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ORGANIZACAO DA EDUCAGAO NACIONAL: SISTEMA E CONSELHO NACIONAL DE EDUCACAO, PLANO E FORUM NACIONAL DE EDUCAGAO Deancevat Savant RESUMO: Este atsigo analia a organizasio da educagio nacional a partir da forma como esté disposta na atual i08, indicando os ele- mentor para a implantagio do Sistema Nacional de Educagio com sua instincia normativa e deliberativa representada pelo Conselho Nacional de Educa¢io, em articulagéo com o Plano Nacional de Educagio e com seu érgio de acompanhamenco e avaliagio consti- tuido pelo Férum Nacional de Educagio. Palaora-chave: Organizagio da educagio nacional. Sistema Nacional de Edueagio. Consclho Nacional de Edueagio, Plano Nacional de Educasia, Frum Nacional de Educagio, ORGANIZATION OF THE BRAZILIAN EDUCATION: NATIONAL EDUCATION, ABSTRACT: This paper analyses the organization of the Brazilian, ‘education ar established by the current 108 (Law of Basic Tenets and Guidelines of Brazilian Education), which points out ele- ment to implement the National Education System with its nor mative and deliberative body. the National Education Council, in line with the National Education Plan, and its monitoring agency, the National Education Forum, Key words: National education organization, Nasional Education, System, Nasional Education Council. National Plan for Education. National Education Forum, Dostor em Educaio «profezoremesito da Faculdade de Féucagio ds Universidade Br tadual de Campinas (onic). mail dbavians@yahoo.com be edu Soc, Caspias, v.31, 9.112, p. 769-787, just. 2010 Disponivel em 769 Onganizagso da educagso nacional A organizagio da educacéo nacional na ips ¢ a clisio do Sistema Nacional de Educagio titulo tv da Lei de Diretrizes ¢ Bases (tp8), “Da Organizagio da Educagio Nacional”, tinha, no projeto original, a denomi nagio “Do Sistema Nacional de Educagio”. Essa expressio, mantida no Substitutivo Jorge Hage, acabou sendo retirada quando da aprovagao do projeto na Camara, nio figurando também no texto da Ici. No entanto, é, com certeza, um aspecto crucial, podendo mesmo ser considerada a questio central da ts Com efeito, no hé como ignorar a constatagio de que a cxigén- cia de se fixar as diretrizes e bases da educagio nacional implica direta- ‘mente o Sistema Nacional de Educagio. E este é um enunciado que pode ser demonstrado histérica ¢ logicamente. Historicamente, a emergéncia dos Estados nacionais no decorrer do século xxx foi acompanhada da implantagao dos sistemas nacionais de ensino nos diferentes paises, como via para a erradicagao do analfa- betismo e universalizacéo da instrugio popular. O Brasil foi retardan- do essa iniciativa e, com isso, foi acumulando um déficit histérico imenso no campo educacional, em contraste com os paises que instala- ram os respectivos sistemas nacionais de ensino tanto na Europa ¢ América do Norte quanto na América Latina, como ilustram os casos da Argentina, Chile ¢ Uruguai © Brasil ainda esperaria a década de 1930 para que o problema comegasse a ser formulado com maior clareza. O tema jé aparece no “Manifesto dos Pioneiros da Educagio Nova” de 1932 ¢, a partir da Constituigio de 1934, a competéncia da Unido para legislar sobre as diretrizes da educagio nacional marcou presenga na viga mestra da nos- sa ordenagio juridica, a indicar a necessidade de normas comuns vili das para toda a nagio, orientando a organizasio da educacio em todo fo pais na forma de sistema, Consequentemente, do ponto de vista hist6rico, a ideia de lei nacional de educacio esteve sempre associada & implantagio do Siste- ma Nacional de Educagio, como demonstra a experigncia da maioria dos paises nos tiltimos dois séculos, Do ponto de vista Idgico, parece evidente a relagio de implicagao centre os conceitos de “lei de diretrizes ¢ bases da educagdo nacional” © de 770 Pau. Soe, Campinas, v 31, 9.112, p. 769-787, julset. 2010 Dispentvel em Dermeval Savini “sistema nacional de educagao”. Quando a Constivuigio determina que a Unio estabelega as diretrizes € bases da educagio nacional, obvia- mente cla estd pretendendo com isso que a educacio, em todo o terri tério do pais, seja organizada segundo diretrizes comuns e sobre bases também comuns. E a organizagio educacional com essas caracteristicas 0 que se chama “Sistema Nacional de Educagio” © fato de que, por se tratar de uma Repiilica federativa, a Cons- tituigSo reconheca também a competéncia dos Estados para legislar em matéria de educagio em nada afeta o enunciado anterior. Com efeit, sistema néo é unidade da identidade, uma unidade monolitica, indi- ferenciada, mas unidade da diversidade, um todo que articula uma vari- cedade de elementos que, a0 se integrarem ao todo, nem por isso perdem a propria identidade. Ao contrétio, participam do todo, integram o sis- tema, na forma das respectivas especificidades. Em outros termos: uma unidade monolitica € tio avessa & ideia de sistema como uma multi- plicidade desarticulada. Em verdade, sistematizar significa reunir, orde- har, articular elementos como partes de um todo. E este, agora articula- do, passa a ser 0 sistema. Portanto, a construgio de um Sistema Nacional de Educagio nada tem de incompativel com o regime federativo, pois 0 que é a Federagio senio a unidade de varios estados que, preservando suas respectivas iden- tidades, se articulam para assegurar interesses e necessidades comuns? E rngo é exatamente por isso que a instincia que representa ¢ administra 0 ‘que hé de comum entte os varios entes federativos se chama, precisamen- te, Unis? Ora, assim sendo, a Federagio postula, portanto, o sistema nacional que, no campo da educagio, representa a unio dos varios servi- 0s educacionais que se desenvolvem no ambito territorial dos diversos entes federativos que compdem a Federagio. Considerat, pois, como inconstivucional a incluso do tema rela- tivo ao Sistema Nacional de Educagio na 1D8 é uma “contradictio in terminis”, & a propria contradigio légica. Isso porque a LDs implica 0 Sistema Hi uma estreita relagio entre a tp8 © a sistematizagio da eduea- 80. A educagio assistematica nao é objeto de legislasao especifica Veja-se, por exemplo, as questdes referentes a0 pattio poder, as diver- sbes piblicas ete., que podem ser consideradas atividades educativas segundo préprio conceito adotado no Titulo I da 18 de 1996. No edu Soc, Caspias, v.31, 9.112, p. 769-787, just. 2010 ™” Disponivel em

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