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Comparação Dos Indicadores Contábeis Das Empresas Com Ações Listadas No Índice de Outras PDF
Comparação Dos Indicadores Contábeis Das Empresas Com Ações Listadas No Índice de Outras PDF
AUTORES
Abstract
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Ao se falar sobre ISE, não se pode deixar de pensar na efetivação das informações
referentes à sustentabilidade. Silva et al (2009), em seu estudo, analisaram as informações
relacionadas à gestão ambiental mais evidenciadas nos relatórios de administração e notas
explicativas das empresas que compõem o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE). A
amostra constitui-se de todas as empresas que compuseram o ISE 2009/2010 da Bovespa,
totalizando 29 empresas. Constataram-se nas análises realizadas que a evidenciação ambiental
se destacou em 128 observações, que correspondem a 12% do total possível de evidenciação
ambiental com base no modelo proposto. Ressalta-se ainda que as informações de gestão
ambiental mais evidenciadas se referiam a “resíduos” e a “energia”; porém, por serem
empresas que fazem parte de um índice que considera questões ambientais na escolha das
empresas participantes, compreende-se que a evidenciação de informações de gestão
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ambiental deveria ser mais comumente explicitada nos relatórios, que servem como fontes de
informação na tomada de decisão dos diversos usuários.
Gallon e Ensslin (2007) examinaram o conteúdo da evidenciação dos elementos
que se configuram como os pilares do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), nos
Relatórios da Administração (RA), do período de 2000 a 2006, das 34 companhias abertas
que compõem a carteira teórica anual de dezembro/2006 a novembro/2007 do ISE, por meio
da técnica da análise de conteúdo e análise de cluster. Os resultados do estudo referente à
análise de conteúdo demonstraram: independentemente do elemento evidenciado, os RAs
analisados apresentam maior evidenciação declarativa, seguida da quantitativa não monetária;
há um equilíbrio entre a evidenciação dos elementos relacionados à sustentabilidade
empresarial, sendo o elemento “empregados e fornecedores” o mais evidenciado, em oposição
ao elemento “governança corporativa”, que teve menor evidenciação. Os resultados do estudo
referente à análise de cluster demonstraram: a maioria das empresas classificou-se no cluster
“evidenciação moderada”, representando 62,96% das empresas analisadas; sete empresas
(25,93%) classificaram-se no cluster “evidenciação baixa”, e apenas três empresas no cluster
“evidenciação elevada”. Em termos gerais, as empresas não demonstram um nível alto de
evidenciação de suas práticas sustentáveis, não havendo, aparentemente, relação entre o nível
de evidenciação e o setor de aplicação das empresas que compõem a carteira atual do ISE da
Bovespa.
Ainda tratando de evidenciação, Souza, Rásia e Jacques (2010) analisaram as
informações ambientais que são evidenciadas nas empresas participantes do Índice de
Sustentabilidade Empresarial (ISE) da Bovespa, nos segmentos de Energia Elétrica, Química
e Siderurgia e Metalurgia, nos períodos de 2007 e 2008. As análises das demonstrações
contábeis publicadas pelas 13 empresas pesquisadas tiveram a finalidade de verificar quais
informações ambientais são evidenciadas e de que forma são apresentadas. Os principais
resultados indicaram que o Balanço Social é utilizado por todas as empresas para divulgação
de seus gastos ambientais, apresentando indicadores específicos. O Relatório de
Administração aparece logo após, utilizado pela maioria das empresas também para este fim.
Já, as Notas Explicativas são utilizadas por apenas uma terça parte das empresas. Apesar da
evidenciação do envolvimento das empresas, observa-se que a utilização de indicadores
ambientais ainda é pouco explorada nesses segmentos empresariais.
Ao entrar para o ISE, espera-se que as ações tenham um desempenho superior, e
que esta entrada tenha um efeito positivo perante o mercado. Silva, Coelho e Luz (2008)
investigaram se o mercado acionário brasileiro, ao tomar conhecimento da entrada de uma
empresa para o ISE, precifica positivamente as ações dessas empresas. Em outras palavras, se
as ações de empresas sustentáveis valem mais que as de empresas não sustentáveis no Brasil.
