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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA
MESTRADO ACADÊMICO EM GEOGRAFIA

AUGUSTO CÉSAR PRACIANO SAMPAIO

MODELAGEM DO ESCOAMENTO SUPERFICIAL NA BACIA DO ALTO E


MÉDIO CURSO DO RIO MUNDAÚ, CEARÁ, BRASIL

FORTALEZA – CEARÁ
2018
AUGUSTO CÉSAR PRACIANO SAMPAIO

MODELAGEM DO ESCOAMENTO SUPERFICIAL NA BACIA DO ALTO E MÉDIO


CURSO DO RIO MUNDAÚ, CEARÁ, BRASIL

Dissertação apresentado ao Curso de Mestrado


Acadêmico em Geografia do Programa de Pós-
Graduação em Geografia do Centro de Ciências
e Tecnologia da Universidade Estadual do
Ceará, como requisito parcial à obtenção do
título de mestre em Geografia. Área de
Concentração: Análise Geoambiental e
Ordenação do Território nas Regiões
Semiáridas e Litorâneas.

Orientador: Prof. Dr. Frederico de Holanda


Bastos

Coorientador: Prof. Dr. Abner Monteiro Nunes


Cordeiro

FORTALEZA – CEARÁ
2018
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Universidade Estadual do Ceará
Sistema de Bibliotecas

Sampaio, Augusto César Praciano.


Modelagem do escoamento superficial na bacia do
alto e médio curso do rio Mundaú, Ceará, Brasil
[recurso eletrônico] / Augusto César Praciano
Sampaio. - 2018.
1 CD-ROM: il.; 4 ¾ pol.

CD-ROM contendo o arquivo no formato PDF do


trabalho acadêmico com 117 folhas, acondicionado em
caixa de DVD Slim (19 x 14 cm x 7 mm).

Dissertação (mestrado acadêmico) - Universidade


Estadual do Ceará, Centro de Ciências e Tecnologia,
Programa de Pós-Graduação em Geografia, Fortaleza,
2018.
Área de concentração: Análise geoambiental e
ordenação do território nas regiões semiáridas e
litorâneas .
Orientação: Prof. Ph.D. Frederico de Holanda
Bastos.
Coorientação: Prof. Dr. Abner Monteiro Nunes
Cordeiro.

1. Análise de Multicritério. 2. Processo


Hierárquico Analítico. 3. Lógica Fuzzy. 4. Bacia
Hidrográfica. I. Título.
AUGUSTO CÉSAR PRACIANO SAMPAIO

MODELAGEM DO ESCOAMENTO SUPERFICIAL NA BACIA DO ALTO E MÉDIO


CURSO DO RIO MUNDAÚ, CEARÁ, BRASIL

Dissertação apresentado ao Curso de Mestrado


Acadêmico em Geografia do Programa de Pós-
Graduação em Geografia do Centro de Ciências
e Tecnologia da Universidade Estadual do
Ceará, como requisito parcial à obtenção do
título de mestre em Geografia. Área de
Concentração: Análise Geoambiental e
Ordenação do Território nas Regiões
Semiáridas e Litorâneas.

Aprovada em: 28 de fevereiro de 2018.

BANCA EXAMINADORA

________________________________
Prof. Dr. Frederico de Holanda Bastos (Orientador)
Universidade Estadual do Ceará – UECE

___________________________________________________________
. Dr. Abner Monteiro Nunes Cordeiro (Coorientador)
Universidade Estadual do Ceará - UECE

___________________________________________________________
Prof. Dr. Davis Pereira de Paula
Universidade Estadual do Ceará – UECE

__________________________________________________________
Prof. Dr. Marcus Vinícius Chagas da Silva
Universidade Federal do Ceará - UFC
A conclusão dessa pesquisa devo em muito aos
meus pais, Augusto e Cleide. Nada parece mais
justo que dedicar esse esforço a eles; a quem
tanto amo e sou eternamente grato!
AGRADECIMENTOS

Aqui vai meu agradecimento a Deus e às pessoas que compartilharam comigo os desafios de se
elaborar uma dissertação. Muitíssimo obrigado por comprarem os meus objetivos como se
fossem os de vocês também!
Agradeço a Deus por me sustentar debaixo de sua graça.
Aos meus amados pais, Augusto e Cleide, a quem devo tudo em minha vida; por me
proporcionarem um refúgio seguro para todas as horas, e por me encorajarem a sempre buscar
melhorar. Aos meus irmãos, Rodrigo e Gustavo, que me tiram do sério na maior parte do tempo.
Vocês são uma motivação para mim. Estendo essa parte do agradecimento a minha gigantesca
família que ora e torce por mim. Por motivos óbvios não citarei os nomes aqui, mas quero que
saibam da minha eterna gratidão.
Ao meu orientador Frederico de Holanda Bastos e ao meu coorientador Abner Monteiro. Muito
obrigado por acreditarem em mim e dedicarem tempo em me ajudar.
Aos membros da minha banca de defesa, os professores Daniel Dantas, Davis de Paula e
Marcus Vinícius. Muito obrigado por aceitarem me ajudar, e contribuírem para melhorar este
trabalho.
A minha amiga Ana Alves, que é “ninja”. Sempre quis ter uma amiga ninja! E a minha amiga
Danielle Lopes, que até tenta me fazer uma pessoa mais organizada. Obrigado pela paciência
comigo nos momentos de desespero, e por compartilharem comigo ótimos momentos de
descontração.
Encerro os meus agradecimentos lembrando de todos os amigos e colegas que convivi pelo
caminho. Não considerem isso um esquecimento, por favor! Pensei em cada um de vocês.
“Atravessam os córregos que levam suas águas
ao rio das garças, e avistam longe no horizonte
uma alta serrania. Expira o dia; nuvem negra
voa das bandas do mar: são os urubus que
pastam nas praias a carniça que o oceano arroja,
e com a noite tornam ao ninho. Os viajantes
dormem em Uruburetama. Quando o Sol
voltou, chegaram às margens do rio, que nasce
da quebrada da serra e desce a planície
enroscando-se como uma cobra. Suas voltas
contínuas enganam a cada passo o peregrino,
que vai seguindo o tortuoso curso; por isso foi
chamado Mundaú.”
(José de Alencar)
RESUMO

A construção de modelos para simular processos em bacias hidrográficas tem ganhado


notoriedade nas pesquisas geográficas que almejam contribuir para a ordenação do uso do solo.
Geralmente esses modelos requerem planos de informações georreferenciadas sobre
declividade, solos e precipitação, entre outros. A diferenciação de áreas com vocação para
escoamentos superficiais rápidos de outras com vocação para escoamentos lentos e maior
infiltração podem nortear o ordenamento do uso do solo. O conhecimento sobre a distribuição
espacial do escoamento superficial é relevante para estudos de contenção de fenômenos
erosivos lineares e laminares, provocados pelo deslocamento dos fluxos superficiais e de
priorização de áreas para aplicação de medidas conservacionistas. Nesse sentido, foi elaborada
uma modelagem determinística do potencial de geração de escoamento superficial da bacia do
alto e médio curso do rio Mundaú, localizada no Norte do estado do Ceará, abrangendo os
municípios de Uruburetama, Itapipoca, Tururu e Trairi. Para tanto, foram utilizadas técnicas de
Análise de Multicritério (AMC), com método Analytic Hierarchy Process (AHP) em
associação à lógica fuzzy. A combinação entre métodos de AMC e operações algébricas com
planos de informações georreferenciadas, conhecidas como álgebra de mapas, permite a
elaboração de mapas síntese, ponderando os fatores mais relevantes para o objetivo da análise,
constituindo um avanço em relação à lógica booleana. A definição dos critérios está
fundamentada no Coeficiente de Escoamento Superficial (C), arbitrado em função do uso e
cobertura do solo, declividade, grupo hidrológico do solo e precipitação. Quanto ao método de
agregação dos critérios, foram aplicadas a Combinação Linear Ponderada (CLP) e a Média
Ponderada Ordenada (MPO). Os resultados demostraram grande potencial da AMC na
espacialização das áreas mais susceptíveis ao escoamento superficial, permitindo uma
representação cartográfica sem limites rígidos, destacando as áreas de transição. O método da
MPO demostrou mais flexibilidade na agregação dos critérios, admitindo ajustar o modelo no
espaço de decisão estratégica, controlando o risco e a compensação dos fatores, enquanto a CLP
resultou no modelo mais ajustado em relação à média. O modelo final mostrou que o potencial
ao escoamento superficial na área de estudo está muito correlacionado ao critério declividade,
aumentando progressivamente de leste para oeste e sobre as vertentes mais íngremes do maciço
de Uruburetama.

Palavras-chave: Análise de Multicritério. Processo Hierárquico Analítico. Lógica Fuzzy.


Bacia Hidrográfica.
ABSTRACT

Models building to simulate processes in watersheds has obtained notoriety in geographic


research that aims to contribute to the ordination of land use. These models generally require
georeferenced information plans about declivity, soil, and precipitation, among others. The
differentiation of areas with vocation for rapid surface runoff of others with a vocation for slow
surface runoff and larger infiltration can guide the land use planning. The knowledge about the
spatial distribution of the surface runoff is relevant for studies about contention of linear and
laminar erosive phenomena caused by the displacement of surface flows, and the prioritization
of areas for the application of conservational measures. In this sense, a deterministic model was
elaborated on the potential of surface runoff generation of the watershed in upper and middle
course of the Mundaú river, located in the Northern state of Ceará, covering the municipalities
of Uruburetama, Itapipoca, Tururu and Trairi. Therefore, techniques of Multi-criteria Analysis
(MCA), with Analytic Hierarchy Process (AHP), in association with fuzzy logic, were used.
The combination of MCA methods and algebraic operations with georeferenced information
plans, called as map algebra, allows the elaboration of synthesis maps, pondering the most
relevant factors to the analysis objective, constituting an advance in relation to boolean logic.
The definition of the criteria is based on the Surface Runoff Coefficient (C), arbitrated
according to soil use and land cover, declivity, soil hydrological group and precipitation. About
the criteria aggregation method, the Weighted Linear Combination (WLC) and the Ordered
Weighted Averaging (OWA) were applied. The results demonstrated a great potential of the
MCA in the specialization of the surface runoff most susceptible areas, allowing a cartographic
representation without rigid limits, highlighting the transition areas. The OWA method showed
more flexibility in the aggregation of the criteria, admitting to adjust the model in the strategic
decision space, controlling the risk and the compensation of the factors, while the CLP resulted
in the model more adjusted in relationship to the average. The final model showed that the
potential to surface runoff in the study area is much correlated to declivity, increasing
progressively from east to west and on the steep slopes of the Uruburetama Massif.

Keywords: Multi-Criteria Analysis. Analytic Hierarchy Process. Fuzzy Logics. Watershed.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Localização da bacia do Alto e Médio Mundaú ................................................. 17


Figura 2 - Relação entre equilíbrio dinâmico e entropia em função do tempo em um
sistema geomorfológico ....................................................................................... 23
Figura 3 - Pertinência aos conjuntos booleanos................................................................... 32
Figura 4 - Diagrama de Venn mostrando as fronteiras definidas pelo conjunto fuzzy e
booleano respectivamente ................................................................................... 33
Figura 5 - Pertinências aos conjuntos fuzzy ......................................................................... 34
Figura 6 - Gráficos das funções de pertinência fuzzy e pertinência booleana (Em que:
Li, é o limite inferior; Ls é o limite superior; Pc é o ponto de crossover) ............. 35
Figura 7 - Espaço de decisão estratégica da análise de multicritério ................................ 41
Figura 8 - Fluxograma metodológico .................................................................................... 44
Figura 9 - Procedimento para krigagem ordinária dos dados pluviométricos ................. 51
Figura 10 - Histograma da média histórica de precipitação (1986 – 2015) da bacia do
Mundaú e entorno ............................................................................................... 53
Figura 11 - Semivariograma para aplicação da krigagem ordinária ................................ 54
Figura 12 - Realocação dos critérios aos conjuntos fuzzy ................................................... 55
Figura 13 - Divisão do problema de decisão (método Analytic Hierarchy Process) ........ 56
Figura 14 - Concreção laterítica no domínio da Formação Barreiras............................... 63
Figura 15 - Encarte estrutural do setor norte da Província Borborema ........................... 65
Figura 16 - Contexto topográfico regional ........................................................................... 69
Figura 17 - Vale encaixado a montante da barragem do açude Mundaú, Urubureta-
ma, CE .................................................................................................................. 72
Figura 18 - Relevo de meias laranjas no domínio das cabeceiras do rio Mundaú, Uru-
buretama, CE ....................................................................................................... 73
Figura 19 - Planície alveolar de Santa Luzia no maciço de Uruburetama........................ 74
Figura 20 - Leito rochoso com matacões no alto curso do rio Mundaú, Uruburetama,
CE .......................................................................................................................... 74
Figura 21 - Boulders nas margens do rio Mundaú, Uruburetama, CE ............................. 75
Figura 22 - Picos graníticos (Pães de Açúcar) com feições de fraturamento e taffoni
de colapso, Uruburetama, CE............................................................................. 76
Figura 23 - Superfície pediplanada na periferia nordeste do Maciço de Uruburetama,
Itapipoca, CE ....................................................................................................... 78
Figura 24 - Crista residual do Maciço de Uruburetama, Tururu, CE .............................. 79
Figura 25 - Inselbergs na região pediplanada da bacia do rio Mundaú, Tururu, CE ..... 80
Figura 26 - Concreções laterítica sustentando um discreto sobressalto topográfico, Ita-
pipoca, CE ............................................................................................................ 81
Figura 27 - Planície fluviolacustre em área de inundação sazonal sobre a depressão
sertaneja, Tururu, CE ......................................................................................... 82
Figura 28 - Planície fluvial do riacho do Ipú, Itapipoca, CE .............................................. 83
Figura 29 - Perfil de Argissolo Vermelho Amarelo no maciço de Uruburetama ............. 84
Figura 30 - Média histórica de precipitação mensal (1986 – 2015) para os municípios
de Uruburetama, Itapipoca, Itapagé e Tururu ................................................. 88
Figura 31- Distribuição espacial dos postos pluviométricos ............................................... 88
Figura 32 - (A) Leito rochoso com ocorrência de queda d’água no alto curso do rio
Mundaú (B) leito aluvial com diques marginais no médio curso do rio
Mundaú................................................................................................................. 90
Figura 33 - Encosta e planície alveolar coberta por bananicultura no maciço de Uru-
buretama ............................................................................................................... 92
Figura 34 - Plantas epífitas e lianas de mata subúmida no maciço de Uruburetama ...... 93
Figura 35 - Mapas do potencial de escoamento superficial gerados pela Média Ponde-
rada Ordenada (MPO) da bacia do Alto e Médio Mundaú ............................. 98
Figura 36 - Mapa de concentração de fluxos (Bacia do Alto e Médio Mundaú) .............. 99
Figura 37 - Perfil longitudinal do alto e médio curso do rio Mundaú ............................. 100
Figura 38 - Taxa de fluxo acumulado no alto e médio curso do rio Mundaú ................. 101
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Valores de importância relativa na comparação dos pares de critérios ........ 37


Quadro 2 - Valores normatizados do Índice de Consistência Randômico ........................ 38
Quadro 3 - Resumo dos dados secundário usados na pesquisa .......................................... 45
Quadro 4 - Bandas espectrais do sensor OLI/LDCM – Landsat 8 .................................... 48
Quadro 5 - Adaptação das classes de declividade................................................................ 50
Quadro 6 - Coeficiente de escoamento superficial (McCuen, 1998) .................................. 57
Quadro 7 - Aplicação do método Analytic Hierarchy Process (SAATY, 1977) ................ 57
Quadro 8 - Pesos de ordenação do método da Média Pondera Ordenada ........................ 58
Quadro 9 - Classificação taxonômica do relevo da bacia do Alto e Médio Mundaú........ 71
Quadro 10 - Tipo hidrológico dos solos da bacia do alto e médio curso do rio Mundaú . 86
LISTA DE MAPAS

Mapa 1 – Básico de localização da bacia do Alto e Médio Mundaú .................................. 61


Mapa 2 – Geologico da bacia do Alto e Médio Mundaú ..................................................... 64
Mapa 3 – Declividade da bacia do Alto e Médio Mundaú .................................................. 77
Mapa 4 – Pedológico da bacia do Alto e Médio Mundaú ................................................... 85
Mapa 5 – Pluviométrico da bacia do alto e médio Mundaú ............................................... 89
Mapa 6 – Uso e Cobertura do Solo da bacia do alto e médio Mundaú............................. 94
Mapa 7 – Potencial de Escoamento Superficial da Bacia do Alto e Médio Mundaú ....... 96
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AHP Analytic Hierarchy Process


AMC Análise de Multicritério
CLP Combinação Linear Ponderada
CPRM Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais
D8 Determinístico oito
DCC Domínio Ceará Central
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
FUNCEME Fundação Cearense de Meteorologia
GPS Global Position System
IDACE Instituto do Desenvolvimento Agrário do Ceará
IDW Inverse Distance Weighting
InSAR Interferometric Synthetic-Aperture Radar
MAXVER Máxima Verossimilhança
MDE Modelo Digital de Elevação
MPO Média Ponderada Ordenada
MQE Média Quadrática do Erro
OLI/LDCM Operational Land Imager/ Landsat Data Continuity Mission
SCS Soil Conservation Service
SEARA Secretaria de Agricultura e Reforma Agrária
SiBCS Sistema Brasileiro de Classificação dos Solos
SIG Sistemas de Informações Geográficas (SIG)
SNLCCS Serviço Nacional de Levantamento e Conservação dos Solos
SRH Secretaria de Recursos Hídricos
SRTM Shuttle Radar Topography Mission
STSQ Suíte Intrusiva Tamboril Santa Quitéria
USDA Departamento de Agricultura dos Estados Unidos
VCAS Vórtice Ciclônico de Ar Superior
ZCIT Zona de Convergência Intertropical
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 15
2 REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................. 19
2.1 EQUILÍBRIO DINÂMICO E ESTADO DE ESTABILIDADE .............................. 20
2.2 BACIAS HIDROGRÁFICAS SEMIÁRIDAS.......................................................... 26
2.3 ESCOAMENTO SUPERFICIAL ............................................................................. 27
2.4 MODELAGEM HIDROLÓGICA EM BACIAS HIDROGRÁFICAS .................... 29
2.4.1 Análise de Multicritério .......................................................................................... 30
2.4.1.1 Conjuntos Booleanos e Conjuntos Fuzzy .................................................................. 32
2.4.1.2 Analytic Hierarchy Process (AHP) ........................................................................... 36
2.4.1.3 Combinação Linear Ponderada .................................................................................. 38
2.4.1.4 Média Ponderada Ordenada....................................................................................... 39
3 METODOLOGIA .................................................................................................... 43
3.1 REDE DE DRENAGEM E BACIA HIDROGRÁFICA ........................................... 46
3.2 MAPA GEOLÓGICO ............................................................................................... 47
3.3 MAPA DE USO E COBERTURA DO SOLO ......................................................... 48
3.4 MAPA DE TIPO HIDROLÓGICO DOS SOLOS .................................................... 49
3.5 MAPA DE DECLIVIDADE ..................................................................................... 50
3.6 MAPA PLUVIOMÉTRICO ...................................................................................... 51
3.7 REESCALONAMENTO FUZZY E RESTRIÇÃO BOOLEANA ........................... 54
3.8 ANALYTIC HIERARCHY PROCESS (AHP) ........................................................ 56
3.9 COMBINAÇÃO LINEAR PONDERADA (CLP) E MÉDIA PONDERADA
ORDENADA (MPO) ............................................................................................... 58
4 CONTEXTUALIZAÇÃO GEOAMBIENTAL .................................................... 60
4.2 ASPECTOS GEOMORFOLÓGICOS ...................................................................... 69
4.3 CONTEXTO PEDOLÓGICO ................................................................................... 83
4.4 ASPECTOS HIDROCLIMÁTICOS ......................................................................... 87
4.5 USO E OCUPAÇÃO DO SOLO .............................................................................. 91
5 POTENCIAL DE ESCOAMENTO SUPERFICIAL ........................................... 95
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 102
REFERÊNCIAS .................................................................................................... 104
15

1 INTRODUÇÃO

A gestão dos recursos naturais depara-se com alguns problemas de decisão, que
podem ser resolvidos com subsídios da pesquisa científica, através da geração de
conhecimentos para guiar a tomada de decisões estratégicas. Entretanto, o processo decisório
apresenta uma complexidade inerente às alternativas de escolha, que acompanha a
subjetividade de quem toma a decisão. Esta incerteza poderá ser minimizada caso a ponderação
dos fatores de interesse seja otimizada através de processos cognitivos mais robustos,
diminuindo possíveis subjetividades que envolvem a capacidade decisória.
Como sugerem alguns estudos realizados nessa perspectiva, a elaboração de
modelos baseados na ponderação de múltiplos critérios, considerando os fatores condicionantes
mais relevantes, constitui uma ferramenta de auxílio para projetos ligados à construção de obras
de engenharia, prevenção de enchentes e contenção de eventos erosivos desencadeados pelo
deslocamento dos fluxos superficiais, como a erosão laminar e linear provocadas pelo fluxo em
folha (sheet-wash) e concentrado, respectivamente (BARRETO-NETO; SOUZA FILHO,
2007; BRITO; WEBER; SILVA FILHO, 2017; MAIA, 2016; SIQUEIRA, 2012;
VETTORAZZI, 2006; ZAMBON et al., 2005).
As formas das bacias hidrográficas estão intrinsecamente relacionadas com o
balanço entre os processos de escoamento superficial e infiltração, uma vez que estes
influenciam diretamente na dissecação, aplanamento ou manutenção do relevo, revelando a
relação existente entre a rede de drenagem e a sua área de contribuição. Assim, a rede
hidrográfica expressa o equilíbrio entre erosão e deposição, no jogo de forças entre energia e
resistência (CHRISTOFOLETTI, 1980; TOY, 1988).
Essas características sistêmicas da bacia hidrográfica estão relacionadas ao
paradigma dos sistemas complexos em Geomorfologia, que tem a bacia como uma unidade
fundamental, uma vez que esta pode ser entendida pelo ajustamento contínuo entre as formas,
materiais e processos. Segundo Mattos e Perez Filho (2004), essa unidade, entendida como um
sistema geomorfológico, representa a que mais tem-se aplicado conceitos como equilíbrio e
estabilidade.
Essa concepção abre possibilidades de investigação, uma das quais é verificar se as
formas atuais estão em harmonia com os processos morfogenéticos em atividade, e se os níveis
de degradação estão ajustados em toda a extensão dos sistemas considerados equilibrados
(CHRISTOFOLETTI, 1980).
16

Entretanto, atribuir modelos para simular processos em bacias hidrográficas tem


sido um grande desafio para a ciência geográfica, tendo em vista que os processos fluviais e
seus fatores condicionantes são dinâmicos e difíceis de serem apreendidos e parametrizados
(MIRANDA, 2010). Isso em muito se deve à escassa disponibilidade de dados fluviométricos,
que, de acordo com Sartori, Lombardi Neto e Genovez (2005), viabiliza a utilização de modelos
que considerem as propriedades do solo e de sua cobertura na análise do escoamento superficial,
para subsidiar medidas conservacionistas em bacias hidrográficas.
A análise das condições fisiográficas do terreno proporciona a diferenciação de
áreas com potencial para escoamentos rápidos em superfície de outras com potencial para
infiltração, a qual Coelho Netto (1995) denominou de vocação hidrológica, que pode ser usada
para nortear o ordenamento do uso do solo.
Alguns dos maiores problemas relacionados ao escoamento superficial em bacias
hidrográficas se referem aos efeitos erosivos provocados por estes fluxos no solo e à perda de
água por deflúvio, sem satisfazer a capacidade de armazenamento superficial e subsuperficial
da bacia hidrográfica. Conforme Botelho e Silva (2007), o controle e a redução das taxas de
escoamento superficial têm sido as medidas mais promissoras encontradas pelos programas de
desenvolvimento para sustentar a qualidade hídrica e conter a erosão dos solos.
Diante do exposto, essa pesquisa tem como objetivo principal avaliar a distribuição
espacial do potencial de geração de escoamento superficial na bacia do alto e médio curso do
rio Mundaú, a partir da interação entre seus componentes fisiográficos: declividade,
precipitação, grupo hidrológico do solo e uso e cobertura do solo; para compreender a sua
dinâmica hidrológica. Assim, a questão norteadora a ser respondida pela referida pesquisa pode
ser resumida pela seguinte indagação: Quais são as áreas com maior potencial para geração de
escoamento superficial na bacia do alto e médio curso do rio Mundaú?
Nos objetivos específicos, fundamentais para alcançar e complementar o objetivo
primário, procurou-se relacionar os aspectos fisiográficos, as formas de uso e cobertura do solo
com o potencial de geração de escoamento superficial da bacia, além de fornecer material de
suporte à tomada de decisões estratégicas no ordenamento do uso do solo.
A bacia do alto e médio curso do rio Mundaú está localizada no Norte do estado do
Ceará, abrangendo parcialmente os municípios de Uruburetama, Itapipoca, Tururu e Trairi
(Figura 1). Essa bacia drena uma área de aproximadamente 500 km², tendo como curso
principal o rio Mundaú, que tem suas cabeceiras à montante, no Maciço de Uruburetama, e
deságua no Oceano Atlântico, entre os municípios de Itapipoca e Trairi. A bacia contribui em
17

parte com o aporte hídrico do açude Mundaú, à montante da cidade de Uruburetama, e, como
um todo, deságua para o açude Gameleira, entre os municípios de Itapipoca e Trairi.

