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ISBN 978-85-916577-3-5
1ª edição
Florianópolis
UFSC / LABSOLAR
Setembro de 2019
INDICE
3.1 - Introdução 1
3.2 - Máquinas térmicas 3
3.2.1 - Elevador térmico 3
3.2.2 - Reservatório térmico ou reservatório de calor 4
3.2.3 - Máquina térmica 4
3.2.4 - Motor 4
3.2.5 - Refrigerador 6
3.3 - Enunciados da Segunda Lei 8
3.3.1 - Postulado de Kelvin - Planck ( K P ) 8
3.3.2 - Postulado de Clausius ( C ) 9
3.3.3 - Equivalência entre os postulados 9
3.3.4 - Processos reversíveis e irreversíveis 11
3.3.5 - Exemplos de processos reversíveis 12
3.3.5.1 - Processo isotérmico reversível ( TR ) 12
3.3.5.2. Processo adiabático reversível ( AR ) 13
3.4 - Os fundamentos da Segunda Lei 13
3.5 - A propriedade termodinâmica entropia 13
3.5.1 – Entropia derivada da integração da diferencial do calor 13
3.5.1.1 - Redução da diferencial do calor 18
3.5.1.2 - Entropia 23
3.5.1.3 - Desigualdade de Clausius 23
3.5.1.4 - Ciclo de Carnot motor 24
3.5.1.5 - Ciclo de Carnot refrigerador 27
3.5.1.6 - Teorema de Clausius 28
3.5.2 - Entropia derivada do ciclo de Carnot 31
3.5.2.1 - Teoremas básicos 31
3.5.2.2 - Escala termodinâmica de temperatura 35
3.5.2.3 - Teorema de Clausius 41
3.5.2.4 - Entropia 42
3.5.2.5 - Desigualdade de Clausius 43
3.6 - A escala termodinâmica de temperatura e o formalismo decorrente da Segunda 47
Lei
3.6.1 - Escala termodinâmica 47
3.6.1.1 - Escala Kelvin 47
3.6.1.2 - Escala genérica 49
3.6.1.3 - Formalismo decorrente da escala termodinâmica de temperatura 51
3.6.2 - Conclusões da Segunda Lei 52
3.6.3 - Cálculo da entropia 53
3.6.4 - Dualidade entre a Primeira e Segunda Leis 54
3.6.5 - Interpretação geométrica – diagramas T-s e h-s 55
3.6.6 - Interpretação geométrica do calor 58
3.6.7 - Interpretação geométrica da desigualdade de Clausius para os Ciclos Motor e 60
Refrigerador
3.7 - Cálculo da entropia de um gás ideal 65
3.8 - Potenciais termodinâmicos e relações de Maxwell 70
3.8.1 - Transformação de Legendre 70
3.8.1.1 - Transformação direta 70
3.8.1.2 - Transformação inversa 71
3.8.1.3 - Transformação parcial 72
3.8.2 - Transformações de Legendre da energia interna u( s ,v ) 76
3.8.2.1 - Entalpia 76
3.8.2.2 - Potencial de Helmholtz 77
3.8.2.3 - Energia livre de Gibbs 78
3.8.3 - Relações de Maxwell 79
3.9 - Cálculo da entropia de um gás real 81
3.9.1 - Entropia de gás como função de T e v ou T e 81
3.9.2 - Entropia de líquidos e sólidos 82
3.10 - Algumas relações diferenciais e identidades decorrentes da Segunda Lei 83
3.10.1 - Relação entre c p e cv 83
3.10.2 - Diferencial de u( T ,v ) 84
3.10.3 - Variação de c p e cv com v 84
3.10.4 - Efeito Joule-Thomson 89
3.10.5 - Processo adiabático reversível infinitesimal 90
3.10.6 - Coeficiente de compressibilidade adiabático 91
3.10.7 - Processo isotérmico reversível infinitesimal 93
3.10.8 - Expansão livre infinitesimal 94
3.10.9 - Entropia da água líquida comprimida 95
3.10.10 - Equação de Clausius-Clapeyron 96
3.11 - Pressão e temperatura como variáveis independentes - Formalismo de Lee- 98
Kesler
3.11.1 - Cálculo da entropia 98
3.11.2 - Fugacidade 100
3.11.3 - Variação dos calores específicos com a pressão 103
3.12 - Exemplos analíticos ilustrativos 107
3.12.1 - Troca de calor com diferença finita de temperatura 107
3.12.2 - Processo adiabático de dissipação de energia potencial 113
3.12.3 - Processo quase-estático adiabático de um gás perfeito 116
3.12.4 - Processo isotérmico 119
3.12.5 - Efeito Joule - Thomson 121
3.13 - Interação do sistema com o exterior 125
3.14 - Evolução da entropia em processos irreversíveis de um sistema composto 129
3.14.1 - Processo externamente adiabático com pistão de material diatérmico 130
3.14.1.1 - Processo de compressão reversível 130
3.14.1.2 - Processo de expansão livre 134
3.14.2 - Processo externamente adiabático com pistão de material adiabático 139
3.14.2.1 - Processo de compressão reversível 139
3.14.2.2 - Processo de expansão livre 140