Em sentido contrário, investigou-se, também, se a divulgação da saída da carteira do ISE
provocaria um efeito negativo nos preços dessas ações. Para examinar o problema, esta
pesquisa utilizou a metodologia de estudo de eventos, buscando identificar a ocorrência de
retornos anormais significativos após a divulgação da entrada ou da saída da empresa na
carteira do ISE. De acordo com os resultados observados nesse trabalho, ainda não se
confirmaram, no mercado acionário brasileiro, as expectativas de valorização das ações das
empresas sustentáveis. Contudo, o presente trabalho também não encontrou evidências de que
essas empresas estejam sendo desvalorizadas pelo mercado, conforme sugere a “teoria dos
shareholders”.
Luz (2009) estudou o impacto sobre os preços das ações e dos ADRs das
empresas que entraram ou que saíram do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) no
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mercado acionário brasileiro e norte-americano, e nos pregões próximos à data de divulgação
da carteira do índice. Para isso, foi utilizada a metodologia de estudo de eventos em uma
análise comparativa dos retornos antes e depois do anúncio e da regressão multivariada com
dados em painel em uma análise agregada que inclui também empresas não pertencentes ao
ISE. De acordo com os resultados observados, concluiu-se que: as ações das empresas que
entraram para o ISE se valorizaram, assim como as que saíram do índice se desvalorizaram,
nos pregões próximos ao anúncio da carteira; a valorização na entrada ou a desvalorização na
saída foi maior no mercado norte-americano; a valorização obtida na entrada é maior que a
desvalorização obtida na saída; o impacto sobre o preço das ações foi observado mais
rapidamente no mercado norte-americano que no brasileiro; das empresas sustentáveis, as
pertencentes ao setor de commodities apresentaram o menor retorno em relação às empresas
dos demais setores.
Pascuotte (2012) analisou se os ativos incluídos no ISE (Índice de
Sustentabilidade Empresarial) apresentaram retorno anormal próximo ou posterior à data do
evento. Foram analisadas as ações ingressantes no ISE, no período de 2005 a 2011, no total de
62 empresas. Para cada ativo, foi testado o retorno anormal a fim de verificar se foi positivo
ou negativo e avaliar desse modo a eficiência de mercado. Foi utilizado, como janela de teste,
10 dias anteriores e 10 dias posteriores ao anúncio do evento através do modelo de mercado.
Nas análises realizadas, verificou-se retorno anormal na prévia posterior ao evento para todos
os ativos que fizeram parte da carteira em um determinado momento; no entanto, quando
testados aleatoriamente após o evento, não se observa um efeito duradouro destes retornos, e
o valor do ativo volta novamente a ser influenciado por fatores externos.
Ainda com relação ao efeito da entrada de uma empresa para o ISE, Caparelli
(2010) investigou se a entrada de uma empresa no ISE agrega valor ao acionista. Os
resultados encontrados indicam que as companhias que foram anunciadas como participantes
do ISE conseguem obter retornos anormais acumulados positivos, estatisticamente
significantes, em janelas próximas ao anúncio da nova carteira, quando comparadas com as
empresas de um grupo controle. Estes resultados podem servir de apoio para os processos de
tomada de decisão dos gestores das companhias e no estabelecimento de políticas
relacionadas às práticas de sustentabilidade nas organizações.
Fundamentado na teoria dos stakeholders e na hipótese de eficiência de mercado,
Machado, Machado e Corrar (2009) averiguaram se a rentabilidade média do Índice de
Sustentabilidade Empresarial (ISE) é estatisticamente igual à rentabilidade dos demais índices
da Bovespa, no período de dezembro de 2009 a novembro de 2007. Para atingir o objetivo
proposto, foram utilizados testes paramétrico e não paramétrico, concluindo não haver
diferença significativa entre o ISE e os demais índices da Bovespa; no entanto, os autores
afirmam que o resultado apresentado não pode levar à conclusão de que investimentos
socialmente responsáveis apresentam o mesmo retorno de investimentos que não adotam
postura idêntica, mas que o retorno médio dos índices é semelhante, uma vez que um número
relevante de empresas compõe simultaneamente mais de um índice.
