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Marcos Lourenço

http://paginapessoal.utfpr.edu.br/mlourenco

Máquinas de Fluxo

29 de agosto de 2014

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Equação da continuidade

Q1 = Q2 , mas A1 = A2 = const., logo v1 = v2

Equação da energia

H1 = H2 + Hp1,2 , mas Hp1,2 = hf 1,2 , logo hf 1,2 = H1 − H2

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No caso considerado, a diferença entre as cargas totais das duas seções representa
a perda de carga distribuída entre as seções. Como:

αv2 p α1 v21 − α2 v22 p1 − p2


H= + + z, logo hf 1,2 = + + z 1 − z2 , mas
2g γ 2g γ
   
p p
v1 = v2 , logo hf 1,2 = +z − +z
γ 1 γ 2

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p
A quantidade + z é chamada de carga piezométrica (CP), que pode ser medida
γ
em determinada seção utilizando um piezômetro. Essa carga é a medida do plano
horizontal de referência (PHR), até o nível superior do líquido no piezômetro.
Ainda, a partir da equação:
   
p p
hf 1,2 = +z − +z
γ 1 γ 2

a perda de carga é a diferença entre as cargas piezométricas nas duas seções.


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Se forem instalados piezômetros entre os pontos 1 e 2, pode-se traçar o lugar


p
geométrico das alturas γ + z, cujo perfil resultante é chamado de linha piezométrica.
De modo semelhante, pode-se definir a linha de energia como sendo o lugar
2 p
geométrico dos pontos H = αv 2g + γ + z.

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A linha de energia geralmente é decrescente ao longo do escoamento, exceto nos


casos onde energia é cedida ao fluido, como em uma entrada ou por meio de uma
bomba. A linha de energia, para o caso considerado, é paralela à linha
2
piezométrica αv
2g = const. No caso considerado diferença de cotas entre dois
pontos da linha de energia representa a perda de carga entre esses dois pontos.

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Equação da quantidade de movimento

Fs′ = p1 A1 n1 + p2 A2 n2 + Qm (v2 − v1 ) − G

na qual Fs′ é a força resultante das pressões e tensões de cisalhamento da parede


sólida sobre o fluido.

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Por meio de uma análise, utilizando diversos argumentos físicos e geométricos


aqui omitidos, é possível determinar a seguinte expressão para a perda de carga
distribuída entre 1 e 2:
4τL
hf 1,2 =
γDh
a partir da qual nota-se que a perda de carga é inversamente proporcional a Dh /L.
A dificuldade aqui se encontra na determinação de τ.

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Uma expressão para a perda de carga distribuída pode ser determinada a partir de
uma análise dimensional, cuja função de interesse é f = f (γhf , ρ, v, Dh , µ, L, ε). Nesse
caso, as grandezas dimensionais relevantes, para o sistema FLT adotado, são:

[γhf ] = FL−2 , [ρ] = FL−4 T2 , [v] = LT −1 , [Dh ] = L, [µ] = FL2 T, [L] = L, [ε] = L
com as quais pode-se construir m = 4 adimensionais. Utilizando como base as
variáveis ρ, v e Dh . Calculando os adimensionais na forma:
β γ
π1 = ρα1 vα2 Dhα3 L, π2 = ρ β1 vβ2 Dh 3 ε , π3 = ργ1 vγ2 Dh 3 µ, π4 = ρδ1 vδ2 Dhδ3 γhf

estes podem ser escritos como:


hf ρvDh L D
π1 = 2
, π2 = = ReD , π3 = , π4 = h
v /2g µ Dh ε

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Por outro lado, temos que:


hf v2
   
L Dh L Dh
= φ Re, , =⇒ hf = φ Re, ,
v2 /2g Dh ε 2g Dh ε
Verifica-se a partir da equação da quantidade de movimento, tem-se que
hf ∝ (L/Dh ) de tal forma que,

L v2
 
Dh
hf = φ Re,
Dh 2g ε
 
Uma vez que φ Re, Dεh ≡ f , logo:

L v2
hf = f
Dh 2g

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L v2
hf = f
Dh 2g

Pela equação acima, dados L, Dh e v, pode-se determinar hf a partir do valor de f ,


que é função dos valores de ReDh e Dεh . Os valores de f são obtidos
experimentalmente pela construção de um diagrama universal, já que Re e Dεh são
adimensionais.

