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Da Construção de Capacidade

Avaliatória em Iniciativas Sociais:


Algumas Reflexões
Daniel Braga Brandão
Rogério Renato Silva
Cássia Maria Carraco Palos

Resumo tão de processos e da investigação da rea-


lidade, necessárias a realização de avalia-
Este ensaio discute alternativas de apoio
ções; 5) a captação e alocação de recur-
ao desenvolvimento da capacidade avali-
sos para criar as condições de trabalho
atória em organizações da sociedade civil.
necessárias aos processos de avaliação.
Nele são debatidos elementos estratégicos
Palavras-chave: Avaliação. Capacidade
para apoiar processos de aprendizagem nas
avaliatória. Avaliação de programas. Desen-
organizações e para forta-
volvimento organizacional.
lecer conquista de autono-
Identidade organizacional.
mia no campo da avalia- Daniel Braga Brandão
ção. Aborda-se a constru- Mestrando em Educação, PUC/SP
ção da capacidade avali- Consultor do Instituto Fonte Abstract
atória como processo de daniel@fonte.org.br
Rogério Renato Silva
Some
construção de sujeitos, e
não como um movimento Doutor em Saúde Pública, USP Reflections on
Coordenador Editorial
de natureza predominante-
do Instituto Fonte
Building
mente técnica. Com base
nos princípios de aprendi- Cássia Maria Carraco Palos Evaluation
Mestre em Saúde Pública, USP
zagem, autonomia, respei-
Consultora do Instituto Fonte Capacity on
to e participação são pro-
postas cinco dimensões es-
fonte@fonte.org.br Social Initiatives
tratégicas para apoiar o This essay focuses on
desenvolvimento de capacidade avaliató- building evaluation capacity
ria: 1) a consciência a respeito e a capaci- in civil society organizations. It considers
dade de lidar com as relações de poder aspects to support the organizational learning
presentes nas ações avaliatórias; 2) a bus- process and propose five dimensions to be
ca de razões e motivação para avaliar as considered in an evaluation capacity building
práticas; 3) a construção de um certo grau process: 1) The power that involves the
de identidade organizacional em torno da relationship among the stakeholders and its
avaliação; 4) o desenvolvimento de com- consequences in the decision making
petências no campo da facilitação e ges- process; 2) The reasons and motivations to

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develop the evaluation process; 3) The dução e sistematização de conhecimentos e


search to develop an organization práticas a respeito dos problemas da região
understanding of the meaning of evaluation; e, sobretudo, de alternativas conceituais e
4) The need to develop skills in evaluation possibilidades concretas de intervenção e
and 5) The need to raise and manage mudança dos cenários de exclusão e depen-
resources to the evaluation. dência que marcam as realidades locais.
Keywords: Evaluation. Capacity building.
Organizational development. Organizational Um dos pressupostos mais importantes
identity. na busca por melhores políticas públicas ou
intervenções sociais que ajudem o processo
Resumen de desenvolvimento latino-americano encon-
tra-se na necessidade de criar e fortalecer
Constructión de organizações e programas que estruturem
Capacidad en Avaluación modelos de gestão que tenham a reflexão e
a aprendizagem entre seus pilares de sus-
Este texto trata de la construcción de
tentação. Neste cenário, o desenvolvimento
capacidades en evaluación en organiza-
de culturas de avaliação nas organizações
ciones de la sociedad civil. Aborda el tema
da região tem-se constituído como ação es-
orientado por los proceso de aprendijage
tratégica para o fortalecimento organizacio-
organizacional y considera cinco dimensi-
nal. O caso brasileiro não foge à regra.
ones presentes en la construcción de la
capacidad en evaluación en una organi-
A ampliação daquilo que podemos de-
zación: 1) Las relaciones de poder entre
nominar de “pensamentos avaliatórios” no
los stakholders y sus consecuencias en las
Brasil tem sido acompanhado de fatos bas-
decisiones; 2) Las razones y los motivos
tante significativos. Seja por meio da criação
para desarrollar una evaluación; 3) La ela-
da Rede Brasileira de Avaliação no ano de
boración de una identidad organizacional
2002, das dezenas de cursos e seminários
para la evaluación; 4) La necesidad del
sobre avaliação que têm sido promovidos em
desarrollo de competencias en evaluaci-
distintos espaços e organizações ou dos in-
ón y 5) La necesidad de garantizar y ma-
vestimentos públicos e privados para a con-
nejar fondos para la evaluación.
tratação de avaliações internas e externas,
Palabras clave: Evaluación. Capacidad
parece já existir consenso em torno da neces-
evaluativa. Desarrollo organizacional.
sidade de que projetos e programas sejam
Aprendizaje organizacional.
avaliados em busca de eficiência, transpa-
rência e equidade, ainda que muitos dos de-
Das razões que senhos e métodos utilizados se apresentem
nos levaram a frágeis e, muitas vezes, pouco democráticos,
superficiais e pouco confiáveis.
escrever este ensaio
A busca de melhores condições para o Ao olharmos para além do horizonte dos
enfrentamento dos graves problemas sociais discursos existentes neste campo, identificamos
no Brasil, assim como em toda a América desafios complexos e de natureza estruturante
Latina, requer investimentos decisivos na pro- para o fortalecimento da cultura da avaliação

