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Faculdade UnYLeYa

Pós Graduação em Engenharia Geotécnica


Sérgio Gonçalves Dall’Alba

ESTABILIDADE DE TALUDES EM MINAS A CÉU ABERTO:


Análise de estabilidade em minas do quadrilátero ferrífero

Belo Horizonte
2019
Faculdade UnYLeYa
Pós Graduação em Engenharia Geotécnica
Sérgio Gonçalves Dall’Alba

ESTABILIDADE DE TALUDES EM MINAS A CÉU ABERTO:


Análise de estabilidade em minas do quadrilátero ferrífero

Monografia apresentada à Faculdade


Unyleya como parte integrante do conjunto
de tarefas avaliativas da disciplina
Trabalho de Conclusão de Curso da
Especialização em Engenharia
Geotécnica.

Orientadora: Blenda Cordeiro Mota


Ribeiro

Belo Horizonte
2019
RESUMO

O presente estudo apresenta de maneira geral o assunto estabilidade de


taludes em minas a céu aberto, com enfoque principal nas minas localizadas no
Quadrilátero Ferrífero. Para isto, foi feita uma revisão bibliográfica abrangendo os
problemas relacionados a estabilidade de taludes, além dos métodos de análise de
estabilidade mais utilizados.
Este estudo apresenta também um exemplo de aplicação, onde foram
analisadas vinte seções representativas de uma mina de minério de ferro. Buscou-se
com essa etapa aplicar os conceitos adquiridos e consolidados na revisão
bibliográfica.
Por fim, apresenta-se uma discussão sobre os dados analisados e as possíveis
soluções para a estabilidade adequada da mina estudada.

Palavras-chave: minas a céu aberto, estabilidade de taludes, análises de


estabilidade, causas de instabilização de taludes, métodos de análise de estabilidade.
ABSTRACT

This study presents in general way slope stability in open pit mines theme, with
main focus in mines locates in in the ferriferous quadrilateral. For this, was made a
bibliographical review covering the problems related to slope stability, in addition to the
most used stability analysis methods.
This study also presents a case study, where twenty representative sections of
an iron ore mine were analyzed. This step was used to apply the concepts acquired
and consolidated in the bibliographic review.
Finally, a discussion is presented on the analyzed data and the possible
solutions for the adequate stability of the mine studied.

Keywords: open pit mines, slope stability, analysis of slope stability, causes of slope
instability, methods of slope stability.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Tipos de escorregamento .................................................................................................... 16


Figura 2 – Geometria de um escorregamento. ..................................................................................... 18
Figura 3 - Tipos de rupturas em taludes de mineração a céu aberto. .................................................. 21
Figura 4 - Forças atuantes em uma fatia vertical de uma superfície de deslizamento – ...................... 26
Figura 5 – Setorização geotécnica da cava. ........................................................................................ 31
Figura 6 - : Vista Geral da Área da Cava da Mina – (em vermelho, limite lateral previsto para o ano
2035). ................................................................................................................................................... 34
Figura 7 – Locação das seções de análise e setorização da cava final. .............................................. 39
Figura AA.2 : Análise de estabilidade da SE 01. .................................................................................. 59
Figura AA.3: Layout SE 02. .................................................................................................................. 60
Figura AA.4: Análise de estabilidade da SE 02. ................................................................................... 60
Figura AA.5: Análise de estabilidade da SE 02 – superfícies especificadas. ....................................... 60
Figura AA.6: Layout SE 03. .................................................................................................................. 61
Figura AA.7: Análise de estabilidade da SE 03. ................................................................................... 61
Figura AA.8: Layout SE 04. .................................................................................................................. 61
Figura AA.9: Análise de estabilidade da SE 04. ................................................................................... 62
Figura AA.10: Layout SE 05. ................................................................................................................ 62
Figura AA.11: Análise de estabilidade da SE 05. ................................................................................. 62
Figura AA.12: Layout SE 06. ................................................................................................................ 63
Figura AA.13: Análise de estabilidade da SE 06. ................................................................................. 63
Figura AA.14: Layout SE 06 – opção de arrimo. .................................................................................. 63
Figura AA.15: Análise de estabilidade da SE 06 – opção de arrimo. ................................................... 64
Figura AA.16: Layout SE 06 – opção de retaludamento. ..................................................................... 64
Figura AA.17: Análise de estabilidade da SE 06 – opção de retaludamento. ...................................... 64
Figura AA.18: Layout SE 07. ................................................................................................................ 65
Figura AA.19: Análise de estabilidade da SE 07. ................................................................................. 65
Figura AA.20: Layout SE 08. ................................................................................................................ 65
Figura AA.21: Análise de estabilidade da SE 08. ................................................................................. 66
Figura AA.22: Análise de estabilidade da SE 08 – superfícies especificadas. ..................................... 66
Figura AA.23: Layout SE 08 – opção de arrimo. .................................................................................. 66
Figura AA.24: Análise de estabilidade da SE 08 – opção de arrimo. ................................................... 67
Figura AA.25: Análise de estabilidade da SE 08 – opção de arrimo – superfícies especificadas. ....... 67
Figura AA.26: Layout SE 08 – opção de retaludamento. ..................................................................... 68
Figura AA.27: Análise de estabilidade da SE 08 – opção de retaludamento. ...................................... 68
Figura AA.28: Análise de estabilidade da SE 08 – opção de retaludamento – superfícies
especificadas........................................................................................................................................ 68
Figura AA.29: Layout SE 09 E.............................................................................................................. 69
Figura AA.30: Análise de estabilidade da SE 09 E............................................................................... 69
Figura AA.31: Layout SE 09 W............................................................................................................. 69
Figura AA.32: Análise de estabilidade da SE 09 W.............................................................................. 69
Figura AA.33: Análise de estabilidade da SE 09 W – superfícies especificadas. ................................. 70
Figura AA.34: Layout SE 09 W– opção de retaludamento. .................................................................. 70
Figura AA.35: Análise de estabilidade da SE 09 W – opção de retaludamento. .................................. 70
Figura AA.36: Análise de estabilidade da SE 09 W – opção de retaludamento – superfícies
especificadas........................................................................................................................................ 71
Figura AA.38: Análise de estabilidade da SE 10. ................................................................................. 71
Figura AA.39: Layout SE 10 – opção de arrimo. .................................................................................. 72
Figura AA.40: Análise de estabilidade da SE 10 – opção de arrimo. ................................................... 72
Figura AA.41: Layout SE 11. ................................................................................................................ 72
Figura AA.42: Análise de estabilidade da SE 11. ................................................................................. 73
Figura AA.43: Análise de estabilidade da SE 11 – superfícies especificadas. ..................................... 73
Figura AA.44: Layout SE 11 – opção de retaludamento. ..................................................................... 73
Figura AA.45: Análise de estabilidade da SE 11 – opção de retaludamento. ...................................... 74
Figura AA.46: Análise de estabilidade da SE 11 – opção de retaludamento – superfícies
especificadas........................................................................................................................................ 74
Figura AA.47: Layout SE 12. ................................................................................................................ 75
Figura AA.48: Análise de estabilidade da SE 12. ................................................................................. 75
Figura AA.49: Layout SE 13. ................................................................................................................ 76
Figura AA.50: Análise de estabilidade da SE 13. ................................................................................. 76
Figura AA.51: Análise de estabilidade da SE 13 – superfícies especificadas. ..................................... 76
Figura AA.52: Layout SE 13 – opção de arrimo. .................................................................................. 77
Figura AA.53: Análise de estabilidade da SE 13 – opção de arrimo. ................................................... 77
Figura AA.54: Análise de estabilidade da SE 13 – opção de arrimo – superfícies especificadas. ....... 77
Figura AA.55: Layout SE 13 – opção de retaludamento. ..................................................................... 78
Figura AA.56: Análise de estabilidade da SE 13 – opção de retaludamento. ...................................... 78
Figura AA.57: Análise de estabilidade da SE 13 – opção de retaludamento – superfícies
especificadas........................................................................................................................................ 78
Figura AA.58: Layout SE 14. ................................................................................................................ 79
Figura AA.59 Análise de estabilidade da SE 14. .................................................................................. 79
Figura AA.60: Análise de estabilidade da SE 14 – superfícies especificadas. ..................................... 79
Figura AA.61: Layout SE 14 – opção de arrimo. .................................................................................. 80
Figura AA.62: Análise de estabilidade da SE 14 – opção de arrimo. ................................................... 80
Figura AA.63: Análise de estabilidade da SE 14 – opção de arrimo – superfícies especificadas. ....... 80
Figura AA.64: Layout SE 14 – opção de retaludamento. ..................................................................... 81
Figura AA.65: Análise de estabilidade da SE 14 – opção de retaludamento. ...................................... 81
Figura AA.66: Layout SE 15. ................................................................................................................ 81
Figura AA.67: Análise de estabilidade da SE 15. ................................................................................. 82
Figura AA.68: Análise de estabilidade da SE 15 – superfícies especificadas. ..................................... 82
Figura AA.69: Layout SE 16. ................................................................................................................ 82
Figura AA.70: Análise de estabilidade da SE 16. ................................................................................. 83
Figura AA.71: Layout SE 16 – opção de arrimo. .................................................................................. 83
Figura AA.72: Análise de estabilidade da SE 16 – opção de arrimo. ................................................... 83
Figura AA.73: Layout SE 16 – opção de retaludamento. ..................................................................... 84
Figura AA.74: Análise de estabilidade da SE 16 – opção de retaludamento. ...................................... 84
Figura AA.75: Layout SE 17. ................................................................................................................ 84
Figura AA.76: Análise de estabilidade da SE 17. ................................................................................. 85
Figura AA.77: Layout SE 18. ................................................................................................................ 85
Figura AA.78: Análise de estabilidade da SE 18. ................................................................................. 85
Figura AA.79: Layout SE 19. ................................................................................................................ 86
Figura AA.80: Análise de estabilidade da SE 19. ................................................................................. 86
Figura AA.81: Análise de estabilidade da SE 19 – superfícies especificadas. ..................................... 86
Figura AA.82: Layout SE 19 – Opção de arrimo. ................................................................................. 87
Figura AA.83: Análise de estabilidade da SE 19 – opção de arrimo. ................................................... 87
Figura AA.84: Análise de estabilidade da SE 19 – opção de arrimo – superfícies especificadas. ....... 88
Figura AA.85: Layout SE 19 – opção de retaludamento. ..................................................................... 88
Figura AA.86: Análise de estabilidade da SE 19 – opção de retaludamento. ...................................... 88
Figura AA.87: Layout SE 20. ................................................................................................................ 89
Figura AA.88: Análise de estabilidade da SE 20. ................................................................................. 89
Figura AA.89: Layout SE 20 – opção de arrimo. .................................................................................. 90
Figura AA.90: Análise de estabilidade da SE 20 – opção de arrimo. ................................................... 90
Figura AA.91: Layout SE 20 – opção de retaludamento. ..................................................................... 91
Figura AA.92: Análise de estabilidade SE 20 – opção de retaludamento. ........................................... 91
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Classificação dos movimentos de encosta segundo Varnes (1978) ................................... 17


Tabela 2– Classificação dos movimentos de massa de acordo com a velocidade .............................. 18
Tabela 3 - Fatores deflagradores dos movimentos de massa .............................................................. 20
Tabela 4 – Relação entre Fator de Segurança e condição do talude................................................... 25
Tabela 5 - Métodos e suposições do equilíbrio-limite.......................................................................... 27
Tabela 6 - Mecanismos de ruptura – Plano de Lavra Final. ................................................................. 43
Tabela 7: Dados dos indicadores de nível de água disponibilizados pela Mineradora. ........................ 44
Tabela 8: Parâmetros Geotécnicos considerados nas análises. .......................................................... 45
Tabela 9: Atitude Média da Foliação .................................................................................................... 46
Tabela 10 – Resultados das análises de estabilidade.......................................................................... 47
Tabela 11: Resumo dos resultados das análises das intervenções na geometria dos taludes. ........... 51
Tabela 12 – Resumo Inclinação máxima do Talude Contínuo Geral. .................................................. 54
Tabela A2.1- Graus de Alteração ......................................................................................................... 92
Tabela A2.2 – Graus de Resistência/ Coerência.................................................................................. 93
Tabela A2.3 – Espaçamento do fraturamento ...................................................................................... 94
Tabela A2.4: Classes de Maciço - Classificação Geomecânica de Bieniawski – 1976 (Adaptado) ..... 95
Tabela A2.5 – Parâmetros de Classificação, Bieniawski (1976) .......................................................... 96
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

QF - Quadrilátero Ferrífero
RQD - Rock Quality Designation (Índice de qualidade do maciço rochoso)
S - Força tangencial à base da fatia de uma superfície de ruptura
SRF - Stress Reduction Factor (índice de influência do estado de tensões no maciço)
T1 - Componente vertical das forças entre as fatias de uma superfície de ruptura
T2 - Componente vertical das forças entre as fatias de uma superfície de ruptura
W - Peso da fatia de uma superfície de ruptura
LISTA DE SÍMBOLOS

A Área
A1 Forças hidrostáticas
A2 Forças hidrostáticas
b largura da fatia de uma superfície de ruptura
c Coesão do material
c’ Coesão efetiva do material
c' Coesão efetiva média do material
D força aplicada na superfície do terreno
E Módulo de Young (módulo de elasticidade)
E1 Componente horizontal das forças entre as fatias de uma superfície de
ruptura
E2 Componente horizontal das forças entre as fatias de uma superfície de
ruptura
F.S. Fator de Segurança
g Aceleração da gravidade
K Condutividade hidráulica
L comprimento da base da fatia;
Ka Coeficiente de empuxo ativo
KM Permeabilidade do maciço rochoso
kW força horizontal para incorporar efeitos sísmicos
MR Momento resistente ao deslizamento
MS Momento solicitante que tende a provocar o deslizamento
N Força normal à base da fatia de uma superfície de ruptura
NA Nível de água
q Vazão específica
S Força tangencial à base da fatia de uma superfície de ruptura
T1 Componente vertical das forças entre as fatias de uma superfície de
ruptura
T2 Componente vertical das forças entre as fatias de uma superfície de
ruptura
W Peso da fatia de uma superfície de ruptura.
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO............................................................................................................................. 12

ESTABILIDADE DE TALUDES DE MINERAÇÃO – PANORAMA GERAL.................................. 14

2.1 - CONCEITUAÇÃO DO PROBLEMA ........................................................................................ 14