Figura 1 - Localização da bacia do Alto e Médio Mundaú

Fonte: Elaborado pelo autor

A bacia do rio Mundaú, assim como outras bacias semiáridas, tem o escoamento
superficial como principal agente morfogenético, ao lado da desagregação mecânica (SOUZA,
2000). Soma-se a isso o intenso processo indiscriminado de ocupação do solo, que suprimiu a
maior parte da vegetação subúmida original de suas cabeceiras de drenagem, em benefício da
atividade agrícola (SOUZA; OLIVEIRA, 2006).
Essa configuração proporciona a intensificação de processos erosivos e a ocorrência
de movimentos de massa pela perda de estabilidade dos agregados dos solos das encostas e pelo
aumento da produção de escoamento em superfície, uma vez que a capacidade protetora da
vegetação é reduzida e não se observam aplicações de técnicas de manejo adequadas, que visem
a conservação dos solos da bacia.
18

Portanto, a determinação de áreas prioritárias para implementação de medidas


conservacionistas em uma bacia hidrográfica, baseada em sua própria predisposição
hidrológica, é de fundamental importância para a manutenção do equilíbrio do sistema
hidrológico.
Para tanto, foram utilizadas técnicas de Análise de Multicritério (AMC) de apoio à
decisão na construção de um modelo determinístico do potencial hidrológico superficial da
bacia, cuja aplicação teve como produto final um mapa síntese, que satisfaz ao objetivo da
análise. O mapa final poderá ser utilizado na identificação de áreas estratégicas para o controle
das taxas de escoamento superficial, para recuperação e conservação da cobertura vegetal, com
o intuito de promover a sustentabilidade hidrológica da bacia e atenuar os efeitos da erosão
provocada pelos fluxos em superfície.
19

2 REFERENCIAL TEÓRICO

O referencial teórico está fundamentado na concepção sistêmica que envolve os


processos em bacias hidrográficas e na elaboração de modelos teóricos para representação
espacial desses processos. Portanto, a revisão literária foi direcionada para a organização, sob
uma perspectiva sistêmica, dos fatores que contribuem para o escoamento superficial.
No campo da Geomorfologia Fluvial, a crescente difusão das concepções
organicistas e sistêmicas valorizaram os estudos das bacias hidrográficas e dos sistemas fluviais
no entendimento da evolução do relevo. Para Christofoletti (1980), a concepção sistêmica na
Geomorfologia foi primeiramente inserida nos estudos de Strahler (1952), mas foi enriquecida
substancialmente pelas contribuições de Chorley (1962), Hack (1960) e Howard (1965).
A incorporação de teorias sistêmicas na Geomorfologia culminou na organização
da teoria do equilíbrio dinâmico de Hack (1960), que considera que as formas do relevo são
mantidas ao longo do tempo por um ajustamento contínuo, provocado pelo equacionamento
entre matéria e energia no sistema. Essa teoria foi posteriormente aprimorada com a adequação
e formulação de novos conceitos, como os de estado de estabilidade, quase equilíbrio e
retroalimentação (CHRISTOFOLETTI, 1980; HOWARD, 1965; LANGBEIN; LEOPOLD,
1964; 1973).
De acordo com Christofoletti (1980), uma potencial aplicação da concepção de
equilíbrio dinâmico é testar o ajustamento das formas aos processos atuais, mesmo em
paisagens consideradas equilibradas, na identificação de formas relíquias, geradas sob
condições pretéritas adversas às atuais.
Nesse capítulo serão abordados os pormenores da teoria do equilíbrio dinâmico
(HACK, 1960), além dos conceitos que sustentam a bacia hidrográfica como unidade básica de
análise da dinâmica hidrológica, que constitui uma das facetas do equilíbrio das paisagens.
Tendo em vista a modelagem hidrológica do potencial ao escoamento superficial
na área da bacia do alto e médio curso do rio Mundaú, o referencial teórico foi estruturado em
três tópicos fundamentais: a construção de modelos geográficos em SIG, o conhecimento
especializado sobre escoamento superficial e os métodos aplicados de AMC, dos quais pode-se
diferenciar o método Analytic Hierarchy Process (AHP), na definição dos pesos de importância
relativa entre os critérios; a lógica fuzzy, na realocação dos valores dos mapas de critérios; e a
Combinação Linear Ponderada (CLP) e Média Ponderada Ordenada (MPO), na agregação dos
critérios em um único mapa síntese de saída.
20

2.1 EQUILÍBRIO DINÂMICO E ESTADO DE ESTABILIDADE

Questões associadas aos sistemas complexos não lineares têm levantado inúmeras
possibilidades de investigação no campo da Geomorfologia, dentre as quais, uma das mais
promissoras é averiguar a falta de harmonia entre as formas e os processos morfodinâmicos
atuais, evidenciando estados de instabilidade nas paisagens, assim como identificar os
principais critérios condicionantes do referido desequilíbrio.
Segundo Phillips (1992a), apesar de amplamente empregado em Geomorfologia, o
conceito de equilíbrio ainda não era bem definido. Nesse sentido, Howard (1988) alerta para a
controvérsia que o envolve, sugerindo uma reflexão mais cuidadosa sobre a definição
operacional e os critérios envolvidos na determinação da sua condição, afirmando que há uma
predisposição forçada, consciente ou inconsciente, para se chegar a um equilíbrio na
operacionalização desse conceito.
Uma das teorias mais utilizadas na perspectiva sistêmica em Geomorfologia, a
teoria do equilíbrio dinâmico, foi primeiramente ensaiada por Gilbert (1877), a quem é atribuída
a primeira referência ao termo rio equilibrado em geomorfologia fluvial (CHRISTOFOLETTI,
1980). Todavia, essa teoria só foi estabelecida e aprimorada mais tarde por Hack (1960), e tem
sido muito discutida por diversos outros autores posteriormente, levando-a a um
amadurecimento epistemológico. Dentre os autores que utilizaram essa teoria em seus estudos,
podemos destacar Christofoletti (1980), Howard (1973) e Tricart (1977).
De acordo com Hack (1960), as paisagens são interpretadas a partir do princípio do
equilíbrio dinâmico, onde todas as partes do relevo estariam sendo erodidas na mesma taxa,
constituindo um estado de estabilidade que, portanto, seria independe do tempo, uma vez que
as formas se manteriam constantes, sendo assim, a evolução de diferentes formas do relevo teria
explicação puramente estrutural.
A proposta de Hack (1960) para o equilíbrio dinâmico fundamenta-se no preceito
de que a paisagem está sempre evoluindo em direção a um ajustamento entre matéria e energia,
cuja finalidade é um estado de equilíbrio e estabilidade que independe do tempo, ao qual
denominou de steady state (estado estável). Nessa perspectiva, o equilíbrio poderia ser
alcançado sob vários panoramas topográficos e não tenderia necessariamente ao aplainamento,
como era preconizado pelo ciclo geográfico de Davis (1899).
Hack (1960) enfatiza que para a aplicação do princípio de equilíbrio dinâmico é
necessário considerar a paisagem como um sistema aberto, onde todas as formas estariam
ajustadas em si pela condição balanceada de energia no sistema. Dessa forma, as feições que
21

estivessem desajustadas seriam consideradas como históricas, ou seja, herdadas de processos


pretéritos que não condizem com os atuais, e que, portanto, estariam em desarmonia no
conjunto da paisagem.
Schumm e Lichty (1965) criticam o conceito de equilíbrio dinâmico proposto por
Hack (1960), tendo em vista que este considera as formas como independentes do tempo.
Segundo os autores, o tempo e a história são imprescindíveis no entendimento das formas, uma
vez que eventos como o diastrofismo e mudanças climáticas podem mudar a energia erosional
dentro do sistema, assim como o próprio desgaste do relevo ao longo do tempo.
Entretanto, apesar de considerar que o estado de equilíbrio pressupõe taxas iguais
de erosão ao longo do sistema, Hack (1975) reconhece que a energia erosional oscila em função
do tempo e que essas mudanças são responsáveis por diferenciações no modelado. Para o autor,
a noção de equilíbrio não significa que as formas são estáticas no decorrer da história, mas que
os processos estão constantemente sendo contrabalanceados. Dessa forma, se há o aumento da
taxa de soerguimento, este é prontamente compensado pelo aumento da taxa de erosão.
Observa-se, no modelo de equilíbrio dinâmico proposto por Hack (1975), a
concepção de que a paisagem é resultante de processos atuais e que somente variações bruscas
de energia no sistema – como os eventos diastróficos, eustáticos e mudanças climáticas –
poderiam originar feições históricas, que perdurariam mesmo que o estado de estabilidade fosse
reestabelecido.
Hack (1975) afirma que as formas podem mudar pela aplicação de energia no
sistema, no entanto, considera que essas alterações não podem assumir um modelo evolutivo
no sentido histórico linear, como o modelo cíclico de Davis (1899).
Uma crítica recorrente à concepção original de equilíbrio dinâmico se refere ao seu
aspecto finalista, centrado na premissa de que todo sistema geomorfológico tende a alcançar
um estado de estabilidade. Conforme Christofoletti (1980), o equilíbrio não é alcançado por
todas as parcelas da paisagem de maneira uniforme, tendo em vista que as mesmas estão em
constante troca de matéria e energia, diferindo, assim, do equilíbrio do ponto de vista
termodinâmico. Langbein e Leopold (1964) utilizam o termo quase equilíbrio para se referir a
essa condição.
Conforme Mattos e Perez Filho (2004), ao considerar os sistemas geomorfológicos
complexos ditos em equilíbrio, não se deve confundir com a concepção de equilíbrio
termodinâmico, uma vez que o equilíbrio dinâmico, ao contrário do termodinâmico, pressupõe
a constante troca de matéria e energia com o ambiente externo.
22

Outro aspecto que não foi considerado previamente pela concepção de Hack (1960)
consiste nas mudanças das formas de relevo, mesmo sem o emprego instantâneo de energia
adicional ao sistema, resultantes da exumação em superfície de estruturas antigas formadas pela
deformação em crosta profunda. Segundo Howard (1965), as mudanças do substrato geológico
ao longo da erosão e denudação são responsáveis por romper a estabilidade do sistema, exigindo
ajustes da declividade e da rede de drenagem, caracterizando estados de transição ou de não-
equilíbrio. Todavia, o equilíbrio geral da paisagem pode ser mantido, tendo em vista que essas
mudanças estruturais na topografia são acompanhadas e retrabalhadas pela erosão desde a sua
exumação.
Definição mais precisa foi atribuída por Howard (1973), para quem o equilíbrio
dinâmico corresponde ao ajustamento interno do sistema geomorfológico em função das
condições externas, até que se equilibrem as forças antagônicas na evolução do relevo. Desse
modo, as formas consideradas equilibradas estariam completamente ajustadas aos processos
atuantes no presente.
Renwick (1992), por outro lado, afirma que uma forma equilibrada não é
necessariamente estática ou completamente estável, mas possui uma predisposição à
manutenção ou à recuperação de sua organização pelo princípio do menor esforço. Para o autor,
em uma mesma paisagem podem coexistir diferentes estágios em relação ao equilíbrio,
caracterizando estados de transição denominados de não-equilíbrio.
Cabe ressaltar que o conceito de equilíbrio adquiriu um status diferente de sua
concepção inicial. Não se trata, portanto, de uma condição a ser alcançada, mas de uma
propriedade do sistema geomorfológico que direciona a sua evolução. Segundo Howard (1965),
mesmo que na prática não seja constatado um equilíbrio completo, os sistemas tendem a
alcançar uma aproximação máxima em relação ao equilíbrio dentro de um período finito.
Portanto, a atuação de um estado de equilíbrio teórico direciona o movimento do sistema em
resposta a qualquer alteração nas condições externas, mesmo que as formas não estejam
ajustadas aos processos. Nesse sentido, cabe diferenciar o equilíbrio dinâmico do estado de
estabilidade.
Para Christofoletti (1980, p. 7), “O conceito de equilíbrio em Geomorfologia
significa que materiais, processos e a geometria do modelado, compõem um conjunto
autorregulador, sendo que toda forma é o produto do ajustamento entre matérias e processos”.
Conforme Mattos e Perez Filho (2004), a estabilidade, por sua vez, consiste na capacidade do
sistema em absorver determinadas perturbações sem que sua organização seja perdida,
mantendo-se o mesmo estado em relação ao equilíbrio ou evoluindo para um outro.
23

Christofoletti (1980) diferencia equilíbrio dinâmico, entendido como o ajustamento


continuo das formas, de estado de estabilidade, que consiste na condição em que as formas
estão ajustadas quando a entropia no sistema é máxima. Concebendo o último como
subconjunto do primeiro, conforme ilustrado pela Figura 2.

Figura 2 - Relação entre equilíbrio dinâmico e entropia em função do tempo em um


sistema geomorfológico

Fonte: Langbein e Leopold (1964)

A relação entre entropia e organização nos sistemas geomorfológicos é explicada


pela ocorrência de estruturas dissipativas, responsáveis por expelir a entropia do sistema,
simultaneamente em que utiliza a energia adquirida para aumentar a sua organização,
constituindo o princípio da auto-organização. Dessa forma, estabilidade e organização se
reforçam mutuamente (MATTOS; PEREZ FILHO, 2004).
Conforme Langbein e Leopold (1964), o equilíbrio representa uma predisposição à
distribuição uniforme do gasto de energia em todo o sistema, de modo que o trabalho com a
esculturação do relevo seja minimizado e a erosão seja otimizada às condições externas
determinadas.
De acordo com Chorley (1962), um canal fluvial considerado equilibrado apresenta
gradiente topográfico ajustado à quantidade de matéria e energia gerada como deflúvio e à
resistência do leito, de modo que o trabalho seja igualado em todos os trechos do seu curso. O
que só é possível graças à sua capacidade de autorregulação.
O perfil longitudinal de equilíbrio característico é côncavo para cima, suavizando-
se gradativamente em direção à jusante (CHRISTOFOLETTI, 1980). Entretanto, considerando
24

a concepção de equilíbrio dinâmico, esse perfil pode estar ajustado em diferentes configurações
topográficas, desde que seja confirmado um controle litológico que justifique tais variações.
Segundo Phillips (1992b), os sistemas geomorfológicos são caracterizados como
complexos devido a duas propriedades fundamentais: a não linearidade e os mecanismos de
retroalimentação. Dessa forma, as características principais dos sistemas complexos é a sua
habilidade de auto-organização e a ausência de uma resposta única em relação ao equilíbrio.
Para Christofoletti (1999, 1980), a estabilidade de um sistema geomorfológico,
como sistema aberto, é definida pela capacidade de autorregulação entre seus componentes,
mantidos por mecanismos de retroalimentação (feedback). Esses mecanismos podem levar a
uma reafirmação das condições iniciais de mudança (retroalimentação positiva), ou
desencadear meios de refrear os efeitos das perturbações iniciais (retroalimentação negativa).
A partir da propriedade dos sistemas geomorfológicos de manterem sua
estabilidade em determinado intervalo de tempo, controlada por um limiar de mudança,
diferenciam-se duas maneiras pelas quais pode-se manter a estabilidade nesses sistemas: através
da resistência, em que se mantém o estado original, apesar da perturbação; ou da resiliência,
que se refere a capacidade de retornar ao estado original, mesmo após a perda de estabilidade
momentânea, provocada por uma perturbação. Acrescenta-se que essas propriedades dos
sistemas não são absolutas, oscilando de acordo com a amplitude da variação energética
(CHRISTOFOLETTI, 1999).
A propriedade inercial, caracterizada pela resistência das variáveis do sistema às
mudanças das condições externas é fundamental para o estudo da dinâmica evolutiva das
formas de relevo (CHORLEY, 1962; LANGBEIN; LEOPOLD, 1964). Dessa forma, segundo
Christofoletti (1980), podem acontecer mudanças de energia, que são prontamente absorvidas
pela própria estrutura do sistema, não ultrapassando os limites da sua capacidade de manter-se
equilibrado, portanto, não acarretando em mudança estrutural.
Nesse sentido, uma possibilidade de investigação é apontada pelo desacordo ou pela
falta de harmonia entre as formas relíquias (em estado de não-equilíbrio) e os processos atuais.
Esse aspecto do equilíbrio dinâmico possibilita o esclarecimento de questões relevantes que
envolvem as pesquisas quantitativas em Geomorfologia, uma das quais é verificar as variações
de intensidades de degradação dentro de segmentos de paisagens considerados equilibrados
(CHRISTOFOLETTI, 1980).
Entretanto, uma limitação é posta em questão, uma vez que a informação contida
nas formas históricas, sobre os seus eventos de formação, é perdida quanto mais remota fica no
passado, de modo que algumas formas guardam apenas evidências de mudanças muito recentes,
25

enquanto outras apresentam marcas mais duradouras. Logo, a capacidade de conservação da


informação é inversamente proporcional à competência das variáveis do sistema em se ajustar
às mudanças nas condições externas (CHORLEY, 1962; HOWARD, 1965).
Segundo Fierz (2015), uma das aplicações bem-sucedidas da Teoria do Equilíbrio
Dinâmico, apesar de não fazer menção à origem dos termos, foi desenvolvida por Tricart
(1977), que adotou um modelo de classificação fundamentada na ecodinâmica das paisagens,
partindo da relação entre pedogênese e morfogênese para indicar o grau de estabilidade
morfogenética. Dessa maneira, os sistemas poderiam ser classificados conforme o seu estado
em relação ao equilíbrio em: estáveis, intergrades e instáveis.
Verifica-se que a definição de equilíbrio adquire uma conotação mais operacional,
no sentido mesmo do diagnóstico da paisagem e da seleção dos critérios determinantes para
caracterizar o estado de estabilidade. Dessa forma, a concepção mais recente dessa teoria é
delineada, adquirindo fundamentos para avaliar as fragilidades dos sistemas naturais, assim
como a sua capacidade de suporte, admitindo sempre a sua propriedade de auto-organização.
Segundo Bertolini (2012), a análise morfométrica e morfodinâmica são duas
possibilidades de se avaliar o equilíbrio dos sistemas morfológicos. Sendo assim, o ajustamento
das formas da rede de drenagem e das vertentes aos fluxos hidrológicos constitui uma
importante oportunidade de análise. Da mesma forma que o conhecimento das estimativas de
escoamento superficial e das taxas de erosão e denudação, permitem verificar a correspondência
entre as formas e os processos morfodinâmicos atuais.
Portanto, pode-se inferir que a concepção de equilíbrio em Geomorfologia perdeu
muito de seu caráter finalista para ganhar um significado processual. Observa-se também que
a concepção de equilíbrio dinâmico, ao longo de sua maturação teórica, assumiu que as formas
não são estáticas, todavia, são mantidas pelo fluxo constante de matéria e energia que perpassam
o sistema, admitindo a coexistência entre estabilidades e instabilidades, equilíbrio e não-
equilíbrio, dentro da evolução de uma mesma unidade da paisagem.
A noção de sistemas complexos não lineares apresentou novas perspectivas
metodológicas no campo da Geomorfologia, com a formulação de conceitos operacionais como
equilíbrio, estabilidade, auto-organização, muito discutidos e aplicados em segmentos
modernos da disciplina. Dessa forma, demandam-se mais estudos que possam validar e ampliar
os limites de sua aplicabilidade prática, como, por exemplo, verificar a distribuição espacial e
a disponibilidade de energia útil e do trabalho dentro dos sistemas geomorfológicos, a exemplo
da espacialização do potencial de geração de escoamento superficial dentro de uma bacia
hidrográfica.
26

2.2 BACIAS HIDROGRÁFICAS SEMIÁRIDAS

Como agentes exógenos, os rios são protagonistas na esculturação do relevo em


regiões tropicais, uma vez que comandam os processos de dissecação, denudação e agradação.
Desse modo, os arranjos de feições morfologicamente semelhantes são organizados e
integrados a partir da rede de drenagem. De acordo com Christofoletti (1981, 1980), o
desenvolvimento do conjunto das vertentes está intimamente ligado aos processos fluviais,
ajustando-se à rede de drenagem.
A rede de drenagem, entendida como conjunto de feições topográficas lineares
negativas, entalhadas na superfície pelas águas de escoamento (GUERRA, 1993), é a forma
mais característica no modelamento do relevo, estando relacionada tanto à dissecação, pela
incisão dos talvegues, como ao aplanamento, pelo alargamento dos vales e rebaixamento dos
divisores.
Diante da importância da rede de drenagem como elemento organizador das
diferentes formas de relevo, a bacia hidrográfica surge naturalmente como unidade
geomorfológica básica, por integrar a estrutura superficial do relevo aos processos fluviais.
Fernandes e Silva (1994) definem essa unidade como uma compartimentação geográfica
natural, delimitada por divisores de água e drenada por um curso d’água principal e seus
afluentes.
Atribuindo uma abordagem sistêmica ao conceito geomorfológico de bacia
hidrográfica, Lima e Zakia (2000) a definem como sistemas abertos que recebem energia
através dos agentes climáticos e perdem energia pelo deflúvio, desta forma, encontram-se em
um equilíbrio dinâmico, que pode sofrer alteração e ser reajustado para um novo estado de
equilíbrio, na medida em que se verifiquem intervenções antrópicas significativas, alterando o
balanço energético ou as formas do sistema.
Conforme Botelho e Silva (2007), a visão sistêmica do ambiente pressupõe o uso
da bacia hidrográfica como unidade fundamental. Acrescenta, ainda, que o equilíbrio e a
qualidade ambiental do sistema hidrológico podem ser avaliados, identificando seus elementos
(solo, água, ar, vegetação, etc.) e os processos a eles relacionados (infiltração, escoamento,
erosão, assoreamento, inundação, contaminação, etc.).
Para Guerra e Botelho (2011), a bacia hidrográfica constitui uma unidade natural
básica de planejamento, na qual os esforços de uso e manejo devem ser tomados levando-se em
consideração seus aspectos sistêmicos, onde cada componente pode influenciar ou ser
influenciado por outros.
27

Dessa forma, a bacia materializa uma unidade de interação entre os processos


fluviais e de encosta. Christofoletti (1980) defende que a rede de drenagem e as vertentes não
podem ser tratadas como elementos isolados na paisagem, uma vez que integram um mesmo
sistema geomorfológico aberto, sendo assim, a forma e a declividade das vertentes se ajustam
mutuamente à capacidade hidráulica da rede de drenagem. Quando essa condição é satisfeita,
diz-se que o sistema vertente-curso de água está em equilíbrio.
Portanto, a bacia hidrográfica constitui a categoria de análise fundamental para o
objetivo desta pesquisa e define o recorte espacial da construção do modelo hidrológico aqui
proposto. Isso por entender que a mesma consegue abranger tanto aspectos físicos naturais
como socioculturais em uma unidade sistêmica, onde qualquer alteração pontual pode ser
refletida em sua totalidade, como em um organismo vivo.

