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Prof. Juan.

UFSM - Campus Cachoeira do Sul 08/04/2018 1


FÍSICA, 2° Ano do Ensino Médio
Transformações cíclicas e o ciclo de Carnot
Variáveis de estado de um gás perfeito

O estado de um gás é determinado pelos valores das grandezas PRESSÃO, VOLUME


E TEMPERATURA num determinado instante. Essas grandezas são chamadas de
VARIÁVEIS DE ESTADO, pois a qualquer momento podem sofrer mudanças.

TEMPERATURA: é importante notar que, em um gás, a temperatura está


relacionada com a velocidade das partículas. Podemos perceber que quanto
maior a temperatura do gás, maior será a velocidade média de suas partículas.
Portanto, existe uma relação entre a temperatura do gás e a energia cinética
média das partículas.

PRESSÃO: ocorre devido ao movimento caótico da partículas que a todo instante


estão colidindo com as paredes internas do recipiente.

VOLUME: os gases não possuem forma nem volume definidos. Sabemos que o
volume de um gás é igual ao volume do recipiente que o contém.
TRANSFORMAÇÕES GASOSAS

Imagens: SEE-PE
TRANSFORMAÇÃO CÍCLICA ou FECHADA

Uma transformação gasosa será chamada de CÍCLICA OU FECHADA,


quando o estado final dessa transformação coincide com o seu
estado inicial.

É fácil notar que um gás,


quando realiza uma
transformação cíclica, também
recebe trabalho do meio,
sendo o trabalho total a soma
desses trabalhos parciais.
Cada vez que o gás retornar ao
seu estado inicial dizemos que
a transformação completou UM
CICLO. Observe nesse caso que o gás ocupa um vi,
tem uma Ti e exerce uma pi. Assim após
receber um trabalho o gás volta às
condições iniciais.
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Transformações cíclicas e o ciclo de Carnot

CÁLCULO DO TRABALHO NUMA TRANSFORMAÇÃO CÍCLICA

p p p
A A A

B B B

TAB TAB TAB

O V O V O V

No diagrama de pressão x volume, a transformação cíclica é


representada por uma curva fechada. Nesse caso, o trabalho do ciclo é
dado numericamente pela ÁREA INTERNA DA CURVA que representa o
ciclo.
IMPORTANTE

Quando o ciclo estiver orientado no


SENTIDO HORÁRIO, isto indica que o
trabalho realizado pelo gás é maior que P
o recebido. Dessa forma ciclo no sentido
horário indica   0. A B
T

Quando o ciclo estiver orientado no


SENTIDO ANTI-HORÁRIO, isto indica que
o trabalho realizado pelo gás é menor V
que o recebido. Dessa forma ciclo no
sentido anti-horário indica   0. P

A B
Como na transformação cíclica U=0, pela 1ª T
lei da Termodinâmica Q = . Por exemplo, se
o gás recebe 50 J de calor do ambiente
durante o ciclo, ele realiza sobre o ambiente
um trabalho de 50 J. V
AS MÁQUINAS TÉRMICAS E A 2ª LEI DA
TERMODINÂMICA

Imagem: Luis Rizo / Domínio Público.


Imagem: Nicolás Pérez / GNU Free
Documentation License.

MÁQUINAS TÉRMICAS são máquinas


capazes de realizar um trabalho
Imagem: Panther / GNU Free

através da transferência de calor


Documentation License.

entre duas fontes: uma quente e


outra fria. Através de ciclos, parte
do calor retirado da fonte quente é
transformado em trabalho e outra
parte é transferido para a fonte fria.
A importância da Revolução Industrial para o
desenvolvimento da Termodinâmica
A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL teve início no século XVIII,
na Inglaterra, com a mecanização dos sistemas de
produção. Enquanto na Idade Média o artesanato era
a forma de produzir mais utilizada, na Idade Moderna
tudo mudou. A burguesia industrial, ávida por
maiores lucros, menores custos e produção
acelerada, buscou alternativas para melhorar a
produção de mercadorias. Também podemos apontar
o crescimento populacional, que trouxe maior
demanda de produtos e mercadorias. Imagem: Autor desconhecido / Domínio Público.