2.2 - CLASSIFICAÇÃO DOS MOVIMENTOS DE MASSA .............................................................. 15
2.3 - FATORES DE INSTABILIZAÇÃO ........................................................................................... 18
2.4 - MODOS DE RUPTURA EM TALUDES DE MINERAÇÃO ...................................................... 20
2.4.1 - Ruptura sem controle estrutural ................................................................................. 22
2.4.2 - Rupturas com controle estrutural ................................................................................ 22

Estabilidade de taludes de mineração – métodos utilizados ....................................................... 23

3.1 - MÉTODOS DE ANÁLISE DE ESTABILIDADE ........................................................................ 23


3.1.1 - Método do equilíbrio limite .......................................................................................... 24
3.2 - ESTUDOS SOBRE ESTABILIDADES DE MINA ENCONTRADOS NA LITERATURA ........... 31

EXEMPLO DE APLICAÇÃO ........................................................................................................ 34

4.1 - DESCRIÇÃO DA MINA A SER ESTUDADA ........................................................................... 34


4.2 - GEOLOGIA LOCAL ................................................................................................................. 35
4.2.1 - Litotipos presentes na área ........................................................................................ 35
4.2.2 - Classificação do maciço ............................................................................................. 37
4.3 - CONDICIONANTES GEOMECÂNICOS E ESTRUTURAIS .................................................... 37
4.4 - SETORIZAÇÃO GEOTÉCNICA DA CAVA ............................................................................. 38
4.5 - MECANISMOS DE RUPTURA ................................................................................................ 41
4.6 - CONDIÇÃO DE SATURAÇÃO DOS TALUDES ...................................................................... 44
4.7 - PARÂMETROS DE RESISTÊNCIA......................................................................................... 45
4.8 - ANÁLISE DE ESTABILIDADE ................................................................................................. 47
4.9 - RESULTADOS ........................................................................................................................ 47
4.10 - DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ..................................................................................... 55

CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................................... 56

APêNDICE A– RESULTADOS DAS ANÁLISES DE ESTABILIDADE – PLANO DE LAVRA FINAL.... 59

ANEXO A – PARÂMETROS DE CARACTERIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO........................................ 92


12

INTRODUÇÃO

A presente monografia tem como tema a estabilidade de taludes em minas


a céu aberto, em especial as minas localizadas no quadrilátero ferrífero em
Minas Gerais.
Atualmente, a mineração é um importante segmento da economia,
responsável por uma alta contribuição para o desenvolvimento do Brasil. As
atividades decorrentes desse segmento podem ser consideradas fatores
determinantes na formação e progresso de diversas regiões brasileiras, em
destaque para o estado de Minas Gerais, com a exploração do minério de ferro,
fosfato, nióbio, manganês, zinco, dolomitos, ouro e outros bens minerais. A partir
disso, como avaliar a estabilidade em minas a céu aberto?
Com este trabalho espera-se apresentar um panorama de como são
realizadas as avaliações de estabilidade em minas de minério de ferro.
O objetivo geral desse estudo é apresentar a respeito das formas de se
avaliar a estabilidade de taludes em minas a céu aberto. Para isto, se faz
necessário identificar as principais causas de instabilidade, elaborar um roteiro
contendo as etapas para a análise de estabilidade e e apresentar um exemplo
de aplicação.
De uma maneira geral a lavra de jazidas minerais a céu aberto predomina
frente as escavações subterrâneas devido às maiores taxas de aproveitamento
das jazidas, melhores condições de segurança e principalmente a rapidez com
que são iniciadas as operações de mineração.
Em toda atividade de mineração, o objetivo é extrair o máximo volume de
minério removendo o menor volume possível de rocha estéril. Isso exige que as
inclinações dos taludes das cavas a céu aberto sejam os mais íngremes
possíveis, dependendo das dimensões da jazida, profundidade, dos tipos de
minérios encontrados e da distribuição do seu teor no espaço tridimensional. Por
outro lado, as razões de segurança opõem-se ao aumento exagerado do ângulo
de inclinação dos taludes, devido à instabilidade dos mesmos, provocando
deslizamentos de volumes de rocha e causando interrupção do desenvolvimento
normal do processo de lavra da mina, criando prejuízo de vários tipos. A
segurança dos taludes e as implicações econômicas que a exploração mineral
13

representa são dois problemas antagônicos, que devem ser resolvidos de


maneira a estabelecer um equilíbrio harmônico entre ambos.
A extração lucrativa do minério de forma racional deve estar subordinada
à garantia de estabilidade da mina, utilizando como ferramenta os métodos de
estabilização disponíveis e o controle do processo de escavação.
A metodologia deste trabalho compreende as seguintes etapas:
 Revisão bibliográfica na qual se pretende buscar elementos que
possibilitem o entendimento dos fundamentos do estudo proposto, e a
revisão dos estudos já realizados sobre o tema;
 Obter informações sobre a geologia do quadrilátero ferrífero;
 Levantamento dos principais mecanismos de ruptura dos taludes nas
minas da região;
 Identificar e descrever as etapas necessárias para se analisar a
estabilidade de uma mina;
 Levantamento dos parâmetros necessários para a análise;
 Exemplo de aplicação, onde será analisada a estabilidade dos taludes de
uma mina seguindo as etapas definidas anteriormente.

As fases de estudo desenvolvidas para alcançar os objetivos deste


trabalho estão dispostas em capítulos. A seguir está apresentada uma descrição
sucinta do conteúdo de cada um dos capítulos, com a finalidade de auxiliar na
leitura.
No Capítulo 1 estão descritas as considerações iniciais, apresentando
uma exposição resumida do assunto,o plano de estruturação geral do trabalho,
bem como os objetivos a serem atingidos neste trabalho.
No Capítulo 2, está presente uma revisão bibliográfica dos assuntos
envolvidos neste estudo, tais como: classificação dos movimentos de massa,
fatores de instabilização, modos de ruptura e estabilidade de taludes de
mineração.
O capítulo 3 apresenta um exemplo de aplicação, onde são aplicados os
conceitos descritos e estudados nos capítulos anteriores.
14

ESTABILIDADE DE TALUDES DE MINERAÇÃO –


PANORAMA GERAL

2.1 - Conceituação do problema

De acordo com Durand (1995) a lavra de jazidas minerais a céu aberto


predomina frente as escavações subterrâneas devido às maiores taxas de
aproveitamento das jazidas, melhores condições de segurança e principalmente
a rapidez com que são iniciadas as operações de mineração.
Em toda atividade de mineração, o objetivo é extrair o máximo volume de
minério removendo o menor volume possível de rocha estéril. Isso exige que as
inclinações dos taludes das cavas a céu aberto sejam os mais íngremes
possíveis, dependendo das dimensões da jazida, profundidade, dos tipos de
minérios encontrados e da distribuição do seu teor no espaço tridimensional. Por
outro lado, as razões de segurança opõem-se ao aumento exagerado do ângulo
de inclinação dos taludes, devido à instabilidade dos mesmos, provocando
deslizamentos de volumes de rocha e causando interrupção do desenvolvimento
normal do processo de lavra da mina, criando prejuízo de vários tipos. A
segurança dos taludes e as implicações econômicas que a exploração mineral
representa são dois problemas antagônicos, que devem ser resolvidos de
maneira a estabelecer um equilíbrio harmônico entre ambos.
De acordo com Solorzano (1996), os taludes das minas a céu aberto
devem resistir a esforços estáticos e dinâmicos dentro de condições aceitáveis
de segurança e procurando maximizar os seus ângulos de inclinação com a
horizontal. Atendendo à importância que as descontinuidades geológicas
exercem sobre essa estabilidade, é necessário partir de estudos detalhados de
geologia estrutural que indiquem as principais famílias de juntas, além da
determinação dos parâmetros de resistência, a fim de poderem ser estudadas
situações de escorregamento de cunhas rochosas e outros volumes
potencialmente instabilizados pela escavação.
A extração lucrativa do minério de forma racional deve estar subordinada
à garantia de estabilidade da mina, utilizando como ferramenta os métodos de
estabilização disponíveis e o controle do processo de escavação.
15

2.2 - Classificação dos movimentos de massa

Vários autores propuseram classificações dos movimentos de massa,


entre eles Varnes e Hungr, Augusto Filho e Virgili e Varnes. Por esse fato a
adoção de um sistema único de classificação está longe de ser alcançada.
Segundo Dyminski os tipos de escorregamentos podem ser divididos em
cinco grandes grupos:
a) Quedas ou desprendimentos (falls) : destacamento ou “descolamento”
de solo ou rocha de um talude íngreme.
b) Desprendimento (topples): rotação de massa de solo ou rocha em um
ponto ou eixo abaixo do centro de gravidade da massa deslizante. Pode levar ao
movimento de queda ou escorregamento propriamente dito, dependendo da
geometria do terreno.
c) Escorregamento (ou slide): movimento de descida de massa de solo ou
rocha, tendo uma superfície de ruptura bem definida. Geralmente o centro de
rotação está acima do centro de gravidade da massa deslizante. Quando ocorre
lenta e progressivamente, pode receber também o nome de rastejo ou creep.
d) Espalhamento (Spread): descreve movimentos relativamente rápidos
de massas de argila, que podem ter estado estáveis por muito tempo, que se
deslocam para frente por uma distância considerável.
e) Corridas de lama (mood flow): Movimentos muito rápidos de solo
argiloso mole, que se move como se fosse um fluido viscoso. Movimentos de
“fluxo” também podem acontecer com outros materiais, por exemplo, areia seca.
Eles também podem ser caracterizados segundo a velocidade de deslocamento
da massa deslizante (segundo Varnes e Hungr apud Dyminski)
16

Esses escorregamentos estão ilustrados na Figura 1

Figura 1 – Tipos de escorregamento


UFPR - Notas de Aula - Estabilidade de Taludes – Andrea Sell Dyminski

É importante ressaltar que a classificação do tipo de movimento tem


grande importância uma vez que, será através desta classificação que será
definido o método de análise de estabilidade e as medidas corretivas que
poderão vir a serem tomadas.
Segundo Augusto Filho e Virgili (1998), as classificações modernas, de
um modo geral, são baseadas na combinação dos seguintes critérios:
 Velocidade, direção e recorrência dos deslocamentos.

 Natureza do material instabilizado.

 Textura, estrutura e conteúdo de água dos materiais.


17

 Geometria das massas movimentadas.

 Modalidade de deformação do movimento.

Utilizando esses critérios, Augusto Filho e Virgili (1998) adotam uma


classificação um pouco diferente:

 Rastejos – vários planos de deslocamento interno, com velocidades muito


baixas e geometria definida. Ocorrem em solos, depósitos e rocha alterada.

 Escorregamentos - poucos planos de escorregamento externos, velocidades


médias a altas. Podem ter geometria planar, circular ou em cunha.

 Quedas – sem planos de deslocamento, velocidade alta, ocorrem em material


rochoso e com geometria variável.

 Corridas – muitas superfícies de deslocamento, desenvolvimento ao longo de


drenagens, velocidade média a alta, mobilização de diversos materiais com o
solo, rocha, detritos e água. Possuem grande raio de alcance.

A classificação proposta por Varnes é bastante aceita, e se encontra resumida


na Tabela 1.

Tabela 1 - Classificação dos movimentos de encosta segundo Varnes (1978)

Notas de aula – apostila UERJ.

Os movimentos de massa também podem ser classificados de acordo


com a velocidade dos movimentos, como demonstrado na
Tabela 2.
18

Tabela 2– Classificação dos movimentos de massa de acordo com a


velocidade

http://www.ufrgs.br/geociencias/cporcher/Atividades%20Didaticas_arquivos/Ge
o02001/Movimentos%20de%20Massa.htm

2.3 - Fatores de Instabilização

A instabilidade do talude ocorre quando as tensões cisalhantes


mobilizadas se igualarem à resistência ao cisalhamento (Figura 2);

Figura 2 – Geometria de um escorregamento.


Notas de aula – apostila UERJ

Esta condição pode ser atingida com o aumento das tensões cisalhantes
mobilizadas ou pela redução da resistência.
19

Em seu clássico trabalho sobre mecanismos de escorregamentos de


terra, Terzaghi (1950) apresentou fenômenos que podem conduzir a um
processo de instabilidade. De acordo com Terzaghi (1950) as causas dos
escorregamentos podem ser divididas em causas externas, causas internas e
causas intermediárias.
 As causas externas são aquelas que provocam aumento das tensões ao
cisalhamento sem que haja ao mesmo tempo aumento de resistência ao
cisalhamento do material adjacente ao talude. Como exemplo, pode-se citar
o aumento da declividade dos taludes provocado por erosão fluvial ou
escavações feitas pelo homem. Incluem também neste item o acréscimo de
tensão provocada pela deposição de carga ao longo do bordo superior do
talude e os efeitos de vibrações (terremotos, explosões, tráfego pesado,
cravação de estacas e operação de máquinas pesadas).

 As causas internas são aquelas que provocam um escorregamento sem que


haja qualquer mudança nas condições geométricas do talude e que resultam
de uma diminuição da resistência interna do material. Podem-se categorizar
como causas internas o aumento da pressão hidrostática, um decréscimo no
valor da coesão aparente e redução do ângulo de atrito interno do material
por processos de alteração.

 As causas intermediárias são as que não podem ser classificadas em uma


das classes anteriores. Situa-se nesse caso os escorregamentos provocados
devidos a rebaixamentos rápidos do lençol freático, a erosão superficial e a
liquefação espontânea.

Varnes (1978) divide os mecanismos deflagradores em 2 grupos,


conforme apresentado na Tabela 3.
.
20

Tabela 3 - Fatores deflagradores dos movimentos de massa

Fenômenos geológicos /
Ação Fatores
antrópicos
Erosão
Remoção de massa
Escorregamentos
(lateral ou base)
Cortes
Peso da água de chuva, neve,
granizo, etc.
Acúmulo natural de material
Sobrecarga (depósitos)
Peso da vegetação
Aumento da
Construção de estruturas,
solicitação
aterros, etc
Terremotos, ondas, vulcões,
Solicitações etc.
dinâmicas Explosões, tráfego, sismos
induzidos
Água em trincas
Pressões laterais Congelamento
Material expansivo
Características Características geomecânicas
inerentes ao material do material,
(geometria, Tensões
Redução da
estruturas, etc)
Resistência
Mudanças ou fatores Intemperismo: redução na
variávies coesão, ângulo de atrito,
variação das poropressões
Adaptada de Varnes, 1978

2.4 - Modos de ruptura em taludes de mineração

Segundo Patton e Deere (1971, apud Hualanca, 2006), conforme a geometria da


ruptura e a altura dos taludes de mineração a céu aberto, as rupturas podem
abranger uma determinada escala. Estas rupturas foram divididas em três tipos,
conforme se apresenta na figura 3.3.

