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Dimensionamento e Analise de

Feixe de Molas
Proposta N° 05
Título: Estudo feixe de mola Chevrolet Blazer modelo 1999/2000 DLX 2.8 TURBODIESEL

Data: 30/11/2017 Eng. Guilherme Cayres Cliente: GM Chevrolet


Eng. Jorge Santana
Eng. Yuri Alves

1 Proposta

Dimensionar e analisar o feixe de molas da suspensão traseira de uma Chevrolet


Blazer, modelo 1999/2000 DLX 2.8 TURBODIESEL 4X4 através de software CAD e CAE.

2 Objetivos

Este trabalho tem como objetivo a validação do feixe de mola de uma Chevrolet
Blazer, modelo 1999/2000 DLX 2.8 TURBODIESEL 4X4 com peso de 1945 kg e chassi do tipo
escada através de software CAD e CAE.

O projeto do feixe de molas, assim como em outros projetos de engenharia, passa


por três etapas: a etapa de desenvolvimento através de Desenho Assistido por
Computador (CAD), uma etapa de análise que geralmente é feita em software de
Engenharia Assistido por Computador (CAE) e uma validação final onde são testadas as
premissas de projeto ou condições iniciais, sejam elas experimentalmente ou por uma
representação virtual do modelo (Hardware-In-The-Loop). Neste projeto foram seguidas
duas das três etapas descritas: Desenvolvimento e Análise.

Para dimensionamento foi utilizado o software Catia V5R19 (CAD) e para análises
estática, modal e fadiga através do Método dos Elementos Finitos (MEF) utilizou-se o
software Ansys 18.1 (CAE). Na Figura 1 encontra-se o desenho 3D do componente.
Figura 1 - Desenho Assistido por Computador (CAD) do Feixe de Molas

Para realizar a análise estática, o primeiro passo é o desenvolvimento do modelo


tridimensional. Através do ambiente Part Design, no software Catia, foi obtido o
resultado na Fig. 1.

2.1 Análise estática


O carregamento imposto em um feixe de molas é do tipo flexo-torção, em sua
maioria sob carga de flexão (KOTHARI, 2014). Por esse motivo, na análise estática, foi
aplicada uma pressão de 78,427 kPa determinado a partir do cálculo da força gerada
pelo peso de ¼ do veículo dividido pela área do feixe. A aplicação desse carregamento
pode ser vista na Fig. 2.

Figura 2 - Carregamento aplicado

O critério de falha empregado, para a estática, foi o de von Mises por ser o menos
conservador comparado com o critério da máxima tensão de cisalhamento. (BEER;
JOHNSTON, 2012)

2.2 Análise modal


Uma análise de vibrações em um feixe de mola, se faz necessária afim de
encontrar possíveis frequências onde o deslocamento entre as fibras do material é
máximo, essas são chamadas as frequências naturais do sistema ou frequências de
ressonância. Um sistema que sofre com essas frequências por muito tempo tende a
falhar mais cedo ou até entrar em colapso.

De acordo com as especificações de projeto estabelecidas pelo cliente,


frequências acima de 50 Hz não são de interesse.

2.3 Análise para fadiga


Na análise de fadiga foi utilizado o critério de Gerber por ser o menos conservador
ao considerar as tensões alternadas, devido à absorção dos impactos e imperfeições da
pista, e tensões médias, devido ao peso da estrutura que será aplicado no feixe de mola.
A amplitude de carga foi definida o modo totalmente reverso (Fully Reversed). Este
critério submete o componente a uma carga alternada máxima de tração e compressão.

2.4 Método dos Elementos Finitos


O Ansys é um software comercial de análises computacionais voltadas para a
engenharia. Para a obtenção de resultados da simulação computacional, é necessária a
geração de uma malha. Esta malha se ajusta à geometria que será submetida aos
carregamentos, no caso o feixe de molas, e discretiza uma estrutura contínua em uma
estrutura discreta com número finito de elementos.