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O objetivo da experiência é determinar a relação f = f Re, Dεh . Fixou-se ε, L, Dh , ρ
e µ, para diferentes valores de Re, alterando os valores de p1 e p2 através das
válvulas.

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Cujas regiões são:


I: Re < 2000 ⇒ f possui um comportamento linear;
II: 2000 < Re < 2400 ⇒ transição entre laminar e turbulento;
III: Regime hidraulicamente liso;
IV: Regime hidraulicamente rugoso;
V: Região mista entre os regimes liso e rugoso.
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Esse tipo de instalação é caracterizada por:


Distribuição aleatória de rugosidade;
Seu comportamento experimental é análogo aquele determinado por
Nikuradse, segundo Colebrook;
A rugosidade real é representada por uma fictícia, chamada rugosidade
equivalente k, introduzida por Colebrook;
Dados para tubos reais podem ser extraídos a partir do Diagrama de
Moody-Rouse;

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❘✉❣♦s✐❞❛❞❡ ❛❜s♦❧✉t❛ ε

Material Rugosidade ε [mm]


Aço rebitado 0,9 — 9
Concreto 0,3 — 3
Madeira 0,2 — 0,9
Ferro fundido 0,26
Ferro galvanizado 0,15
Ferro fundido asfaltado 0,12
Aço comercial ou ferro forjado 0,046
Trefilado 0,0015

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D ❡♠ ❢✉♥çã♦ ❞♦ ❞✐â♠❡tr♦ ❞♦ t✉❜♦ Dh

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Pr♦❜❧❡♠❛s tí♣✐❝♦s

Considerando as variáveis L, Dh , Q, v, k e hf , três problemas comuns envolvendo


essas variáveis são:
1 A partir de L, Dh , Q, v e k calcula-se hf ;
2 Q é determinado utilizando L, Dh , v, k e hf ;
3 Dados L, Q, v, k e hf calcula-se Dh ;

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❊①❡♠♣❧♦

Esse exemplo considera que Hp1,2 = hf 1,2 e hs ≈ 0.

Calcular a vazão d’água num conduto de ferro fundido, sendo dados


D = 154[mm], ν = 10−6 [m2 /s] e sabendo-se que dois manômetros instalados a
uma distância de 10[m] indicam, respectivamente, 0, 15[MPa] e 0, 145[MPa]. O
peso específico da água pode ser considerado como γ = 104 [N/m3 ].

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São produzidas por variações bruscas (ou até mesmo graduais) na geometria do
conduto, como em válvulas, registros, alargamentos e redutores. Também pode
ser modelada através de análise dimensional, a partir da função característica
f = f (ν, v, ρ, G), onde G representa uma grandeza geométrica. Para um dado
alargamento brusco,

1
2
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1
2

Cujas grandezas geométricas características são as áreas A1 e A2 nas seções 1 e 2,


respectivamente.

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hs
2
= ϕ (Re, Gf )
v /2g
na qual Gf são coeficientes adimensionais de forma. Semelhante a k, define-se ks
como um coeficiente de perda de carga singular, dada por ks = ϕ (Re, Gf ), de tal modo
que:
v2
hs = ks
2g

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10/0,15 = 66,7

Ref.: Munson,
Fundamentos da
Mecânica dos
Fluidos, 4a ed,
pág. 440.
Ref.: Potter,
Mecânica dos
Fluidos, 3a ed,
pág. 257.
Ref.: Azevedo Netto, Manual de Hidráulica, 6a ed, Vol. I, pág 218.
Perdas de carga singulares ou concentradas
Método dos comprimentos equivalentes

Pode-se associar uma determinada perda de carga singular àquele comprimento


de duto de seção constante e de mesmo diâmetro, que teria o mesmo efeito na
instalação que o acessório correspondente. Igualando as perdas de carga por
  Leq v2
singularidade hs = ks v2 /2g e distribuída para um duto fictício hfeq = f ,
Dh 2g
tem-se:
ks Dh
Leq =
f
Comprimentos equivalentes para uma variedade de dutos de diferentes materiais
possuem valor tabelado. Considerando as perdas de carga localizada e
distribuída, a perda total pode ser calculada como:

Lreal v2 Leq v2 Lreal + Leq v2
Hp = ∑ hf + ∑ hs = f +f =f
Dh 2g Dh 2g Dh 2g

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Perdas de carga singulares ou concentradas
Método dos comprimentos equivalentes

Canalização de aço galvanizado com conexões de ferro maleável.

