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RESUMO. O trabalho apresenta a análise de falha em um tubo da fornalha de uma caldeira de alta pressão induzida por ataque por
hidrogênio e a avaliação da extensão dos danos e previsão de vida remanescente nos demais tubos da fornalha. São apresentados e
discutidos os resultados das análises realizadas para determinação da causa da falha, os resultados dos exames realizados para avaliação
da extensão dos danos na fornalha da caldeira (ultra-som B-SCAN, endoscopia e réplicas metalográficas) e as interpretações e
análises realizadas para previsão da vida remanescente dos demais tubos da fornalha
1. INTRODUÇÃO
Este trabalho se baseia em inspeções e análises realizadas em duas caldeiras de alta pressão. Inicialmente observou-se a
ruptura de 3 tubos da zona de radiação da caldeira de pressão de projeto igual a 2225 psi. Foram analisadas as causas das
falhas e planejados exames e testes voltados para detecção de danos semelhantes. Os exames foram aplicados em uma
segunda caldeira, de pressão de projeto de 1000 psi.
Os danos por hidrogênio ocorrem em caldeiras de alta pressão, normalmente sob espessas camadas de depósitos, no lado
vapor dos tubos da caldeira. Localizam-se freqüentemente nas regiões de elevadas taxas de transferência de calor da
fornalha, nas regiões localizadas na altura dos queimadores. Os danos por hidrogênio são coincidentes com corrosão sob
depósitos. Os depósitos causam a concentração de espécies químicas e formam soluções extremamente ácidas ou básicas,
que por sua vez atacam a camada de óxido protetora. A reação gera hidrogênio, que fica preso entre a camada de depósitos e
a superfície metálica, e algum hidrogênio difunde dentro do aço. O hidrogênio reage com o carbeto de ferro e gera metano,
as moléculas de metano, que são grandes, acumulam-se nos contornos de grão e provocam fissuras quando atingem um
volume suficiente. Estas fissuras tornam o aço frágil, as rupturas associadas a danos por hidrogênio são normalmente de
“lábios grossos” e pouca dutilidade, a microestrutura dos aços danificados pelo ataque pelo hidrogênio apresentam
descarbonetação e fissuras intergranulares provocadas pelo metano [1].
A região da ruptura apresentou perda de espessura significativa, como pode ser visto nas Figuras 4 e 5 abaixo. A análise
metalográfica da região do início fratura mostrou descarbonetação e fissuras nos contornos de grãos nas superfícies
adjacentes a perda de espessura, conforme mostram as figuras 6,7,8 e 9, abaixo.
Figura 4- Vista em corte da redução de espessura na Figura 5- Vista superior da perda de espessura na
superfície interna, no local da falha superfície interna no local da falha
50 x 50 x
Figura 6– sem ataque Figura 7 – sem ataque
Periferia Interna: local onde a fratura teve início. Periferia Interna: formação de vazios alinhados
100 x 200 x
A análise dos registros do tratamento de água não mostrou qualquer desvio significativo. Os resultados acima permitiram a
conclusão de que o ataque por hidrogênio foi o responsável pelas rupturas observadas
Em função da falha observada foi planejado e executado um conjunto de exames e testes na caldeira de 1000 psi de pressão
de operação. Os exames se concentraram inicialmente na região dos queimadores, conforme figura 10 abaixo, por serem as
de maiores taxas de transferência de calor, e portanto as de maior probabilidade de ocorrência de depósitos, corrosão e
danos por hidrogênio. Foram executados exames metalográficos não destrutivos, varredura das faces dos tubos voltadas
para a chama por ultra-som B-scan, e exame das soldas por ultra-som convencional. Através das regiões onde foram
removidas “janelas”, devido a detecção de danos, foi realizado exame por endoscopia. As janelas removidas e os resíduos
aderidos foram analisadas no laboratório.
Foram realizados em vários pontos distribuídos dentro da região inspecionada. Não foram detectadas alterações
microestruturais. As figuras 11 e 12, abaixo ilustram um local examinado e a microestrutura do tubo.
FOTOGRAFIA DO LOCAL MB
R15
Figura 11 - R15 localizada no tubo de n.º 44 da parede Oeste à Ataque : Nital 2% 400 x
uma altura de ≅ 7500mm (medida à partir do início do piso da Tam. Grão : 7/8 Dureza (HV) : 107
caldeira). Figura 12 - Microestrutura : Ferrita + Perlita lamelar
Os tubos foram examinados por ultra-som B-SCAN na região mostrada no croqui acima. Observou-se perda de espessura
generalizada de aproximadamente 0,2 a 0,6 mm em toda a região examinada, foram detectadas algumas regiões com
espessuras menores (regiões B,C,D,E,F,G,H e I) de até 2,5 mm.
A figura 10, abaixo ilustra os resultados típicos citados acima, pode-se verificar o registro de espessuras de 4,8 , 3,0 e 2,5
mm.
Figura 10 – Resultado do exame dos tubos por B-SCAN. Observa-se locais com perda de espessura (Reg H e Reg G).
2.2.3- ANÁLISE DAS JANELAS REMOVIDAS
Foram analisadas todas as “janelas” removidas devido a presença de perda de espessura significativa. Os ítens abaixo
mostram os resultados das análises metalográficas óticas e eletrônicas e os resultados das análises químicas executadas, da
amostra que apresentou as maiores perdas de espessura, e também, na região de menor espessura, deformação localizada
“laranja”.
• ANÁLISE MACROSCÓPICA
Foi observado a perda de espessura detectada no exame por ultra-som B-SCAN sob camada de depósitos aderidos. A região
de menor espessura apresentou pequena deformação localizada “laranja”, conforme mostram as fotos na figura 13 abaixo.
410mm
100mm
A B
Figura 13 – Fotos mostrando as regiões com perda de espessura e a região deformada (“laranja”)
A análise metalográfica ótica não revelou alterações microestruturais significativas, conforme mostram as fotos na figura 14
abaixo. A análise no microscópio eletrônico de varredura mostrou a presença de danos causados pelo hidrogênio, figura 15.
Amostra T54 A (Parte interna) Amostra T54 A (Parte externa)
MEV-SE FOTO1 2000x Danos causados pelo hidrogênio MEV-SE FOTO2 6000x Detalhe da FOTO1
junto à perlita
2.2.4 - ENDOSCOPIA
A figura 15 abaixo ilustra o resultado da endoscopia executada nos tubos através das janelas removidas. Observou-se a
presença de incrustação na face dos tubos voltadas para a chama, na região dos queimadores.
Figura 15 – Endoscopia nos tubos da fornalha, executada através das janelas removidas.
6- CONCLUSÕES
Os danos foram causados por corrosão sob depósitos e ataque por hidrogênio, o mecanismo foi ativado ou
significativamente acelerado pelas elevadas taxas de transferência de calor atuantes após a mudança do combustível. Estes
danos são adequadamente identificados e quantificados através das técnicas utilizadas.
7- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] French, N.D., “Metallurgical Failures in Fossil Fuel Boilers”, Wiley Interscience, Segunda edição, 1993.
[2] Stultz, S.C., Kitto, J.B., “Steam its generation and use” 40 edição, the Babcock & Wilcox Company, Brbeton, Ohio,
USA.
[3]Nelson, A . G., “Hidrogenation Plant Steels, American Petroleum Institute, Division of Refining, Vol 29 M, 1949.
[4]Philip, A. S.P.E., “Corrosion Engeneering Handbook” , 1996.
[7] NACE-CICS.