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no Brasil. Ao mesmo tempo em que muito se Ainda que já reunamos um bom volume de
fala em avaliação, alguns fatores seguem de- literatura a respeito do tema, sobretudo nos
terminando um certo grau de dificuldade para campos da saúde e da educação, ainda são
que as organizações a incorporem em sua estritas e superficiais os espaços de forma-
prática cotidiana. Dentre esses fatores, quere- ção. Tanto a universidade quanto as organi-
mos destacar e analisar brevemente os de na- zações da sociedade civil que atuam no pre-
tureza econômica, os da natureza da forma- paro de gestores e consultores ainda inves-
ção de gestores, educadores e consultores e tem pouco em conteúdos em avaliação.
os de natureza organizacional.
Quanto aos fatores organizacionais, é
No que se refere ao aspecto econômi- possível identificar que gestores e educado-
co, os recursos alocados para avaliações res convivem com uma polaridade entre fa-
entre as organizações da sociedade civil zer e refletir que muitas vezes inviabiliza o
ainda são restritos. Rubricas destinadas a investimento em avaliação. A organização
estudos avaliatórios ainda são difíceis de do trabalho, o ativismo, as demandas cons-
negociar e, muitas vezes, entre destinar re- tantes e a permanente escassez de tempo
cursos para realizar ações ou para avaliar são alguns dos fatores que impedem que
ações, não há dúvidas a respeito do cami- um processo de reflexão sobre a prática se
nho seguido. À natureza de programação enraíze em muitas organizações, mantendo
e prioridade do investimento deste aspecto, a avaliação em um lugar inviável, ainda que
soma-se alguma dificuldade das organiza- sempre reconhecido como importante.
ções em fazer prognósticos dos custos de
uma avaliação. Pode até existir disposição A partir destes desafios é que procura-
de se investir neste processo, mas existe di- mos organizar algumas idéias, reunir al-
ficuldade e ausência de parâmetros para gumas experiências, e compartilhar com os
definir quanto investir. Mesmo quando os interessados nossas reflexões. Queremos
parâmetros recomendados por escolas mais também destacar três experiências que muito
estruturadas são utilizados, como as reco- contribuíram para o nascimento deste en-
mendações da escola americana em desti- saio. Em primeiro lugar nossa participação
nar 6 a 10% do orçamento global de um no ciclo de “Seminários de Aprofundamento
projeto para avaliação, não parece haver Profissional para o Consultor em Processos
qualquer sentido em estabelecer uma rela- de Desenvolvimento”, ministrados por Jac-
ção cartesiana entre tal diretriz e a realida- ques Uljeé (Núcleo Maturi). Em segundo,
de brasileira. Somente o acúmulo de expe- a coordenação que fizemos do Seminário
riências em processos de avaliação e, so- Construindo Capacidade Avaliatória em
bretudo, a utilização de seus resultados, Iniciativas Sociais, promovido em parceria
poderão dar às organizações condições de com a Ashoka Empreendedores Sociais. Em
julgar a relevância de se destinar recursos terceiro, nossa participação como facilita-
financeiros a essa finalidade. dores na avaliação da quinta edição do
Programa de Apoio a Projetos de Atendi-
Outra questão desafiadora encontra-se na mento a Crianças e Jovens de 7 a 14 anos
formação de gestores, educadores e consul- na Grande São Paulo, de Vitae Apoio à
tores para atuarem no campo da avaliação. Cultura, Educação e Promoção Social.

