíveis. Indivisibilidade significa
transindividualidade. Os direitos difusos pertencem a um numero indeterminado de pessoas; dtos coletivos
pertencem a um grupo determinado de pessoas.

De outro lado, a tutela coletiva também protege os direitos individuais homogêneos: são direitos individuais que
pertencem a um número grande de pessoas identificáveis, com direitos divisíveis e com origem em comum.

LEIS
7.347/85, 7.853/89, 8.069/90, 8.078/90, 10.741/03, 7.913/89 (ler essa lei que tem peculiaridades importantes),
12.016 (MS coletivo) etc.

Devem ser interpretados em conjunto, como se fossem um microssistema. É a comunicação de fontes. Normas que
estejam em uma lei, podem aplicar-se a outras. Ex.: sistema de reexame necessário para o STJ é o mesmo para AP e
ACP.

Classificação quinaria de tutela: declaratória, constitutiva, condenatória, mandamental e executiva lato sensu. Qual
delas podem ser utilizadas como remédio na tutela dos dtos transindividuais e indiv. homogêneos? TODAS.

Todos os mecanismos que o dto processual se utiliza para o processo individual devem ser apropriados pela tutela
coletiva, aplicando-se subsidiariamente o CPC. Isso porque ela é muito importante para o nosso ordenamento -> A
tutela coletiva traz economia processual, homogeneidade das decisões e segurança jurídica.

É possível cumular tutela de dto transindiv. com dtos individuais homogêneos? Sim.

Danos morais: é possível fazer cumulação de pedidos em ACP e danos morais? O prof. entende que o sofrimento é
individual, mas a juris cada vez mais vem reconhecendo a existência do dano moral do grupo, da classe de pessoas
prejudicadas. Fala-se em danos morais coletivos.

LEGITIMAÇÃO ATIVA E INTERESSE DE AGIR


MP, Defensoria Pública, União, Estados, Municípios, DF, autarquias, empresas públicas, sociedades de economia
mista, associações (constituídas há pelo menos 1 ano + finalidade institucional voltada a proteção de dtos
transindiv.).

MINISTÉRIO PÚBLICO
É único que tem previsão constitucional de legitimidade para ACP (art. 129, III, CF). O MP deve usar a ACP como meio
de alcançar sua missão, que é a tutela dos direitos difusos e coletivos. E os individuais homogêneos? O STJ discutiu
mto e vem resolvendo caso a caso. Um critério é: pode tutelar, desde que esse direito tenha repercussão social.
Olhar os acórdãos do material.
Quando o tema toca o direito do consumidor, o STJ é mto claro em sempre permitir a legitimação do MP.

ATENÇÃO: O entendimento jurisprudencial mudou. O STF entendeu, na segunda metade de 2014, que o MP tem
legitimidade para proteger direito a indenização decorrente do DPVAT. O Plenário do STF, na segunda metade de
2014, decidiu que o Ministério Público tem legitimidade para defender contratantes do seguro obrigatório. (RE
631.111/GO, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 06 e 07/08/2014. Repercussão Geral). Trata-se de direitos
individuais homogêneos, cuja tutela se reveste de interesse social qualificado, autorizando, por isso mesmo, a
iniciativa do Ministério Público de, com base no art. 127 da Constituição, defendê-los em juízo mediante ação
coletiva. O STJ tinha sumulado, em 2010, entendimento diferente  S. 470, STJ: indenização decorrente de DPVAT
em benefício do segurado é direito individual sem repercussão social, então o MP não tem legitimidade para pleitear
ACP. STJ entende que é um contrato legal, de cunho social. Como a decisão do STF foi proferida em sede de
repercussão geral, pode-se concluir que a súmula 470 do STJ, apesar de formalmente ainda estar em vigor, encontra-
se SUPERADA.

Outros exemplos de direitos individuais homogêneos que, por serem dotados de relevância social, o Ministério
Público poderá tutelá-los por meio de ACP1:

1) questionar edital de concurso público para diversas categorias profissionais de determinada prefeitura, em que se
previa que a pontuação adotada privilegiaria candidatos que já integrariam o quadro da Administração Pública
municipal (STF RE 216443);
2) defesa de mutuários do Sistema Financeiro de Habitação (STF AI 637853 AgR);
3) em caso de loteamentos irregulares ou clandestinos, inclusive para que haja pagamento de indenização aos
adquirentes (REsp 743678);
4) defesa de direitos de natureza previdenciária (STF AgRg no AI 516.419/PR);
5) anular Termo de Acordo de Regime Especial - TARE firmado entre o Distrito Federal e empresas beneficiárias de
redução fiscal. O referido acordo, ao beneficiar uma empresa privada e garantir-lhe o regime especial de apuração
do ICMS, poderia, em tese, implicar lesão ao patrimônio público, fato que legitima a atuação do parquet na defesa
do erário e da higidez da arrecadação tributária (STF RE 576155/DF);
6) pretender que o poder público forneça medicação de uso contínuo, de alto custo, não disponibilizada pelo SUS,
mas indispensável e comprovadamente necessária e eficiente para a sobrevivência de um único cidadão desprovido
de recursos financeiros;
7) defesa de direitos dos consumidores de energia elétrica;
8) defesa do direito dos consumidores de não serem incluídos indevidamente nos cadastros de inadimplentes (REsp
1.148.179-MG).

O MP pode promover o termo de ajustamento de conduta. É forma de conciliar, com a autocomposição de litígios e
talvez um dos principais pontos do CPC. Não existe direito subjetivo da parte à propositura de termo de ajustamento
de conduta (TAC). Não se pode obrigar o MP a aceitar TAC ou exigir que apresente contrapropostas tantas vezes
quantas necessárias.

MP E PROTEÇÃO DO ERÁRIO

Pode ajuizar ACP para proteção do Erário. S. 329, STJ -> defesa do patrimônio público.

Art. 129, IX, CF: veda ao MP a representação judicial e a consultoria jurídica a entidades públicas. Todavia, o Erário
público pertence a toda a comunidade, de forma que o MP tem interesse, sim, em atuar.

MP PODE AJUIZAR ACP PARA PROTEÇÃO DE UMA ÚNICA PESSOA? SE FOR DTO INDISPONÍVEL, SIM.

1
http://www.dizerodireito.com.br/2014/08/mp-tem-legitimidade-ativa-para-defender.html, último acesso em 18/10/14.
Garantia constitucional de saúde. Ação em favor de indivíduo determinado para disponibilização de material médico.
O direito à saúde atinge a todos que se encontram em situação equivalente. É interesse público primário, que não se
pode dispor.

LITISCONSÓRCIO ENTRE MINISTÉRIOS PÚBLICOS (ART. 5º, §5º, LACP)

A lei permite em caráter expresso. Não será suficiente saber isso. É preciso saber quais eram os argumentos
daqueles que atacavam aquela proposta e os que defendem. De um lado, é dito que o MP é uno, então não há
litisconsórcio. Outros dizem que não pode haver, pq eles vão litigar onde? Não pode o MPE litigar na JF, e vice-versa.

Há quem diga que, na verdade, o MP é uno dentro da instituição. O MPRJ é uno, o MPRS é uno e assim por diante.
Com relação à atuação, não há problema; o STJ já decidiu que quando o MP está no processo, ele equivale ao ente
público federado, de modo que se estamos falando do MPU, ele vai litigar na JF. E o MPE? Pode atuar na JF, se
houver litisconsórcio entre este e MPU. A presença do MPF faz incidir o art. 109, I, CF.

