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FACULDADE DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MONTES CLAROS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA


QUÍMICA ORGÂNICA EXPERIMENTAL/ 3º PERÍODO

Gessiele Rocha Vieira, Roberta Cardoso Fonseca, Sílvia Brito Soares.

PRÁTICA 8:

SÍNTESE DO SALICILATO DE ETILA

Montes Claros/MG
Junho/ 2018
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 3

2. OBJETIVOS.............................................................................................................. 5

2.1. OBJETIVO GERAL .......................................................................................... 5

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................ 5

4. PROCEDIMENTOS ................................................................................................. 5

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................. 6

6. CONCLUSÃO ........................................................................................................ 11

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 11


1. INTRODUÇÃO

A formação de ésteres por meio da reação entre um ácido graxo livre e um álcool
de cadeia curta (metanol ou etanol) na presença de um catalisador ácido é chamada de
esterificação e vem atingindo seu auge por ser considerada outra rota promissora para a
obtenção de biodiesel (ARANDA et al., 2009).

As reações para a produção de ésteres já encontram diversas aplicações industriais


como na produção de perfumes, aromatizantes, plásticos, produtos farmacêuticos e
plastificantes (RAMESH; PRAKASH; BHAT, 2010).

Apesar de esta reação ser um processo antigo, ainda existem muitas pesquisas por
catalisadores que alcancem objetivos, como: realizar as reações em quantidades
equimolares dos reagentes em vez de usar um deles em excesso; realizar a reação em
temperaturas menores e em condições mais brandas e; desenvolver catalisadores que
possam ser facilmente removidos do meio reacional e reutilizados (OTERA, 2011).

A reação de esterificação é uma reação reversível, cuja cinética é regida pelo


principio de Le Chatelier. Assim, o progresso da reação dependerá do deslocamento do
equilíbrio químico no sentido da formação dos produtos, por meio da otimização de
todas as variáveis, como temperatura, concentração do catalisador, seu caráter ácido e a
quantidade de reagentes (VIEIRA, 2011).

Segundo Vieira (2011) a reação de esterificação é um processo reversível, o ácido


catalisa tanto a reação direta (esterificação) como a reação inversa (hidrolise do éster).
Na reação de esterificação, o ácido graxo é protonado por um ácido de Brønsted,
facilitando o ataque nucleofílico do álcool à carbonila, formando um intermediário
tetraédrico que posteriormente sofre um rearranjo, seguido da perda de uma molécula de
água e formando uma molécula de éster, como demonstrado na figura 1.

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Figura 1 – Mecanismo de Reação do Ácido Salicílico com Etanol. Fonte: Google imagens.

A reação de esterificação, geralmente, é de primeira ordem e vários fatores podem


afetar a velocidade da reação, tais como temperatura reacional, pureza dos reagentes
(ausência de água), razão molar álcool/ácido graxo e concentração de catalisador
(OLIVEIRA et al., 2010).

Os catalisadores homogêneos, usualmente ácidos minerais fortes, apresentam


excelentes rendimentos reacionais, mas são associados a problemas de corrosão de
equipamentos, além de dificultarem a separação dos produtos. Já os catalisadores
heterogêneos apresentam menores rendimentos, devido a problemas de transferência de
fase dos reagentes. Dessa forma, o desafio tecnológico para o desenvolvimento do
processo de obtenção de biodiesel, por exemplo, por esterificação de ácidos graxos é o
desenvolvimento de catalisadores ácidos heterogêneos que apresentem alta atividade,
fácil separação de produtos e que não apresentem corrosividade para os equipamentos.

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2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

Possibilitar a visualização do mecanismo de reação da síntese do salicilato de etila


com o objetivo de familiarizá-los ao ambiente laboratorial através da demonstração e
manipulação de sínteses de compostos orgânicos.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Obter o salicilato de etila, a partir da esterificação do ácido salicílico e


Etanol, utilizando pequenas quantidades de ácido sulfúrico concentrado;
 Determinar o reagente limitante da reação;
 Calcular o rendimento.

