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4,50 no bolso, pego o taxi lotação na Afonso Pena.

O deslocamento é um tanto drástico, sair


de um bairro da zona Sul e colocar seu corpo em meio ao caos do centro (sentido + -) , ao
menos para mim, é um grande exercício, envolve muitas trocas. Chegar ao centro já sabendo
que iria me dedicar a uma etnografia me trouxe uma outra sensação, sei lá, já estava em outro
estado de concentração desde que desci do carro. As peculiaridades das pessoas me
ressaltavam ainda mais que o normal.

Chego ao local: Rua dos carijós, entre afonso pena e rua São Paulo. Esse quarteirão fechado,
especificamente, é um lugar muito peculiar do Centro pois não é somente um ponto de
passagem e com lojas. Ali se concentram dos mais diversos grupos de pessoas (UAI) : dentre
eles ambulantes e camelôs, negociantes de ouro, vendedores de fotos 3x4, moradores de rua,
artistas de rua e os jogadores de dama e xadrez. São 14 horas e o local onde se concentram os
jogadores ainda está um pouco vazio, há 4 mesas em atividade (3 de dama e 1 de xadrez). Me
aproximo com certa cautela e logo percebo que minha etnografia se trata de uma etnografia
bastante silenciosa. O exercício de observar irá me acompanhar em grande parte de minha
pesquisa. Prefiro não me inserir como jogador em meu primeiro dia de pesquisa.

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