Cavalcante, Bruni e Costa (2009) confrontaram o desempenho da carteira teórica
formada pelas ações que compõem o ISE com o desempenho das carteiras teóricas que
formam o Índice Bovespa (Ibovespa) e o Índice Brasil (IBrX). Foram empregadas as séries de
dados divulgados pela Bovespa e, no caso, do ISE, adicionalmente, retroagiu-se o índice para
o período anterior a sua criação usando uma carteira de referência. Do ponto de vista
metodológico, o trabalho apoia-se (a) na comparação dos retornos acumulados, retornos
médios e desvios padrão do ISE, do Ibovespa e IBrX ao longo de 345 pregões distribuídos em
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torno da data de criação do índice; e (b) nos testes de estacionariedade das séries que
relacionam o ISE ao Ibovespa e o ISE ao IBrX. Tendo em vista a elevada participação de
instituições financeiras na composição do ISE, comparou-se também o desempenho desse
indicador excluindo essas instituições de sua carteira de referência. Os principais resultados
são: (a) não há evidências de um desempenho superior do ISE no período posterior a sua
criação; (b) há, porém, indicações de que as carteiras retroagidas do ISE apresentaram melhor
desempenho no período anterior à criação do índice, sugerindo que a precificação teria
ocorrido antes de sua divulgação oficial; (c) ainda assim, não foi possível identificar um
momento específico que marcasse a elevação percebida nos preços; e (d) grande parte do
melhor desempenho obtido pelo ISE no período que antecede sua criação pode ser creditado
ao desempenho das instituições financeiras que o compõem.
Já pensando na forma de financiamento das empresas listadas no ISE, e também
no risco das ações destas empresas, Teixeira, Nossa e Funchal (2011) investigaram em seu
estudo se a forma de financiamento das empresas é afetada pela participação das firmas no
Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE); também foi analisada a relação entre o ISE e o
risco. Os resultados indicaram, estatisticamente, que empresas com Responsabilidade Social
Corporativa (RSC) tiveram uma relação negativa com o endividamento e o risco, quando
comparadas com aquelas que não sinalizam; ou seja, os índices de sustentabilidade são um
canal crível de informação do comprometimento da empresa com a RSC.
Nogueira e Gomes (2012) analisaram o desempenho do ISE no que se refere ao
seu retorno e risco, comparando-o ainda com os resultados dos demais índices da Bovespa.
Foi realizada uma pesquisa exploratória com dados secundários, onde os índices foram
analisados e utilizou-se do Índice de Sharpe como ferramenta para avaliação da eficiência dos
índices de ações. Observou-se que os resultados foram semelhantes e o ISE superou os
resultados de alguns dos demais índices da Bovespa, de forma que o investimento no ISE se
mostra válido tendo em vista seu desempenho histórico.
Também tratando de risco, Cavalcanti e Boente (2012) investigaram a relação de
risco e retorno das empresas integrantes do ISE no período de 2008 a 2010, verificando se
elas apresentaram retornos médios maiores e riscos sistêmicos menores. Os resultados
encontrados sugerem que a diferença dos retornos médios e dos riscos sistêmicos da amostra,
comparados aos valores de um grupo controle pares a ela, não foram significativas, portanto
as empresas listadas no ISE não ofereceram vantagens relevantes em nenhum período
analisado.
Para verificar se a responsabilidade social corporativa aumenta o valor da empresa
e o retorno do acionista no mercado brasileiro, Tavares (2011) analisou as empresas listadas
na BM&FBovespa de 2005 a 2010, por meio de duas metodologias alternativas: regressões
em painel e estudo de eventos. Os resultados dos painéis indicaram que empresas listadas no
Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da BM&FBovespa possuem maior price-to-
book quando comparados com as empresas não listadas no ISE. O estudo de eventos revela
que as empresas que saem do ISE apresentam retornos anormais negativos; por outro lado,
empresas que entrem no ISE apresentam retornos anormais positivos, embora os resultados
não sejam estatisticamente significantes.