Com a Revolução Industrial, as máquinas


substituíram várias ferramentas e eliminaram
algumas funções antes exercidas pelos operários.
Nessa época, as máquinas térmicas mais utilizadas
foram trens, navios e os primeiros automóveis.
Somente no século XVIII vieram a ser construídas as
primeiras máquinas térmicas capazes de realizar
trabalho em escala industrial.
Imagem: F. A. Brockhaus / Domínio Público.

NICOLAS COGNUT pode ser


considerado o pai do moderno
automóvel ao ter iniciado por volta
de 1770 - durante o reinado do Rei
Luís XV - o desenvolvimento dos
veículos propulsionados a vapor,
através da invenção de um carro
assente em 3 rodas.

Imagem: Autor desconhecido / Domínio Público.


A máquina a vapor de Newcomen

Imagem:Meyers Konversationslexikon / Domínio Público.


Imagem: Emoscopes / GNU Free Documentation License.

Em 1712, THOMAS NEWCOMEN constrói uma máquina a


vapor que será a primeira a ser amplamente usada. Sua
função era drenar as minas de carvão da Inglaterra.
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Transformações cíclicas e o ciclo de Carnot

A BUSCA PELA EFICIÊNCIA


Até 1824, os cientistas acreditavam que as máquinas térmicas poderiam atingir o
rendimento de 100%, ou seja, transformar todo o calor recebido em trabalho. As
primeiras máquinas térmicas, inventadas no século XVIII, consumiam grande
quantidade de combustível para produzir um trabalho relativamente pequeno.

Por volta de 1770, o inventor escocês JAMES


WATT apresentou um novo modelo de
máquina térmica que veio substituir com
enormes vantagens as máquinas já
existentes, pois sua potência era maior
convertendo assim uma maior fração do
calor em trabalho. Porém a eficiência de
100% jamais seria atingida. A máquina a
vapor de Watt passou a ser amplamente
usada nas fábricas, sendo considerada um
dos fatores que provocaram a famosa
Revolução Industrial.
Imagem:Eclipse.sx / GNU Free Documentation License.
SADI CARNOT

Imagem: Sadi Carnot / Domínio Público.


Imagem: Materialscientist / Domínio Público.

Imagem: SEE-PE
Nesse livro, Carnot concluiu que a perda de calor pelas
máquinas térmicas era uma consequência natural por se
usar o calor como fonte obtenção do trabalho. Essa
conclusão que passou a ser considerada a PRIMEIRA
Nicolas Léonard Sadi
VERSÃO da 2ª Lei da Termodinâmica. Ela ocorreu antes do
Carnot estabelecimento da 1º Lei, já que naquela época ainda se
(1796 — 1832) discutia o conceito de energia. Um conceito que ainda não
estava claro, pois ainda existia o debate sobre as teorias
do FLOGÍSTICO e o CALÓRICO.
Posteriormente, RUDOLPH CLAUSIUS
retomou os estudos de CARNOT para
processos irreversíveis e ampliou para
processos reversíveis combinando com a
espontaneidade do FLUXO DE CALOR.
Desse trabalho enunciamos:

2ª LEI DA TERMODINÂMICA (Clausius)

“O calor sempre flui espontaneamente da


Imagem: SEE-PE

fonte quente para a fonte fria; para


ocorrer o contrário existe a necessidade
de se realizar um trabalho externo”.

Também descobriu que, nos processos reversíveis, a relação entre o


calor trocado pelo sistema e sua temperatura absoluta não variava,
enquanto que nos processos irreversíveis ela aumentava. A esse
aumento CLAUSIUS deu o nome de ENTROPIA(S).
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Transformações cíclicas e o ciclo de Carnot

ENTROPIA é a medida de quanto um sistema se


desorganiza. Para processos reversíveis ela permanece
constante enquanto que nos irreversíveis ela aumenta.
Dessa forma os sistemas tendem a degradar energia
Imagem: Mysid / Domínio Público.

naturalmente. Nas transformações irreversíveis a


ENTROPIA é a medida da parte da energia que não é
convertida em trabalho.