(a) Rupturas locais (Tipo I), são aquelas rupturas que ocorrem em nível de
bancada, controladas por juntas e falhas dessas mesmas magnitudes.

(b) Rupturas de maior escala (Tipo II), são aquelas controladas por
descontinuidades persistentes, tais como sistemas de juntas combinadas com
falhas. Este tipo de ruptura envolve um grande volume de massa rochosa. Estas
21

podem ocorrer de acordo com a configuração geométrica das descontinuidades


pré-existentes em relação ao talude, gerando desta forma rupturas do tipo planar
ou cunha.

(c) Rupturas em rochas Fraturadas (Tipo III), são aquelas associadas ao alto
fraturamento, típico de rochas brandas e alteradas que influenciam a
estabilidade devido a sua baixa resistência. Este tipo de ruptura pode envolver
várias bancadas ou até o talude global.

Figura 3 - Tipos de rupturas em taludes de mineração a céu aberto.

Hualanca (2006) também cita outra classificação, em que separa as rupturas em


dois tipos:

 Ruptura sem controle estrutural;

 Ruptura com controle estrutural;


22

2.4.1 - Ruptura sem controle estrutural

Dentro deste grupo encontram-se as rupturas circulares e não circulares.


Nestas rupturas não há nenhum padrão estrutural definido ou orientações
críticas das descontinuidades ou planos de fraqueza. Estas rupturas são típicas
de maciços de solos. A ruptura circular também pode ocorrer em taludes de
rocha, onde não há fortes condicionantes estruturais (padrão estrutural não
definido), assim como em maciços rochosos altamente fraturados sem
predominância na orientação das descontinuidades.
O termo circular é usado de modo amplo, englobando modos rotacionais,
sem restrição rigorosa da forma da superfície. Segundo Hualanca (2006),
superfícies de rupturas não circulares poderiam ser mais realistas.

2.4.2 - Rupturas com controle estrutural

Estas rupturas podem ser estudadas através de análise estereográfica


(condições cinemáticas), definida pela orientação das descontinuidades em
relação à geometria do talude. As rupturas planares, em cunha e por
tombamento se encontram neste grupo.
A ruptura planar ou em cunha em taludes altos que envolvam grande
volume do maciço rochoso, só pode ocorrer com a presença de
descontinuidades persistentes, tais como as falhas medianas e maiores, além
de obedeceram às condições cinemáticas. Por outro lado, isto não é uma
condição, pois há casos onde a superfície de ruptura planar ou em cunha é
formada pela união de várias descontinuidades menores. Conforme a literatura,
as rupturas planares e em cunha são mais comuns em nível de bancadas, onde
estão governadas por descontinuidades menores, sejam falhas ou juntas
23

ESTABILIDADE DE TALUDES DE MINERAÇÃO –


MÉTODOS UTILIZADOS

3.1 - Métodos de análise de estabilidade

De acordo com Souza (2000 apud Silva, 2006), o que se pretende com
uma análise de estabilidade é determinar, quantitativamente, um índice ou uma
grandeza que sirva de base para uma melhor compreensão do comportamento
e da sensibilidade à ruptura de um talude ou encosta, devido aos agentes
condicionantes (poropressões, sobrecargas, geometria, etc.).
A necessidade de determinação de tal grandeza incentivou o
desenvolvimento de vários métodos de análise de estabilidade, que vão desde
aqueles considerados convencionais, que se baseiam em considerações de um
estado de equilíbrio-limite dos esforços ao longo de uma superfície de ruptura
(como por exemplo os métodos de Bishop, Fellenius, Jambu, etc), até os mais
recentes, baseados em relações de tensão – deformação (método dos
elementos finitos), até métodos mais complexos, baseados em análises
probabilísticas (ex. método de Monte Carlo). Além desses métodos há ainda as
análises de risco.
Augusto Filho e Virgili (1998) dividem os métodos de análise de
estabilidade em três grandes grupos principais:
I) Métodos analíticos: envolvem os métodos baseados na teoria do
equilíbrio limite, que expressam a estabilidade de um talude por um Coeficiente
ou Fator de Segurança (CS ou FS), e nos modelos matemáticos de tensão e
deformação fundamentados nas relações existentes entre as tensões atuantes
e as deformações sofridas pelos materiais que compõem o talude;
II) Métodos experimentais: empregam modelos físicos em diferentes
escalas;
III) Métodos observacionais: calcados na experiência acumulada com a
análise de rupturas anteriores (retroanálise, ábacos de projetos, opinião de
especialistas, etc.).
Já Dyminski considera que s técnicas de análise de estabilidade podem
ser divididas em dois grandes grupos:

 Análises Probabilísticas;
24

 Análises Determinísticas;

Segundo Abramson (1996 apud Silva 2006), uma vez que a geometria e
os parâmetros geotécnicos são conhecidos, a estabilidade do talude pode ser
determinada utilizando-se soluções gráficas ou análises computacionais. A
maioria dos softwares utilizados para análises de estabilidade são baseados no
método do equilíbrio limite para modelos em duas dimensões. Outros programas
mais complexos utilizam modelos de elementos finitos que permitem aos
engenheiros geotécnicos uma análise mais refinada do problema.
De acordo com Ventura (2009) a preocupação em avaliar as condições
de estabilidade geotécnica dos taludes das cavas de mineração a céu aberto
pertencentes ao Quadrilátero Ferrífero iniciou-se na década de 80. Inicialmente,
os métodos empregados nessas avaliações eram métodos empíricos com base
no histórico das geometrias praticadas no dia a dia das minas por setores
geotécnicos de cada cava.
A partir do início deste século, as mineradoras, de modo geral, passaram
a realizar análises de estabilidade aplicando métodos por equilíbrio limite
utilizando principalmente os programas de análises bidimensionais SLOPE®, da
Geoslope, e SLIDE®, da Rocscience.

3.1.1 - Método do equilíbrio limite

Na análise determinística através do equilíbrio limite calcula-se o Fator de


Segurança (FS) baseado num valor fixo de parâmetros de materiais
componentes do talude. Se o FS é maior que 1, o talude é considerado estável,
caso contrário, o talude é considerado instável ou susceptível à ruptura. O Fator
de Segurança determinístico é dado pela relação:

Onde:
 MR = Momento resistente ao deslizamento.

 MS = Momento solicitante que tende a provocar o deslizamento.

 E ainda:

 MR = F(c’, φ’).
25

 Onde:

 c' = coesão efetiva do solo;

 φ’= ângulo de atrito efetivo do solo;

 MS = F(geometria do maciço, peso dos materiais, das condições de fluxo


da água e das poropressões, de cargas externas e sismos).

A Tabela 4 apresenta com mais detalhes os Fatores de Segurança e a


sua relação com a condição do talude.
Tabela 4 – Relação entre Fator de Segurança e condição do talude

FATOR DE CONDIÇÃO DO
SEGURANÇA (FS) TALUDE
Talude instável; caso o talude venha a
ser implantado nestas condições,
FS<1,0 devera sofrer
ruptura.

Condição limite de estabilidade


associada à
FS=1,0 iminência de ruptura; também
condição adotadageralmente nos
casos de retroanálise.
Condição estável; quanto mais
FS>1,0 próximo de 1,0 for o FS, mais precária
(pouco maior) e frágil será a condição de estabilidade
do talude.
Condição estável; quanto maior for o
FS>>1,0 FS,
(muito maior) menores serão as possibilidades do
talude vir a sofrer ruptura .
Geoslope (1995)

O FSadm de um projeto corresponde a um valor mínimo a ser atingido e


varia em função do tipo de obra e vida útil. A definição do valor admissível para
o fator de segurança (FSadm) vai depender, entre outros fatores, das
conseqüências de uma eventual ruptura, em termos de perdas humanas e/ou
econômicas.
A maioria dos métodos de equilíbrio limite subdivide a região do material
delimitada pela potencial superfície de ruptura em fatias, analisando-se as
condições de equilíbrio das forças atuantes em cada fatia isoladamente.
26

A análise através dos métodos das fatias, parte da definição de uma


superfície de deslizamento qualquer para toda a massa do talude. Esta superfície
é dividida em um número de fatias verticais que são analisadas individualmente
como um único bloco de escorregamento. Na Figura 4 demonstra-se as forças
que agem em uma fatia genérica.

Figura 4 - Forças atuantes em uma fatia vertical de uma superfície de


deslizamento –
Geoslope (1995).

Em que:

W = peso da fatia;

kW = força horizontal para incorporar efeitos sísmicos;

N = força normal à base da fatia;

S = força tangencial à base da fatia (S = τ l);

E1, E2 = componente horizontal das forças entre as fatias;

T1, T2 = componente vertical das forças entre as fatias;

D = força aplicada na superfície;

b = largura da fatia;

l = comprimento da base da fatia;

A1, A2 = forças hidrostáticas.


27

Ventura (2009) em seus estudos cita as características comuns dos


métodos de equilíbrio limite:
 Usam a mesma definição para o fator de segurança, no qual os coeficientes
são calculados pelo quociente entre a resistência do maciço e as forças
motoras, ao longo da superfície de movimentação;

 Consideram como hipótese genérica que os maciços comportam-se


mecanicamente como materiais rígidos-perfeitamente plásticos, não sendo
feitas quaisquer considerações sobre os campos de tensão e deformação
gerados pelo carregamento externo.

 Usam algumas ou todas as equações de equilíbrio para calcular valores


médios da tensão cisalhante mobilizada τ e da tensão normal σ ao longo da
superfície de ruptura potencial, necessários para estimativa da resistência ao
cisalhamento pelo critério de Mohr-Coulomb;

 Introduzem hipóteses para complementar as equações de equilíbrio, visto


que o número de incógnitas do problema é, em geral, superior ao número de
equações fornecidas pela estática.

A Tabela 5 relaciona os métodos e as suposições adotadas por eles.

Tabela 5 - Métodos e suposições do equilíbrio-limite

MÉTODO SUPOSIÇÕES
Satisfaz o equilíbrio de momentos total
Ordinário ou
Despreza as forças de interação entre as fatias
Fellenius
Superfície circular de ruptura
Satisfaz as condições de momentos e de forças
verticais
Considera que as forças cisalhantes totais que atuam
Bishop Simplificado
sobre uma fatia são nulas
Impõe que o somatório da diferença entre as forças
horizontais entre as fatias é zero
Superfície circular de ruptura
Satisfaz as condições de momentos e de forças
Jambu Supõe que a localização das forças entre as fatias
Generalizado pode ser
arbritariamente escolhida
Superfície qualquer de ruptura
Satisfaz as condições de momentos e de forças
As forças resultantes de interação são horizontais
Jambu Simplificado
Adota um fator de correção empírico, fo, usado para
calcular as forças de cisalhamento de interação
28

Superfície qualquer de ruptura


Satisfaz as condições de momentos e de forças
As forças resultantes de interação são de inclinação
Spencer
constante através da massa deslizante
Superfície qualquer de ruptura
Satisfaz as condições de momentos e de forças
A direção da força de interação resultante e:
• Igual à inclinação média do começo e fim da
Corp of Engineers superfície de
escorregamento
• Paralela à superfície do terreno
Superfície qualquer de ruptura
A hipótese adotada foi que as forças de cisalhamento
entre as fatias, denominadas X, são relacionadas com
a força normal entre as fatiasdenominada E, pela
equação X = λxf(x)xE, onde f(x) é a função que varia
Morgenstern Price continuamente através da superfície de ruptura, e λ é
um fator de escala. Para uma dada função f(x), os
valores de λ e do fator de segurança são encontrados
para os quais os equilíbrios de forças
globais e de momentos são satisfeitos.
Adaptado de Geoslope (1995) e Silva (2006).

Segundo Wright (1973, apud Calle 2000) embora, as teorias de equilíbrio


limite na análise de estabilidade de taludes tenham sido amplamente utilizadas
e com êxito, estes métodos são criticados por três razoes:
 a tensão normal na superfície cisalhada é determinada sem consideração das
características tensão - deformação do solo;

 quase todos os métodos assumem que o FS é o mesmo para todas as fatias,


coisa que só acontece na ruptura onde FS=1; e

 alguns dos métodos de equilíbrio limite, como o método ordinário de fatias ou


método de Fellenius, o método simplificado de Bishop, e os métodos de cunha
baseados no equilíbrio de forças, não satisfazem todas as condições de
equilíbrio.

Por outro lado Calle (2000) cita os estudos comparativos dos métodos de
equilíbrio limite, feitos por Whitman & Baley (1967) e Wright (1969), que levaram
as seguintes conclusões:
 os valores do FS calculados pelos métodos Generalizado de Janbu e
Morgenstern & Price são muito próximos;
29

 os valores do FS calculados pelo método simplificado de Bishop são


geralmente comparáveis com aqueles calculados pelos métodos que
satisfazem todas as condições de equilíbrio limite. As diferenças encontradas
variam entre 0 e 6% para uma ampla variedade de condições de inclinação
de talude, resistência ao cisalhamento e pressão neutra; e

 os valores do FS calculados pelo método de Fellenius são geralmente


menores que aqueles calculados pelos métodos que satisfazem todas as
condições de equilíbrio, e são também menores que aqueles calculados pelo
método simplificado de Bishop. Em condições extremas o valor do FS
calculado pelo método de Fellenius pode ser a metade do valor calculado
pelos métodos que satisfazem todas as condições de equilíbrio.

