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1. Construir a(s) regra(s)-matriz(es) de incidência tributária do ICMS – Serviços.

R. Prestação de Serviços de Transporte:

 Hipótese/Antecedente (critério material, espacial e temporal)

Critério Material: prestação de serviços de transporte intermunicipal e interestadual;

Critério Espacial: local ocorrência do fato jurídico, todo território nacional.

Critério Temporal: momento do fato jurídico (prestação de serviço).

 Consequente (critério pessoal e quantativo)

Critério Pessoal

Sujeito Ativo: Estado Federativo onde tiver sido realizada a prestação.

Sujeito Passivo: Prestador do serviço.

Critério Quantitativo

Base de Cálculo: valor da prestação.

Alíquota: variável dentro da competência de cada Estado.

Prestação de Serviços de Comunicação

 Hipótese/Antecedente

Critério Material: prestação de serviços de comunicação;

Critério Espacial: todo território nacional;

Critério Temporal: momento da prestação;

Consequente (critério pessoal e quantitativo)

Critério Pessoal:

Sujeito Ativo: Estado Federativo onde tiver sido realizada a prestação.

Sujeito Passivo: Prestador do serviço.

Critério Quantitativo:

Base de Cálculo: valor da prestação do serviço.

Alíquota: variável, conforme estabelecido pelo Estado/DF.


2. Que é “prestação de serviços de comunicação”? É possível determinar esse conceito por
meio do texto constitucional? O que pode ser tributado pelo ICMS: (i) a comunicação
(onerosa) efetivamente realizada, ou; (ii) a mera disponibilidade (onerosa) de meios
físicos/canais aptos que possibilitem que a comunicação aconteça? (Vide anexos I e II).

R. Seguindo a linha de raciocínio do Professor Paulo de Barros Carvalho, eu entendo que a


prestação de serviço de comunicação consiste na atividade de colocar à disposição do cliente
os meios e modos necessários à transmissão e recepção de mensagens. O conceito de
comunicação é definido pela relação entre o emissor e receptor, que se concretiza por meio
de mensagens. Logo, podemos dizer que a comunicação se efetiva com uma correta
interpretação dos dados. Caso contrário, será tão somente uma transmissão de dados.

Não obstante, eu entendo que no texto constitucional, não é possível determinar um conceito
para a prestação de serviço de comunicação. Além disso, a LC nº 87/96 tão somente apresenta
elementos da incidência do imposto. Entretanto, para analisarmos este fenômeno jurídico,
devemos interpretar a norma sistematicamente, considerando-se o texto constitucional e o
infraconstitucional. Para o Profº Paulo de Barros (CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de
direito tributário. 23. ed. São Paulo: Saraiva, 2011, p.46):

(...) conhecer as regras jurídicas isoladas, como se prescindissem da totalidade do conjunto,


seria ignorá-lo enquanto sistema de proposições prescritivas. Uma coisa é certa: qualquer
definição que se pretenda há de respeitar o princípio da unidade sistemática.

A partir da leitura dos anexos do caso em tela, eu chego ao entendimento de que só pode ser
tributada pelo ICMS, a comunicação onerosa efetivamente realizada. Uma vez que o ICMS é
um imposto cujo fato gerador presume a prestação efetiva dos serviços de comunicação.
Desta forma, a simples disponibilidade do serviço não caracteriza a incidência do tributo, uma
vez que a prestação do serviço não se concretizou.

3. Responda justificadamente se há incidência do ICMS sobre as seguintes modalidades de


serviço de comunicação:

(i) Serviços relacionados à telefonia (serviços de habilitação, instalação,


disponibilidade, cadastro de usuário e equipamento, entre outros serviços, que
configurem atividade-meio ou serviços suplementares (vide anexo III);

R. Por se tratarem de atividades-meio, eu entendo que não há motivo para


ocorrer a incidência do ICMS, nos casos em tela. Isso porque o art. 60, § 1º, da
Lei nº 9.472/97, combinado com o entendimento dos artigos 2º e 12 da LC nº
87/96, não tratam tais serviços como serviços de comunicação propriamente
ditos. Além do mais, a seara tributária possui o princípio da tipicidade, que
nos informa que na ausência de lei expressa, não se pode ampliar os
elementos que formam o fato gerador.
(ii) Assinatura Telefônica:

R. No meu entendimento, não há incidência do Tributo de ICMS no ato da assinatura


telefônica, pois entendo que é um valor que deve ser pago para manter uma linha
telefônica, não há nenhum tipo de comunicação para a incidência do fato gerador.

