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2010/2011 (v.3/Set/2010)
f : A −→ B
x 7−→ y = f (x) ,
Gf = {(x, y) ∈ R2 : x ∈ D, y = f (x) ∈ R} .
1
(a) a função constante: f (x) = k, com k ∈ R;
Definição 1.1.6
Uma função f : D ⊂ R → R diz-se:
• crescente quando para todo o x, y ∈ D tal que x > y se tem f (x) ≥ f (y);
• decrescente quando para todo o x, y ∈ D tal que x > y se tem f (x) ≤ f (y);
2
• par quando, para todo o x ∈ D, se tem −x ∈ D e f (x) = f (−x);
g : f (D) −→ R
f (x) 7−→ g(f (x)) = x ,
3
Pensando no gráfico de f −1 ,
Gf −1 = {(y, x) ∈ R2 : (x, y) ∈ Gf } ,
y
1
θ
Pθ
x
−1 O P0
De forma equivalente, podemos dizer que θ/2 é a área do sector P0 OPθ (orien-
tação anti-horária), ou que θ é a medida do comprimento do arco de circulo P0 Pθ
(medida no sentido anti-horário).
As coordenadas de Pθ são definidas por
Pθ =: (cos θ, sin θ) .
4
As duas funções seno e co-seno definidas deste modo em [0, 2π[ (possuindo im-
agem [−1, 1]) são estendidas periodicamente a todo o R escolhendo
cos x = cos(x − 2kπ)
para x ∈ R,
2kπ ≤ x < 2(k + 1)π ,
sin x = sin(x − 2kπ) para algum k ∈ Z .
• Fórmulas de ângulo-duplo
5
• Fórmulas de metade-do-ângulo
r
1 + cos 2x
| cos x| =
2
r
1 − cos 2x
| sin x| =
2
• Fórmulas do produto
x+y x−y
cos x − cos y = −2 sin sin
2 2
x+y x−y
cos x + cos y = 2 cos cos
2 2
x+y x−y
sin x + sin y = 2 sin cos
2 2
x+y x−y
sin x − sin y = 2 cos sin
2 2
A função tangente
π
tan : R \ x = 2
+ kπ : k ∈ Z −→ R
x sin x ,
7−→ tan x := cos x
é obviamente periódica com período π e ímpar.
Veremos mais tarde (por uso de novos métodos a apreender) que é a função tan é
estritamente crescente em cada intervalo de periodicidade ] − π2 + kπ, π2 + kπ[ (k ∈ Z)
e é sobrejectiva (sobre R).
Tem-se adicionalmente que:
tan α + tan β
• tan(α + β) =
1 − tan α tan β
• tan α2 = 1 +sin α
cos α
α
2 tan
• tan α = 2
α
1 − tan2
2
α
2 tan
• sin α = 2
α
1 + tan2
2
α
1 − tan2
• cos α = 2
α
1 + tan2
2
6
Considerando a função cotangente
cot : R \ {x ∈ R : x 6= kπ , k ∈ Z} −→ R
x 7−→ cot x := cos x
sin x ,
é imediato que
π
cos α sin 2
−α π
cot α = = π
= tan −α , α 6= kπ , k ∈ Z
sin α cos 2
−α 2
ou seja
π π
cot − β = tan β , β 6= + kπ , k ∈ Z
2 2
e portanto
π
tan α tan −α =1
π2
cot α cot −α = 1.
2
Por fim, definem-se adicionalmente as funções cosec e sec da seguinte forma:
1 1
cosec x = , sec x = ,
sin x cos x
para os valores de x que não anulam os anteriores denominadores (respectivamente).
ou ( (
arcsin y = x sin x = y
⇔
y ∈ [−1, 1] x ∈ [− π2 , π2 ]
Faz-se notar que se podem naturalmente definir inversas da função sin com outros
domínios (diferentes da restrição principal).
A função cos : [0, π] → [−1, 1] é sobrejectiva e estritamente decrescente e assim
sendo é invertível.
