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Vera Maria Candau (Org.) A DIDATICA EM QUESTAO v 9 Bacto L pe UNICAMP - FE- BIBLIOTECA, 1991 1. A DIDATICA E A FORMAGAO DE EDUCADORES — DA EXALTACAO A NEGAGAO: ‘A BUSCA DA RELEVANCIA Vera Matin Candas PocrRy ‘edo processo de formaio de educadores — especatas ¢ profesiores — incui necessriamente componente: cscalares ‘orientadoe para 0 tratimento sstemitco do “que fazer” edveatvo, da prtica edagégica. Eau estes, a didi ocupa um lugar de senague NNo entanto, a andise do papel da diditica nx formasio de ‘educadores tem suctado uma dacistfo intens. Exaltads o nega, diddsicn, como reflendo sstemétien ¢ busca de alternatives par ot ‘roblemas da pritica pedagépcs, est, cetameate, no momento atal, ‘olocada em questi. De uma ponisfo tanglila, em que se diva por suposte contexto edvcacional e polticesocal em que se situam. 2 esta perpectva que que pretendeferecer subsites pura 0 aprofundamento a frecnfo da polemics atv sobre ‘© pepel Ga idea ou fortio Ccacadorea © sogeisguman pista pra a sua sopeeco. tru soa 9 proc ihn, r 1. UM PONTO DE PARTIDA: ‘A MULTIDIMENSIONALIDADE DO PROCESSO DE ENSINO — APRENDIZAGEM Soe a cern Sai |= neces Soaks | ee el eng nee ee ee Eosinoaprendiagem € um proceso em que até sempre _Aeseate, de forma dict 02 indies, 0 flaonamento humsso ara abordagem hmansta & a reagfo interpestol o centro do proceso. Esta abordagem leva a una persperiva emiaeotemeate subj, individualist e aleiva do procato de ensiooaprendaagen. ‘Para esta perspective, mais do que um problema de técnica, « didn eye se centr no” proceso de aqusigfo de atudes tals como ‘lor, empatia, consderapo posiiva incondiciond. A ddétien € entio “privaiaada"” 0 crescimento pessoal, intepesoal © inuagropal ¢ esvinulado das condiges sdcioecontmicas e poltas em que se 446; son dimensio esrutural €, pelo menos, clocada ent pastes Se a sbordagem humanista € unilateral ¢ seduconsta,faen- do de dimensto humana 0 nico centro configurador do. proceso de ensinoeprendiaagem, no eatnto, ela explicit a importa dese dines. Cetumenic o compose letre et pret 20 p> feo. de ensnoaprendizgem. Fle perpasa © inpregaa toda soa Ainimiea © slo pode ser ignorsdo Quanto A dimensio tdnica, ela se refere 40 proceso de ‘ensinopiendingem como ago intenconal, sstemiticn, que procure B * corgunizar as condigies que melhor propciem a aprendizagem. Arpec tor como sbjtivos instrucianals, slog. do contedo, estatégias de Soo, toes cmd 6 eu nico precperen ‘Tratuse do aspecto considerado objetivo © radonal do promiao de cosine aprendizagen. [No entanto, quando cata dimensio ¢ diasciads das demas, temse o tecnicamo, A dimensio wenia € privilegads, analisada, de forma dissociade de rugs rales polticowocas © ideoégic, «vist ‘come algo “seat” ¢ meramente instrumental. A questo do “fer” le priion pedagigica € dinocada dar perpuntas sobre c. "por ie facet" eo pare que fares” staleaa de forma, mits vos, sbverata eo cootertvalineds, Se @ teenidamo, parte de uma visfo unilterl do. proceno ‘xsinoaprendizagem, que € configurado « partir excusvamente da Gimendo ténica, no entanto esta é sem divide um mpecto que ‘fo pode ser Ignorsdo ou negado pars uma adequads comprecsslo ‘© mebllizagio do. proceso de ensiaoeprendiagem. O dominio do fen que, querendo ou nio (alo se trata de una dedio voluntar ff), potul em al une dimeneio pollce-socl No entanto, « afirmasio de dimensio poles da educasho cm ger, ¢ da pritca pedagipia em especial, tem sido acompanbada fue. née, nfo somente da crftien #0. sedocionlamo humanist oo tecniit, fotos em ilkime andlise de uma visio liberal © modern adore dt educasfo, max tem chepado mesmo & nepasio dessas di ‘pensder do proceso de casino sprendisagem, “4 24. 