2.3 ESCOAMENTO SUPERFICIAL

Entende-se o escoamento superficial como uma parcela do ciclo hidrológico, como


um fenômeno sistêmico, que perpassa e integra a dinâmica da bacia hidrográfica e reflete a
interação entre as suas partes constituintes. Segundo Coelho Neto (1995), a água da precipitação
que excede a capacidade de infiltração gera os escoamentos superficiais. Conforme Casseti
(2005), o escoamento superficial ocorre quando parte ou todo o montante da água da
precipitação deixa de infiltrar, compondo o fluxo por terra.
Tanto a ocorrência como a intensidade desse processo do ciclo hidrológico são
dependentes, em maior ou menor grau, das condições fisiográficas da área sobre a qual ocorre
a precipitação, chamada de área de contribuição da bacia. Segundo Casseti (2005), o
escoamento em superfície pode ser potencializado pela ausência de cobertura vegetal e pela
declividade acentuada, mas também há de se considerar as propriedades da cobertura
pedológica, como, por exemplo, a capacidade de retenção de água (capacidade de campo) e a
estabilidade dos agregados que compõem o material intemperizado, além das características
fisiográficas da precipitação, como intensidade e duração.
De acordo com Guerra e Cunha (1996), é necessário considerar a dinâmica das
vertentes em função dos fatores climáticos, topográficos, geológicos e de uso da terra na
avaliação do potencial físico de uma bacia hidrográfica. Para Sartori, Lombardi Neto e Genovez
(2005), a estimativa do escoamento superficial depende da interação de fatores topográficos,
pluviométricos e de uso e cobertura dos solos, constituindo um sistema complexo.
28

Casseti (2005) diferencia também os tipos de fluxo por terra, determinados em


função das características intrínsecas da área de contribuição e das propriedades extrínsecas das
precipitações. Desse modo, identifica o escoamento difuso, laminar e concentrado. O fluxo
difuso ocorre sem direção preferencial e está relacionado às convexidades no terreno. Por outro
lado, o fluxo concentrado provém da convergência do escoamento para as concavidades
topográficas e áreas mais rebaixadas, desencadeando processos de erosão e incisão linear como
sulcos e ravinas. Por sua vez, o fluxo laminar (sheet-wash) é responsável por lavar o terreno
sem, no entanto, haver canalização, estando relacionado com a forma mais insidiosa de erosão
dos solos, pois raramente é percebida com facilidade.
O escoamento superficial é um dos agentes desencadeadores dos processos erosivos
mais importantes do contexto nordestino semiárido, justificando medidas de contenção e
conservação, baseadas no controle e redução das altas taxas de fluxos superficiais. Conforme
Souza (2000), junto com a desagregação mecânica, representam os principais processos
morfodinâmicos do semiárido nordestino.
Botelho e Silva (2007) apontam a ampliação da taxa de infiltração nos solos como
solução mais viável para grande parte dos problemas associados à erosão, assoreamento e
indisponibilidade de água com qualidade nas bacias hidrográficas.
Considerando que, como afirma Christofoletti (1980), a água infiltrada no solo é
armazenada, fluindo lentamente até alcançar os cursos fluviais, mantendo o escoamento por
maior período de tempo. A vegetação nesse caso tem a função de interceptar a precipitação
fazendo com que a água escoe lentamente até atingir o solo pelo gotejamento das folhas ou
escorrendo através do caule, ampliando a taxa de infiltração. No mesmo sentido, é responsável
por reduzir a eficiência do efeito splash. De acordo com Guerra (1999), o efeito splash, ao
preparar os sedimentos para serem transportados através da desagregação do material do solo,
constitui um agente morfogenético ativo que precede ao escoamento superficial. A vegetação,
nesse sentido, se comporta como um fator limitante da erosão laminar e linear.
Portanto, o reflorestamento e a preservação da cobertura vegetal parece ser a
alternativa mais viável para restabelecer uma bacia hidrográfica equilibrada e sustentável. De
acordo com Botelho e Silva (2007), a maior motivação dos programas de planejamento em
bacias hidrográficas do Brasil é a redução do escoamento superficial, visando a manutenção da
água na bacia o maior tempo possível.
A ação dos fluxos em superfície é parte da característica própria dos ambientes
semiáridos. Segundo Graf (1988), a morfologia desses ambientes, apesar de sujeitos a baixos
índices pluviométricos, está estreitamente relacionada à morfodinâmica fluvial. Summerfield
29

(2014) acrescenta que os eventos de precipitações excepcionais, mesmo sem gerar vazões com
grande aporte hidráulico, são responsáveis por profundas modificações na morfologia dos
canais. Nesse sentido, a densidade de drenagem tende a ser maior nesses ambientes, devido à
predominância do escoamento superficial, que desencadeia mais facilmente os processos que
dão origem a novos canais.

2.4 MODELAGEM HIDROLÓGICA EM BACIAS HIDROGRÁFICAS

Segundo Miranda (2010), a utilização de modelos para representar e simular


cenários de manejo real, tem sido reconhecida no meio científico. Acrescenta ainda que
modelos matemáticos podem ser usados para simular processos em bacias hidrográficas.
Entretanto, o maior desafio é fornecer dados espaciais de entrada para elaboração dos modelos,
que, geralmente, demandam planos de informações como topografia, solos, uso e cobertura dos
solos, precipitação e umidade antecedente.
Nesse sentido, os modelos matemáticos, juntamente com os SIGs, possibilitam a
combinação de forma controlada de diferentes planos de informações georreferenciadas,
podendo auxiliar na ponderação de diversos fatores antes da tomada de decisão nos
planejamentos ambientais. Nesse cenário, as técnicas de AMC podem ser consideradas
potencialmente uteis para otimizar a estratégia de tomada de decisão.
De acordo com Moreira et al. (2001), os modelos que utilizam AMC podem ser
classificados quanto ao tratamento dos dados de entrada em: modelos teóricos, quando são
processados por equações que descrevem princípios mecânicos, físicos e matemáticos; e os
modelos empíricos, nos quais os dados são trabalhados conforme relações estatísticas, ou
heurísticas, ou baseadas em conhecimento dos especialistas.
Chorley e Haggett (1975) diferenciam os modelos hidrológicos de sínteses de
sistemas, que se baseiam na simulação dos fenômenos hidrológicos, a partir da interação das
partes componentes através de relações empíricas. Sua construção, entretanto, pressupõe
decisões subjetivas na ordenação dos parâmetros de suas relações, mas que podem ser tomadas
com auxílio de técnicas objetivas.
Os modelos matriciais são preferíveis para aplicação da AMC, devido a
simplicidade na combinação de planos de informações, através da álgebra de mapas. Segundo
Demers (1997), cada célula da matriz representa um atributo do tema, ou plano de informação.
Para Moreira et al. (2001), tratar um mapa como dado espacial requer considerar uma
informação associada a cada unidade representada por um par de coordenadas ou pixel.
30

Segundo Meirelles Moreira e Camara (2007), a combinação de dados espaciais para


analisar as interações dos fatos geográficos e fazer estimativas de cenários alternativos constitui
o real propósito dos projetos que se baseiam no uso dos SIGs. De acordo com Fitz (2008), o
cruzamento de planos de informações georreferenciadas requer a definição previa de critérios
consistentes, que pressupõe um processo de tomada de decisão. Nesse sentido, as técnicas de
AMC oferecem subsídio metodológico que diminui a subjetividade relacionada à tomada de
decisão pelo especialista.
Malczewski (2004) caracteriza a AMC como uma ferramenta intermediária capaz
de transformar dados espaciais e não espaciais em um único produto síntese de saída, através
de parâmetros definidos como regras de decisão, que condicionam a forma como os dados de
entrada vão se relacionar para atender ao objetivo da análise. Uma potencialidade do uso do
SIG é permitir que dados espaciais de diferentes ordens e grandezas sejam relacionados,
gerando um resultado analítico, combinando análise espacial com modelos de diagnóstico e
seleção de opções (SANTOS; CARVALHAIS; PIRES, 1997).
De acordo com Martinelli (1994), a cartografia ambiental, entendida como
representação de síntese, não deve apresentar os elementos analíticos, apenas o produto da fusão
dos mesmos, caracterizando-se pela formação de unidades distintas, formadas por
agrupamentos de atributos ou variáveis. Assim, os modelos matemáticos aplicados aos SIGs
oferecem alternativas metodológicas para o mapeamento de síntese, uma vez que permitem
relacionar vários planos de informações de diferentes ordens geográficas.

2.4.1 Análise de Multicritério

A AMC tem se demonstrado um método viável para elaboração de modelos


matemáticos em bacias hidrográficas, tendo em vista que admite a ponderação de diversos
fatores no processo de tomada de decisão. A combinação entre métodos de AMC e operações
algébricas de sobreposição de planos de informações georreferenciadas através de um SIG
possibilita a integração de dados de diferentes ordens geográficas, criando uma análise conjunta
em único produto síntese de saída, podendo subsidiar com mais eficiência e confiabilidade o
processo de tomada de decisão para diversas finalidades ambientais.
A técnica de AMC, segundo Roy (1996), pode ser definida como uma ferramenta
matemática capaz de simular e comparar cenários alternativos, fundamentados em vários
critérios de escolha, com o objetivo de apontar diretrizes para a opção mais adequada na tomada
de decisão. Para Malczewski (2004), o método de AMC fundamenta uma tomada de decisão
31

que envolve os dados geográficos de entrada, as preferências dos tomadores de decisão e o


tratamento dos dados de acordo com as regras de decisão estabelecidas.
Nesse sentido, a AMC admite certo grau de subjetividade ancorada nas preferências
dos tomadores de decisão. Portanto, a referida pesquisa procurou compensar essa subjetividade
fundamentada nos princípios sistêmicos de geomorfologia fluvial, combinados às técnicas mais
modernas e robustas que integram a AMC. Uma vez que a mesma tem por objetivo avaliar o
potencial das vertentes em gerar escoamento superficial na bacia do alto e médio curso do rio
Mundaú, visando contribuir para identificação de áreas preferenciais para medidas de contenção
de fenômenos erosivos e conservação dos recursos hídricos.
O método de AMC tem sido aplicado em vários estudos ambientais, com diferentes
objetivos, dos quais se destacam: a adequação do uso do solo (CORSEUIL, 2006;
MALCZEWSKI, 2004); seleção e priorização de áreas florestais (VALENTE; VETTORAZZI,
2005; VETTORAZZI, 2006); análise de vulnerabilidade ambiental (TAGLIANI, 2003);
susceptibilidade a escorregamentos e movimentos de massa (BRITO; WEBER; SILVA FILHO,
2017; PINTO; PASSOS; CANEPARO, 2015; SILVEIRA; VETTORAZZI; VALENTE, 2014).
A AMC, associada à lógica fuzzy, também tem sido aplicada na construção de
modelos para estimar o potencial de escoamento superficial e susceptibilidade à erosão dos
solos em bacias hidrográficas (BARRETO-NETO, 2011; BARRETO-NETO; SOUZA FILHO,
2007; SIQUEIRA, 2012), e também na definição da susceptibilidade à inundação (MAIA,
2016; PAPAIOANNOU; VASILIADES; LOUKAS, 2015).
Para Malczewski (2004), a parceria entre AMC e SIG trouxe avanços significativos
em análises de adequação do uso da terra, em relação às técnicas de sobreposição de mapas.
Florenzano (2008) ressalta que com o advento de técnicas de sensoriamento remoto associadas
ao SIG, as metodologias de mapeamento integrado e elaboração de cartas síntese foram
favorecidas. Outro avanço expressivo nos mapeamentos integrados de síntese se refere à adoção
dos conjuntos fuzzy (ZADEH, 1965) para representar objetos sem fronteiras abruptas, como é
o caso de grande parte dos fenômenos geográficos.
Eastman (2001) elege estas metodologias como uma evolução em relação à simples
sobreposição de planos de informações, pautada na lógica booleana, para definir áreas de
interesse, melhorando o embasamento para a tomada de decisões. Vettorazzi (2006) acrescenta,
ainda, a adequação dessa metodologia ao mapeamento de áreas prioritárias à restauração
florestal, para a conservação dos recursos hídricos.
Aplicações de vários métodos de AMC podem ser encontradas na literatura sobre
análise ambiental integrada, dos quais Malczewski (2004) aponta as operações Booleanas,
32

Média Ponderada Ordenada (MPO) e Combinação Linear Ponderada (CLP) como as mais
amplamente empregadas.

2.4.1.1 Conjuntos Booleanos e Conjuntos Fuzzy

Há na literatura dois paradigmas estabelecidos usados para tratar da representação


de fenômenos geográficos através da combinação de planos de informações georreferenciadas
em um mapa síntese, são eles: a álgebra booleana e a lógica fuzzy (CEREDA JUNIOR; RÖHM;
LOLLO, 2009).
O modelo booleano é o mais simples e satisfaz duas opções em relação ao problema
de decisão: de pertinência ou não pertinência às condições estabelecidas pelo problema de
decisão. O resultado é um mapa binário, em que cada ponto no mapa atende (recebendo valor
1), ou não (recebendo valor 0), às exigências do modelo (BONHAM-CARTER, 1994). A
Figura 3 mostra a condição de pertinência ou não pertinência ao conjunto booleano.

Figura 3 - Pertinência aos conjuntos booleanos


Não Pertinência Pertinência
0 1

Fonte: Elaborado pelo autor

A grande vantagem do modelo booleano é a sua simplicidade de aplicação, sendo


uma forma de representação digital análoga ao método analógico de sobreposição de camadas
(overlayers) sobre uma mesa de luz (MOREIRA et al., 2001).
O método booleano, por outro lado, pode ser a opção mais indicada em casos que
se pretende mapear limites rígidos e bem definidos, para representar as condições extremas de
aceitação ou de recusa total, em relação ao enunciado do problema de decisão. Como, por
exemplo, quando se deseja mapear áreas de restrição definidas por parâmetros fixos, como é o
caso de Áreas de Preservação Permanente.
Eastman (2009) ressalta que a abordagem booleana aplicada à AMC situa a decisão
entre os extremos das operações lógicas AND (mínimo), na qual a condição inicial é satisfeita
apenas se todos os critérios atenderem aos parâmetros da condição, assumindo um risco
mínimo, e OR (máximo), na qual a condição inicial é satisfeita se pelo menos um dos critérios
atender aos parâmetros da condição, assumindo o risco mais alto possível.
33

Portanto, a álgebra booleana considera que todos os critérios possuem a mesma


importância em relação ao objetivo da análise, não permitindo a compensação entre eles. Em
alguns casos, essa propriedade pode ser compatível com a realidade do fenômeno estudado, em
outros ela pode ser considerada uma simplificação demasiada para fenômenos contínuos que
variam espacialmente progressivamente, sem mudanças abruptas (BURROUGH, 1986). Na
grande maioria das situações que envolvem um problema de decisão, não é indicado atribuir
pesos de igual importância entre os critérios avaliados, impedindo a compensação entre os
fatores (BONHAM-CARTER, 1994).
A lógica dos conjuntos fuzzy, proposta por Zadeh (1965), foi aplicada para suprir a
necessidade de representar fenômenos ambíguos e inexatos, cujos limites não podem ser
definidos com precisão. Os conjuntos fuzzy permitem a construção de modelos para representar
a transição gradual da condição de pertinência a não pertinência a determinado conjunto
(BURROUGH; MCDONNELL, 1998). A Figura 4 ilustra didaticamente os limites definidos
pela lógica fuzzy e booleana, respectivamente.

Figura 4 - Diagrama de Venn mostrando as fronteiras definidas pelo conjunto fuzzy e


booleano respectivamente

Fonte: Burrough (1998).

De acordo com Meirelles (1997), o modelo booleano não permite investigar e


quantificar a imprecisão ou as ambiguidades do conceito ou fenômeno estudado, pois apresenta
limites rígidos. Dessa forma, o modelo baseado na lógica fuzzy apresenta mais confiabilidade
na representação de fenômenos imprecisos, como é o caso dos fenômenos hidrológicos.
Barreto-Neto (2011) defende que os modelos hidrológicos baseados em lógica fuzzy
são consideravelmente superiores aos baseados na lógica booleana, pois levam em conta a
34

incerteza e atenuam os limites rígidos da variabilidade espacial do fenômeno, deixando-os mais


próximos da realidade observada. A Figura 5 ilustra graficamente a transição da condição de
pertinência e não pertinência, de acordo com a lógica fuzzy.

Figura 5 - Pertinências aos conjuntos fuzzy


Não Pertinência Grau de Pertinência Pertinência
0 1

0 ------------------------ 1
Fonte: Elaborado pelo autor

Segundo Siqueira (2012), a melhoria da capacidade dos SIGs em análises espaciais


abriu as portas para manifestação da potencialidade de aplicação da teoria dos conjuntos fuzzy
no mapeamento de fenômenos geográficos. Segundo Aguado e Cantanhede (2010), a principal
vantagem da lógica fuzzy em relação à álgebra booleana se refere ao nível de aproximação às
soluções para o mundo real, em que, normalmente, deve-se evitar as respostas extremas.
O modelo fundamentado na concepção dos conjuntos fuzzy aproxima-se mais do
reconhecimento cognitivo para resolução de problemas de tomada de decisão. Dessa forma,
constitui um modelo mais confiável e menos sujeito a erros no processo de escolha (CEREDA
JUNIOR; RÖHM; LOLLO, 2009). Um conjunto fuzzy (A) em X é definido matematicamente
por um par ordenado, conforme indicado pela Equação 1.

𝐴 = {𝑥, µ𝐴 (𝑥) )}, 𝑥 ∈ 𝑋 [1]

Onde (x) é o elemento do universo (X); μA (x) é o grau de pertinência de (x) em


(A). O valor de μA(x) é um número definido por um intervalo da escala fuzzy. Comumente essa
escala é utilizada para padronizar os valores dos fatores analisados, que podem ser realocados
para um intervalo decimal de 0 a 1, ou utilizando níveis de bit numa escala de 0 a 255
(FERREIRA et al., 2004).
Segundo Souza et al. (2005), a utilidade de se realocar os valores dos critérios para
uma escala padronizada fuzzy se refere à possibilidade de combinar fatores de diferentes ordens
e unidades, em uma mesma análise integrada e de síntese em ambiente SIG.
A realocação dos valores de um critério para escala fuzzy é feita através de uma
função de pertinência. De acordo com Burrough e McDonnell (1998), as funções de pertinência
mais comuns são as lineares e senoidais. O modelo matemático das funções de pertinência fuzzy
35

são exemplificados pelas Equação 2, representando uma função linear, e Equação 3,


representando uma função senoidal; ambas crescentes, para o intervalo de 0 a 255.

(z − 𝐿𝑖 )
𝐹𝑝(𝑧) = [ ] . 255 [2]
𝐿𝑠 − 𝐿𝑖

Onde: Fp(z) é a função de pertinência de um elemento (z) em um conjunto fuzzy


(A); (z) é o valor que se deseja realocar; (Li) é o Limite inferior do intervalo de valores que se
deseja realocar; e (Ls) é o Limite superior do intervalo de valores que se deseja realocar.

𝐹𝑝(𝑧) = (cos 2 α) . 255


𝑧 − 𝐿𝑖 𝜋
Em que: 𝛼 = [1 − ( )] . [3]
𝐿𝑠 − 𝐿𝑖 2

Fp(z) = 0 para z < Li / Fp(z) = 255 para z > Ls

Onde: Fp(z) é a função de pertinência de um elemento (z) em um conjunto fuzzy


(A); (z) é o valor que se deseja realocar; (Li) é o Limite inferior do intervalo de valores que se
deseja realocar; e (Ls) é o Limite superior do intervalo de valores que se deseja realocar; ( é o
valor de pi, igual a 180°).

Figura 6 - Gráficos das funções de pertinência fuzzy e pertinência booleana (Em que: Li,
é o limite inferior; Ls é o limite superior; Pc é o ponto de crossover)

Fonte: Adaptado de Moreira et al. (2001)

A Figura 6 representa graficamente as funções de pertinência fuzzy (linear e


senoidal) e booleana ao conjunto fuzzy. É possível identificar claramente a diferença entre
36

ambas, uma vez que a função booleana possui quebras abruptas entre os limiares de pertinência
e não pertinência ao conjunto (A), recebendo apenas os valores extremos de 0 e 255. Por outro
lado, as funções fuzzy se caracterizam por apresentar uma região de transição entre a pertinência
e a não pertinência ao conjunto (A), recebendo valores ajustados que vão de 0 a 255.