Sayão (2001 apud Ventura 2009) diz que para a escolha do método de
análise de estabilidade de taludes, deve-se considerar o modo de ruptura
provável do talude. Para projetos preliminares e classificados como de risco
desprezível, é aceitável o uso de métodos convencionais e simplificados, com
superfícies circulares de ruptura, como por exemplo, o Bishop Simplificado. E,
para projetos classificados com risco elevado, são requeridos estudos geológico-
geotécnicos da área e análise rigorosa de estabilidade a partir de métodos como
o de Morgenstern & Price, Spencer e Sarma.
Pimenta (2006) diz que vários fatores devem ser levados em
consideração, tanto os de natureza técnica e econômica. De acordo com seus
estudos, do ponto de vista técnico, os métodos de Morgensten e Price, Jambu,
Spencer e GLE são métodos mais completos e rigorosos, e por isso mais
recomendáveis. No entanto, se as superfícies analisadas forem circulares, os
métodos ditos não exatos, como o de Bishop Simplificado fornecem resultados
com precisão muito próximas às dos métodos ditos exatos.
Ainda de acordo com Pimenta (2006) alguns cuidados devem ser tomados
para se fazer a escolha correta do método a ser utilizado na análise:
 Tentar visualizar as prováveis formas das possíveis superfícies de ruptura,
dando uma maior atenção na existência de descontinuidades, superfícies de
ruptura pré-existentes, estratificação, heterogeneidade das camadas, trincas
de tração e juntas abertas;
30

 Realizar distinções entre os primeiros escorregamentos e possíveis


movimentos secundários ao longo das superfícies de rupturas já existentes;

 Ter critérios seguros em relação ao FS em respeito a coesão e ângulo de atrito


dos materiais. Sempre que possível comparar os parâmetros de resistência
obtidos da realização de retro-análises com dados obtidos em laboratório,
examinando a segurança destes dados obtidos para parâmetros de
resistência e poropressão;

 Realizar considerações de possíveis condições de fluxo e da condição do


rebaixamento do lençol freático;

 Definir corretamente qual estado de tensões (total ou efetiva) que deve ser
adotado, de acordo com o tipo de análise realizada, definindo se a análise
será para prazo curto ou longo e assegurar-se de que as estimativas de poro-
pressão são confiáveis, efetuando monitoramento das mesmas no campo.

Um aspecto fundamental para uma boa análise de estabilidade é a


qualidade dos dados de entrada. Os principais dados de entradas são
apresentados resumidamente a seguir (Ventura 2009):
 Topografia: deve definir toda a área de estudo e propiciar condições para o
traçado dos perfis do terreno nas seções críticas de interesse;

 Geologia: deve dar condições para a definição da geologia nos perfis das
seções críticas. Deve ser bem caracterizado o perfil do intemperismo para se
avaliar as classes dos maciços; também devem ser investigada a presença
de colúvios e aterros, de contatos de materiais diferentes, de afloramentos, de
planos de fraqueza e suas estruturas;

 Parâmetros de resistência dos materiais: os valores dos parâmetros de


resistência devem ser determinados a partir de ensaios de laboratório em
amostras indeformadas e representativas do material do talude. Esses
parâmetros podem ser eventualmente estimados a partir de ensaios de
campo;

 Água subterrânea: devem ser determinados os níveis da poropressão ao


longo da massa envolvida no estudo de estabilidade. A condição de fluxo
subterrâneo e as zonas de recarga e descarga dos aqüíferos, também, devem
31

ser conhecidas para serem incorporadas nas condições de contorno das


modelagens das análises;

 Cargas externas: Devem ser consideradas as sobrecargas mais significativas,


como por exemplo: contenções, aterros, pilhas de estéril, malha de ferrovia,
detonações, torres de transmissão, correias transportadoras, equipamentos
de beneficiamento de minérios, dentre outras.

3.2 - Estudos sobre estabilidades de mina encontrados na literatura

É importante citar casos encontrados na literatura sobre estabilidade de


taludes. Augusto Filho e Virgili (1998), mostram o caso da Mina de Alegria em
Mariana-MG.
A jazida de ferro está relacionada à Formação Cauê, do Grupo Itabira, na
porção leste do Quadrilátero Ferrífero. A escavação dos taludes finais envolve,
principalmente, itabirito martítico, com intercalações de itabirito goethítico e
anfibolítico. Tais litologias são bastante foliadas, placóides e medianamente
decompostas nas paredes SE, SW e NW A resistência ao cisalhamento, tanto
através do maciço como ao longo da foliação, é semelhante nestes três locais.
Na parede NE, o itabirito é extremamente decomposto, pulverulento, sendo
semelhante a um maciço arenoso, muito suscetível à erosão A resistência ao
cisalhamento do maciço neste setor é inferior à do restante da cava, pois sua
coesão é muito baixa, próxima de zero.
Na Figura 5 tem-se a setorização da cava:

Figura 5 – Setorização geotécnica da cava.


32

A principal estrutura geológica existente no maciço e condicionadora da


estabilidade dos taludes, é a foliação, que tem orientação bem definida e regular,
com direção N502E e mergulho de 522 para SW. Os estudos mostraram que os
tipos principais de ruptura passíveis de ocorrência na cava, seriam os seguintes:
 Parede NE – ruptura circular;

 Parede SE – ruptura circular;

 Parede SW – ruptura circular;

 Parede NW, rupturas circular e plano circular.

Parede NW: itabirito foliado, medianamente de composto,


descontinuidades geológicas (foliação) com direção paralela à face do talude e
mergulho para o interior da cava, mas com valor superior à inclinação do talude
- rupturas circular através do maciço ou plano-circular (combinação de ruptura
planar ao longo da foliação na parte superior, com ruptura circular na base do
talude). Já que, nesta parede, a foliação tem atitude desfavorável à estabilidade,
existe a, possibilidade de ocorrência de rupturas planares por deslizamento ao
longo destas descontinuidades. Para que este tipo de ruptura possa ocorrer, a
inclinação do talude deverá ser superior ao mergulho da foliação (522). Os
resultados obtidos nas análises de estabilidade, efetuadas para as rupturas
circular e plano-circular, mostraram que a inclinação dos taludes, para o fator de
segurança considerado, seria inferior a 502, não sendo necessária, portanto, a
análise de rupturas planas.
Parede NE: itabirito extremamente decomposto, pulverulento, sem
descontinuidades geológicas - ruptura circular através do maciço ;
Parede SE: itabirito foliado, medianamente decomposto,
descontinuidades geológicas (foliação) com direção paralela à face do talude,
mas mergulho para o interior do maciço ruptura circular através do maciço;
Parede SW: itabirito foliado, medianamente decomposto,
descontinuidades geológicas (foliação ) com direção normal à face do talude -
ruptura circular através do maciço;
Considerando-se os modelos de ruptura descritos e as características
geomecânicas do maciço, dividiu-se a cava em três setores distintos de análise:

 setor 1 - parede NE: itabirito extremamente pulverulento, ruptura circular;


33

 setor 2 - paredes SE e SW: itabirito medianamente decomposto, foliado,


ruptura circular;

 setor 3 - parede NW: itabirito medianamente decomposto, foliado, rupturas


plano-circular e circular.

Após a setorização da cava, foram efetuadas análises de estabilidade,


incorporando os parâmetros relativos à água e de resistência dos materiais. Para
a análise da influência da água na estabilidade, foi formulado o modelo
hidrológico do maciço, a partir da integração de leituras efetuadas em
piezômetros, com os modelos estrutural e litológico estabelecidos, bem como,
com as características topográficas da área. Os parâmetros de resistência foram
obtidos a partir de ensaios geotécnicos laboratoriais e do conhecimento anterior
sobre maciços semelhantes.
Estabeleceu-se como fator de segurança, adequado para a cava, o valor
de 1,30. Tendo-se em conta este valor de FS, as alturas totais dos taludes e, os
aspectos de segurança e de economia de escavação de estéril, foram propostos
os seguintes ângulos para os taludes da mina: setor 1: 33 º; setor 2: 46 º e setor
3: 41º.
34

EXEMPLO DE APLICAÇÃO

4.1 - Descrição da mina a ser estudada

A Mina utilizada neste exemplo, se localiza no Quadrilátero Ferrífero em


Minas Gerais. A Mineradora proprietária da Mina, autorizou o estudo sem a
divulgação do nome do empreendimento, por isso não será apresentado nesse
trabalho.
A cava está localizada sobre uma grande reserva de minério de ferro,
onde a formação ferrífera é basicamente constituída de Itabirito e algumas lentes
de Hematita.
Atualmente esta Mina encontra-se com suas atividades de extração ativas
na porção norte da cava. A previsão é de alcançar o pit final da cava no ano de
2035. A área da mina situa-se na porção sudeste do Quadrilátero Ferrífero,

LIMITE CAVA FINAL

CAVA CAVA
NORTE LESTE

CAVA
SUL

Figura 6 - : Vista Geral da Área da Cava da Mina – (em vermelho, limite lateral
previsto para o ano 2035).
35

4.2 - Geologia Local

Os litotipos que compõem a geologia da mina são rochas de idade Pré-


Cambriana, que podem ser divididos nas seguintes unidades: Supergrupo Rio
das Velhas, representado pelo Grupo Nova Lima e Supergrupo Minas
constituído, localmente, pelos grupos Itabira (Formações Cauê e Gandarela) e
Piracicaba (Formação Cercadinho), além das rochas básicas intrusivas com
prováveis idades pós-Minas e depósitos sedimentares de idade terciária.
Vale ressaltar que atualmente, a área ativa da mina ainda apresenta
espessos pacotes de depósitos sedimentares, tais como, os depósitos terciários.
A seqüência estratigráfica regional da região da Mina, da base para o
topo, compreende cinco unidades geológicas:
 Gnaisses e migmatitos do embasamento cristalino Arqueano;

 Seqüência metavulcano sedimentar do Grupo Nova Lima;

 Rochas metassedimentares do Supergrupo Minas;

 Rochas intrusivas de idade pós-Minas;

 Coberturas sedimentares de idade terciária.

4.2.1 - Litotipos presentes na área

a) Grupo Nova Lima


Na área atual da mina as rochas pertencentes ao Grupo Nova Lima
ocorrem em toda região leste da área mapeada, estando em contato com as
rochas da Formação Cauê e, na porção nordeste, está encoberto por um extenso
depósito terciário.
Os litotipos desse grupo presentes na região em estudo são: xisto com
lentes de metachert, clorita-xisto, filito grafitoso e quartzitos. Estes últimos podem
ser interpretados como integrantes do Grupo Maquiné, ocorrendo em quantidade
razoável na mina.

b) Formação Cauê (Grupo Itabira)


Pode-se considerar que esta unidade é constituída pelas seguintes
formações ferríferas:
36

 Hematitas (HM): constitui o minério nobre, lavrado, em geral,


seletivamente. Exibem-se normalmente friáveis e pulverulentas. Este
litotipo ocorre, principalmente, nas porções nordeste em contato com
depósitos terciários, também, a sudeste da área em contato com os
xistos do Grupo Nova Lima. É comum, ainda, ocorrerem algumas
intercalações de corpos lenticulares, com espessura métrica, de
hematita compacta dentro dos itabiritos.

 Itabiritos (IB): rocha bandada a laminada, mostrando alternância de


leitos quartzosos e hematíticos. Em geral, os itabiritos friáveis são mais
ricos em hematita, ao passo que os itabiritos compactos e duros são
mais quartzosos;

c) Formação Gandarela (Grupo Itabira)


Esta unidade é representada, fundamentalmente, por xistos e itabiritos
carbonáticos que ocorrem em toda porção oeste da mina em contato com as
formações ferríferas da Formação Cauê. E apresenta-se como rocha
completamente alterada ou solo residual.

d) Formação Cercadinho (Grupo Piracicaba)


Quartzitos ferruginosos e intercalações entre quartzo-xisto e xisto são os
litotipos que compõem esta unidade Tecto-Estratigráfica. A Formação
Cercadinho ocorre na região noroeste da mina, em contato com xistos
carbonáticos da Formação Gandarela e, mais localmente, em contato direto com
as formações ferríferas da Formação Cauê. Assim como a unidade anterior,
estes litotipos apresentam-se principalmente como rochas muito alteradas ou,
até mesmo, solo residual.

e) Rochas básicas intrusivas com prováveis idades pós-Minas


Trata-se de rochas metabásicas que afloram como sills ou diques
encaixados dentro da formação ferrífera. São normalmente corpos tabulares e
pouco foliados, com um alto grau de alteração.

f) Depósito Terciário (DT)


Este litotipo ocorre principalmente na porção nordeste da área e é
constituído exclusivamente de sedimentos argilosos de coloração avermelhada
e fluxo de detritos, ambos extremamente ferruginosos.
37

4.2.2 - Classificação do maciço

Os parâmetros de caracterização e classificação desse estudo foram


definidos pela Mineradora e pela Geoestrutural Consultoria e Projetos e foram
obtidos junto a essas empresas.
Essa classificação está detalhada no Anexo 2.

4.3 - Condicionantes Geomecânicos e Estruturais

As condicionantes de maior relevância nas condições de estabilidade dos


taludes estão apresentadas a seguir:

a) Foliação
Condiciona os contatos geológicos, a distribuição dos litotipos e classes
geomecânicas, mecanismos de ruptura local e a anisotropia marcante de
resistência intrínseca do maciço e da matriz rochosa. Além disso, a foliação
confere uma anisotropia de resistência ao litotipo.

b) Quartzito e Xisto com lentes de metachert Classe VI do Grupo Nova Lima


O estado avançado de alteração proporciona características como às
baixas de resistência aos litotipos, principalmente na região central e sul da cava,
situadas nas proximidades da formação ferrífera.

c) Base da Formação Ferrífera


A posição do contato do Filito na base da camada existente de formação
ferrífera ao longo da superfície do talude, que constituem um maciço classe VI
paralelo à foliação, gera uma zona de fraqueza condicionante de uma superfície
potencial de ruptura.

d) Contatos Litológicos
Os contatos, geralmente paralelos à foliação, constituem zonas de
fraqueza, com potencial para gerar superfície preferencial de ruptura.
A partir dos estudos de campo realizados e da análise de dados e
informações referentes à região da Mina, foi conduzida a sua setorização
geotécnica com o objetivo de permitir a otimização e a maior representatividade
das análises de estabilidade a serem realizadas.
38

4.4 - Setorização Geotécnica da cava

A setorização levou em consideração principalmente a geologia e a


geomecânica dos materiais ocorrentes na cava, em que devem ser ressaltadas
as características estruturais, grau de alteração, nível de água, traçado da cava
em planta, porte dos taludes, mecanismo de ruptura condicionante e histórico da
movimentação. Dessa maneira, a cava foi subdividida em 8 (oito) setores
geotécnicos considerados distintos e numerado de 1 a 8, a partir dos quais foram
locadas as vinte (20) seções de análise (SE 01 a SE 20). A localização destas
seções e a setorização de análise estão indicadas na Figura 7
39

Figura 7 – Locação das seções de análise e setorização da cava final.