3. MATERIAIS E REAGENTES

 Balão de fundo redondo  Ácido salicílico


 Condensador de refluxo  Etanol
 Funil de separação  Ácido sulfúrico concentrado
 Água destilada  Diclorometano
 Suporte  Solução saturada de Bicarbonato
 Funil de sódio
 Manta Aquecedora

4. PROCEDIMENTOS

Em um balão de fundo redondo, adicionou-se aproximadamente 2,76 g de ácido


salicílico em 10 mL de etanol. Agitou-se a mistura para dissolver o ácido e acrescentou-
se, cuidadosamente, 0,6 mL de ácido sulfúrico concentrado.

Montou-se o sistema de refluxo, balão e condensador, como mostra a figura 2 e


manteve- o, em refluxo, por aproximadamente 1 hora.
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Após o período de refluxo, resfriou-se o balão de reação até a temperatura
ambiente e verteu-se o conteúdo em um funil de separação de tamanho apropriado. Ao
funil, adicionou-se 5 mL de água destilada e 15 mL de diclorometano. Lavou-se o balão
com diclorometano, de maneira a não permitir a perda de material.

Tampou-se o funil, agitando-o até que se separassem as fases aquosa e orgânica.


Novamente, lavou-se a fase orgânica com cerca de 20 mL de água e 5 mL de solução
aquosa de bicarbonato de sódio. Separaram-se, novamente, as fases aquosa e orgânica e,
a esta última, adicionou-se uma espátula de sulfato de sódio anidro.

Filtrou-se a fase orgânica para remover o secante e transferiu-se o filtrado para um


balão de destilação de tamanho apropriado. Removeu-se o solvente através de uma
destilação simples até se observar que não havia mais solvente para destilar.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Sabe-se que o Salicilato de etila é o éster formado pela condensação de ácido


salicílico e etanol. É um líquido claro que é pouco solúvel na água, mas solúvel em
álcool e éter. Este experimento tinha por finalidade a síntese do salicilato de Etila, o
qual pode ser obtido através da mistura de etanol e ácido salicílico em meio ácido.

A obtenção do salicilato de etila fundamenta-se numa esterificação do ácido


salicílico com etanol, a qual ocorre via mecanismo de substituição nucleofílica acilica
(SNAc). Tem-se que através de uma esterificação do ácido carboxílico combina-se com
um álcool para dar origem a um estér, e de fato é o que ocorre na síntese do salicilato de
etila.

A utilização de ácido sulfúrico e refluxo são necessários para que todas as etapas
da (SNAc) sejam concluídas, visto que a síntese do salicilato de etila possuí uma alta
energia de ativação. O ácido sulfúrico utilizado além de atuar como catalisador,
diminuindo assim a energia de ativação, auxilia na concretização de algumas etapas da
reação. A adoção do refluxo também está relacionada com a alta energia de ativação da
reação, visto que fornece energia térmica para o meio, mas também possibilita que
durante as condições drásticas de aquecimento, não transcorra a perda do material

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(reagentes utilizados e produto sendo formado). Por exercer, na reação, função de
catalisador, o ácido sulfúrico libera calor, caracterizando a mesma como exotérmica.

Ao adicionar ácido salicílico em etanol agitou-se a mistura para dissolver o ácido


e acrescentou-se, cuidadosamente o ácido sulfúrico concentrado. Montou-se o sistema
de refluxo balão e condensador, como mostra a figura 2, e manteve-se o sistema em
refluxo por, aproximadamente, 1 hora.

Figura 2 – Esquema de montagem de balão de refluxo.


Fonte: Os autores.

Após 60 minutos, o balão contendo os reagentes foi retirado do refluxo, houve


formação de um líquido amarelo claro. Esperou-se o resfriamento até temperatura
ambiente, e então transferiu-se a mistura reacional para um funil de separação. Neste,
foram adicionados 5 mL de água e 15 mL de diclorometano em 3 parcelas, sendo de 5
mL cada.

Ao adicionar 5 mL de água, observou-se que a mistura ficou como uma cor turva,
e ao acrescentar 15 mL de diclorometano notou-se que iniciou a separação de fases de
cor branca na parte superior e amarelo na parte inferior, como apresenta a figura 3, a
seguir.

