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— oe DADOS SOBRE NEUMA AGUIAR Obteve o Mestrado em Sociologia i Universidade de Boston. Em 1969, Sua om S an see pela Washington University em St. Louis com tese sobre A Monin ne e Burocratizagao da Classe Operdria no Brasil de 1930-1964, Lacie em cursos de graduagéo na Universidade Federal Fluminense ee tificia Universidade Catdlica do Rio de Janeiro, Lecionou também no Programa de Pés-Graduaci : gia Social da Universidade Federal do Rio de Jancivo. "PO Atualmente coordena o Mestrado em Sociologia do Instituto Uni- versitario de Pesquisas do Rio de Janeiro. E£ autora de varios artigos aparecidos em revistas nacionais e es- trangeiras, tais como: lense e na Pon- 1 — “The Organization and Ideology of Brazilian Labor”, em Irving L. Horowitz, Revolution in Brazil, Nova York, E. P, Dutton, 1964. 2 — “Corporativismo y Clase Trabajadora”, Desarrollo Econémico, 30-31, jul-dez., 1968. 3 —“O Modelo de Mudanca por detrds das Teorias da Anomia e Mobilizagio”, América Latina, 3, 1969. 4 — “Tdeologias Competitivas e um Projeto de Industrializagio do Nordeste”, Dados 9, 1972. PREFACIO O trabalho desta coleta itui cet elaboragao tedrica even aan Benicio, Sipe volvi no Nordeste, mais acectiemeate ee: gue desen. do Cearé. A pesquisa intitulou-se Divisgo Ee. Traba Sal nologia e Estratificagao Social, possuindo e aes Tec. parti¢ao de pessoas na sociedade de acordo a Sane socials da_producio que utilizam tecnologias diversas. O es- tudo almejava relacionar essas morfologias sociais com I ragdes das atividades produtivas que compdem os eet = A anilise dos dados é objeto de uma outra publicacio, ea foi a pritica daquela pesquisa que orientou a redagdo do texto introdutério ea selecio dos outros artigos que compdem este livro. oO patrocinio ‘das diversas atividades tedricas e prdticas acima referidas foi realizado pelo Conselho Nacional de Pes- quisas e pela Fundacao Ford. Ambas as entidades continua- ram a conceder-me apoio financeiro através da trajetéria insti- tucional que empreendi_como legitima ¢ tipica representante das Ciéncias Sociais no Brasil. Iniciei essa caminhada a convite de Roberto Cardoso de Oliveira, entéo diretor do Programa de Pés-Graduacgio em Antropologia Social do Museu Nacional da Universidade Fe- deral do Rio de Janeiro, ‘onde lecionei Saaebee ee época o pro; a possufa convénio com © fro Latino neared Ee Pesquisas ‘em Ciéncias Sociais, dirigido por Manuel Diegues Jinior. A entidade me deu apoio pata @ realizagio de trabalhos académicos ¢ sowlhe grata poh ie Meus colegas ¢ alunos de entao constitufram grande estimulo para este trabalho pelas perguntas © criticas que fizeram € aan erent ai Naquela SopORuGaSe solicitada pele 12 HIERARQUIAS EM CLASSES Universitario Candido Mendes. Recebi, eno, novo fluxo de esti. mulos de colegas e alunos. As facilidades colocadas a minha disposicao pela instituicfo permitiram concluir 4 otganizacio deste livro. Agradeco por isso ao seu Diretor-Presidente, Can. dido Mendes de Almeida. Agradego, também, 4 minha assis. tente de pesquisas, Vanda Maria Costa Aderaldo, pela intelj. gente ajuda que me deu na revisio das tradugdes, O manuscrito foi datilografado pela Secretéria Licia Inés Teixeira da Cunha, cujas atividades, capricho e dedicacao foram incansdveis. Nesse trabalho ela foi auxiliada por Eliane Maria de Souza, a quem devo, também, gratidao. Agradeco 4 Maria Augusta Leal Soares, Secretétia-Geral do IUPERJ, por intimeros auxilios que a composi¢ao de um livro demanda. Gostaria de mencionar particularmente uma Pessoa que contribui muito para que o Instituto seja um bom lugar de trabalho, meu colega amigo Wanderley Guilherme dos Santos. O agradecimento que fago para ele aqui, com telagdo a este trabalho, diz respeito a parte afetiva. E muito bom trabalhar com gente entusiasmada, Agradeco, outrossim, as Pessoas que me so afetivamente caras © que me fazem querer produzir. Neuma Acutar INSTITUTO UNIVERSITARIO DE PESQUISAS DO RIO DE JANEIRO novembro de 1973 HIERARQUIAS EM CLASSEs; UMA INTRODUCAO AO ESTUDO DA ESTRATIFICACAO SOCIAL NeuMA Acutar O OBJETIVO DESTE TRABALHO é fazer uma resenha das teo- rias existentes sobre estratificacio ¢ classes sociais. No decor. rer deste apanhado serio aptesentados os textos que compoem a coletinea. Procuraremos, dentro da visio geral das correntes, mostrar divergéncias e confluéncias entre varias posigdes ted- ticas. Serio avancadas algumas contribuicdes que permitam conectar algumas dessas correntes. Assumo aqui uma posi- so de bricolagem teérica, ao tomar elementos de teorias, al- gumas das quais se propdem auténomas. Considezo que den- tro dessas correntes hd idéias que permitem situélas dentro de um mesmo campo. Proponho também que o ecletismo nao € de minha exclusividade, mas esté Ptesente nas teorias que analiso, apesar do purismo tedrico que algumas delas divul- gam possuir, ly. Ge " Geralmente, _estratificagio..e_.classes_.sociais_sio conceitos aptesentados na literatura sociolégica como_opostos, este cacao referindo- clusi ¥ juridico e i leo- l6gico, classes _sociais ao-econdmico. Esta visio sobre eae vem sendo criticada por outra corrente tedrica ue ee ressaltar a complexidade do conceito, demonstran tte engloba as relagdes entre um conjunto de Bc ae sa Pelo econdmico. A nogio de estratificagao pins tal como nesta introdug&o como o estudo das hierarquias p conjunto de © estudo de classes remete-se também a iss utilizada aqui relagées sociais. | Esta perspectiva send por nOs MXit ting com o sentido de que um determinado a mas de enunciélo. multiplicidade de significados, ¢ de fo! ir da di- Ha necessidade de articular esses significados, @ P' 14 Himkarguias iM CLASSES versidade de posigdes que tomam, — Limitar um conceito 4 uma determinada regillo equivale a empobrecé-lo, As hierar. quias serio estudadas aqui como parte de um sistema classi. ficatério, importante que analisemos os dois conceitos, de classes sociais e de hierarquias sociais, para que possamos uni-los através de uma ponte tedrica, Estratificagiio social refere-se ao estudo de estratos oy camadas sociais que se superpdem, constituindo uma hierarquia, ta, por sua vez, quer dizer um conjunto de pessoas que detém o mesmo status ou posigio social. O conceito de estra- tificagio tem sido muito controverso pela quantidade de signi- ficados que apresenta na literatura socioldgica, pois tem-se referido a estados, ordens, corporacdes, honra social, prestfgio, estima, distribuigio de renda e de deferéncia, caracteristicas raciais, pureza de sangue ou social, grau de educagio, tipos de bens consumidos, tipos de restrigio ao consumo, religido, ideo- logia e materialidade, Dentro dessa babel tedrica, torna-se diffcil estabelecer alguma ordem. Para organizar o campo dos significados, partiremos do principio de que as estratificagdes dizem respeito tanto a re- particao de pessoas na sociedade, de acordo com a divisio do trabalho, quanto as avaliagdes sobre a posic#o que as pessoas detém nessa mesma sociedade, e que Ihes séo socialmente con- feridas. Levaremos em considera,do tanto a distribuicdo de pessoas, de acordo com sua atividade produtiva, quanto a re- Presentacgio que é feita de suas atividades, As avaliagdes que sio elaboradas com relagio as pessoas podem ir além do papel exercido por elas no sistema de pto- dugio, pois, como demonstra L. Dumont, a classificagio de Pessoas em hierarquias no sistema de castas da India provém do sistema de crengas religiosas. A divisto do trabalho in- terage com a hierarquia religiosa, reforcando-a.1 Este também € 0 caso do sistema de honra na Cabjlia? onde o valor de cada Pessoa é medido através de um detalhado cédigo que permeia as relacdes familiares, as relacdes com a comunidade e as rela- sOes com o mundo exterior. A estrutura desse cédigo pode ser decifrada, bem como sua utilizacio diferencial, por di- 2 Jouis Dumont, Homo Hierarchicus, Gallimard, Paris, 1966. 2 Pierre Bourdieu, “The Sentiment of Honour in Kabyle Society”, ¢m Honour and Shame, the Values of Mediterranean Society, J. G- ty (org-), University of Chicago Press, Chicago, 1970. Inrropugko Ao Esrupo pa Estratimeagio 4 versos participantes do grupo. Nesse ciais eaeiias toda a cultura, Podemo pone uararalas & que as classificagdes ou hierarquias dizem reap, vend de organizacio social © suas representagdes, fi feferit’ a modalidades de organizagio ‘como a sista parentesco, com as representagdes correspondentes stay é puro e impuro. Faremos referéncia, no entanto, a Tee tancia particular da organizagio social, relativa a divis im oe trabalho, Por outro Indo, preocupar-nos-emos aqui com ume instincs expectfica do cédigo das tepresentagSen,'0 sntena de estratificagio social, ¢ nfo com a totalidade do sistema de a lores, ou o sistema cultural. th ‘A relagio entre divisio de trabalho e as representagies & importante, mesmo que as avaliagdes sobre a posigio social das pessoas sejam mais amplas que aquela. Em primeiro lugar, porque essas duas instiincias nfo sio redutiveis uma A outra, Com esta afirmacao queremos ressaltar a relagio entre a mor fologia social, isto é, a forma de repartigio das pessoas — to- mando a divisio do trabalho como sistema distribuidor — ¢ a classificagio que as pessoas elaboram entre si de acordo com essa distribuicio, partindo, portanto, da homologia entre forma classificagiio. ‘Através desse tipo de anélise, podemos relacionar estrati- ficagao social com sistema de classes. Como também associa- mos as classes sociais com a divisio do trabalho, o tratamento da estratificagio social como sistema classificatério relacionado a divistéo do trabalho gera o tisco da utilizagio de dois termos diferentes para significar 0 mesmo fenédmeno. Para evitar esse perigo, situamos a estratificagio social em um sistema de clas- ses, procurando nao reduzir a estratificagao social aquele forma que nfo a reduzimos temas de er vi O Concerto DE CLasses Socrals Classes sa arranjo de coisas que zbemos como wudnt S02 ane oranda eet dos por linhas de demarcagio claras. Fsses grupos acham-se 16 HIERARQUIAS EM CLASSES coordenados, ou subordinados uns aos outros, formando hie. rarquias ou oposigdes. As relagdes que mantém entre si per- mitem que consideremos alguns como dominantes, outros como dominados ¢ ainda outros como independentes. Essa defi. nigao de classes baseia-se nos princfpios classificatérios formu. Jados por E, Durkheim.