3.14.3- Considerações sobre o ponto de máximo 148
3.15 - Trabalho máximo, exergia e anergia 150
3.16 - Terceira Lei da Termodinâmica 158
3.16.1 - Postulados da Terceira Lei 158
3.16.2 - Relações de troca de calor reversível 160
3.16.2.1 - Relações TdS para sistemas compressíveis simples 160
3.16.2.2 - Relações TdS para sistema magnetocalórico 163
3.16.3 - Equação de Curie 167
3.16.4 - Inatingibilidade do zero absoluto 172
3.16.5 - Calores específicos de sais e metais no zero absoluto 175
3.17 - Entropia de mistura de gases ideais 177
3.18 - Elementos de termodinâmica estatística 181
3.18.1 - A estatística de Boltzmann 181
3.18.2 - Entropia e probabilidade 189
3.18.3 - A função de distribuição de Maxwell - Boltzmann 203
3.19 - Exercícios propostos 222
Índice remissivo 243
3.1 - Introdução
Um exemplo não-termodinâmico do nosso cotidiano, que pode servir para distinguir a diferença
entre um processo reversível e um processo irreversível é o jogo de quebra-cabeças. Esses jogos
são normalmente acompanhados de um quadro indicativo da posição das peças num tabuleiro. A
montagem do jogo é facilitada pela enumeração das peças e sua localização, segundo um gabarito
de orientação. Uma vez montando o quebra-cabeças, o conjunto pode ser desmontado com
pouco ou nenhum esforço físico. Todavia, o processo de reconstituição do quebra-cabeças,
sobretudo na ausência do gabarito de peças enumeradas, pode tornar-se tedioso e desgastante,
mesmo que atraente para aqueles que apreciam tal diversão. Entretanto, aquele que dispuser do
1 Nicolas Léonard Sadi Carnot (1796 – 1832) – Engenheiro militar francês. Formulou a teoria de máquinas térmicas
propondo o ciclo reversível que tem seu nome, contribuindo desta forma para os fundamentos da Segunda Lei da
Termodinâmica.
2
Rudolf Julius Emanuel Clausius (1822 – 1888) – Físico e matemático alemão. É considerado um dos fundadores da
termodinâmica e autor da formulação da Segunda Lei. Seus estudos centraram-se nos trabalhos de Carnot. Em um
trabalho publicado em 1865, formulou matematicamente a Primeira Lei em termos da energia interna e a Segunda
Lei em termos da entropia.
2
gabarito de orientação das peças pode facilmente montar o quebra-cabeças com esforço mínimo,
realizando, portanto, um processo reversível.
No plano das ciências ditas humanas, a idéia de irreversibilidade na natureza, embora incômoda,
sempre foi levada em consideração pelos filósofos naturais, ao tentar compreender as relações
entre causa e efeito. A propósito, o corpo humano é, propriamente, uma máquina biológica
irreversível, à medida que os processos de conversão de calorias ingeridas para sustentar a vida
são dissipativos e degenerativos. Irreversibilidade, no sentido corrente da palavra e fora do
âmbito da termodinâmica clássica, pode ser observada nas transformações das sociedades
humanas, quando processos ditos revolucionários destroem radicalmente as estruturas
produtivas. O esforço de destruir é incomparavelmente menor que o de reconstruir, visto que a
destruição é um processo desordenado e intrinsecamente irreversível. O sentido intuitivo e
empírico de dissipação, desordem e dissolução foi sempre levado em consideração pelos
detentores do poder político ao longo da história. Notáveis imperadores romanos demonstraram
nortear suas decisões no tocante a administração do império, segundo a visão de grandes
pensadores de seu tempo, que não poucas vezes os aconselhavam a adotar até mesmo atitudes
repressivas contra o povo e seus representantes, para evitar a degradação do Estado, enquanto
ordenar o mundo político e econômico de então. Da habilidade desses estadistas em governar e
legislar para corrigir distorções, coibir a desordem e reformar o Estado, resultou a longevidade do
processo civilizatório romano, cujos desdobramentos inegavelmente positivos de sua cultura se
fazem sentir até o presente, sobretudo nas democracias mais prósperas e florescentes do mundo.