DEFENSORIA PÚBLICA
Em 2007, incluiu-se expressamente a DP no rol de legitimados pela lei 11.448/07.

Os acórdãos variam o entendimento sobre a extensão dessa legitimidade. Exemplos:

 A DP possui legitimidade ativa para ajuizar ACP na defesa de dtos transindiv de hipossuficientes.
 O MP detém legitimidade para ACP que trata de matéria previdenciária. Não é razoável que, por apego a
formalismos, um dto multitudinário de pessoas sabidamente hipossuficiente, seja afastado da iniciativa do
MP. Ou seja, o fato de ser hipossuficiente e poder atuar a defensoria, não quer dizer que não pode atuar o
MP. Embora as atribuições procuratórias do MP tenham sido transferidas para a DP, cabe ao MP a proteção
de dtos de interesse social.
 Na ACP, em caso de dúvida sobre a legitimação para agir, MP, DP e associações, o juiz deve optar por
reconhecê-la. Na dúvida sobre legitimação ativa, pro legitimidade. A tendência é limitar um pouco na tutela
de dtos dos hipossuficientes, mas ainda existem acórdãos no sentido de que, nos termos do art. 5º, II, da
LACP, a DP tem legitimidade para propor ação principal e cautelar em ações civis coletivas que buscam
auferir responsabilidade por danos causados a MA, consumidor, bens de valor artístico, histórico, estético
etc. Nesse acórdão, foi dada à DF a mesma prerrogativa do MP em ACP. Oq eu fazer em prova? Prof. não
sabe. Em prova de DP, ampliar. Na prova do MP, diante da polêmica, é melhor restringir as hipóteses de
legitimidade da DF para propor ACP.

LEGITIMIDADE E PERTINÊNCIA TEMÁTICA


Deve haver vínculo de pertinência temática entre o objeto e as atribuições institucionais de quem está propondo.
Então não pode o estado do RJ ajuizar ACP contra determinação do governo paulista que impediu publicidade em
outdoor em razão da lei da ficha limpa. Se o governo do PR proíbe a circulação de um produto que é extraído em
terras fluminenses e que gera receita para empresas fluminenses e gera tributos, aí há vínculo direto.

As associações devem ter finalidade institucional voltada para tutela de direitos transindiv. ou indiv. homogêneos.

O juiz, consideradas as circunstâncias do caso concreto, pode afastar os requisitos por decisão judicial
fundamentada.

 A nova lei do MS tem dois artigos voltados para MS coletivo. Nada diz do juiz relevar o requisito temporal de 1
ano. E então? Pode ou não? Apesar de alguns entendimentos contrários, acreditamos que sim, porque faz parte do
microssistema, aplicando-se o CDC.
Qual é a natureza jurídica da legitimação daqueles que podem propor ACP? Majoritariamente, trata-se de
legitimação extraordinária (defender em seu nome interesse alheio) na modalidade substituição processual2. Muitas
pessoas tratam ambas as expressões como sinônimas. Mas há diferença técnica: Barbosa Moreira explica que
legitimação extraordinária é um gênero, abarcando todas as hipóteses em que alguém está no processo em nome
próprio tutelando direito que não é seu. Quando a legitimação extraordinária não exclui a ordinária, ou seja, quando
o terceiro também pode vir ao processo pleitear o seu processo junto, nós chamamos, exclusivamente, de
legitimação extraordinária. Quando a legitimação extraordinária exclui a ordinária, isso seria uma substituição
processual: é a legitimação extraordinária que exclui a legitimação ordinária.

O prof. KAZUO WATANNABE e ADA GRINOVER entendem que teríamos interesses supraindividuais que
pertenceriam a grupos, e estes grupos comporiam associações que teriam interesse próprio. Então a legitimação
seria ordinária -> legitimação ordinária das entidades civis para a defesa de direitos supraindividuais. Isso não tem
sido aceito, mas é interessante conhecer.

NELSON NERY e ANTONIO GIDI: defendem que, no caso das ACP que tutelam direitos transindividuais, o que eu
tenho não é substituição processual, mas sim uma legitimação autônoma para a condução do processo -> instituto
que vem do direito alemão. Na verdade, quando se tutela direitos transindividuais, o direito é alheio, mas próprio
também. E é alheio a quem? Porque os direitos transindividuais são indivisíveis! O que a lei fez foi escolher na
sociedade entes que confiava e determinou que eles conduzissem o processo -> legitimação autônoma para
condução do processo.

AULA 19

SENTENÇA E COISA JULGADA


Na aula passada, nos preocupamos em diferenciar os direitos individuais homogêneos dos direitos transindividuais.
Isso pq na hora de dar sentença, se estou tutelando dtos transindividuais, dou uma sentença específica. Ex.: coloque
filtro na chaminé da fábrica. Agora, quando tutelo coletivamente dtos individuais homogêneos, o conteúdo da
sentença não pode ser específica, porque esses direitos, na verdade, são individuais: a sentença só pode abranger oq
esses dtos tem em comum, ou seja, tem que ser uma sentença genérica. Essa sentença fica esperando até que as
pessoas apareçam e digam quem são: ações individuais e autônomas de liquidação e execução da sentença.

Quando se tutela a despoluição de um rio, por ex, é sentença específica. Quando se tutela o direito dos pescadores
que não puderam pescar pela poluição, então é dto indiv. homogêneo (com tutela genérica).

FORMAÇÃO DA COISA JULGADA NAS AÇÕES COLETIVAS


CPC estabelece uma forma mto simples de formação da coisa julgada material. Se julgou o mérito, faz coisa julgada
material. É pro et contra  dto individual. Em se tratando de dtos transindividuais ou individuais homogêneos o
sistema é outro: está no art. 16, LACP e art. 103, III, CDC.

DTOS TRANSINDIVIDUAIS

Para esse tipo de dto, a coisa julgada se forma secundum eventum probationis. Toda procedência faz coisa julgada, e
a sentença de improcedência, a priori, também faz, salvo quando fundamentada na ausência de provas. Na prática,
isso quer dizer que se algum legitimado ajuizar ACP e for julgada improc por falta de provas, ele ou outro legitimado,
com novas provas, pode repropor a mesma ação: mesma parte, pedido e causa de pedir. E se for julgada improc por
outro motivo? Então nenhum outro legitimado poderá propor a mesma ACP.

DTOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS

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A parte majoritária entende que não é ordinária, porque estão sendo tutelados direitos difusos, coletivos ou individuais
homogêneos. Nunca são direitos só deles mesmos.
Sistema de formação da coisa julgada secundum eventum litis. Mais rigoroso: exclui da formação da coisa julgada as
sentenças de improcedência. No caso de ações civis pub que tutelem dtos individuais homogêneos, só faz coisa
julgada a sentença de mérito que tenha dado o pedido por procedente. A improcedência não faz coisa julgada
material, não importa o motivo.