* O arranjo de coisas pode ou nfo ser percebido, permitindo falar-se em consciéncia ou inconsciéncia de classe. Podemos utilizar esse conceito genético de classes, quer para entender o que sejam classes sociais, quer para classificar em grupos outras definigdes mais especificas sobre 0 mesmo su- jeito. Continuaremos a empregat algumas idéias elaboradas por Durkheim para compreender o nivel em que esses concei- tos sio enunciados. Esse autor, ao desenvolver 0 conceito de representacdes coletivas, * situou-as em oposicio a0 tipo de abor- gem que coloca em primeiro plano as relagdes econémicas que existem na sociedade, Os grupamentos humanos sio vistos como possuindo uma natureza dual: animal e espiritual a0 mesmo tempo, sagrada e profana, material e ideal. O eco- némico diz respeito A vida material ¢ profana, que se distingue da vida ideolégica ¢ sagrada. Muito embora esses dois niveis sejam vistos como distintos, também sao vistos como relacio- nados.° Da época de Durkheim para c4, a anélise de sistemas classificatérios nfo se tem resttingido apenas a esfera do sa- grado, porém tem-se realizado também com relac&o ao cotidiano. ‘Varias dessas andlises tém ressaltado a classificagdo como forma de exclusio de pessoas da esfera de interacao social. Da mesma forma que as categorias lingiifsticas empregadas em sociedade avaliam 0 comportamento de alguns grupos sociais como po- sitivos. 3 E, Durkheim e M. Mauss, “De quelques formes primitives de classification”, L’Année Sociologique, 6, Paris, 1901-1902. _ 4 Emile Durkheim, Sociologie et Philosophie, Presses Universi- taires de France, Paris, 1967. 5 Emile Durkheim, La Science Sociale et L’action, Presses Uni- versitaires de France, Paris, 1970. 6 Estudos dessa natureza foram desenvolvidos por E. Goffman. Ver, por exemplo: Stigma, Prentice-Hall, Englewood Cliffs, N. J. 1963- Para uma aplicagio dessa teoria'em ‘uma andlise de Estratificacie l, ver Gilberto Velho, “Estigma e Comportamento Desviante em Gopacabana”, América Latina, ano 14, n.% 1 © 2, jancjun., 1971- er também: Dorit Schneider, Classes Esquecidas: os Alunos Es cepcionais da Guanabara, 1973, ms., e Arlene Kaplan Daniels, “The ts RI, tk me Intropugio Ao Estupo pa Esrratiricagk 0 17 Classes sociais sio também definid ee ie aan as pelo h go piocesso_de_produsio, ¢ sio diferencia pat due ocupam auséncia_de controle _dos “meios-de-prodix ceo jose do produto final. Como o eee ysencia de ou no_desses oustrieJade variam de acordo como” pexfodo isu contexto que se tenha como ponto di é a “ ont referéncia,_as_classes § fais sfo_vistas como 0 arranjo_societério_iner = desprodwcions Esmaenmbinne de ape mordo com o sistema de producio pees erp de goes sociais ocupadas no arranjo e caracterizar as ee Tet quais um grupo social se apropria do trabalho de outro. U: = Gite s¢ diferenciem as classes e.que se localize 0 processo de exploracio de umas sobre as outras, pode-se Sees ( classes sociais encontram-se em oposigéo ¢ possuem interesses de natureza diversa. O antagonismo e oposigio entre as clas- ses permite que Marx e Engels as situem como a forca motriz da histéria através da proposigo de que a histéria de todas as sociedades que existiram até agora é a histéria das lutas de classes. Esse _conjunto de caracterizacdes sobre as classes é utilizado_por V. I. Lénin_em_sua_defini fo: “As _classes_so- ciais sio_grupos de homens que se diferenciam entre si pelo lugar que ocupam em um Sistema de produgao historicamente determinado, pelas telagdes que se encontram face _os_meios de producio, pelo papel que desempenham na orgunizagio_ so- cial do trabalho e por-conseguinte, pelo modo proporcao_em que percebem da tiqueza socis oem. 2 ses sociais sio grupos humanos, um dos quais pode apropriar- ‘se do trabalho do outro por ocupar posicéo diferente em um regime determinado de economia social.”” Hé outras definigdes que também utilizam critérios eco- némicos, para. caracterizar as classes sociais, Essas en das definixdes marxistas ao concederem maior, peso & ponese de grupos sociais com sistemas de distribuiséo do que & relacio que estes mantém com sistemas de produgio. pee de grau de abstracio, entre as conceituacdes, Cl alee oo outras mais empiricas. Classes_sosinis. dit We ssuem Da PR EE aS iS Sale. i ” ‘Recent Socal Construction’ of Military Payehiatrie Disromg.. Silan,-Lon Sociology, n®° 2, Hans Peter Dreitzel (0'8-)» Collier: dres, 1970, pp. 182-205. aa 1, vol. Ie 7 Vath 205. preothides, Ba. Viséria, Bio, 1 pe 18 HIeRARQUIAS EM CLASSES obtengio_de_oportunidades de vida, cujas condigdes S80 deter. minadas pelo mercado. Correspondendo & posicao Ho Metcado, cada grupo social possui os seus interesses de classe.* Ji shall propde que classes séo grupos sociais baseados em desi. gualdades provenientes da distribuicfo de renda, ocupacio, pro. priedade e educagio.® Joseph Kahl diz que classes sio grupos de pessoas cujas posses em comum as levam a compartilhar ag mesmas ocupagdes, sendo que a interacio, que daf resulta, con. duz A criagio de valores comuns e A consciéncia de classe, 9 Essa correlagao estreita entre a reparticao de bens e os valores morais, entre 0 econdmico e o ideoldgico, é criticada por L. Althusser, ao propor que o nivel econémico delimita a possibilidade de variacéo dos outros niveis, que nao se redu- zem a ele, possuindo relativa autonomia. O autor propée que a estrutura de um modo de producio, onde se localizam as classes sociais, € composta por um conjunto de nfveis, a saber: © econémico, 0 ideolégico, o politico. © econdmico situa o papel que cada nivel vai ocupar na matriz de um modo de producéo. O papel predominante deste pode ser deslocado pata os outros niveis, embora, em ultima instancia, 0 econd- mico detenha uma importancia maior." Essa solugéo de uma determinacio miltipla ou sobredeterminacéo, e do deslocamento do papel _de um nivel com relacdo aos outros, é baseada na obra de Freud. © efeito dessa reformulacio consiste em dar maior relevincia 4 andlise de ideologias com relacéo ao papel que essas detinham em andlises marxistas anteriores. A nova Perspectiva concede énfase, também, a formas organizadas ¢€ relativamente persistentes de organizagao social de producio. A relativa autonomia entre os niveis é, todavia, uma pos- tura tedrica de dificil especificagio. Constitui uma forma de conciliagio com as correntes marxistas que se preocupavam quase exclusivamente com anilises econémicas. © econémico aqui ainda detém um lugar, muito embora nao imediatamente observivel. Isso equivale a dizer que 0 econdmico nio é, ne- i HH. Gerth e C. Wright Mills, From Max Weber: Essays in Sociology, Oxford University Press, 1964, pp. 180-195. TA. Marshall, “The Nature of Class Conflict”, em Class Status and Power, R. Bendix e §. M. Lipset (orgs.), The Free Press of Glencoe, lino, 1953, pp. 81-87. » Yo 138 hs The American Class Structure, Rinehart, Nov is Althusser, Lire le Capital, Maspero, Paris, 1968. Inrropugio Ao Estupo pa Esrratiricagio 19 cessariamente, o objeto da anflise, O o producao, Essa maneira de situar a andlise permi: : nei mit da Economia i Sociologia © possbilita a relagdo entre est estruturaismo os fundamentos sociolépicos deste aioe: A formulagio de Althusser no é igualmente aceita por todos og autores marxistas. N. Poulantzas situa as classes sca f estrutura_do modo de produgio ao localizé-las i pratica. Para aquele autor ee 1S. le um as_e de suas relacé fi % Bete a eae sobre Os i rte. 1 c Ao ressaltar 0 papel do conjunto, o autor distingue o papel do politico, utili- zando critérios provenientes especificamente dessa Area para ca- racterizar as classes sociais, i a ive - tura determina 0 comportamento dos agentes das _classes_s0- aur 3 A classificagéio de grupos pode ser elaborada pelas préprias pessoas que participam dos grupamentos, ou pode ser estabe- lecida por grupos externos. Em outras palavras, as categorias pertencer ao observador ou aos grupos sociais que um estudioso observa. Caso esses sistemas classificatérios sejam utilizados por coletividades, resta verificar se elas esto ou nao conscientes do emprego desses modelos. Tomaremos em pri- meiro lugar esta Ultima questo, retornando em seguida 20 problema dos sistemas classificatérios utilizados pelo cbservador e pela coletividade. De acordo com Durkheim, elaboramos representagdes de fatos sociais sem estarmos completamente conscientes daquilo que representamos. A sociedade age de forma estimulante bjeto € a organizacao da 32 Nicos Poulantzas, “As Classes Sociais”, Estudos CEBRAP 3, jan., 1973, pp. 7-39. Ver também no mesmo nimero os artigos criti- tos de Manuel Castels; “A Teoria Marxista das Classes Sociais ¢ a Luta de Classes na Améri Latina”, e de Fernando Henrique Cardoso: “Althusserianismo ou Marxismo? A Propésito do Conceito de Classes ‘em Poulantzas: Comentérios”. 