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A força de nossa aprendizagem está na Revisamos, com isso, o conceito que


forma como queremos dividir nossas expe- apresentamos em artigo anterior (SILVA;
riências e, portanto, queremos afirmar que BRANDÃO, 2003).
este não é um modelo de avaliação, nem
consideramos as idéias aqui apresentadas Um dos princípios fundamentais que
como definitivas. Buscamos colaborar com temos em mente quando nos referimos a
o debate em torno do tema avaliação e um processo avaliatório é o de que uma
conhecer e discutir idéias e sugestões que avaliação não se constitui apenas em um
permitam incrementar nossa prática avali- dispositivo técnico, mas sobretudo político.
atória, fortalecer a cultura de avaliação na Quando agimos sem que este princípio es-
América Latina, sobretudo, ajudar o Brasil teja em nossa consciência, podemos incor-
a alcançar o desenvolvimento social que rer em um exercício autoritário de poder,
ajude a erradicar iniqüidades. como afirma Demo (1988) e fazer com que
a avaliação, ao invés de construir sujeitos,
Do conceito de avaliação: torne-se um mecanismo de controle e de
coerção que impeça o desenvolvimento.
extrato de uma gramática
em expansão Entendemos avaliação a partir de uma
ótica emancipatória, participativa e colabo-
Há muitas formas de definir o conceito
rativa na qual propósitos e critérios de jul-
“avaliação”, percebido com intensa força po-
gamento são construídos por meio da ne-
lissêmica quando examinamos alguns traba-
gociação entre diferentes atores sociais. Te-
lhos de autores que escreveram sobre o tema,
mos certeza de que cada sujeito é capaz de
como Chianca, Marino e Schiesari (2001);
avaliar suas ações e nesse fenômeno, de
Demo (1988); Guba e Lincoln (1988); Patton
maneira reflexiva, ele se constrói e recons-
(1997); Worthen, Sanders e Fitzpatrick (1997);
trói a sua prática. Para nós, o papel de “ava-
Stake (1995). Neste ensaio adotamos um con-
liadores externos” implica em desconforto,
ceito que, em certa medida, reflete os diálogos
em contradição. Agimos como facilitadores,
que temos estabelecido com as organizações
como educadores que, por meio da lingua-
com as quais temos trabalhado. Apontamos
gem da avaliação, procuramos ajudar su-
para avaliação como um processo de apren-
jeitos e organizações a se desenvolverem.
dizagem sistemático e intencional que um in-
divíduo, grupo ou organização se propõe a
percorrer para aprofundar a sua compreen- Da construção da
são sobre determinada intervenção social, por capacidade avaliatória:
meio da elaboração e aplicação de critérios
explícitos de investigação e análise, em um alguns princípios
exercício compreensivo, prudente e confiável, Nas análises que fizemos de nossas ex-
com vistas a conhecer e julgar o mérito, a re- periências de consultoria, identificamos um
levância e a qualidade de processos e resulta- conjunto de princípios que entendemos
dos. A avaliação leva à ampliação de consci- como importantes ao processo de constru-
ência sobre determinado programa ou projeto ção de capacidade avaliatória. Ao mesmo
o que possibilita que escolhas e decisões ma- tempo em que operam como espelhamen-
duras possam ser feitas. to para nossas práticas de avaliação, per-