A malha ideal é aquela que tem todos os elementos do mesmo tamanho, se


adaptam perfeitamente à geometria da peça em todos os pontos e expressa resultados
compromissados com a realidade, porém, uma malha refinada ao extremo e com muitos
elementos, gera maior gasto computacional.

Figura 3 - Qualidade da malha.

Como pode ser visto na Figura 3, os elementos são conectados através de pontos,
estes pontos são chamados de nós. A ordem dos elementos varia entre quadrático,
linear ou controlado pelo programa. O tipo de elemento adotado foi o controlado pelo
programa, um centro de relevância fino, com 14034 nós e 3789 elementos. Os outros
parâmetros da malha utilizados foram os padrões configurados pelo Mechanical do
Ansys.
A Figura 4 mostra o gráfico de convergência de malha e de acordo com o software
a malha convergiu com uma mudança de 10,8% em 2 passos.

Figura 4 - Gráfico de convergência.

3 Apresentação do problema

O material escolhido para o componente foi o aço estrutural ASME BVP com as seguintes
propriedades mecânicas de acordo com GUERRA,2016:

 Densidade de 7850 𝐾𝑔/𝑚³;


 Resistência máxima a tração de 460 𝑀𝑃𝑎;
 Resistência ao escoamento de 250 𝑀𝑃𝑎;
 Módulo de Young de 200 𝐺𝑃𝑎;
 Coeficiente de Poisson de 0,3.

Figura 5 - Condições de contorno de suporte.


Após a conclusão da malha, foram estabelecidas as condições de contorno
mostradas na Fig 5. As condições de fixação foram aplicadas no extremo do feixe de
mola, considerando o acoplamento do feixe, jumelo e chassi. Na dianteira, onde o feixe
é acoplado diretamente no chassi, é permitido apenas o movimento de rotação
(Cilindrical Support). Na traseira é permitido a rotação e translação, pois foi considerado
o acoplamento do feixe ao jumelo.

Segundo GUERRA, 2016 as condições do tipo de contato foram definidas como:

 Frictional – Entre os feixes de mola com coeficiente de atrito de 0,15.


 Bonded – No contato mola-pino.

Figura 6 - Contato friccional.

Figura 7 - Contato sem deslizamento (Bonded).


3.1 Resultado para a análise estática
Depois de determinadas as forças e as condições de contorno, foram obtidos os
resultados do critério de von Mises como mostra a Fig. 8:

Figura 8 - Tensão equivalente de von Mises.

Uma vez que a tensão de escoamento do material utilizado é 250 MPa, podemos
concluir que o projeto do feixe de mola atingiu o objetivo requerido, pois chegou à uma
tensão máxima de 80 MPa menor que a de escoamento.

Deve-se ressaltar o princípio de Saint-Venant, que diz que se uma carga é


aplicada em uma área consideravelmente pequena em relação ao restante da estrutura,
esta gerará uma tensão com magnitude muito elevada apenas nesta área, logo não
influenciará na vasta área restante da estrutura.

Este conceito pode ser bem fixado através do seguinte exemplo: usando uma
estrutura em formato de bloco feito de espuma, aplica-se uma carga pontual, no ponto
de aplicação da carga observar-se-á que a deformação foi grande, mas o resto da
estrutura ficou totalmente íntegra. Por esta razão que na Fig. 8, a área que sofre a tensão
de 80 MPa não é visível, pois ela só é encontrada ao ser dado zoom na fixação do feixe
de mola.

3.2 Resultado para a análise modal


Nesta análise submeteu-se o feixe de molas a uma vibração livre e foram buscadas,
dentro de uma faixa de 22 vibrações, aquelas que tivessem valor inferior a 50 Hz, sendo
que as 18 primeiras, são relativas aos 6 graus de liberdade, 3 de translação e 3 de rotação
para cada um dos componentes do feixe (duas parábolas e um jumelo).