A sua função inversa arccos : [−1, 1] → [0, π] é definida por
7
ou ( (
arccos y = x cos x = y
⇔
y ∈ [−1, 1] x ∈ [0, π]
π
Dado que x − 2
∈ [− π2 , π2 ] se e só se x ∈ [0, π] e
π π
cos x = sin − x = sin h(x) , h(x) := − x ,
2 2
vem
π
arccos y = h−1 (arcsin y) = − arcsin y , ∀y∈[−1,1] .
2
Dado que a restrição principal da função tangente, tan :] − π2 , π2 [→ R, é sobrejec-
tiva e estritamente crescente, então existe a sua função inversa arctan : R →] − π2 , π2 [
que por definição satisfaz
(
arctan(tan x) = x , ∀x∈]− π2 , π2 [
.
tan(arctan y) = y , ∀y∈R
i.e., !
y
arcsin y = x = arctan p .
1 − y2
Dado que a restrição principal da função cotangente, cot :]0, π[→ R, é sobre-
jectiva e estritamente decrescente, existe a sua função inversa arccot : R →]0, π[
definida por
arccot x = y se e só se cot y = x , ∀y∈]0,π[ .
π
Dado que cot x = tan − x = tan f (x), f (x) := π2 − x, x ∈]0, π[, tem-se
2
π
arccot x = f −1 (arctan x) = − arctan x , x∈R.
2
sinh : R −→ R
x −x
x 7−→ sinh x = e −2 e ,
8
y
y = sinh x
0 x
y = cosh x
1
0 x
cosh : R −→ R
x −x
x 7−→ cosh x = e +2 e .
É simples de observar que sinh é uma função ímpar com contradomínio R e cosh é
uma função par com contradomínio [1, +∞[. Adicionalmente,
cosh2 α − sinh2 α = 1 .
Na realidade, é desta última relação que provém o nome das funções hiperbólicas
dado que se escolhermos x = cosh α e y = sinh α obtemos a equação da hipérbole
x2 − y 2 = 1.
Com o uso destas duas últimas funções pode-se ainda considerar as novas funções:
9
• secante hiperbólica: sechx = 1
cosh x
• co-secante hiperbólica: cosechx = 1 , x 6= 0
sinh x
Tal como ocorre nas funções trigonométricas, existem várias relações entre as
função hiperbólicas:
10
(iv) int (C) ∪ fr (C) ∪ ext (C) = R .
(i) C = C ∪ C ′
11
(vii) Um ponto de acumulação de C pode ou não pertencer a C
12
1.6 Caso particular das sucessões: Funções reais de variável
natural
• Definições básicas; sucessões monótonas; sucessões limitadas.
u : N −→ R
n 7−→ un := u(n)
pode-se simplesmente denotar por (un )n∈N , onde à expressão algébrica un (que define
a sucessão) dá-se a designação de termo geral da sucessão. Por outro lado, a
{un : n ∈ N} := {u1 , u2, . . . , un , . . .} dá-se a designação de conjunto dos termos
da sucessão.
Adicionalmente, faz-se notar que as sucessões podem ser também definidas por
recorrência. Tal consiste em somente dar a conhecer explicitamente alguns dos
primeiros termos, sendo o termo de ordem n definido através de alguns termos de
outras ordens. Um exemplo de uma sucessão (un )n∈N definida de tal forma é a dada
pelo termo geral
u1 = −1/2
u =5
2
un =
u3 = 6
u = −4 + u
n n−2 + 2un−1 , n ≥ 4 .
13
Definição 1.6.5 (Sucessão monótona, monótona crescente, monótona de-
crescente)
Uma sucessão u = (un )n∈N diz-se monótona crescente se un+1 ≥ un , ∀n ∈ N.
Uma sucessão u = (un )n∈N diz-se monótona decrescente se un+1 ≤ un , ∀n ∈ N.
Uma sucessão diz-se monótona se for monótona crescente ou monótona decrescen-
te.
lim un = c ou un −→ c ,
n→+∞ n→∞
se
∀ǫ>0 ∃p∈N : un ∈ Vǫ (c) =]c − ǫ, c + ǫ[ , ∀n>p .