(iii) VoIP (VoIP-VoIP e VoIP – linha telefônica);

R. Primeiramente é importante definirmos de que se trata essa modalidade. A


sistemática da telefonia sobre internet ou VOIP (Voice over Internet Protocol), envolve
o uso da rede mundial de computadores (Internet) para a transmissão em tempo real
de sons (arquivos de áudio) de um computador para outro ou de um computador para
um aparelho de telefonia fixa ou móvel.
Dessa forma, o usuário do serviço, ao efetuar uma ligação utilizando-se do VOIP, é
conectado por meio da rede mundial a uma “central” da rede convencional
(denominada ATM – Asynchronous Transfer Mode) mais próxima possível da
localidade de destino da chamada, efetuando uma simples ligação local pela rede
convencional. Em síntese, os dados de voz serão compactados e transmitidos da rede
convencional para a rede IP, através da qual chegarão ao destinatário (usuário do
serviço de VOIP).

Partindo dessa compreensão, eu entendo que há de ocorrer a cobrança de ICMS sobre


os serviços demonstrados neste caso, uma vez que eles se configuram como serviços
de telefonia, transmitindo dados de um emissor para um receptor. Logo, se a
prestação do serviço for onerosa, deverá haver a cobrança de ICMS.

(iv) Serviços prestados pelas TVs por assinatura (caso sua resposta seja pela
incidência do ICMS, analise também os valores cobrados a título de locação do
modem, assinatura e habilitação devem ou não ser inclusos na base de cálculo
do imposto) - (vide anexos IV e V);

R. Levando em consideração o texto legal do artigo 2º, III, da Lei Complementar 87/96,
tenho o entendimento de que ocorre a incidência de ICMS sobre os serviços de
transmissão realizados pelas operados de TVs por assinatura. Porém, nos casos de
locação de modem, assinatura e habilitação, eu continuo com o entendimento
formado na resposta item i desta 3º questão. Logo, por se tratarem de atividades-meio
para a devida execução da atividade-fim, não porque incidir ICMS.

(v) Serviços de Streaming;

R.
4. Que é “prestação de serviços de transporte”? Quais suas modalidades? É necessária a
efetividade da prestação de serviços para que o ICMS incida? Analisar a tributação de
transporte aéreo de passageiros e cargas. Há a incidência do aludido imposto no caso
de o transporte ser efetuado por meio de veículo próprio da empresa, dirigido por
motorista que com ela possui vínculo empregatício? E se o motorista for terceirizado? E
se o veículo for locado?

R. Prestação de serviço de transporte no que tange ao ICMS é a condução, em qualquer via,


seja terrestre, aérea, hidroviária, de mercadorias, cargas ou passageiros, de um lugar para
outro. Eis as formas de transporte elencadas na Lei nº 6.288/75:

I-Modal- quando a mercadoria é transportada utilizando-se apenas um meio de transporte;

II-Segmentado- quando se utilizam veículos diferentes e serão contratados separadamente os


vários serviços e os diferentes transportadores que terão a seu cargo a condução da
mercadoria do ponto de expedição até o destino final;

III-Sucessivo- quando a mercadoria, para alcançar o destino final, necessita ser transportada
para prosseguimento em veículo da mesma modalidade de transporte;

IV-Intermodal- quando a mercadoria é transportada utilizando-se duas ou mais modalidades


de transporte.

É necessária a efetividade da prestação de serviços para que o ICMS incida, uma vez que o
aspecto temporal do imposto é o momento em que se realiza a prestação do serviço.

Quanto à tributação de transporte aéreo de passageiros e cargas, o STF, em 2001, julgou a


ADIN 1600, e determinou a aplicação do princípio da reciprocidade. Se houver tratado
internacional prescrevendo a isenção de empresa estrangeira de transporte aéreo, seria
também aplicada a isenção do imposto no Brasil.

Há a incidência do imposto no caso de o transporte ser efetuado por meio de veículo da


empresaou terceirizado, dirigido por motorista com ou sem vínculo empregatício, ou a
utilização de veículo de locadora. A utilização de meios próprios ou de terceiro não afasta a
incidência do tributo.

5. Empresa de transporte internacional, contratada para trazer documentos do exterior,


subcontrata empresa brasileira que efetive o transporte da entrada do documento em
território nacional até o destinatário local. Pergunta-se: (a) tal operação pode ser
desmembrada para fins de tributação pelo ICMS? (b) se positiva a resposta, qual seria o
sujeito passivo da relação tributária? (Vide anexo VI).

