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Língua Portuguesa – 9º ano

Modelos de resenhas literárias

Obra: Memórias Póstumas de Brás Cubas

Autor: Machado de Assis

MODELO 1:

Fonte: https://geekiegames.geekie.com.br/blog/memorias-postumas-de-bras-cubas-resumo-analise/ (Acesso em


17/05/2019)

Memórias Póstumas de Brás Cubas - Resumo e análise


Memórias Póstumas de Brás Cubas é o maior clássico da literatura realista de língua
portuguesa. Publicado em 1881, este livro marca o início oficial do realismo no Brasil e ainda
serve de divisão na obra do seu autor, Machado de Assis, marcando o início da fase mais madura
e qualificada deste escritor.
Contexto histórico de Memórias Póstumas de Brás Cubas
Memórias Póstumas de Brás Cubas foi a obra que inaugurou o período realista da
literatura brasileira. A estética realista-naturalista predominou na segunda metade do século XIX.
Após a euforia romântica idealista do início, o século XIX retomava uma visão de mundo baseada
na razão e na observação objetiva da natureza. O cientificismo dominava as filosofias deste
período, marcado por avanços tecnológicos e urbanização acelerada.
Na literatura, a tendência romântica de exaltação nacionalista da primeira metade do
século era substituída por uma produção artística que se propunha a mostrar a realidade sem
fantasias, buscando explicações científicas para o comportamento social e psicológico das
pessoas.
Surgem então dois tipos de narrativas: o romance social, também chamado de romance
naturalista, que analisava predominantemente o comportamento dos indivíduos em seu convívio
na sociedade, e o romance psicológico, também chamado de romance realista, que analisava
prioritariamente as contradições e angústias internas dos indivíduos. Embora todos os romances
da época apresentassem características dos dois tipos de análise, sempre é possível determinar
qual delas (social ou psicológica) prevalece.
Memórias Póstumas de Brás Cubas é uma narrativa onde predomina a análise psicológica
das personagens, caracterizando-se, portanto, como romance realista.
Resumo do enredo
Memórias Póstumas é uma narrativa confusa e sem linearidade. O personagem principal,
como sugere o título, resolve, depois de morto, contar a história da sua vida através de uma
seleção dos episódios mais relevantes, desde o seu nascimento até a sua morte. Essa narrativa
não segue, porém, nenhuma sequência cronológica. Ele inicia pelo seu delírio e morte, depois
conta o seu nascimento e vai alternando, sem qualquer critério lógico, episódios de diversas fases
da sua vida, sempre com uma alta dose de humor e visão pessimista.
Brás Cubas nasceu em uma família rica e proprietária, o que lhe possibilitou nunca precisar
“comprar o pão com o suor do seu rosto”. Na infância, foi um menino endiabrado. Protegido pela
conivência paternal, maltratava os escravos, aprontava com as visitas e desrespeitava os adultos.
Na adolescência, envolveu-se com uma prostituta que o explorou por vários meses, mas
que ele, em sua narrativa, resume na famosa frase: “Marcela amou-me durante quinze meses e
onze contos de réis”
Foi mandado pelo pai à Europa para estudar e esquecer Marcela. Nunca levou os estudos
a sério. De volta ao Brasil, conheceu Eugênia, moça bonita e romântica, filha de uma amiga da
sua mãe. Brás Cubas lembra de que, quando criança, flagrara, durante uma festa na casa do pai,
a mãe de Eugênia beijando um homem casado atrás de uma moita. Como Eugênia não tinha pai
declarado, dá-lhe o apelido irônico de “flor-da-moita”. Mesmo sabendo que o pai jamais permitiria
que ele se casasse com uma moça pobre e filha de mãe solteira, seduz Eugênia e chega a
conquistar um beijo dela. Porém, quando descobre que ela é “coxa de nascença”, ou seja, possui
uma perna mais curta que a outra, foge, apavorado com a ideia de passar pelo ridículo de casar
com uma mulher coxa.
O Pai de Brás Cubas tem o sonho de vê-lo exercendo o cargo de ministro. Para isso,
arranja-lhe como noiva Virgília, filha de um figurão da sociedade que facilitará a carreira política
do genro. Brás Cubas mostra-se, no entanto, tão apático e incompetente, que acaba perdendo “a
noiva e o cargo” para Lobo Neves, um homem arrojado que ele próprio compara com uma águia.
Algum tempo depois, Brás Cubas reencontra Virgília, já casada com Lobo Neves. Desse encontro
nasce uma paixão e os dois viram amantes. Virgília é uma mulher ambiciosa e não pretende abrir
mão do prestígio social que seu marido lhe proporciona. Assim, durante anos, eles vivem um
amor adúltero que só acaba quando Lobo Neves é nomeado governador de uma província
e Virgília muda-se para longe do Rio de Janeiro.
Brás Cubas vai envelhecendo solitário e sem ter feito nada de relevante na vida. Com a
ajuda da irmã, ainda faz uma última tentativa de casar-se e ter filhos. Fica noivo de Eulália, moça
pobre e sobrinha do cunhado Cotrim. A moça, porém, adoece e morre antes do casamento.
Assim, Brás Cubas chega ao final da vida sem ter constituído uma família, sem filhos que dessem
prosseguimento ao seu nome e sem ter produzido absolutamente nada que fizesse as pessoas
lembrarem dele após a morte. No último capítulo, ironiza seus fracassos afirmando que a vida é
mesmo uma miséria e não vale a pena perpetuá-la através dos filhos.
O foco narrativo de Memórias Póstumas
A narrativa é realizada em primeira pessoa, ou seja, há um narrador personagem que é
também o protagonista da história. Como Brás Cubas está contando a sua própria história, ele é o
que chamamos de “narrador não confiável”. Todos os fatos e demais personagens nos são
apresentados a partir de sua ótica pessoal e subjetiva.
Se o leitor não ficar atento, pode terminar a leitura do livro com uma visão positiva do
protagonista. Uma leitura cuidadosa, no entanto, mostra que Brás Cubas é um boa vida,
arrogante e incompetente, membro de uma elite endinheirada e improdutiva. Essa situação
privilegiada permite que Brás Cubas deboche da sociedade e seus membros com uma ironia
sarcástica que não poupa ninguém.
A característica mais marcante deste livro é o pessimismo. Tudo é analisado a partir de
uma visão negativa, seja em relação ao comportamento social ou aos dramas psicológicos das
personagens.
No entanto, esta visão pessimista fica, muitas vezes, disfarçada ou escondida sob a
presença marcante do humor, principalmente a ironia. A observação dessa
dicotomia pessimismo e humor é a principal chave para uma leitura compreensiva desse
clássico da literatura brasileira.