2.4.1.2 Analytic Hierarchy Process (AHP)

O Analytic Hierarchy Process (AHP), desenvolvido por Saaty (1977), é um método


de análise multicriterial que tem como objetivo ponderar os fatores envolvidos na tomada de
decisão, atribuindo pesos de importância relativa entre os critérios, definidos através de uma
matriz de comparação pareada. A hierarquização dos critérios envolvidos na análise é elaborada
através da comparação entre cada par de critérios possíveis, definindo o grau de importância de
um em relação ao outro, pela atribuição de um peso de prioridade, conforme uma escala
predeterminada, que expressa a intensidade com que determinado critério é mais importante do
que o seu par em relação ao processo decisório (SILVA; NUNES, 2009).
O método AHP permite a descentralização do problema de decisão, a organização
de forma hierarquizada dos critérios mais relevantes para atender ao objetivo da análise, a
atribuição de pesos de importância relativa entre os critérios, e, principalmente, a avaliação da
consistência dos julgamentos (MOREIRA et al., 2001; SAATY, 1990).
De acordo com Costa (2002), o AHP se caracteriza como uma técnica simples e
viável para solucionar problemas de decisão complexos, através de uma estrutura que permite
minimizar os efeitos da subjetividade no processo de tomada de decisão.
Segundo Grandzol (2005), a matriz de comparação, pareada do método AHP, é
construída atribuindo-se os pesos de importância relativa numa escala de 1 a 9 a cada par de
critérios, em que o valor 1 representa igual importância entre os dois critérios e o valor 9
significa extrema importância de um critério em relação ao seu par de comparação. Nesse
sentido, apenas metade da matriz é preenchida com os pesos definidos pelos julgamentos de
importância entre os critérios, a outra metade é preenchida com os valores recíprocos.
Para interpretar a matriz de comparação pareada é necessário que se leia para cada
célula: o critério da linha é (numa escala de 1 ... 9) mais importante que o critério da coluna
(EASTMAN, 2009). O Quadro 1 apresenta a escala de importância relativa do método AHP.
37

Quadro 1 - Valores de importância relativa na comparação dos pares de critérios


Importância Muito Extremamente Valores
Igual Leve Forte
Relativa Forte Forte Intermediários
Valores
1 3 5 7 9 2,4,6,8
Numéricos
Fonte: Adaptado de Saaty (1977)

De acordo com Eastman (2009), após todas as possíveis combinações de critérios


tiverem sido comparadas e associadas a um peso de importância relativa na matriz de
comparação (A), são calculados os pesos de prioridades relativa (w) para cada um dos critérios.
Não menos importante, é calculada a Razão de Consistência (RC), que mede a coerência dos
julgamentos. Dessa forma, se o RC for superior a 0,1 (10%) os julgamentos não são
considerados confiáveis, porque estão demasiadamente perto para o confronto de aleatoriedade
do modelo, neste caso, os resultados obtidos não apresentam valores consistentes.
Para o cálculo do vetor de prioridades relativas é necessário normalizar a matriz de
comparação (A), dividindo-se cada um de seus valores pelo total de sua respectiva coluna. O
vetor de prioridades relativa (w) é, então, calculado pela média aritmética de cada linha da
matriz normalizada. Para o cálculo da Razão de Consistência (RC) é necessário primeiro obter
o valor de λmax, que representa o maior autovalor da matriz (A), obtido pela média aritmética
da matriz resultante da Equação 4.

𝐴𝑤 = 𝜆𝑚𝑎𝑥 . 𝑤 [4]

Onde: (A) é a matriz de comparação pareada; w é a matriz do vetor de prioridades


relativa; e λmax, o maior autovalor da matriz A. Uma vez calculado o max, deve-se calcular
o Índice de Consistência (IC). Esse índice é determinado de acordo com a Equação 5.

𝜆𝑚𝑎𝑥 −𝑛
𝐼𝐶 = [5]
n−1

Onde: IC é o Índice de Consistência; max, o maior autovalor da matriz (A); (n) é


a ordem da matriz A. A Razão de Consistência (RC) é finalmente obtida pela razão entre o IC
e o Índice Randômico IR, conforme a equação 6:

IC
𝑅𝐶 = [6]
IR
38

Onde: RC é a razão de consistência; IC é o Índice de Consistência; e IR é o Índice


Randômico. O IR é um índice aleatório calculado pelo Laboratório Nacional de Oak Ridge, nos
Estados Unidos da América, para uma série de matrizes quadradas de ordem n. O Quadro 2
define os valores de IR em função do número de critérios, ou seja, da ordem da matriz.

Quadro 2 - Valores normatizados do Índice de Consistência Randômico


Nº de Critérios 1 2 3 4 5 6 7 8 9
IR 0 0 0,58 0,9 1,2 1,24 1,32 1,41 1,45
Fonte: Saaty (1981)

Segundo Saaty (1980), o ponto forte do método AHP consiste na avaliação da


consistência dos julgamentos de prioridade relativa, indicando a probabilidade de os
julgamentos terem sido gerados aleatoriamente, sem obedecer a uma lógica racional. Essa
propriedade reduz os erros e incoerências provenientes da subjetividade que envolve o processo
de tomada de decisão. Eastman (1998) acrescenta que a metodologia apresenta muita
flexibilidade, permitindo que os critérios sejam comparados e hierarquizados quantas vezes
forem necessárias, até que se chegue a um modelo ajustado, que apresente Razão de
Consistência inferior à 10 %.
Entretanto, quanto à agregação dos critérios em um modelo único de saída, conta-
se com outras técnicas de AMC, das quais as mais amplamente empregadas são a Combinação
Linear Ponderada (CLP) e a Média Ponderada Ordenada (MPO) (MALCZEWSKI, 2000).
Essas técnicas têm sido empregadas no mapeamento de áreas de risco, suscetibilidade, aptidão
e prioritárias, uma vez que, segundo Soares (2005), o método booleano não se mostra adequado
nessas análises, pois não permite a compensação entre os fatores.

2.4.1.3 Combinação Linear Ponderada

Segundo Malczewski (2000), o método da Combinação Linear Ponderada (CLP)


tem ganhado preferência pela sua compatibilidade com as operações algébricas e de modelagem
cartográfica dentro dos SIGs, sendo comumente implementado na avaliação da adequação do
uso da terra a vários fins e a priorização de áreas para preservação de recursos. Eastman (1997)
ressalta a importância desse método pela sua capacidade de compensação entre os fatores,
através da aplicação de pesos, de acordo com a sua importância relativa para o objetivo do
modelo.
39

A CLP é dada pela soma dos produtos dos pesos de cada classe pelo respectivo peso
do seu plano de informação, dividido pela soma dos pesos de cada plano de informação
(EASTMAN, 2009), conforme indicado pela Equação 7. Onde: (Wij) é o peso das classes (i)
pertencente ao plano de informação (j); (yj) é o peso do plano de informação (j).

∑𝑛
𝑖=1 𝑤𝑖𝑗 .𝑦𝑗
𝐶𝐿𝑃 = ∑𝑛
[7]
𝑖=1 𝑦𝑗

Para Moreira et al. (2001), o método de atribuir pesos a parâmetros que constituem
uma sequência de eventos lógicos, fazendo uso de operações aritméticas para determinar a
tomada de decisão, é conhecida na área de inteligência artificial como equação neuronal de
Rosenblat. Na qual, a definição dos pesos pode ser aplicada com base em relações heurísticas,
pautadas no conhecimento e na experiência dos tomadores de decisão, ou utilizando técnicas
da lógica fuzzy, onde são definidos limiares de confiança.
A aplicação dessas técnicas, em mapeamentos integrados com o uso dos SIGs,
segue princípios semelhantes. A CLP, apesar de absorver toda a variabilidade dos dados de
entrada, permite com que os fatores se compensem mutuamente, constituindo um modelo
cognitivo ajustado para reter os valores médios, em detrimento dos extremos.
Segundo Eastman (1998), na CLP, um escore baixo para determinado critério pode
ser prontamente compensado por um escore alto para outro critério, e vice-versa. A forma como
ocorre essa compensação, entretanto, é determinada pelos pesos de prioridade de cada critério.
Dessa forma, a CLP admite a compensação máxima entre os fatores, assumindo um risco médio
de que a decisão indicada não seja a ideal, ou seja, situa-se exatamente no centro dos operadores
booleanos AND (mínimo), aversão extrema ao risco, e OR (máximo), aceitação plena do risco.
O resultado da CLP é um mapa que tolera o risco médio e se fundamenta na média
aritmética ponderada dos critérios de análise. Segundo Malczewski (2000), esses mapas se
caracterizam pela compensação total entre os fatores. Indicando soluções nem muito arriscadas,
nem muito conservadoras em relação ao risco.

2.4.1.4 Média Ponderada Ordenada

Outro método de agregação dos critérios é indicado pela Média Ponderada


Ordenada (MPO), proposta matematicamente por Yager (1988). Este método tem como
40

particularidade especial a atribuição de um segundo grupo de pesos, além dos pesos de


prioridades, denominados de pesos de ordenação (EASTMAN, 2001).
Para Eastman (2001), esse segundo grupo de pesos não está diretamente
relacionado aos critérios, mas sim a ordem de compensação que cada um assume após a
aplicação da CLP, para cada ponto do mapa. Assim, os pesos de ordenação ajustam o modelo
de decisão no espaço entre os extremos AND (mínimo) e OR (máximo).
Malczewski (2004) salienta que a MPO permite maior flexibilidade na escolha de
soluções mais conservadoras, ou mais aceitadoras em relação ao risco. Segundo Darós e Carrión
(2006), essa flexibilidade dos operadores MPO se deve ao fato de que os pesos de ordenação
não estão associados a um critério em particular, e sim à posição ordenada de cada critério em
determinado ponto do mapa, possibilitando um processo de agregação não linear.
Vettorazzi (2006) explica didaticamente como são atribuídos os pesos de ordenação
entre os critérios, que, segundo o autor, refletem a sua ordem de ranqueamento em vez de suas
qualidades próprias.

Podemos decidir aplicar pesos de 0,5, 0,3 e 0,2 a um conjunto de fatores A, B e C,


com base em sua ordem de ranqueamento BAC (do mais baixo para o mais alto), a
combinação ponderada seria 0,5B + 0,3A + 0,2C. Entretanto, se para outro local os
fatores fossem ranqueados CBA, a combinação ponderada seria 0,5C + 0,3B + 0,2A.
(VETTORAZZI, 2006; p. 91)

Portanto, os pesos de ordenação são distribuídos de forma crescente, de modo que


o menor escore entre os critérios de determinado local receba o primeiro peso de ordenação, o
segundo menor escore receba o segundo peso de ordenação, e assim por diante, onde a soma
dos pesos de ordenação deverá ser igual a 1. Dessa forma, pode-se controlar os valores mínimos
e máximos de cada local e como estes vão ser compensados. Nesse sentido, o risco é ajustado
para o mínimo (AND), de aversão ao risco, quando os primeiros pesos de ordenação recebem
os maiores valores; e para o máximo (OR), de aceitação ao risco, quando os últimos pesos de
ordenação recebem os maiores valores. A compensação é maximizada quanto mais homogênea
for a distribuição dos pesos de ordenação (EASTMAN, 1998; RAMOS; MENDES, 2001).
Segundo Eastman (1998), os pesos de ordenação permitem o controle sobre o nível
de compensação e de risco assumido na agregação dos critérios, possibilitando uma variedade
tão grande quanto possível de combinações na construção dos modelos. Conforme Eastman
(2003), o risco se define pela probabilidade de que a decisão tomada não seja adequada,
refletindo erros nas regras de decisão ou na entrada de dados. Por outro lado, a compensação
pode ser entendida como a liberdade com que um critério pode ser substituído ou compensado,
41

se forem assumidos outros valores específicos de outros critérios (VALENTE; VETTORAZZI,


2013). O risco pode ser calculado pela Equação 8.

1
𝑅𝑖𝑠𝑐𝑜 = ∗ ∑𝑖 [(𝑛 − 𝑖) ∗ 𝑂𝑖] [8]
n−1

Em que (n) é o número de critérios; (i) é a posição ordenada do critério; (Oi) é o


peso do critério na posição (i). A compensação é calculada pela Equação 9. Em que (n) é o
número de critérios; (i) é a posição ordenada do critério; (Oi) é o peso do critério na posição (i).

1
𝑛 ∑𝑖(𝑂𝑖− )²
𝐶𝑜𝑚𝑝𝑒𝑛𝑠𝑎çã𝑜 = 1 − √ 𝑛
[9]
𝑛−1

Os pesos de ordenação podem tender tanto para o risco mínimo, de aversão ao risco;
como para o máximo, de aceitação ao risco. Quando os pesos são distribuídos igualmente para
todos os critérios, assume-se um risco médio com a máxima compensação entre os fatores
(EASTMAN, 1998). A Figura 6 mostra o espaço de decisão estratégica, com ajustamento em
relação ao risco e à compensação. A posição mais à esquerda, à direita ou ao centro definirá o
nível de risco assumido pelo modelo no processo de tomada de decisão.

Figura 7 - Espaço de decisão estratégica da análise de multicritério

Fonte: Adaptado de Eastman (2001)


42

Jiang e Eastman (2000) reconhecem que a solução de risco médio e compensação


plena dos fatores na MPO gera um modelo equivalente à solução da CLP. Dessa forma, conclui-
se que o método da CLP é um tipo específico, um subconjunto da aplicação do método da MPO,
que ocorre na situação em que os pesos de ordenação são anulados por receberem todos os
mesmos valores. A flexibilidade dos modelos de AMC pode ser extremamente útil, uma vez
que, como afirma Malczewski (1999), nem sempre a melhor solução é aquela que apresenta o
menor risco associado. Devendo-se analisar as propriedades do fenômeno representado para
encontrar a melhor alternativa.
43

3 METODOLOGIA

A metodologia está estruturada de forma a alcançar todas as etapas que compõem


a Análise de Multicritério (AMC) de apoio à decisão, com o objetivo de quantificar o potencial
de escoamento superficial da bacia hidrográfica do alto e médio curso do rio Mundaú. Portanto,
foram realizados os procedimentos descritos pela aplicação dos métodos de AMC na elaboração
de um modelo matemático determinístico para modelar o potencial de geração de fluxos
superficiais, com base na ponderação dos principais critérios definidores desse fenômeno, para
atender ao problema de decisão proposto, qual seja, definir as áreas de maior potencial ao
escoamento superficial da bacia.
A primeira etapa consistiu na escolha dos critérios relevantes na definição do
potencial de escoamento, a serem considerados na modelagem multicriterial. A seleção desses
critérios foi fundamentada no modelo hidrológico do Soil Conservation Service (SCS, 1972),
que define as taxas de escoamento em função do grupo hidrológico do solo, do tipo de uso e
cobertura do solo, das condições hidrográficas e da umidade antecedente.
A metodologia do modelo hidrológico do SCS tem sido amplamente empregada em
estudos que visaram estimar o escoamento superficial em bacias hidrográficas, através de um
modelo empírico racional (BARRETO-NETO; SOUZA FILHO, 2007; JOHNSON; MILLER,
1997; SCS, 1972; TUCCI, 2000).
Entretanto, os parâmetros sugeridos por essa metodologia foram aqui usados na
construção de um modelo de priorização de áreas que favorecem a geração de escoamento em
superfície em detrimento da infiltração, a qual chamamos de potencial de escoamento
superficial. Portanto, não se tem pretensões de ser usado para estimar quantitativamente a taxa
de escoamento superficial para um evento pluviométrico específico.
Por outro lado, a definição da priorização entre os critérios selecionados foi
fundamentada no modelo determinístico proposto por McCuen (1998), que define o Coeficiente
de Escoamento Superficial, entendido como a relação entre o volume escoado superficialmente
e o volume total da precipitação, arbitrado em função da interação entre as propriedades
fisiográficas: uso e cobertura do solo, declividade e grupo hidrológico do solo.
Portanto, para esta pesquisa foram selecionados os critérios: declividade, grupo
hidrológico do solo, uso e cobertura do solo, e pluviosidade média anual – esta última
diretamente relacionada ao tempo em que os solos permanecem com condições de umidade
antecedente mais elevadas (MCCUEM, 1998; SCS, 1972).
44

A etapa seguinte consistiu-se na definição das relações de importância entre os


critérios, que foram hierarquizados conforme o favorecimento ao escoamento superficial. Esta
etapa conta com a fundamentação teórica relacionada aos parâmetros definidos para o
coeficiente de escoamento superficial, proposto por McCuen (1998). Os procedimentos
operacionais desta fase podem ser descritos pela aplicação do método AHP, com a construção
de uma matriz de comparação pareada para definição dos pesos de prioridade relativa entre os
critérios.
Na terceira etapa, os valores dos mapas de critérios foram realocados para uma
escala padronizada dos conjuntos fuzzy. Esse procedimento permitiu relacionar os mapas
temáticos, independente de sua natureza, em torno de um objetivo comum: o favorecimento ao
escoamento superficial. Nessa etapa, também foi elaborado um mapa de restrição booleano para
os recursos hídricos da bacia, uma vez que não faz sentido definir a aptidão ao escoamento
sobre os corpos d’água.
Na última etapa, foram aplicados os métodos de agregação dos mapas de critérios
para gerar o modelo final de potencial. Nesta, foram executados os métodos da Combinação
Linear Ponderada (CLP) e da Média Ponderada Ordenada (MPO). A Figura 8 mostra
sistematicamente a sequência de procedimentos adotados para alcançar os objetivos desta
pesquisa.

Figura 8 - Fluxograma metodológico

Fonte: Elaborado pelo autor


45

O trabalho de campo foi realizado nos dias 28 e 29 de janeiro de 2017. Na ocasião,


foi visitada grande parte das vias de acesso à área de estudo. O campo foi amparado por matérias
como: mapa hipsométrico e geológico; câmeras fotográficas e aparelho receptor de sinal do
Global Position System (GPS) Garmin GPSMAP 64s.
Foram identificados no campo os principais cursos fluviais e recursos hídricos da
bacia do alto e médio Mundaú, formas de uso do solo e perfis de solos em cortes de estrada. Os
fatos observados em campo foram registrados em fotografia e serviram para complementar e
validar os dados obtidos por sensoriamento remoto, assim como para a caracterização
geoambiental da área de estudo.
A descrição e diferenciação das formas de relevo da bacia em estudo foram
amparadas no trabalho de campo, onde foram coletados registros fotográficos, devidamente
georreferenciados com auxílio do GPS. A interpretação desses dados e observações foi
realizada com base na literatura geomorfológica e nos mapeamentos preexistentes.
Uma das vantagens da metodologia adotada nesta pesquisa é a capacidade de
relacionar dados secundários de diferentes ordens geográficas, disponibilizados por órgãos e
instituições públicas e privadas. Assim, os resultados da modelagem podem ser ajustados, a
depender da escala de trabalho e da disponibilidade de dados mais detalhados e precisos. O
Quadro 3 sintetiza os dados secundários e suas aplicações nesta pesquisa, assim como as suas
respectivas escalas e níveis de detalhamento.

Quadro 3 - Resumo dos dados secundário usados na pesquisa


Escala /
Dados Aplicação Fonte
Resolução
Extração do acúmulo de fluxo e da
Modelo Digital de Elevação rede de drenagem, elaboração do
USGS, 2017 30 metros
SRTM mapa de declividade e do perfil
topográfico do rio Mundaú
Banda 8: 15
Mapeamento dos tipos de uso e
Landsat 8 (bandas 6,5,4 e 8) USGS, 2017 metros; demais
cobertura do solo
bandas: 30 metros
Mapeamento pluviométrico pelo
Postos Pluviométricos
interpolador Krigagem Ordinária,
(série histórica de 30 anos FUNCEME, 2017 -
análise das médias históricas de
de 1986 a 2015)
precipitação
Confecção do mapa de solos e
SEARA/IDACE,
Modelo vetorial de solos classificação dos tipos hidrológicos Escala: 1:200.000
1988
dos solos
Confecção do mapa geológico da
Modelo vetorial de geologia CPRM, 2003 Escala: 1:500.000
bacia hidrográfica
Fonte: Elaborado pelo autor
46

3.1 REDE DE DRENAGEM E BACIA HIDROGRÁFICA

A delimitação da bacia hidrográfica e a extração automática da rede de drenagem


foram proporcionadas pelo processamento do Modelo Digital de Elevação (MDE) da Shuttle
Radar Topography Mission (SRTM) (FARR et al. 2007). Esse MDE se enquadra como imagem
de radar, proveniente de sensores de visada vertical e lateral, proporcionando o registro de
imagens por Interferometria de Radar de Abertura Sintética (InSAR), sendo capazes de coletar
valores de altitude (CARVALHO, 2007).
Esses dados oferecem muitas aplicabilidades na análise da morfometria das redes
de drenagens atuais, podendo, inclusive, ser utilizados para extração automática da rede de
canais, com base em algoritmos que usam as informações topográficas de entrada para definir
a direção e o acumulo dos fluxos superficiais (JENSON; DOMINGUES 1988, JORDAN et al.
2005).
Entretanto, em algumas situações o MDE/SRTM com resolução espacial de 30
metros pode apresentar erros, exibidos na imagem como valores nulos ou negativos, expressos
visualmente na forma de “buracos”. Essas falhas são provenientes do processo de aquisição das
imagens, quando ocorre um problema com o sinal de radar refletido de volta para o sensor ativo,
em decorrência de áreas de sombra ou de forte inclinação (FARR; KOBRICK, 2000), bem
como sobre meios líquidos com forte atividade microbiológica, que deformam o sinal do radar.
Portanto, os valores nulos do MDE/SRTM utilizado foram devidamente corrigidos pela
interpolação dos valores conhecidos na imagem. Conforme sugere Ladeira Neto (2010), os
dados do MDE SRTM são transformados em uma nuvem de pontos e, posteriormente, são
interpolados para obtenção de um modelo sem valores nulos.
A extração automática da rede de drenagem a partir de um MDE demanda que
sejam previamente corrigidos os ruídos do modelo, para gerar um raster com a direção do fluxo,
que por sua vez, é usado para gerar um outro raster de acúmulo do fluxo. Este último produto
é usado, enfim, para extrair as linhas de fluxo acumulado, a partir de um limiar específico de
acúmulo de fluxo definido pelo usuário (MENDES; CIRILO, 2001).
De acordo com Santos e Francisco (2011), o MDE SRTM de 30 metros de resolução
espacial comporta estudos de média escala, de até 1:50.000, para a qual o limiar de extração
dos vetores de fluxo sugerido é de 100 células, ou seja, 90.000 m².
Segundo Wilson et al. (2008), os algoritmos usados na extração da rede de
drenagem usam o conceito de fluxo acumulado, a partir do qual definem a orientação do
deslocamento do fluxo entre as células vizinhas do MDE. Dentre esses algoritmos, um dos mais
47

utilizado é o Determinístico de Oito Direções (D8), proposto por O’Callaghan e Mark (1984),
segundo o qual a orientação do fluxo é definida conforme oito possíveis direções. A escolha do
direcionamento se fundamenta na declividade relativa das oito células vizinhas no MDE.
A rede de drenagem foi extraída de forma automática pelo método D8, a partir do
MDE/SRTM hidrologicamente consistente, com o preenchimento das depressões internas
(sinks). Nesse caso, foram geradas as direções de fluxo e o acúmulo de fluxo. Para este último
foi definido o limiar de 450.000 m², equivalente a 500 pixels de resolução espacial de 30 metros,
para a iniciação das linhas de fluxo, ou seja, é necessária uma área de contribuição de fluxos
igual ou superior a esse limiar para que o fluxo seja concentrado e canalizado.
A extração automática dos canais de fluxo acumulado através de Modelos Digitais
de Elevação, como o SRTM, tem demostrado correspondência quase total com a rede de
drenagem vetorizada manualmente a partir de imagens óticas de média a alta resolução
(JENSON; DOMINGUES, 1988).
A rede de drenagem da bacia do alto e médio Mundaú, extraída automaticamente
através do MDE/SRTM, foi validada pela correspondência com a base de dados vetoriais da
Secretaria de Recursos Hídricos (SRH, 2017). Os canais principais, que apresentam maior
sinuosidade e requerem um nível de detalhamento maior, foram vetorizados manualmente a
partir de imagens de satélite, disponibilizadas gratuitamente pelo Google Earth.
A delimitação da bacia hidrográfica foi realizada com base na rede de drenagem e
nas curvas de nível geradas automaticamente a partir do MDE/SRTM. De posse desses dois
produtos, foi realizada a vetorização dos limites da bacia, seguindo os limiares dos divisores de
drenagem.