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Perdas de carga singulares ou concentradas
Método dos comprimentos equivalentes

Comprimentos equivalentes em metros para bocais e válvulas.

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Instalações de recalque
São uma série de componentes utilizados em conjunto de modo a permitir o
transporte e o controle da vazão de um fluido. Geralmente são compostas de
reservatórios, tubos, máquinas e outros acessórios (singularidades).

Por exemplo, a válvula de pé permite, além da filtragem de detritos, que não haja
retorno de fluido quando a bomba é desligada. O registro globo possibilita o
controle da vazão.
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Instalações de recalque

Geralmente, procura-se determinar a potência da máquina hidráulica. Para isso,


aplica-se a equação da energia entre os pontos 1 e e.

α1 v21 p1 αe v2e pe
H1 = He + Hp1,e =⇒ + + z1 = + + ze + Hp1,e
2g γ 2g γ

que, simplificando,

αe v2e αe v2e
 
pe pe
0= + + ze + hf + hs =⇒ =− + ze + hf + hs
2g γ γ 2g
 2
e ve
 pe
Mas α2g + ze + hf + hs > 0, logo <0
γ
αe v2e
 
Na escala absoluta ⇒ peabs = pe + patm = patm − γ 2g + ze + hf + hs

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Instalações de recalque
Cavitação

pv é a pressão de vapor do líquido na temperatura do escoamento;


Quando peabs <= pv haverá formação de vapor na tubulação de sucção;
Esse é um fenômeno indesejado, chamado de cavitação, e que deteriora
máquinas hidráulicas;
A implosão das bolhas de vapor, ao se condensarem quando alcançam pontos
de maior pressão, libera grande quantidade de energia;
O que acaba causando vibrações e erosões nas paredes sólidas, diminuindo o
rendimento do equipamento;
Assim, procura-se sempre trabalhar com a condição peabs > pv .

T [ ◦ C] 0 10 20 30 50 100
pv 0, 617 1, 225 2, 313 4, 204 12, 25 101, 2

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Instalações de recalque
Cavitação

T [ ◦ C] 0 10 20 30 50 100
pv 0, 617 1, 225 2, 313 4, 204 12, 25 101, 2

As condições que contribuem para a manutenção da desigualdade peabs > pv são:

(a) Menor velocidade do tubo de sucção Fixada a vazão, esse resultado só pode ser
obtido com tubos de maior diâmetro;
(b) Menor cota ze : às vezes a máquina deverá trabalhar afogada, isto é, com ze
negativo;
(c) Menores perdas distribuídas e singulares na tubulação de sucção.

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Instalações de recalque
Exemplo

Sendo a pressão p8 mantida constante e igual a


532[kPa], determinar a potência da bomba, de
rendimento ηB = 0, 7 e a pressão na entrada dela
se a vazão for Q = 40[L/s]. A tubulação é de ferro
galvanizado (k = 1, 5 × 10−4 [m]. Outros dados
são: ks1 = 15; ks2 = ks6 = 0, 9; ks3 = ks5 = 10;
ks7 = 1; ks4 = 0, 5; pv,H2 O = 1, 96[kPa](abs);
γ = 104 [N/m3 ]; ν = 10−6 [m2 /s] e patm = 101[kPa].
Os índices S e R referem-se, respectivamente, à
sucção e ao recalque. Dados DS = 15[cm] e
DR = 10[cm].

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Instalações de recalque
Considerações sobre linhas de energia e piezométrica

Para perdas de carga singulares, as LE e LP não tem andamento definido,


sendo representados por uma linha sinuosa;
No caso de máquinas, as duas linhas serão crescentes se a máquina for uma
bomba e decrescentes se a máquina for uma turbina.
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Exercícios propostos

(Franco Brunetti, Mecânica dos Fluidos, Editora Pearson, 2 edição)

Capítulo 7 – Escoamento Permanente de Fluido Incompressível em Condutos Forçados

Exercícios: 7.1, 7.2, 7.3, 7.4, 7.5, 7.8, 7.9, 7.12, 7.13, 7.14, 7.18, 7.23.

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