13, Outros autores também privilegiam 0 Pe ereiakea ideolégico. Alguns deles o fazem a ponto de nao = hs papel ao nivel econémico. Sorokin ¢ Gurvitch utilizam perspectiva. Pipsin A Sorokin, “O que é uma Classe Social?”, © Georges Cure a “Definigdo do Conceito de Classes Sociais”, ambos em Esralivy Glasses '¢ Estratificagao Social, A. Bertelli, M. Palmelra a (orgs.), Zahar, Rio, 1966. “ BOTT ae & 20 HInRARQUIAS EM CLASSIS sobre os individuos que a compoem, ¢ que aan OF ent. mulos recebidos, Aquelas representages, todavia, nifo gg duzem a estes, hd distorgdes e bloqueios que atuam no Noss julgamento, dos quais nem sempre tomamos Conhecimenty, Durkheim quer dizer com isso que freqiientemente temos no. gSes preconcebidas, que atuam em conjunto com o recebiments de novos estimulos, Ha idéias que temos arquivadas na mem, ria e que associamos com outras que recebemos do ambiente, Um conceito niio é automaticamente formado, isto 6, nfo s¢ constitui de forma imediata a partir das sensagSes oriundas do meio ambiente, Uma vez que se dé uma associagio de idéias, sugere ainda Durkheim, nem sempre os individuos dela pos. suem conhecimento, Podemos elaborar associagdes sem possuir conhecimento de que temos arquivadas outras impressdes que relacionamos com aquelas, Assim, ao evocarmos a imagem de um objeto, nem sempre nos damos conta daquilo que faze- mos. Uma representagiio da qual niio tomamos consciéncia po- demos chamar de representaciio inconsciente, uma da qual temos conhecimento, chamamos de representacio consciente. Durkheim demonstra ainda que representagdes coletivas niio sfo a mesma coisa que representacdes individuais. As ima- gens que temos do social provém da coletividade e nao dos individuos. Os individuos se associam, e o produto dessa interagio deixa de ser equivalente 4 soma das varias individua lidades, para adquirir uma realidade prdpria, O coletivo é mais do que a soma dos individuos, porém se expressa através deles. A vida coletiva se manifesta através de variadas formas de solidariedade que correspondem a di- versos sistemas de organizagio social. A sociedade também fornece os sistemas classificatérios que utilizamos para grupar pessoas ¢ objetos. Como estes podem ser conscientes ou _niio, falamos de uma consciéncia coletiva e de um inconsciente co- letivo. Ja que esses grupamentos de pessoas podem ser classes sociais, referimos-nos & consciéncia de classe e, também, inconsciéncia de classe, rkheim, como jé apontamos acima, e acham impor- tante reiterar agora, opés a vida utilitdria A vida espiritual, da mesma forma que opés um conhecimento empfrico da reali- dade a um idealismo absoluto, onde nfo houvessem sensagdes fisicas. As mPtesentagdes coletivas unem essas alternativas ¢M um sistema dual de conhecimento, As imagens do real e que Provém da sociedade também Possuem uma realidade prépria, tay a> hme f I ~~ oo Inrropugko ao Esrupo pa Estratiricagio 21 também ao pelpfvels, Blan. emergem em i dade coletiva e sio portadas pelos individuos. Brae, Jogamente referitnos As ideologins de classe, a. coeme, tne: classe e 2 inconsciéncin de classe relaciontdts com nett, pémica dos individuos grupados em classes soca, "°° Podemos, agora, referirnos a virias concepgdes de cons- cI ciéncia e inconsciéncia de classe, onsciéncia_de_classe_¢ vista gomo_uma_consci articularmente intensa que se fa mais dominadora que qualquer outro tipo de conscitn. cla, como, por exemplo, a _consciéncia nacional. mr A mentalidade coletiva de uma classe constitui a base de sua unidade, que € constantemente ameagada pelas diferentes situagdes econdmicas préprias das diversas camadas ¢ das dife- rentes espécies de grupos que as compéem. A-consciéncia de classe também é vista como a percepsio is SS ¢ unem uma determinada classe, Esses interesses seriam aqueles espontineos e imediatos ou as aspiragdes que as classes manifestam face a suas dificulda- des de existéncia, as quais geralmente sito motivadas pelo de- sejo de alcangar maior bem-estar social e uma reparticio mais favordvel da riqueza, Os interesses espontiineos niio sio a mesma coisa que os interesses sociais, embora aqueles possam levar a estes. Ha quem chame esses interesses espontineos de instinto de classe, os quais siio esquemas inconscientes de reagio, pro- duzidos pela situagio de classe. A espontaneidade do instinto de classe, opde-se a racionalidade da consciéncia de classe. Nessa i da situagio de classe, ormulagao, os interesses_de_classe_surger S inference enn ti ‘Denomina-se posi¢ao de di t de sar Be por uma classe na luta pelos seus ice 14 Qs interesses de uma classe podem permear 0 mentales del Materia~ 4 Marta Hamecker, Los Conceptos Blementtry © 197.191, ler lismo Historico, Siglo XXI editores, Buenos Aires, 22 Hrerarquias EM CLASSES conjunto de uma sociedade. A pa ane no afi’ de impor sua dominancia, propaga seus vi ead © ideais para as impor sises sociais que tomam ideologias de classe diferentes oaths saat da sua Prop yi com outta anslogiarealizada com relia 4 teoria freudiana sobre © inconsciente. Devemos notar, con. tudo, que a nogio de instinto como um esquema inconsciente constitui uma imitagao carente com relacio & teoria de Freud, Para este, o instinto pertence ao dominio biolégico. A pulsio, um conceito limite entre 0 somitico e o psiquico, pode ser dita Inconsciente apenas com relagio a representagao ideativa. estudo das pulsées, enquanto sistema de representagdes, pertence & instincia tépica do modelo de Freud. O estudo tas pulses, enquanto energia, pertence 4 instincia econdmica, ‘A luta de classes, nesse caso, corresponde & instancia econémica de teoria psicanalftica. © conceito de consciéncia de classe tem sido oposto, por esta corrente tedrica, ao conceito de falsa consciéncia. Essa no- G0 também tem sido empregada como sinénimo de ideologia, De acordo com Engels, alguém tem falsa consciéncia de uma situagio quando ignora as forcas reais que o motivam a se comportar de uma determinada maneira. Para Lukécs, o de senvolvimento histérico da sociedade favorece a consciéncia de classe de alguns e a inconsciéncia ou falsa consciéncia de outros. Uma classe possui_consciéncia_de_si_mesma_quando eee ecciciian Tser compre age peito nao 86 a0 papel que sua classe desempenha como também a0 conjunto de papéis atuados pelas outras classes. Essa pe cepcio se refere tanto aos interesses imediatos quanto a ¢s- trutura desses interesses. A compreensio_atinge _o maximo a fe ~se-organiza_¢_se prepara para_conquistar 0 Papel_dominante._Nesse_momento ela deixa de se tornar PRs a at pits sabperae uma cane "pata siz a classe Pee toe ee ee ae ee eee Paco idade quando se organiza em P mando como base a defesa de seus interesses. ™ 18 Geo : ie Paris 1960. Lukics, Histoire et Conscience de Classe, Minuit, xistas ee es op. cit. Para uma jungio das perspectivas mar vellaagaa gas weberianas, ver Florestan Femandes, Problemas dé Com ao das Classes Sociais na América Latina, 1971, ms. Be rato Gan ee ee ee ee ee ee ee ee ee IntRopuGho Ao Estupo pa Esrratiricacio a Para essa corrente tedrica, a cada pe: istéri Pee ath Ceccria-cieeeres hae ee pela dominincia, Quando hé passagem de um periede hivtt rico para outro, nem sempre a classe que perde o poder bad cebe 0s limites econdmicos de sua acio, passando da consciéecia que outrora detinha a inconsciéncia. A ascensio de Sen também pode ser despercebida por esta, dela x6 tomando.co- nhecimento através de cuidadosa andlise histérica ¢ da pritica de classe. Essa anflise torna possfvel a uma classe a compre- ensao das tarefas que lhe séo impostas pela historia. A cons- ciéncia de classe torna-se a percepcio das relacées de producio economicamente definidas e que permeiam o conjunto de clas- ses articuladas em um todo social, A consciéncia é 0 reflexo dessas condigdes, diretamente determinadas por elas. Quando em lugar da consciéncia a esséncia da sociedade nfo pode set captada, prevalece entéo a aparéncia das coisas, ou uma rea- lidade social mascarada. Consciéncia ¢ inconsciéncia de classe, através dessa perspectiva, constituem alternativas histéricas. Outra formulacao tedrica marxista encontra-se com a pers- pectiva de Durkheim ao propor, alternativamente & posicéo acima, que a ideologia, um nivel especifico do modo de produ- Go, € composta por um conjunto de representagdes, valores € crencas. Compreende no s6 elementos de conhecimentos como também simbolos, mitos, estilos de vida, modismos etc. .- Tem como fungao ocultar as conttadices, que se tornam apa rentes com a investigagao cientifica. A ideologia existe quando aos elementos contraditérios da estrutura € fornecida uma coe- Féncia, Esse cimento que mascara a realidade muitas vezes @ representa de forma invertida. Essa forma alternativa de en- carar a ideologia permite aquilatar como 0 conjunto de valores da classe dominante se propaga para as ep sae ee Permite igualmente que se demonstre a existiscla eee lnmbem no socialism, formulagéo slterativs tquela doe a io socialismo o fim das ideologias, As ideclogias dette de constituir um teflexo das condigdes ao es tornarem a reconstituigio em um nivel imagin: condigoes. 17 classes 50- Essa afirmativa equivale a dizer que todas as ciais pine ideologias, mascarando sua propria situacio ‘et Classes Sociales, Ma* "37 Nicos Poulantzas, Pouvoir Politique pero, Paris, 1968. 24 HIerARQUIAS EM CLASSES ‘A consciéncia € possivel, quando se ee ideologia como ‘objeto de andlise. O conhecimento de red lidade € possibilitady através da pratica tedrica, diferente da pratica politica, pois constitui uma forma de conhecimento em que ha um tompi. mento com a ideologia."* Essa especializacao em analistas de ideologia pode levar a esquecer que © analista também tem uma ideologia. A posigio tedrica facilita tomar a ideologia como objeto, porém dificulta situar-se dentro de um campo ideoldgico. 2 a acordo com a definicfo elaborada por Durkheim ¢ que enunciamos no primeiro pardgrafo, existe uma relagio entre representagoes cientificas e representagoes coletivas. Durkheim afirma que a ciéncia veio a substituir as representacdes reli- giosas, porém os dois tipos de representagéo constituem va- Hantes. Essa distin¢o entre ciéncia e ideologia provoca a in- dagacéo se as classes sociais sfo categorias dos cientistas ou dos grupos sociais que os cientistas estudam, isto é, se sio uma representacao cientifica ou uma representacao coletiva to- mada como objeto cientifico. Schumpeter nos lembra que clas- ses sociais podem referit-se a categorias do observador ou dizet respeito a um fenémeno real a ser investigado.” Embora pon- derando sobre a diversidade entre ciéncia e ideologia, Louis Althusser propde que as classes sociais constituem tanto um objeto abstrato quanto um concreto e que o duplo entendi- mento permite formular uma solucéo para o problema do nt- mero das classes sociais. A discussio sobre o mimero de clas- ses em um determinado sistema social se origina das formula. goes variadas que Marx elaborou em sua obra. No Dezoito de Brumério, Marx se refere & burguesia, 4 pequena-burguesia, to proletariado © a0 lumpemproletaiado. No Capita, ele se REVI a classe dos arrendatérios, a burguesia ao proletariado. No Manifesto do Partido Comunista, ele falou na simplifice sao das lutas de classes através da divisio da sociedade capi talista em dois grandes | i ca . 