3.2 MAPA GEOLÓGICO

O mapa Geológico foi elaborado a partir da base de dados vetoriais de geologia do


estado do Ceará, na escala de 1:500.000, disponibilizada pela Companhia de Pesquisa de
Recursos Minerais (CPRM, 2003). Esse mapeamento auxiliou na caracterização do arcabouço
geológico e geomorfológico da área de estudo, assim como o mapeamento geológico da folha
de Irauçuba SA.24Y-D-V, na escala de 1:100.000 (CPRM, 1999), na interpretação das
morfoestruturas identificadas em campo e na caracterização do quadro natural da bacia.
48

3.3 MAPA DE USO E COBERTURA DO SOLO

O mapa de uso e cobertura do solo foi confeccionado através da técnica de


classificação supervisionada, com classificador MAXVER (máxima verossimilhança) do tipo
pixel a pixel, no software TerraView 4.2.2. Na ocasião, foram coletadas amostras de treinamento
do algoritmo para as classes de uso e cobertura do solo, adaptadas de McCuem (1998), quais
sejam: solo florestado (caatinga), campo (solo exposto), áreas urbanizadas e solo cultivado.
Para Jensen (2005), a classificação digital de imagens é feita pelo reconhecimento
de padrões geométricos homogêneos, relacionados às informações de assinaturas espectrais
específicas contidas nos pixels da imagem, que, por semelhança e área, são definidos como
pertencentes à uma determinada classe. Assim, os algoritmos, chamados de classificadores,
podem ser programados para o reconhecimento pixel a pixel ou por regiões homogêneas
previamente definidas. Segundo Crósta (1992), no tipo pixel a pixel, o classificador usa apenas
a assinatura espectral de cada pixel coletado nas amostras, para classificar as áreas não
amostradas.
Para a classificação, utilizou-se uma imagem do sensor OLI/LDCM (Operational
Land Imager/Thermal Infrared Sensor) do satélite Landsat 8, com data de imageamento de 26
de agosto de 2016, escolhida estrategicamente para representar o período seco do ano, no qual
não houvesse chuva antecedente que pudesse mascarar as condições reais de cobertura. Esse
sensor tem resolução temporal de 16 dias, radiométrica de 12 bits, posteriormente convertida
para 8 bits. Contém ao todo 9 bandas espectrais com diferentes características, que estão
resumidas no Quadro 4. Todas as bandas multiespectrais apresentam resolução espacial de 30
metros, apenas a banda pancromática tem 15 metros de resolução (BARSI et al., 2014).

Quadro 4 - Bandas espectrais do sensor OLI/LDCM – Landsat 8


Resolução Espectral Resolução Espacial
Banda Nome
(µm) (m)
1 0,435 – 0,451 Costeira 30
2 0,452 – 0,512 Azul 30
3 0,533 – 0,590 Verde 30
4 0,636 – 0,673 Vermelho 30
5 0,851 – 0,879 Infravermelho Próximo 30
6 1,566 – 1,651 Infravermelho Médio - 1 30
7 2,107 – 2,294 Infravermelho Médio - 2 30
8 0,503 – 0,676 Pancromática 15
9 1,363 – 1,384 Cirrus 30
Fonte: Adaptado de Barsi et al. (2014)
49

As bandas foram pré-processadas no ambiente do software ArcGIS 9.3 antes da


classificação, com auxílio da ferramenta LANDSAT 8 / GEOBIA, desenvolvida por
URBANSKI (2010). Na ocasião, foi realizada a correção atmosférica, na qual as informações
dos pixels foram convertidas de níveis digitais (original) para níveis de radiância e, depois, de
níveis de radiância para níveis de reflectância.
Segundo Silva e Andrade (2013), a radiância é obtida pela relação entre os níveis
digitais da imagem original com a radiância emitida por objetos de referência no solo,
constituindo um passo fundamental para o cálculo da reflectância, que, por sua vez, pode ser
obtida pela razão entre a radiação refletida e a radiação incidente de objetos localizados na
superfície. Em seguida, foi realizada a fusão (Pan-sharpening) das bandas multiespectrais com
a banda pancromática, a fim de reamostrar todas para uma resolução espacial de 15 metros.
Com as bandas devidamente corrigidas, foi realizada a composição em falsa cor,
usando: a banda 6 no canal vermelho (R), a banda 5 no canal verde (G) e a banda 4 no canal
azul (B). Essa combinação foi escolhida por melhor representar os aspectos da cobertura vegetal
e os recursos hídricos da bacia. A classificação foi executada coletando-se amostras espectrais
para cada classe previamente definida, que foram validadas através da análise da matriz de
confusão, e então aplicadas no reconhecimento das classes de uso e cobertura do solo da bacia.

3.4 MAPA DE TIPO HIDROLÓGICO DOS SOLOS

O mapa de tipo hidrológico dos solos foi elaborado a partir do mapa de solos do
Zoneamento Agrícola do Estado do Ceará de 1988, elaborado pela então Secretaria de
Agricultura e Reforma Agrária (SEARA), em parceria com o Instituto do Desenvolvimento
Agrário do Ceará (IDACE), na escala de 1:200.000, como base no Levantamento Exploratório
Reconhecimento do Solos do Estado do Ceará, realizado pela Sudene em parceria com o
Ministério da Agricultura, na escala 1:600.000 (BRASIL, 1973).
A nomenclatura dos solos foi atualizada para o Sistema Brasileiro de Classificação
dos Solos (EMBRAPA, 2006). As classes de solo foram reclassificadas quanto ao seu tipo
hidrológico com base na proposta de Lombardi Neto et al. (1989) e Sartori (2004), adaptada
para os solos do Brasil, com amostras para o estado de São Paulo, que se baseiam na
classificação do Soil Conservation System (SCS, 1972).
De acordo com Sartori, Lombardi Neto e Genovez (2005), diante da falta de
recursos em pesquisas aplicadas para identificação da taxa de infiltração dos solos, a
classificação hidrológica dos solos é uma alternativa viável para estimativas de escoamento
50

superficial e controle de erosão dos solos. Na metodologia do SCS (1972) do Departamento de


Agricultura dos Estados Unidos da América (USDA), os solos são classificados conforme a sua
suscetibilidade à erosão e a produção de escoamento superficial.
Dessa forma, os solos foram classificados em quatro grandes grupos: A, de baixo
potencial de escoamento superficial, boa capacidade de infiltração e baixa suscetibilidade à
erosão, normalmente são solos profundos excessivamente drenados, constituídos de material
arenoso ou cascalhento; B, de moderada taxa de infiltração, escoamento superficial e
suscetibilidade à erosão, normalmente são solos medianamente profundos e bem drenados, com
textura de média a grossa; C, de alta capacidade de escoamento em superfície, baixa infiltração
e suscetibilidade à erosão elevada, comumente, são solos de drenagem prejudicada quando
molhados, muito em decorrência da dificuldade de percolação de um horizonte a outro pela
diferença textural; D, de alto potencial de escoamento superficial e capacidade de infiltração
muito baixa, possuindo suscetibilidade muito alta à erosão, normalmente, são solos rasos de
textura moderadamente fina (MOCKUS, 1972; SCS, 1972).
A metodologia do SCS foi aplicada para classificar os solos da bacia do alto e médio
curso do rio Mundaú quanto às suas propriedades hidrológicas. Entretanto, foi amparada na
adaptação para os solos do Brasil, proposta de Lombardi Neto et al. (1989) e Sartori (2004).

3.5 MAPA DE DECLIVIDADE

O mapa de declividade foi gerado diretamente pelo processamento automático do


MDE SRTM no software ArcGIS 9.3 em graus. As classes de declividade adotadas foram
baseadas na proposta da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA, 1979),
apenas para questões de representação cartográfica. Todavia, as classes de declividade foram
convertidas de porcentagem para graus e renomeadas conforme o Quadro 5.

Quadro 5 - Adaptação das classes de declividade


EMBRAPA (1979) Declive (%) Classes Declividade (graus)
Plano 0-3 Plano 0-2
Suave Ondulado 3-8 Suavemente Inclinado 2-4
Ondulado 8 - 20 Moderadamente Inclinado 4 - 12
Forte Ondulado 20 - 45 Inclinado 12 - 25
Montanhoso 45 - 75 Fortemente Inclinado 25 - 35
Forte Montanhoso >75 Muito Íngreme >35
Fonte: Adaptado de EMBRAPA (1979)
51

3.6 MAPA PLUVIOMÉTRICO

O mapa de pluviométrico foi elaborado pela interpolação de pontos amostrados


correspondentes aos postos pluviométricos dos municípios de Itapagé, Itapipoca, Umirim,
Uruburetama e Tururu. Além destes foram modelados 4 postos amostrados aleatoriamente. A
interpolação consiste na estimação aproximada para os valores desconhecidos, em uma
superfície ajustada, através de uma função matemática que utiliza os pontos amostrados como
dados de entrada. Muitos modelos que utilizam funções de regressão para estimar os pontos
não amostrados em uma superfície contínua podem ser encontrados na literatura especializada.
Esses podem ser modelos determinísticos ou estocásticos (YAMAMOTO; LANDIM, 2013).
Neste caso, foi utilizada a krigagem, um método estocástico fundamentado na teoria
das variáveis regionalizadas de Matheron (1971), que considera que os fenômenos geográficos
variam espacialmente, de acordo com uma componente estruturada e outra aleatória. Esse
método é capaz de estimar valores desconhecidos da superfície a partir da correlação espacial
demonstrada pela análise do semivariograma, obtido pela distribuição dos pontos amostrados
(CAMARGO; FUCKS; CÂMARA, 2004; YAMAMOTO; LANDIM, 2013).
A variação desse método aplicado, denominada krigagem ordinária, pressupõe a
estacionariedade do fenômeno geográfico, na qual a dependência espacial de uma variável
diminui apenas com a distância entre os pontos, até que se tornem independentes. A hipótese
básica para a sua aplicação é de que a média seja desconhecida, portanto, constante em toda a
área de estudo. Assume-se também que não haja tendências nos dados, ou seja, que a variância
pare de aumentar a partir de uma distância crítica dos pontos amostrados (CAMARGO;
FUCKS; CÂMARA, 2004; ISAAKS; SRIVASTAVA, 1989). Para a modelagem da superfície
de precipitação, foram executados os procedimentos sistemáticos resumidos pela Figura 9.

Figura 9 - Procedimento para krigagem ordinária dos dados pluviométricos

Fonte: Elaborado pelo autor


52

Os dados de entrada correspondem às médias históricas anuais dos postos


pluviométricos selecionados para um período de trinta anos, de 1986 a 2015. Entretanto, houve
a necessidade de se modelar outros postos pluviométricos por inferência matemática, tendo em
vista a ausência destes postos no extremo norte da bacia. Para tanto, foi utilizado o método
determinístico Inverse Distance Weighting (IDW), ou Inverso do Quadrado da Distância, para
definir a média anual de 4 postos criados de forma aleatória nessa porção da área de estudo. O
IDW se baseia apenas nos valores das médias pluviométricas dos postos conhecidos e na
distância entre eles e o posto ao qual se deseja determinar o valor, podendo ser calculado pela
Equação 10.

1
∑𝑛
𝑖=1(𝑑² . 𝑥𝑖 )
𝑖
𝑋𝑝 = 𝑛 1
[10]
∑𝑖=1( )
𝑑²𝑖

Em que: (Xp) é o ponto que se deseja definir; (d) é a distância de (Xp) a um


determinado ponto conhecido (i) e (xi) é o valor do ponto (i) conhecido. De acordo com Rocha
e Novais (2012), o método IDW se fundamenta no princípio de autocorrelação espacial, uma
vez que, quanto mais próximos os valores estimados estiverem do ponto amostral considerado,
apresentarão valores mais parecidos com o mesmo.
Após modelar os postos aleatórios desconhecidos, estes valores, juntamente com os
dados amostrais dos postos existentes, foram incorporados às coordenadas locais, a partir dos
quais foi gerado um modelo vetorial georreferenciado do tipo ponto. A partir dessa etapa em
diante, os procedimentos foram executados no software ArcGIS 9.3, extensão geostatistical
analyst.
A análise descritiva das médias pluviométricas demonstrou uma distribuição de
frequência normal, ao apresentar valores de média e mediana muito próximos, conforme
indicado pelo histograma da Figura 10. Segundo Yamamoto e Landim (2013), nessas
circunstâncias, a krigagem ordinária pode ser aplicada diretamente sobre os dados, sem a
necessidade de nenhuma transformação.
A geração do semivariograma foi associada à aplicação de um modelo de ajuste
capaz de expressar, com melhor eficiência, o comportamento espacial do fenômeno em termos
médios. Esses modelos teóricos de ajuste, segundo Isaaks e Srivastava (1989), são escolhidos
por melhor representarem as variações espaciais e a distância em que as variáveis se tornam
independentes. Foram testados três modelos de ajuste: esférico, exponencial e gaussiano.
53

Figura 10 - Histograma da média histórica de precipitação (1986 – 2015) da bacia do


Mundaú e entorno

Média: 943
Mediana: 922
Assimetria: -0,09

Fonte: Elaborado pelo autor / Dados: FUNCEME 2017

A estimação pela krigagem ordinária é similar aos métodos determinísticos de


média ponderada, com exceção da definição dos pesos, que se baseiam no semivariograma
experimental. Dessa forma, os pontos estimados podem ser descritos pela Equação 11
(CAMARGO; FUCKS; CÂMARA, 2004). Onde: Z*(x0) é o ponto a ser estimado, λi é o peso
atribuído a cada ponto amostral Z (xi), considerado para estimativa do ponto, cuja soma dos
pesos resulta na unidade.

𝑛 𝑛

𝑍 ∗ (𝑥0 ) = ∑ 𝜆𝑖 𝑍(𝑥𝑖 ) ∑ 𝜆𝑖 = 1 [11]


.
𝑖=1 𝑖=1

As superfícies interpoladas de acordo com os modelos de ajuste verificados foram


submetidas ao teste de validação cruzada, para verificar a precisão da interpolação. Esse teste,
segundo Kerry e Oliver (2007), consiste em retirar sistematicamente cada ponto amostrado por
vez do processo de interpolação e calcular o resíduo entre o valor real e o valor estimado para
este ponto. A escolha do modelo mais ajustado se baseou no menor valor da Média Quadrática
do Erro (MQE), obtida pela Equação 12, onde: MQE é a Média Quadrática do Erro; xi é o valor
real da amostra; x0 é o valor estimado para o ponto amostrado; n é o número de pontos amostrais.

√∑𝑛𝑖=1(𝑥𝑖 − 𝑥0 )2
𝑀𝑄𝐸 = [12]
𝑛
54

A Figura 11 mostra o resultado do semivariograma usado para aplicar a


interpolação dos valores de pluviometria pelo método da krigagem ordinária, demostrando a
dependência espacial dos pontos amostrados e a distância crítica para os valores se tornarem
independentes. O ajustamento do semivariograma pode ser conferido com seus parâmetros.

Figura 11 - Semivariograma para aplicação da krigagem ordinária

Fonte: Elaborado pelo autor

O modelo Exponencial foi o que melhor representou a variabilidade espacial da


pluviosidade na área de estudo, apresentando MQE igual a 92,45. A partir dessa interpolação,
foi elaborado o mapa final de pluviosidade, com as classes definidas manualmente em
intervalos de 25 milímetros de precipitação.

3.7 REESCALONAMENTO FUZZY E RESTRIÇÃO BOOLEANA

Segundo Eastman (2009), os critérios selecionados na AMC podem ser de restrição,


em que é aplicado um operador booleano para limitar a área de análise a uma propriedade
específica; ou do tipo fatores, que indicam um grau de aptidão em relação ao objetivo da análise,
estes podem ser relacionados de acordo com as preferencias do tomador de decisão.
Nesse sentido, foi elaborado um mapa booleano de restrição para os corpos d’água
da bacia em estudo, no qual estes receberam valor (0) e as demais áreas, receberam valor (1).
Por outro lado, todos os mapas de critérios (declividade, precipitação, uso e cobertura do solo,
grupo hidrológico do solo) tiveram suas classes e valores realocadas para uma escala fuzzy.
Neste caso, utilizou-se um intervalo em nível de bits de 0 a 255.
55

Os mapas escalonados com o conceito fuzzy permitem classificar seus atributos em


modelos contínuos e suaves de transição entre o potencial máximo e mínimo ao escoamento
superficial. Entretanto, conforme ressalta Eastman (2009), enquanto as variáveis quantitativas
podem ser facilmente realocadas usando uma função de pertinência, as classes qualitativas,
como uso do solo e tipos de solo, requerem que seja atribuído um escore discreto dentro da
escala fuzzy para cada classe (atributo) do referido critério, com base em algum conhecimento.
Os critérios contínuos foram realocados usando funções de pertinência aos
conjuntos fuzzy. A Figura 12 demostra graficamente como os critérios foram realocados e suas
respectivas funções de pertinência, que já foram detalhadas no tópico 2.4.1.1.

Figura 12 - Realocação dos critérios aos conjuntos fuzzy

Fonte: Elaborado pelo Autor

O critério declividade foi realocado usando uma função senoidal crescente, com
pontos de inflexão mínimo de 0° e máximo de 45°. Assim, os valores acima de 45°, receberam
o valor de 255, enquanto o intervalo definido pelos pontos de inflexão foi ajustado pela função
de pertinência. O critério pluviosidade foi realocado por uma função de pertinência linear
56

crescente, com pontos mínimo de 826mm e máximo de 1059 mm. Esse intervalo corresponde
à variação das médias pluviométricas da bacia e foi completamente ajustado pela função de
pertinência.
Por outro lado, as classes dos critérios uso e cobertura do solo e grupo hidrológico
do solo foram realocadas, atribuindo-se valores específico na escala fuzzy, definidos com base
no coeficiente de escoamento superficial médio de cada classe, definido por McCuem (1998).

3.8 ANALYTIC HIERARCHY PROCESS (AHP)

O método Analytic Hierarchy Process (AHP) foi aplicado para definir os pesos de
prioridades relativas entre os critérios selecionados, através da construção de uma matriz de
comparação pareada. A vantagem desse método é dividir o julgamento de prioridade entre os
critérios em comparações em pares, para depois agregar esses valores em um peso único para
cada critério. A Figura13 mostra a divisão do problema de decisão da pesquisa pelo método
AHP.

Figura 13 - Divisão do problema de decisão (método Analytic Hierarchy Process)

Fonte: Elaborado pelo autor

O preenchimento da matriz de comparação pareada foi baseado nas relações


empíricas estabelecidas por McCuem (1998) para o coeficiente de escoamento superficial, que
considera o uso do solo, declividade e precipitação. Os valores atribuídos pelo autor a cada
combinação de critérios estão representados no Quadro 6.
57

Quadro 6 - Coeficiente de escoamento superficial (McCuen, 1998)


A B C D
0-2 2-6 >6 0-2 2-6 >6 0-2 2-6 >6 0-2 2-6 >6
Uso do solo
% % % % % % % % % % % %
Solo Cultivado 0,08 0,13 0,16 0,11 0,15 0,21 0,14 0,19 0,26 0,18 0,23 0,31
Campo 0,1 0,16 0,25 0,14 0,22 0,3 0,2 0,28 0,36 0,24 0,3 0,4
Floresta 0,05 0,08 0,11 0,08 0,11 0,14 0,1 0,13 0,16 0,12 0,16 0,2
Lotes
0,25 0,28 0,31 0,27 0,3 0,35 0,3 0,33 0,38 0,33 0,36 0,42
Residenciais
Fonte: McCuen (1998)

Os valores de prioridades foram definidos pelos desvios-padrões das médias dos


coeficientes de escoamento superficial de cada classe definida por McCuem (1998). Esses
valores demostraram a variação dos valores em torno da média para cada critério em particular
e, com base na razão entre cada um deles, foi definido o escore de importância entre os critérios.
O critério pluviosidade recebeu peso 1 em relação ao grupo hidrológico dos solos, tendo em
vista que este parâmetro está diretamente associado à umidade antecedente, tão importante
quanto o grupo hidrológico (SCS, 1972); 1/3 em relação à declividade e ao uso e cobertura do
solo. A matriz de comparação e os parâmetros aplicados no AHP estão expressos no Quadro 7.

Quadro 7 - Aplicação do método Analytic Hierarchy Process (SAATY, 1977)


MATRIZ DE COMPARAÇÃO PAREADA (A)
Pluviosidade Grupo Hidrológico* Declividade Uso e Cobertura*
Pluviosidade 1 1 0,33 0,33
Grupo
1 1 1 0,5
Hidrológico*
Declividade 3 1 1 0,5
Uso e Cobertura* 3 2 2 1
MATRIZ NORMALIZADA
Vetor de
Pluviosidade Grupo Hidrológico* Declividade Uso e Cobertura* Prioridade
(w)
Pluviosidade 0,125 0,2 0,076 0,14 0,14
Grupo
0,125 0,2 0,23 0,214 0,19
Hidrológico*
Declividade 0,375 0,2 0,23 0,214 0,26
Uso e Cobertura* 0,375 0,4 0,46 0,43 0,41
CONSISTÊNCIA DOS JULGAMENTOS
0,55 3,93 λmax 4,115
0,795 Vetor de 4,18 IC 0,038
Vetor de Pesos
Consistência (Aw /
(A.w) 1,075 4,13 IR 0,9
w)
1,73 4,22 RC 0,04 ou 4 %
Fonte: Elaborado pelo Autor (*dos solos)
58

3.9 COMBINAÇÃO LINEAR PONDERADA (CLP) E MÉDIA PONDERADA ORDENADA


(MPO)

Com os pesos de prioridades definidos pelo método AHP, foram aplicados os


métodos de agregação da Combinação Linear Ponderada (CLP) e Média Ponderada Ordenada
(MPO). Essa etapa foi executada com auxílio do software IDRISI Selva. O objetivo desses
procedimentos é fazer com que os critérios sejam relacionados e compensados entre si,
definindo um mapa de saída contínuo, com valores na escala fuzzy de 0 a 255, para o potencial
na geração de escoamento superficial.
No método da CLP, cada critério padronizado é multiplicado pelo seu peso
correspondente, estes são somados e, então, a soma é dividida pelo número de fatores. Uma vez
que a média ponderada for calculada para cada pixel, a imagem resultante é então multiplicada
pela restrição booleana, para excluir as áreas que não devem ser consideradas, resultando num
mapa final de aptidão agregada que varia de 0 a 255 para os locais sem restrição.
Para a combinação dos mapas de critérios utilizando a MPO, foi necessário, ainda,
definir um segundo conjunto de pesos, os de ordenação, cuja soma deve ser 1. Os pesos foram
distribuídos de acordo com a ordem de ranqueamento de cada fator, para cada célula do raster
do potencial de escoamento superficial gerado pela aplicação da CLP.
Dessa forma, pode-se controlar a maneira como os fatores foram agregados em
relação ao risco e ao nível de compensação entre eles. Foram gerados dois modelos usando o
método da MPO. O primeiro tendendo para o risco mínimo (AND), com 33% de risco e 87 %
de compensação. O segundo tendendo para risco máximo (OR), com 66 % de risco e 87 % de
compensação. O Quadro 8 mostra os pesos de ordenação aplicados. Ao mapa de risco mínimo
foram atribuídos os pesos em ordem decrescente, enquanto o de risco máximo recebeu os pesos
em ordem crescente. Os resultados da MPO foram dois mapas alternativos para o potencial ao
escoamento superficial, apresentando valores na escala fuzzy (0 a 255).