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cebemos que estes princípios se colocam bedoria, do bom senso, da arte e, so-
como um escapulário que nos inspiram em bretudo, da educação (DEMO, 1988).
tempos de luz e nos orientam em períodos Felicidade é um processo que contém
de sombra. Os princípios são os seguintes: dimensões mágicas, lúdicas, religiosas,
a. O princípio da “aprendizagem” místicas e se constrói na cultura e na
anuncia a avaliação como promo- história, não simplesmente como supe-
tora de oportunidades, espaços e ração dos problemas materiais, mas
movimentos para que os sujeitos e também como expressão sensível de de-
as organizações aprendam. Avaliar senvolvimento. Nas palavras de Demo
pode se constituir em um processo (1988, p. 27), a felicidade está “no cli-
altamente educativo e transformador ma que pinta, na atmosfera que envol-
da vida social. Para isso é preciso ve, na influência que impregna, na so-
criar objetivos e condições de apren- lidariedade que inspira” os processos e
dizagem. Aprenderemos com nossos as relações sociais.
acertos e erros se avaliarmos critica-
mente o que fazemos. Sem avalia- Da construção de
ção não há desenvolvimento.
b. Os princípios do “respeito” e da “au- capacidade avaliatória:
tonomia” anunciam que o caminho cinco dimensões
a seguir em um processo de constru-
Os processos de construção de capaci-
ção de capacidade avaliatória deve
dade avaliatória com os quais nos envolve-
estar orientado pelo contexto cultural,
mos e que revisamos para produzir este en-
político e estrutural da organização.
saio foram capazes de revelar cinco dimen-
Como os sujeitos, as organizações
sões a respeito das quais queremos falar
vivem seus momentos históricos as
agora. Ainda que interligadas, conectadas,
entradas forçadas podem mais des-
dependentes umas das outras, orgânicas,
truir do que construir capacidades. O
fazemos aqui uma divisão que, acreditamos,
processo de construção de capacida-
nos ajuda a explicitar a compreensão que
de avaliatória precisa ser endógeno.
tivemos do tema. São elas a dimensão do
c. Os princípios da “participação” e da
“poder”, da “motivação”, da “identidade”,
“colaboração” se estruturam na cren-
das “competências” e dos “recursos”.
ça de que o processo de construção
de conhecimento e de produção de
Quando discutíamos e procurávamos
conhecimento é individual e social,
articular essas cinco dimensões na forma
ganhando sinergia nesta polaridade.
de uma figura que representasse sua liga-
Ainda que venhamos a escolher ca-
ção, chegamos ao pentagrama como uma
minhos mais complexos e longos, não
figura simbólica formada por cinco linhas.
se alcançarão práticas justas, orga-
nizações socialmente responsáveis e
Em nossas reflexões e experimentos, nos
condições sociais equânimes por ca-
vimos compreendendo o pentagrama como
minhos que não sejam democráticos.
uma espécie de tradução geométrica do ser
d. O princípio da “felicidade” surge sensí-
humano, ao mesmo tempo em que percebe-
vel e naturalmente nas esteiras da sa-
mos cada dimensão que construímos relaci-

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onada a distintas partes do corpo. Nos veio cabeça pensante, a identidade á esquerda
a imagem de Leonardo da Vinci superposta do peito, a motivação na força da mão, as
ao pentagrama, cujo sentido foi, ao menos competências e recursos, sustentando – fisi-
para nós, expressão importante da centrali- camente – o processo. Esperamos que nosso
dade do sujeito nesta discussão. O poder na esforço criativo provoque reflexões.

Figura 1. Construção de capacidade avaliatória como construção de sujeitos.

Poder

Motivação Identidade

Competências Recursos

Do poder Na perspectiva da construção da ca-


A arquitetura e a dinâmica das relações so- pacidade avaliatória a partir da constru-
ciais estabelecidas em um grupo envolvido em ção de sujeitos, a participação efetiva e
uma avaliação desempenham papel estruturan- autônoma dos diversos atores envolvidos
te na construção de capacidade avaliatória em na iniciativa torna-se a alma do processo
uma iniciativa social. As relações entre a organi- de avaliação. Neste sentido, o exercício de
zação financiadora e a organização financiada, compartilhar poder e de equilibrar forças e
entre os sujeitos na organização, com as comu- formas de tomar decisão ocupa posição
nidades com as quais se trabalha e, muitas ve- central no processo. Para alguns, este exer-
zes, com a avaliadora externa, resulta em uma cício implica em abrir mão do controle so-
dinâmica complexa de relações que vai determi- bre a avaliação, sejam estes gestores da
nar o processo decisório e o caminho a ser se- organização ou consultores externos.
guido em uma avaliação. Conseqüentemente o
caminho de aprendizagem de um determinado O exercício de compartilhar poder se cons-
grupo também passa por estas relações. titui em um espaço privilegiado de negocia-