EXTENSÃO SUBJETIVA DA COISA JULGADA

Formada a coisa julgada, a quem ela vincula? É diferente do que acontece com as tutelas individuais (no CPC, a
priori, vincula apenas as partes, inter partes). Na tutela coletiva, não se dá assim e nem poderia ser. Isso porque a
coisa julgada precisa atingir a todos, em direitos difusos, ou seja, ser erga omnes. Os dtos coletivos também são
indivisíveis, mas pertencem a uma categoria. A coisa julgada tem que atingir aqueles que pertencem aquela
categoria, ou seja, é ultra partes, quando se forma. Para dtos individuais homogêneos, o legis fez escolha política (e
atécnica), dizendo que a coisa julgada é erga omnes.

CONCLUSÃO: quando se fala em coisa julgada na ACP, é preciso separar as regras de sua formação e, definida a
formação da coisa julgada, analisar as regras de sua extensão subjetiva, lembrando sempre do objeto da ação e
jamais vinculando negativamente interesses individuais homogêneos, ainda que tutelados em ACP julgada
improcedente, pois essa não faz coisa julgada material. De nada importa, para esse tipo de direito, que outras ACP
que tutelem dtos difusos ou coletivos lesados pelo mesmo fato (causa de pedir), tenham sido julgadas
improcedentes com formação de coisa julgada material, pois é preciso lembrar que, mesmo a coisa julgada erga
omnes vincula-se ao objeto da ação, impedindo, nesse último exemplo, tão somente a propositura de novas ações
civis públicas que tutelem aqueles mesmos dtos difusos e coletivos pelo mesmo ou por outros legitimados.

ART. 16, ACP c.c Lei 9494/97

História e contextualização: houve mtas privatizações nos dois mandatos de FHC. Houve mtas liminares que
pipocaram em ACP para trancar leilões, licitações, para impedir essas privatizações. Para a AGU, era infernal.
Quando o MP começou a ficar forte e incomodar desenvolvimento de atividades eco de âmbito nacional que
causavam violação de dtos difusos e coletivos. O governo, por MP, depois convertida em lei, quis diminuir o poder
do Judiciário criando uma ficção, uma regra: extensão subjetiva da coisa julgada na ACP é erga omnes limitada à
extensão territorial da competência do juiz que deu a decisão. Se o juiz é da comarca da MACEIÓ, a TIM só ficava
impedida de exercer sua atividade daquele jeito em MACEIÓ. Se um rio vinha sendo poluído por várias empresas em
toda a sua extensão, não adiantava conseguir liminar só em uma comarca, se mais a frente o rio continua a ser
poluído, mesmo que pela mesma empresa. Precisaria ajuizar ação em cada comarca? Isso inviabiliza a tutela dos
dtos coletivos lato senso.

Sofreu mtas críticas. Dentre elas, a mais técnica é de NERY. Ele disse que o legislador confundiu, de maneira absurda,
coisa julgada com competência; misturou extensão subjetiva da coisa julgada com regra de competência territorial.
Isso quer dizer que se um juiz dá sentença de separação em São Paulo, os sujeitos, em outra comarca, voltam a ser
casados?!

A jurisprudência, desde 2001, vem tentando mudar a aplicação do art. 16. A solução foi encontrada no âmbito do
CDC. De todos os acórdãos, o mais importante “disparado” é o REsp 1243887/PR, j. 12/12/2011, Corte Especial do
STJ. Diz que o art. 16 mistura conceitos heterogêneos de coisa julgada e competência material. Sabe-se que coisa
julgada, a despeito da atecnia do art. 467, do CPC, não é efeito da sentença, mas sim qualidade que a ela se agrega
de modo a torna-la imutável e indiscutível. O alcance da coisa julgada não se limita à comarca na qual tramitou a
ação coletiva, mas sim a determinados sujeitos e questões fático-jurídicas, sob pena de esvaziar a utilidade prática
da ação coletiva.

Dentro do esforço todo que foi feito para superar essa limitação absurda, olhou-se para o CDC. Lá está dito o
seguinte: o critério determinativo de competência na ACP é o LOCAL DO DANO. Mas, se o dano for REGIONAL OU
NACIONAL, o CDC diz que, no primeiro caso, a ação tem que ser proposta na capital do Estado cuja região foi
atingida. Se foram 2 Estados, a competência é concorrente do juízo das duas capitais. Se for de âmbito nacional, na
capital dos atingidos ou no DF - capital do Brasil. A ideia é de que, mesmo que o artigo 16 não seja declarado
inconstitucional, tudo bem, pq o que o CDC fez ao exigir que, em dano regional e nacional, foi ampliar o foro do juiz
aos limites de todo o seu Estado ou do país, respectivamente. E isso resolve o problema.

Hoje, e cair na prova, o mais importante é ler os grifos do acórdão mencionado.

AINDA HÁ PROBLEMAS na coisa julgada.

ART. 2º-A DA LEI 9494/97

Ainda existe essa regra. Se são ações propostas por associações, naturalmente, ela tutela ou dtos ind homo ou dtos
coletivos, mas é, sem dúvida alguma, uma limitação mto grande prevista nesse artigo. O STJ não ficou quieto. O
acórdão mais recente do material é de 26/04/2012, AgRg no REsp 1.279.061/MT, no qual é dito que somente serão
alcançados pelos efeitos da sentença proferida em ação de caráter coletivo os substituídos processuais domiciliados,
à época da propositura da demanda, no território da competência do órgão que decidiu. Mas temos situações
pontuais que são tratadas de maneira diferente. NANCY ANDRIGHI, no REsp 1243386/RS (26/026/2012), diz que o
artigo restringe territorialmente a substituição processual. “A ação não foi proposta exclusivamente para a defesa
dos interesses trabalhistas dos associados, mas sim para tutelar de maneira ampla os dtos de tds produtores rurais
que laboram com sementes transgênicas de soja RR, ou seja, foi ajuizada no interesse de TODA a categoria
profissional. Referida atuação é possível e vem sendo corroborada jurisprudência do STF” (ela afasta a aplicação
desse artigo 2-A).

Se o direito é idêntico para toda categoria, não importa se a pessoa é associada ou não, para a NANCY. Isso não é
entendimento consolidado.

CONCLUSÃO: a Corte especial do STJ resolveu o problema do art. 16 da Lei de ACP considerando que o código de
defesa do consumidor, ao apontar como foro competente o do DF para danos de âmbito nacional, e o da capital dos
Estados atingidos para danos de âmbito regional, ampliou, nesses casos, os limites da competência territorial desses
juízes, anulando, na prática, a limitação pretendida pelo art. 16. Resta, ainda, a limitação do art. 2º-A, da lei 9494/97,
que limita os efeitos da sentença de ações coletivas propostas por associações apenas aos associados que, na data
da propositura da ação, fossem domiciliados no âmbito da competência territorial do órgão prolator. Ocorre que,
muitas vezes, a associação defende um direito que é de toda uma categoria, não necessariamente toda ela filiada ou
associada. Nesses casos, o STJ já entendeu que a sentença tem que produzir efeitos amplos, atingindo todos os
membros da classe, ainda que não filiados, estejam domiciliados onde estiverem.