É claro que a recíproca da proposição anterior não é verdadeira [pense por ex-
emplo no caso de u = (un )n∈N , com un = (−1)n /n, n ∈ N.]
Maio de 1857 em Sceaux (perto de Paris), França. Teve uma grande influência na introdução do
rigor na Análise Matemática.
14
Teorema 1.6.14 Uma sucessão (real) é convergente se e só se é uma sucessão de
Cauchy.
|xn − b| < ǫ
para infinitos n.
15
Definição 1.6.19 (Infinitésimo)
Diz-se que a sucessão u = (un )n∈N é um infinitésimo se un −→ 0.
n→∞
então wn −→ c.
n→∞
lim xn e lim xn ,
n→+∞
n → +∞
respectivamente.
16
Exemplo: Considerando a sucessão (un )n∈N = 1 + (−1)n n+1
n
, tem-se
n∈N
lim un = 2 e lim un = 0 .
n→+∞
n → +∞
Definição 1.7.2
Seja f : D ⊂ R → R e suponhamos que D não é majorado. Diz-se que o limite da
função f quando x → +∞ é b, e escreve-se limx→+∞ f (x) = b, se
Definição 1.7.3
Seja f : D ⊂ R → R e suponhamos que D não é minorado. Diz-se que o limite da
função f quando x → −∞ é b, e escreve-se limx→−∞ f (x) = b, se
Definição 1.7.4
Seja f : D ⊂ R → R e suponhamos que p é um ponto de acumulação de D. Diz-se
que o limite da função f no ponto p é +∞, e escreve-se limx→p f (x) = +∞, se
Definição 1.7.5
Seja f : D ⊂ R → R e suponhamos que p é um ponto de acumulação de D. Diz-se
que o limite da função f no ponto p é −∞, e escreve-se limx→p f (x) = −∞, se
17
De forma análoga se podem considerar as noções de
Teorema 1.7.7 O limite de uma função num determinado ponto, quando existe, é
único.
18
1.8 Continuidade de funções reais de variável real
Definição 1.8.1 (Continuidade)
Seja f : D ⊂ R → R e p ∈ D ∩ D ′ . Dizemos que f é contínua em p se e só se
Corolário 1.8.7 Seja f uma função contínua em [a, b] e f (a) · f (b) < 0, então
existe um d em ]a, b[ tal que f (d) = 0 (i.e., a função admite pelo menos um zero no
intervalo ]a, b[).
2
Bernard Placidus Johann Nepomuk Bolzano nasceu a 5 de Outubro de 1781 em Praga (pre-
sentemente, cidade da República Checa) e faleceu a 18 de Dezembro de 1848 também em Praga.
19
y
f (b)
a d x
0 c b
f (a)
Corolário 1.8.9 Toda a função contínua num intervalo fechado e limitado, tem
nesse intervalo, um máximo e um mínimo.
s1 = x1
s2 = s1 + x2
..
.
sk = sk−1 + xk
..
.
3
Karl Theodor Wilhelm Weierstrass nasceu a 31 de Outubro de 1815 em Ostenfelde, Westphalia
(presentemente Alemanha) e faleceu em 19 de Fevereiro de 1897, em Berlim.
20
Definição 1.9.2 (Série convergente; soma da série; termos da série; somas
parciais da série)
Ainda no âmbito da última definição:
Se a sucessão (sn )n∈N converge, i.e., se existe um número real (finito) c tal que
sn −→ c, então a série ∞ n=1 xn diz-se convergente, c diz-se ser a soma da série
P
n→∞
e escreve-se ∞
X
xn = c .
n=1
xn −→ 0 .
n→∞
P∞ P∞
Teorema 1.9.6 Sejam n=1 an e n=1 bn duas séries convergentes com somas A
e B, respectivamente. Se α e β são dois números reais, então a série
∞
X
(αan + βbn )
n=1
• Critérios de convergência.
21
P∞
Teorema 1.9.9 Se n=1 xn é uma série de termos não negativos e
sk = x1 + x2 + · · · + xk
P∞
então n=1 xn é convergente se e só se a sucessão (sk )k∈N é limitada.