Q( J )
S ( J / K ) 
T (K )

TRANSFORMAÇÕES REVERSÍVEIS E IRREVERSÍVEIS

Chamamos de TRANSFORMAÇÕES REVERSÍVEIS aquela que após o seu final


o sistema retorna às suas condições iniciais pelo mesmo caminho,
passando pelos mesmos estágios na sequência inversa sem a interferência
de fatores externos. Já nas TRANSFORMAÇÕES IRREVERSÍVEIS isso não
ocorre.
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Transformações cíclicas e o ciclo de Carnot

RENDIMENTO DE UMA MÁQUINA TÉRMICA ()

O Rendimento de qualquer sistema é sempre representado pela relação entre a


quantidade útil da grandeza e a quantidade total. Assim também acontece com as
máquinas térmicas. Dessa forma, a quantidade útil se refere ao trabalho realizado
e a quantidade total refere-se à quantidade de calor retirada da fonte quente.

 Qq  Q f Qf
   1
Qq Qq Qq

Observe que a máquina ideal deveria ter rendimento de 100% (=1). Para
que isso acontecesse seria necessário que a quantidade de calor
rejeitado para a fonte fria fosse zero. Como mostrou Carnot, isso é
impossível. Na prática, os valores do rendimento são baixos, por
exemplo, em motores a gasolina (entre 21% e 25%).
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Transformações cíclicas e o ciclo de Carnot

CICLO DE CARNOT

Foi Sadi Carnot o idealizador de um ciclo termodinâmico que não seria levado em
consideração as dificuldades técnicas que um ciclo de uma máquina térmica real
possui. Logicamente esse ciclo passou a ser considerado um ciclo teórico que
operaria com um rendimento máximo, independente de qual substância gasosa
fosse utilizada. Esse ciclo foi composto numa sequência de quatro transformações
reversíveis, sendo duas adiabáticas e duas isotérmicas.

Princípio de Carnot
Imagem: Keta / GNU Free Documentation

"Nenhuma máquina térmica real,


expansão isotérmica (T1)
operando entre 2 reservatórios
compr adiabática

térmicos T1 e T2, pode ser mais


eficiente que a "máquina de Carnot"
expansão adiabática
operando entre os mesmos
reservatórios."
compr isotérmica (T2)
License.
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Transformações cíclicas e o ciclo de Carnot

No ciclo de Carnot, as quantidades de calor trocadas e as


temperaturas absolutas das fontes são proporcionais, valendo a
relação:
Qq Tq Tf
  1
Qf Tf Tq

Observe que para uma máquina ter o rendimento de 100%(=1) seria


necessário que a fonte fria tivesse temperatura de 0 k. Entretanto,
como a 2ª Lei da Termodinâmica garante que não existe tal
rendimento, então é impossível que um sistema físico se encontre no
ZERO ABSOLUTO.
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Transformações cíclicas e o ciclo de Carnot

APLICAÇÕES DAS
MÁQUINAS
TÉRMICAS
AO
COTIDIANO
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Transformações cíclicas e o ciclo de Carnot