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ção, conforme observam Guba e Lincoln Um outro elemento que queremos exa-
(1988) ao escreverem a respeito da Avaliação minar na dimensão do poder diz respeito à
da Quarta Geração. Negociam-se expectati- relação entre organizações financiadas e
vas na forma de perguntas e de desejos. Ne- organizações financiadoras. Muitas vezes,
gociam-se pressupostos e conceitos na forma a demanda por avaliações surge no seio
de indicadores e critérios de julgamento. Ne- de organizações financiadoras, que deli-
gociam-se compreensões da realidade por mitam suas necessidades avaliatórias e de-
meio da escolha de métodos de investigação. finem as perguntas de avaliação que que-
Negocia-se força e espaço por meio dos com- rem responder. Por sua vez, a fonte de in-
promissos políticos assumidos externa e inter- formações para responder a essas pergun-
namente com o grupo que avalia. tas costuma ser, na maioria dos casos, as
organizações financiadas, bem como as
A construção de um ethos político, no populações com as quais trabalha.
qual o porquê e o como avaliar são defini-
dos de maneira colaborativa, tem grande Se este percurso de orientação exter-
repercussão metodológica no processo de na é seguido na avaliação, é comum que
avaliação. Quando operamos com a cren- os resultados alcançados sejam apresen-
ça de que a avaliação ganha sentido e re- tados ao financiador e sirvam, primaria-
levância à medida que envolve diferentes mente, para suas reflexões e decisões,
atores que atuam de maneira autônoma cabendo à organização financiada um
para orientar o processo, é preciso estar lugar de objeto, e não sujeito, da ação
preparado para lidar com as implicações avaliatória. Quando falamos em múlti-
concretas que as decisões do grupo trazem plos atores e na necessidade de que o
para o ato de investigação da realidade. processo de construção de capacidade
O acolhimento destas implicações pode tra- avaliatória resignifique relações de po-
zer legitimidade e crença no processo. der, imaginamos que a relação entre as
organizações financiadas e financiado-
A discussão de poder que fazemos ras também é objeto desta mudança.
aqui quer marcar o princípio de que cons-
truir capacidade avaliatória é um processo Por fim, não podemos deixar de apontar
coletivo. Por ser coletivo, transforma-se para a necessidade de que a relação entre
em um caminho de pavimentação da au- organizações e avaliadores externos seja
tonomia dos sujeitos e das organizações. também profundamente revisada em um pro-
Nas palavras de Freire (1997, p. 35), cesso de construção de capacidade avalia-
“ninguém é autônomo primeiro para de- tória. Mais do que em qualquer outro tipo
pois decidir. A autonomia vai se constru- de trabalho no campo da avaliação, aqui
indo na experiência das várias decisões os avaliadores não são unicamente especi-
que vão sendo tomadas” no processo de alistas em avaliação, não são referências ou
trabalho. O caminho de construção de autoridades em determinadas áreas de co-
capacidade avaliatória será gerador de nhecimento, mas sim são atores que aju-
aprendizagem e autonomia à medida que dam os sujeitos e as organizações a estabe-
criar condições para lidar com a dimen- lecer sua dinâmica de trabalho e a fazer suas
são do poder de forma consciente. escolhas e descobertas.

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Da motivação (a) o fato de que os sujeitos desconheçam


os benefícios das avaliações, (b) o fato dos
Se as implicações de poder são tratadas
elevados investimentos de tempo e recur-
como campo privilegiado no processo de
sos nas avaliações, (c) a inexistência de
construção de capacidade avaliatória, a
sujeitos que desempenhem certo papel de
necessidade de cuidar da motivação, en-
liderança frente aos processos de avalia-
quanto campo de interesse e disposição em
ção e (d) o fato da pouca ou nenhuma
participar do processo, constitui-se também
utilização das avaliações para aprender e
em uma dimensão importante. Frente a tan-
mudar. A estas observações acrescentaría-
tas obrigações do do fazer administrativo,
mos, de forma radicular, o fato da insistên-
financeiro, político, pedagógico, entre ou-
cia em processos exógenos, burocráticos,
tros, depositar energia em processos de ava-
persecutórios e não participativos.
liação constitui-se um grande desafio.
Enfrentar estas condições, hegemônicas
A motivação não pode, entretanto, ser
em muitos cenários, constitui-se como peça
tratada de maneira estanque. Assim, perce-
chave para atribuir sentido e trazer motiva-
bemos a motivação como o fenômeno da
ção ao processo de construção de capacida-
significação permanente dos processos de
de avaliatória. Tratar a avaliação de forma
avaliação e de construção de capacidade
transparente e democrática, relacioná-la a
avaliatória. Se, como afirma Falcão (2001,
espaços e momentos de aprendizagem e de-
p. 27), a vontade é “um desejo que cisma
cisão, encontrar lideranças interessadas em
que você é a casa dele”, esta casa apenas
problematizar e motivar os grupos sociais a
será reconhecida e valorizada à medida que
avaliarem suas ações, são algumas das al-
se constituir em espaço permanente de apren-
ternativas que contribuem para que os pro-
dizagem, descobertas e transformações.
cessos se tornem viáveis1 e sustentáveis.
A dimensão da motivação se constitui
também em campo reflexivo à medida que Da identidade
o sujeito e o processo se reinventam de Algumas ferramentas aplicadas à gestão
maneira permanente quando as condições de iniciativas sociais são amplamente reco-
para tal são construídas. Usando uma da- nhecidas como capazes de construir e signi-
quelas frases cuja causa e efeitos são de ficar conceitos e práticas, como a elabora-
natureza não linear, somente terá espaço e ção de projetos, o planejamento estratégico
sentido para os sujeitos os processos de e a sistematização. Neste conjunto a avalia-
avaliação que forem desejados por eles, ao ção se afirma como ferramenta técnica-polí-
mesmo tempo em que só serão desejados tica efetiva para promover tais fenômenos.
os processos avaliatórios que tiverem senti-
do para os sujeitos. Em si mesma, a avaliação espelha sujei-
tos e organizações de maneira significativa.
Para Sanders (2003), quatro razões di- O que queremos, no que acreditamos, o que
ficultam a incorporação da avaliação como valorizamos, com quem nos relacionamos, o
parte estratégica da organização, sendo elas que negociamos e como julgamos, constitu-