Com o propósito de analisar os fatores que influenciam o desempenho financeiro
e a estrutura de capital das empresas que atendem às premissas do ISE da BM&FBovespa,
Santos e Rodrigues (2012) tomaram como amostra os dados financeiros de trinta e duas (32)
empresas listadas no ISE, nos anos de 2009 e 2010, e, então, foram construídos três modelos
3 METODOLOGIA
Trata-se de um estudo de natureza exploratória e perspectiva quantitativa
descritiva, no qual foram comparados indicadores de mercado e contábeis, e o retorno das
ações das empresas listadas no ISE, em relação às demais empresas listadas na Bovespa, entre
os anos de 2006 e 2012. As informações foram colhidas na base de dados Economática. Os
índices que foram analisados, encontram-se na Figura 1:
1
Sendo: P1 = preço de fechamento no ano referência; div1 = dividendos relativos ao ano referência; P0 = preço
de fechamento no ano anterior. AC = Ativo Circulante; PC = Passivo Circulante; LL = Lucro Líquido; AT =
Ativo Total; PL = Patrimônio Líquido; CT = Capital de Terceiros.
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populações. Quanto aos testes de desempenho médio, foram formuladas e testadas as
seguintes hipóteses, constantes na Figura 2:
Figura 2 - Hipóteses
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A conclusão dos testes foi baseada em duas ferramentas inferenciais: Intervalo de
Confiança para a média e p-valor. Para o Intervalo de Confiança foi considerado um
coeficiente de confiança de 95%, e o p-valor será comparado com um nível de significância
de 5%.
Nas figuras constam, em cada ano analisado, um par de barras com comprimento
proporcional ao erro amostral da média, dada pelo ponto médio da barra. Quanto mais
próximas entre si estão as barras maior a probabilidade de que as médias de Outros e ISE
sejam semelhantes, e vice versa. Os resultados para cada variável analisada são apresentados a
seguir.
Como já era esperado, em todos os testes para esta variável a Hipótese Nula foi
rejeitada, isso é, considerando um nível de significância de 0,05 e os resultados do teste e da
Figura 5, nos anos analisados a Rentabilidade do Ativo média foi maior para o ISE em
comparação a Outros, ou seja, pode-se inferir que a Rentabilidade do Ativo é maior para o
ISE.
Já, a Tabela 4, contém o p-valor resultante dos Testes de Hipóteses realizados para
cada ano bem como a conclusão para tais testes.
5 CONCLUSÕES
Os resultados apontam para o fato de que as empresas consideradas mais
sustentáveis apresentam desempenho superior em relação às demais; no que se refere a alguns
indicadores contábeis: retorno das ações; rentabilidade do ativo; rentabilidade do patrimônio
líquido; e composição do endividamento; essas decorrências podem corroborar com as teorias
que afirmam que empresas socialmente responsáveis, com uma boa cidadania corporativa e
comprometidas com a sustentabilidade, são as que tenderão a se manter no mercado.
Inclusive, a entrada de uma organização para o Índice de Sustentabilidade Empresarial tende a
ser bem recebida pelo mercado; assim, esses fatores também podem ter influenciado no
desempenho das companhias que compõem o ISE.
O ano de 2008 se mostrou atípico para alguns indicadores: notam-se, aqui, os
efeitos da crise mundial que se iniciou, e teve seu ápice, naquele ano. Rentabilidade do
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, F. J. R. 2007. Ética e Desempenho Social das Organizações: um Modelo Teórico
de Análise dos Fatores Culturais e Contextuais. Revista de Administração Contemporânea,
11(3), p. 105-125.
IUDÍCIBUS, S. et al. 2001. Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações. São Paulo:
Atlas.
SILVA, J. O.; ROCHA, I.; WIENHAGE, P.; RAUSCH, R. B. 2009. Gestão ambiental: uma
análise da evidenciação das empresas que compõem o Índice de Sustentabilidade Empresarial
(ISE). Revista de Gestão Social e Ambiental. 3(3), p. 56-71.