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Nem caixa de supermercado, porteiro, estoquista, agentes de limpeza urbana, motorista de taxis
ou aplicativos, guardas de trânsito, cobradores de pedágio.
Nas indústrias poderão ser dispensados a maioria dos operários, metalúrgicos, técnicos ou
engenheiros.
Os empregos no comércio varejista também serão poucos. Na Amazon o desafio é ter um robô
capaz de segurar, realocar e embalar produtos de qualquer tamanho, idealizados por alguns
poucos humanos, e produzidos por outros robôs sob a supervisão de inteligências artificiais.
Se em décadas passadas um grande feito dos computadores foi vencer campeões mundiais de
xadrez, para a próxima década é resolver questões jurídicas.
Na segurança pública, a distopia das sociedades de controle absoluto pode ou não se realizar,
mas as máquinas já fazem o trabalho de vigilância, e robocops não parecem tão distantes.
No sistema financeiro, nos bancos, nas bolsas de valores, o que se vê também é cadaz vez
menos pessoas trabalhando. Não há como competir com máquinas capazes de analisar uma
imensidão de dados em segundos e prever com exatidão sobrehumana inclusive os movimentos
psicológicos do mercado.
Para onde quer que se olhe no futuro próximo, o que se observa é a inteligência artificial a
destruir o mundo do trabalho como conhecemos. Uma destruição criativa, inevitável, ainda sob
o comando de seres humanos, sob o comando daqueles que dominam a linguagem de
programação mais avançada, e que são poucos.
É cômico então, se não fosse trágico, observar o bolsonarismo e seus aliados desprezarem a
pesquisa, as ciências sociais, a lógica, a filosofia, tudo o que há de mais fundamental para
compreensão e desenvolvimento sustentável desse novo mundo, em prol de supostamente
ensinar as pessoas "a fazer conta" ou a preparar os jovens com cursos técnicos para o mercado
de trabalho.
O debate que já está posto no mundo é sobre o que fazer com os bilhões de desempregados,
que jamais encontrarão empregos, porque eles simplesmente não vão mais existir em poucos
anos. Mas ter homens das cavernas no poder atrasa esse debate.
Homens que a cada dia surgem com uma nova estupidez abissal ou ataque gratuito a minorias
sexuais, mulheres, negros, estrangeiros, universidades, aposentadorias... e desviam assim o foco
do que de fato precisa ser debatido.
É evidente que esses homens estão despreparados para o debate, que não tem projetos ou
capacidade mínima de compreensão do cenário atual ou do mundo que está por vir. São tiozões
do pavê, presos no século passado, e com a intenção inconfessável de exclusão ou extermínio da
população excedente, sob grunhidos de meritocracia ou de que bandido bom é bandido morto.
Homens que foram os escolhidos pelas elites financeiras, mas apoiados em massa pela classe
média, que já se vê ameaçada pela pobreza e o desemprego. Que finalmente começa a se ver
também como um dos alvos.