1 Momento; A dhiomario do thenico e 0 silenclar do. politics: (0 presmposto de meatralidade Cura Licenciatura em Pedagogis na PUC/RJ de 1959 4 1962 ¢, no ano seguinte, comecel a leionar Didica nesta mesma Universidade, O cleo insptador dow meus primeiror anos de. pro- fearors de Didiscs fot ceramente minha propria experiencia como tlona de Diddce, Qual a temticn prvileplada? Sem divide ers, ‘Device a chamada diditice tradicional ea efirmagdo da perspective ‘Scolanovista. Ao mesmo tempo, 0 Calégio de Aplieagio da PUC/R] promovia una experiénia de educagio personalizada em que se enfa- tisave a ssocaelo entre Montessori e Lubienska ea uiliagio. de tenis ingpirdas 0 Plano Dalton. Esta escola oferecia campo pr Tilegado de estigio para oe liencandos que obvervavam of prin pion isis da Escola Nova. [Not thimor anos da década de 50 © noe primeitoe da de 60, © pale passa por tm periado de grande cervexctncia politico. ‘cial ¢ edcacional. O debate em torno da Lei de Direraes © Bases Neste conterto, 0 didética faz o discuss esolanvists. O problema est em spear a escola tradicional, em reformat interne ‘mente a cocola, Afirmase a necesidade de part doe interewes ‘Sipontineor e naturals da exangy; ot princpios de atvidade, de indi idualizaio, de lberdade, esio ot base de toda proposta’ diddtice; ppartese da importincia da psiolgin evolutiva eda aprendizgem como fondameato da didities: tryrse de uma diddca de bae pet coligice;afirmese a necestidade de “aprender fazendo” ¢ de “apron dder'a aprender"; enfadzase a ateagio is difereqas individas: fradamse méindor e ténicar como: “eentros de interes”, edo Airigido, unidades diddticas, método de projetor, « uence de Schur ‘idkticas, 0 contrato de easio ei; promovemse visas 2s "esol ‘experimentals", seja 80 dmbito do easino catatal ou peivade Soares (81), referindose aos primetos anos da dada de 30, identifica este snesmo predominio da perspeciva escolanovista zo easing de Dilaea 3132) © livrosexto mais amplamente adotado neste periods & 0 Sumirio de Diddice Geral (37) de Laiz Alves de Mattos. Este liwro fo spontado em pesquisa realizada em 1978 cate os profes: es de Duditca de Belo Horizonte, entre as 13 publiagber mals representavas do conteddo da didéicn (Oliver, 80). Segundo Soares (61), uma anilise de conteddo ieolégico dente tcxto "dex ‘vendatia Lelogia Uberal peapmatsts, os principion da Escola Nove ‘co mito dt neutlidade dor métodoe © técnica de ensino que infor fm, emg ae creado, « Didn propre pel air” p. 34). Segundo Savini (80) 0 movimento esolanovista se base 1 tendéncia do “humanismo moderna" ¢ esta predominou aa ed casio brasite de 1945 a 1960 e 0 pevlodo de 1960 0 1968 se 16 coins place dts tendtca © pela edi eta Desde o inicio dor anos 60 0 desenvolvimento da Tecnologia Edocaconal e, concretmente, do Eating Programado, vinha exercen” & forte inpacio ne dren de’ Diditics. De um concpyto. du tec logis educational que enfatiza os maeos, oncato centado no melo, ©, os recurs tecnoligcos, ae passava a uma visto ‘Volto ao Brasil em 1969. Instalada « revolugio de 1964 « pastado 0 perfodo de transigio.pér64, ¢ retomada a expansio ‘sontmies © o deseavalvimento industial. © medelo polio efor (© contole, « represio eo autoriuriamo. A educasio € vinculada A Sequranga Nacional. Enfatizase seu papel de fato de desenolvi- ‘mento © io propostas medidas para’ adequéla wo novo modelo ‘cnbmico. 