∞
X
2k x2k = x1 + 2x2 + 4x4 + 8x8 + · · ·
k=0
Teorema 1.9.12 [Comparação do limite] Sejam (an )n∈N e (bn )n∈N sucessões de
números reais positivos.
a c
(i) a condição an+1 ≤ n+1 , então a série ∞
P
n c n n=1 an é convergente
a d
(ii) a condição an+1 ≥ n+1 , então a série ∞
P
n dn n=1 an é divergente.
22
P∞
Proposição 1.9.15 (Critério da razão) Seja n=1 an uma série de termos pos-
itivos.
gente.
(ii) A série ∞
P∞
n=1 cn diz-se simplesmente convergente se n=1 |cn | é divergente
P
P∞
e n=1 cn é convergente.
23
Teorema 1.9.19 (Teste de Leibniz para séries alternadas) 4
Se a1 ≥ a2 ≥
· · · ≥ 0 e an −→ 0, então a série alternada
n→∞
∞
X
(−1)n+1 an
n=1
converge. Adicionalmente, se
n
X ∞
X
k+1
sn = (−1) ak e S= (−1)k+1 ak
k=1 k=1
4
Gottfried Wilhelm von Leibniz viveu entre 1 de Julho de 1646 e 14 de Novembro de 1716,
tendo nascido em Leipzig, Alemanha.
24
2 Cálculo diferencial em R
2.1 Derivação e diferenciabilidade
Consideremos uma função f : D ⊂ R → R e um ponto p do interior de D. De-
notemos por s a recta secante ao gráfico de f , que passa pelos pontos P (p, f (p)) e
Q(x, f (x)), de equação y = ms x + b. O declive da recta secante s vai ser dado pela
razão incremental
f (x) − f (p)
ms = .
x−p
Se escolhermos pontos Q cada vez mais próximos do ponto P , formamos uma
sucessão de rectas secantes s1 , s2 , . . ., sn , . . . que se aproximam cada vez mais da
posição de uma recta que intersecta o gráfico de f num único ponto: x = p (cf.
Definição 2.1.3). Designa-se por derivada da função f no ponto de abcissa x = p ao
limite, se existir, da razão incremental quando x tende para p. Mais detalhadamente:
f : A ⊂ R −→ B ⊂ R
x 7−→ y = f (x)
Para além de f ′ (p), outros exemplos de notações usadas para indicar o valor da
df dy df
derivada de f em p são: dx e .
(p), Df (p), dx x=p dx x=p
25
Definição 2.1.4 (Derivada à esquerda)
Considerando-se uma função
f : A ⊂ R −→ B ⊂ R
x 7−→ y = f (x)
f : A ⊂ R −→ B ⊂ R
x 7−→ y = f (x)
26
Definição 2.1.7 (Classe C n (com n ∈ N) e C ∞ )
Se f ′ for contínua em X, diz-se que f é de classe C 1 em X e representa-se por
f ∈ C 1 (X).
Se n ∈ N e f (n) for contínua em Y diz-se que f é de classe C n em Y e
representa-se por f ∈ C n (Y ).
Se f ∈ C n (Z), ∀n∈N , diz-se que f é de classe C ∞ em Z e representa-se por
f ∈ C ∞ (Z).
Note-se que uma função pode ser contínua num dado ponto e não ter derivada
nesse ponto. Pense no exemplo de f : R → R dada por f (x) = |x| que é contínua
(em todo o R) mas não é diferenciável em x = 0.
27
Teorema 2.1.13 (Regra de derivação da função inversa) Seja I um intervalo,
f : I → R uma função estritamente monótona e contínua e f −1 : J = f (I) → R a
sua inversa. Se f é diferenciável no ponto a e f ′ (a) 6= 0, então f −1 é diferenciável
em b = f (a) e
′ 1 1
f −1 (b) = = .
f ′ (a) f ′ (f −1 (b))
28
f (x)
f (a) = f (b)
c4 x
0 a c1 c2 c3 c5 b
Corolário 2.2.5 Entre dois zeros de uma função diferenciável num dado intervalo
existe (pelo menos) um zero da sua derivada.