Tendo isto, foram encontradas as seguintes frequências naturais descritas na Tab.


1 e mostradas na Fig. 9 cuja o eixo das abscissas representa os modos de vibrações e o
eixo das ordenadas, as frequências de ressonância.
Tabela 1 - Frequências de ressonâncias do conjunto.

Modo Frequência [Hz]


19 23,458
20 42,326
21 69,157
22 114,97

Figura 9 - Gráfico Frequência X Nº de modos de vibração.

As Figuras 10 – 13 mostram cada modo de vibração do sistema.

Figura 10 - Modo de vibração #19.


Figura 11 - Modo de vibração #20.

Figura 12 - Modo de vibração #21.

Figura 13 - Modo de vibração #22.

Pode-se observar que os modos 19 e 20 estão abaixo dos 50Hz especificado no


projeto. No entanto, ao perceber o comportamento da estrutura sob tais excitações,
notou-se que, com as condições de contorno e forças aplicadas, tais movimentos serão
restringidos.
3.3 Resultado para a análise de fadiga
Seguindo o que foi descrito em 2.3, obteve-se os gráficos da Fig. 14:

Figura 14 - Amplitude de carga alternada e gráfico Tensão X Resistência

Um ponto interessante a ser considerado é a relação entre a análise modal e a de


fadiga. A primeira, modal, prevê quais são as frequências naturais que poderão causar
ressonância quando submetida à análise de fadiga, com carregamento alternado.

Figura 15 - Vida em fadiga

Figura 16 - Fator de segurança


O feixe de mola foi aprovado de acordo com análise para a vida infinita como
pode ser visto na Fig. 15. O fator de segurança encontrado é igual a 15 como observa-se
na Fig. 16 e esse valor satisfaz o projeto do chassi por ser um veículo de carga e nesta
análise o utilitário não estava sujeito a nenhum carregamento externo além do seu
próprio peso.

4 Conclusões dos resultados

A partir de todos os resultados levantados, conclui-se que o feixe de mola projetado


tem toda a possibilidade de aplicação prática. Todos os métodos utilizados na análise
foram obtidos a partir de aulas expositivas e referências bibliográficas sobre análises
modais, estáticas e fadiga.

Uma vez que em uma situação real de trabalho o feixe de mola é submetido à
flexão, deve-se atentar à questão do cisalhamento, que será maior na metade do
comprimento do feixe de mola, logo, este será o local propício à falha.

5 Proposta de melhoria

Com o objetivo de obter um feixe de mola que seja capaz de suportar os esforços
requeridos associado com o menor peso possível, o aço usado no feixe de mola pode
ser substituído por um material compósito. Além de ser mais leve, o material compósito
eleva as frequências naturais da estrutura, o que evita ainda mais que a ressonância do
perfil de pista excite a estrutura. Desta forma, um feixe de mola produzido a partir de
um compósito é um substituto eficiente para o aço. (KOTHARI, 2014)

6 Referências

ANSYS, Lecture 4 - Meshing in Mechanical, 2010 ANSYS, Inc. All rights reserved.

BEER, F. P.; JOHNSTON, E. R. Resistência dos Materiais. [S.l.]: Pearson Education,


2012. v. 3.

GUERRA, M. V. R. Desenvolvimento e Análise de um Projeto de Feixe de Molas.


– Brasília, DF, 2016

KOTHARI, P. A review paper on design and analysis of leaf spring. International


Journal of Engineering Research, 2014.
MATHWORKS®. What Is Hardware-In-The-Loop Simulation?. Disponível em :
<https://www.mathworks.com/help/physmod/simscape/ug/what-is-hardware-in-the-
loop-simulation.html#responsive_offcanvas>. Acesso em: 28 Nov. 2017

SUV (CHEVY BLAZER & GMC JIMMY). S/T Small Utility, 2004. Disponível em
<http://www.chuckschevytruckpages.com/framespecs.html> Acesso em: 30 Out. 2017

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