Espero e temo, quero e aborreço; Juntamente me alegro e entristeço; De uma coisa confio e desconfio.
Voo sem asas; estou cego e guio;
E no que valho mais menos mereço. Calo e dou vozes, falo e emudeço, Nada me contradiz, e eu aporfio¹. 1- discutir
Queria, se ser pudesse, o impossível;
Queria poder mudar-me e estar quedo²; 2- estar parado Usar de liberdade e estar cativo³; 3- estar preso
Queria que visto fosse e invisível;
Queira desenredar-me e mais me enredo 4: 4- enredar= embaralhar Tais os extremos em que triste vivo!
Se o soneto (o de nº 6) é clássico, este é um grande exemplo de um maneirista. Veja
que, em todos os versos, as contradições (paradoxos) se anunciam e isso mostre um embate entre o período clássico, em que a razão, a harmonia, o equilíbrio, a ordem são características de uma época em que o homem estava no centro (Antropocentrismo) e o período maneirista, que revela a crise da épocas das conquistas humanas. Resumidamente, a crise do período renascentista (clássico).
Como exemplo do que foi dito acima, tomemos a 3ª estrofe:
Queria, se ser pudesse, o impossível ; PODER X IMPOSSIBILIDADE
Queria poder mudar-me e estar quedo; MUDANÇA X ESTAGNAÇÃO Usar de liberdade e estar cativo; LIBERDADE X PRISÃO
No último verso do poema deixa explicitamente o estado em que se encontra: Tais os