Quadro 8 - Pesos de ordenação do método da Média Pondera Ordenada


Ordem do Critério para o Local Risco baixo 33% Risco alto 66%
1ª (critério com escore mais baixo) 0,4 0,1
2ª (segundo critério com escore mais baixo) 0,3 0,2
3ª (terceiro critério com escore mais baixo) 0,2 0,3
4ª (critério com escore mais elevado) 0,1 0,4
Fonte: Elaborada pelo autor
59

Os pesos de ordenação foram definidos arbitrariamente, para fins de comparação


entre um modelo gerado com mais segurança no processo de tomada de decisão e um modelo
com maior tolerância à incerteza, ou seja, no primeiro, o potencial de escoamento é indicado
com maior precisão espacial, enquanto, no segundo, é apontado de forma mais generalista. Cabe
ressaltar que os modelos da MPO foram aplicados para verificar tendências na forma como os
critérios se relacionam e se compensam, todavia, foram utilizados o risco médio e a
compensação plena entre fatores, sugeridos pela CLP, valorizando a compensação pelos pesos
definidos pelo método AHP.
O mapa de concentração do fluxo superficial foi gerado pelo processamento do
MDE SRTM, com auxílio do software ArcGIS 9.3, a partir do qual foi obtido primeiramente o
raster de direção do fluxo (Flow direction) e depois calculado o acúmulo de fluxo (Flow
accumulation), ponderado pelo raster de potencial de escoamento superficial gerado pelo
método da CLP.
60

4 CONTEXTUALIZAÇÃO GEOAMBIENTAL

A bacia hidrográfica do alto e médio curso do rio Mundaú está localizada no


extremo Norte do estado do Ceará, totalmente inserida na bacia do Litoral, abrangendo
parcialmente os municípios de Uruburetama, Itapipoca, Tururu e Trairi. Tem uma área de
contribuição de aproximadamente 500 km², responsável pelo deflúvio gerado para o açude
Gameleira, em Itapipoca. A bacia tem como curso principal o rio Mundaú, que nasce sobre as
vertentes do maciço de Uruburetama, sendo interceptado no alto curso pelo açude Mundaú, e
deságua no oceano atlântico, entre os municípios de Itapipoca e Trairi. O Mapa 1 mostra a
localização, os aspectos naturais e a infraestrutura da bacia.
A análise integrativa das componentes ambientais da bacia do alto e médio curso
do rio Mundaú oferece uma noção de como ela se organiza internamente em função de seus
aspectos estruturais e climáticos, corroborando para o entendimento de sua dinâmica
hidrológica. Nesse sentido, a compartimentação do quadro natural em subtópicos, como foi
realizada neste estudo, deve-se exclusivamente ao fator organizacional, não significando uma
análise setorizada do ambiente, tendo em vista que os seus conteúdos se interligam e interagem
entre si.
Os aspectos naturais da bacia do alto e médio Mundaú exibem grande diversidade
de morfologias no terreno, com processos morfogenéticos diferenciados, evidenciando a
evolução poligênica do modelado. Essas formas estão intimamente ligadas à interseção entre
os processos fluviais e de encostas, que comandam os mecanismos de dissecação, agradação e
aplanamento do relevo.
Neste capítulo, foram abordados os principais aspectos da constituição
geoambiental da bacia em estudo, apontando tanto as formas como seus prováveis mecanismos
de formação, tendo em vista facilitar a interpretação dos resultados posteriormente.
61

MAPA DE LOCALIZAÇÃO

Mapa 1- Básico de localização da


bacia do Alto e Médio Mundaú
62

4.1 CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA E ESTRUTURAL

A composição do embasamento geológico da bacia, de forma simplificada, pode


ser dividida entre coberturas sedimentares cenozoicas e associações de rochas metamórficas e
ígneas pré-cambrianas (CPRM, 2003). O grupo de rochas mais antigas, que constituí o
embasamento cristalino, representa 83% da área da bacia e pode ser diferenciado entre uma
classe de associação granito-migmatítica que envolve granitoides neoproterozoicos cinza ou
rosados de granulação porfirítica, podendo ser gnaissificados ou não, gnaisses para ou
ortoderivados, migmatitos e rochas calcissilicáticas; e uma outra classe de rochas granitoides
neoproterozoicas, cinzentas e rosadas de granulação variável até termos porfiríticos que se
encontra sobreposta à primeira, configurando um plúton granitoide (CPRM, 2003).
Souza Filho (1999), seguindo o mapeamento da folha Irauçuba (SA.24Y-D-V),
diferencia, no embasamento cristalino da área de estudo, dois tipos de rochas: as metaplutônicas
pré-brasilianas (paleoproterozoicas) e as plutônicas brasilianas (neoproterozoicas), sendo estas
últimas as principais representantes do plutonismo brasiliano, que podem ser divididas entre
granitoides cedo a sin-tectônicos e granitoides tardi a pós-tenctônicos, a depender da posição
temporal da intrusão em relação ao evento orogenético brasiliano. Entretanto, são identificados
apenas os granitoides cedo a sin-tectônicos nos limites da bacia do rio Mundaú, cuja ocorrência
apresenta uma boa correlação com a superfície do Maciço de Uruburetama (CPRM, 1999).
Na área de estudo, as rochas metaplutônicas pré-brasilianas são constituídas por
uma associação de ortognaisses de granodioríticos a graníticos, raramente tonalíticos e gnaisses
migmatizados de alto grau metamórfico e caráter ortoderivado (SOUZA FILHO, 1999). As
rochas plutônicas cedo a sin-tectônicas, intrusivas na sequência anterior, são representadas
localmente por granodioritos e granitos porfiríticos que sustentam topograficamente o Maciço
de Uruburetama, apresentando textura porfirítica e coloração cinza esverdeada, com destaque
para pórfiros de k-feldspato e plagioclásio, podendo apresentar deformação milonítica (SOUZA
FILHO, 1999).
Por outro lado, o grupo sedimentar, situado na porção norte da bacia, corresponde
a 17% da sua área, podendo ser identificados arenitos argilosos de granulação fina a média
pertencente a Formação Barreiras, constituída de sedimentos conglomeráticos paleogênicos e
neogênicos, em alguns casos apresentando nódulos lateríticos na base. Também se verifica,
nessa região, uma sequência sedimentar argilo-arenosa e areno-argilosa, neogênica a
quaternária, oriunda de espraiamento coluvial e aluvial, podendo apresentar-se laterizada na
63

base, em alguns casos (CPRM, 2003). O Mapa 2 espacializa os domínios geológicos da bacia
do alto e médio curso do rio Mundaú.
Foram observadas concreções lateríticas no topo da superfície tabular
correspondente à unidade sedimentar Formação Barreiras no setor norte da bacia, não
contemplados pelas escalas de mapeamentos pré-existentes (Figura 14). King (1956) relatou a
ocorrência de concreções resistentes à meteorização na Formação Barreiras, pela cimentação
por sílica, constituindo carapaças que sustentam elevações e escarpas.

Figura 14 - Concreção laterítica no domínio da Formação Barreiras

Fonte: BASTOS, F. H., 2017

Além das unidades já citadas, observadas pelas escalas de mapeamento pré-


existentes, foram identificadas, em campo, planícies alveolares de sedimentos quaternários
inconsolidados de origem alúvio-coluvial, encrustados no domínio das rochas cristalinas
neoproterozoicas, sob a configuração de pequenas manchas estabelecidas, em que o gradiente
topográfico se suaviza, formando verdadeiros Knickpoints. Segundo Souza e Oliveira (2006),
esses sedimentos são os principais representantes do Quaternário nesse domínio, sendo
constituídos por um material areno-argiloso de cores escuras e de granulação fina a média.
Por outro lado, ao longo das margens dos principais cursos fluviais, foram
observadas planícies aluviais descontínuas, constituídas por sedimentos holocênicos
inconsolidados de origem aluvial.
64

MAPA GEOLÓGICO

Mapa 2 – Geologico da
bacia do Alto e Médio
Mundaú
65

A bacia do alto e médio curso do rio Mundaú se insere em um complexo estrutural


(Figura 15), cuja formação remonta ao episódio de aglutinação supercontinental
Brasiliano/Pan-Africano. Segundo Brito Neves (1999), essa aglutinação se refere ao conjunto
de processos orogenéticos neoproterozoicos responsáveis pela amalgamação dos blocos
litosféricos que constituíram o supercontinente Panotia/Gondwana, a partir do início do
Paleoproterozoico.
A Orogênese Brasiliana, como ficou conhecida, caracteriza-se pelo espessamento
crustal por empilhamento de nappes a cerca de 610 Ma, em processo similar à tectônica da
colisão himalaiana (CABY; ARTHAUD, 1986). Ao longo dessa orogênese, originou-se um
largo sistema de deformação e dobramentos nos limites da colisão denominado de Província
Borborema, ao qual corresponde uma porção setentrional do Nordeste brasileiro, situada entre
a Bacia Sedimentar do Parnaíba, a oeste, e o Cráton São Francisco, ao sul (ALMEIDA, 1967).

Figura 15 - Encarte estrutural do setor norte da Província Borborema

Fonte: Elaborado pelo autor

De acordo com Vauches et al. (1995), a Província Borborema representa um largo


sistema de deformação, de direção predominante NE-SW e E-W, que segundo Ferreira, Sial e
66

Jardim de Sá (1998), veio acompanhada de significativos eventos de plutonismo granítico.


Dessa forma, a configuração atual dessa província exibe faixas de dobramentos e amplos
maciços gnáissico-migmatítico-graníticos pré-cambrianos retrabalhados no Neoproterozoico
(SOUZA FILHO, 1999).
No contexto desse largo sistema de deformação seccionado por zonas de
cisalhamento que caracteriza a Província Borborema, destaca-se a Suíte Intrusiva Tamboril
Santa Quitéria (STSQ), à qual pertencem as associações de rochas metamórficas e ígneas que
compõem a área de estudo, que está localizada no setor norte dessa suíte (Figura 15) (CPRM,
2003).
De acordo com Fetter et al. (2003), a STSQ representa a principal manifestação do
magmatismo brasiliano, associada ao desenvolvimento de um arco magmático continental
anterior à amalgamação do setor oeste do supercontinente Gondwana, evidenciando o
fechamento de um domínio oceânico no noroeste da Província Borborema, cuja zona de sutura
estaria sob a Bacia Sedimentar do Parnaíba.
O bloco tectônico sobre o qual está encrustada a STSQ, denominado de Domínio
Ceará Central (DCC), pode ser delimitado, à noroeste, pela Zona de Cisalhamento
Transbrasiliana e, à sudeste, pela Zona de Cisalhamento Senador Pompeu (Figura 15)
(FETTER, 1999; FETTER et al. 2003).
Arthaud et al. (2008) interpretam o DCC como uma espessa sequência
metassedimentar de margem passiva, caracterizada por uma complexa estrutura entrecortada
por zonas de cisalhamento de baixo ângulo. De acordo com Caby e Arthaud (1986), esse
domínio apresenta foliação de baixo ângulo relacionada a movimentos tectônicos
compressivos, caracterizando um denso cinturão de cavalgamento interrompido por
significativas zonas de falhas transcorrentes. Nesse sentido, a STSQ é explicada como uma
unidade granito-migmatítica alóctone relacionada aos nappes tectônicos.
Primeiramente denominada de Complexo Tamboril Santa Quitéria por Campos et
al. (1976), a STSQ é definida como um complexo anatético-ígneo, originado por inúmeros
pulsos magmáticos cedo, tarde e pós-brasilianos. Essa suíte é constituída, basicamente, por
migmatitos provenientes de intenso processo de fusão de rochas supracrustais, que, após serem
submetidas ao metamorfismo regional e anatexia, foram intrudidas por magmas tonalíticos a
graníticos, formando um complexo batólito com direcionamento NE-SW (nordeste, sudoeste)
de plutons granitoides e migmatitos (ARTHAUD, 2007; FETTER et al. 2003).
Dessa forma, Souza Filho (1999) diferencia os terrenos gnáissico-migmatíticos de
alto grau metamórfico e intensamente deformados dos terrenos plutônicos granulares de
67

posição granodiorítica à granítica, claramente intrusivos nas sequências anteriormente citadas.


Estes últimos, como principais representantes do magmatismo brasiliano, podem ser
classificados entre os cedo a sin-tectônicos e os tardi a pós-tenctônicos.
Nesse caso, a sincronia entre o magmatismo máfico e félsico na STSQ indica uma
natureza bimodal, caracterizada por intrusões magmáticas concomitantes com a deformação
tangencial, seguidas pela injeção de magmas juvenis menos deformados (ARTHAUD et al.,
2008; FETTER et al., 2003).
Diante dessa natureza bimodal, Santos (1997) diferencia as rochas que compõem a
STSQ quanto ao seu processo de formação, entre aquelas que apresentaram limitada atividade
anatética, de natureza máfica e ultramáfica, que não sustentam grandes batólitos graníticos;
daquelas que se formaram pela refusão de rochas supracrustais de origem metassedimentar
pelíticas, submetidas à intensa mobilização anatética, que, por sua vez, acomodam grandes
batólitos graníticos.
Segundo Brito Neves et al. (2003), usando o método U-Pb em zircão, os granitos
cedo a sin-colisionais da Província Borborema apresentam idade de cristalização entre 650 e
625 Ma. No entanto, idades de cristalização mais antigas podem ser encontradas, embora
careçam de mais estudo, marcando o início de um plutonismo associado ao desenvolvimento
de um arco magmático continental e da colisão brasiliana (BRITO NEVES et al., 2003;
FETTER et al., 2003).
Portanto, o contexto estrutural regional apresenta heranças da tectônica
proterozoica, principalmente das atividades orogenéticas brasilianas, uma vez que o período de
relativa estabilidade tectônica que sucedeu esses eventos (BRITO NEVES, 1999) permitiu a
exumação de estruturas pré-cambrianas, reativadas pela tectônica cretácea em regime rúptil,
durante a separação do Pangea (PEULVAST E CLAUDINO SALES, 2004).
Os principais eventos tectônicos que repercutiram diretamente na configuração
atual do arranjo morfoestrutural da região Nordeste podem ser descritos pela Orogênese
Brasiliana no Neoproterozoico (BRITO NEVES, 1999) e pela Tectônica Cretácea, que
culminou com a separação do megacontinente Pangea (PEULVAST E CLAUDINO SALES,
2004).
A bacia do alto e médio curso do rio Mundaú, enquadrada regionalmente na STSQ,
apresenta um regime tectônico basicamente herdado dos eventos brasilianos, entretanto, o alto
grau de faturamento sugere a ocorrência de um regime rúptil proporcionado por reativações
tectônicas no Cretáceo ou por alívio de pressão durante a exumação desse batólito. Localmente,
68

encontra-se flanqueado por uma zona de cisalhamento contracional a leste e uma zona de
cisalhamento transcorrente dextral a oeste (CPRM, 2003).
De acordo com Souza Filho (1999), o legado da deformação brasiliana se manifesta,
na área de estudo, como uma extensa faixa de dobramentos entre zonas de cisalhamento
compressional denominada de falhas de empurrão, caracterizando um regime tectônico
compressional com movimento de massa dirigido preferencialmente de norte para sul,
identificado pelas zonas de cisalhamento de baixo ângulo, representadas na morfologia por
lineamentos estruturais retilíneos ou ligeiramente curvilíneos.
No domínio das rochas plutônicas brasilianas, fortemente correlacionadas ao
Maciço de Uruburetama na área de estudo, predomina um regime de caráter rúptil, com padrões
de faturamento formando pares conjugados de orientações E-W, N-S e NE-SW/NW-SE
(SOUZA FILHO, 1999). Por outro lado, o domínio de rochas metaplutônicas pré-brasilianas de
alto grau metamórfico apresentam padrão estrutural muito complexo, com traços e foliação
muito irregulares.
As orientações dos padrões de fraturamento condizem, em parte, com a orientação
das zonas de cisalhamento brasilianas, mas, em outra parte, correspondentes às orientações N-
S e NW-SE, mostram-se mais difíceis de serem explicadas. De acordo com Vauches et al.
(1995), a configuração atual da Província Borborema exibe um mosaico de domínios
justapostos ao longo de zonas de cisalhamento, de direção predominante NE-SW e E-W,
formados durante a Orogênese Brasiliana.
Após o evento de deformação brasiliana, a Província Borborema foi submetida a
um período de estabilidade tectônica que durou até o Mesozoico (ALMEIDA, 1967; BRITO
NEVES, 1999). Desde então, os processos de dispersão do supercontinente Pangea, juntamente
com a abertura do oceano Atlântico, foram responsáveis pela formação da margem continental
passiva transformante do Nordeste brasileiro, caracterizado pela abertura de uma série de rifts,
e por reativações de antigas zonas de cisalhamento (PEULVAST; CLAUDINO SALES, 2007).
As zonas de cisalhamento de direção NE-SW e E-W, decorrentes da deformação
dúctil/rúptil durante a Orogênese Brasiliana, foram reativadas no Cretáceo, durante a separação
da América do Sul e da África. Dessa forma, enquanto a abertura do Atlântico Sul se alastrava
para o norte, essa região foi submetida à esforços distensivos de direção SE-NW (sudeste –
noroeste), mudando o direcionamento para E-W, ao final do Barremiano, em função de um
afastamento, a partir de então, anti-horário da América do Sul em relação à África (MATOS,
1992, 2000).
69

De acordo com Peulvast e Claudino Sales (2007), o arranjo estrutural da margem


continental cearense já estava estabelecido desde o Cretáceo, a partir de então, o modelamento
posterior do relevo se desenvolveu em decorrência de eventos erosivos e de flexura marginal,
que foram responsáveis por reorganizar pontualmente a morfoestrutura local.

4.2 ASPECTOS GEOMORFOLÓGICOS

O contexto estrutural regional da área de estudo se estabeleceu sobre uma região


cratônica, sobre um bloco tectônico constituído basicamente de rochas metamórficas pré-
cambrianas designado de Domínio Ceará Central (CPRM, 2003). Esse domínio estrutural está
compartimentado em superfícies de aplanamento, formando vastos pediplanos incrustados de
cristas residuais e maciços cristalinos (Figura 16). Os depósitos correlativos resultantes do
processo de pediplanação dessas superfícies arrasadas estão situados juntos ao litoral,
compondo os tabuleiros sedimentares na denominada fachada atlântica (CLAUDINO SALES,
2016).

Figura 16 - Contexto topográfico regional

Fonte: Elaborado pelo autor. Dados: MDE/SRTM


70

Entretanto, as concepções clássicas e atuais sobre a gênese e evolução dessa


configuração geomorfológica da região Nordeste divergem em alguns aspectos, principalmente
no que se refere ao papel da tectônica juro-cretácea e pós-cretácea no processo de formação das
superfícies pediplanadas.
Para a Geomorfologia Clássica, a tectônica pós-cretácea foi responsável,
juntamente com as oscilações eustáticas, por variações no nível de base de erosão, provocadas
por movimentos epirogenéticos, que desencadearam fases sucessivas de dissecação e
pediplanação, resultando na formação de níveis escalonados de superfícies de aplainamento.
Esse modelo foi amplamente defendido por Ab’Sáber (1969), Ab’Sáber e Bigarella (1961),
Bigarella e Andrade (1964), Dresch (1957), King (1956), Mabessone e Castro (1975).
Defendendo uma concepção alternativa para explicar as superfícies de aplanamento
da Província Borborema, a partir de evidencias atuais, Peulvast e Claudino Sales (2004)
apresentam um modelo no qual essas superfícies foram formadas ao longo de uma depressão
central, denominada de Depressão do Jaguaribe, correspondente, em parte, à zona de rifte Juro-
cretácea Cariri-Potiguar, caracterizada por escarpas marginais equivalentes aos ombros de riftes
abortados. Dessa forma, diferenciam apenas duas superfícies de aplanamento no relevo
regional, as depressões interiores e os planaltos dissecados em vários níveis altimétricos.
Peulvast e Claudino Sales (2007) ressaltam que a configuração morfoestrutural
regional, diferenciada em superfícies rebaixadas e grandes massas de relevos resistentes, foi
concebida desde o Cretáceo, com o abortamento do rifte Cariri-Potiguar, ficando,
posteriormente, a cargo da erosão, da flexura marginal e talvez do vulcanismo terciário, apenas
a reorganização pontual e localizada dessa conformação. Acrescentam ainda que a
descontinuidade topográfica e a individualização dos maciços do Subdomínio Ceará Central só
podem ser explicadas pela ação da erosão diferencial posterior ao soerguimento de conjunto,
uma vez que não se verificam falhas que justifiquem uma separação tectônica.
Acompanhando esse cenário, as condições geomorfológicas para a formação do
sistema de drenagem da margem continental do Nordeste brasileiro tiveram início no Cretáceo
Superior, marcado pela a abertura do Atlântico Equatorial, reativações de zonas de
cisalhamento transcorrentes, e a formação de bacias sedimentares na recém-criada margem
continental (MATOS, 2000).
Dessa forma, o contexto geomorfológico regional é composto de superfícies de
aplanamento e relevos marginais dissecados em vários níveis topográficos, fazendo
transparecer uma disposição em anfiteatro aberto para o norte, cuja gênese, de acordo com as
71

concepções mais atuais, remonta principalmente à tectônica cretácea e às fases cíclicas de


aplanamento.
A bacia hidrográfica do Alto e Médio Mundaú pode ser geomorfologicamente
compartimentada partindo de suas cabeceiras de drenagem, que estão assentadas sobre um
domínio de vertentes fortemente dissecadas do maciço de Uruburetama, alternando cristas
alongadas e vales encaixados, demonstrando um nítido controle estrutural. Em alguns casos,
onde o gradiente topográfico se suaviza, formam-se as planícies alveolares em decorrência da
primazia dos processos de deposição, controladas pela ocorrência dos knickpoints.
Ao sopé do maciço de Uruburetama, formam-se pedimentos que coalescem à
jusante em uma vasta superfície pediplanada modelada sobre o embasamento cristalino pré-
cambriano, a partir da qual, relevos residuais, como cristas e inselbergs, despontam
isoladamente. Esses pediplanos só são interrompidos pelos tabuleiros sedimentares pré-
litorâneos que margeiam as porções leste e norte da bacia. As planícies fluviais ou aluviais
ocorrem de forma descontínua nas áreas aplainadas ao longo das bordas dos principais cursos
fluviais, assim como as planícies flúvio-lacustres e lacustres.
Portanto, podemos diferenciar três unidades geomorfológicas na bacia em estudo:
maciço residual, depressão sertaneja e tabuleiro costeiro ou pré-litorâneo (glacis de deposição).
O Quadro 9 resume as unidades e subunidades geomorfológicas da bacia do Alto e Médio
Mundaú.