ATENÇÃO: o Plenário do STF (2014) entende que, nas ações coletivas (com exceção o MS), a associação deve ter
autorização individual ou por meio de assembleia geral dos associados para que possa agir. Autorização genérica
conferida não é suficiente para legitimar a sua atuação; a autorização deve ser expressa, conforme disposição
constitucional (art. 5º, XXI, CF). Assim, apenas aqueles que apresentaram, na data da propositura da demanda,
autorizações individuais expressas podem executar o título judicial proferido na ação coletiva. Por outro lado, no caso
do MS coletivo, temos LEGITIMAÇÃO EXTRAORDINÁRIA, sendo desnecessária a autorização específica dos
associados. Art. 21, da lei de MS + S. 629 e 630, STF.

Em ACP, a competência territorial é funcional, ou seja, absoluta. Quando estudamos competência, funcional é
critério e não espécie de competência. O critério funcional é absoluto.

EFEITOS SECUNDÁRIOS DA SENTENÇA


Tem grande importância, principalmente em ACP de direitos transdiv. Aqui, a tutela é específica. Lembrando que de
um único fato podem ser gerados danos a direitos difusos, coletivos e ind homo. A ACP proposta pelo MP se
preocupa só com direito difuso, por ex. A sentença de procedência terá efeitos secundário, aproveitamento in
utilibus, ou seja, será aproveitada para direitos ind homo lesados pelo mesmo fato. Sabedores de que dtos ind foram
lesados em caráter homo pelos mesmos fatos, o sistema permitiu que o indivíduo tire cópia de sentença e vá em
juízo com ação individual de liquidação e execução.

E se a ACP já é voltada para a tutela para os dtos ind homo? Se já houve esse pedido, haverá também ações
individuais de liqui e exe como efeito principal, e não secundário. Quando falamos em efeitos secundários, estamos
nos referindo a sentença que tutelou só dtos difusos ou coletivos.

Essas ações têm algumas particularidades importantes. Vamos estudá-las: tenho que provar quem sou, que estou no
grupo lesado e dizer qual o montante do prejuízo.

OBSERVAÇÕES: QUEM AJUÍZA AÇÃO INDIV DE LIQUI? O indivíduo lesado. ONDE? Não são distribuídas por
dependência para o juízo que proferiu a sentença coletiva. As regras de competência serão da legislação processual
sempre com livre distribuição. Que regras? Regra geral -> ação ajuizada no foro do réu; se for CDC, no foro do
consumidor.

Tem mta juris importante que pode cair em concurso envolvendo a questão. Ex.: S. 345, STJ -> como que vou
justificar não pagar honorários para o adv do autor em ação que não é mera execução, mas tem forte carga
cognitiva, em que o indivíduo tem que provar quem é, que foi atingido pelo fato, que sofreu tanto de prejuízo. O
trabalho foi árduo pela forte carga cognitiva. A razão de ser dessa súmula, portanto, é a forte carga cognitiva das
ações individuais de liquidação e execução, que exigem mto trabalho do advogado, mesmo que não tenham havido
embargos por parte da Fazenda Pública.

TERMO INICIAL PARA CONTAGEM DOS JUROS DE MORA NAS AÇÕES DE EXECUÇÃO

Via de regra, art. 219, CPC: citação válida coloca o devedor em mora nas obrigações ex persona.

E qual citação? Aquela na ACP ou a citação na ação indiv. de liqui e exe? O STJ entendeu que os juros de mora só
passam a ser contados a partir da ação individual de liqui e exe.

CUMPRIMENTO DE SENTENÇA EM ACP


Em termos de procedimento de rito, não há qualquer novidade. Se for de dar, fazer e não fazer, serão na forma 461
e 461-A, CPC.

Quando for obg de pagamento de quantia em dinheiro, o pagamento é na forma do 475-J. Se for Fazenda Pública, na
forma do 630 (?), CPC.

LEGITAMAÇÃO PARA O CUMPRIMENTO DE SENTENÇA EM ACP


Preferencialmente, a sentença vai ser executada pelo autor da ACP, mas qualquer legitimado que poderia ter
proposto aquela ação pode promover a execução. E se ninguém fizer? O MP tem o DEVER de fazê-lo. Juiz solta edital
e espera que os legitimados se manifestem; não se manifestando, ele intima o MP para promover a execução, sob
pena de cometer falta funcional. Se estou tutelando dtos transind a sentença será executada por aqueles que podem
propor a ACP. Mas quando a ACP tutela dtos ind homo, a sentença é genérica, e o juiz fica esperando aquelas
pessoas individualmente lesadas. O problema é que essas pessoas podem simplesmente não aparecer. A lei diz que
surge a legitimação coletiva para executar, de maneira coletiva, algo que deveria ser executado individualmente.
Ajuíza-se execução coletiva para dimensionar o dano global e executar esse valor. E esse valor será enviado para
fundo de reparação dos direitos difusos e coletivos (recomposição indireta, fluida, fluid recovery).

A legitimidade do MP surgirá após prazo de 1 ano (prazo decadencial) do trânsito em julgado, se não houver
habilitação de interessados, nos termos do art. 100, CDC. Esse 1 ano tem que ser contado a partir do edital, e não do
simples trânsito em julgado. Se não houve o edital, não começou a correr o prazo decadencial em comento.

No material, o prof colacionou tudo de importante que teve de 2012 para cá. Ex.: 1. Sindicatos são substitutos
processuais, abrangendo também a fase de liquidação e execução. 2. Servidor público, integrante da categoria, ainda
que não seja associado ao sindicato, pode propor ação de execução.
AÇÕES COLETIVAS E AÇÕES INDIVIDUAIS
Ex. dos pescadores ribeirinhos. Nada impede que o MP tenha ajuizado ACP para tutelar meio ambiente e dto ind
homo dos ribeirinhos (pq tem relevância social), e algum ribeirinho já tenha ajuizado a ação individual. Se existe ACP
tutelando individualmente o direito ind, como ficam as ações individuais? Estamos tendo uma reviravolta nesse
assunto. Primeiro veremos como está na lei, e depois veremos o que o STJ tem decido.

A lei se preocupou e disse que a ACP não gera litispendência que impeça a propositura da ação individual. O CDC diz
que o juiz intimar o autor da ação individual para dar notícia de que existe ACP sobre o tema e, para, caso ele queira
se aproveitar da ACP, precisa pedir suspensão do seu processo indiv. Se pedir e a ACP for procedente, já executa. Se
for improcedente, continua com seu processo. O que não pode é optar pelo processo indiv. e depois querer se
beneficiar da ACP. A lei da ACP tem peculiaridade, pq exige que o indiv. peça a EXTINÇÃO DO PROCESSO, o que é
ruim pq, em caso de insucesso da ACP, a pessoa é obrigada a propor novo MS. Isso é o que está na lei.

O STJ vem resolvendo da seguinte maneira: Min. Sidney Benet (?), há uns anos atrás discursou sobre jurisprudência
defensiva do STJ, dizendo que o STJ e demais tribunais podem suspender de pronto a ação indiv. com a notícia de
ACP. Ele foi vaiado pela plateia. O STJ, em seus acórdãos, tem suspendido, AINDA QUE DE OFÍCIO, as ações
individuais quando ação coletiva é proposta. Infelizmente, se cair na prova, deve colocar como correta, pq está na
pauta de recursos repetitivos do STJ, de final de 2013. Em que pese o art. 104 do CDC afirmar a inexistência de
litispendência entre as ações individuais e a ação coletiva, o STJ entende que é possível suspender de ofício todas as
ações individuais até o julgamento da macrolide. Expressão de WATANABE: “o STJ está priorizando o julgamento
molecularizado em detrimento do julgamento atomizado”. Para onde iremos: “iremos para isso mesmo. O CPC novo
traz incidente de resolução de demandas repetitivas, que independentemente da propositura de tutela coletiva,
pode ser suscitado sempre que se notar repetição de casos e o tribunal manda suspender. Só que isso é feita de
forma mais democrática, com abertura de procedimento: amicus curiae, associações chamadas a se pronunciar. Do
jeito do STJ é agressivo e o fim da picada”.