7 letariado, e impos hostis: a burguesia e 0 Pro ie 10 Gondlthusser, Pour Mars, Maspero, Paris, 1967. yada por Lai ntit@ #0 formalismo das anélises ideolégicas é elabo- aa Tesogia’ Rents de Coie Vac ae evo set. 1973, pp. sa7sige, “ulttra Vozes, n® 7, ano 67, vol. LXVIL, Joseph Schum Status and Power, op. cit” “The Problem of Cl: ”, em Class, » pp. 75-77. gee IntRopugio ao Estupo pa Esrratiricacio ; 5 nde, como € posivel conceber vitios medoe 49. 9 al binados.em_umaformacao social, embora co com- or dominancia d Ossovsky propés outra solugdo pata esse problema,2" di vidindo as teorias sobre classes sociais em dois principais gru- pos: aqueles que representam as classes de maneira dicotomica € aqueles que as tepresentam de forma hierdrquica. No psi meiro grupo, situou aqueles que empregam um ou mais crité rios pata representar as relagdes antagénicas entre grupos so- ciais, caracterizando ainda um deles como dominante, ¢ outro como dominado; um comandando, outro obedecendo; um ex- plorando, outro explorado. Embora a divisio sempre se dé em duas classes antagénicas, a relacio entre elas é assimétrica. Os critérios utilizados podem superpor-se, combinar-se, ou um deles pode dominar os outros. Os critérios utilizados para di- visio em dois pélos so riqueza, poder e propriedade. Outras vezes sio usados propriedade e trabalho. Em lugar deste iiltimo, também € usado 0 emprego ou nao de mio-de-obra assalariada. Esse conjunto de critérios é utilizado de forma semelhante 4 que realiza Weber ao cruzar tipos ideais. As combinagdes fornecem as seguintes categorias: uma classe nio-trabalhadora, que utiliza trabalho assalariado e ¢ proprietéria; uma classe trabalhadora, que nao usa trabalho assalariado © nao é proprie- téria; uma classe intermediéria, que, compartilhando critérios dos dois grupos, permite localizar o artesto ¢ 0 pequeno- -ptoprietario. Virias classes sociais foram especificamente defines ee autores que estudaram as classes sociais. En} Fis que ae guesia é a classe dos capitalistas, SED NOs, meios fe produgdo e empregadores de trabalho assalariado. Proletaria- ‘i i indo do € a classe dos trabalhadores assalariados, que, nao posstin meios de produgao préprios, sio reduzidos a vender, nua oe de trabalho para viver. A grande-burguesia se opoe ed -burguesia ou pequenos-proprietdrios. Os ca sige aa Pequena-burguesia, sao pequenos-proprietarios ean ; nsciéncia So- _ 3. Stanislaw Ossovsky, Estrutura de Glasses na Go cial, Zahar Editores, Rio, 1964. . 26 HrerarQuias EM CLASSES detentores de propriedades parceladas | Os artesiios como tr, balhadores autdnomos ¢ proprietérios dos seus instrumentos de producao também se classificam. ents os: equenoy-burguess ‘Ao proletariado, se opde © Iumpemproletariado, os é uma mas. sa formada em grandes cidades | e composta de pessoas sem trabalho definido ¢ que vivem a margem da sociedade. Entre as trés principais classes no ‘mundo capitalista: mo. derno, Marx cita a ‘burguesia, 0 proletariado ¢ os proprietétios de terra.22 Estes tltimos, como o préprio nome indica, sio grupos sociais possuidores de grandes concentragoes de terra, Na literatura sociol6gica, a pequens-burguesia é por veres, vista como uma fracio de classe, ou mesmo como um estrato social, Esse postulado se apresenta na visio de classes em que o capitalismo se sucede ao feudalismo, sendo que a socie- dade de classes seria caracteristica daquele sistema ¢ a de es- tratos deste. Especificaremos essa visdo que situa sociedade medieval em oposic¢ao a capitalista quando tomarmos. estados ¢ estratificacdo social como objeto, mais adiante neste trabalho. SupprvisOes DE CLASSE Os agrupamentos sociais que constituem as classes podem ser subclassi icados. Para tanto, sao utilizados varios conceitos que também adquiriram significacio variada na literatura, tais eer ets. is, fragdes de classe e camadas socials pagers Seats navies. bie € realizado de maneira sistem’ e reqiientemente sao usadas como sinénimos. Sp a social 1 ps termo muito genérico. A palavra £ isivag oh cae phe como sinénimo de conceito. elidade clatsticwvaene empregada com referéncia a uma mo rove "Wan whcuas ce usada por grupos sociais. Categorias gundo principio. cl tha segmentos de classe, ou como um se eribkion «tllieadon lassi eee dentro das classes sociais, cui’ tre os artesios, oui le natureza objetiva ou subjetiva. * fale ines ieee eee ee, tims “come constituindo urguesia, podemos distinguir de acordo co™ 32 Karl Marx, Capit 1966, cap. Lil, er cso vol. III, Progress Publishers, Mos 2 As Regri earas do Método Sociolégico, op. cit. IntRoUGko 40 Estuvo pq Estra TIFICACAg. 27 especializagao: artesios mestres, artis i a lalidade de remuneragio, Beate ee ee Jf Pela breltero, coer € artesios Bam em. Sse oper: lemos di i tense ee ae piled erenciar: operitios especializados, Nicos Poulantzas considera itegorias sociais 5%; juntos de agentes cujo papel scat Face no Fivkcan ted dos aparatos do Estado e da ideologia, Por Lenaeteene gucyadminstativa, da gual fem pane os fee hee Estado, constitui, para aquele autor, uma categoria social res aparatos do Estado sao de natureza variada, distinguindo-se tre estes: igrejas, sistema escolar, paride oat a Camadas sociais, de acordo com uma teoria, diz respeito a diferencas de especializagio e renda no interior de uma classe social, permitindo distinguir varios estratos. Um exem. plo de camada social constitui a aristocracia operdria, Michels dis- tinguiu essa camada utilizando, entre outtos, o critério de renda. Os salérios que dirigentes sindicais recebem, sugere ves, exemplifica 0 autor. 7% Podemos destacar as Jue _se_tém nto do conceito imediatas 3 de Marx e Engels ou sio produ pibet Sas tim dilogo estabelecido com esses autores. ae a (ft Classes, Socias" Malem a EEE eee 28 Himrarguias nM CLAasny Duns correntes chamam para si a heranga do marxismo, Uma_se_preocupa com o dexenvalvimento histdrleo das classe, 5 sociais, Outra se preocupa com uma especificagio dow Concel, tos que compOei a téorla, Esve ramo singe wun alto gray de formalizagiio tedrica, procurando distingulr a elaboragio for mal das cireunstinelas Barca particulares em que as classes sociais operam, ‘Toearemos mals adlante nessas teorlas, esten, dendo-nos mais sobre a segunda, quando distinguiremos os elementos bisicos que a compdem ¢ ax relagdes bisicas entre esses elementos, _correntes representam cdidlogos com a_teo- ria _marxista, A weberiana colocou maior énfase no. modo de distribuigio do que no modo de _produgiio, Parte dos elemen- tos de sua teotia, como fol exposto na segilo sobre consciéncla de classe, fundiu-se com a teoria sobre o desenvolvimento his: térico das ch clas, Una _quarta perspectiva, mais.do que _proposigdes sobre.asonganiza- onstituioperacionalizagées..das Neste trabalho, tomaremos a teoria de Weber em primeito lugar. A seguir, faremos breve relato sobre os indicadores de classes sociais tals como empregados na literatura, Passaremos. pela teoria das classes sociais, que se apdia em uma perspec: tiva histdérica, terminando finalmente em outra que procure ; uma perspectiva mais estrutural sobre as classes sociais, ; ! Max Weber propde que se pode falar de classes quando | as oportunidades t{picas de suprimento de bens ou de trabalho sfio determinadas pelo mercado, Este deve operar livremente, § isto é, seus participantes devem gozar de relativa autonomia na competiciio ¢ na determinagiio dos pregos, A. situagiio de classe é determinada pelas oportunidades geradas pelo mercado, ‘Uma classe social é constituida por um grupo de pessoas que detém a mesma situagiio de classe, Ha dois principais tipos de mercado; o de propriedades eo de servigos. Entre tipos de propriedade destacam-se: pré dios residenciais, estabelecimentos produtores, armazéns, lojas terra cultivdvel, grandes ¢ pequenos arrendamentos, minas, gado, rn cakes, Presa do trabalho, instrumentos oa pro" » Entre os tipos de servigo contase toda ¢ qualquer atividade que Manlfique © dispéndio de energia e Reece Af es to comp as atividades empresariais © as atividades iil it ane st i : co it in tal hie z 3 ae el ee | HL Wide 30 HIeRARQUIAS EM CLASSES finalmente, um terceiro tipo de acio, denominado agio socig, téria, que € a ago calculada representando um ajustamentg de interesses com © objetivo calculado de atingir um determi. nado fim. A ago de classe encontra-se entre estas. Atividades polftico-partiddrias podem ser contadas como exemplo desse tipo de agao, pois se orientam para determinados objetivos pelos quais hé luta planificada. Lutas de classes, todavia, nfo sao con. cebidas como lutas partidérias, e sim como lutas competitivas pelo mercado. Esse privilegiamento do mercado permite que, ao contrério da teoria marxista, os escravos nao sejam consi. derados como classe, mas como grupo de status, porque estio desprovidos de qualquer situacio de mercado. Quando muito, so considerados como uma mercadoria. Grupos que restrin- gem © livre jogo do mercado, atuando no sentido de monopo- lizar o consumo de determinados bens, também nio sao consi- derados como classe e sim como grupos de status. Para Weber, classe e status istoris ‘apitalismo_sucede-se Tendo, queixa nage os- seus resquicios. Grupos fe status constituem_uma_sobrevivéncia_histérica,enquanto_que as classes socials propriamente_ditas_existem apenas _no_capi- talismo. ‘A posicio operacionalista sobre as classes sociais prope que classes tem existéncia—se-€-possivelaquilaté-las através de algum_instrume! i © _se puderem sef _objetificadas por meio de alguma forma de mensuracio. Essa possibilidade a respeito nao apenas ao cardter subjetivo das classes, mas tam- bém ao cardter material das mesmas. Isso quer dizer que ctitérios subjetivos de classe, como valores, identificagdes © atitudes, serao tomados como reais se puderem ser medidos. Rodolfo Stavenhagen acha que essa posicio operacionalista s6 leva em consideragdo fatores subjetivos.?7 No entanto, ocupacao, propriedades e renda sao indicadores freqiientemente tomados pelos autores que abracam essa visio. Podemos pto- por, ao contrério do que foi feito por Stavenhagem, que