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A COERENCIA TEXTUAL INGEDORE G. VILLACA KOCH LUIZ CARLOS TRAVAGLIA Ae} editoracontexto Dor A Grepo 2 le, is 2. CONCEITO DE COERENCIA O QUE E COERENCIA Dificilmente se = poderd dizer 0 que é coeréncia apenas através cito, por isso vamos defini-la através da apresentagao 4 de varios aspectos e/ou tracos que, em seu conjunto, permitem perceber 0 que esse termo significa. es Ja deve ter ficado claro no capitulo 1 que a coeréncia ° esté diretamente ligada & possibilidade de se estabelecer um sentido para o texto, ou seja,(ela € 0 que faz com que 0 texto) SS) (aga sentido para os usuarios) devendo, portanto, ser entendida 3. como um principio de interpretabilidade) ligada & inteligibili> ~~ | ‘dade do texto numa situagao de comunicacao e & capacidade que 0 receptor tem para calcular o sentido deste texto. Este sentido, evidentemente, deve ser do todo, pois a coeréncia € : global. E por isso que uma sequéncia como a do exemplo (1) € vista como incoerente, pois, apesar de cada uma de suas partes ter sentido (“Maria tinha lavado a roupa quando chegamos” e “ainda estava lavando a roupa”), parece dificil ou impossivel, em fungao da especificidade de valor das formas lingu(sticas uciliza- das, estabelecer um sentido unitério para o todo da sequéncia. Portanto, para haver coeréncia € preciso que haja possibilidade de estabelecer no. texto al entre seus elementos. Em (1) no se pode relac das duas oragbes, porque a conexao estabel teddo das duas pelo “mas” resulta impossivel semanticam Smo vimos, nos exemplos (4), (5); (7) € (9), Gpesar das caractriaticas diversas"dos textos; sempre se pode iEibelecer um sentido unitdrio global para cada texto. Esta Gnidade resulta numa forma de organizacio superior (conforme diz Franck, 1980) que relaciona os elementos entre si. Vejamos mais alguns exemplos. jente. ‘Ao contratio, & (13) Lista de convidados para festa do meu aniversirio ~ Joio da Silva — José Gregério e esposa — Alberto D'Onofrio — Tereza Mardin ¢ noivo = Ceellia Machado —Tios, tias ¢ primos — Meus irmaos. Aqui a sequéncia de nomes seria um amontoado aleatério) se nao censtivusse uma lista de convidados para uma festa 0 495) 0s relaciona, criando uma unidade. oe (14) Tiste poema para uma mulher erianca. Uso Giorget- ae rina de humor bandido. Premiaséo. ‘Flores wsnanimidadle. © arraso de Magic Slim. Tite de entre t Tambémem rénciasaté quea tltima sequen rodos (15) ‘em nova fase cant? autores s Diana Pequeno os. Diana Peavey eco-6pera de Philip Glass do wiplas feitas © aesfeitas. Retratos de Chet quan’ jena "yaguda inceligencia trabalha jovem. Ney Marogrosso> ‘o bem sempre tr sedia a cabegaAutor que se pet Reflexos de Séo Paulo cm as das matérias do Caderno “Paulo”, hoje, 20/06/89. ao vivo. Quando Romances do tempo em que inspirou Machado. “Amscerda. Estas so alt 2de. “Q Estado de Sao. (14) oexto parece um conjuunto aleatério derefe- va possbilita estabelecer uma relagse Tee anciados anteriores, unificando-os mum SO sentido. ‘AFterna Imprecisio de Linguagem ‘Carlos Drummond de Andrade = Que pio! Dec emel de agicar? de 16? de 16 de mico? de rigo? _Pohg? de mistura? de rapa? de saruga? desoborralho? > aloe anjos? brasileiro? francés? italiano? alemao? $ de forma? de bugio? de porco? de galinha? de imo? bento? branco? dormido? segundo? nosso de cada que o diabo amassou? doc dod passaros? de minuto? azil duro? sabido? saloio? seco? dia? ganho com o suor do rosto? —Uma uva! Branca? preta? cinta? moscatel? isa tussina? mijona gorda? brava? bastard? rara? de galo? de cao? de cio menor? do monte? da serra? do mato? de mato grosso? de facho? de gentio? de joao pais? do » do inverno? do inferno? de praia? de rei? verde da nasciment de obé? da promissio? da promisséo roxa? fabula de La Fontaine? espim? do diabo? 2B

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