Corolário 2.2.6 Entre dois zeros consecutivos da derivada de uma função diferen-
ciável num intervalo existe, no máximo, um zero da função.
Corolário 2.2.7
(ii) Se o sinal da função for o mesmo, então não há zero algum da função entre
dois zeros da derivada.
5
Michel Rolle (1652–1719) foi um matemático francês que publicou o Traité d’Algèbre (Tratado
√
sobre Álgebra) em 1690, onde para além de ter introduzido a notação n a, demonstrou uma versão
polinomial do presente teorema.
29
Teorema 2.2.8 [Teorema de Lagrange]6 Seja f uma função contínua no intervalo
[a, b] (onde a < b) e diferenciável em ]a, b[. Então existe c ∈]a, b[ tal que
f (b) − f (a)
f ′ (c) = .
b−a
Em termos geométricos, o Teorema de Lagrange garante-nos que na represen-
tação gráfica de uma função (contínua no intervalo [a, b] (onde a < b) e diferenciável
em ]a, b[) existe pelo menos um ponto (c, f (c)) em que a tangente é paralela à corda
que une os pontos A = (a, f (a)) e B = (b, f (b)) (dado que estas rectas têm declives
iguais).
f (x) B
f (b)
f (c)
A
f (a)
0 a c b x
| · | : ] − 1, 1[ −→ R
x 7−→ |x| .
6
Joseph Louis Lagrange foi um matemático italiano nascido a 25 de Janeiro de 1736 em Turim,
Itália, tendo falecido a 10 de Abril de 1813 em Paris, França.
30
Corolário 2.2.9 Se f tem derivada nula em todos os pontos de um intervalo, então
é constante nesse intervalo.
Se a função f é diferenciável até à ordem n em ]a, b[, com derivada contínua até
à ordem n − 1 em [a, b], então está nas mesmas condições em qualquer intervalo
[a, x], com x ∈ [a, b]. Usando o teorema anterior neste intervalo, temos a chamada
fórmula de Taylor:
31
No caso em que a = 0, a fórmula de Taylor é conhecida por fórmula de
MacLaurin8:
x2 ′′ xn−1 (n−1) xn
f (x) = f (0) + xf ′ (0) + f (0) + · · · + f (0) + f (n) (cx ) ,
2! (n − 1)! n!
para 0 < cx < x ou x < cx < 0.
f (x) f ′ (x)
lim = lim ′ .
x→x0 g(x) x→x0 g (x)
Pelo que se viu até aqui, para que uma função, diferenciável num determinado
ponto, tenha extremo local nesse ponto é necessário (mas não suficiente) que esse
ponto seja um ponto de estacionaridade. Assim, no caso dos pontos de diferencia-
bilidade, os extremos locais devem ser procurados dentro do conjunto dos pontos de
estacionaridade.
Atente-se no entanto que para tal a condição de diferenciabilidade é fundamental:
o caso da função módulo (f (x) = |x|, x ∈ R) é ilustrativo, esta função nem sequer
possui derivada em x = 0 e, no entanto, x = 0 é mínimo local (na realidade até é
mínimo absoluto).
8
Colin MacLaurin (1698–1746) foi um matemático escocês que se tornou discípulo de Isaac
Newton (1642–1727).
32
De qualquer modo – quando na presença de diferenciabilidade – como um ponto
de estacionaridade não é necessariamente um ponto de extremo local torna-se necessário
determinar condições em que se possa garantir a eventual existência de extremo. Tal
será perspectivado de seguida.
