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1. Introdução
Devido à sua extensão e diversidade, a Zona Costeira e a Zona Marinha brasileiras,
apresentam uma situação impar em termos de ecossistemas e espécies, visto que à
biodiversidade local e às inúmeras espécies endêmicas se sobrepõem rotas migratórias e sítios
de condicionamento e desova de várias espécies migratórias de distribuição global, assim
afirmado no site ambientebrasil. Logo, a preservação ou degradação de nossos ecossistemas,
aparentemente com reflexo local, passa a ter dimensão global, com o empobrecimento da
biodiversidade mundial ao afetar as rotas migratórias, interferindo na dinâmica de
ecossistemas distantes da área afetada. (AMBIENTEBRASIL, 2009).
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XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no
Cenário Econômico Mundial
Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.
O uso dos recursos da natureza pode ser efetivado de maneira sustentável ou predatória, tendo
por base o conhecimento do seu potencial. O grande adversário da sustentabilidade é a
ignorância, que induz a atos e costumes que impactam, negativamente, o ambiente e a
sociedade. (RIBEIRO, 2009).
Então, uma obra de dragagem deverá ser sempre objeto de um estudo cuidadoso, antecedido
de um planejamento, capaz de torná-la eficiente, econômica e ambientalmente viável.
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A lei 7.661/88 institui o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro, como parte integrante da
Política Nacional para os Recursos do Mar – PNRM e da Política Nacional do Meio Ambiente
– PNMA.
Saliente-se também que esta lei traz a definição do conceito de praia, que até então dificultava
a limitação deste bem público. (CARACIOLO, 2009).
O Decreto Federal nº 99.274/90, em seu artigo 19, determina que o Poder Público, no
exercício de sua competência de controle, expedirá as seguintes licenças: Licença Prévia (LP);
Licença de Instalação (LI); e Licença de Operação (LO).
Já a lei 8.630/93, conhecida como a Lei de Modernização dos Portos, cria a Autoridade
Portuária em seu artigo 3º; determina a segurança e respeito ao meio ambiente, em seu artigo
33; e torna imprescindível a confecção e aprovação do Relatório de Impacto ao Meio
Ambiente - RIMA em seu artigo 4º. (CUTRIM, palestra 2010).
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O parágrafo 1º, do artigo segundo da Resolução CONAMA nº 237/97, trata das atividades e
empreendimentos que estão sujeitos ao licenciamento ambiental, e relaciona a atividade de
Dragagem e Derrocamentos em corpos d`água, no conjunto de Serviços de Utilidades, como
uma das atividades sujeitas à obtenção deste licenciamento.
Culminando toda esta legislação com a Norma Complementar 008/98 que cria a Comissão
Interministerial para os Recursos do Mar – CIRM, a qual institui a Agenda Ambiental
Portuária, com o fim de promover o controle ambiental nas atividades portuárias; inserir a
atividade ambiental no âmbito do gerenciamento costeiro; implantar unidades de
gerenciamento ambiental nos portos e nas instalações portuárias fora dos portos; capacitar
recursos para a gestão portuária; promover o desenvolvimento de um modelo de gestão
portuária pautada nas políticas de meio-ambiente, recursos do mar e recursos hídricos.
(CUTRIM, 2010).
A Lei de Crimes Ambientais (Lei Federal nº 9.605/98) tipifica o crime ambiental por falta de
Licenciamento em seu artigo 60 e as sanções aplicáveis quando de infrações administrativas
em seu artigo 72. As sanções variam de advertência, multa simples ou diária, embargo de obra
ou até a demolição da obra, e, suspensão parcial ou total da atividade (CARACIOLO, 2009).
Com base no artigo 24, parágrafo 2º, da Constituição Federal de 1988, os Estados e
Municípios podem exercer a sua competência suplementar relativa às normas e controle do
meio ambiente em seu território, acrescentando outros tipos de exigências, condutas e
infrações. (CARACIOLO, 2009).
[...].
[...].
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Nessa linha, visando atender às mudanças, com advento de novas tecnologias, e construção de
navios, seguidamente, de maior porte, o Governo Federal promulgou a Lei de Modernização
dos Portos (Lei Nº 8.630/93), abrindo um leque de obras de ampliação e modernização dos
principais portos nacionais (PAGNONCELLI, 2008).
O Porto de Suape, cujo embrião do seu projeto aconteceu na década de 60, por determinação e
visão empresarial do governador Nilo Coelho, seguindo o modelo dos portos de Marseillee-
Fos, na França, e de Kashima, no Japão, com o conceito de integração porto – indústria, foi
um dos contemplados com investimentos do Governo Federal, de acordo com reportagem da
revista Algomais.
Entretanto, para que este Complexo Portuário torne-se realidade concreta, o meio-ambiente
será agredido e modificado, em suas diversas variáveis, como ar, água e solo. Deve-se
lembrar que “a gestão ambiental é um conjunto de programas e práticas administrativas e
operacionais, voltados à proteção do ambiente e à saúde e segurança dos trabalhadores,
usuários e comunidades.”, como salientam Dione Kitzmann e Milton Asmus.
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Este era o Plano Diretor do Complexo Portuário de Suape vigente no final de 2008. Esta foi a
primeira vez que o Plano Diretor apresentou um grande avanço sobre as áreas restantes de
manguezal do complexo.