ess@ corrente concede grande importancia a fatores de ordem ma terial, simplesmente porque esses sio mais faceis de medit. Sugerem, no entanto, que existe uma correlacdéo intima entre fatores de ordem subjetiva e fatores de ordem objetiva, de ™ Rodolfo Stavenhagen, Estrutura de Classes ¢ Estratificagao Social, op. cit. tal | tufd que cise im tad titu dei tir Intropu¢io Ao Estupo pA Esrrariricagi 0 uM tal forma que, prope O. D. tufdos pelos outros. * » Duncan, uns podem ser substi que_se_torna_poss{vel_abandonar_nostes_vagas co guesia, pequena-burguesia_¢_proletari mo_as_de bur Css, A_exatidioé de g_proletariado_pot_outras_maia_pre Se hot aise etme Ce que_o" mais tadas por intervalos em uma escala ae pees Fee nM SS GGEIMEMsascateqSccas come em uma escala passa a constituir aqui pategciiest a eae . ir aquilo que a cl deixa de ser um conceito, para tornarse uma ee tir dessa reificaglo, as medidas de classe pillar ne do o aparecimento de outras técnicas, como a anil al para reduzi-las a um pequeno niimero. = ee ese formulagio se coaduna com ae a que Web Se a posicio no mercado determina a situ: aside tes aaa individuo, qualquer bem de consumo pode ser usado cont indicador de classe. Dente outras medidas, até uma escala de salas de visita é usada como indicador de classes sociais, segundo 0 trabalho de F. S. Chapin. ®° Podemos citar ‘como Of indicadores mais usados: oeupacio, educate, renda, pres Uigio e identificagio de classe. Estas, também, so sf varidveis que, com mais freqiiéncia, apresentam as mais altas correlages entre sl. __ Podemos notar, contudo, que as correlagdes possuem con- seqiiéncias tedricas quando relacionam ocupagio ¢ valores. Este & 0 caso do artigo de Hatt nesta coletinea. O agrupamento em situs © familias ocupacionais que este autor faz das ocupa- ges, a partir das valoragdes que estas recebem, proporciona um reforco & colocagio que lesenvol\ balho. A forma de reparticao de pessoas na sociedads, * da diviséo do trabalho, relaciona-se ‘com as classificagdes ave a sociedade faz dessas mesmas ‘ocupasoes- As formas de di do trabalho © de valoragces das sub- seqiientes repartigoes variam. Uma experiéncia pessoal de Index for all Occupations”, %O.D. Duncan, “A. Socio-B Tose Prew of ;conomic he a 2 Secupations and Social Status, nestSoe lina 1961, pp. 109-138- 3 doreph aah oP ca oarvmperian, meres Insitutions, Harve’ Nova York, 1935, pp. 873-397) bie a >... 32 HiERARQUIAS EM CLASSES pesquisa no Cariri demonstrou que nas manufaturas rurais forca do braco humano era dominantemente valorizada, o tra. balho masculino julgado mais importante que o feminino. Essa valoragio eta feita, apesar da existéncia de méquinas nessas manufaturas. A forga de trabalho humano, apesar das méqui- nas, -detinha af um importante lugar. Lado a lado com as manufaturas ¢ artesanatos, conectados socialmente com “haciendas” e “plantations”, situavam-se in- diistrias organizadas capitalisticamente, ¢ montadas gragas aos estimulos fiscais recebidos de entidades estatais ¢ paraestatais, Nas indiistrias que subsistiam, a valoracio dominante era a de atividades de controle e supervisio. Em muitos setores, con- tudo, a forca humana ¢ o envolvimento do corpo na produgéo com subseqiientes riscos eram as atividades mais valorizadas. Com estes dados e alguns outros sobre a relacio com a terra a organizacao familiar da industria, aquilatamos o entremeio entre as diversas formas de producdo que coexistem na érea. Essa relacio dizia respeito nao sé A morfologia como a re- presentacdo das atividades produtivas em um sistema de va- Toragao social. A literatura sociolégica é pobre no estudo de formas de organizagao da producao e sistemas de valores. Os estudos sio geralmente de natureza histérica. O pressuposto que a indus- trializagéo molda ¢ unifica tudo levou os socidlogos a deixar de tomar essa afirmativa como hipétese, consagrando-a como fato consumado. A maioria dos estudos é de natureza histérica. Serio to- mados aqui como geradores de hipéteses sobre a relacdo entre formas de produgio e classificacdes. A teoria marxista pro- 34 Hierarquias EM CLassEs proprietirios dos instrumentos de producio. Uma série de & gras monopolisticas, exercidas pelas guildas, garantem 4 excly. sividade do conhecimento das técnicas artesanais. Nessas con. digées, 0 trabalhadot pode ser considerado como um trabalhadoy, -proprietdrio, pois 0 homem ainda detém o Préprio trabalho, trocando-lhe o produto pelos meios de subsisténcia que ne cessita. No sistema escravista, a propriedade dos meios de subsisténcia constitui a winica forma de propriedade dos tra. balhadores. Tanto esta como as outras modalidades de sis. temas dizem respeito principalmente a producdo de valores de uso, No sistema onde prevalecem os valores de troca, o tra. balhador encontra-se destituido de toda propriedade. A fim de obter as condigdes necessérias para produzir, isto é, os meios de subsisténcia ¢ os meios de trabalho, oferece no mercado a forga de trabalho que possui em troca daquelas. Os trabalha- dotes sio agora denominados de trabalhadores livres, isto é, destitufdos de toda propriedade: terra, instrumentos de pro- dugao ou meios de subsisténcia. Ao lado, encontramos acumu- ladas essas condigdes objetivas de trabalho. Trabalho €_proprie- dade_separam-se, e_as condic6es_objetivas de trabalho tornam-se le_propriedade alheia_ao_trabalhador. © trabalho € trocado por Rais que por sua_yez permite a aquisicao dos meios de subsisténcia.. Esse sistema de trocas permite, também, que haja apropriagio de trabalho sem troca. O trabalhador leva sua forga de trabalho ao mercado e cede a0 capitalista o di- teito de uso de seu dia de trabalho. Supondo que uma diéria de trabalho tenha 10 horas, parte desse hordrio equivale a produgio dos meios de subsisténcia necessdrios para a manu- tengo e reproducio do trabalhador, pois foi exatamente isso © que o levou a vender sua forca de trabalho. Porém, somente uma parte do tempo ¢ empregada para esse fim. O resto do periodo é empregado na produgao de valor adicional. Isso quer dizer que o Prego de venda de uma metcadoria nio equivale ao prego dos meios de subsisténcia que sio necessdrios para manter um trabalhador. Se meio dia de trabalho pode manter uma pessoa viva durante 24 horas, esta Parte da jornada equi- vile jt0 custo da forca de trabalho. © testo da jornada & de a Nesse exemplo, o trabalho despendido cria 0 dobro ne Por ele foi pago. Esse trabalho adicional ela borado pelo trabalhador varia de cokes dcblcnice: ethene Intropugio 4o Esruvo pa Esrrariricacio 35 gada. A introdugao de méquinas mais rdpidas ¢ a divisio das tarefas necessdrias para a manufatura de um determinado pro- duto provocam uma utilizagdo mais intensa da jomada de tra balho, e uma quantidade maior de produtos é manufaturada por hora, A nao ser que haja dificuldade na utilizacio continua da matéria-prima, por exemplo, quando esta é imensamente yulnerdvel as estagGes do ano. Quando o proprietdrio vive do trabalho do nfo-proprie- tario, estabelece-se entre eles uma relacio de exploracéo. A quantidade de trabalho adicional que é efetuada pelo trabalha- dor e que é apropriada pelo dono dos meios de producio cons- titui um exemplo desse tipo de relagao. Retagoes TECNICAS DE PRropucgio No sistema artesanal, cada trabalhador executa todas as etapas do processo de producao. O trabalhador orienta e con- trola seu instrumento de trabalho. A forcga e a organizagao do trabalho impulsoras do sistema produtivo sio otiginadas pelo artesio. Uma forma de aumentar a produtividade do tra- balho consiste em combinar um conjunto de trabalhadores para a execucio de uma dada tarefa. Varios trabalhadores comegam a trabalhar sob o mesmo organizador da produgéo, ou reali- zando a mesma tarefa, reunidos em um s6 lugar, ou realizando simultaneamente tarefas diferentes. Ambas as formas de co- Operagao permitem uma execucao do trabalho em tempo menor do que era necessério para a elaboragao do produto no sistema artesanal. A primeira relagao de cooperagao é geralmente de- nominada cooperacao simples, sendo a segunda, cooperacao com- plexa. A cooperacdo simples pode ser um trabalho de equipe, No caso em que h4 um escasso numero de trabalhadores e quan- do um individuo isolado poderia substituir a equipe; ou po Ser também um trabalho comunitdrio, quando hi um contin- Bente maior de pessoas realizando um trabalho temporario. Divisio pas Funcées pe ConTRoLE E ExecugAo alho permite libetar 0 empregador do trabalho fara 5 istema social de yAjcombinagio de vévios trabalhadores num sistema soi 36 HUERARQUIAS EM Cia: que, por esse motivo, fica indiretamente ligado rodugiy A uniao dos trabalhadores num sistema cooperati ‘ um corpo de supervisores que mantenha o maquinism o trabalhador coletivo, em funcionamento, Ao mesm que © sistema capitalista favorece a coope especializa os trabalhadores fazendo responsdvel apenas por uma etapa independen: trabalho, As tarefas individuais re treinamento técnico, Por um lado, grau de perfeicéo ao serem execut: VO Tequer 10 humano, ° 10 tempo racio no trabalho, com que cada um Seja te © separada do querem diferente gray dg certas tarefas exigem alto ‘adas; por outro, existem algumas que nfo exigem desenvolvimento técnico algum. Marx observa que se desenvolve, entéo, uma hierarquia de trabalho de acordo com as habilid. dos trabalhadores, segundo a qual cori salarial, lades inatas e adquiridas responde uma hierarquia Essa hierarquia est4 associada A separacao dos tra balhadores em especializados € nio-especializados. Ao lado des- Sa_estratificagdo que se dé no nivel outta com relacio a classe propriet de controle e supervisio para a eficd fabrica, Essa hierarquia, burocratica: dominante, s dentro de classes sociais. As hierarquias acham-se ligadas ducio, articulando-se de acordo com €r, por exemplo, o trab; da classe operdria, dé-se ria que utiliza sistemas cia da produgio em uma mente vinculada a classe » completa a concepgio tedrica de hietarquias situa- parte material da pro- um determinado modo. cl alho de Godelier, nesta coletdnea.) Voltamos aqui para a questo que abordamos acima sobre as hierarquias en quanto Teptesentagdes e cai