Definição 2.4.2
Sejam f e g duas funções cujos domínios contenham o mesmo intervalo I ⊂ R. Diz-
se que o gráfico de f está por cima do gráfico de g em I se f (x) ≥ g(x),
∀x∈I .
f (x)
f (a)
0 a x
33
f (x)
f (a)
0 a x
f (x)
f (a)
0 a x
34
Teorema 2.4.6 [Regra de Cauchy] Seja f uma função com derivadas contínuas
num intervalo I até à ordem 2 e a ∈ int(I). Nestas condições:
(i) se f ′′ (a) > 0, então f é convexa no ponto a;
Teorema 2.4.10
(i) O gráfico da função f (cujo domínio contém necessariamente um intervalo não
majorado) tem uma assímptota à direita se e somente se existirem e forem
finitos os limites:
f (x)
md = lim , bd = lim [f (x) − md x] .
x→+∞ x x→+∞
35
(ii) O gráfico da função f (cujo domínio contém necessariamente um intervalo não
minorado) tem uma assímptota à esquerda se e somente se existirem e forem
finitos os limites:
f (x)
me = lim , be = lim [f (x) − me x] .
x→−∞ x x→−∞
36
3 Primitivação
3.1 Noções elementares sobre primitivas
Definição 3.1.1 (Primitiva; função primitivável) Se f e F são funções definidas
no intervalo [a, b], F é diferenciável em todos os pontos de [a, b] e se para todo o
x ∈ [a, b], F ′ (x) = f (x), diz-se que F é uma primitiva de f em [a, b] e que f é
primitivável em [a, b].
Exemplo 3.1.3
sin x − cos x + C
cos x sin x + C
xα+1
xα , α 6= −1 , x > 0 +C
α+1
1
ln |x| + C
x
1
arctan x + C
1 + x2
1
√ arcsin x + C
1 − x2
′
ψ (x) sin ψ(x) − cos ψ(x) + C
′ α [ψ(x)]α+1
ψ (x)[ψ(x)] , α 6= −1 , ψ(x) > 0 +C
α+1
ψ ′ (x)
ln |ψ(x)| + C
ψ(x)
ψ ′ (x)
arctan ψ(x) + C
1 + [ψ(x)]2
ψ ′ (x)
q arcsin ψ(x) + C
1 − [ψ(x)]2
37
Saliente-se que atendendo à regra de derivação da função composta se concluí
que [F (φ(x))]′ = φ′ (x) F ′ (φ(x)), o que nos ajuda na dedução da tabela anterior.
(a) P (f + g) = P f + P g;
(b) P (βf ) = β P f .
Proposição 3.2.2 Seja f uma função diferenciável no intervalo [a, b]. Então, no
intervalo [a, b], P f ′ (x) = f (x) + C.
f (g(t)) = f (x)|x=g(t) .
Proposição 3.4.1 Seja f uma função contínua no intervalo [a, b] e x = φ(t) uma
aplicação com derivada contínua e que não se anula. Então,
isto é,
Z Z
′
f (x) dx = f (φ(t)) φ (t) dt
t=φ−1 (x)
dφ
Z
= f (φ(t)) dt .
dt t=φ−1 (x)
38
1
Exercício 3.4.2 Calcule P .
(2x + 1)2
Nem sempre é muito claro qual a mudança de variável mais recomendada. No en-
tanto, em numerosas situações encontram-se estudadas substituições aconselhadas.
Veja-se a seguinte tabela na qual f é uma função irracional dos argumentos indi-
cados. A utilização destas substituições permite transformar a função a primitivar
numa função racional que pode ser primitivada por decomposição (ver a próxima
secção).
Primitiva Substituição
√ √ √
P f (x, ax2 + bx + c), a > 0 ax2 + bx + c = t + x a
√ √ √
P f (x, ax2 + bx + c), c > 0 ax2 + bx + c = tx + c
√ √
P f (x, ax2 + bx + c), b2 − 4ac > 0 ax2 + bx + c = (x − α)t
onde α é raiz de ax2 + bx + c
P f (ex ) x = ln t
√
1 1 + x2 − 3x − 2
Exercício 3.4.3 Calcule P √ eP .
x2 − 50 x−1
39
Proposição 3.5.3 Sejam P e Q polinómios tais que o grau de P é inferior ao
grau do polinómio mónico Q. Então PQ pode decompor-se numa soma de termos
elementares dos seguintes dois tipos:
a
(a) , a, r ∈ R , k ∈ N;
(x − r)k
bx + d
(b) k
, b, d, α, β ∈ R , k ∈ N.
[(x − α)2 + β 2 ]
Desta forma, conhecendo as primitivas dos termos elementares (a) e (b), o prob-
R P (x)
lema do cálculo de Q(x) dx fica resolvido.