Análise da obra de Machado de Assis


Machado de Assis é considerado, pela crítica especializada, o maior escritor brasileiro de
todos os tempos. Sua obra extrapolou os limites do seu tempo e da estética realista e antecipou a
Modernidade.
Em Memórias Póstumas de Brás Cubas, temos a presença de um “defunto autor”. O
narrador protagonista está contando sua vida após ter morrido. Isso rompe com a proposta
“realista” do período. Além disso, os capítulos curtos, capítulos formados por pontos,
exclamações e interrogações e capítulos em branco, antecipam a irreverência própria da narrativa
moderna.
A característica mais marcante do estilo machadiano é a digressão. A narrativa de
Machado de Assis é constantemente interrompida por comentários metalinguísticos,
intertextualidades, histórias paralelas e, principalmente, análises filosóficas da sociedade e do
indivíduo. Isso faz com que seus enredos fiquem sempre fragmentados e embaralhados. Essa
dificuldade de leitura, no entanto, é compensada pelo humor inteligente e pela estrutura dinâmica
e moderna de seus livros.

MODELO 2:
FONTE: https://daliteratura.wordpress.com/2014/09/03/resenha-memorias-postumas-de-bras-cubas-machado-
de-assis/ (acesso em 17/05/2019)

[Resenha] Memórias Póstumas de Brás Cubas – Machado de Assis

Livro: Memórias Póstumas de Brás Cubas


Ano: 1881
Edição: 2008
Editora: L&PM
Páginas: 216

Memórias Póstumas de Brás Cubas é um famoso romance machadiano, que como o


próprio nome sugere, conta a história de um defunto autor (e não de um autor defunto, como o
próprio Brás Cubas faz questão de enfatizar no início da obra) que narra a sua vida: seus amores,
aventuras, frustrações.
Brás Cubas é um personagem que nos é apresentado na infância como um menino muito
levado, denominado de “menino diabo”. Comprova-se o valor desse carinhoso apelido quando o
“menino diabo” descobre o romance secreto entre dona Eusébia e o Dr. Vilaça e revela-o a todos.
Na juventude Brás Cubas nos narra sua paixão avassaladora pela prostituta Marcela e na sua
maturidade ele vive um grande amor com Virgília, que era esposa de seu amigo Lobo Neves e, é
nessa fase também, que o narrador/personagem conta-nos seu fracasso na carreira política. Esse
é um pequeno resumo do que o leitor irá encontrar nesse romance.
Considero que o sucesso de Memórias Póstumas de Brás Cubas é resultado de vários
fatores, mas destaco que primeiramente deve-se ao brilhante texto, sendo que não poderia ser
diferente tratando-se de Machado de Assis, e também por ter como personagem um homem de
“verdade”, falo no sentido de Brás Cubas não ser um homem “bonzinho” e sim ter atitudes e
vivências naturalmente humanas, como se pode observar na síntese da obra apresentada no
parágrafo anterior.
Ressalto que o livro não é de fácil leitura, pois se tratando de um texto escrito no século
XIX tem um vocabulário característico da época, além de metáforas e intertextos, por exemplo,
quando é citado Hamlet, As Mil e Uma Noites e outras obras, que exigem do leitor um pré-
conhecimento das mesmas para que se possa entender a mensagem que o autor quis passar.
Mas independente da dificuldade que se tem para entender a obra de início, com o avançar das
páginas a leitura vai ficando mais tranquila de ser compreendida e também divertida, pois é um
texto carregado de ironias.
Finalizo com um trecho em que Brás Cubas deixa claro que se o leitor não gostar do livro,
a culpa não é do autor e sim de quem lê a obra:
.
“Começo a arrepender-me deste livro. Não que ele me canse; eu não tenho que fazer; e,
realmente, expedir alguns magros capítulos para esse mundo sempre é tarefa que distrai um
pouco da eternidade. Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica;
vício grave e, aliás, ínfimo, porque o maior defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens pressa de
envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direta e nutrida, o estilo regular e fluente,
e este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à esquerda, andam e param,
resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem…” (Cap. LXXI).

Escrito por: Susane Carvalho

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