O Plano anterior previa o acesso ao Estaleiro Atlântico Sul através do mangue, sem entretanto
haver a previsão de dragagem para construção de berços de atracação, conforme vê-se neste
projeto de 2008.
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Vê-se também a ligação da ilha de Cocaia à ilha da Tatuoca, fechando o canal existente entre
elas, ficando a ilha de Cocaia incorporada ao continente, deixando a sua atual condição
geográfica de ilha.
O canal de entrada e saída principal da água do mar para o mangue será totalmente
modificado, dando lugar ao canal de acesso aos novos lotes para as instalações das indústrias.
Houve um enorme volume de material já retirado pela dragagem da bacia de evolução e nas
diversas regiões para atracação de navios.
A área imensa abaixo do cais corresponde à área original de praia e manguezal, estando agora
totalmente aterrada com a disposição do material (areia e tabatinga) retirado durante a
execução dos diversos serviços de dragagens efetuados no Complexo. Áreas de praia foram
suprimidas pela dragagem para construção dos berços de atracação e bacia de evolução atual.
4. Metodologia adotada
A investigação foi realizada por análise dos projetos dos Planos Diretores do Complexo e os
impactos ambientais causados, com as variáveis e interferências no habitat onde será
executado o empreendimento.
Com base nos estudos que foram desenvolvidos pela nossa pesquisa, buscou-se definir a
responsabilidade que cabe a cada um dos envolvidos em um projeto de ampliação ou
implantação de um porto, o qual sempre incluirá a atividade de dragagem, pela retirada do
assoreamento ou aumento da profundidade requerida.
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5 – Conclusões
Estando a área destinada ao porto situada na região estuarina de rios da região, estas obras
impactaram muito o meio ambiente, cuja vulnerabilidade dos ecossistemas amplia as
restrições de usos e ocupação dos espaços.
As primeiras agressões ao meio ambiente marinho foram iniciadas com a construção do mole
de proteção, ainda na década de 70. Ao mesmo tempo foi iniciada a construção do primeiro
píer petroleiro e o aterro para receber as instalações iniciais da Petrobrás, com material
retirado da região onde hoje está situada a bacia de evolução, próximo à ilha da Cocaia.
Neste ponto já existia uma degradação de grande dimensão, com o aterro na região vizinha
aos arrecifes preenchendo a profundidade existente de dezessete metros, expulsando os
peixes, como melros de grande porte, e soterrando todo o ecossistema local. A poluição
sonora e atmosférica com a emissão de gases de descarga dos motores dos equipamentos,
naquela época sem maiores cuidados ambientais, também acontecia.
Em seguida houve a abertura da linha dos arrecifes e início da construção dos berços internos,
começando pelo cais do terminal de containers. Para viabilizar a operação dos berços internos
foi necessária a dragagem da área do berço, do canal de acesso e bacia de evolução,
acarretando uma modificação enorme do ecossistema da região, com a dragagem de
aprofundamento e implantação do Complexo suprimindo regiões de praias naturais e
executando o aterro de enormes áreas de manguezal, inclusive ao longo da avenida principal
de acesso à área portuária, criando os terrenos necessários para a implantação das indústrias.
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O início da operação dos berços internos, desde o terminal de containers, agravou a poluição
por geração de resíduos, que verificamos hoje ao longo da linha divisória atual do mar e
litoral, com o depósito de grande quantidade de material plástico e poluentes.
Avançando na cronologia, chega-se ao ano de 2005, quando é iniciada a obra para instalação
do Estaleiro Atlântico Sul e, em seguida, definida a construção da Refinaria Abreu e Lima.
Estes empreendimentos tomaram maior impulso e ritmo, a partir do ano de 2008, requisitando
novas obras de dragagem, aterros hidráulicos e armazenamento de material para uso futuro.
Nova conformação da linha do litoral foi desenhada com a dragagem para o acesso marítimo
ao estaleiro. E novo impacto ambiental e degradação foi efetivada.
Sendo tomada a estratégia técnica, considerando a agressão sobre o meio ambiente que
aconteceu até o momento, e que virá a acontecer com a implantação do novo Plano Diretor,
sacrificando importantes áreas de biomas, a inviabilidade do projeto seria decretada.
Aqui fica confirmada a orientação política dada à abordagem, desde a idéia inicial do então
governador Nilo Coelho, buscando a adequação às leis que foram sendo editadas e aos
estudos científicos desenvolvidos relacionados à sustentabilidade durante todos estes anos de
implantação do projeto do Complexo.
Afirma-se que há uma busca de capacitação e preparação dos atores, mas que será difícil uma
equalização dos pensamentos, idéias e procedimentos, devendo ser criada uma norma interna
ao complexo como um todo, evitando diversidade de atitudes entre eles. Os municípios têm
este poder de regulamentar sobre o meio ambiente, tornando mais rigorosa a legislação
municipal em relação às legislações estadual ou federal.
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As soluções devem ser buscadas por todos os envolvidos, tendo o Governo Estadual papel
fundamental na orientação que deve ser dada, mas, primeiramente, há de reconsiderarmos a
máxima que determina a ambição econômica a qualquer preço.
Acredita-se s que este deve ser o caminho a ser trilhado no encaminhamento dos estudos e
soluções aplicáveis ao novo Plano Diretor do Complexo Portuário.
Referências
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REVISTA ALGOMAIS, Suape Chega aos 30 Anos sem Pisar no Freio, Recife, Ano 3,
Nº32, p.28-31, novembro de 2008.
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