O Setor 01, formado pelas seções SE 01, SE 02, SE 04, SE 06 e SE 08,


é caracterizado pela grande quantidade de materiais do Grupo Piracicaba e
Itabira com alto nível de alteração, classe V e VI, principalmente xisto carbonático
e quartzito ferruginoso, e é marcado, de modo geral, pela foliação com direção
40

paralela a face do talude e mergulho para o interior da cava e pela condição


parcialmente drenada dos maciços. Outra característica deste setor é a presença
de taludes de pequeno porte.
O Setor 02, composto pelas seções SE 03, SE 05 e SE 07, é caracterizado
pela quantidade de material do Grupo Itabira. Neste setor, a presença de
materiais de classe VI na parte superior dos taludes é predominante. Além disso,
o setor é marcado, de modo geral, pela foliação com direção perpendicular a
face do talude e mergulho para o interior dos maciços e pela condição
parcialmente drenada dos mesmos.
Formado pela SE 09 W, o Setor 03 é marcado pela presença de falhas
geológicas, materiais do Grupo Piracicaba e Itabira com alto nível de alteração,
classe V e VI, principalmente xisto carbonático e quartzito ferruginoso, assim
como materiais de classe menos alterada (II a IV) no interior do maciço. Além
disso, o setor é caracterizado pela foliação com direção paralela a face do talude
com mergulho para o interior da cava e pela condição parcialmente drenada do
maciço.
O Setor 04, formado pelas seções SE 09E e SE 10, é caracterizado pela
maior presença de xisto e taludes de médio porte, com alturas variando entre
150 m e 220 m. Outra característica deste setor é a posição perpendicular do
mergulho das camadas em relação à superfície dos taludes.
O Setor 05 é composto pelas seções SE 11, SE 13 e SE 14. O setor é
caracterizado, em sua maioria, pela posição paralela dos taludes em relação ao
mergulho das camadas litológicas, falhas geológicas presentes na região
superior dos taludes, por taludes de grande porte, com alturas variando entre
230 m e 350 m e pela condição parcial a totalmente saturada dos maciços. A
presença do dique de rocha básica, presente na porção intermediária do talude,
pode funcionar como barreira hidráulica, ocasionando a condição de saturação
do maciço.
Formado pelas seções SE 15 e SE 16, o Setor 06 é marcado pela
presença de taludes de grande porte, com alturas variando entre 230 m e 290
m, pela posição paralela dos taludes em relação ao mergulho das camadas
litológicas e falhas geológicas presentes na região superior do talude. Neste
setor, ainda é possível verificar a presença de material formado por Depósito
Terciário, especialmente na região onde se localiza a seção SE 16.
41

Constituído pelas seções SE 17 e SE 18, o Setor 07 é marcado, de modo


geral, pela foliação com direção perpendicular a face do talude e mergulho para
o interior dos maciços, pela grande quantidade de material do Grupo Piracicaba
de classe VI, além de material do Grupo Itabira na parte intermediária e inferior
dos taludes, presença de falhas geológicas e pela condição parcialmente
drenada dos mesmos.
O Setor 08 é formado pela seção SE 12 e destaca-se pela grande
quantidade de itabirito presente no seu maciço, variando entre as classes VI e
IV. É marcado, de modo geral, pela foliação com direção perpendicular a face do
talude e mergulho para o interior dos maciços, além de taludes de grande porte
condição parcial de saturação dos maciços.
O Setor 09, constituído pela SE 19, é marcado pela presença de taludes
de grande porte, com cerca de 300 m de altura, grande quantidade de material
do Grupo Piracicaba (quartzito ferruginoso) presente no maciço, classe VI, com
alto nível de alteração. Na parte inferior do talude destaca-se a presença de
material do Grupo Itabira. Outra característica é a posição paralela dos taludes
em relação ao mergulho das camadas litológicas, tendo sua direção no sentido
interior da cava, além da condição parcial de saturação dos taludes.
Formado pela SE 20, o Setor 10 pode ser caracterizado pela posição
perpendicular do mergulho das camadas em relação à superfície dos taludes,
presença de materiais com alto nível de alteração (presença de xisto na parte
superior e itabirito na parte inferior do talude, ambos classe VI) e taludes de
médio porte, com alturas de aproximadamente 150 m, além de condições
parciais de saturação.

4.5 - Mecanismos de Ruptura

Na estimativa dos mecanismos de ruptura foram adotadas considerações


de uma forma sucinta. Na definição dos mecanismos de ruptura e zonas
preferenciais de pesquisa das superfícies críticas do talude geral, os
condicionantes configurados pelo contato geológico e pelas classes de maciço
V e VI de menor resistência são atuantes em todos os setores.
Assim, considerando os dados geológicos, estruturais e geomecânicos e
a geometria e direção geral dos taludes da cava do plano de lavra em análise, o
42

estudo apresentado considera a mobilização dos mecanismos de ruptura


brevemente comentados a seguir.

a) Ruptura Planar
Este tipo de ruptura está mais restrito a bancadas individuais, ou seja,
para os taludes entre bermas. De maneira geral, todos os maciços presentes dos
taludes oeste das cavas sul, Norte e Leste, tanto os itabiritos, os quartzitos, as
hematitas e os xistos, apresentam estruturas dispostas com um padrão
altamente ordenado e deformadas. Neste mecanismo as juntas podem atuar
como elemento lateral para a liberação das massas instáveis e o potencial de
ruptura pode ser reduzido à medida que o mergulho da foliação diminui e o
ângulo de atrito do material passa a ser maior do que este.

b) Ruptura Circular
Para os litotipos presentes, no caso do talude apresentar inclinação
inferior ao mergulho da foliação e das falhas, este mecanismo poderá mobilizar
taludes em todas as classes de maciço, desde a classe II à VI.
Foi considerada plausível a ocorrência deste mecanismo em toda a mina.
Em todos os setores da cava, foram verificadas em potencial as possibilidades
de ocorrência desse tipo de ruptura também, enfatizando a mobilização de
superfícies mais profundas.

c) Ruptura Plano-Circular
Podendo mobilizar taludes onde o maciço está muito tectonizado e
estruturado quando a inclinação geral for inferior ao mergulho da foliação.
Foi considerada plausível a ocorrência deste mecanismo especialmente
nos taludes oestes das cavas Norte, Sul e Leste, devido à predominância de
materiais intensamente tectonizados, e com falhas, além do contato entre os
diversos litotipos que formam esta unidade.

d) Tombamento
Este mecanismo está vinculado à situação em que a estruturação geral
mergulha para o interior do maciço, cujo desencadeamento depende da
resistência ao cisalhamento da feição estrutural, da relação entre a sua
inclinação com a do talude e uma possível pressão de água nas juntas do
43

maciço. No geral, o processo se inicia por um mecanismo de desarticulação


progressiva de blocos por tombamento, afetando a escala de banco.
Porém, este tipo de mecanismo não irá atuar na configuração
apresentada para a cava atual, de modo geral, uma vez que a estruturação geral
está paralela com atitudes baixas à superfície do maciço e os taludes de maiores
porte, localizados em cotas mais altas, não sofrem influência do NA.

e) Síntese dos Mecanismos de Ruptura


Na Tabela 6, a seguir, é apresentado um resumo dos mecanismos de
ruptura admitidos neste trabalho considerando os setores de análise adotados e
as respectivas seções.
Tabela 6 - Mecanismos de ruptura – Plano de Lavra Final.

SETOR SEÇÃO MECANISMO OBSERVAÇÕES

Presença de quartzito ferruginoso e xisto


SE 1 Circular e planar carbonático.
Circular, planar e Presença de quartzito ferruginoso e xisto
SE 2
plano circular¹ carbonático.
01
SE 4 Circular e planar Presença de quartzito ferruginoso.
SE 6 Circular e planar Presença de xisto carbonático.
Circular, planar e Presença de quartzito ferruginoso e xisto
SE 8
plano circular¹ carbonático.
SE 3 Circular e planar Presença de filito.
02 SE 5 Circular e planar Presença de xisto.
SE 7 Circular e planar Presença de xisto.
Circular, planar e Presença de xisto carbonático e quartzito
03 SE 9 W
plano circular ferruginoso
SE 9 E Circular e planar Presença de xisto.
04
SE 10 Circular e planar Presença de xisto.
Circular, planar e Presença de xisto carbonático e quartzito
SE 11
plano circular ferruginoso.
Circular, planar e Presença de xisto carbonático e quartzito
05 SE 13
plano circular ferruginoso.
Circular, planar e Presença de xisto carbonático e quartzito
SE 14
plano circular ferruginoso.
Circular, planar e Presença de xisto carbonático e quartzito
SE 15
plano circular ferruginoso.
06
Presença de xisto carbonático e quartzito
SE 16 Circular e planar
ferruginoso.
44

SETOR SEÇÃO MECANISMO OBSERVAÇÕES

Presença de xisto carbonático e quartzito


SE 17 Circular e planar ferruginoso.
07
Presença de xisto carbonático e quartzito
SE 18 Circular e planar ferruginoso.
08 SE 12 Circular Presença de itabirito.

09 SE 19 Circular, planar e Presença de xisto e quartzito ferruginoso.


plano circular
10 SE 20 Circular e planar Presença de xisto.

4.6 - Condição de Saturação dos Taludes

Atualmente, operações de rebaixamento do nível de água na formação


ferrífera estão sendo realizadas para proporcionar condições adequadas aos
processos de lavra. A partir dos dados de monitoramento dos indicadores de
nível de água pode-se comprovar a afirmativa da cava possuir sua zona de
recarga ao norte. Mesmo que a mesma esteja em algumas porções
compartimentadas pela presença de diques básicos.
A posição do nível de água atual foi inferida com base em dados de
monitoramento dos indicadores do nível de água fornecidos e cadastro de
surgências de água nos taludes atuais.
A Tabela 7 apresenta às informações obtidas e interpretadas a partir das
leituras dos indicadores de nível de água disponibilizados.
Tabela 7: Dados dos indicadores de nível de água disponibilizados pela
Mineradora.
Coordenadas
Cota de Profund. Nível De água
PZ
E N Boca (m) Cota
Seção
NA
SE-13 e SE-
FS96 663143,812 7765865,647 1.032,97 173,50 846,66
14
SE-14 e SE-
FS101A 662941,600 7765672,700 984,28 223,5 840,76
18
SE-14 e SE-
FS101B 662941,600 7765672,700 984,27 75,86 914,04
18
FS103A 663045,040 7765963,479 1.050,26 148,70 SECO SE-18
H8 663701,085 7762686,009 860,98 137,80 799,37 SE-01
SS20 664144,536 7765586,872 906,61 87,73 SECO SE-20
SS26 663934,146 7765818,096 994,46 115,13 899,91 SE-19
FN02/01 662420,406 7765049,219 949,20 76,37 866,22 SE-09 W
FN76 663116,900 7765366,560 983,99 242,00 SECO SE-12
45

Coordenadas
Cota de Profund. Nível De água
PZ
E N Boca (m) Cota
Seção
NA
PZ06A 663369,973 7762874,191 900,96 ? 806,73 SE-02
FN08 663657,090 7763020,410 853,38 114,00 SECO SE-02
FN15 663423,600 7763350,520 920,06 184,00 820,09 SE-03
FN03 663858,110 7762799,070 826,34 181,00 797,98 SE-12
FN10 663275,670 7763059,600 891,51 114,95 808,27 SE-10
FDFN0245A 662520,950 7765011,849 929,3 318,45 831,65 SE-09 W
FDFN0245B 662520,950 7765011,849 929,3 154,45 861,65 SE-09 W
FDFN0240 662666,918 7766274,928 978,74 215,00 865,06 SE-17
FDFN240A 662666,918 7766274,928 978,74 80,00 898,79 SE-17
FDFN0237 662300,265 7764930,960 983,35 140,05 889,10 SE-09 W
238 663087,049 7765676,402 1.007,39 310,00 841,86 SE-18
FDFN0246A 662857,187 7764296,374 983,34 46,00 948,59 SE-07
SE-13 e SE-
FDFN315 662360,793 7765598,926 911,88 100 867,93
14
FDFN316 662690,242 7763468,602 899,06 120 830,71 SE-04
FDFN320 663418,478 7765173,735 953,95 100 906,41 SE-10
SE-11 e SE-
FDFN321 662697,717 7765461,606 928,72 120 874,12
13

4.7 - Parâmetros de Resistência

Os parâmetros de resistência considerados neste estudo e apresentados


na Tabela 8 a seguir, foram obtidos junto a Geoestrutural Consultoria e Projetos.
Tabela 8: Parâmetros Geotécnicos considerados nas análises.