A segunda Lei da Termodinâmica, como veremos, nos mostrará que liberdade, na ausência de
organização de processos, destrói a capacidade produtiva dos sistemas. A termodinâmica de
sistemas vivos, a exemplo da dinâmica de sistemas não-lineares, vai mais além, a nos demonstrar
que instabilidades não controladas resultam em desordem e caos3. Desordem e caos, na história
da civilização, foram, via de regra, tanto mais freqüentes, quanto mais fechados e mais
concentrados foram os núcleos de poder, no seio dos quais as informações das conspirações
foram confinadas. Também por essa razão é a democracia considerada o sistema de governo mais
eficaz para desmantelar e legalmente neutralizar esses núcleos de instabilidade, denunciados ou
não, por aqueles que fazem uso da liberdade de imprensa. A difusão (fluxo!) da informação nas
sociedades livres é particularmente benéfica, no sentido de reduzir a concentração (potencial!) de
poder dos núcleos conspiratórios.
3
Op cit 3, pg. 2, Volume I
3
3.2.4 - Motor
Um ciclo motor opera segundo o esquema da figura 3.2, recebendo por cada volta do ciclo uma
quantidade de calor QH do reservatório de calor na temperatura ordinária H e cedendo uma
quantidade de calor QL a outro reservatório de calor na temperatura L H .
De acordo com a Primeira Lei, para processo cíclico tem-se, W Q , de onde resulta que
W QH QL (3.1)
5
VB VA
W pdV p dV p dV
VA VB
Observe-se que a primeira integral corresponde a uma área numericamente positiva enquanto que
a segunda, uma área numericamente negativa, sendo que a soma das áreas é igual a área
circunscrita pela curva do ciclo. Permutando-se os limites de integração da segunda integral
resulta a identidade que segue,
VB VB VB
W p dV p dV ( p p )dV
VA VA VA
W QH QL Q
1 L (3.2)
QH QH QH
6
3.2.5 - Refrigerador
É um ciclo que opera consumindo trabalho externo, entre os reservatórios a H e L ,
transferindo calor do reservatório à L para o reservatório à H . O refrigerador doméstico é um
exemplo típico de equipamento que opera segundo um ciclo de refrigeração. A figura 3.3 ilustra o
ciclo refrigerador.
W QH QL 0 (3.3)
W QH QL 0 (3.4)
QH W QL QL (3.5)
QL / W (3.6)
7
No caso de considerar-se a equação (3.4), sinal negativo deve ser adotado no segundo membro
da equação (3.6).
VB VA
W pdV p dV p dV
VA VB
onde W 0 . Observe-se que neste caso a primeira integral corresponde a uma área
numericamente positiva enquanto que a segunda, uma área numericamente negativa, sendo que a
soma das áreas é numericamente igual a área circunscrita pela curva do ciclo com sinal negativo.
Com efeito, permutando-se os limites de integração da segunda integral resulta,
VB VB VB VB
W p dV p dV ( p p )dV ( p p )dV
VA VA VA VA
ou equivalentemente,
VB
W ( p p )dV
VA
Uma bomba de calor é basicamente um ciclo refrigerador, todavia para produzir calor na
temperatura H . Neste caso, o coeficiente de desempenho é definido por
QH / W (3.7)
com a mesma ressalva para a equação (3.6), para o caso de o trabalho ser definido pela equação
(3.4).
QH / W QL / W ( QH QL ) / W 1
de que resulta, 1 .
8
Uma conseqüência do postulado K P é que o rendimento de um motor deve ser menor que a
unidade, pois QL não pode ser nulo. Note-se que uma máquina cíclica inversa é possível, isto é,
que opere em ciclo e que dissipe todo o trabalho na forma de calor. Um dispositivo constituído
de um pistão que se desloque dentro de um cilindro metálico confinando um gás, considerando-
se atrito nas paredes internas é o exemplo da máquina inversa. Se o pistão oscila, o trabalho de
atrito é convertido em calor e é totalmente dissipado para o ambiente.