1
Viabilidade: assegurar que uma avaliação será feita de maneira realista, prudente, diplomática e moderada (SANDERS, 1994).

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em-se categorias com as quais operamos nos Das competências


processos de avaliação e que irão revelar de
Os processos de avaliação e de cons-
forma marcante nossa identidade nos pro-
trução de capacidade avaliatória em ini-
cessos. Por isso mesmo, a dimensão da iden-
ciativas sociais não avançam quando se
tidade é de grande importância na constru-
constituem em mera sucessão de métodos
ção de capacidade avaliatória. É na cons-
e técnicas que se aplica para “desvendar”
trução da identidade que percebemos os ou-
a realidade. Avançam sim quando se con-
tros e o que nos difere e nos aproxima da-
formam em um caminho de desenvolvi-
queles com os quais trabalhamos.
mento no qual as escolhas, elaborações e
a organização do trabalho são produzi-
Se por um lado nos preparamos para
dos de forma dinâmica, convivendo com
lidar com poderes e criar espaços de cons-
reinvenção permanente.
trução e por outro enfrentamos a atribuição
permanente de sentido, uma terceira dimen-
Os processos avaliatórios oferecem es-
são nos convida a explorar gramáticas, pres-
supostos e práticas. É nesta dinâmica que paços nos quais muitas vezes nos confron-
se irmanam os elementos que nos ajudarão tamos com nosso conhecimento técnico no
a responder, como sujeitos e grupos sociais: campo da investigação, com nossas ha-
O que entendemos por avaliação? Por que bilidades de facilitação e nossa forma de
avaliamos? O que queremos aprender? gerir processos. Por tudo isso percebemos
Como utilizaremos o que aprendemos em que, ao mesmo tempo em que articula-
nossas ações? Como aprenderemos? mos poderes, que apoiamos motivações e
que provocamos construção de identida-
Para além das definições em torno dos des, precisamos nos preparar para lidar
próprios processos de avaliação, o que te- com estas dimensões de forma sensível e
mos observado participativamente é que as eficaz, ao mesmo tempo em que cuida-
avaliações criam espaços privilegiados para mos desse “lugar de investigação” sem o
que a prática dos sujeitos seja conceituada qual não há avaliação, ou confiança em
e para que seus pressupostos e conceitos seus resultados.
sejam revisitados e, muitas vezes, negocia-
dos e revisados. Os processos de identifi- Assim articulamos três campos cujo
cação de perguntas e de definição de indi- conteúdo queremos compartilhar. As com-
cadores (critérios, sinais, marcadores, evi- petências de facilitação de processos, de
dências) de avaliação, são campos férteis gestão de processos e de investigação da
para se produzir e reinventar conceitos. realidade compõem um cenário relevante
para o desenvolvimento de sujeitos na
O processo de construção de capacida- área. Entendemos que o cenário de com-
de avaliatória é um processo de construção petências é um campo de articulação das
de identidades, por isso também é processo demais dimensões analisadas aqui, é um
que fortalece a construção de sujeitos. Am- campo no qual caminhamos em busca de
pliar consciências, aprofundar conhecimen- apoiar processos que levem à reflexão,
tos, revisitar e revisar práticas, aprender, aprendizagem e desenvolvimento. A Figura
mudar. Por isso falamos em identidade. 2, a seguir, ilustra este cenário.

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370 Daniel Braga Brandão, Rogério Renato Silva e Cássia Maria Carraco Palos

Figura 2. Cenário de competências em avaliação.

