Você está na página 1de 1

CUNHA, Euclides da. Os sertões. 1.ed. São Paulo: Ciranda Cultural, 2018, 480p.

Em expedição como jornalista correspondente do jornal O Estado de São Paulo, Euclides


Rodrigues Pimenta da Cunha (1886-1909), segue na quarta expedição para noticiar os
acontecimentos da Guerra de Canudos (1896-1897). Após sua breve permanência no
conflito, de volta a São Paulo, com suas próprias impressões e pesquisas, escreve Os
Sertões, com as principais divisões: “A terra”, “O homem” e “A luta”. Em A terra, parte da
faixa litorânea brasileira, adentrando o país, descreve as características dos ecossistemas
encontrados nos diversos sertões e descobri esse novo Brasil com aspectos desérticos e
extenso vale fértil. O homem, aborda a gênese das raças mestiças do Brasil, além disso
dos diversos aspectos de formação, cultura, religiosidade e a capacidade de transfiguração
desse ser: o sertanejo, não possui uma estética impecável mas, diante do aparecimento de
qualquer adversidade, revela uma energia adormecida, mostrando sua força e bravura.
Descreve a biografia de Antônio Conselheiro, a formação de seus ideais religiosos e
políticos contra o anti-Cristo (República) e o enraizamento do Arraial de Canudos em uma
fazenda abandonada, nas proximidades do rio Vaza-Barris. A luta, a princípio, revela a
gênese remota de um dos personagens mais marcantes: o jagunço. Narra o estopim do
conflito, que deu-se através da compra de madeira para a construção da Igreja Nova em
Canudos e, mesmo sendo paga, não foi entregue pelo negociante de Juazeiro, trama
premeditada pelo juiz Arlindo Leoni, cogitando uma tomada “à força” da encomenda, redige
uma solicitação ao Exército Brasileiro, comunicando ao General um possível ataque em sua
comarca. A partir da confirmação do embate, consolida-se o primeiro conflito com um
número pequeno de soldados. Subestimam-se os oponentes por conta de suas armas,
porém, os sertanejos possuem como aliados o clima, o conhecimento da região e
sobretudo, a coragem. A jagunçada do Conselheiro sai vitoriosa. A partir disso, houve mais
três expedições com um número cada vez maior de oficiais, dispondo de armamentos e
canhão apelidado pelos sertanejos de “A Matadeira”. No último conflito, por complicações
de saúde, morre Antônio Conselheiro. O Arraial é devastado, seus sobreviventes são feitos
prisioneiros de guerra ou degolados, o caos de uma sociedade de desvalidos. Conclui-se
que todo o conflito foi um grande crime.

Você também pode gostar