LITISPENDÊNCIA ENTRE ACP


A solução da juris é reunir todas em juízo prevento. Agora, se houver continência ou conexão, da mesma forma:
reunião no juízo prevento. STJ não admite conexão nem continência quando uma ação tramita na justiça federal e a
outra na justiça estadual. Em tutela coletiva, em geral, é diferente. Súmula 489, STJ: reconhecida a continência,
devem ser reunidas na justiça federal as ACP propostas nesta e na justiça estadual. Ou seja, ela excepciona a reunião
de feitos conexos ou continentes que tramitem em justiças distintas.

HÁ LITISPENDÊNCIA ENTRE ACP QUE TUTELA DTOS TRANSIND E ACP QUE TUTELA DTOS IND HOMO?
Ainda que houvesse litis, nenhum processo seria existo, mas reunidos. No caso, todavia, não há litis, porque o
pedido é diferente. O máximo que podemos ter é conexão.

OUTROS TEMAS
ABANDONO E DESISTÊNCIA (art. 5º, §3º, LACP)
O MP tem que ser intimado em desistência e abandono. Quando há abandono, o MP faz avaliação para assumir ou
não. Quando a desistência for justificada, o MP não pode assumir. Qualquer legitimado para a ação poderá assumir a
ACP.

ART. 87, CDC c.c ART. 17 E 18, LACP


Isenção de adiantamento de custas processuais, e isenção complete de honorários de adv no ajuizamento da ACP.
No final, o vencido paga. E honorários? A priori, não há. Mas havendo litigância de má-fé, tanto pra ACP ou ação
popular (próxima aula), o juiz deverá condenar no décuplo das custas.
COMO FICA A CONDENAÇÃO DO RÉU EM HONORÁRIOS NA ACP PROPOSTAS PELO MP JULGADAS
PROCEDENTES?
O STJ entende que, ainda que a lei tenha criado isenção de honorários, se houver procedência, o réu não deveria
pagar honorários do adv também. Ou seja, entende que a isenção tem que valer para os dois lados.

IMPRESCRITIBILIDADE DE REPARAÇÃO DO ERÁRIO PÚBLICO?


A prescrição contra a FP normalmente é de 5 anos, mas tudo que envolver reparação ao Erário é imprescritível. Ex.:
na ação de improbidade adm, que não deixa de ser uma ACP, há previsão de ação contra reparação ao Erário.

QUESTÕES DE ACP
Não é requisito para ACP existência, instauração de inquérito civil.

Apelação de ACP será recebida, via de regra, no efeito devolutivo.

As associações legitimadas na forma da lei poderão habilitar-se como litisconsortes de qualquer das partes.

O modelo das class actions é norte-americano, e não tem relação com modelo alemão.

ACP comporta ação cautelar.

AULA 20

AÇAO POPÚLAR
DADOS GERAIS
Impressionante como ação popular está desaparecida da jurisprudência, mas ainda caem mtas questões.

Surgiu na CF de 1934 e esteve presente em todas as demais, com exceção da de 1937 – instrumento de democracia
semi direta e não poderia se fazer presente na Constituição Polaca, por lógico.

A lei, desde o início é a mesma: lei 4.717/65, com algumas alterações.

Na CF atual está prevista no art. LXXIII, art. 5º. É um remédio constitucional.

O “grande barato” é o estudo do seu objeto e da legitimação ativa e, principalmente, da legitimação passiva.

Ação popular surge, inicialmente, como remédio para anulação de ato lesivo ao patrimônio público. Ou seja, o ato
devia ser nulo e lesivo ao patrimônio público. Isso fez com que surgisse o binômio: NULIDADE + LESIVIDADE DO ATO
ADM atacado. Isso durou e, de certa forma ainda dura na doutrina, pq o ato nulo que não seja lesivo pode ser
convalidado se for benéfico para o interesse público (claro, se cumpridos os requisitos – direito administrativo).

No art. 4º da 4.717/65, ela trouxe atos de lesividade presumida (inverte o ônus da prova, e o réu tem que
demonstrar que não houve lesividade).

Na jurisprudência, cada vez mais a lesividade tem sido considerada presumida. Pq? O professor precisa tratar do
conceito de “patrimônio público” para que possamos entender o motivo.

Patrimônio público surge como sinônimo de Erário, cofres públicos. Mas, ao longo do tempo (em 1977) houve
ampliação do conceito de patrimônio público para incluir bens e direitos de valor econômico, artístico, estético,
histórico ou turístico (é uma gama tão grande que podemos colocar os direitos transindividuais que afetam o Estado,
aqui, portanto) – art. 1º, §1º, LACP. E, em 1988, a CF, ao falar da ação popular, diz que deve ser ajuizada para
proteger o patrimônio público ou entidade de que o Estado participe, a moralidade adm, o meio ambiente e o
patrimônio histórico e cultural. Tivemos grandes avanços em “meio ambiente” e “moralidade adm”.
O ato imoral já é lesivo ao patrimônio público, pq a moralidade está abrangida em seu conceito. O mesmo se aplica
para as lesões ambientais. Com esse objeto amplo, fica próxima da própria ACP no que se refere à defesa de dtos
difusos, com a grande vantagem de que o legitimado ativo é o cidadão.

Posso ajuizar ação popular em defesa de empresa pública ou sociedade de eco mista? Sim. Art. 173, §1º, CF afirma
que essas empresas estatais estão sujeitas à fiscalização do Estado e da sociedade e, uma das formas da sociedade
controlar e fiscalizar é através da ação popular.

Acórdão AgRg REsp 1130754 -> “é possível, no plano abstrato, afirmar a prescindibilidade do dano para propositura
da ação popular. Isso porque quando a lei define o patrimônio público, ela deixa claro que deve ser entendido de
maneira ampla para abarcar (...), dentre outros valores, a moralidade adm”. Ainda que inexistente o dano material
ao patrimônio público, cabe o ajuizamento da ação popular.

Ação popular não precisa ser proposta apenas após a prática do ilícito e ocorrência do dano. Inafastabilidade da
jurisdição. Na tutela coletiva todas as ferramentas estão disponíveis. Posso ajuizar ação popular com pedido de “não
fazer” para evitar o ilícito -> se praticar vai ser ato ilícito que vai lesar ao patrimônio público.

Cabe tutela antecipada e cautelar em todas suas modalidades. Art. 5º, §4º da lei 4.717 admite expressamente a
suspensão do ato (caráter antecipatório interessante), e o art. 22 fala da aplicação subsidiária do CPC – todo o
sistema de tutela de urgência se aplica aqui.

Art. 14, §4º, da LAP: parte condenada a restituir os bens já fica sujeita a sequestro/arresto e penhora, desde a
prolação da sentença condenatória. A apelação é tem efeito suspensivo, e não cabe execução provisória, pois, de
forma que essa tutela cautelar do art. 14, §4º é muito importante.