Resistência
Material n / sat Paralela Oblíqua Cor
c' c'
(kN/m²) (kN/m²)
VI 30 / 30 - - 50 36
V 30 / 32 - - 60 36
IB (Itabirito) IV 30 / 32 - - 100 36
III 32 / 32 - - 200 40
II 32 / 32 - - 500 40
VI 22 / 23 - - 50 27
V 23 / 24 - - 70 30
MB (Meta Básica) IV 24 / 24 - - 100 30
III 30 / 30 - - 240 32
II 30 / 30 - - 500 42
46

Resistência
Material n / sat Paralela Oblíqua Cor
c' c'
(kN/m²) (kN/m²)
XTC (Xisto VI 21 / 21 20 22 50 27
Carbonático) V 22/22 40 27 55 33
PE (Pilha Estéril) VI 20 / 20 - - 10 30
XQZ (Xisto Quartzito) VI 20 / 20 20 22 30 24
VI 23 / 24 40 30 50 35
V 24 / 25 50 32 65 36
QF (Quartzito
IV 25 / 25 55 33 100 36
Ferruginoso)
III 25 / 26 - - 250 39
II 26 / 26 - - 300 45
VI 20 / 20 20 32 50 36
V 20 / 20 40 32 65 36
QZ (Quartzito) IV 22 / 22 50 33 100 36
III 22 / 22 - - 250 40
II 23 / 23 - - 300 45
HM (Hematita) VI 34 / 36 - - 80 38
VI 20 / 22 20 20 40 25
FL (Filito)
V 22 / 26 20 22 60 28
DT (Depósito Terciário) VI 20 / 22 - - 25 28
VI 20 / 20 30 24 40 30
XT (Xisto) V 20 / 20 40 30 50 33
IV 24 / 24 70 33 130 36
Para a anisotropia de resistência considerada nos materiais mais
alterados (xistos, quartzitos e filitos) foi considerada a foliação média de cada
material. Essa por sua vez, influenciará na redução da resistência paralela.
Considerou-se, uma faixa de variação de +/- 15º para média da foliação de cada
material, como apresentado na Tabela 9.
Tabela 9: Atitude Média da Foliação
Material Mergulho (º) Mergulho (+ 15 º) Mergulho (- 15 º)
Filito (FL) 43 58 28
Quartzito Ferruginoso (QF) 73 88 58
Quartzito Xistoso (QZX) 49 64 34
Xisto Quartzito (XQZ) 27 42 12
Xisto (XT) 48 63 33
Xisto Carbonático (XTC) 50 65 35
47

4.8 - Análise de estabilidade

Para as análises de estabilidade dos taludes da cava em questão, aplicou-


se o método sueco de equilíbrio-limite proposto por Bishop com a utilização da
ferramenta computacional SLIDE versão 5.0 da Rocscience, incorporando os
condicionantes geológico-geotécnicos e as condições de água pertinentes em
cada seção.
Adotou-se como ponto de partida das análises a geometria do talude da
cava do plano de lavra final fornecido pela Mineradora. Em decorrência da
existência de pontos notáveis na geometria dos taludes (estradas de acesso,
pilha de estéril, aprofundamento local da cava, etc.), foi considerada a busca de
superfícies críticas na porção superior, inferior, intermediária e ruptura global que
mobiliza a altura total do talude geral.
Para subsidiar a avaliação da instabilidade, foram estabelecidas faixas de
variação do Fator de Segurança (FS) relacionadas às condições de estabilidade.

 Condição Favorável: FS ≥ 1,50 – branca ;

 Condição Aceitável: 1,30 ≤ FS < 1,50 – verde ;

 Condição Desfavorável: 1,10 ≤ FS < 1,30 – amarela ;

 Condição Inaceitável: FS < 1,10 - vermelha .

4.9 - Resultados

Os resultados de estabilidades obtidos estão apresentados na Tabela 10.


Nessa tabela estão indicados somente os Fatores de Segurança (F.S.) mínimos
obtidos na busca das superfícies críticas para a geometria dos taludes da cava
final. No Anexo 1 deste documento, constam os resultados obtidos para as vinte
(20) seções com todas as situações analisadas.
Tabela 10 – Resultados das análises de estabilidade.

Seção Região de Análise do Talude F. S. Figura


Superior – Ruptura Circular 1,95
SE 01 Intermediária – Ruptura Circular 1,66 A1.2
Global – Ruptura Circular 1,55
Superior – Ruptura Circular 1,44
Intermediária – Ruptura Circular 1,30
SE 02 A1.4
Inferior – Ruptura Circular 2,38
Global – Ruptura Circular 1,38
Superior – Ruptura Plano Circular 1,28 A1.5
48

Seção Região de Análise do Talude F. S. Figura


SE 02 – superfície Intermediária – Ruptura Plano Circular 1,66
especificada Global – Ruptura Plano Circular 1,54
Superior – Ruptura Circular 1,53
Intermediária – Ruptura Circular 1,96
SE 03 A1.7
Inferior – Ruptura Circular 1,96
Global – Ruptura Circular 1,76
Superior – Ruptura Circular 1,33
SE 04 Intermediária – Ruptura Circular 1,38 A1.9
Inferior – Ruptura Circular 1,90
Superior – Ruptura Circular 1,96
Intermediária – Ruptura Circular 1,69
SE 05 A1.11
Inferior – Ruptura Circular 2,32
Global – Ruptura Circular 1,93
Superior – Ruptura Circular 1,24
Intermediária – Ruptura Circular 1,04
SE 06 A1.13
Inferior – Ruptura Circular 1,72
Global – Ruptura Circular 1,06
Intermediária – Ruptura Circular 1,39
SE 07 Inferior – Ruptura Circular 1,70 A1.19
Global – Ruptura Circular 1,37
Superior – Ruptura Circular 1,17
SE 08 Intermediária – Ruptura Circular 1,08 A1.21
Global – Ruptura Circular 1,18
SE 08 – superfície Superior – Ruptura Plano Circular 1,00
A1.22
especificada Global – Ruptura Plano Circular 1,10
Superior – Ruptura Circular 1,56
SE 09 E Inferior – Ruptura Circular 1,74 A1.30
Global – Ruptura Circular 1,81
Superior – Ruptura Circular 1,33
SE 09 W Intermediária – Ruptura Circular 1,20 A1.32
Global – Ruptura Circular 1,09
SE 09 W – superfície Intermediária – Ruptura Plano Circular 1,10
A1.33
especificada Global – Ruptura Plano Circular 1,06
Superior – Ruptura Circular 1,35
SE 10 Inferior – Ruptura Circular 1,36 A1.38
Global – Ruptura Circular 1,22
Superior – Ruptura Circular 0,99
SE 11 Intermediária – Ruptura Circular 1,08 A1.42
Global – Ruptura Circular 1,29
Superior – Ruptura Circular 1,58
Intermediária – Ruptura Circular 1,50
SE 12 A1.48
Inferior – Ruptura Circular 1,70
Global – Ruptura Circular 1,45
Superior – Ruptura Circular 0,97
Intermediária – Ruptura Circular 1,28
SE 13 A1.50
Inferior – Ruptura Circular 1,77
Global – Ruptura Circular 1,39
SE 13 – superfície Superior – Ruptura Plano Circular 0,91
A1.51
especificada Intermediária – Ruptura Plano Circular 1,22
49

Seção Região de Análise do Talude F. S. Figura


Superior – Ruptura Circular 0,85
Intermediária – Ruptura Circular 1,00
SE 14 A1.59
Inferior – Ruptura Circular 1,85
Global – Ruptura Circular 1,07
SE 14 – superfície Superior – Ruptura Plano Circular 0,93
A1.60
especificada Intermediária – Ruptura Plano Circular 0,80
Intermediária – Ruptura Circular 1,40
SE 15 Inferior – Ruptura Circular 1,50 A1.67
Global – Ruptura Circular 1,51
SE 15 – superfície Intermediária – Ruptura Plano Circular 1,34
A1.68
especificada Global – Ruptura Plano Circular 1,38
Superior – Ruptura Circular 1,22
SE 16 Intermediária – Ruptura Circular 1,85 A1.70
Global – Ruptura Circular 1,27
Intermediária – Ruptura Circular 1,74
SE 17 A1.76
Global – Ruptura Circular 1,78
Intermediária – Ruptura Circular 1,39
SE 18 Inferior – Ruptura Circular 1,48 A1.78
Global – Ruptura Circular 1,31
Superior – Ruptura Circular 1,47
Intermediária – Ruptura Circular 1,15
SE 19 A1.80
Inferior – Ruptura Circular 1,22
Global – Ruptura Circular 1,07

SE 19 – superfície Inferior – Ruptura Plano Circular 1,15


A1.81
especificada Global – Ruptura Plano Circular 1,05
Superior – Ruptura Circular 1,28
SE 20 Intermediária – Ruptura Circular 1,31 A1.88
Global – Ruptura Circular 1,33

As seções SE 06, SE 08, SE 09 W, SE 11, SE 13, SE 14 e SE 19


apresentaram fator de segurança abaixo de 1,20, de maneira que os resultados
são inaceitáveis para a situação de cava final, uma vez que, a prática em taludes
de mineração tem mostrado que coeficientes de segurança (F.S.) entre 1,20 e
1,30 são considerados aceitáveis apenas para as atividades de operação. Para
estas seções obteve-se a condição mínima de segurança a partir da proposição
da realização de intervenções em cortes orientados nos taludes e/ou
manutenção de arrimo na base do mesmo.
As seções SE 16 e SE 20 apresentaram fator de segurança (F.S.) acima
de 1,20, porém abaixo de 1,30. Dessa forma, é importante que haja um
monitoramento adequado nos taludes durante as atividades de operação.
50

Os resultados inaceitáveis apresentados para a SE 06 são diretamente


condicionados pela presença do xisto carbonático, material de baixa qualidade
geomecânica que condiciona a instabilidade nessa região em seis bancos da
superfície do talude. Porém, a condição de instabilidade pode ser acentuada
caso o nível d’água se apresente em condições mais elevadas.
Observando os resultados obtidos para a seção SE 08, verificou-se que o
baixo fator de segurança na porção superior do talude está diretamente
condicionado, também, pela presença do xisto carbonático com baixos
parâmetros geomecânicos, uma vez que houve uma ruptura localizada no
litotipo. A presença desse material entre a formação ferrífera e o quartzito
possibilitou o aparecimento de superfícies críticas, mobilizando todos os bancos
do talude global.
Na porção oeste da seção SE 09, observou-se que o baixo fator de
segurança também é devido à presença de materiais com baixos parâmetros
geomecânicos (xisto carbonático e quartzito ferruginoso).
Na SE 10, assim como na seção SE 08, a ruptura global presente na
seção é condicionada principalmente pelo xisto carbonático de classe alterada.
Para os resultados obtidos referente às seções SE 11, SE 13 e SE 14,
verificou-se que o baixo fator de segurança na porção superior e intermediária
do talude não só está condicionado pela presença de xisto e quartzito com baixos
parâmetros geomecânicos, mas também pela elevada posição da linha freática
imposta pelos diques de intrusivas básicas. Estes estão funcionando como uma
barreira hidráulica na região.
A instabilidade da parte superior, verificada na SE 16, se deve a presença
de depósito terciário presente neste setor. No que diz respeito à instabilidade
global, essa possui grande influência do nível de água presente no talude.
A presença de materiais de classe VI (quartzito ferruginoso e xisto) é fator
determinante na instabilidade da SE 19, onde são constatados fatores de
segurança baixos no setor intermediário, inferior e global do talude.
Apesar de o FS ser próximo do aceitável, na SE 20 pode-se considerar que o
baixo fator de segurança é condicionado pela presença do xisto classe VI, uma
vez que houve ruptura localizada no referido litotipo.
51

Na Tabela 11 estão apresentados os resultados das análises obtidos para


as alternativas de estabilidade propostas. Nesta tabela estão indicados os
fatores de segurança mínimos obtidos na busca das superfícies críticas para a
geometria dos taludes estáveis considerando as alternativas, seja com
abatimento da inclinação do talude a partir da base do talude ou na manutenção
de arrimo na base do talude.
Tabela 11: Resumo dos resultados das análises das intervenções na geometria
dos taludes.

Região de Análise do
Seção F. S. Figura
Talude
Superior 1,31
SE 06 – opção de arrimo Inferior 2,07 A1.15
Global 1,37
Superior 1,45
SE 06 – opção de
Intermediária 1,32 A1.17
retaludamento
Global 1,47
Superior 1,50
SE 08 – opção de arrimo Inferior 1,90 A1.24
Global 1,54
SE 08 – opção de arrimo, Superior 1,50
A1.25
superfícies especificadas Global 1,30
Superior 1,52
SE 08 – opção de
Inferior 1,72 A1.27
retaludamento
Intermediária 1,44
SE 08 – opção de Superior 1,50
retaludamento, superfícies A1.28
especificadas Global 1,35
Superior 1,58
SE 09 W – opção de
Inferior 1,32 A1.35
retaludamento
Global 1,46
SE 09 W – opção de Superior 1,53
retaludamento, superfícies Inferior 1,40 A1.36
especificadas Intermediária 1,30
Superior 1,38
SE 10 – opção de arrimo Inferior 1,59 A1.40
Global 1,32
Intermediária 1,34
SE 11 – opção de
Inferior 1,50 A1.45
retaludamento
Global 1,46
SE 11 – opção de Intermediária Superior 1,34
retaludamento, superfícies A1.46
especificadas Intermediária 1,50
Superior 1,34
SE 13 – opção de arrimo Intermediária 1,46 A1.53
Global 1,51
SE 13 – opção de arrimo, Superior 1,33
A1.54
superfícies especificadas Intermediária Superior 1,40
SE 13 – opção de Superior 1,54
A1.56
retaludamento Intermediária Superior 1,34
52

Região de Análise do
Seção F. S. Figura
Talude
Global 1,44
SE 13 – opção de Superior 1,51
retaludamento, superfícies A1.57
especificadas Intermediária Superior 1,31
Intermediária 1,37
SE 14 – opção de arrimo A1.62
Global 1,50
Superior 1,31
SE 14 – opção de arrimo,
Intermediária 1,40 A1.63
superfícies especificadas
Global 1,40
Superior 1,41
SE 14 – opção de
Inferior 1,49 A1.63
retaludamento
Global 1,57
Superior 1,30
SE 16 – opção de arrimo Inferior 1,59 A1.72
Global 1,52
Superior 1,36
SE 16 – opção de
Inferior 1,84 A1.74
retaludamento
Global 1,45
Superior 1,49
SE 19 – opção de arrimo Inferior 1,30 A1.83
Global 1,51
SE 19 – opção de arrimo, Intermediária 1,32
A1.84
superfícies especificadas Inferior 1,36
Inferior 1,37
SE 19 – opção de
Intermediária 1,41 A1.86
retaludamento
Global 1,32
Superior 1,43
SE 20 – opção de arrimo A1.90
Global 1,38
SE 20 – opção de Superior 1,42
A1.92
retaludamento Global 1,34