ATRIBUIÇÃO DE SENTIDO APOIO À EMANCIPAÇÃO


* motivos * decisões
* utilidade * processos
* foco * reflexões
* negociações FACILITADOR * interações
* problematização

GESTOR

INVESTIGADOR

ANÁLISE DO
CONTEXTO
PRECISÃO
* tempo * abordagens
* recursos $ * técnicas
* equipe * descrição
* comunicação * análise
* viabilidade * julgamento
* propriedade * sensibilidade
REFLEXÃO
* criatividade
APRENDIZAGEM * compreensão
DESENVOLVIMENTO

a) a competência para a Percebemos a facilitação como compe-


facilitação de processos tência chave para atribuir sentido a pro-
A facilitação de processos é competên- cessos de avaliação. Por isso lida com po-
cia fundamental para garantir que as di- deres, motivações e identidade de maneira
mensões aqui analisadas consigam existir intensa. Além do mais, é a facilitação que
e buscar pontos de equilíbrio que assegu- articulará as competências de gestão e de
rem o desenvolvimento dos sujeitos e gru- investigação da realidade a fim de garantir
pos. A facilitação envolve trabalho com processos viáveis e confiáveis. Toda a cons-
sentidos, com significados, com articula- trução técnica da avaliação se dará a par-
ções, com negociações, com construções, tir das habilidades de facilitação. A seguir
com leituras da realidade, com acolhimen- identificamos seis habilidades importantes,
to e com provocação. entre tantas outras.

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Da Construção de Capacidade Avaliatória em Iniciativas Sociais: Algumas Reflexões 371

• Capacidade de ouvir de forma aber- segurar a precisão2 do processo e, em con-


ta e sensível os integrantes do grupo; seqüência, sua confiabilidade por parte dos
• Capacidade de trabalhar de forma diferentes interessados. A necessidade de
compreensiva as necessidades do grupo; escolher as abordagens mais adequadas, de
• Capacidade de problematizar ques- garantir os métodos mais apropriados, pro-
tões, de provocar e estimular reflexões so- fundos e capazes de revelar, de compor quan-
bre o projeto e os elementos da avaliação; tidade e qualidade de forma harmônica, são
• Habilidade para ajudar o grupo a os desafios que se colocam no caminho
construir compreensões e respostas, sem daqueles que se interessam por avaliação.
levá-las prontas;
• Capacidade de zelar pelo processo Fugir do cientificismo ingênuo e do rela-
de trabalho do grupo, cuidando de proce- tivismo fundamentalista coloca aos sujeitos o
dimentos, relações e estrutura; desafio de estabelecer formas confiáveis de
• Capacidade de agir com profundo explorar a realidade, de retratar os fatos, de
respeito pelas criações do grupo, acolhen- aprofundar compreensões e de revelar infor-
do-as de maneira integral. mações que soem verdadeiras aos interessa-
dos. Por fim, como afirma Guba e Lincoln
b) a competência para (1988), o uso exclusivo do método científico
fecha as portas para maneiras alternativas de
gestão de processos
se pensar a respeito do objeto da avaliação.
Trata-se da competência em lidar com as
variáveis internas e externas aos processos de
avaliação, tais como o tempo, os recursos fi- Dos recursos
nanceiros, a gestão de equipes de trabalho, A dimensão final a respeito da qual fa-
os planos de avaliação, a comunicação, en- zemos breves comentários é a dimensão dos
tre outras coisas. As habilidades para enfren- recursos. Consideramos recursos o conjunto
tar estes desafios serão fundamentais para que de elementos que são consumidos em pro-
os processos de avaliação sejam sustentáveis. cessos de avaliação e que, por isso mes-
mo, implicam em escolhas, definição de li-
c) a competência para mites e certo controle. Tempo das pessoas,
investigação da realidade contratações externas, equipamentos, ma-
Em essência, os processos de avaliação teriais e estrutura de apoio muitas vezes
têm na necessidade de investigar a realida- serão necessários a determinados tipos de
de um eixo comum e determinante para sua processos de avaliação.
existência. Por isso mesmo a necessidade de
desenvolver competências no campo da in- Ainda que muitos desenhos avaliatóri-
vestigação é vista com grande importância os, sobretudo os de natureza processual,
para os sujeitos e organizações que querem demandam pouco ou quase nenhum inves-
desenvolver capacidade avaliatória. timento direto, certos casos precisarão ser
analisados e ponderados com cuidado, a
É a competência para investigar a reali- fim de que a avaliação não se torne custosa
dade que terá peso determinante na em as- e pouco efetiva, traços que contribuiriam

2
Precisão: assegurar que uma avaliação irá revelar e produzir informações tecnicamente adequadas sobre os aspectos que
determinam o mérito e a relevância do programa avaliado (SANDERS, 1994).

