Você está na página 1de 1

A verdade como esquecimento das metáforas

Anderson Barbosa Camilo

No texto Verdade e mentira no sentido extra-moral (1973), Nietzsche aborda o


problema da verdade levando em consideração a sua origem, que para o autor passa pela
relação mais fundamental do homem com o mundo: a conservação da vida. Nos
primeiros estágios das civilizações os homens fizeram uso do intelecto para que a vida
humana fosse possível, usando, de forma astuta, meios para conservar-se perante as
intempéries da natureza. Nessa atividade os homens inventaram a linguagem para a
viabilidade da comunicação social e também inventaram o conhecimento acerca das
coisas. O problema que Nietzsche aponta é que há uma soberba do intelecto humano na
produção do conhecimento, julgando-o ser realmente verdadeiro, o que mostra o
impulso pela verdade. Para Nietzsche, os homens não podem ter um conhecimento real
das coisas, pois o conhecimento real lhes é totalmente inalcançável, e disso se
esquecem. Das coisas somente se pode ter um conhecimento ilusório, pois tanto o
processo de criação do conhecimento quanto o da linguagem tem origem em
transposições metafóricas arbitrárias: a partir das coisas se tem estímulos nervosos e
destes criam-se metaforicamente imagens, e das imagens metaforicamente passa-se aos
sons, às palavras. Assim, a crítica de Nietzsche aponta para a consideração de que a
vaidade do intelecto levou a humanidade a uma desonestidade consigo mesma, pois a
humanidade esqueceu que, para se estabelecer no mundo segundo o uso do
conhecimento, nada mais fez do que lançar mão de enganos e ilusões, de usar
“metáforas usuais”.

Palavras-chave: Mundo; Homem; Conhecimento; Esquecimento.

Você também pode gostar