Nesse caso, um ciclo refrigerador é instalado para operar entre os mesmos reservatórios de calor,
de modo que este seja movido pelo motor dado. Para esse ciclo refrigerador, W QH QL .
Como W QH , resulta que QH QH QL ou seja QL QH QH . Observe-se que a quantidade
de calor entregue ao reservatório à H é igual a quantidade de calor retirada do reservatório à L ,
sem que nenhum trabalho externamente ao ciclo composto por esses dois ciclos seja consumido.
A operação desse ciclo composto claramente nega o postulado de Clausius.
Como W QL QL , resulta pois que o trabalho do ciclo composto pelos ciclos considerados é
produzido apenas as custas do reservatório de calor à L , o que nega o postulado K P .
Portanto, os postulados são equivalentes.
Para um processo infinitesimal reversível ao qual está associada uma variação de energia interna, a
Primeira Lei nos dá,
em que, WR pdV , uma vez que um processo reversível é conseqüentemente quase-estático.
Para um processo irreversível, a Primeira Lei nos dá,
Trabalho perdido: O trabalho perdido, de acordo com a figura 3.8, é expresso como segue,
12
Considera-se que não existe atrito mecânico entre o pistão e o cilindro. Os pesos elementares são
lentamente removidos, de sorte que o tempo de relaxação do sistema é respeitado, enquanto que
calor é trocado com o reservatório de calor à temperatura T , assegurando portanto a
uniformidade da temperatura ao longo do sistema, resultando numa sucessão de estados de
equilíbrio. Da Primeira Lei resulta que
V
onde WAB V B pdV .
A
V VA VB
onde WBA V A pdV . Como WBA pdV pdV WAB , resulta que após o processo
B VB VA
Claramente, o trabalho WAB é máximo, pois esse processo não deixa evidências de ter ocorrido,
tanto no sistema quanto no exterior, propriedade resultante do fato de não haver perdas.
No tocante aos fundamentos da Seegunda Lei, o leitor pode optar por ler a teoria apresentada na
secção 3.5.1 ou, alternativamente, dar seqüência a leitura da secção 3.5.2, sem prejuízo à
continuidade e a estrutura lógica da apresentação da teoria da Segunda Lei. Na secção 3.5.1 a
denominação dos teoremas respectivos conterá a letra F , para lembrar o leitor de que se trata da
secção dos fundamentos matemáticos da existência da entropia.
4
Constantin Carathéodory (1873 – 1950) – Engenheiro e matemático alemão de origem grega. Esse notável
matemático contribuiu com vários trabalhos e livros de análise matemática. Formulou a teoria de integração de
14
ser representada por uma equação implícita da forma ( p,V ) ( pC ,VC ) c , onde c é a
constante determinada pelas coordenadas do estado C . Tal curva é o traço de uma superfície
paralela ao eixo de U , tal como ilustrada na figura 3.10 à direita. Essa superfície, como será
provado a seguir, é única, de modo que para um dado volume, um único ponto é acessível através
de um processo AR . Com efeito, na hipótese de existirem duas curvas distintas, lugares
geométricos de processos AR contendo o ponto C, quais sejam,
A ( p ,V ) A ( p A ,VA ) C A ( pC ,VC ) e B ( p ,V ) B ( pB ,VB ) C B ( pC ,VC ) , o
equações diferenciais parciais de primeira ordem. Sua contribuição a termodinâmica com o trabalho intitulado Erste
axiomatisch strenge Begründumg der Thermodynamik lançou nova luz sobre as bases matemáticas da existência da entropia.
A prova de seu teorema para o caso bi-dimensional é apresentada na referência: Sneddon, I., “Elements of Partial
Differential Equations”, McGraw-Hill Book Company, Inc., 1957, pp.18-42.
5 Zemansky, M. W., “Heat and Thermodynamics”, McGraw-Hill Book Company, Inc., 1968 (Obra traduzida para o
ponto B torna-se acessível a partir de A , através de um processo adiabático reversível, qual seja,
o processo ACB .
