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5 de Janeiro de 2008
Resumo
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Prova: Seja
X = {n ∈ N : s(n) 6= n}.
Veja que X é um subconjunto de N. Provaremos que X = N usando o
axioma 3.
Fato 1. Existe uma única função soma como acima tal que para todo p ∈ N:
• soma(p, 1) = s(p); e
Fato 2. Existe uma única função prod : N × N → N tal que para todo p ∈ N:
• prod(p, 1) = p; e
2
Prova: Fixe p, q ∈ N. Mostraremos que o conjunto
X = Xp,q ≡ {r ∈ N : (p + q) + r = p + (q + r)}
Note agora que, pela segunda propriedade da soma, o lado esquerdo de (1)
é igual a
soma(soma(p, q), s(n)),
enquanto o lado direito é igual a
onde a igualdade decorre da prop. 2 da soma usada mais uma vez. Segue
que:
soma(soma(p, q), s(n)) = soma(p, soma(q, s(n))),
logo s(n) ∈ X, como desejado. 2
3
Seja agora n ∈ C1 ; provaremos que s(n) ∈ C1 (donde seguirá C1 = N).
Veja que 1 + n = n + 1 (pois n ∈ C1 ), logo s(1 + n) = s(n + 1) = n + s(1)
pela primeira propriedade da soma. Além disso, s(1 + n) = 1 + s(n), pela
segunda propriedade. Unindo as duas igualdades, temos 1 + s(n) = n + s(1).
Mas note que n + s(1) = n + (1 + 1) = (n + 1) + 1 por associatividade, e como
(n + 1) = s(n), temos n + s(1) = s(n) + 1. Segue, portanto, que s(n) ∈ C1 ,
como querı́amos demonstrar.
A partir do que provamos, o princı́pio da indução mostra que C1 = N.
Agora mostraremos que, dado um n ∈ N fixo, temos Cn = N. Novamente
usaremos indução, notando que 1 ∈ Cn segue do que vimos acima. Agora
note que, se m ∈ Cn , temos (pela segunda prop. da soma):
3 Ordem
Definimos o que chamamos de ordem.
X = {n ∈ N : n = 1 ou 1 < n}.
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1. A primeira alternativa é n 6= 1. Neste caso, 1 < n, já que n ∈ X. Deste
modo, existe p ∈ N tal que 1 + p = n. Pelas regras da soma, vemos
que s(n) = s(1 + p) = 1 + s(p), logo existe um elemento p0 = s(p) ∈ N
tal que s(n) = 1 + s(p). Daı́ se deduz que se n ∈ X e n 6= 1, s(n) > 1,
logo s(n) ∈ X.
Seja
H = {c ∈ N : ∀a, b ∈ N “a + c = b + c” ⇒ “a = b”}.
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Proposição 9 (Transitividade da ordem). Se a, b, c ∈ N satisfazem a < b e
b < c, então a < c.
Prova: Se a, b, c são como acima, existem p1 , p2 ∈ N com b = a + p1 , c =
b + p2 . Deduzimos que:
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Então X = N.
Prova: Considere X como acima. Seja Y = {n ∈ N : ∀x ≤ n, x ∈ X}.
Note que N ⊃ X ⊃ Y . Provaremos pela indução tradicional que de fato
Y = N (em particular, X = Y = N).
Veja que 1 ∈ Y , já que todo x ∈ N com x ≤ 1 é igual a 1, e além disso
1 ∈ X. Agora suponha que n ∈ Y . Veja que então ∀j ≤ n, j ∈ X, de modo
que, por hipótese, n + 1 = s(n) ∈ X. Para mostrar que s(n) ∈ Y , basta ver
que todo x < n também está em x. Para isto, consideramos dois casos:
1. se x = 1, então x ∈ X por hipótese;
2. se x > 1, então x = a + 1 para algum a ∈ N (isto é, x é o sucessor de
algum a) e além disso, como x < n+1, temos x+p = n+1 para algum
p ∈ N. Vemos que (usando assoc., comut, assoc e cancelamento)
5 O mı́nimo de um conjunto
Proposição 12 (Existência do elemento mı́nimo). Todo subconjunto não-
vazio X de N possui um único elemento x = min X, chamado de elemento
mı́nimo, tal que para todo y ∈ X\{x}, tem-se y > x.
Prova: Defina:
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1. Existe a < n + 1 contido em X. Neste caso, pelo Exercı́cio 2, a ≤ n,
logo a ∈ R por hipótese da indução. Como a ∈ X, isto significa que
“∃!x ∈ X : ∀y ∈ X\{x}, x < y”, como desejado.