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Figura 3 – Primeira etapa de separação de
fases na síntese do salicilato de etila. Fonte:
Os autores.

O diclorometano é um solvente extrator, e foi então adicionado para extrair o óleo


presente no meio reacional. A fase orgânica, constituída de diclorometano, salicilato de
etila e outros, formaram-se na fase inferior do funil de separação, e foi então coletada
em um Erlenmeyer. A fase aquosa, formada na parte superior do funil, foi descartada.

A fase orgânica coletada foi transferida, novamente, para o funil de separação e


então adicionou-se 10mL de água, depois 5mL de solução de bicarbonato de sódio, e,
mais uma vez, 10mL de água. Em todas as adições, a fase inferior (orgânica) foi
coletada e a fase superior (aquosa) descartada. Este procedimento tinha por finalidade a
remoção do ácido sulfúrico presente no meio. No caso da adição de bicarbonato de
sódio, o mesmo reage com o ácido sulfúrico formando um sal solúvel no meio e gás
carbônico, o qual se decompõe em água e dióxido de carbono, conforme a reação
apresentada abaixo.

Após a eliminação de ácido do meio, a fase orgânica foi transferida para um


erlenmeyer e então adicionou-se sulfato de sódio anidro, um agente dessecante, cuja
finalidade era absorver a água que pudesse ter ficado contida na fase. A fase orgânica
isenta de água, foi transferida para um balão volumétrico, o qual foi fixado em um roto

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evaporador para a evaporação do diclorometano. Após o procedimento, obteve-se um
material oleoso e de cheiro característico, o salicilato de etila, como apresentam as
figuras 4.a e 4.b, a seguir.

Figura 4.a – Salicilato de etila em balão Figura 4.b – Salicilato de etila em filtro
volumétrico. Fonte: Os autores. de papel. Fonte: Os autores.

A partir das reações e informações dos compostos foi possível determinar o


reagente limitante da reação e o rendimento da mesma.

Para determinar o reagente limitante da reação, obteve-se, a partir da equação


abaixo, o número de mols do ácido salicílico (𝑛𝐴𝑆 ):

𝑚𝐴𝑆
𝑛𝐴𝑆 =
𝑀𝑀𝐴𝑆

Onde: 𝑚𝐴𝑆 é a massa de ácido salicílico utilizado;

𝑀𝑀𝐴𝑆 é a massa molar do ácido salicílico, que é 138,12 g/mol.

A partir da equação apresentada e os dados do experimento, foi possível obter que


o número de mols de ácido salicílico foi de:

𝑚𝐴𝑆 2,76 𝑔
𝑛𝐴𝑆 = = 𝑛𝐴𝑆 = 0,0199 𝑚𝑜𝑙𝑠
𝑀𝑀𝐴𝑆 138,12 𝑔/𝑚𝑜𝑙

Como o etanol é líquido, tem-se somente o volume utilizado. A massa (𝑚𝑒𝑡 ) do


mesmo pode ser obtida através de um rearranjo da fórmula da densidade, do
conhecimento do volume utilizado e da densidade do composto. O volume de etanol
(𝑉𝑒𝑡 ) utilizado foi de 10 ml e sua densidade (𝜌) é de 0,789 g/cm³. Então:

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𝑚 𝑔
𝜌= 𝑚𝑒𝑡 = 𝜌 ∙ 𝑉𝑒𝑡 𝑚𝑒𝑡 = 0,789 ∙ 10 𝑐𝑚³
𝑉 𝑐𝑚³

𝑚𝑒𝑡 = 7,89 𝑔

Através da massa de etanol utilizada e do conhecimento de sua massa molar,


46,07 g/mol, o número de mols desse reagente (𝑛𝑒𝑡 ) é de:

𝑚𝑒𝑡 7,89 𝑔
𝑛𝑒𝑡 = = 𝑔 𝑛𝑒𝑡 = 0,1713 𝑚𝑜𝑙𝑠
𝑀𝑀𝑒𝑡 46,07 𝑚𝑜𝑙

Desta forma, conclui-se que o reagente limitante da síntese do salicilato de etila


corresponde ao ácido salicílico, visto que o mesmo existe em menor quantidade no meio
reacional, e o reagente em excesso equivale ao etanol. Este resultado já era esperado,
visto que a reação é reversível e então se deve utilizar etanol em excesso para que a
reação se desloque em sentido a formar produto.