A função ( p ,V ) pode ser diretamente integrada a partir da equação da Primeira Lei. Com
efeito, a diferencial de U ( p,V ) é expressa como segue,
U U
dU dp dV
p V V p
U U
Q dU pdV dp p dV
p V V p
16
U U
Q AR dp p dV 0 (3.13)
p V V p
Por outro lado, a diferencial de ( p,V ) ao longo da curva de constante é expressa pela
equação que segue,
d dp dV 0
p V V p
A condição suficiente para que essa diferencial represente o mesmo lugar geométrico da curva do
processo AR governado pela equação (3.13), é que as seguintes relações sejam satisfeitas,
U
p V p V
U
p
V p V p
Por outro lado, a regra de derivação de função implícita e essas expressões nos permitem escrever
o que segue,
dp U U
p (3.14)
dV V P p V V P p V
U
Q V dU ( p ,V ) V dp
p V
17
Se admitirmos que o calor trocado num processo a volume constante resulte numa variação da
pressão (o que é experimentalmente demonstrado), a derivada parcial dessa equação deve ser
distinta de zero e, por conseguinte, a existência de é assegurada.
U U
dU d dV
V V
Por conseguinte, para um processo AR , a Primeira Lei pode ser expressa na forma que segue,
U U
Q AR d p dV 0
V V
d d dV 0
V V
A condição suficiente para que essa diferencial represente o mesmo lugar geométrico de uma
curva de processo AR , é que as seguintes condições sejam satisfeitas,
U
V V
U
p
V V
d U U
p
dV V V V V
de zero. Entretanto, da Primeira Lei, o calor trocado a volume constante pode ser expresso pela
equação,
U
dQ V dU ( ,V ) V d
V
A derivada dessa equação é proporcional ao calor específico a volume constante, que é positivo,
condição que assegura a existência da função . Existe, pois, uma simetria no formalismo que
trata da existência das curvas de processo AR , determinadas pelas funções implícitas
( p ,V ) c e curvas respectivas definidas por ( ,V ) c . Observe-se ainda que num
processo AR , a temperatura varia necessariamente com o volume, uma vez que a derivada
d
é, em geral, não nula. Em outras palavras, a família de curvas correspondentes a
dV
processos AR gerada pela função ( p ,V ) c e a família de curvas isotérmicas gerada pela
função ( p ,V ) c são funcionalmente independentes.
Pelo exposto, pode-se inferir que nenhuma curva da família de curvas AR definidas por
( p ,V ) c pode cruzar outra curva da mesma família. Com efeito, sejam ( p ,V ) c1 e
( p ,V ) c 2 equações de duas curvas distintas que se cruzem num ponto C e seja uma
isoterma definida por ( p ,V ) c dada. Essa isoterma deverá cruzar com as curvas AR dadas,
caso contrário pode-se escolher as duas curvas AR dadas tão próximas da isoterma quanto se
queira, de modo que no limite essas curvas coincidam com a isoterma, situação que não pode
acontecer, uma vez que ao longo de uma curva AR a temperatura deve variar. Sejam A e B os
pontos de cruzamento dessa isoterma com as curvas AR dadas. Os pontos A , B e C formam
um ciclo termodinâmico em que os processos de C até A e de B até C são AR e portanto os
calores trocados respectivos são nulos. A Primeira Lei aplicada ao ciclo nos dá o trabalho
expresso por W QAB ( ) , onde QAB é o calor trocado com um único reservatório à
temperatura , resultado que nega o postulado K P .
Nesta secção será apresentada uma teoria mais compacta e matematicamente formal que aquela
apresentada na secção 3.5.2, para demonstrar a existência da entropia, sua relação com a escala
termodinâmica de temperatura e o ciclo de Carnot6. O ponto de partida da teoria é a existência da
função ( ,V ) , tal que c representa a curva do lugar geométrico de um processo
U
adiabático reversível. Como foi visto na secção precedente, , onde a derivada é
V V
positiva por ser proporcional ao calor específico à V constante. Pelo fato de a derivada parcial
em relação à ser não-nula, o teorema da função implícita nos assegura a existência da
função ( ,V ) , de sorte que se pode escrever U ( ,V ) U ( ( ,V ),V ) U ( ,V ) e
p( ,V ) p( ,V ) . A diferencial de U ( ,V ) substituída na equação da Primeira Lei nos
permite escrever o que segue,
dU U dU U
Q dU pdV d dV pdV d p dV
V V V V
U
se anule para valores arbitrários de dV implica que p . O calor trocado num
V
dU
processo reversível pode, portanto, ser expresso na forma QR ( ,V )d , onde .
V
Como foi visto anteriormente,
U
p
V V
Segue-se da Primeira Lei que o calor trocado num processo isotérmico pode ser escrito na forma,
U
Q ( ,V )d ( ,V ) p dV
V
Entretanto, o calor trocado por um sistema submetido a um processo isotérmico deve resultar na
variação de seu volume. Segue-se que o fator multiplicativo de dV na última equação é, em geral,
6
Op cit 5, pg. 14. O autor agregou à teoria dessa referência algumas contribuições, sobretudo no tocante a seqüência
lógica das demonstrações e a demonstração de teoremas respectivos ao ciclo de Carnot.