Ao mesmo tempo que a di de hierarquias, a cl; ou simbélicas que vale a constatar que as rey 6 a Presentagdes de estrato dominante sificatéria, Pois cada estrato possui partir da posigio que detém nos {ein Goldthorpe ilusten bem eet lasse domin: Shame, cae Of agigneur and Social tegorias avaliativas. visio do trabalho favorece a criagio ‘ante emite recompensas materiais reforcam essas hierarguias, Isso nao equi- da classe dominante, ou jam a vinica forma clas- uma imagem prépria a a_de estratificagao social em essa afirmativa, 3! Ag ee Permeando, mesmo, estrat * ©omo sponta PiteRivers, 3 i Che, Meigen) 2 Classe “dst Gy ge ea es Status”, Honour and Mediterranean Society, op ng, ™ ~ Intropucio Ao Esrupo pa EStRAttrtcagio 37 As relacSes entre esses sistemas classificaté:s ‘ géo na divisto do trabalho nio sao, Bin oe: ae outros. Como nos diz Bourdieu, em sua Teitura de Web a € possivel acentuar 0 aspecto econdmico ou o asvece oe f em sPecto simbé- lico quando estudamos as classificages das Pessoas. A ord econémica € relativamente auténoma com relacio 3 simbélica, porém esta siltima opera dentro de limites estabelecidos pela ordem econémica, que a ordem simbélica pode dissimular., Assim, a autonomia dos nfveis nunca é completa. © estudo da estratificacaio social deve procurar estabelecer a telacdo entre os varios nfveis. Deve-se repetir aqui, contudo, que a busca dessa inter- -telagio tem levado alguns autores, como O. D. Duncan, a olvidar a especificidade da ordem material com relacéo a sim- bélica, quando apontam uma correlagio quase perfeita entre renda das ocupacdes e a avaliag&o social que estas recebem. Stavenhagen ressalta o exclusivo cardter simbélico da es- tratificacfo social ao propor que esta se situa no dominio da ideologia, constituindo um fenédmeno social cuja funcio é a de consolidar uma estrutura s6cio-econémica determinada. Ao con- trério das classes sociais que representariam valores em con- flito, a estratificago representaria valores universais. Esse autor, todavia, nao leva em consideracio que dentro de uma mesma classe social podem existir critérios de estratificagao di- ferentes. Alguns setores de estratos da classe operiria, na re- gio do Cariri, possuem os mesmos critérios avaliativos para hicrarquizar ocupages nas fabricas que os diretores dessas f4- bricas. Isto é, avaliam alto as ocupagdes nio-manuais em de- trimento das manuais. Jé outros setores, como lembramos acima, avaliam mais alto as ocupagées que envolvem malot uso do corpo humano, Assim cartegadores de pete a asl valorizados por esses grupos do que trabalhadores tio € mesmo que o diretor industrial. ; _ ia De, acordo. com Stavenhagen, todavia, a estatificao tia a aparéncia de um fendmeno, cuja realida Vez, 0 sistema de classes. Essa formulagao, — 38 HIERARQUIAS EM CLASSES a sua relagio com o sistema de producio e com a divisio q trabalho. Embora a estratificagio possa referir-se ag dominio das representagdes, valores e crengas, essas Tepresentagses, como ja dissemos acima, nfo sao apenas um reflexo de um sistema de produgio, pois a anélise de sistemas valorativos nos tem mostrado que essas formulagdes simplificam em demasia a oe pecificidade do nivel ideolégico. As estratificagdes, enquanto sistema classificatério que situa as pessoas em hierarquias sociais, pertencem ao nivel ideoldgico. Todavia essas classifi- cagdes interagem com o sistema de divisio do trabalho que feparte as pessoas em especializacdes diversas. O estudo da estratificagfo social refere-se, portanto, a essa inter-relagio. A diviséo técnica do trabalho separa os agentes do modo de pro- dugGo de acordo com a especializacao. Estamos agora preparados para considerar o conjunto de relagSes de um modo de produgio. De acordo_com_as_relacées técnicas_de_produgio,-podemos_dividir os agentes _desse_modo em_trabalhadores_diretos.¢_trabalhadores indiretos, de acordo col relacGes_sociai: temos Os proprietarios ¢ 9s_nao-proprietarios_dos_meios de producio. A combinacio lessas_relagdes nos fornece os seguintes tipos: proprietdrios trabalhadores indiretos, que seriam os capitalistas, nao-proprie- tdrios trabalhadores indiretos, que setiam os gerentes, os su- pervisores etc., nao-proprietérios trabalhadores diretos, que se- tiam os operdrios, e finalmente os Proprietdérios trabalhadores diretos, que podem ser exemplificados pelas intimeras profis- Soes liberais, bem como atividades artesanais que existem mes- mo com o sistema capitalista, atividades estas em que os pro- prietdrios dos meios de Produgao se assalariam a si mesmos, € controlam, também, os seus préprios instrumentos de tra- balho. Pode: i a tiva no € a mesma para todas as classes Gi estratos. Valores podem-se opor ou muperedl de acordo com one 5 ae Note-se fambém que tratamos aqui de um 6 modo. combinacao el i clas wfonSes dese de de multn mokes' © ee Stavenhagen, todavia, nio i rile 1» vé coeréncia técnica no estudo sobre estratificagio, Ele aponta para o subjetivismo dos estu- Intropugko ao Esrupo pa Esrratiricagko 39 dos, mostrando que os critérios usados como indicado, inimeros, sem qualquer referencia a um critério domianat Aponta, também, que o ntimero de estratos at © autor propée que os estratos siio descricdes estiticas que nio ultra- passam o nivel da experiéncia e que conduzem mais a este. redtipos do que A compreensio das estruturas, A estratifica- gio € vista como um conjunto de categorias intermediérias aos estratos polarizados ou classes sociais, A estratificagio de- sempenharia, assim, um papel conservador, ao servir de ele- mento mediador na estrutura polarizada da sociedade, Podemos denotar algumas dificuldades nesta critica, de _crité tituiggo as escalas desse estrato, como_indi freqiientemente assu- mes com poe lg Isto, todavia, nfo constitui negar as acusagdes que feitas sobre a ideologia que freqiientemente permeia 4 eens de estratificacio social. Um dos mais veementes cr mae sido Louis Dumont, cujas crfticas seoreteael es ténea, que aponta, nao mais que os estudos ai ae social se refiram ao nivel ideolégico, mas para a ni . T6gica dos estudos em si. Mostra ele como, bene ‘aad ioe de estratificagao social, nae pone i i tia que impede aos observa analis oa de Shen baled em hierarquia si Dumont aponta ‘eo igualitarismo que permeia ies as 40 HieRARQUIAS EM CLAssEs norte-americana impede que alguns autores tenham uma preensio mais clara do racismo que existe naquela sociedad Essa discussio sobre a natureza do racismo diz Tespeito a un, indagagao sobre se o sistema de castas constituiria um limite de estratificagio social. O autor sugere que o catia para o entendimento de sistemas hierdrquicos nao deve a percortido tomando a igualdade como ponto de partida, Esse modo de abordar 0 problema das hierarquias sociais, sugere ele, tem evitado que a propria natureza do racismo seja com. preendida, propondo como hipdtese que este se tenha cons. titufdo como alternativa estrutural para a escravidio, Essa relagio entre racismo e sistema de produgdo provoca a ques. téo sobre a relagio entre estratificacio social e histéria, Alguns autores, como Gurvitch e Stavenhagen, seguindo a tradigéo de Max Weber, * relegam o estudo da estratificacio social ao passado. Os trés autores contrastam os conceitos de classe e status. Gurvitch toma o conceito e o situa como tt pico da sociedade pré-industrial e pré-capitalista.® A estratifi cacao em estratos ou grupos de status estaria restrita a situa es histéricas ultrapassadas, colocadas em defasagem com te- lagéo & situacfo presente, O sistema de estratificacao social seria tipico do pré-capitalismo industrial, O tipo de organi- zacio social (pré-capitalista) ter-se-ia deixado penetrar pelas classes sociais quando da ascensiéo do Estado Liberal, cau- sando o enfraquecimento da posicdo que o Estado até entio de- tinha sobre os outros grupamentos funcionais. Weber segue a distingdo que Toennies elaborou entre comunidade ¢ socie- dade, atribuindo a existéncia de situagdes de classe 4 sociedade capitalista, possibilitadas pelo desenvolvimento tecnolégico ¢ pela transformacio econémica da sociedade. As situagdes de Status seriam aquelas relativas as sociedades feudais quando s¢ dariam restrigdes ao livre jogo do mercado, Essas situagoes de monopélio haviam-se getado principalmente na Idade Média, quando grupos sociais detinham 0 monopélio de certos artigos de consumo. Grupos de status dificultariam a ago do mercado Por terem a exclusividade na posse de bens materiais como 0S clientes das guildas de oficio e comércio. © sistema de hetan- a8 constitui para Weber out ivilégios bases Fo, Grint Pura Weber outro exemplo de privilégios 35 Max Weber, op. cit, 36 G. Gurvitch, ef ot, cagi de sua’ dar vad trat ses der met O° es Peri Socie 1972 Inrropu¢io Ao Esrupo pA Esrrariricacko 41 Rodolfo See a een estratifi. Go por stafus € por Classes sociais que foi proposta por re Gurvitch, Ele chama estratificagdo social de fragt de certas relagdes de produgio. Essas fixagdes se libertam de suas ligagdes econdmicas € se mantém Bracas a fatores secun- dirios e acessérios, como a religifio € a etnia, que sdo preser- vados, muito embora a base econémica tenha mudado. Es- tratificago, para aquele autor, sao fésseis de relacses de clas. ses em que se basearam anteriormente, deixando de correspon- der a elas e até contradizendo essas relacdes. Devemos notar a diferenca entre essa formulacio e a teoria das ideologias como instancia do sistema de representa- goes. Para a teoria das representagdes, as deformacdes ou inversdes que uma ideologia efetua nao estio necessariamente ligadas ao passado, mas constituem o mascaramento de uma situagdo presente a partir de relagdes de poder. Por outro lado, a conexo entre ideologias caracterfsticas de relagdes de produgées diversas € complexa, sendo que hé variabilidade ideolégica entre os diversos agentes de um determinado modo de produgio, Tomaremos agora o estudo da estratificacio social em varias situagdes histéricas, apreciando os diferentes significa- dos que 0 estudo adquire de acordo com a €poca. Procuraremos relacionar as classificagdes honorfficas uti- em cada situacfo com as formas de produgdo das mesmas. Estapos £ Esrrariricagio SoctaL Estado € um termo que se usa como sinénimo de esta- ae ou de status. Significa também, de acordo com Oliver » Btau, posicio no mundo, piblico, propriedade e, a O eit mais nada, ordem. socisl om ksteato di © vertado: politicamencs .atalNelaatedaasee corpo politico eee uma das divisdes sociais que é tida como su- fetior As outras divisdes da sociedade. ** Asesinas 1. Cox, “E: ", em Teorias de Estratificardo anni (or.), Compania altora Nacional, S80 Pao STE. 42 HIERARQUIAS EM CLasses tificagio em ordens, ou estados, é Jocaliz, por exemplo, Roland Mousnier) na ee HS (come, cificamente, na Europa do século XIV ao séeulo XV Pe J& outros, como Oliver Cox, situam a sociedade vie anteriormente no tempo, ao localizé-la entre os stent los al XIII, durante a época do feudalismo. Cox relaciona 9 i tema estamental com a propriedade da terra, mostrando rx. esta era possuida por uma minoria de proprietérios igre eclesidsticos, abaixo dos quais havia uma grande massa de despossuidos, Ou servos que moravam na terta de propriets. tios. Havia, entio, trés estamentos: 0 clero, a nobreza e 9 campesinato, A posse e o uso da terra constitufam a base de uma organizagio, que ligava, através de um sistema de ¢ servigos, do rei até o ultimo proprietério. A est tura estamental nio era baseada unicamente na terra. As ce dades também possufam estamentos. A burguesia citadina era considerada o terceiro estado. Dos estamentos, aquele que atingiu o mais alto grau de organizacio hierdrquica foi o clero. Administrador do sistema de crengas, 0 clero era poderoso, pos suindo, todavia, uma limitagio no que diz respeito 4 nobreza, pois o estrato religioso, pela regra do celibato, no se re produzia, aay A nobreza, a classe guerreira e proprietdria de t sufa um detalhado cédigo de honra e estilo de vida, gurava a distancia social daquele estrato com relagio mentos inferiores. O campesinato era o menos dos estamentos, trabalhando nos dominios feudais ¢ | Hi i Rah F 3 i [ ; i 3 E is hi | i Be | ! ' ae a w™.oO oo oon 2 8 ge Bravv ds Intropucdo Ao Estupo pa EsTRATIFICAGKo 43 ConPoRAGoES E EstRATIFICAGAO Socrat Outra base da organizacao da sociedade em hicrarquias sociais era constitufda pela ocupacio de grupos que se reuniam em corporagées ou guildas. Durkheim nos mostra a importin- cia desses agrupamentos ocupacionais, pelo tipo de solidarie- dade que os unia em torno de uma moral profissional. Da jnter-relacao entre as funcdes surge uma representa¢io coletiva de suas necessidades miituas, ou solidariedade organica.#! Além dessa, h4 outros simbolos sociais vinculados 4 profissio tais como 0 estilo de vida, a dignidade e a honra social. Esses sim- bolos sio usados como princfpios classificatérios, através dos quais as profissdes se ordenam, de acordo com o grau de pro- ximidade da profissao dominante. As corporagdes medievais sao freqiientemente dadas como exemplos de detencio de monopdlios. Enquanto o sistema capitalista € apontado como operando em bases de mercado livre, as corporagdes sao vistas como em situacio antagénica a esse tipo de mercado. O monopédlio das técnicas gatante a produgao restrita dos bens manufaturados pelas guildas. Max Weber mostra que os privilégios de status, que se demonstram através do estilo de vida, também se baseiam no principio do monopélio, Grupos de status asseguram pata si o modo de consumir certas mercadorias como clientes exclusivos das guil- das. Esse estilo € ainda reforcado pelo sistema de herancas, gue impede a circulago livre de determinados bens. Weber contrasta esse consumo simbélico com a aquisigéo de bens no mercado livre. Neste tiltimo caso, 0 consumo é aberto para aqueles que podem consumir. Devemos observar, contudo, Sue mesmo num mercado restrito, pode haver competicao pelas mercadorias, O caréter comunitério dos s de status é ressaltado Por Weber © por Toennies a0 ie que seus membros eal de um conjunto de normas, padrées ¢ estilo de com- istimmiet'© que sio tomados como base para atribuigées de a Grae Os padrdes éticos da comunidade dizem respeito detém got & honrarias que sio devidas aos membros que “ mesma posigio no sistema de estratificacio social. 41 ‘enitane le Durkheim, De ta Division du Travail Social, Preses Unix " France, Paris, 1967. 44 HIERARQUIAS EM CLAssEs A capacidade de reprodugio dos sistemas corporatiy contextos sociais diversos constituiu um dos Postulados de ORE heim. © conporativismo constituiu uma forte tendénda oo a otganizagio, social da produgio em varios paises do abit dentre os quais o Brasil. aa Estiro pe Vipa © estilo de vida ou a maneira de usar bens de consumo como evidéncia de distingio e posicio social é tomado por Bourdieu. Ele nos fala das mensagens simbélicas que sio significantemente expressas por grupos sociais, Essas mensa- gens, diz o autor, tém uma ldgica propria. O estilo é visto como uma linguagem, prestando-se, portanto, a uma anilise formal para que se possa apreender-Ihe a estrutura. H4 uma diferenga, contudo, entre as elaboragdes de Weber ¢ de Bour- dieu. © primeiro autor privilegiava alternativamente a ordem simbélica e a material, expressa através do consumo e da forma de consumir, componente da ordem simbdlica. O estilo de vida resttinge a associagaéo dos grupos com estratos amplos. Por exemplo, lugares residenciais sio exclusivos de determina- dos estratos e favorecem a interacio entre as familias que a eles pettencem. A exclusividade desses grupos também pro- picia a endogamia do estrato, fazendo com que apenas as pes- soas que detém um determinado estilo ¢ que conhecem as re gras que otientam o cédigo social possam comunicat-se e esta- belecer trocas simbélicas. Parsons aponta, no entanto, contra- riamente a Bourdieu, que o mercado de bens nao é homé- logo ao de simbolos, pois pessoas com posigées diversas na estratificacio social freqiientemente consomem o mesmo tipo de bens. Tal é 0 caso de consertos e espetéculos teatrais con- sumidos ao mesmo tempo pelo estrato mais alto e pela camada intelectual situada na alta classe média. Honra £ Esrratiricacgio Soctat O cédigo de etiqueta no se expressa exclusivamente pele estilo de vida. Ele se refere a nodes mais amplas que '# # Pierre Bourdieu, nesta coletdnea. bém ¢ dignid y tipico social I o vale olhos de or demar ao oF, sin6ni sao 5 tagao status mostr sando porqu rida ; manei Como mas t Essa | tigdo honor t ao m da Cs das pe Pessoa opinia O ho cando ™modés INTRODUGAO AO Esrupo ba Esrratiricagio 45 pém denotam a posicao social de grupos como as nogdes de dignidade € honra. Weber_denominou. de_situagao_de status todo componente tipico do destino dos homens determinado por uma estimativa social_especifica, positiva-ou=negativa; de~hont: =e Honra, nos diz Pitt-Rivers, no trabalho acima referido, é o valor de uma pessoa perante os seus prdptios olhos, € 08 Simos de sua sociedade. E a estimativa de valor, a demanda de orgulho, o reconhecimento dos outros sobre a validade da ‘manda, a exceléncia reconhecida pela sociedade, o dircito Gemsgulho, A honta estabelece a posigdo social, mas nio é %0 gnimo dela, A honta pode ser prescrita, a partir da posi Sap social da familia, mas pode também ser derivada, da repu tagio do individuo. Weber é partidério da tese de que o status € presctito, outros autores como Pitt-Rivers e Bourdieu sistram, pelo contrétio, que a honra pode ser perdida, preci sando portanto ser constantemente readquirida. Tudo isso porque, como demonstraram esses autores, a honra € confe- eae a uma pessoa pela comunidade. Se € adquirida dessa maneita, algumas pessoas sio dotadas de honra ¢ outras nio. Como 9s pessoas nfo possuem carismaticamente aquele, dom, mas tém que lutar por ele, existe uma competi¢io pela honra. Feed tese também’ se ope a de Weber" que’ relegava, a compe, tigio as situagdes de mercado aberto ¢ competitivo, O status honotifico nfo era incluido por ele nessa ordem competitiva. A situagio de honra adquirida é revelada por Bourdieu a0 mostrar o dominio que a coletividade exerce sobre 0 Povo da Cabilia. Quem nao tem honra nao existe, e a existéncia das pessoas e a honra so uma s6 coisa, A existéncia de uma pessoa como cidadao honrado é conferida pelos outros, pela opinizo piblica, que é sentida, comeassieame intensidade. © homem honrado est4 constantemente se vigiando, sactifi- cando seu eu interior, apagando-se a si mesmo em favor da modéstia que é imposta por convencao, para preservar a hoz © a dignidade, O homem honrado sempre s¢ Ve Besa ; outros porque ele nao se distingue dos outros, Bourse define um dos componentes da honra: a repay aan pi fi ‘a caracterfstica de uma pessoa que necessita das om? uma render sua prdpria identidade, ¢ cuja © sd ‘© Max Weber, op. cit. ag HerArquias EM CLASSES se de interiorizagio dos outros, porque estes pr ens fripel de testemunha © juiz”. reenchem © mesmo sentimento de honra leva as pessoas ocults rem sua intimidade, mesmo entre parentes préximos de uma Emin, A casa € também protegida do exterior. O dono da asa zela pela honra de sua familia, Essa hierarquis honors fies, em volta da autoridade do dono da casa, € exposta por PuRivers. Uma nica pessoa representa a honra de uma familia, um principio que também rege a autoridade monér. Guica, que representa a honra dos membros da nagio. Pitt Rivers aponta que no alto da hierarquia esté Deus, que con. fere a0 codigo de honra um caréter sagrado. Virtude, honora- pilidade ¢ pureza so componentes do cédigo que a igreja ad- ministra, Um destes, a pureza do sangue, foi ressaltado por Verena Martinez-Allier, como uma das bases para a discrimina- glo baseada em caracteres raciais na Cuba colonial. Presticio Outras nogdes, como o prestigio, envolvidas com 0 com ceito de estratificagéo social, também se derivam da nogio de honra, Contudo, essa categoria nao diz tespeito apenas 4 sociedade do tipo que descrevemos, freqtientemente apontada como tradicional. Prestigio € um sentimento através do qual algumas pes soas sio admiradas, apreciadas, olhadas com inveja, enquanto outras so tratadas como se fossem ninguém. Essa ordenagio das pessoas em superiores ou inferiores exptessa-se através da intetagio social. © estudo sistemético do