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TRATAMENTO PARA ENDOMETRIOSE PRESERVANDO A FERTILIDADE.

RIO BRANCO
2019
TRATAMENTO PARA ENDOMETRIOSE PRESERVANDO A FERTILIDADE

TREATMENT FOR ENDOMETRIOSIS PRESERVING FERTILITY

Renan Ferreira Amorim1;; Leticia Vona Loose1;; Eracto Rodrigues1;; Thaylon Bonatti1;;

Luana Brasileiro1;; Luena Figueredo1;; João Marcos Ferreira1

1. Medicina. Centro Universitário UNINORTE. AC, Brasil.

* Autor correspondente: renanfamorim@hotmail.com

RESUMO

Introdução: A endometriose é um distúrbio ginecológico benigno comum definido pela


presença de glândulas e estroma endometriais fora do sitio normal, extra-uterinea, é uma
doença hormônio-dependente e, por esta razão encontrada sobretudo nas mulheres em
idade reprodutiva. Objetivo: Avaliar os tratamentos em mulheres com endometriose
preservando sua fertilidade acarretando menores efeitos negativos para sua saúde.
Método: Trata-se de estudo de revisão de literatura sobre tratamento da endometriose e
a preservação da fertilidade, usando as ferramentas de busca BVS, PubMed, LILACS,
utilizando os descritores endometriose, tratamentos, fertilidade. Conclusão: O
tratamento clínico não apresenta bons resultados, em qualquer estágio da doença. Em
relação ao tratamento da infertilidade associada à endometriose, não há evidências
atuais de que o manejo clínico seja benéfico.

Palavras-chave: Endometriose, Tratamento Cirúrgico, Fertilidade.

ABSTRACT

Introduction: Endometriosis is a common benign gynecological disorder, established by


the presence of endometrial glands and stroma outside from the normal site, extra-uterine
site, is a hormonally-dependent disease, and for the care of older women of reproductive
age. Objective: To evaluate treatments in women with endometriosis preserving their
fertility with lower negative effects for their health. Method: This is a bibliography review
study on endometriosis treatment preserving fertility, using BVS, PubMed and LILACS,
using the descriptors endometriosis, treatments, fertility. Conclusion: The clinical
treatment does not show good results at any stage of the disease. Regarding the
treatment of infertility associated with endometriosis, there is no current evidence that
clinical management is beneficial.

Keywords: Endometriosis. Treatment. Fertility.


INTRODUÇÃO

A endometriose é encontrada predominantemente em mulheres em idade


reprodutiva, mas já foi relatada em adolescentes e mulheres na pós-menopausa em
uso de terapia hormonal. A frequência da endometriose varia amplamente, mas a
prevalência desta condição é estimada em torno de 10%. (DE MARQUI, 2016)

Em mulheres com dor pélvica ou infertilidade, uma alta prevalência de endometriose,


em torno de 90%, é descrita. Em mulheres com infertilidade sem causa aparente com ou
sem dor (ciclo regular, parceiro com espermograma normal), a prevalência estimada gira
em torno de 50%. Em mulheres assintomáticas submetidas à laqueadura tubária e com
fertilidade comprovada, a prevalência varia de 3 a 43%. (NÁCUL AP et al., 2010)

A doença costuma progredir em 2/3 das pacientes após um ano do diagnóstico,


independente do quadro clínico apresentado, o tratamento é necessário. As opções de
tratamento para pacientes com endometriose incluem: terapia com progestogênicos,
danazol e gestrinona, inibidores de aromatase, anticoncepcionais combinados orais,
agonistas do GnRH, tratamento cirúrgico. (CROSERA, 2010)


MATERIAL E MÉTODO

Trata-se de estudo de revisão bibliográfica sobre tratamento de endometriose e suas


implicações na fertilidade. Segundo procedimentos de busca e critérios de seleção dos
artigos foi realizada uma busca nos repositórios científicos da BVS, PubMed e LILACS,
utilizando os descritores endometriose, tratamento, fertilidade. Foram incluídos os artigos
escritos em português, inglês, disponíveis nas bases de dados descritas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO

Tratamento e Fertilidade

A infertilidade e seus mecanismos associados à endometriose são controversos e


provavelmente dependerão, em parte, do estagio da doença. Alguns estudos relatam que
20 a 50% das mulheres inférteis tem endometriose e 30 a 50% das mulheres com
endometriose são inférteis, sugerindo um possível papel da endometriose na
etiopatogenese da infertilidade. (NAVARRO, 2006).

Em casos de endometriose moderada e severa, em que geralmente o


comprometimento morfológico da anatomia pélvica e anomalias ovulatórias gera uma
associação entre esta afeção e a infertilidade subsequente e nos casos de doença
mínima e leve, em que não se observam alterações mecânicas no trato reprodutivo, esta
associação torna-se ainda mais controversa. (SILVA, 2019)

Os progestogênicos representam uma boa opção devido ao seu custo baixo, alta
eficácia e baixo índice de efeitos colaterais (NÁCUL AP et al., 2010) parece ser uma boa
opção para o tratamento da dor pélvica e dismenorreia, sem o inconveniente da perda
óssea associado ao tratamento com progestogênio de depósito.