Como a estequiometria da reação é de 1:1, ou seja, 1 mol de ácido salicílico gera 1


mol de salicilato de etila, pode- se encontrar, através de uma Regra de Três Simples, o
número de mols de salicilato de etila. Portanto, tem-se que:

1 mol de C7H6O3 1 mol de C8H8O3

0,0199 mols de C7H6O3 𝑛𝐶8 𝐻8 𝑂3

𝑛𝐶8 𝐻8 𝑂3 = 0,0199 𝑚𝑜𝑙𝑠 𝑑𝑒 𝐶8 𝐻8 𝑂3

Esse resultado implica que, a partir de 0,0199 mols de ácido salicílico são
produzidos 0,0199 mols de salicilato de etila.

Rearranjando a equação do número de mols, do conhecimento da massa molar do


salicilato de etila (𝑀𝑀𝐶8 𝐻8 𝑂3 ), 166,17 g/mol, e de seu número de mols (, pode-se obter a
massa teórica do mesmo. Assim:

𝑚 𝑔
𝑛= 𝑚𝐶8 𝐻8 𝑂3 = 𝑛𝐶8 𝐻8 𝑂3 ∙ 𝑀𝑀𝐶8 𝐻8 𝑂3 𝑚 = 0,0199 𝑚𝑜𝑙𝑠 ∙ 166,17 𝑚𝑜𝑙𝑠
𝑀𝑀

𝑚𝐶8 𝐻8 𝑂3 = 3,3067 𝑔 𝑑𝑒 𝑠𝑎𝑙𝑖𝑐𝑖𝑙𝑎𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑒𝑡𝑖𝑙𝑎

A massa de salicilato de etila obtida experimentalmente (𝑚𝑒𝑥𝑝 ) foi de 2,457 g.


Como a massa teórica calculada (𝑚𝑡𝑒ó𝑟 ) foi de 3,3067 g, o rendimento da síntese pôde
ser calculado pela equação:

10
𝑚𝑒𝑥𝑝
Ƞ= ∙ 100%
𝑚𝑡𝑒ó𝑟

O rendimento calculado foi de aproximadamente 74,3%, portanto, apresentando-


se um valor consideravelmente bom, do aproveitamento da síntese, que aproximou-se
da massa esperada.

6. CONCLUSÃO

A partir da síntese do salicilato de etila foi possível compreender as etapas do


mecanismo de substituição nucleofílica acílica, bem como as necessidades para que a
esterificação do ácido salicílico com etanol seja concretizada, tais como condições
drásticas de aquecimento, utilização de catalisador, e também do etanol em excesso para
formar o produto desejado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARANDA, D. A. G. et al. The use of acids, niobium oxide, and zeolite catalysts for
esterification reactions. Journal Physical Organic Chemistry, London, v.22, n. 7, p.
709-716, July 2009.
OLIVEIRA, J.F.G. et al. Biodiesel production from waste coconutoil by esterification
with etanol: the effect of water removal by adsorption. Renewable Energy, Oxford, v.
35, n. 4, p. 2581-2584, Nov. 2010.
OTERA, J. In search of practical esterification. Angewandte Chemie International
Edition, Weinheim, v. 40, n. 11, p. 2044-2045, June 2001.
RAMESH, S.; PRAKASH, B.S.; BHAT, J. Y.S. Enhancing Brønsted acid site activity
of ion exchanged montmorillonite by microwave irradiation for ester synthesis. Applied
Clay Science, Amsterdam, v.48, n.1, p. 159-163, Mar. 2010.
SOLOMONS, T. W . Graham; FRYHLE, Craig B. Organic Chemistry, 10ª edition.
Editora Whiley. 2011.
VIEIRA, Sara Sileira. Produção de Biodiesel via Esterificação de Ácidos Graxos
Livres Utilizando Catalisadores Heterogêneos Ácidos. 2011. 118 f. Dissertação
(Mestrado) - Curso de Agroquímica, Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2011.

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