C E 10 CIRCUITOS ELÉTRICOS – CIRCUITOS TRIFÁSICOS EQUILIBRADOS E DESEQUILIBRADOS 1

CIRCUITOS ELÉTRICOS
CIRCUITOS TRIFÁSICOS EQUILIBRADOS E DESEQUILIBRADOS

A maior parte das instalações elétricas domésticas e industriais é

caracterizada por uma corrente alternada senoidal.
Toda potência elétrica gerada e distribuída o é sob a forma de potência
polifásica em 60 Hz. O mais comum do sistema polifásico é o sistema trifásico
equilibrado e simétrico.
A transmissão de potência sob a forma trifásica apresenta vantagens
econômicas em relação à transmissão monofásica.
No sistema polifásico as tensões e correntes são descritos pela utilização
de uma notação com índice duplo. Por exemplo: VAB = tensão do ponto A com
relação ao ponto B; VNA = tensão do ponto A com relação ao ponto N.
Para representar as tensões e as correntes serão representadas através
de seus valores eficazes.

Definição do circuito trifásico (3φ)

Sejam três circuitos monofásicos independentes, cada um deles
alimentando uma carga monofásica de impedância Z.

Condições de operação dos geradores: apresentam tensões de mesmo

módulo e defasadas entre si de 120º, ou seja
E = E |0º E' = E |-120º E" = E |-240º
Nestas condições, as correntes, circulando em cada um dos circuitos
monofásicos, podem ser escritos como:
E E | − 120 0 E | − 240 0
IA = IB = IC =
Z Z Z

A soma fasorial das tensões ou das correntes será sempre nula.

Assim, se conectarmos os três circuitos monofásicos através de um ponto
comum que será chamado de neutro, teremos então um circuito trifásico com
gerador e carga ligados em estrela (Y)
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onde teremos INN’ = 0 = IA + IB + IC

ou seja: para um circuito 3φ simétrico e equilibrado, a corrente de circulação pelo
neutro é nula e portanto podemos suprimir o fio neutro (quarto fio).

Em termos práticos, teremos sempre duas alternativas mais empregadas

para ligação de circuitos trifásicos:
a) Gerador em estrela (Y) e carga em estrela (Y)
b) Gerador em estrela (Y) e carga em triângulo (∆)

Ao definirmos os sistemas 3φ, vimos que, entre as grandezas que os

caracterizam, há uma rotação de ± 120º.
Assim definimos o operador α, com a seguinte característica:
α = | 120º

E ainda podemos definir seqüência como sendo um conjunto ordenado de

3 fasores.
De um modo geral, indicaremos uma seqüência por uma matriz coluna.
No caso geral, os três fasores dados são quaisquer, porém há casos
particulares que devemos salientar e que recebem designações especiais.

a) Seqüência Zero – quando os três fasores são iguais (designado pelo índice
zero)
o
V0 1
o o
V0 = V0 = V 1
o
V 1
0

b) Seqüência Positiva ou seqüência direta – quando uma seqüência Va, Vb, Vc

em que Vb = α2 Va e Vc = αVa ( designado pelo índice 1)
V1 1
V1 = α 2V1 = V1 α 2
αV1 α
c) Seqüência Negativa ou seqüência inversa– quando teremos: Vb = α Va e Vc
= α2Va (designado pelo índice 2)
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V2 1
V2 = αV2 = V2 α
α 2V2 α2

GRANDEZAS DE LINHA E FASE

Tensão de fase: tensão medida entre o “centro-estrela” e qualquer um dos

terminais do gerador ou da carga.
Tensão de linha: tensão medida entre dois terminais (nenhum deles sendo o
“centro-estrela”) do gerador ou da carga.
Corrente de fase: corrente que percorre cada uma das bobinas do gerador ou, o
que é o mesmo, corrente que percorre cada uma das
impedâncias de carga.
Corrente de linha: corrente que percorre os condutores que interligam o gerador
à carga (exclui-se o neutro).

Para o circuito da figura, ligado em estrela (Y)

Apresentamos uma tabela onde constam todos os valores de linha e fase

para o circuito trifásico simétrico e equilibrado ligado em (Y).