Para a seção SE 06 foi proposto um novo retaludamento com pivotamento


na cota 845m, com inclinação de 30º até a cota 790. A partir dessa cota, tem-se
um novo pivotamento com inclinação de 27 º até a cota 740m, no pit da cava,
conforme figuras A1.14 e A1.15. Outra alternativa consiste no pivotamento na
cota 800m com inclinação de 31º até a cota 846m, onde é feito outro pivotamento
até o topo da cava com ângulo de 27º, conforme demonstrado nas figuras A1.16
e A1.17.
Para a seção SE 08 foi proposto a elevação do pit da cava em 10m,
passando para a cota 730 m e a partir daí o ângulo geral do talude sofreria um
abatimento passando a ter 26º, conforme figuras A1.23, A1.24 e A1.25. Outra
alternativa consiste em elevar o pit em em 10m e a partir daí seguir com um
ângulo de 32º até a cota 760 m, e além disso, fazer um novo pivotamento na
53

cota 800m, seguindo com ângulo de 32º até o topo do talude. Esta alternativa
pode ser verificada nas figuras A1.26, A1.27 e A1.28.
Para a seção SE 09 W foi proposto um retaludamento a partir da cota
840m, com inclinação de 30º seguindo até o acesso na parte superior da cava,
conforme figuras A1.34, A1.35 e A1.36.
Para a seção SE 10 foi proposto um retaludamento a partir do pit da cava
até a cota 870m, com inclinação de 27º. Esta alteração foi suficiente para atender
os coeficientes de segurança necessários, conforme figuras A1.39 e A1.40.
Para a seção SE 11 foi proposto um retaludamento a partir da cota 810m,
com abatimento do ângulo, que passou a ter 26º, até o topo da cava, como pode
ser verificados nas figuras A1.44, A1.45 e A1.46.
Para a seção SE 13 adquirir estabilidade, foram propostas duas
intervenções. A primeira consiste em abater o ângulo geral para 23º a partir do
pit da cava até a cota 840m (figuras A1.52, A1.53 e A1.54). A segunda opção
consiste em fazer um retaludamento com pivotamento na cota 810m, com
inclinação de 26º até o acesso localizado na cota 952m (Figuras A1.55, A1.56 e
A1.57).
Para a seção SE 14 foi proposto um novo retaludamento com pivotamento
na cota 920 m com inclinação de 27º até a cota 762 m, na qual foi proposto um
novo acesso. A partir desta cota, foi avaliado um novo pivotamento até a cota
710 m com inclinação de 32º. Outra solução apresentada para a seção SE 14,
foi o retaludamento com o pivotamento feito na cota 810 m, com remoção de
material de classe VI, gerando uma maior quantidade de estéril e extrapolando
o limite da cava final. Essas alternativas de estabilidade podem ser verificadas
nas figuras A1.61 e A1.64, que compõem o Anexo 1 deste relatório.
Para a seção SE 16 a primeira opção de retaludamento consiste em deixar
material de formação ferrífera para a estabilidade do talude. Para tanto, foram
feitos pivotamentos nas cotas 1058 m e 867 m. No primeiro pivotamento, o talude
teve redução do ângulo superior para 27º e no segundo o ângulo foi elevado para
31º. Na segunda alternativa de retaludamento, feita através do abatimento do
ângulo superior, este pôde ser feito a partir da cota 970 m com uma inclinação
de 25º. Nesta alternativa, a quantidade de material removido é razoavelmente
pequena, como pode ser observado na figura A1.73 do Anexo 1.
54

Para as opções de retaludamento apresentadas para a seção SE 19, foi


verificado que o retaludamento feito com pivotamento na parte inferior, além de
gerar grande quantidade de estéril, extrapola o limite da cava final, como pode
ser observado na figura A1.85.
A tabela 4.6 apresenta o resumo dos ângulos de inclinação máxima para
os taludes contínuos constituídos de formação ferrífera, xistos, sericita xisto e
quartzito ferruginoso para cada setor da cava, com alturas variáveis de 0 a 50 m,
51 a 100 m, 101 a 150 m ou 151 a 200 m.

Tabela 12 – Resumo Inclinação máxima do Talude Contínuo Geral.

Setor INCLINAÇÃO MÁXIMA DO TALUDE GERAL CONTíNUO ( º) - DRENADO


da CLASSE III / IV CLASSE V / VI
Cava Litotipo
0<H≤50m 50<H≤100m 100<H≤150m 150<H≤200m 0<H≤50m 50<H≤100m 100<H≤150m 150<H≤200m
IB 54º 43º 39º 37º 43° 37° 35º 34º
1 QF 43º 36º 33º 32º 36° 31° 29º 28º
XTC - - - - 28° 25º 20º 19º
IB 54º 43º 39º 37º 43° 37° 35º 34º
2 FL - - - - 32° 26° 25º 24º
XT 67º 50º 44º 41º 38° 33º 30º 28º
IB 54º 43º 39º 37º 43° 37° 35º 34º
3 QF 43º 36º 33º 32º 36° 31° 29º 28º
XTC - - - - 28° 25º 20º 19º
IB 54º 43º 39º 37º 43° 37° 35º 34º
4 XTC - - - - 28° 25º 20º 19º
XT 67º 50º 44º 41º 38° 33º 30º 28º
IB 54º 43º 39º 37º 43° 37° 35º 34º
5 QF 43º 36º 33º 32º 36° 31° 29º 28º
XTC - - - - 28° 25º 20º 19º
IB 54º 43º 39º 37º 43° 37° 35º 34º
6
QF 43º 36º 33º 32º 36° 31° 29º 28º
IB 54º 43º 39º 37º 43° 37° 35º 34º
7
QF 58º 45º 41º 38º 45° 38º 35º 34º
IB 54º 43º 39º 37º 43° 37° 35º 34º
8
XT 67º 50º 44º 41º 38° 33º 30º 28º
IB 54º 43º 39º 37º 43° 37° 35º 34º
9
XT 48º 38º 35º 33º 28° 25° 23º 22º
IB 54º 43º 39º 37º 43° 37° 35º 34º
10
XT 67º 50º 44º 41º 38° 33º 30º 28º
Nota: Os ângulos de inclinação máximo dos taludes consideram apenas a condição drenada.
55

4.10 - Discussão dos Resultados

As análises e verificações realizadas demonstram que a cava proposta


inicialmente não satisfaz totalmente as condições adequadas de estabilidade,
uma vez que foram observados coeficientes de segurança determinísticos (F.S.)
inferiores a 1,30.
Visto que a geometria analisada é a da cava final, ou seja, não haverá
continuidade das atividades de operação da mina, a sugestão de retaludamento
realizada ao longo deste estudo foi proposta em favor de alcançar uma condição
de estabilidade mínima. Assim, deve ser considerado um programa de
monitoramento mais ostensivo, tendo em vista que os coeficientes de segurança
(F.S.) para algumas regiões da cava se mantiveram, em geral, próximos do limite
favorável (FS=1,30). Este monitoramento permitirá a verificação de que ao longo
dos anos, os fatores internos como oscilação térmica e aumento da pressão da
água intersticial e, também, fatores externos como vibrações, problemas na
drenagem superficial causando erosões, deposição de material ao longo da
crista do talude, efeitos sísmicos e infiltrações da água não condicionem a
instabilidade dos taludes da cava em questão.
Ressalta-se a importância verificada para o retaludamento dos taludes
instáveis. Mas, salientamos que a manutenção de arrimos de formação ferrífera
na porção inferior dos taludes da cava, ao longo dos planos de lavra, pode ser
considerada como uma boa solução de estabilidade, porém reduz de forma
considerável o volume de lavra da formação ferrífera. Justificando, assim, o
motivo da elaboração de uma segunda alternativa que contempla o abatimento
da inclinação do talude com pivotamento na base, mas que promove o aumento
do limite da cava, bem como a geração de material estéril.
A necessidade das intervenções propostas para alcançar as condições
mínimas de estabilidade para a geometria da cava final é clara e real. Em
paralelo a estas intervenções, deve-se contemplar a realização periódica de
inspeções de campo e a implantação de instrumentos de monitoramento das
condições de nível de água e deslocamentos no talude, dentre outras. O objetivo
destas medidas será de favorecer a avaliação e acompanhamento das
condições de segurança e a minimização dos efeitos danosos de eventuais
ocorrências indesejáveis.
56

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A realização de análises de estabilidade de uma cava de mina é


fundamental para o planejamento e desenvolvimento da lavra.
Considerando este contexto, neste trabalho foram estudados os métodos
de análise de estabilidade de taludes e os principais processos envolvidos
nessas análises. Com isso, fez-se um apanhado geral sobre o assunto,
abrangendo classificação dos movimentos de massa, fatores de instabilização e
modos de ruptura. Esses assuntos foram estudados de maneira mais
aprofundada em uma mina utilizada como exemplo de aplicação. Para isto, foram
levantadas características geológicas, geotécnicas e hidrogeológicas da mina, e
partir daí escolheu-se as seções geotécnicas a serem estudadas. A partir dessas
seções foram feitas as análises de estabilidade.
No primeiro capítulo, foram descritas as considerações iniciais, com uma
apresentação resumida do assunto, o plano de estruturação do trabalho e os
objetivos a serem atingidos.
No capítulo 2, foi apresentada uma revisão bibliográfica abordando
classificação dos movimentos de massa, fatores de instabilização, modos de
ruptura e estabilidade de taludes de mineração.
No capítulo 3 foi apresentado um exemplo de aplicação, aplicando os
conceitos descritos e estudados nos capítulos anteriores.
Com essas etapas conseguiu-se atingir os objetivos propostos para este
trabalho.
Para o enriquecimento do trabalho poderia ter sido feita uma avaliação
sobre as normas referentes à estabilidade de taludes. Outro item que poderia ter
sido abordado é a análise de estabilidade dos taludes de bancada. Essa análise
poderia definir a altura máxima de cada talude para cada material presente na
mina.
O assunto tratado neste estudo demanda maior aprofundamento. Com o
intuito de contribuir com indicações de direções a serem tomadas em eventuais
estudos futuros, são itemizadas algumas sugestões:
 Analisar a estabilidade utilizando outros métodos de análise e realizar
uma comparação entre eles;

 Avaliar a influência dos processos hidrológicos na estabilidade de taludes.


57

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 11682: informação


e documentação – referências – elaboração. Rio de Janeiro, 2009.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13028: informação


e documentação – referências – elaboração. Rio de Janeiro, 2017.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13029: informação


e documentação – referências – elaboração. Rio de Janeiro, 2017.

AUGUSTO Filho, O., VIRGILI, J.C., Geologia de Engenharia – cap.15 –


Estabilidade de Taludes, São Paulo: Associação Brasileira de Geologia de
Engenharia, 1998. 26 p.

CALLE, J. A. C. . Análise de ruptura de talude em solo não saturado, São


Carlos, Dissertação (mestrado), Universidade de São Paulo, 2000.

CARDOSO JÚNIOR, C.R.. Estudo do comportamento de um solo residual


de gnaisse não saturado para avaliar a influência da infiltração na
estabilidade de taludes / C.R. Cardoso Júnior – São Paulo, Dissertação
(Mestrado) – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, 2006.172 p.

DURAND, A. F. (1995) Estudo de Estabilidade de Taludes em Mineração a


Partir de Classificação Geomecânica – Dissertação de Mestrado, Publicação
G.DM-023A/95, Departamento de Engenharia Civil, Universidade de Brasília,
DF, 192 p.

GUIDICINI, G.. NIEBLE, C. M. Estabilidade de taludes naturais e de


escavação. São Paulo: Edusp/Edgard Blücher, 1984. 170p.

PIMENTA JUNIOR, I. Caracterização Geotécnica e Análise de Estabilidade


de taludes de mineração em solos da mina de Capão Xavier, Viçosa,
Dissertação (mestrado), Universidade Federal de Viçosa, 2005.

REIS, R. C. Estudo de estabilidade de taludes da Mina de Tapira, Ouro Preto,


Dissertação (Mestrado em Geotecnia) - Universidade Federal de Ouro Preto,
2010.

SILVA, E. M.. Análise de Estabilidade em solos de alteração de rochas


metamórficas do quadrilátero ferrífero, Viçosa, Dissertação (Mestrado),
Universidade Federal de Viçosa, 2006.

VENTURA, L. C.. Análise da influência de barreiras hidráulicas no padrão


do fluxo e na estabilidade de taludes de cavas a céu aberto de minas de
ferro do Quadrilátero Ferrífero, Ouro Preto, Dissertação (Mestrado) –
Universidade Federal de Ouro Preto, 2009.

UFPR - Notas de Aula - Estabilidade de Taludes – Andrea Sell Dyminski.


58

UFRJ – Notas de Aula – Estabilidade de Taludes.

ZEA HUALLANCA, Rolando Enrique .Mecanismos de ruptura em taludes


altos de mineração a céu aberto, São Carlos, 2004. Dissertação (Mestrado) –
-Escola de Engenharia de São Carlos - Universidade de São Paulo, 2004.
59

APÊNDICE A– RESULTADOS DAS ANÁLISES DE


ESTABILIDADE – PLANO DE LAVRA FINAL

Figura AA.1: Layout SE 01.

Figura AA.2 : Análise de estabilidade da SE 01.


60

Figura AA.3: Layout SE 02.

Figura AA.4: Análise de estabilidade da SE 02.

Figura AA.5: Análise de estabilidade da SE 02 – superfícies especificadas.


61

Figura AA.6: Layout SE 03.

Figura AA.7: Análise de estabilidade da SE 03.

Figura AA.8: Layout SE 04.


62

Figura AA.9: Análise de estabilidade da SE 04.

Figura AA.10: Layout SE 05.

Figura AA.11: Análise de estabilidade da SE 05.


63

Figura AA.12: Layout SE 06.

Figura AA.13: Análise de estabilidade da SE 06.

Figura AA.14: Layout SE 06 – opção de arrimo.


64

Figura AA.15: Análise de estabilidade da SE 06 – opção de arrimo.

Figura AA.16: Layout SE 06 – opção de retaludamento.

Figura AA.17: Análise de estabilidade da SE 06 – opção de retaludamento.


65

Figura AA.18: Layout SE 07.

Figura AA.19: Análise de estabilidade da SE 07.

Figura AA.20: Layout SE 08.


66

Figura AA.21: Análise de estabilidade da SE 08.

Figura AA.22: Análise de estabilidade da SE 08 – superfícies especificadas.

Figura AA.23: Layout SE 08 – opção de arrimo.


67

Figura AA.24: Análise de estabilidade da SE 08 – opção de arrimo.

Figura AA.25: Análise de estabilidade da SE 08 – opção de arrimo – superfícies


especificadas.
68

Figura AA.26: Layout SE 08 – opção de retaludamento.

Figura AA.27: Análise de estabilidade da SE 08 – opção de retaludamento.

Figura AA.28: Análise de estabilidade da SE 08 – opção de retaludamento –


superfícies especificadas.
69

Figura AA.29: Layout SE 09 E.

Figura AA.30: Análise de estabilidade da SE 09 E.

Figura AA.31: Layout SE 09 W.

Figura AA.32: Análise de estabilidade da SE 09 W.


70

Figura AA.33: Análise de estabilidade da SE 09 W – superfícies especificadas.

Figura AA.34: Layout SE 09 W– opção de retaludamento.