Quadro 9 - Classificação taxonômica do relevo da bacia do Alto e Médio Mundaú


Maciço Residual Depressão Sertaneja Tabuleiro Costeiro
Planícies fluviais/ flúvio-
Acumulação Planícies alveolares Planícies fluviais
lacustres /lacustres
Pedimentos conservados;
Aplanamento Pedimentos conservados
Pediplano
Cristas de topo convexo
Dissecação Crista residuais Interflúvios tabulares
ou aguçado e vales
Formas Pães de açúcar
Menores (Bornhardts), tors, Inselbergs e lajedos
bolders
Fonte: Elaborado pelo autor

O maciço residual subúmido de Uruburetama (SOUZA, 2000) toma forma a partir


de um sobressalto topográfico em relação à superfície erosiva rebaixada adjacente,
correspondendo ao relevo mais alto da bacia, que abrange o setor oriental mais úmido do
maciço. É mantido por rochas granitoides de idade neoproterozoica constituídas por uma
associação de granitos e migmatitos herdados da Orogênese Brasiliana (CPRM, 2003).
72

Apesar de apresentar regime tectônico passivo, o maciço se caracteriza por um


relevo fortemente dissecado e fraturado, apresentando uma rede drenagem que demonstra um
acentuado controle estrutural, em virtude de seus vales encaixados em forma de V, alternados
entre cristas alongadas e colinas. Essas descontinuidades estruturais podem estar associadas
tanto a eventos tectônicos pretéritos como a alívios de pressão. Suas vertentes são marcadas
pela presença de picos e domos graníticos e migmatíticos, encrustados entre os vales estreitos,
e coberturas de pedimentos conectadas às depressões internas. A Figura 17 ilustra a
configuração de vale encaixado do alto curso do rio Mundaú, à montante da barragem
homônima no município de Uruburetama.

Figura 17 - Vale encaixado a montante da barragem do açude Mundaú, Uruburetama,


CE

Fonte: SAMPAIO, A. C. P., 2017

Além das cristas alongadas de topo aguçado, ocorrem formas de topo convexo nas
áreas mais úmidas, com vertentes curtas e íngremes. De acordo com Beaudet e Coque (1994),
essas colinas de topo convexo e base côncava recobertas por colúvios, conhecidas como meias
laranjas, são comuns em áreas úmidas e são características da tropicalidade. Todavia, as
ocorrências de relevos do tipo meias laranjas, comuns no platô do Maciço de Uruburetama
(Figura 18), não apresentam atualmente a mata úmida característica, provavelmente suprimida
pelas atividades socioeconômicas, como, por exemplo, a bananicultura.
73

Figura 18 - Relevo de meias laranjas no domínio das cabeceiras do rio Mundaú,


Uruburetama, CE

Fonte: SAMPAIO, A. C. P., 2017

Nos setores em que a declividade se suaviza, prevalecem os processos de deposição


de sedimentos de origem coluvial e aluvial, formando as planícies alveolares. Essas planícies
foram identificadas em vários níveis topográficos do maciço de Uruburetama (Figuras 19),
funcionando como níveis de base local ou knickpoints para a rede de drenagem. Estas ocorrem
nas dependências da baixa encosta, entre reentrâncias erosivas (hollows) e depressões internas,
formadas pela coalescência de depósitos coluviais oriundos das vertentes sobre os depósitos
aluviais.
No maciço residual, estabelecem-se as cabeceiras de drenagem do rio Mundaú.
Segundo Coelho Netto (2003), as cabeceiras de drenagem ocorrem no domínio das encostas,
marcadas pela presença de concavidades topográficas não canalizadas, sobre as quais os canais
erosivos surgem e avançam em direção à montante. Hack (1960) usa o termo hollow para se
referir a essas concavidades, representadas no plano pelas curvas de nível côncavas para fora,
pelas quais convergem os fluxos que alimentam os vales consequentes.
74

Figura 19 - Planície alveolar de Santa Luzia no maciço de Uruburetama

Fonte: SAMPAIO, A. C. P., 2017

No domínio das cabeceiras de drenagem, verificam-se os canais de baixa ordem,


caracterizados pela predominância de leitos rochosos e declividades acentuadas. Esses canais
são marcados pela presença de knickpoints, localmente associados à ocorrência de rápidos e
corredeiras, com afloramentos de matacões de natureza eluvial e coluvial (Figura 20). Os leitos
apresentam-se confinados, sem planície fluvial, em função do elevado gradiente topográfico.

Figura 20 - Leito rochoso com matacões no alto curso do rio Mundaú, Uruburetama, CE

Fonte: SAMPAIO, A. C. P., 2014


75

Segundo Peulvast e Bétard (2015), os limites do maciço de Uruburetama guardam


uma herança estrutural das zonas de cavalgamento neoproterozoicas, tendo em vista que se
assemelham aos limites de um espesso fragmento de nappe tectônico (klippe), resistido à
erosão, sustentado sobre uma sinforma constituída por gnaisses do Grupo Ceará. Entretanto,
segundo os autores, apesar de ter uma estrutura transmitida por falhas de empurrão, não se
verifica controle tectônico sistemático nos limites externos do referido maciço.
Portanto, pode-se dizer que o maciço resguarda uma herança de estruturas
neoproterozoicas da Orogênese Brasiliana, que foram reativadas e colocadas em condição de
relevo pelos eventos tectônicos cretáceos e pós-cretáceos e pela erosão diferencial. Dessa
forma, a exposição dos granitoides neoproterozoicos, assim como as deformações provocadas
pelas reativações tectônicas, influenciam na modelagem das formas atuais.
A presença de blocos de rocha soltos na superfície (boulders), ou mesmo dispostos
uns sobre os outros in situ (tors), denuncia a existência de uma superfície irregular exposta pela
remoção do material alterado sobrejacente, mesmo que já não existam remanescentes do manto
de alteração, individualizando os processos que deram origem a essas formas graníticas
(MIGOŃ, 2004). A Figura 21 apresenta a ocorrência de boulders nas encostas das cabeceiras
de drenagem da bacia do rio Mundaú, revelando evidências da evolução típicas dos relevos
graníticos.

Figura 21 - Boulders nas margens do rio Mundaú, Uruburetama, CE

Fonte: SAMPAIO, A. C. P., 2017


76

As vertentes do maciço são marcadas pela presença de picos e domos graníticos


(Pães de açúcar - Bornhardts), encrustados entre os vales estreitos, e coberturas de pedimentos
conectadas às depressões internas, conforme representado pela Figura 22. Foi observada uma
grande incidência de feições planares (foliação) no maciço de Uruburetama, refletindo os
efeitos dos sistemas compressivos de baixo ângulo. Essas estruturas estão diretamente
associadas, na área de estudo, à ocorrência de domos e picos graníticos, denominados de Pães
de Açúcar ou Bornhardts.
A predominância dos declives mais acentuados está localizada nas dependências
das vertentes do maciço de Uruburetama e nas cristas residuais circuntantes. Nessa região, o
gradiente só é suavisado nas planícies alveolares e nas reentrâncias erosivas (embayments). Por
outro lado, na superficie pediplanada predomina um relevo do tipo plano ou suave ondulado.
Nessa unidade os maiores declives ficam a cargo dos inselbergs e afloramentos rochosos. O
Mapa 3 demostra a distribuição espacial da declividade, em graus, na bacia do Alto e Médio
Mundaú.
Nos escarpamentos mais íngremes, as esfoliações condicionam a ocorrência de
feições de fraturamento como taffoni (Figura 22). Maia et al. (2015) identificaram feições desse
tipo em massas de rochas graníticas na região de Quixadá/CE, resultantes, principalmente, da
meteorização termoclástica e da esfoliação, facilitadas pelos planos de fraqueza e ocorrência de
enclaves máficos.

Figura 22 - Picos graníticos (Pães de Açúcar) com feições de fraturamento e taffoni de


colapso, Uruburetama, CE

Fonte: BASTOS, F. H., 2017


77

DECLIVIDADE
Mapa 3 - Declividade da bacia do
Alto e Médio Mundaú
78

Para Twidale e Vidal Romani (2005), apesar de serem formas essencialmente


climáticas, a correspondência entre os bornhardts e as estruturas em folha sugere que essas
formas são uma expressão de esforços compressivos. Segundo Vidal Romani e Twidale (2010),
essas estruturas em folha são formadas ao final da cristalização magmática.
Os bornhardts, assim denominados em menção ao geólogo alemão Wilhelm
Bornhardt, são formas dômicas com rocha nua exposta na maior parte de sua superfície.
Ocorrem normalmente em terrenos cratônicos, tanto em relevos montanhosos quanto em áreas
aplainadas (TWIDALE; VIDAL ROMANI, 2005).
Twidale e Bourne (1978) expandiram o alcance do termo bornhardts para os domos
rochosos monolíticos, independente do seu isolamento espacial em superfícies aplainadas,
ainda que o mesmo possa ser usado para denominar inselbergs graníticos em forma de domos.
Dessa forma, muitos inselbergs são bornhardts, mas nem todos bornhardts são inselbergs.
No sopé do maciço de Uruburetama, formam-se pedimentos que coalescem a
jusante em uma vasta superfície pediplanada modelada sobre o embasamento cristalino pré-
cambriano, apresentando uma ruptura topográfica significativa com o maciço de Uruburetama.
A partir dessa superfície erosiva rebaixada, despontam relevos residuais como cristas e
inselbergs isoladamente. A Figura 23 demostra o pediplano sertanejo que se estende a partir do
maciço de Uruburetama, na bacia do rio Mundaú.

Figura 23 - Superfície pediplanada na periferia nordeste do Maciço de Uruburetama,


Itapipoca, CE

Fonte: SAMPAIO, A. C. P., 2017


79

Souza (2000) denomina essa superfície de Sertões de Centro Norte, sobre a qual
desenvolve-se um relevo moderadamente dissecado em colinas rasas e interflúvios tabulares.
Essa superfície erosiva rebaixada só é interrompida pelos tabuleiros sedimentares pré-litorâneos
que margeiam as porções leste e norte da bacia. As planícies fluviais ou aluviais ocorrem de
forma descontínua nas áreas aplainadas ao longo das bordas dos principais cursos fluviais,
assim como as planícies flúvio-lacustres e lacustres.
De acordo com Peulvast e Bétard (2015), várias cristas residuais e inselbergs
flanqueiam o maciço de Uruburetama, principalmente nas porções sul e oeste, onde as
condições semiáridas atuais são mais severas, proporcionando a remoção do regolito e o
isolamento das formas mais resistentes à intemperização e à erosão. Embora em menor número,
essas formas também podem ser identificadas na porção oriental do maciço, na área pediplanada
à jusante das cabeceiras da bacia do rio Mundaú.
Na área de estudo, a ocorrência de cristas residuais em regiões interfluviais,
próximas ao maciço de Uruburetama, ao longo dos principais vales (Figura 24), indica que a
sua manutenção em relevo positivo se deve muito mais à posição intermediária em relação ao
encaixe da rede de drenagem do que propriamente a uma resistência excepcional à erosão.

Figura 24 - Crista residual do Maciço de Uruburetama, Tururu, CE

Fonte: SAMPAIO, A. C. P., 2017


80

Por outro lado, os inselbergs (Figura 25) truncam a superfície pediplanada bastante
arrasada pela erosão, independentemente de sua proximidade em relação ao maciço ou posição
em relação à rede de drenagem pré-estabelecida, demonstrando serem formas essencialmente
de resistência diferenciada. Twidale (1968) define inselbergs como relevos residuais isolados
que se projetam a partir de um nível de base geral, definido pela planície circundante,
característicos de regiões tropicais. Entretanto, mais tarde o próprio autor renega a restrição
dessas formas aos ambientes tropicais (TWIDALE, 1982).

Figura 25 - Inselbergs na região pediplanada da bacia do rio Mundaú, Tururu, CE

Fonte: SAMPAIO, A. C. P., 2017

Saindo do domínio do embasamento cristalino da depressão sertaneja em direção


ao litoral, há o contato geológico com a Formação Barreiras, que coincide com os limites da
unidade geomorfológica dos tabuleiros costeiros. Considerando a diversidade litológica dos
sedimentos da Formação Barreiras, Bigarella e Andrade (1964) afirmaram que essa unidade é,
certamente, melhor identificada como uma unidade geomorfológica do que litológica, uma vez
que se comporta como superfícies de agradação nas bordas dos escudos cristalinos,
caracterizando-se como glacis de acumulação.
Vários autores, dentre eles, Bigarella e Andrade (1964), King (1956), afirmaram
que os sedimentos da Formação Barreiras foram depositados sob condições climáticas secas,
intercalados por períodos úmidos. A flexura marginal pós-cretácea, relacionada à subsidência
81

do assoalho oceânico, assim como as variações eustáticas e climáticas ao longo do Cenozoico,


foram os principais fatores que marcaram a deposição de sedimentos resultantes da erosão dos
relevos interiores junto à fachada marítima, constituindo os tabuleiros costeiros ou pré-
litorâneos, que correspondem aos depósitos da Formação Barreiras (CLAUDINO SALES,
2016).
É comum a ocorrência de sedimentos areno-argilosos laterizados na base da
Formação Barreiras (CPRM, 2003). Entretanto, foram observadas concreções lateríticas no
topo da superfície tabular, no setor norte da bacia, sustentando um discreto sobressalto
topográfico em relação superfície erosiva rebaixada, evidenciando uma acanhada inversão
topográfica (Figura 26). Dessa forma, o que dantes era um ambiente de agradação, passa agora
a ser alvo dos agentes erosivos, em decorrência de sua posição mais elevada.

Figura 26 - Concreções laterítica sustentando um discreto sobressalto topográfico,


Itapipoca, CE

Fonte: SAMPAIO, A. C. P., 2017

Na bacia do Alto e Médio Mundaú, os modelados de agradação, como as planícies


lacustres, fluviais e fluviolacustres (Figura 27), estabelecem-se nas áreas aplainadas ao longo
da rede hidrográfica, tanto na superfície erosiva rebaixada como nos tabuleiros costeiros. As
planícies lacustres decorrem da acumulação lacustre em áreas deprimidas relacionadas aos
grandes sistemas fluviais, enquanto que as planícies fluviolacustres estão relacionadas a
82

acumulação de origem fluvial e lacustre em áreas de inundação periódica em decorrência de


barramentos (IBGE, 2009). Essas planícies de agradação fluvial e lacustre não ocorrem no
domínio do maciço de Uruburetama, onde os leitos dos rios se apresentam confinados, sem
extravasamento dos fluxos nos períodos de cheias excepcionais. Nessas regiões predominam
os leitos rochosos.

Figura 27 - Planície fluviolacustre em área de inundação sazonal sobre a depressão


sertaneja, Tururu, CE

Fonte: SAMPAIO, A. C. P., 2017

As planícies fluviais, também chamadas de aluviais (Figura 28), são as formas mais
características de acumulação fluvial. Essas planícies acompanham longitudinalmente os
principais coletores de drenagem, alargando-se em direção à jusante, devido ao aumento do
aporte de sedimentos em decorrência da diminuição do gradiente fluvial (SOUZA, 1988).
Na bacia em estudo, verifica-se que com a suavização do perfil longitudinal sobre
a área aplainada, a partir da ruptura topográfica com o Maciço de Uruburetama, as planícies
fluviais passam a ocorrer de forma descontínua ao longo das áreas inundáveis, próximas aos
leitos fluviais, tanto do rio Mundaú como de seus afluentes, como é o caso do riacho do Ipú
(Figura 28).
83

Figura 28 - Planície fluvial do riacho do Ipú, Itapipoca, CE

Fonte: CORDEIRO, A. M. N., 2014

Segundo Summerfield (2014), essas planícies são formas de relevo deprimido,


formadas por sedimentos depositados durante os eventos de inundação do rio, dessa forma,
estão ausentes em terrenos montanhosos onde os canais são confinados.

4.3 CONTEXTO PEDOLÓGICO

A caracterização dos solos da bacia do alto e médio curso do rio Mundaú foi de
fundamental importância na classificação do seu potencial hidrológico natural e
susceptibilidade à erosão, uma vez que permitiu classificar cada classe de solo quanto ao seu
grupo hidrológico de acordo com suas características fisiográficas naturais, atribuídas a partir
do mapeamento pedológico (SEARA, 1988).
Os solos da bacia matêm estreita relação com os componentes topográficos e
geomorfológicos da área. No domínio das cabeceiras de drenagem, sobre as encostas mais
internas do Maciço de Uruburetama, predominam os Argissolos Vermelho Amarelo (PVA), de
textura arenosa a argilosa, com argila de baixa atividade e variações abrúptico, plíntico;
geralmente bem drenados, apresentando profundidade média a alta. Os Argissolos Vermelho
Amarelo também ocorrem na baixa encosta, no sopé do maciço de Uruburetama. Estes se
caracterizam pela textura média argilosa e cascalhenta (BRANDÃO, 2003; SEARA, 1988).
84

A Figura 29 mostra um perfil de corte de estrada de um Argissolo Vermelho


Amarelo na encosta do maciço de Uruburetama, próximo às nascentes do rio Mundaú.

Figura 29 - Perfil de Argissolo Vermelho Amarelo no maciço de Uruburetama

Fonte: CORDEIRO, A. M. N., 2017

De acordo com Sartori, Lombardi Neto e Genovez (2005), os Argissolos não são
hidromórficos e apresentam horizontes bem definidos, representados pela sequência A, E
(podendo estar ausente), Bt (textural) e C. Entretanto, quando ocorre mudança textural abrupta,
a baixa condutividade hidráulica no topo do horizonte Bt pode provocar a hidromorfia
temporária durante o período chuvoso, levando a altas taxas de escoamento superficial.
Nas encostas externas mais íngremes do maciço de Uruburetama e nas cristas
residuais da bacia ocorrem os Neossolos Litólicos (RL), de textura arenosa a média cascalhenta
e fase pedregosa, associados a afloramentos de rocha. São solos rasos, pouco desenvolvidos,
não hidromórficos e bem drenados. Esses solos se caracterizam por apresentar horizonte A em
contato direto com a rocha parental ou sobre um horizonte C pouco espesso (SEARA, 1988;
BRANDÃO, 2003). Segundo Sartori, Lombardi Neto e Genovez (2005), os Neossolos Litólicos
são muito favoráveis ao escoamento superficial em decorrência da baixa capacidade de
infiltração, refletindo em maior susceptibilidade aos processos erosivos. O Mapa 4 representa
a distribuição da cobertura pedológica na bacia do alto e medio curso do rio Mundaú.
85

MAPA DE SOLOS
Mapa 4 – Pedológico da bacia do Alto e Médio Mundaú
86

No domínio das superfícies erosivas rebaixadas que se estende ao sopé das vertentes
norte do maciço de Uruburetama, verificam-se os Neossolos Regolíticos (RR). Segundo
Marques et al. (2014), esses solos se caracterizam pela pequena diferenciação de seus
horizontes A, C e R ou A, C, profundidade baixa e textura arenosa a média, com baixa
capacidade de retenção de água e elevado potencial de escoamento superficial. São solos típicos
do regime climático semiárido do Nordeste brasileiro.
As áreas pediplanadas mais afastadas do maciço de Uruburetama são cobertas por
Planossolos Háplicos (SX), especificamente ao norte da bacia. No entorno do açude Gameleira,
ocorre uma associação de Planossolos Háplicos e Nátricos (SX + SN), ambos de textura arenosa
a média (SEARA, 1988). Segundo Brandão (2003), esses solos foram desenvolvidos sobre o
complexo litológico gnáissico-migmatítico e apresentam-se moderadamente rasos, composto
de horizontes A e Bt (textural), caracterizando-se pela baixa permeabilidade e argila de alta
atividade, ficando encharcados no período de chuva e se fendilhando no período seco, devido
a sua elevada expansividade. Os Planossolos, em decorrência de sua deficiência de
condutividade hidráulica, favorecem a altas taxas de escoamento superficial (BRANDÃO,
2003; SARTORI; LOMBARDI NETO; GENOVEZ, 2005).
Ao nordeste da bacia, ocorre uma faixa estreita correspondente à margem esquerda
do rio Mundaú, pertencente ao domínio dos tabuleiros costeiros. Essa unidade é recoberta por
Latossolos Amarelos (LA) de textura arenosa a média (SEARA, 1988). Os Latossolos
Amarelos ocorrem também em associação com Argissolos Vermelho Amarelo em um pequeno
sobressalto topográfico ao norte da bacia, mantido por capeamento laterítico. O Quadro 10
resume as classes de solo, seus respectivos tipos hidrológicos e potencial de escoamento
superficial de acordo com Sartori (2004).

Quadro 10 - Tipo hidrológico dos solos da bacia do alto e médio curso do rio Mundaú
Grupo Potencial para o
Classificação dos Solos SiBCS (2006) Hidrológico Escoamento
(SCS) Superficial
Argissolos Vermelho Amarelo (PVA) C Alto
Neossolos Litólico (RL) D Muito Alto
Neossolos Regolítico (RR) D Muito Alto
Latossolos Amarelo (LA) B Moderado
Latossolos Amarelos + Argissolos Vermelho Amarelo (LA + PVA) B Moderado
Planossolos Háplico (SX) D Muito Alto
Planossolos Háplico + Planossolos Nátrico (SX + SN) D Muito Alto
Fonte: Elaborado pelo autor / Dados: SEARA, 1988/ Classificação: Sartori, 2004
87

Os Latossolos são característicos de relevos planos, com profundidade alta e


horizontes A, B e C bem desenvolvidos, apresentam porosidade elevada e boa condutividade
hidráulica, resultando em baixa erodibilidade e baixo potencial para o escoamento superficial
(MARQUES et al., 2014, SARTORI; LOMBARDI NETO; GENOVEZ, 2005).