prestigio social em pequenss ¢0- munidades urbanas foi desenvolvido por Lloyd Warner que pediu a um grupo de jufzes que selecionassem os homens mais importantes da cidade. Logo descobriu que haviam outros fatores, além de posses, na determinagio do staius s6cio- a Et Pierre Bourdieu, “The Sentiment of Honour in Kabyle Society”, 45 Veren: inex Be : Sri Mastery Golour as a Criterion of Social Clas Int -economico teragao, ati Prestig munidades. quando se ocupagies | ampliou-se tornar pos regides de método, si das ocupac outras con cialmente | como base poragdes. classificam ra, com u para cada Ao 1 a literatut a identida categorias tivas, E © probler positivos tativas qq uma pes é atribute sociado « estudos | Schneider probabilic aprendiza Norte ou socials ¢¢ uma posi & oe lume, Yale 64 ae Inrropugio Ao Estuvo pa Esreaniricacs, CAO 47 enchem ‘econémico dos membros da localidade, como:_padta secon, atividades ocupacionais © ofientagbes pairers, © i oe Prestigio pessoal sé pode ser averiguado cae le uma munidades. © estudo do prestigio foi am tan dr lono da quando se passou a averiguar 0 prestigio ase honori- auipagses tinham, Despersonalizando-se aid en sta por srvifiguse o alcance desse tipo de estudo; ¢ sectnee le uma tre possivel compara hierarquies ‘de preslgio. Sein mondt- regides de um mesmo pais e entre varios mae saa bi Pith Se Reh ios’ agucles quctestaer Meg se cote das ocupacdes como médico, advogado, fisico nuclear, eaten onora- outras como lixeiro, empregada doméstica e varredor sao s0- reja_ad- cialmente menosprezadas. As ordenacées valorativas, tomando | do por Como base as ocupagées, foram discutidas com relagio a cor- rimina- poragSes, As organizacGes burocréticas, privadas ou ptblicas, | Massificam e ordenam as ocupagdes, estabelecendo uma carrei- \ fa, com um sistema de promogées e recompensas diferenciais para cada posicao. ‘Ao lado dos estudos de prestigio podemos citar também a literatura sobre estigma social. © estigma tem a ver com o om t identidade social do individuo, na medida em que relaciona | xo de fategorias estruturais, como ocupacio, com categorias aval: ena fivae, Enguanto estivermos discutindo prestigio, formulamos >on © problema pelo lado. positivo, isto é imputamos atributos positives 2 pessoas que podem ou nfo corresponder 3s expe Pitivas que possuimos com relagio a clas, Todavia, quando ] as Pes- uma pessoa é avaliada de forma ‘extremamente negativa, Thes nquanto ae eis Mink eetianTl oot Ovando tn, stereoa, 1 denagao sociado com um atributo, deparamos com um stigma. Alguns através cea cee teat Wepalo etveresHioue, coc cope, Abie, Dorit Sens mostra como alunos provenientes, de favela Wet os ae probabilidade maior de ser colocados Se a as ner que sprendizencat Oost ea Do val S nostra os estigmes a ee Norte ou da Zona Sul. *" Gilberto Velho mostra of oem ee socials com relacio a prédios de Copacabana, con® . ae uma posi¢do social inferior. ech esa 2 : oe one 4 Lloyd Warner et al., Yankee City, edigio res 105-186 Society”, lume, Yale University Press, New Haven © Londres, : ‘ial Clas 47 Dorit Schneider, op. cit. 48° Gilberto Velho, op. cit» —_ HIeRARQUIAS EM CLASSES 48 Os estudos sobre estigma tém sido um desenyolyi I recente da literatura socioldgica, pois a grande snot aia a cs cupava-se apenas com o prestigio social. Preo- ee Valores como honorabilidade ¢ prestigio, tanto quanto Edw: sistema de deferéncia que dai se deriva, também se acne Jogia igua em outros tipos de sociedades. Talcott Parsons se propte eecia ex clucidar o sistema de avaliagoes morais com respeito 4 estrs. as socied: tificagao. social nas sociedades modernas. ‘ ocupasao cia em ‘ existem EsrRatIFIcAgAo SOCIAL NAS SocIEDADES CAPITALISTAS ie IpusTRIAIS de coe que def Diz o autor que _o status de. _um_individuo_num_sistema inferiori de estratifi fificagao social esultado das avaliacdes_comuns que tuament permeiam_as atribuicd s de_status..deacordo. _com..as_seguintes P. dimensoes;_famili "qualidades.pessoais, realizacdes, posses, au outro | toridade. se dernas: Parsons, em artigo que reproduzimos nesta coletanea, pto- seu des cura postular teoricamente um conjunto de valores universais, grupo t dos quais alguns seriam mais importantes que outros, depen forman Ps dodo tipo de sociedade. Suas colocagdes S80, PO! demais Ae simplistas, para permitir uma anélise que enquadre qualquet dades 3 ultara, a partir da combinacio de uma gama 180 a poe de valores como aqueles que enuncia como sendo universals eas Todavia, cle nos revela as realizaces derivadas do sistem® eae ocupacional ‘como valor dominante pata um tipo de socit fail industrial. Diz que a estratificacio social € a_ordenacao de ee jndividuos que compoem um dado sistema social ¢ 0 seu tt Auli tamento como superiores e inferiores em relagio a alguns fe en Bees socialmente importantes. Na sociedade americana % identi 2 sae Saya ocupacionais sio muito importante tais cc a eee scritos, como a familia, nao entram leases: See Ga ae eee as unidades da familia so oe a a de tries? pages mais altamente avaliadas sdo tamb’h. i las 0 ae pee ess ane torna-se um critério avaliativ’ 4 guma: oe profissionl, O Fr. seria Miiducaaatatsls. de ado ao dinheiro porque es © (405 os Pp Guat ie Paegdlnlart status. Como, porém, nem , = Snetehs ae iro sdo_moralmente sancionadosy cas (fo ee tema de herancas que afeta 4 dis ee ‘ de renda, , © autor aponta esses fatores como intery Slee aa JNTRODUGAO AO Esrupo pa Estratirrcagko 49 go entre renda € prestigio ocupacional, podendo baixar arcizcaosentreasivariaveil Edward Shils, muito embora procurando resguardar a ideo- Jovia igualitéria de sua sociedade, realiza descrigdes sobre defe- réncia em sociedades induste is que as assemelham bastante js sociedades nao-industriais. Ele nos aponta a riqueza, renda, ocupagio € estilo de vida como fatores que provocam deferén- cia em situagdes de contato pessoal. Mostra-nos, ainda, que existem instituigdes que operam principalmente na distribui- gio de deferéncia, merecendo portanto o nome de instituigdes Ge jeferéncia, Quando essas instituicées permeiam boa parte da sociedade, Shils as chama de sistemas de deferéncia, sendo e deferéncia diz respeito as attibuigdes de superioridade ou inferioridade que os membros de uma sociedade se fazem mu- tuamente. P. Blau, em outro artigo que reproduzimos, aponta para outro trago caracteristico de instituicdes em sociedades mo- demas: o respeito que é conferido a determinadas pessoas pelo sea desempenho em organizagdes. Diz ele que emerge no grupo um consenso sobre a qualidade de seus membros, trans- formando-se em status social. ‘Ao lado da preocupagio em demonstrar como as socie- dades industriais também possuem sistemas de deferéncia, em- bora expressos por uma simbologia que lhes é propria, alguns a pal_status_dos_amigos, idénci 10, reqiiéncia-a clube-etc.... Os indicadores sio utilizados indi- vidualmente ou associados. Mesmo a incongruéncia entre cles tem sido correlacionada com outras medidas de status como identificagio de classe ou com varidveis de natureza politica, tais como atitude politica e preferéncia politico-partidéria, Hatt desenvolve um estudo sobre estratificagao ocupacional, partin- do de um survey realizado em escala nacional sobre 0 prestigio las ocupagées. Procura, através desse trabalho, perceber al- ae dimensées consistentes a partir das quais as ‘ocupacées tiam avaliadas. Acabou grupando as ocupag6es em setores produgio aos quais denominou de sifus ¢ familias ocupacio- = o (ore), ei Shils, “Deference”, em Social Stratification, J. As Jackson A. (8s Haward University Pres, 1968, Cambridge, Mas pp- 104182 50 HHIERARQUIAS EM CLASSES ais, Assim, partindo de uma base empitica, o autor relacio, na a estratificagio social com a sistema de produgio, o que foi nosso ponto de partida tedrico. i \ Goldthorpe refuta, no entanto, 0 ponto de vista de que © sistema técnico de produgao tenha a capacidade de asseme. Ihar as hierarquias sociais das sociedades industrializadas, Pro. pée, ao contrério do poder unificador do determinismo tecno- Iogico, a preponderincia de uma variabilidade de hierarquias co de valores a0 comparar diversas sociedades industriais. Varia. gdes e semelhancas entre sistemas estratificatérios constituem, portanto, um dos principais enfoques desse campo da Sociolo. gia, e uma das possiveis linhas de progresso do estudo da es. tratificago social pela intensidade dos debates entre uma pers- pectiva generalizante e uma particularizante. Aqui podemos retomar as proposigées de Bourdieu quando nos lembra a es- trutura de relagdes em um sistema de estratificacao, e as pro- O priedades de posicio das ocupacées, que sao relativamente in- Rte Gekitededades intrinsccas de uma, deters ey pritica profissional, Assim € possivel comparar estratos sociais dade em situagdes histéricas diferentes e em sociedades diferentes, est apontando para suas homologias e diferencas.® As hierar- mini quias sociais se constituem tanto em sociedades industriais que quanto em nfo-industriais, apresentando ao mesmo tempo uma prop série de caracterfsticas comuns e diferentes, cujo estudo cons ou, titui objeto do ramo da Sociologia conhecido como estratificagéo das social. Podemos estudar as hierarquias sociais de forma compa class tada, ou também com relacéo aos valores e cultura de uma socia determinada sociedade, Esses valores podem ser especificados através da anélise da estrutura de produgio dessa sociedade, particularmente de sua divisio do trabalho. Muito embora essa associago seja possfvel, a correlagéo nfo é perfeita, O estudo Soni dos valores oferece a Perspectiva das representagdes coletivas, a que melhor expressam uma dada cultura. Estas representagdes poe so empregadas na classificagio de pessoas em hicrarquias $0 po ciais. Nesse Ponto as valoragdes diferenciais se encont! suhae a distribuigio de especializagses, que € feita pela dit ous trabalho, Essa interagio. pode’ ser tratada como sistema ¢ (ae: nos permite falar de hicrarquias em classes sociais. | Allgur “estrut % Pie iaistrin a 3 } pee nesta coletinea sew “Condigio de Classe © Posigko de Clase”, pee

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