Figura AA.35: Análise de estabilidade da SE 09 W – opção de retaludamento.


71

Figura AA.36: Análise de estabilidade da SE 09 W – opção de retaludamento –


superfícies especificadas.

Figura AA.37: Layout SE 10.

Figura AA.38: Análise de estabilidade da SE 10.


72

Figura AA.39: Layout SE 10 – opção de arrimo.

Figura AA.40: Análise de estabilidade da SE 10 – opção de arrimo.

Figura AA.41: Layout SE 11.


73

Figura AA.42: Análise de estabilidade da SE 11.

Figura AA.43: Análise de estabilidade da SE 11 – superfícies especificadas.

Figura AA.44: Layout SE 11 – opção de retaludamento.


74

Figura AA.45: Análise de estabilidade da SE 11 – opção de retaludamento.

Figura AA.46: Análise de estabilidade da SE 11 – opção de retaludamento –


superfícies especificadas.
75

Figura AA.47: Layout SE 12.

Figura AA.48: Análise de estabilidade da SE 12.


76

Figura AA.49: Layout SE 13.

Figura AA.50: Análise de estabilidade da SE 13.

Figura AA.51: Análise de estabilidade da SE 13 – superfícies especificadas.


77

Figura AA.52: Layout SE 13 – opção de arrimo.

Figura AA.53: Análise de estabilidade da SE 13 – opção de arrimo.

Figura AA.54: Análise de estabilidade da SE 13 – opção de arrimo – superfícies


especificadas.
78

Figura AA.55: Layout SE 13 – opção de retaludamento.

Figura AA.56: Análise de estabilidade da SE 13 – opção de retaludamento.

Figura AA.57: Análise de estabilidade da SE 13 – opção de retaludamento –


superfícies especificadas.
79

Figura AA.58: Layout SE 14.

Figura AA.59 Análise de estabilidade da SE 14.

Figura AA.60: Análise de estabilidade da SE 14 – superfícies especificadas.


80

Figura AA.61: Layout SE 14 – opção de arrimo.

Figura AA.62: Análise de estabilidade da SE 14 – opção de arrimo.

Figura AA.63: Análise de estabilidade da SE 14 – opção de arrimo – superfícies


especificadas.
81

Figura AA.64: Layout SE 14 – opção de retaludamento.

Figura AA.65: Análise de estabilidade da SE 14 – opção de retaludamento.

Figura AA.66: Layout SE 15.


82

Figura AA.67: Análise de estabilidade da SE 15.

Figura AA.68: Análise de estabilidade da SE 15 – superfícies especificadas.

Figura AA.69: Layout SE 16.


83

Figura AA.70: Análise de estabilidade da SE 16.

Figura AA.71: Layout SE 16 – opção de arrimo.

Figura AA.72: Análise de estabilidade da SE 16 – opção de arrimo.


84

Figura AA.73: Layout SE 16 – opção de retaludamento.

Figura AA.74: Análise de estabilidade da SE 16 – opção de retaludamento.

Figura AA.75: Layout SE 17.


85

Figura AA.76: Análise de estabilidade da SE 17.

Figura AA.77: Layout SE 18.

Figura AA.78: Análise de estabilidade da SE 18.


86

Figura AA.79: Layout SE 19.

Figura AA.80: Análise de estabilidade da SE 19.

Figura AA.81: Análise de estabilidade da SE 19 – superfícies especificadas.


87

Figura AA.82: Layout SE 19 – Opção de arrimo.

Figura AA.83: Análise de estabilidade da SE 19 – opção de arrimo.


88

Figura AA.84: Análise de estabilidade da SE 19 – opção de arrimo – superfícies


especificadas.

Figura AA.85: Layout SE 19 – opção de retaludamento.

Figura AA.86: Análise de estabilidade da SE 19 – opção de retaludamento.


89

Figura AA.87: Layout SE 20.

Figura AA.88: Análise de estabilidade da SE 20.


90

Figura AA.89: Layout SE 20 – opção de arrimo.

Figura AA.90: Análise de estabilidade da SE 20 – opção de arrimo.


91

Figura AA.91: Layout SE 20 – opção de retaludamento.

Figura AA.92: Análise de estabilidade SE 20 – opção de retaludamento.


92

ANEXO A – PARÂMETROS DE CARACTERIZAÇÃO E


CLASSIFICAÇÃO

1. Grau de Alteração

Estimado com base na apreciação das características macroscópicas de


alteração da rocha. A tabela A2.1 apresenta os graus utilizados e suas
características.

Tabela A2.1- Graus de Alteração


GRAU TERMO DESCRIÇÃO

Rocha Sã
Alteração mineralógica nula a incipiente. Minerais preservam brilho original,
W1 cor e clivagem. Eventual descoloração nas descontinuidades. Foliação
(Fresh)
visível e selada. Resistência original da rocha não afetada pela alteração.

Alteração mineralógica perceptível, cores esmaecidas e perda do brilho.


Rocha Pouco Alterada Leve descoloração e oxidação na matriz e ao longo das descontinuidades.
W2
(Slightly Weathered) Foliação visível e selada. Juntas fechadas, paredes ligeiramente alteradas.
Resistência original da rocha parcialmente afetada pela alteração.

A matriz apresenta-se descolorida, com evidências de oxidação. Juntas


Rocha Moderadamente
Alterada abertas (< 1,0 mm) e oxidadas, podendo ocorrer material mais alterado ao
W3
longo das descontinuidades. Foliação realçada pelo intemperismo.
(Moderately Weathered)
Resistência afetada pelo intemperismo.
Alteração mineralógica muito acentuada, alguns minerais parcialmente
Rocha Muito Alterada
decompostos em argilo-minerais. Matriz totalmente oxidada e cores muito
W4 modificadas. Fraturas abertas (2 < e < 5 mm) e oxidadas, preenchidas por
(Highly Weathered)
materiais alterados. Foliação realçada pelo intemperismo. Desplacamentos
ao longo da foliação. Resistência muito afetada pela alteração.
Todo o material está completamente alterado para solo estruturado.
Rocha Completamente
Alterada Extremamente descolorido, minerais resistentes quebrados e outros
W5
transformados em argilo-minerais. Foliação preservada. Juntas não
(Completely Weathered)
discerníveis. Desintegra em água após um período de imersão.
Solo Residual Material totalmente transformado em solo. Estruturação da rocha matriz
W6
(Residual Soil) destruída. Prontamente desintegrado em água.
Adaptado de Brown, 1981 “Suggested Methods for Rock Characterization
Testing and Monitoring” - ISRM
93

2. Grau de Resistência / Coerência

Estimado com base na apreciação táctil-visual das características de resistência


ao impacto, trabalhabilidade do material e estimativa da resistência à
compressão simples. A tabela A2.2 apresenta os graus utilizados e suas
características.

Tabela A2.2 – Graus de Resistência/ Coerência


RESISTÊNCIA
UNIAXIAL (c)
GRAU DESCRIÇÃO CARACTERÍSTICAS ESTIMADA
(Mpa)
Extremamente  Penetrada pela ponta do dedo polegar
Branda e Solo  Moldada pelas mãos
R0 estruturado  Facilmente penetrada pelo canivete e
0,25 - 1,0
Coesivo, Rijo a martelo de geólogo
Duro  Escavada por equipamento manual
 Esmigalha-se facilmente sob o impacto de
martelo de geólogo
 indentada facilmente pela ponta fina do
martelo de geólogo
 Riscada e raspada facilmente pelo
canivete
 Desplacamentos ao longo da foliação sob
R1 Muito Branda
pressão dos dedos 1,0 - 5,0
 Bordas dos fragmentos facilmente
quebradas pela pressão dos dedos
 Pequenos fragmentos (2 x 2 x 2 cm) não
quebram sob pressão dos dedos
 Escavação por equipamentos
mecanizados
 Quebra-se sob único impacto do martelo
 Indentação rasa sob impacto firme da
ponta fina do martelo de geólogo
 As bordas dos fragmentos podem ser
quebradas pela pressão dos dedos
R2 Rocha Branda  A lâmina do canivete provoca sulco
5,0 - 25,0
acentuado na superfície do fragmento
 Podem ser raspadas pelo canivete
 Escavação por equipamentos
mecanizados, exigindo em alguns casos,
fogo de afrouxamento do maciço
 Espécimes de mão podem ser quebrados
sob poucos golpes firmes do martelo de
geólogo.
 Bordas finas dos fragmentos podem ser
Medianamente quebradas pelas mãos com certa
R3
Resistente dificuldade 25,0 - 50,0
 Superfície pouco riscável por lâmina de
aço
 Não pode ser raspada pelo canivete
 Escavada por desmonte a fogo
 Espécimes de mão requerem alguns
R4 Resistente
golpes do martelo para serem quebrados 50,0 - 100,0
94

RESISTÊNCIA
UNIAXIAL (c)
GRAU DESCRIÇÃO CARACTERÍSTICAS ESTIMADA
(Mpa)
 Bordas dos fragmentos dificilmente
quebradas pelas mãos
 Superfície dificilmente riscada pelo
canivete
 Escavada por desmonte a fogo
 Espécimes de mão requerem muitos
golpes do martelo para serem quebrados
 Fragmentos possuem bordas cortantes
R5 Muito Resistente que resistem ao corte por lâmina de aço
100 – 250
 Superfície praticamente não riscada pelo
canivete
 Escavada por desmonte a fogo
Extremamente  Espécimes somente lascados com o uso
R6 > 250
Resistente do martelo

Referência: Brown, 1981, “Suggested Methods for Rock Characterization Testing and
Monitoring” – ISRM

3. Espaçamento do Fraturamento

A Tabela A2.3 apresenta o espaçamento do fraturamento utilizado.


Considerou-se o espaçamento médio das juntas e das fraturas de foliação. A
foliação, por ser uma estrutura penetrativa em nível da matriz rochosa, foi
considerada fratura quando aberta e separando porções da massa rochosa, com
superfícies apresentando oxidação, alteração e esfoliação. Na foliação foi
também, considerado fratura, o limite entre bandas composicionais que
apresentavam graus de alteração e resistência / coerência distintos.
Como as falhas estão superimpostas à foliação, somente foram
representadas em mapa as mais expressivas.
No mapeamento de superfície, em cada estação de medida, espaçadas
de 15 em 15 metros, o espaçamento médio foi estimado por tipo e família de
estrutura.
Em sondagens, o grau foi estimado por trecho de isofraturamento, com
base no espaçamento das fraturas ao longo do eixo dos testemunhos. Partições
induzidas pelas sondagens ao longo da foliação dificultaram a identificação das
fraturas naturais para estimativa do grau de fraturamento.
Tabela A2.3 – Espaçamento do fraturamento
95

DESCRIÇÃO ESPAÇAMENTO (cm)

Maciço > 200


Pouco Fraturado 200 – 60
Moderadamente Fraturado 60 –20
Muito Fraturado 20 – 6
Intensamente Fraturado 6–2
Fragmentado <2

4. Condições das Fraturas

Para a caracterização, foram adotados os parâmetros e características


apresentados na Tabela A2.4 Bieniawski (1976) – (Adaptado). Essas
características foram utilizadas na avaliação da foliação que efetivamente,
corresponde à feição onipresente no maciço e de maior relevância na
estabilidade dos taludes.

A tabela A2.4 a seguir apresenta as classes adotadas, com os seus respectivos


RMR, que foram utilizados para a classificação do maciço da Mina de Fábrica
Nova.

Na tabela A2.4 foi incluída a Classe VI (não existente na classificação original de


Bieniawski - 1976) para designar o maciço constituído por saprólito ou solo
estruturado coesivo, rijo a duro, bastante expressivo na mina.

Tabela A2.4: Classes de Maciço - Classificação Geomecânica de Bieniawski –


1976 (Adaptado)
CLASSE I II III IV V VI

RMR 100 - 80 80 - 60 60 – 40 40 – 30 30 – 0 -

TERMO Muito bom Bom Regular Pobre Muito pobre Solo coesivo

DESCRITIV Very good Good Fair Poor Very poor Stiff soil
O

Na Formação Ferrífera, a classe VI apresenta, a rigor, características de


resistência muito superiores ao que se costuma obter para os solos rijos
estruturados e rochas extremamente alteradas moles, provenientes da alteração
dos xistos e quartzitos, que compõe os demais litotipos da mina.

A classe VI adotada para a formação ferrífera se refere à trabalhabilidade com


equipamentos de escavação e de escarificação usados na lavra, para permitir
diferenciar esta classe dos termos constituídos por rocha maciça e dura,
somente escavados com o auxílio de explosivos.
96

5. “RQD - Rock Quality Designation”

O “RQD” foi estimado por trecho de isofraturamento, considerando a somatória


dos fragmentos maiores do que 10 cm, não sendo considerado os trechos
constituídos por rocha completamente alterada.

6. Parâmetros de Classificação

A Tabela A2.5 apresenta os parâmetros de classificação, bem como os pesos


relativos para a composição da classe de maciço (RMR).

Tabela A2.5 – Parâmetros de Classificação, Bieniawski (1976)


Compressã Utilizar ensaio
o > 8 MPa 4-8 MPa 2-4 MPa 1-2 MPa de compressão
Puntiforme simples
Resistência Resistência à 10-25 MPa
1 Da rocha Compressão > 200 MPa 100-200 MPa 50-100 MPa 25-50 MPa 3-10 MPa
intacta Simples 1-3 MPa
2
Peso 1
Relativo 15 12 7 4
0
2 R.Q.D.% 90-100 75-90 50-75 25-50 < 25
Peso Relativo 20 17 13 8 3
3 Espaçamento de Fraturas >3m 1-3m 0,3 - 1 m 50-300 mm < 50 mm
Peso Relativo 30 25 20 10 5
Superfícies
Superfícies Superfícies Superfícies estriadas ou Preenchimento
muito rugosas. pouco rugosas. pouco rugosas. preench. <5 mole >5 mm ou
Não contínuas. Separação <1 Separação <1 mm ou abertura >5
Condições das Fraturas
4 Fechadas. mm. Paredes mm. Paredes abertura 1-5 mm. Fraturas
Paredes duras. duras. moles. mm. Fraturas contínuas
contínuas.

O valor do RMR foi estimado para a condição seca, pois a influência da água foi
levada em consideração na estimativa das tensões efetivas nas análises de
estabilidade, segundo Hoek e Brown (1988).

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