Valores de fase Valores de linha

Gerador Carga Gerador Carga
Corrente Tensão Corrente Tensão Corrente Tensão Corrente Tensão
IAN VAN IA’N’ VA’N’ IA VAB IA VA’B’
IBN VBN IB’N’ VB’N’ IB VBC IB VB’C’
ICN VCN IC’N’ VC’N’ IC VCA IC VC’A’

RELAÇÕES ENTRE OS VALORES DE FASE E LINHA.

A) Relação entre as correntes: Para a ligação estrela, as correntes de linha e

fase são iguais a: IAN = IA IBN = IB ICN = IC
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B) Relação entre as tensões: Para trifásico, simétrico, seqüência positiva, as

tensões de fase são:
V AN 1
V f = VBN = V f α 2
VCN α

E as tensões de linha são dadas por

VAB = VAN - VBN
VBC = VBN - VCN
VCA = VCN – VAN
Utilizando matrizes, temos:
V AB 1 α2 1−α 2
VL = VBC = V f α 2 − V f α = V f α 2 − α
VCA α 1 α −1
Portanto
V AB 1 V AN 3 30º
VL = VBC = 3 30ºV f α = VBN 3 30º
2

VCA α VCN 3 30º

Para um sistema trifásico simétrico, seqüência positiva na ligação estrela,
as tensões de linha são obtidas pela multiplicação das tensões de fase
correspondente pelo fasor 3 | 30º

O gráfico mostra a obtenção das tensões de linha à partir das de fase.

Para seqüência inverso (negativo) o fator de multiplicação é o fasor

3 |-30º.
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O gráfico mostra a relação entre os valores de linha e fase para este caso:

onde
V AB 1
VBC = 3 − 30ºV f α
VCA α2
ou ainda:
V AN 1
V AB
VBN = α2
3 30º
VCN α

RESOLUÇÃO DE CIRCUITOS COM GERADOR E CARGA EM ESTRELA.

Devido as simetrias existentes nos trifásicos simétricos com carga

equilibrada e sabendo que no fio neutro não circula corrente, podemos resolver o
problema monofasicamente, utilizando apenas uma fase e as demais podem ser
determinadas pela rotação de ± 120º.
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Circuito equivalente

LIGAÇÃO EM TRIÂNGULO (∆)

A figura mostra um circuito 3φ, com gerador e carga em triângulo (∆)

De acordo com as definições anteriores:

Tensões de fase:
a) No gerador: VAN = VAB VBN = VBC VCN = VCA

b) Na carga: VA’N’ = VA’B’ VB’N’ = VB’C’ VC’N’ = VC’A’

Tensões de linha no gerador e na carga são:

VAB ; VBC ; VCA e VA’B’ ; VB’C’ ; VC’A’

Correntes de fase são:

a) No gerador: I N A A = I BA , I N B B = I CB e I N C C = I AC

b) Na carga: I A ' N ' A = I A' B ' , I B ' N 'B = I B 'C ' e I C ' N 'C = I C ' A '

As correntes de linha são: IAA’ , IBB’ e ICC’

Relações entre valores de linha e fase para ligação triângulo

Para circuito 3φ simétrico, equilibrado, seqüência positiva
I A'B ' = I f θ I B 'C ' = I f − 120º +θ e I C ' A' = I f + 120º +θ
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I A'B ' 1
ou com matrizes I f = I B 'C ' = I A' B ' α 2
I C ' A' α
e
I AA' = I A' B ' − I C ' A' ; I BB ' = I B 'C ' − I A'B ' e I CC ' = I C ' A' − I B 'C '

I AA' I A'B ' I C ' A'

Matricialmente teremos: I BB ' = I B 'C ' − I A' B '
I CC ' I C ' A' I B 'C '
e
I AA' 1
I BB ' = 3 − 30º I A' B ' α 2
I CC ' α
Portanto, num circuito 3φ, seqüência positiva, carga equilibrada ligada em ∆,
obtemos as correntes de linha multiplicado as correspondentes de fase pelo
fasor: 3 |-300

Atente para o diagrama fasorial da figura;

Para a seqüência negativa, o fasor multiplicado é 3 | 300 ou seja a

corrente de fase está adiantada de 30º sobre as correspondentes de linha.
I AA' = I A' B ' 3 30º I BB ' = I B 'C ' 3 30º I CC ' = I C 'B ' 3 30º
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Para seqüência inversa o diagrama de fasores é apresentada abaixo

RESOLUÇÃO DE CIRCUITOS TRIFÁSICO EM TRIÂNGULO.

