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Comentário sobre o texto Capital Simbólico e Classes Sociais, de Pierre

Bourdieu

Aluno: Eduardo Donato

Autor com uma obra marcada pelo esforço de superar as grandes


dicotomias, através da proposição de uma obra sintética, Bourdieu inicia o texto
Capital Simbólico e Classes Sociais apontando as limitações de dois tipos de
leituras da realidade social presentes na obra de grande parte dos autores que
se dedicam à área. De um lado, temos aqueles que dão preponderância às
relações objetivas, condições materiais de existência, como elemento
determinante à construção do mundo social. Do outro, temos aqueles que se
vinculam a uma leitura mais simbólica, apontando como elemento determinante
a representação que os agentes fazem da própria realidade,

Assim, para entender o que chamamos de classe social, o autor aponta


para a necessidade de ir além das teorias objetivistas, que entendem as classes
como grupos com fronteiras delimitadas por características facilmente
identificáveis, como a posse de recursos materiais. Por outro lado, para Bourdie,
também não é possível delimitarmos uma classe utilizando somente as
classificações dos agentes sobre a realidade social, motivadas por elementos
simbólicos. Apesar de reconhecer a dificuldade de estabelecer os verdadeiros
elementos que determinam uma classe, Bourdieu passa longe de afirmar que as
classes sociais não existem.

Para ele, porém, uma leitura mais fiel da realidade passa pela articulação
dessas duas dimensões do mundo social, a material e a simbólica. Elaborando
o conceito de capital simbólico, o autor mostra como os dois elementos
trabalham juntos para a determinação das classes. Nas palavras de Boudieu, as
classes sociais existem duas vezes: “na objetividade de primeira ordem, aquela
registrada pela distribuição das propriedades materiais; e na objetividade de
segunda ordem, aquela das classificações e das representações contrastantes
que são produzidas pelos agentes na base de um conhecimento prático das
distribuições tal como se manifestam nos estilos de vida” (p. 9).

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