PECULIARIDADE NA PARTE DA COMPETÊNCIA

Em ACP, é territorial e funcional (absoluta) do local do dano.

No caso da ação popular, a competência é do local do ATO, observadas as regras do art. 109, CF. antes de ver onde a
ação será proposta, tenho que ver em qual justiça vou ajuizar a ação. Se estiver presentes as hipóteses do 109, a
competência será da Justiça Federal.

Considerando que não há disposição especifica a respeito, professor entende que essa competência territorial é
RELATIVA. Na ACP só é absoluta pq a lei fala; e na ação popular não é dito nada.

Não há foros privilegiados em ação coletiva, incluindo a ação popular (STF).

CIDADÃO, LITISCONSÓRCIO ATIVO, DESISTÊNCIA, LEGITIMIDADE ATIVA


É aquele está no gozo dos direitos políticos ATIVOS, ou seja, pode votar. Então, o único documento necessário é o
título eleitoral ou documento equivalente (certidão do TRE) – art. 1º, §3º, Lei 4.717.

QUEM TEM 16 ANOS PODE VOTAR, MAS PARA AJUIZAR AÇÃO PRECISA ESTAR ASSISTIDO, POSTO QUE TEM
INCAPACIDADE RELATIVA E NÃO TEM CAPACIDADE PROCESSUAL. E AGORA? Até uma criança recém nata tem
capacidade de ser parte que equivale a personalidade. Mas capacidade processual plena é apenas dos plenamente
capazes. Isso se aplica para ação popular? SIM, pq a lei só traz como requisito o gozo de dtos políticos. O MENOR
ENTRE 16 E 18 ANOS QUE TEM TÍTULO ELEITORAL NÃO PRECISA ESTAR ASSISTIDO.

E SE OUTROS CIDADÃOS QUISEREM PARTICIPAR? Art. 6º, §5º diz que outros cidadãos podem se habilitar no
litisconsórcio ativo.

E SE FOREM MTOS? O juiz pode limitar, como faz no CPC, no chamado litisconsórcio multitudinário.

Art. 9º da lei permite que, no caso de desistência, publica-se edital e outro cidadão pode assumir o processo.
Suponhamos que houve sentença, mas o cidadão originário não executou. Pois bem, outro cidadão pode executar a
sentença.

QUEM MAIS PODE FIGURAR NO POLO ATIVO? Poder público cujo patrimônio se objetiva proteger. LEGITIMAÇÃO
PENDULAR DO PODER PÚBLICO. A pessoa jurídica do agente deve ser citada, podendo optar por migrar para o outro
polo da ação, ou seja, migra para ser autora, ao lado do cidadão.

Pergunta cruel: a pessoa de direito público ficou o tempo todo no polo passivo. Houve sentença, a qual obrigou o
agente público e mais algumas pessoas a ressarcir ao Erário, mas essa sentença não foi executada. PERGUNTA-SE:
poderia o poder público, que ficou no polo passivo da causa, agora executar a sentença? SIM. A lei permite
EXPRESSAMENTE que o poder público execute, caso falte o cidadão, porquanto é o patrimônio público que se quer
ver ressarcido.

MINISTÉRIO PÚBLICO
No palco da tutela coletiva, o principal ator é o MP. Pois bem, onde está o MP na ação popular? Via de regra, o MP
atua como custos legis, mas pode ter papel ativo no caso de desistência (art. 9º - pode assumir o processo, com
legitimidade superveniente). “Pode” não quer dizer que deva.

Art. 9º Se o autor desistir da ação ou der motiva à absolvição da instância, serão publicados editais nos prazos e
condições previstos no art. 7º, inciso II, ficando assegurado a qualquer cidadão, bem como ao representante do
Ministério Público, dentro do prazo de 90 (noventa) dias da última publicação feita, promover o prosseguimento da
ação.

No que se refere à execução da sentença, se ninguém executar, o MP é executado para iniciar a execução em 60
dias, sob pena de responsabilidade funcional. Neste caso, pois, é um dever.

Art. 16. Caso decorridos 60 (sessenta) dias da publicação da sentença condenatória de segunda instância, sem que o
autor ou terceiro promova a respectiva execução, o representante do Ministério Público a promoverá nos 30 (trinta)
dias seguintes, sob pena de falta grave.

A participação do MP na ação popular como custos legis é bastante peculiar, e a lei se preocupou em discriminar
bastante as suas atividades. A parte que tem mais repercussão prática hoje é a seguinte: o MP deve apressar a
produção da prova, velando para que as requisições determinadas pelo juiz sejam atendidas no tempo determinado,
e promovendo responsabilização por crime de desobediência. Art. 6º, §4º, Lei 4.7173. Em outras palavras, mesmo
não sendo parte, pode pedir provas e promover a responsabilidade civil e criminal de quem está atrasando a
produção de provas.

Ainda, SEMPRE deverá, ao final, apresentar parecer antes da sentença. No art. 6º, a lei diz que nesse parecer é
vedada a defesa do ato. ORA, não se pode vedar isso, se o membro entender que é ato legal e benéfico, até pq o
membro do MP tem independência funcional. Portanto, essa parte não foi recepcionada pela CF.

A titulo de curiosidade, essa vedação existia pq o MP era, antes da CF/88 como instituição híbrida, que atuava
também na defesa da União (AGU).

ACÓRDÃO: “o Parquet tem legitimidade para requerer e produzir as provas que entender necessárias ao deslinde da
demanda”.

PÓLO PASSIVO
3 categorias de réu:

3
§ 4º O Ministério Público acompanhará a ação, cabendo-lhe apressar a produção da prova e promover a responsabilidade,
civil ou criminal, dos que nela incidirem, sendo-lhe vedado, em qualquer hipótese, assumir a defesa do ato impugnado ou dos
seus autores.
 PESSOA JURÍDICA TITULAR DO PATRIMÔNIO PÚBLICO LESADO: pode ser da adm direta ou indireta;
 AGENTE (público ou privado) LIGADO À PESSOA JURÍDICA E RESPONSÁVEL PELA PRÁTICA DO ATO: conduta
ativa ou omissiva. É o principal réu da ação popular;
 PESSOAS BENEFICIADAS COM A PRÁTICA DO ATO ILEGAL: às vezes são externas à pessoa jurídica.

Essas pessoas estão em LITISCONSÓRCIO. Que tipo de litisconsórcio é esse? É litisconsórcio necessário, com ressalva
de que a pessoa jurídica pode migrar para o polo ativo da causa. E pode ser, ainda, que não saibamos quem foram os
beneficiados. Como faz? Inicia-se o processo e, mesmo que já esteja na fase instrutória, as pessoas descobertas
como beneficiadas podem ser colocadas no polo passivo. É um dos casos raro de litisconsórcio ULTERIOR. Qual o
limite? A sentença de primeiro grau (art. 7º, III, da lei).

É possível, ainda, a publicação de edital citando eventuais beneficiários quando não se sabe quem são, sem prejuízo
de que aqueles que forem descobertos ingressem no processo.