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para que cultura avaliatória não se enrai- liatórias. No estímulo à reflexão, na reorde-
zasse nos sujeitos e nas organizações. nação da prática e na abertura para novas
percepções e sentimentos é que as cinco di-
Da síntese das dimensões mensões ganham vida. Para auxiliar este
As dimensões apresentadas assumem seu processo, propõe-se uma configuração di-
sentido de existência ao se fazerem úteis no dática das dimensões discutidas ao longo
apoio ao desenvolvimento de iniciativas ava- deste ensaio, apresentada no quadro 1.

Quadro 1. Síntese das dimensões capacidade avaliatória de uma iniciativa social1 .


Dimensão Premissa O que gera Perguntas chave

Quem será envolvido?


Quais suas aspirações?
Poder Agir em Participação e Qual o papel de cada um?
(O que liberdade comprometimento Qual será a participação
podemos?) desses atores?
Que conflitos existem?
Como tomaremos decisões?

O que entendemos por avaliação?


Por que iremos avaliar?
Identidade Para que iremos avaliar?
(O que somos Conceitualizar Alinhamento Como vamos utilizar os resultados?
e pensamos?) O que buscamos aprender?
O que iremos avaliar
(pergunta avaliatória)?

Que sentimentos a avaliação


nos desperta?
Vontade Queremos avaliar?
(O que Desejar e inspirar Movimento Estamos dispostos a abrir
queremos?) espaço para a avaliação?
Quem pode liderar o processo?

Competências Reconhecer União e busca Como iremos avaliar?


(O que competências e do desenvolvimento Quais conhecimentos e
sabemos?) habilidades do grupo habilidades temos (eu e o outro)?
no grupo O que precisamos desenvolver?

Qual tempo/ envolvimento


Recursos Reconhecer o que Orientação pela vamos dispor?
(O que se tem e o que é realidade: Qual o prazo?
conseguimos necessário “Pé no chão” De quais recursos dispomos?
agora?) O que será necessário captar?

3 As perguntas entre parênteses foram sugeridas por Cláudia Mara de Melo Tavares, durante a oficina “Iniciativas Inovadoras em
Avaliação de Projetos e Programas Sociais”, por ocasião do V Congresso Nacional da Rede Unida, Londrina, PR, maio de 2003.

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Da Construção de Capacidade Avaliatória em Iniciativas Sociais: Algumas Reflexões 373

Das considerações finais A construção da capacidade avaliatória


como processo de construção de sujeitos está
Acreditamos que a construção de capa-
conjugada a um processo pedagógico de
cidade avaliatória em iniciativas sociais pode
perspectiva emancipatória que colabora com
encontrar boas reflexões com base na experi-
o fortalecimento de indivíduos, grupos e or-
ência que apresentamos aqui. Sabemos tam-
ganizações. Está associada à profunda cren-
bém que estas dimensões são dinâmicas e
ça de que mulheres e homens podem trans-
não obedecem a um processo equânime de
formar a si próprios e a sua interação com
desenvolvimento. Há muito a ser feito, des-
os outros, num refazer do mundo e da pró-
coberto, revisado e aprofundado. Nossa con-
pria história. Está relacionada à percepção
tribuição é circunscrita a este pressuposto.
de que qualquer ação empreendida deve
alcançar a liberdade de homens e mulhe-
Uma avaliação requer autenticidade, res. Significa dizer que se busca construir
curiosidade e rigor, o que nos coloca o um conhecimento que enxergue além da
desafio permanente de lidar com a incerte- indiferença cega e da ilusão ingênua.
za, de sermos compreensivos com a reali-
dade e de buscarmos, insistentemente, a Significa acreditar que se pode compar-
construção de sujeitos. tilhar uma utopia.

Referências
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PATTON, M. Q. Utilization-focused evaluation: the new century text. 3. ed. Thousand


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WORTHEN, B. R.; SANDERS, J. R.; FITZPATRICK, J. L. Program evaluation: alternative


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Recebido em: 14/01/2005


Aceito para publicação em: 27/06/2005

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