Para um circuito 3φ simétrico, equilibrado ligação em triângulo, a opção

mais simples para resolver, consiste em transformar a carga e o gerador em
circuito equivalente ligado em estrela e resolver monofasicamente.
Obs.: As transformações de tensões, valem as relações anteriormente
desenvolvidas (linha para fase) e as de impedância de ∆ → Y Þ divida por
3 (verificar transformação de ∆ para Y desenvolvido no estudo do circuito
resistivo em corrente contínua).

SISTEMA 3φ ASSIMÉTRICOS E DESEQUILIBRADOS

Analisemos agora os casos de trifásicos assimétricos alimentando carga

desequilibrado:

a) Carga em estrela e sem fio neutro (estrela não aterrada)

Considere a figura abaixo

Para o circuito temos

VAN' = VAN + VNN’ = IA.ZA
VBN’ = VBN + VNN’ = IB.ZB
VCN’ = VCN + VNN’ = IC.ZC
isto é:
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V AN V NN '
IA = + = Y AV AN + Y AV NN '
ZA ZA
V V
I B = BN + NN ' = YBV BN + YBV NN '
ZB ZB
V V
I C = CN + NN ' = YC VCN + YC V NN '
ZC ZC
em que YA, YB e YC são as admitâncias da carga. Lembrando que IA + IB + IC = 0,
resulta:
Y V + YBVBN + YCVCN
V NN ' = − A AN
Y A + YB + YC
Com os valores de VNN’ podemos determinar as tensões e correntes de
fase na carga.
As tensões de linha serão calculadas por.
VAB = VAN – VBN
VBC = VBN – VCN
VCA = VCN – VAN
b) Carga em Estrela com fio neutro
Para o circuito são conhecidos: as tensões de fase no gerador, as
impedâncias da carga e as da linha.

b.1) A impedância ZN do fio neutro é nula.

Neste caso, a determinação das correntes é imediata, pois, sendo ZN = 0

Þ VAN = VAN’ , donde resulta:
V AN VBN VCN
IA = IB = IC =
Z A + Z'A Z B + Z 'B Z C + Z 'C
Além disso, no nó N’, temos:
IN = IA + IB + IC

As tensões de fase na carga são dadas por:

VA’N’ = IAZA VB’N’ = IBZB VC’N’ = ICZC
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E as tensões de linha são dadas por:

V AB V AN VBN V A'B ' V A' N ' VB 'N '

VBC = VBN − VCN VB 'C ' = VB ' N ' − VC ' N '
VCA VCN V AN VC ' A' VC ' N ' V A' N '

b.2) A impedância ZN do fio neutro ≠ 0.

Neste caso, pela aplicação da Lei de Ohm, teremos:
VAN = IA(ZA + Z’A) + INZN
VBN = IB(ZB + Z’B) + INZN
VCN = IC(ZC + Z’C) + INZN
isto é
V AN ZN
− IN = IA
Z A + Z'A Z A + Z'A
VBN ZN
− IN = IB
Z B + Z 'B Z B + Z 'B
VCN ZN
− IN = IC
Z C + Z 'C Z C + Z 'C
Lembrando que IA + IB + IC = IN e resolvendo o sistema de equações,
resulta:
V AN VBN VCN
+ +
Z A + Z ' A Z B + Z ' B Z C + Z 'C
IN =
ZN ZN ZN
1+ + +
Z A + Z ' A Z B + Z ' B Z C + Z 'C

c) Carga em triângulo.
c.1) Carga em triângulo com tensão de linha na carga conhecida.
Considere a carga desequilibrada do circuito em triângulo.

Pela Lei de Ohm, temos:

V V V
I AB = AB I BC = BC I CA = CA
ZA ZB ZC
Pela Lei das correntes de Kirchhoff, determinamos:
IA = IAB – ICA
IB = IBC – IAB
IC = ICA – IBC
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Além disso
IA I AB I CA
I B = I BC − I AB
IC I CA I BC

c.2) Carga em triângulo conhecendo-se a tensão no início da linha.

Para uma carga desequilibrada, ligada em triângulo, alimentada por uma
linha de impedância conhecida.
Conhecendo-se a tensão no início da linha, a solução deste circuito é
transformar a carga em triângulo por uma carga equivalente ligado em estrela, e
resolver como uma carga em estrela sem o fio neutro.