O despacho inicial da ação popular é bastante relevante. Diz a lei que na ação popular, o despacho inicial
determinará a citação dos réus, intimação do MP e requisição dos documentos referidos pelo autor na inicial bem
como de outros que se afigurem necessário. Ativismo judicial é maior na ação popular do que no processo comum. O
cidadão não precisa ajuizar ação declaratória para pedir documento e depois entrar com ação popular. O autor deve
pedir, no bojo da ação popular, com fundamento, o documento, e o juiz pode fazê-lo no âmbito do próprio processo
de conhecimento já ao despachar a petição inicial.

PRAZO DA CONTESTAÇÃO
O prazo é de 20 dias, prorrogáveis por mais 20, a requerimento do interessado, fundado na dificuldade de defesa ou
de produção de provas. Qual o prazo da ação popular para contestar? 20+20 dias. a lei já parte de litisconsórcio
necessário, então não se aplica o art. 188 nem 191, CPC.

Para ação rescisória, o STJ já decidiu que se a fp estiver no polo passivo, multiplica-se o prazo da contestação em 4
(art. 188). Ora, se é assim para rescisória, pq não é para ação popular? Pq na popular, a presença do poder público é,
praticamente, uma constante.

SENTENÇA
Proferida na audiência de instrução de julgamento ou em até 15 dias. Qualquer atraso injustificado implica em
penalidades ao juiz (não pode ser incluído na promoção por merecimento e perde a antiguidade equivalente aos dias
de atraso para proferimento da sentença).

PROCEDÊNCIA
Se for julgada procedente, que tipo de tutela temos? Considerando que a base é sempre a nulidade de um ato
jurídico, temos sempre uma tutela DESCONSTITUTIVA com a procedência, caso o ato já tenha sido praticado (tutela
repressiva). Se for uma tutela inibitória, podemos ter tutela condenatória MANDAMENTAL de não fazer. Além disso,
temos tutela condenatória, não só no ressarcimento do erário público, caso haja prejuízo para os cofres públicos,
mas também perdas e danos e recomposição dos danos in natura, na medida do possível.

LITISCONSÓRCIO PASSIVO E RESULTADO DO PROCESSO


Uma das formas de classifica-lo é de acordo com o resultado do processo: simples ou unitário. No que se refere ao
pedido voltado para o ato adm, ele é unitário: se o ato for anulado, vale para todos. Se não puder ser praticado, é
igual para todo mundo também. Tutela constitutiva negativa  litisconsórcio unitário.

No que se refere ao capítulo condenatório, daí varia: agente público é sempre condenado a ressarcir o Erário, mas os
beneficiários podem ser absolvidos se não ficar demonstrado o benefício ou então a condenação destes pode ser
menor. Não há certeza que de que todos serão condenados a pagar o mesmo valor. Capítulo da tutela condenatória
 litisconsórcio simples.
IMPROCEDÊNCIA
Autor não é condenado nos ônus sucumbenciais, salvo se comprovada má-fé (art. 5º, LXXIII, CF). no entanto, diz o
art. 13 da lei que, se ficar demonstrada atuação do cidadão de má-fé será condenado a pagar o DÉCUPLO das custas
e mais os honorários da parte completa (normais, não é o décuplo dos honorários). Às vezes um cidadão é pago por
um político para propor a ação popular e perder, para ter um verniz de legalidade. Contra isso há dois antídotos: i)
específico regime do reexame necessário da ação popular; e ii) coisa julgada da ação popular.

Na ação popular, a coisa é invertida. Normalmente, ações ajuizadas contra o poder público julgadas procedentes
estão sujeitas ao reexame necessário. Aqui o reexame independe do poder público; se a ação popular foi julgada
improcedente ou extinta sem resolução do mérito tem reexame necessário. E se foi a favor do poder público que
estava no polo passivo? Não importa, se foi improcedente foi contra o patrimônio público que se visa tutelar.

PPIO DA COMUNICAÇÃO DAS FONTES: STF entendeu que na ACP, se o que estiver em jogo for patrimônio público,
aplica-se o reexame necessário previsto na lei de ação popular. Art. 19 da Lei 4.717 se aplica também à ação civil
pública, pois (REsp 1.108.542/SC).

COISA JULGADA

O seu modo de formação é secundum eventum probationis: a procedência e a improcedência fazem coisa julgada,
menos a improcedência por ausência de provas. Art. 18.

RECURSOS
Peculiaridade de que a lei é expressa em dizer, no art. 19, que das decisões interlocutórias cabem AGRAVO DE
INSTRUMENTO.

Da sentença cabe apelação com efeito suspensivo.

EXECUÇÃO DA SENTENÇA
QUAL O RITO? Tudo que vimos de execução de sentença é válido aqui.

Se for obrigação de pagar quantia certa em dinheiro -> cumprimento de sentença, art. 475-J, CPC.

Se for condenação de dar, fazer ou não fazer: 461, 461-A, CPC.

A grande peculiaridade está na legitimação, como já foi dito. É do autor cidadão, mas se não o fizer, qualquer
cidadão pode fazer em até 60 dias. Se ninguém fizer no prazo de 60 dais da publicação da decisão de 2ª instância
(isso acaba obrigando a fazer uma execução provisória), o MP tem 30 dias para iniciar a execução, sob pena de falta
grave -> o MP deve ser intimado. Sobre a aparente obrigatoriedade de execução provisória, o professor fala que é
inadmissível pq ela corre a custo e risco do exequente! O prazo deveria correr a partir do trânsito em julgado.

Pj titular do bem lesado também pode promover a execução, ainda que tenha ficado o tempo todo no polo passivo
da ação.

Art. 21 da lei de mandado de segurança diz que o prazo prescricional é de 5 anos, ressalvado o caso de
ressarcimento ao Erário, o qual é imprescritível (art. 37, §5º, CF).

MANDADO DE SEGÚRANÇA COLETIVO


Art. 21 e 22 da lei do MS. São poucos artigos, então é preciso analisar o microssistema para compreender.

LEGITIMAÇÃO ATIVA
Já está no LXX, do art. 5º, CF, mas resolveram colocar uma alínea para tratar disso. Além disso, colocaram maior
resistência, a qual deve ser superada.
Art. 21. O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com representação no Congresso
Nacional (basta que haja um deputado e um senador), na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus
integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente
constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou
de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades,
dispensada, para tanto, autorização especial.

A parte sublinhada é aquela que restringe mais do que a CF dispõe. Ora, restringir a legitimidade de partido político à
defesa do interesse de seus integrantes é transformá-lo num associação. Ainda, a CF não restringe à finalidade
partidária, a não ser que se entenda finalidade partidária em sentido amplo: qualquer direito coletivo ou difuso
líquido e certo, via MS coletivo.

Requisito temporal: questão de 1 ano. Também está na lei de ACP e no CDC, mas lá é dito que o juiz pode
desconsiderar. Na lei do MS nada é dito. Conclusão: pode, por conta do microssistema. Lembrando que deve haver
vínculo de pertinência temática.

O interesse pode ser de parte dos associados, e não de todos. O interesse não precisa ser dos associados pq tem
peculiaridade que os relaciona, mas simplesmente por estarem associados. Ex.: ilegalidade tributária com todos os
profissionais liberais. Se na finalidade estiver “proteger os dentistas”, pode abranger vários estratos dessa
associação, mas ela deve poder tutelar os direitos, ainda que amplos, dos seus associados ou de parte deles, como
dentistas aposentados etc.