7 Gonalinagio e controle. A visio “industrial” penetra 0. campe cht faconal, e Diditice € concebida como estatgia part 0 lance don “prodtow” previstos para proceso. de ensinosprendnagem ‘Agora, mais do que confrontar Diditica tradidonel © Diditicn ‘enovada, 0 centr audlear do cur € 0 confronto entre © enfoque Sletaico 9 nioaittmico de Diditce, Se um enlutim,cbjetren seis, formulador de forms vaga, 0 outro enfatin objetivor cape ‘icor © operacionss. Se um enatisa o proceso, 0 outro produto. Sevum parte de um enfoque da svaliago.buscada a "norma", 0 fouuo enfatisn a avis bucada em’ “eitéis”. Seno. primero © tempo € fio, © tegundo tende a trabalhar « varél tempo. Se ‘om enfatse « ulingio dos menmos procedimentos e materia por todos oe alunos, o outro far variar or procedimentor © marae tegundo ot individuos, E assim por dante. Nesta perspectiva, « formulagio dot objetivos instrcionsis, 5 diferentes tusionomins, « construgio. dos insrumentos de ela: (lo, ab diferentes teenias ¢-recursos didftios, consituem 0 cot feito bisco dow cursor de. Didi, Modelow sistemicor slo. ex [Na perspectiva de tecnologia edcacional a Didi se contra ‘nn organiza das condi, no planejamento do ambiente, na el borecio dos materials instreionals. A objeivdede rcionlidade do proceso sio enfatindas. ‘Mat, se cats doas abordagens se diferencam, elas partem ‘de um presuposto comum: "0 alencar da dimensdo pollen”. E Fr 22, 2" Momento: A dtirmario do police « a nezuio do thence 1 contestegio da didiies Prncimente 4 pris da metde de déada de 70, 4 tice te penpectar ateormente tna se acento. Batt {ic fet um spect foremene pote dendnc Gu fsa tralidade do técnico ¢ 0 desvelamento dos reais compromissos polit ‘tia du sirmgtes sprcntmente “net, mate ‘ade’ deems pelts pedaggn gue tio sce mca © tent ovens de ma Vora impita ow cect: Man ‘om cot porura de dentace« de epicaro Gocomromia 2 pat qu do seco apartament gree feu Boers prea dimensio thon de ped deco Wha eae 3. DE UMA DIDATICA INSTRUMENTAL ‘(A UMA DIDATICA FUNDAMENTAL No momento atul, segundo Salgado (82), 20 profeuor de Didhcica se sprescntan duss alternatives’ a recits ou 4 denna Isto é, oy le transmit informagies tdenicas dervinculadas dos ais ‘riprios fis © do conterto concreto em que foram gerade, como tum elenco de procedimentos prestupostamente eutos univers, ‘ou ccitica esta perspetiva, denuncia seu compromisso ideoligico ' ——s (Alte, 81, p. 52) ‘Mas «critica & visso exclusivamente instrumental da Didtica slo pode se reduzir 8 sua negasdo. Competéncia ténica competén- a politica nfo sio aspectos contrapostos. A. pritea pedagéica, ext famente por scr poles, exige a competéncia técnica. As dimensées poll, tenis © humana da. priten pedapigice se exigem recproce- ‘Beate ’Mat esta situa implleaplo lo se dd automdtica e espon- taneamente. E necaisio que seja consclentemente tabalhada. Dal ‘'necemidade de ume diddice fundamental ‘A penpectiva fundamental da Diditica assume a multidi- Elabora a seflexéo diditica « partir da andlse © reflexéo cexperitocias coneretas, procurando tabalhar continoamente a Tlagfo tora peti Nesta perapectiva, « refleio didétice parte do compromisso com a tranaformario socal, com a buses de priieas pedapégieas que fomem 0 ening de fato elicente (nfo se deve ter medo da pe luvin) para maloria da popolaséo, Enssla. Analisa, Experimenta Rompe com ‘ume pritca profissioal individualista, Promeve 0 tra batho cm comum de profesores ¢ especilists. Busca as formes de fumeniar 4 permanéncia das crlangas a escola. Discute «questo do currfcalo em sua interagio com uma populaeio concreta © suas cexigtncias, ete. Este é a meu ver, o desafio do momento: 4 superagio de ‘uma Didites exclusivamente instrumental e a constragio de oma Di. ‘itiea fundamental. a [REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ALYITE, MMC. Didtics « pclois erica do paclogime ne educa ‘Slo Pal, Lol, 19 LIBANEO, J.C. Saber, aber ve, ser fa, 0 contd do Sine pda ‘evita de ANDE Ano, = 4, 2 MATTOS, L.A. de, Sumi de Dida Geel Rio de Jeno, Aue, S957. trade, "Tene "de Mesos cm Bsc UPMG, 1980) SALGADO, M. U. CO pepe de dita mt formaso do poewoe, Revie SAVIANI, D, Comentes tenon ecg tana a: TRIGUEIRO, 'D! Plovlia de Bowepo Drefere INED. i980 A — 2, O PAPEL DA DIDATICA NA FORMAGAO DO EDUCADOR Sun cuas UB

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