In = [n] ≡ {m ∈ N : m ≤ n}.
Note que #∅ ainda não foi definida (deveria ser 0, claro, mas este número
ainda não nos foi apresentado).
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Segunda afirmação: Seja η : X → Y uma sobrejeção e f : X → [k] uma
injeção, onde k = #X. Isto significa que para todo y ∈ Y ,
Sy ≡ {i ∈ [k] : ∃x ∈ X “f (x) = i” ∧ “η(x) = y”}.
é não vazio, já que existe algum x com η(x) = y. Defina:
α: Y → [k]
y 7 → α(y) ≡ min Sy .
Note que isto está bem definido porque Sy 6= ∅ é um subconjunto de N.
Provaremos que α é uma injeção, de modo que #Y ≤ k = #X c.q.d. De
fato, sejam y, z ∈ Y com α(y) = α(z). Então Sy ∩ Sz 6= ∅, já que os dois
conjuntos têm o mesmo mı́nimo. Isto implica que existe algum x ∈ X com
η(x) = y e η(x) = z, donde vemos que y = z. Provamos, portanto, que
∀y, z ∈ Y α(z) = α(y) ⇒ z = y,
ou seja, α é injetiva.
Proposição 17. Suponha que A ⊂ [n] é não vazio mas A 6= [n]. Então
#A < n.
Prova: Note (exercı́cio) que n > 1. Logo existe m ∈ N com n = m + 1. Seja
agora v um elemento de [n]\A (ele existe porque sabemos que A 6= [n], logo
[n]\A 6= ∅). Seja
g : [n] → [n]
y, y 6∈ {v, n};
y 7→ v, y = n;
n, y = v.
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Proposição 18. Um conjunto finito X tem cardinalidade [n] se e somente
se existe uma bijeção entre X e [n].
Prova: Se: Suponha que #X = n. Neste caso, existe uma função injetiva
fn : X → [n]. Considere a imagem A = f (X) de X, isto é, o conjunto dos
a ∈ [n] para os quais existe x ∈ X com f (x) = a. Afirmamos que A = [n],
o que significa que A é sobrejetiva e portanto uma bijeção, como queremos
demonstrar.
De fato, suponha (para chegar a uma contradição) que A 6= [n]. Como
A ⊂ [n], a Proposição 17 implica que #A < n, de modo que existe uma
função injetiva g : A → [m] para algum m < n. Defina então r(x) ≡ g(f (x)),
para x ∈ X. r define uma função de X em [m], já que f (x) ∈ A para todo
x ∈ X e g(a) ∈ [m] para todo a ∈ A. Além disso, r é injetiva, já que f e
g o são. A existência de r : X → [m] injetiva implica que #X ≤ m < n
(transitividade), o que contradiz o fato que #X = n já que, pela tricotomia,
#X < n ⇒ #X 6= n. A contradição implica que f : X → [n] é sobrejetiva,
logo bijetiva.
Somente se: Como há uma bijeção entre X e [n], temos #X = #[n] pela
Proposição 16. Logo basta mostrar que #[n] = n para todo n ∈ N.
Faremos isto por indução. Seja W o conjunto dos n ∈ N satisfazendo
#[n] = n. Note que 1 ∈ W (exercı́cio). Para n ∈ W , [n] ⊂ [n + 1] mas
n + 1 6∈ [n] (já que n + 1 > n), de modo que n = #[n] < #[n + 1] pela
Proposição 17. Além disso, #[n + 1] ≤ n + 1, já que a função u definida por
u(j) = j (j ∈ [n + 1]) é injetiva. Segue que #[n + 1] ≤ n + 1 e #[n + 1] > n,
donde #[n + 1] = n + 1 pelo Exercı́cio 2. Logo n ∈ W ⇒ n + 1 ∈ W . 2
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Teorema 20 (Cantor). Para quaisquer X, Y como acima:
Teorema 23. Para todo conjunto X, #P(X) > #X. Em particular, P(N)
é infinito e não-enumerável.
A ≡ {x ∈ X : x 6∈ f (x)}.
x ∈ A ⇔ x 6∈ f (x),
8 Exercı́cios
Exercı́cio 1. Prove alguma das seguintes propriedades: a comutatividade
da multiplicação, associatividade da multiplicação e distributividade.
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Exercı́cio 3. Sejam a, b ∈ N tais que ∃c ∈ N\{1} com a = bc. Prove que
a > b.
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