É dispensada autorização especial. A lei 9494 exige autorização em assembleia dos associados para ajuizar ações
coletivas, mas isso não se aplica ao ms coletivo, pq a CF não exige. Quando ela fala da legitimação do MS, em
nenhum momento exige -> é legitimação extraordinária; não é representação -> como corre na ação popular e ação
civil pública.

ATENÇÃO: o Plenário do STF (2014) entende que, nas ações coletivas (com exceção o MS), a associação deve ter
autorização individual ou por meio de assembleia geral dos associados para que possa agir. Autorização genérica
conferida não é suficiente para legitimar a sua atuação; a autorização deve ser expressa, conforme disposição
constitucional (art. 5º, XXI, CF). Assim, apenas aqueles que apresentaram, na data da propositura da demanda,
autorizações individuais expressas podem executar o título judicial proferido na ação coletiva. Por outro lado, no caso
do MS coletivo, temos LEGITIMAÇÃO EXTRAORDINÁRIA, sendo desnecessária a autorização específica dos
associados. Art. 21, da lei de MS + S. 629 e 630, STF.

Reparem que, até aqui a lei não acrescentou nada.

No art. 21, quando fala do objeto fala: tutela dos direitos coletivos líquidos e certos e define tal qual faz o CDC e faz o
mesmo em relação aos individuais homogêneos. Cadê os difusos? A CF não limitou o objeto do MS coletivo, então
não faria sentido que fossem excluídos pela lei. O que se argumenta em defesa do legis é que os difusos, como
pertencem a pessoas indeterminadas, não podem ser líquidos e certos (TUCCI). A doutrina tem falando mto sobre
isso, e a doutrina majoritária vem entendendo que não há limitação e que o art. 21, I e II são exemplificativos e, com
o microssistema podemos incluir os difusos, desde que líquidos e certos.

Art. 22 fala de coisa julgada: No MS coletivo a sentença faz coisa julgada limitadamente aos membros do grupo ou
categoria substituídos pelo impetrante. Exclui mesmo os difusos pq senão jamais traria a extensão subjetiva da coisa
julgada “julgada limitadamente aos membros do grupo ou categoria substituídos pelo impetrante”. Para incluir os
difusos, ela teria que falar do erga omnes. Mais uma coisa importante deve ser dita: esse art. 22 trata da extensão
subjetiva da coisa julgada, mas não do modo de formação da coisa julgada material no MS. Não há nada na lei do MS
sobre como se forma a coisa julgada, mas somente quem ela atinge. Ela formaria como na ação ordinária do CPC
(sentença de procedência, seja para acolher ou rejeitar o pedido, faz coisa julgada material) ou o regime da tutela
coletiva e do microssistema da tutela coletiva em que, em se tratando de direitos difusos ou coletivos, tenho coisa
julgada secundum eventum probatiotis, e em se tratando de individuais homogêneos, seria secumdum eventum litis.
O melhor autor de MS atual é SCARPINELLA, o qual, “surpreendentemente”, entende que tem que aplicar o CPC.
Prof diz “ele esqueceu do microssistema. Não é possível!”. As demais monografias sobre o tema e livros publicados,
quase unanimamente, entendem que aplica-se o microssistema.

A lei tentou solucionar o problema da relação do MS coletivo com ações individuais. “Vamos ver se ficou bom?”.
Antes de ler o artigo, vamos pensar no que estudamos nas tutelas coletivas de forma geral. Não há litis, mas para me
beneficiar, tenho que pedir suspensão na ação individual, uma vez intimado para isso no próprio processo. O STJ
vem suspendendo tudo.

O ms coletivo não induz litis nas ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante a
título individual se não requerer a desistência de seu MS (ora, não precisa ser MS, pode ser uma ação ordinária) no
prazo de 30 dias a contar da ciência comprovada da impetração da segurança coletiva. Exige a extinção de MS
individual. E se a ação individual for ordinária? Aplicamos, pelo microssistema o CDC que diz que ela ficará suspensa.

LIMINAR EM MS COLETIVO

Existem mil limitações a liminar em MS que são estudadas nas aulas de MS. Mas existem umas limitações específicas
do MS coletivo na lei, que constavam já numa lei de 1992 e foram repetidas aqui. Art. 22, §2º: No mandado de
segurança coletivo, a liminar só poderá ser concedida após a audiência do representante judicial da pessoa jurídica
de direito público, que deverá se pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas. Independente do prazo de
informações, diante da urgência, deve se pronunciar em até 72h. Se além do periculum in mora, houver fumus boni
iuris (o juiz precisa da decisão para AGORA), o juiz pode, pelo princípio da inafastabilidade da jurisdição, conceder a
liminar e dizer para, em 72h o representante judicial da pessoa jurídica de direito público se pronuncie sobre a
liminar, quando o juiz ou reafirma ou revoga a liminar.

Como a aula de MS ainda vai demorar um pouco, o prof colocou um acórdão que vale tanto para MS coletivo quanto
para o normal. O impetrante pode desistir do MS sem anuência do impetrado mesmo após a prolação da sentença.
“Um dos maiores absurdos que o STJ cometeu na história, e o STF vem referendando esse tipo de coisa”. A
improcedência faz coisa julgada no MS, e as pessoas esquecem isso. Se falar que não há direito, então não há e a
parte não pode buscar reconhecimento em ação ordinária, pq houve cognição exauriente. Permitir que a parte
desista depois de sentença de mérito de improcedência é dar a parte a possibilidade de impedir a formação de coisa
julgada inevitável e que não lhe seria favorável. Isso afronta a inevitabilidade da jurisdição.

Na decisão do STF, a sentença era de procedência e houve desistência.

JURISPRUDÊNCIA

INFO 534, STJ

 Exceção de preexecutividade julgada procedente implica em imposição de honorários, na medida do respectivo


proveito econômico.

 A inclusão dos índices inflacionários para corrigir monetariamente o valor da condenação não viola a coisa
julgada. Há mta discussão a respeito de qual índice de correção monetária deve ser usada em determinados
períodos de planos econômicos no Brasil. Se o objeto do processo não incluir a discussão do índice devido, tudo
bem, pq o juiz vai corrigir e na liquidação vai decidir. Se era objeto da sentença definir incidência de índice de
reposição de expurgos inflacionários e ficou resolvido de alguma forma, isso não pode ser alterado em liquidação da
sentença.

 O ônus da prova para cobrar o tributo dizendo que não há vínculo religioso daquela entidade é do poder público.
Há presunção relativa de que imóvel de entidade está vinculado às suas finalidades essenciais.
 Sujeito provou em ação judicial que estava incapacitado para receber determinado seguro por incapacidade e
queria, com base nessa decisão, pleitear a aposentadoria por invalidez. O STJ diz que o INSS pode negar pq vai fazer
perícia para definir se a pessoa é inválida ou não para aquela finalidade. Ele não é obrigado, pq não foi parte do
outro processo (era lide para receber seguro) e não participou em contraditório.

 DENUNCIAÇÃO DA LIDE: se houver litigio entre o participante e a entidade de previdência privada, dela não
participa o poder público nem como parte nem terceiro denunciado pq a discussão é entre beneficiado e entidade
de previdência que tem personalidade jurídica própria, não se confundindo com o patrocinador.

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