REFRIGERADOR O funcionamento dos refrigeradores é baseado no


princípio da transferência de calor de uma fonte fria
ES para uma fonte quente. Esse processo não ocorre
espontaneamente. É necessária uma fonte de energia
externa para realizar um trabalho(compressor), para
que essa transferência possa ocorrer.
As partes principais de uma geladeira doméstica são:
compressor, condensador, válvula descompressora e
evaporador. Ele tem a função de aumentar a pressão e a
temperatura do gás refrigerante, fazendo-o circular
pela tubulação interna do aparelho. Quando o gás
passa pelo condensador, perde calor para o meio
externo, liquefazendo-se, ou seja, tornando-se líquido.
Ao sair do condensador, um estreitamento da tubulação
Imagem: SEE-PE
(tubo capilar) provoca uma diminuição da pressão.
Assim, o elemento refrigerante, agora líquido e sob
Eficiência das baixa pressão, chega à serpentina do evaporador (que
máquinas frigoríficas tem diâmetro maior que o tubo capilar), se vaporiza e,
assim, retira calor da região interna da geladeira. É
Qf
e importante notar que o evaporador está instalado na
 parte superior (congelador) da geladeira. A partir desse
ponto, o ciclo se reinicia e o gás refrigerante é puxado
outra vez para o compressor.
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TURBINA A Imagens: SEE-PE

VAPOR

Reatores de água pressurizada


(PWR): são os mais frequentes, com
226 em serviço no mundo. Utilizam
água a elevada pressão como meio
permutador de calor, o moderador
também é constituído por água a
elevada pressão. O combustível é
urânio ligeiramente enriquecido,
podendo eventualmente ser usado
Reatores com
misturado deplutônio
água
(MOX). fervente
(BWR): existem atualmente 93 reatores
desse tipo em serviço, sobretudo na
Alemanha, Japão e E.U.A. O meio
permutador de calor é água que atua
também como moderador, esta entra
em ebulição e o seu vapor aciona
diretamente a turbina. O combustível
usado é urânio ligeiramente
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MOTOR DE COMBUSTÃO
INTERNA

Imagem: UtzOnBike / GNU Free Documentation License.


Imagem: SEE-PE
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Nos motores de quatro tempos (CICLO OTTO) o pistão, animado de


movimento alternativo, recebe energia durante o tempo de combustão,
executando as funções necessárias à realização da mesma nos outros três
tempos. Um sistema biela/manivela transforma o movimento alternativo
em movimento de rotação.

O primeiro tempo é O segundo tempo é


o de admissão. Nele o de compressão.
o pistão, Atingindo o fim do
deslocando-se no curso de admissão,
sentido na posição chamada
de aumentar o volu de “Ponto Morto
me, aspira Inferior” (PMI),
ar ou mistura fecha-se a válvula
combustível através de admissão e
da válvula de inicia-se
admissão, aberta a compressão dos g
por um mecanismo ases aspirados, a fim
apropriado. de torná-los
mais densos.
Imagem: SEE-PE
Imagem: SEE-PE
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Transformações cíclicas e o ciclo de Carnot

O terceiro tempo é o de combustão/expansão. Na outra


extremidade de seu curso alternativo, chamado “Ponto Morto
Superior” (PMS), ocorre o início da combustão, que pode iniciar-
se espontaneamente (CICLO DIESEL) ou pode ser provocada
pelo disparo de uma faísca (motores a gasolina, álcool e gás). A
combustão ocorre de maneira diversa, dependendo do tipo de
motor; é acompanhada ou seguida pela expansão dos gases
queimados, que impulsionam o pistão transmitindo-lhe energia.

O quarto tempo é o de escapamento.


Atingido novamente o PMI, a abertura da
válvula de escape, comandada no instante
adequado, permite o escoamento dos
gases queimados, igualando a pressão
no cilindro com a pressão ambiente. Em
Imagem: SEE-PE
seguida, o pistão empurra a maior parte
dos gases que permanecem no cilindro em
direção à tubulação de escape, repetindo-
se a seguir o tempo de admissão. A cada
duas voltas do eixo de manivelas, ocorre
apenas um tempo motor. No caso de
tratar-se de apenas um cilindro, um volante
Imagem: SEE-PE
é indispensável, a fim de que o pistão
continue em movimento durante os três
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CICLO
DIESEL
Imagem: Tosaka / Creative Commons Attribution 3.0 Unported.

Imagem: SEE-PE
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CICLO
OTTO
VA

VB
1
  1
  1
eficiência - ciclo Otto
Imagem: UtzOnBike / GNU Free Documentation License.

Imagem: gonfer / GNU Free Documentation License.


 E-mail: juan.ufsm@gmail.com

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