4.4 ASPECTOS HIDROCLIMÁTICOS

A área de estudo pode ser enquadrada, na classificação proposta por Nimer (1989),
sob o domínio de regime climático tropical semiárido quente, com período de seis a oito meses
de seca. Segundo Souza e Oliveira (2006), uma exceção é encontrada na área sob influência de
mesoclima de altitude no maciço residual de Uruburetama, onde as condições se aproximam do
tropical subúmido (Aw) da classificação de Köppen (1936).
As chuvas na região são controladas por diversos sistemas atmosféricos, dentre os
quais destacam-se as Frentes Frias do Atlântico Sul, a Zona de Convergência Intertropical
(ZCIT), os Vórtices Ciclônicos de Ar Superior (VCAS) e as ondas de leste (NOBRE, 1994).
Entretanto, a entrada e intensidade de ação dos sistemas de instabilidade são determinadas pela
semi-estacionariedade do anticiclone subtropical do Atlântico Sul, que permanece a maior parte
do ano dissipando as correntes perturbadoras, à medida que se aproximam da região Nordeste
do Brasil (NIMER, 1989).
Segundo Brandão et al. (2003), em decorrência do aumento da altitude, as áreas
sobre o maciço de Uruburetama apresentam um aumento da pluviometria anual, ditada pela
precipitação orográfica. De acordo com o autor, a pluviosidade também varia positivamente
com a proximidade ao litoral em direção ao norte da área. Constatou, ainda, que as temperaturas
médias anuais também são influenciadas pela altitude, em que, sob o domínio serrano, foi
verificada uma média de 25°C, enquanto que nas outras regiões esse valor aumenta para 28ºC.
Para a análise da precipitação pluviométrica, na bacia em estudo, foram analisados
dados disponibilizados pela Fundação Cearense de Meteorologia (FUNCEME, 2017) para uma
série histórica de 30 anos, coletados para os municípios de Uruburetama, Itapipoca, Itapagé e
Tururu. A Figura 30 representa a variação média mensal de precipitação para os postos
selecionados. Observa-se que a precipitação se concentra nos primeiros meses do ano, de
janeiro a maio, com máximas de outono, entre os meses de março e abril. Os postos com maior
média de precipitação, são respectivamente: Itapipoca, Uruburetama, Itapagé e Tururu. Esse
padrão se explica, em parte, pela proximidade ao litoral, em parte pela posição a barlavento do
maciço de Uruburetama.
88

Figura 30 - Média histórica de precipitação mensal (1986 – 2015) para os municípios de


Uruburetama, Itapipoca, Itapagé e Tururu

Fonte: Elaborado pelo Autor

O mapa pluviométrico (Mapa 5) demostra que a precipitação aumenta em direção


ao litoral e nas porções leste e nordeste do maciço de Uruburetama. Por outro lado, as taxas de
precipitação caem bruscamente a sotavento do maciço, próximo ao sertão de Irauçuba. A Figura
31 mostra a distribuição dos postos pluviométricos interpolados no mapa de pluviosidade.

Figura 31- Distribuição espacial dos postos pluviométricos

Fonte: Elaborado pelo autor


89

MAPA DE PLUVIOSIDADE
Mapa 5 – Pluviométrico da bacia
do alto e médio Mundaú
90

Quanto aos seus aspectos hidrológicos e as características dos sistemas fluviais, a


bacia apresenta regime intermitente sazonal, típico de ambiente semiárido, apresentando rede
de drenagem com padrão retangular em seu alto curso, disposta ao longo de zonas de fraqueza
controladas pela estrutura geológica; e subdendrítico no médio curso, semicontrolado pela
estrutura. Exibe uma rede de drenagem de 4ª ordem no sistema de classificação de Strahler
(1952).
Em condições de degradação da vegetação nativa, geram-se taxas de escoamento
superficial mais altas, provocando a intensificação dos processos erosivos e o aumento da
densidade de canais. Nesse sentido, o escoamento superficial é protagonista na esculturação do
relevo, uma vez que comandam os processos de dissecação, denudação e agradação. Para Hook
e Mant (2002), o estilo fluvial de bacias semiáridas se caracteriza por variações bruscas de
descarga, responsáveis por mudanças constantes na morfologia do canal.
No domínio das cabeceiras de drenagem, verificam-se os canais de baixa ordem,
caracterizados pela predominância de leitos rochosos intercalados por leitos aluviais e
declividades acentuadas, vales confinados sem presença de planície fluvial (Figura 32 A).

Figura 32 - (A) Leito rochoso com ocorrência de queda d’água no alto curso do rio
Mundaú (B) leito aluvial com diques marginais no médio curso do rio Mundaú

Fonte: SAMPAIO, A. C. P
91

Esses canais são marcados pela presença de knickpoints, localmente associados à


ocorrência de rápidos e corredeiras, com afloramentos de matacões de natureza eluvial e
coluvial. Segundo Crosby e Wipple (2004), os knickpoints evidenciam ajustamentos dos canais
a eventos climáticos ou tectônicos, expressos topograficamente em seu perfil longitudinal. Em
alguns casos, onde o gradiente topográfico se suaviza, formam-se as planícies alveolares em
decorrência da primazia dos processos de deposição.
Verifica-se que com a suavização do perfil longitudinal sobre a área aplainada, a
partir da ruptura topográfica com o Maciço de Uruburetama, os leitos passam a ser
predominantemente aluviais, como exemplificado pela Figura 32 (B), embora em alguns
trechos pontuais apresente leito rochoso. Nesse domínio, as planícies fluviais passam a ocorrer
de forma descontínua ao longo das áreas inundáveis, próximas aos leitos fluviais.

4.5 USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

Os tipos de uso e a cobertura do solo da bacia do rio Mundaú estão muito associados
com os seus aspectos edáficos, climáticos e hidrológicos. Nesse sentido, a bananicultura, como
principal atividade agrícola, é estabelecida preferencialmente nos fundos de vales ou
concavidades (hollows) das vertentes, para o aproveitamento das melhores condições de
umidade dos solos nessas regiões, para onde convergem os fluxos subsuperficiais,
permanecendo úmido por muito mais tempo após o período da quadra chuvosa.
Além da bananicultura, foram constatadas em campo culturas de subsistência, a
exemplo do milho e feijão, que se caracterizam pela utilização de técnicas rudimentares de
manejo do solo. A atividade agrícola suprimiu a maior parte da cobertura vegetal nativa sobre
as vertentes orientais do maciço de Uruburetama. Quando em encostas íngremes, essas
atividades socioeconômicas podem acarretar na perda de estabilidade das encostas, pelo
aumento da produção de escoamento superficial e subsuperficial, aliado à perda de capacidade
protetora da vegetação contra os processos erosivos. A Figura 33 evidencia a ocupação da
atividade agrícola de bananicultura no maciço de Uruburetama.
Quanto à vegetação, a caatinga arbórea e arbustiva ocupa a maior parte do espaço
deixado pelas áreas cultivadas. Segundo Souza (1988), a caatinga chega a colonizar o maciço
até aproximadamente a cota de 700 metros de altitude. Para Gorayeb et al. (2005), a vegetação
do maciço de Uruburetama varia conforme a sua altitude, onde nas cotas mais elevadas
dominam a caatinga arbórea e a mata seca, e nas cotas mais baixas predominam a caatinga
arbustiva.
92

Figura 33 - Encosta e planície alveolar coberta por bananicultura no maciço de


Uruburetama

Fonte: SAMPAIO, A. C. P.

Entretanto, nem sempre essa foi a configuração da vegetação do maciço de


Uruburetama. Segundo Souza e Oliveira (2006), originalmente suas vertentes eram colonizadas
pela floresta subperenifólia e subcaducifólia, em decorrência do mesoclima subúmido de
altitude. Todavia, esse recobrimento foi descaracterizado em função dos desmatamentos
indiscriminados para cultivo agrícola e extrativismo vegetal.
A Figura 34 mostra um remanescente de mata subúmida próximo às nascentes do
rio Mundaú, caracterizada pela presença de epifitismo e ocorrência de lianas. Essa vegetação
testemunha a flora nativa que colonizava o maciço. Segundo Souza e Oliveira (2006), essa
cobertura vegetal é caracterizada como mata plúvio-nebular, característica dos ambientes de
exceção do semiárido nordestino.
93

Figura 34 - Plantas epífitas e lianas de mata subúmida no maciço de Uruburetama

Fonte: BASTOS, F. H.

Na superfície erosiva rebaixada, predomina a caatinga arbustiva que se encontra


degradada pelo extrativismo vegetal e práticas agrícolas rudimentares. Acompanhando o curso
dos rios ocorrem cultivos agrícolas. O Mapa 6 apresenta os tipos de uso e cobertura do solo da
bacia do Alto e Médio Mundaú, com base nas classes definidas por McCuen (1998).
94

MAPA DE USO E COBERTURA DO SOLO


Mapa 6 - Uso e Cobertura do Solo da bacia do
alto e médio Mundaú
95

5 POTENCIAL DE ESCOAMENTO SUPERFICIAL

Segundo Coelho Netto (1995), o reconhecimento de áreas com características


fisiográficas que favorecem o escoamento em superfície, em detrimento de outras que
favorecem a infiltração e o escoamento lento em subsuperfície, a qual a autora denominou de
vocação hidrológica natural, proporcionam uma boa fundamentação sobre a dinâmica
hidrológica da bacia hidrográfica, evidenciando potenciais áreas de recarga, degradação e
disseminação de poluentes.
Levando em consideração essa potencialidade, os resultados da agregação dos
fatores padronizados na escala fuzzy, a partir do método da CLP, com os escores de prioridades
definidos pelo método AHP, resultaram em um mapa final do potencial de escoamento
superficial, que consiste em um modelo matricial com valores de 56, para menor potencial, a
189, para maior potencial, numa escala fuzzy (0 a 255). O modelo utilizando a CLP colocou a
análise de pertinência no centro da tomada de decisão estratégica, ou seja, baseado nas médias,
localizada entre o risco mínimo e máximo do processo de escolha. A espacialização do
potencial de escoamento superficial é demostrada pelo Mapa 7.
Para efeitos de representação cartográfica, os valores foram divididos em classes,
usando o classificador de quebras naturais (natural breaks) implementado por Jenks (1977)
(DENT; TORDUSON; HODLER, 2009). A particularidade desse método é minimizar as
diferenças entre os valores de uma mesma classe e maximizar as diferenças entre as classes.
Entretanto, o raster final de potencial pode ser utilizado digitalmente em SIG, sem a
necessidade de se perder informações, definindo classes discretas.
Analisando a espacialização das áreas mais aptas ao escoamento em superfície pelo
método da CLP, pôde-se constatar que as vertentes mais íngremes a nordeste do maciço de
Uruburetama, correspondente à porção sudoeste da área de estudo, apresentam os maiores
potenciais ao escoamento superficial, ratificando a importância do fator declividade na
caracterização desse fenômeno. Nessas regiões, o fator declividade associa-se com solos rasos
e pedregosos, normalmente Neossolos Litólicos, de alto potencial de escoamento. Este
favorecimento ao escoamento em superfície pode ser agravado por solos cultivados, no caso,
predominantemente, a bananicultura; e por solos mais úmidos em decorrência das médias
pluviométricas mais elevadas.
Por outro lado, as planícies alveolares, que intercalam essas vertentes íngremes,
atenuam as taxas de escoamento, por apresentarem relevo mais plano e solos mais profundos,
representados pelos Argissolos Vermelho Amarelo, de moderado potencial de escoamento.
96

MAPA DO POTÊNCIAL DE
ESCOAMENTO SUPERFICIAL
Mapa 7 – Potencial de Escoamento Superficial da
Bacia do Alto e Médio Mundaú
97

As áreas mais rebaixadas próximas à cidade de Itapipoca despertaram a atenção por


apresentarem índices de moderado a alto potencial ao escoamento superficial, mesmo estando
situada sobre um relevo predominantemente plano e pouco acidentado. Nesse caso fez-se valer
a associação entre altas médias pluviométricas e solos de baixa capacidade de infiltração e
reduzida condutividade hidráulica, caracterizada pela presença dos Neossolos Regolíticos e
Planossolos Áplicos e Nátricos, de elevado potencial de escoamento.
As regiões com mais áreas cultivadas sobre as vertentes úmidas do maciço de
Uruburetama apresentaram potencial moderado a alto. Nesse caso, fez-se valer a compensação
dos Argissolos e das declividades menos acentuadas, em relação às vertentes nordeste. Ainda
assim, essas áreas merecem atenção especial devido às altas taxas de escoamento. De maneira
geral, o potencial decresce à medida que se desloca para leste da bacia, evidenciando a forte
correlação com a declividade, em detrimento dos outros critérios.
O mapa gerado pela técnica da CLP, ou seja, de risco médio e compensação
máxima, demostrou muita associação com a declividade da bacia, muito embora isso não se
deva ao peso desse critério isoladamente, todavia, emerge das relações com os outros critérios,
caracterizando um feedback positivo que favorece ao escoamento em superfície. Essa
correlação se deve muito ao fato de que um dos tipos de uso e cobertura do solo que mais
favorece ao escoamento em superfície, o solo cultivado, está geograficamente atrelado às áreas
com maior taxa de pluviometria, que por sua vez estão relacionadas às áreas mais íngremes que
compõem a área montanhosa do maciço de Uruburetama. Esses três fatores se reforçam
mutuamente para produzir áreas de alto potencial.
Por outro lado, a aplicação da MPO permitiu mais flexibilidade na modelagem do
potencial. Os pesos de ordenação possibilitaram ajustar o modelo quanto ao risco assumido na
tomada de decisão e a compensação entre os fatores. A MPO foi aplicada sobre o raster
resultante da CLP. No qual os atributos de cada um dos quatro critérios, associados a cada pixel
da imagem, foram multiplicados pelos pesos de ordenação, conforme o seu ranqueamento
naquele pixel em específico.
O mapa de aversão moderada ao risco (AND) (33%), ou seja, aquele em que as
áreas potenciais foram definidas com maior grau de confiança, mostrou-se ainda mais
equivalente ao critério declividade. Esse mapa revelou que, assumindo um risco baixo na
tomada de decisão, as áreas mais aptas ao escoamento superficial situam-se nas vertentes mais
íngremes do maciço de Uruburetama. Como pode ser observado na Figura 35 (A).
Por sua vez, o mapa de aceitação moderada ao risco (OR) (66%), cuja as áreas
potenciais foram definidas com menor grau de certeza, demostrou uma correspondência maior
98

com o grupo hidrológico do solo e a pluviosidade na bacia. Nesse modelo, as áreas com maior
aptidão ao escoamento em superfície foram definidas nas vertentes e nas áreas pediplanadas ao
sopé da porção nordeste do maciço de Uruburetama, nas cercanias do município de Itapipoca,
alterando bruscamente para baixo potencial de escoamento na porção sudeste da bacia, como
pode ser verificado na Figura 35 (B).

Figura 35 - Mapas do potencial de escoamento superficial gerados pela Média


Ponderada Ordenada (MPO) da bacia do Alto e Médio Mundaú

Fonte: Elaborado pelo autor

Esses dois mapas (risco mínimo e máximo) demostraram que o fator declividade é
o mais seguro na definição do potencial de escoamento superficial no modelo proposto para a
bacia hidrográfica do Alto e Médio Mundaú. Isso se deve, em parte, ao fato dos maiores declives
estarem diretamente relacionados com outros fatores que reafirmam a geração de fluxos
superficiais, como a precipitação elevada e a presença de solos rasos, evidenciando um mecanismo
de retroalimentação (feedback) positiva.
Esse resultado condiz com alguns estudos que apontam a declividade como critério
mais relevante na determinação da susceptibilidade à erosão dos solos, cujo escoamento
superficial e subsuperficial são reconhecidamente os principais agentes erosivos (ABELLA;
99

VAN WESTEN, 2007; AYALEW; YAMAGISHI; UGAWA, 2004; BRITO; WEBER; SILVA
FILHO, 2017).
Por outro lado, os fatores pluviosidade e grupo hidrológico dos solos se mostraram
com uma incerteza maior na definição das áreas mais susceptíveis ao escoamento superficial,
não sendo recomendado de serem usados sozinhos na definição do potencial de escoamento. A
compensação entre os fatores foi a mesma em ambos os mapas gerados pela MPO (87%).
Essa metodologia permite a elaboração de quantos mapas forem possíveis,
ajustando-se o nível de risco na tomada de decisão e a compensação entre os fatores. Portanto,
conforme afirma Malczewski (1999), nem sempre a solução de menor risco é a mais adequada.
O mapa de acúmulo de fluxo, ponderado pelo raster de potencial de escoamento
superficial gerado pelo método da CLP, permitiu visualizar os trechos da rede de drenagem
onde ocorrem as maiores concentrações do fluxo superficial, de acordo com as características
físicas da bacia. A Figura 36 mostra a distribuição do fluxo acumulado na rede de drenagem.

Figura 36 - Mapa de concentração de fluxos (Bacia do Alto e Médio Mundaú)

Fonte: Elaborado pelo autor


100

A análise desses dados permitiu reconhecer que o fluxo tende a se concentrar mais
rapidamente, ou seja, com menor distância dos divisores de água, no domínio das cabeceiras
do rio Mundaú, nas vertentes situadas a leste do Maciço de Uruburetama. Todavia, como é
intuitivo, as maiores concentrações de fluxo se dão ao longo do médio curso do rio Mundaú,
atingindo o máximo na interseção com o açude Gameleira.
Segundo Coelho Netto (1995), a geometria dos canais e das vertentes são de
fundamental importância para a compreensão da dinâmica hidrológica e erosiva de uma bacia
hidrográfica. Dessa forma, a análise topográfica pode subsidiar o entendimento do potencial
hidrológico de uma bacia.
A análise do perfil longitudinal do alto e médio curso do rio Mundaú (Figura 37),
demostra que este apresenta um perfil de equilíbrio aproximado da maturidade. Entretanto, em
seu alto curso, apresenta muitos desníveis topográficos (knickpoints), que podem estar
associados às descontinuidades estruturais ou tectônicas.

Figura 37 - Perfil longitudinal do alto e médio curso do rio Mundaú


800

700

600
Altitude (m)

500

400

300

200

100

0
0 10 20 30 40 50 60
Distância (Km)

Fonte: Elaborado pelo Autor

A comparação entre o perfil longitudinal e a taxa de fluxo acumulado demostrou


que o gradiente e a declividade não tiveram influência sobre os picos de fluxo no curso do rio
Mundaú. A Figura 38 mostra a concentração do fluxo ao longo do canal principal da bacia,
evidenciando os picos de escoamento. Esses picos, representados pelas inflexões abruptas ao
longo do perfil ilustrados pela Figura 38, também não são explicados exclusivamente pelo
potencial na geração de escoamento superficial, mas essencialmente com o tamanho da área de
101

contribuição, que continua a ser o principal fator na determinação da quantidade de deflúvio


gerado pela bacia.

Figura 38 - Taxa de fluxo acumulado no alto e médio curso do rio Mundaú


700
Índice de Escoamento (sem escala)

600

500

400

300

200

100

0
0 10 20 30 40 50 60
Distância (Km)

Fonte: Elaborado pelo autor

Na realidade, esses picos na taxa de escoamento estão relacionados com o aporte


de fluxos de sub-bacias contribuintes ao longo do curso do canal principal. Esses picos são mais
elevados quanto maior a área de contribuição para aquele ponto determinado.
102

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados reforçam o potencial da Análise de Multicritério (AMC) para análise


espacial e suporte à tomada de decisão, com auxílio de técnicas de geoprocessamento e
sensoriamento remoto.
A elaboração do modelo permitiu quantificar o potencial de escoamento superficial
na bacia do alto e médio curso do rio Mundaú, ponderando os fatores condicionantes mais
pertinentes, constituindo uma importante ferramenta de auxílio à tomada de decisão no
ordenamento do uso dos solos, a exemplo de projetos de contenção de fenômenos erosivos
provocados pelo deslocamento dos fluxos e também ligados ao aproveitamento de águas
superficiais.
Os resultados da modelagem do escoamento superficial demostraram o potencial
da AMC associada à lógica fuzzy para representar fenômenos geográficos imprecisos, que não
obedecem a fronteiras rígidas. Por outro lado, a técnica de CLP permitiu que os fatores se
compensassem uns aos outros, gerando um resultado baseado nas médias e não nos extremos,
como é o caso do modelo de análise booleano.
Por outro lado, o método da MPO demostrou-se muito favorável por permitir mais
flexibilidade no espaço estratégico de decisão. Assim, pode-se acrescentar à análise a
mensuração e o controle sobre o risco de que a tomada de decisão seja inadequada e a
compensação entre os fatores, permitindo a elaboração de modelos tanto conservadores como
coniventes em relação ao risco.
O método AHP permitiu dividir o problema de decisão, facilitando as comparações
entre os fatores e diminuindo a influência da subjetividade no modelo final, através da
comparação aos pares, para gerar os escores de prioridades relativas. Por outro lado, a lógica
fuzzy possibilitou que os dados fossem comparados em uma mesma unidade, para gerar um
produto final sem limites rígidos, abrangendo a incerteza e a imprecisão que acompanha os
modelos comprometidos com a representação dos fenômenos geográficos contínuos.
Uma grande vantagem da metodologia proposta nesta pesquisa é a sua viabilidade
de aplicação, uma vez que não requer o despendimento de muitos recursos materiais, podendo
ser aplicada em qualquer software de geoprocessamento que permita fazer operações algébricas
com dados matriciais. Por outro lado, consiste numa metodologia muito flexível, cujos
resultados podem ser estendidos e aperfeiçoados, conforme obtenha-se uma entrada de dados
mais detalhada, que podem ser baseadas em parâmetros estatísticos ou determinísticos.
103

A modelagem espacial das médias pluviométricas da bacia teve que ser ajustada,
em virtude da falta de dados na parte norte da bacia. Os dados dos postos pluviométricos
existentes foram interpolados pelo método da krigagem ordinária, resultando em um modelo
muito impreciso, principalmente nas áreas com ausência de dados, onde houve apenas uma
extrapolação matemática. Para melhorar a precisão da interpolação, foi necessário primeiro
modelar postos pluviométricos aleatórios ao norte da bacia, usando o método do Inverso do
Quadrado da Distância (IDW), para então interpolar os dados originais junto com os inferidos
matematicamente, resultando em um modelo mais adequado.
O modelo do potencial de escoamento superficial desenvolvido na referida pesquisa
fornece material de suporte para o ordenamento do uso do solo e implementações de medidas
conservacionistas na bacia do alto e médio Mundaú. Por outro lado, a proposta metodológica
apresenta potencialidade de aplicação em outras bacias semiáridas com característica
geoambientais semelhantes.
Os resultados reforçam a importância do fator declividade na determinação das
taxas de escoamento superficial, já preconizada pela literatura especializada, corroborando com
outros estudos que apontam esse fator como o mais importante na caracterização da
susceptibilidade à erosão dos solos (ABELLA; VAN WESTEN, 2007; AYALEW;
YAMAGISHI; UGAWA, 2004).
No entanto, a compensação entre os demais fatores permitiu uma representação
mais verdadeira, possibilitando que áreas de declividade acentuada fossem compensadas por
outros fatores menos propensos ao escoamento superficial, como a ocorrência de solos
profundo e de cobertura vegetal. Em contrapartida, a combinação de fatores propícios ao
escoamento em superfície reforçou ainda mais as áreas de maior potencial, ressaltando os locais
que necessitam de atenção especial.
104

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