A população feminina afetada pela endometriose nos seus anos férteis, 10-25% das
doentes necessitam de tratamento. As anomalias ovulatórias normalmente surgem na
presença de endometriomas, que são massas resultantes do crescimento de tecido
endometrial ectópico dentro do ovário. (DE MOURA, 1999)

Os endometriomas não apresentam boa res- posta ao tratamento clínico. Além disso,
o tratamento clínico dispensa a avaliação histopatológica definitiva. Assim, a terapia ideal
consiste na abordagem cirúrgica. Não há evidências de que a terapia clínica pós-
operatória previna a recorrência dos endometriomas. (COUTINHO, 1999)
Os endometriomas respondem mal ao tratamento clínico. O tratamento médico é
moderadamente eficaz em melhorar a dor, mas absolutamente ineficaz para melhorar a
fertilidade em mulheres com endometriose (CROSERA et al., 2010). O tratamento médico
pode impedir o crescimento adicional ou reduzir o tamanho. Assim, a terapia médica
isolada não deve ser considerada em mulheres inférteis com endometriomas. Em
contraste, tem sido sugerido que a supressão pituitária com a administração de análogos
da hormonal libertadora das gonadotrofinas (GnRH) por alguns meses antes da FIV pode
aumentar a taxa de sucesso em mulheres com endometriomas (JEE et al., 2009).

O tratamento com Gestrinona é um agente antiprogestacional de longa ação com


efeitos androgênicos e seu mecanismo de ação e efeitos colaterais são semelhantes aos
do danazol (porém menos intensos). Assim como as outras opções de tratamento clínico,
também não melhora a infertilidade. (COUTINHO et al., 1999)

Uma das mais novas e promissoras opções terapêuticas da endometriose consiste no


emprego dos inibidores da aromatase. Regulam a formação local de estrogênio nos
tecidos endometrióticos, além de inibir a produção ovariana e periférica de estrógenos e
induzem a formação de mais prostaglandina E2, estabelecendo um feedback positivo na
lesão endometrioide, porem não geram efeito positivo na melhora da fertilidade com a
propagação desses hormônios. (DE OLIVEIRA et al., 2012)

A cirurgia está indicada quando os sintomas da endometriose são graves, assim, a


cirurgia é preferida ao tratamento clínico quando existe distorção da anatomia pélvica,
cistos endometrióticos, ou obstrução intestinal ou do trato urinário. No controle da dor, a
cirurgia citorredutora melhora este sintoma em até 86% das pacientes. (FAHMY, 2005)

O tratamento cirúrgico pode ser laparotômico ou laparoscópico. O resultado em


relação à melhora da dor não parece ser diferente entre as duas vias, apesar do melhor
desempenho a cirurgia laparoscópica é considerada o padrão-ouro no tratamento de
endometriose associada à infertilidade. (SOMIGLIANA et al., 2012)

Quanto aos casos de endometriose moderada ou severa, não dispomos de estudos


clínicos randomizados controlados ou meta-análises que tenham avaliado se a remoção
cirúrgica melhora as taxas de gestação. (PASSOS, 2000)

Os objetivos principais da cirurgia em pacientes com endometriose são: remover


completamente todos os implantes endometriais e aderências dos órgãos envolvidos e
restabelecer a anatomia normal da pelve. Laparoscopia em relação à infecção de cicatriz
operatória, retorno às atividades habituais e menos dor no pós-operatório. Para este tipo
de cirurgia e para a proposta de citorredução, a equipe deve estar preparada tanto do
ponto de vista técnico quanto de equipamento. (MUNRÓS et al., 2019)

Tratamento da endometriose tem se apresentado como um desafio para os


profissionais da saúde. O tratamento é individualizado, devem ser considerados varias
situações como os sintomas, locais, profundidade das lesões, e se existe o desejo ou não
de engravidar. Em primeiro lugar, o tratamento visa a redução de sintomas, e em
segundo, evitar o progresso da doença. (VILA et al., 2010).

A literatura é extensa na comparação dos resultados dos diferentes tratamentos


propostos, concluindo que as suas eficácias são equivalentes, isto é, devemos optar pelo
melhor tratamento para aquela paciente com infertilidade e endometriose, o tratamento
ou a conduta expectante resultam em índices de gestação semelhantes, não havendo
indicação de tratamento hormonal nesse grupo de pacientes. (DE SOUZA, 2015)
CONCLUSÃO

O tratamento clínico não apresenta bons resultados, em qualquer estágio da doença.


Nos casos de endometriose mínima ou leve, a melhor estratégia parece ser a abordagem
cirúrgica laparoscópica. Nos casos graves, a opção ideal é a fertilização in vitro após

cirurgia laparoscópica.
 A abordagem cirúrgica dos endometriomas associados à

infertilidade ainda é controversa. Uma grande preocupação seria de que a ressecção dos
endometriomas resultaria em perda de tecido ovariano sadio e piora da infertilidade.

Em relação ao tratamento da infertilidade associada à endometriose, não há


evidências atuais de que o manejo clínico seja benéfico. Isso pode ser explicado,
provavelmente, pelo efeito anovulatório da maioria dos medicamentos disponíveis para o
tratamento da doença. Pesa também contra o manejo clínico da endometriose o fato de
que, ao término da terapêutica, a recidiva das lesões pode ser observada em uma parcela
considerável dos casos.
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