40
Note-se que os coeficientes desconhecidos na decomposição anterior podem ser
calculados pelo método dos coeficientes indeterminados.
4 Integral de Riemann
4.1 Partições de intervalos, somas de Riemann, integrabili-
dade à Riemann
Definição 4.1.1 Seja [a, b] um intervalo (com b > a). Uma partição de [a, b] é
um conjunto de pontos P = {x0 , x1 , . . . , xn } tal que
41
Definição 4.1.4 Seja [a, b] um intervalo (com b > a). Diz-se que f : [a, b] → R é
integrável à Riemann em [a, b] se f é limitada em [a, b] e se o limite
n
X
I(f ) = lim f (tj )(xj − xj−1 )
kP k→0
j=1
existe.
Quando tal acontece, escrevemos abreviadamente
Z b
I(f ) = f (x) dx
a
Rb
e diz-se que a f (x) dx é o integral definido de f entre a e b; f representa a chamada
função integranda, x designa-se por variável de integração, dx o acréscimo
infinitésimal associado a
lim (xj − xj−1 )
kP k→0
42
Proposição 4.2.3 (Comparação de integrais) Sejam f e g integráveis em [a, b]
e f (x) ≤ g(x), para todo x ∈ [a, b], então
Z b Z b
f (x) dx ≤ g(x) dx .
a a
Proposição 4.2.5 Se f e g são integráveis em [a, b], então f g é integrável em [a, b].
e Z c
f (x) dx = 0 (para todo o c ∈ [a, b]) .
c
43
Rx
(a) Se f é contínua em [a, b], então F (x) = a f (t) dt tem derivada contínua em
[a, b] e Rx
d a f (t) dt
= F ′ (x) = f (x) .
dx
(b) (Fórmula de Barrow) Se f é contínua em [a, b] e G é uma primitiva de f
em [a, b], então
Z b
f (t) dt = G(x)|ba = G(b) − G(a) .
a
(b) ϕ for estritamente crescente em [a, b] e f for integrável em [ϕ(a), ϕ(b)], então,
Z ϕ(b) Z b
f (x) dx = f (ϕ(t)) ϕ′(t) dt .
ϕ(a) a
44
4.6 Aplicações do integral definido
Cálculo de áreas
Exercício 4.6.1 Utilizando integração, calcule o volume de uma esfera de raio igual
a um.
45
Limites de integração infinitos
Definição 4.7.1 Seja f uma função integrável em todo o intervalo [a, β] com β tal
que [a, β] ⊂ [a, +∞[. O integral impróprio, da função f em [a, +∞[ , é o limite
Z +∞ Z β
f (x) dx = lim f (x) dx
a β→+∞ a
R +∞
caso exista e seja finito. Nesta situação, diz-se que a f (x) dx existe ou con-
Rβ R +∞
verge. Se limβ→+∞ a f (x) dx não existir ou não for finito diz-se que a f (x) dx
não existe ou diverge.
Definição 4.7.3 Seja f uma função integrável em [a, α] (para todo o α tal que
[a, α] ⊂ [a, c[) e não limitada em c. O integral impróprio, da função f em
[a, c], é o limite Z cZ α
f (x) dx = lim−
f (x) dx
a α→c a
Rc
caso exista e seja finito. Nesta situação diz-se que a f (x) dx existe ou converge.
Rα Rc
Se limα→c− a f (x) dx não existir ou não for finito diz-se que a f (x) dx não
existe ou diverge.
Rb
Define-se de forma análoga, a f (x) dx quando a não limitação de f se verifica no
limite inferior de integração x = a, ou em x = c pertencente ao interior do intervalo
[a, b]:
Z b Z b
f (x) dx = lim+ f (x) dx
a α→a α
Z b Z α Z b
f (x) dx = lim− f (x) dx + lim+ f (x) dx .
a α→c a β→c β
R1 1
Exercício 4.7.4 Estude a existência do integral impróprio 0 xk
dx (onde k é um
parâmetro fixo pertencente a [0, +∞[).
46