R. Entendo que a operação não pode ser desmembrada pois as atividades são vinculadas. A
operação de entrega do bem a destinatário local é atividade-meio e é indispensável à
concretização da atividade-fim, o serviço de transporte internacional. Portanto, prevalece a
atividade-fim. Neste contexto, dispensável resposta ao item “b” da questão.

6. Prestadora de serviço de transporte é contratada para efetuar transporte de mercadoria


de estabelecimento localizado em Osasco/SP para uma trading estabelecida em São
Bernardo do Campo/SP. O destino final da mercadoria transportada é a exportação.
Com base no art. 155, § 2º, X, “a” da CF/88 e parágrafo único do art. 3º da LC 87/96, o
Fisco paulista entende que nesse trajeto interno há imunidade do ICMS somente com
relação à operação de circulação das mercadorias transportadas e não para o ICMS
relativo à prestação de serviços de transporte. Você concorda com esse entendimento?
(Vide anexos VII e VIII).

R. Não concordo com o entendimento do Fisco, uma vez que a imunidade/isenção abrange
tanto a circulação das mercadorias transportadas, como a prestação de serviços de transporte
que destinem mercadorias ao exterior, nos termos do art. 155, § 2º, X, “a” da CRFB/88 e o art.
3º, inciso IX, parágrafo único, inciso I, da LC 87/96). A jurisprudência do STJ é firme, neste
sentido:

“TRIBUTÁRIO. ICMS. TRANSPORTE INTERESTADUAL DE MERCADORIA DESTINADA AO EXTERIOR.


ISENÇÃO. ART. 3º, II DA LC 87/96.

“1. O art. 3º, II da LC 87/96 dispôs que não incide ICMS sobre operações e prestações que
destinem ao exterior mercadorias, de modo que está acobertado pela isenção tributária o
transporte interestadual dessas mercadorias.

“2. Sob o aspecto teleológico, a finalidade da exoneração tributária é tornar o produto brasileiro
mais competitivo no mercado internacional.

“3. Se o transporte pago pelo exportador integra o preço do bem exportado, tributar o
transporte no território nacional equivale a tributar a própria operação de exportação, o que
contraria o espírito da LC 87/96 e da própria Constituição Federal.

4. Interpretação em sentido diverso implicaria em ofensa aos princípios da isonomia e do pacto


federativo, na medida em que se privilegiaria empresas que se situam em cidades portuárias e
trataria de forma desigual os diversos Estados que integram a Federação.“5. Embargos de
divergência providos.” (EREsp n. 710.260/RO (2005/0179881-0), STJ, 1ª
Seção,vu.27/02/2008,DJe14/04/2008).

7. Os conceitos de transbordo e baldeação na prestação, utilizados na prestação de serviços


de transporte de cargas, são sinônimos? A mudança de modal, utilizando-se de veículos
de propriedade de mesmo titular, é caso de transbordo ou prestação de serviço
independente? Empresa X realiza serviço de transporte entre os Munícipios Y e Z, ambos
do Estado de São Paulo, utilizando-se, para tanto, de caminhão e avião, tendo as
mercadorias sido acondicionadas, ou seja, permanecendo por tempo razoável em
estabelecimento da empresa quando da mudança de modal, haveria de se falar em
descontinuidade de transporte e, por consequência, nova cobrança de ICMS? (Analisar
a problemática à luz do Parecer PGFN/CAT nº 57/13).l

As mercadorias em trânsito aduaneiro poderão ser objeto de procedimento específico de


controle nos casos de transbordo, baldeação ou redestinação. (art. 335 do Regulamento
Aduaneiro)

Considera-se:
transbordo, a transferência direta de mercadoria de um para outro veículo;

baldeação, a transferência de mercadoria descarregada de um veículo e posteriormente


carregada em outro;

redestinação, a reexpedição de mercadoria para o destino correto.

O transbordo ou a baldeação entre veículos em viagem nacional, na modalidade de transporte


multimodal, não descaracteriza a operação inicial de trânsito aduaneiro. (art. 14 da IN SRF nº
248, de 2002)

No caso de transbordo ou baldeação, em zona primária, de cargas procedentes do exterior e a


ele destinadas, será aplicado o Trânsito Aduaneiro de Passagem. (art. 15 da IN SRF nº 248, de
2002)

Quando uma dessas operações ocorrer entre aeronaves em viagem internacional, cujas cargas
não venham a sofrer outro transbordo ou baldeação no País, o controle aduaneiro será
processado mediante Declaração de Transbordo ou Baldeação Internacional (DTI). (art. 15,
parágrafo único, da IN SRF nº 248, de 2002)

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