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Como eu aguento ficar em meu corpo ou tire isso das minhas mãos

Não escrevo um poema de amor.


só eu tenho meu corpo
que solipsistas lançam aos ventos
escrevo um poema sem verdade
mal posso olhar para minhas mãos
sou como vocês, não leitores
que me movem a escrever
cada rosto memorado lembra
cortes às cegas passados
no início refletia um gênio
no desenrolar só nos resta incompletos
da certeza em Deus perfeito só me lembro e sou
imperfeito: dedo no movimento
tinha noção de minha cor
contrasta o branco no azulejo, num repente, deixa-se ser azul
Azu’lejo dos meus dentes
vi-los no espelho refletir
o não tom branco da idade, tão
gênio de volta ao rosa da unha
mesmo rosa que corta como unha
em liberdade, corta a carne do agressor
(lejo é longe azul)
menstrua Chico e fale de cor!
uso distante da dór
só, corpo hálito o hábito habita
deixem amarelas amargas
palavras voltam menor
um eu não existe sem o nada;
nada reflete com o pesar de ainda ser
finito acabar como cabe ao amanhecer
rima barata em verso solto.
Cala-se
fala do que era, mas fala sendo:

Cada linha é armadilha como cada sentença,


Cada um seu universo e sarajevo presença;
Soluçado lamento em dor, pobre de si matou,
Morte sem sentido, à matança! nada sou.

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