Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Scheff A Vergonha No Self e Na Sociedade RBSE v12 N 35 p.656 686 2013 PDF
Scheff A Vergonha No Self e Na Sociedade RBSE v12 N 35 p.656 686 2013 PDF
Vergonha no self e
na sociedade. RBSE – Revista Brasileira de Sociologia da Emoção, v. 12, n. 35, pp. 656-686,
Agosto de 2013. ISSN 1676-8965.
TRADUÇÃO
http://www.cchla.ufpb.br/rbse/Index.html
Vergonha no Self e na
1
Sociedade
Thomas J. Scheff
[Tradução de Mauro Guilherme Pinheiro Koury]
Recebido em 11.05.2013
Aprovado em 15.05.2013
Resumo: Embora a vergonha possa ser a emoção principal da vida diária, ela
ainda se encontra geralmente invisível nas sociedades modernas por causa de
um tabu. Evidências de um tabu são sugeridas através de uma revisão de
656
65
estudos sobre a vergonha. Os trabalhos sobre a vergonha escritos por Cooley,
Freud, Elias, Lynd, Goffman, Lewis e Tomkins tem sido largamente
ignorados. Estes trabalhos estabelecem uma conexão vital entre a vergonha e a 6
vida social: a vergonha pode ser vista como um sinal de ameaça ao vínculo
social. Se assim for, para a compreensão da vergonha é necessário o estudo dos
sistemas sociais. O tabu sobre a vergonha ainda é evidente e ocupa um lugar
destacado na língua inglesa: o uso atual deste conceito no inglês, em grande
parte, atribui um significado singular à vergonha, que é, ao mesmo tempo, vivo
e estreito. Esta acepção ofende e afronta, por um lado, e, por outro lado, não
compreende a função cotidiana da emoção vergonha na vida social. Talvez
este problema possa ser abordado, como nas sociedades tradicionais, através
do uso de um termo mais amplo, tal como constrangimento dos vínculos, ou
vergonha. Esse conceito pode conduzir a descoberta de um mundo emocional /
relacional.
1
Publicado com autorização expressa do autor, a quem a RBSE agradece.
2
Eu gostaria de reconhecer minha dívida com Kathy Charmaz e com os revisores que
ela escolheu. Seus comentários sobre o estilo e substância resultaram em uma
versão final, que é consideravelmente mais clara e mais ampla do que o projeto que
foi apresentado. Emoção tem sido reconhecida em sociologia como crucialmente
importante, mas a maioria das referências a ela é generalizada e vaga. Neste ensaio,
eu nomeio vergonha, especificamente, como a principal emoção social.
3
Partes desta seção e as seções seguintes modificam e expandem a tese de Scheff
(2000).
4
Uma exceção aparente, para o tabu de mencionar a vergonha, é a expressão
frequentemente utilizada "Que vergonha!". No entanto, esse uso não é uma exceção,
uma vez que é um formalismo, como o "Como vai você?". Assim, como a última
expressão, não é uma questão real, mas uma formalidade, é como a expressão "que
vergonha!". Não traduz uma referência real para a vergonha, já que possui um
significado que pode ser expresso, por exemplo, como "Que pena!".
5
Para o caso Maori, ver Metge (1986). A palavra Maori para a vergonha é o
equivalente exato das afetações vinculares, que irá ser discutida aqui.
6
Grifo do próprio autor – [nota do tradutor].
7
Do livro: Presentation of Self in Everyday Life (1959). [Traduzido para o português
com o título A representação do eu na vida cotidiana. Petrópolis: Vozes, 1985. Nota
do Tradutor].
9
Destaque do próprio autor [Nota do Tradutor].
10
Aparentemente Ekman (1998, p 38) mudou de idéia: "Eu não publiquei minhas
conclusões sobre a vergonha [que é universal], mas elas estão muito bem
documentadas no meu trabalho sobre a tribo Fore Sul de Papua, Nova Guiné [1967-
68]". Pergunta-se por que esses achados não o impediu de excluir a vergonha dos
testes sobre as emoções faciais que ele e Friesen (1972) desenvolveram, e, claro,
por que ele levou quase 30 anos para mencioná-los.
11
Shame, em inglês, nota do Tradutor.
12
Meu capítulo em Phillips, McKinnon e Scheff, (Editors, 2002) envolve uma análise
textual do diálogo dos homens da classe trabalhadora em Sennett e Cobb (1973), e
sobre os estudantes do ensino médio de classe trabalhadora em Willis (1977). Eu
mostro que o indicador vergonha é mais elevado no diálogo dos homens da classe
trabalhadora que no texto autoral, e para os estudantes da classe trabalhadora, os
indicadores vergonha e raiva são maiores.
13
A vergonha (Scham) também é mencionada repetidamente em Três Ensaios sobre
a Teoria da Sexualidade (1905). Mas, neste percurso, a vergonha perdeu a
preeminência que Freud tinha dado em1895. Agora ela é apresentada, apenas, como
uma das forças que inibem a sexualidade, junto com "nojo e moralidade".
14
UCI – University of Califórnia Irvine [Nota do Tradutor].
15
Traduzido para o português com o título: Os quadros da experiência social.
[Petrópolis: Vozes, 2012].
Nota do Tradutor.