20
VA VA ( , A ) e VB VB ( , B ) .
Contudo, a função C não pode se anular para quaisquer valores numéricos de A e B . Com
efeito, a troca de calor no sistema C resulta em variações de volume dos sistemas A e B .
Conforme expressão já obtida para o calor trocado em processo isotérmico de A e B , o calor
trocado num processo isotérmico para o sistema composto pode ser escrito como segue,
U A
QRC QRA QRB A ( A , ) p A ( ,V A ) dV A
V A
U
B ( B , ) p B ( ,VB ) B dVB
VB
não é nula para todo min , a expressão precedente da diferencial QRC pode ser dividida por
C , de modo que,
C C C
d C d d A d B
A B
C
Igualando-se essas duas diferenciais de C necessariamente resultam as identidades, 0,
A C B C
e . A primeira derivada implica que C não é função de , de modo que
C A C B
as outras duas derivadas implicam que as razões A / C e B / C também independem de .
C C
( ) fC d A d B ( ) f A ( A )d A ( ) f B ( B )d B
A B
C C
f A ( A ) f C e f B ( B ) f C
A B
f A f C 2 C
C fC 0
B B A A B
f B f C C 2 C
fC 0
A A B B A
2 C 2 C
que, (condição de Schwartz) e eliminando-se a derivada segunda das
A B B A
equações precedentes resulta a identidade que segue,
f C C f C C
0
B A A B
7
A prova dessa afirmação é proposta como exercício em Op. cit 5, página 14.
23
C C
( f C , C ) A B
0
( A , B ) f C f C
A B
É conhecido do cálculo infinitesimal que a condição necessária é suficiente para que o jacobiano
de duas funções de duas variáveis, a saber, f C e C , seja identicamente nulo é que estas funções
sejam funcionalmente dependentes, isto é, uma das funções é função da outra. Segue-se que
f C f C ( C ) , de onde resulta que, QR ( ) f ( )d é uma identidade geral.
3.5.1.2 - Entropia
A conseqüência direta da demonstração anterior é que QR / ( ) f ( )d é uma diferencial
exata e, por conseguinte, integrável, muito embora, QR não o seja. A função 1 / ( ) figura na
diferencial exata como um fator de integração, que converte a forma diferencial conhecidamente
inexata do calor numa diferencial exata. Essa propriedade assegura que existe uma função escalar
S tal que,
Segue-se dessa equação que o calor trocado num processo reversível infinitesimal é expresso
como QR ( )dS . Integrando-se essa diferencial entre os estados correspondentes a S1 e S2 ,
ao longo de um processo isotérmico vem, ( Q12 )R ( )S , onde S S 2 S1 . Para o caso
particular de um processo AR resulta claramente dS 0 ao longo do processo e, portanto, S é
constante. Nesse caso o processo denomina-se de isentrópico. Observe-se que sempre que for
constante, S será constante e vice-versa. Para cada valor número de c , tal que c , está
associado um valor numérico de S constante. Assim como foi provado que existe somente uma
função , a qual é relacionada a função , S que é uma função de é também única.
dS Q / ( )
2
S 2 S1 Q / ( )
1
Q WP
dS (3.16)
( )
O trabalho realizado ao longo da curva do ciclo é expresso pelas identidades que seguem,
WR R W W1 2 W2 3 W3 4 W41 R Q Q1 2 Q3 4 QH QL
onde W3 4 e W41 são negativos. Vemos que o trabalho é equivalente a área circunscrita pelo ciclo
(1-2-3-4-1), conforme mostrado na figura 3.12, além do que igual ao calor trocado com os
reservatórios de calor. Para um motor real, o trabalho perdido no processo de troca de calor à
temperatura H considerada constante é expresso pela equação,
R ( ( H ) ( L )) / ( H ) 1 ( L ) / ( H )
QHR Q
LR S L S H 0
( H ) ( L )
Para o caso particular de um ciclo infinitesimal, para o qual a variação da entropia referente a
temperatura H é dS , resulta que dS L dS e, por esta razão tem-se,
QHR QLR
0
( H ) ( L )
Teorema MF: “O ciclo motor de Carnot é o ciclo mais eficiente dentre todos os ciclos motores que operam entre
dois reservatórios à temperaturas L e H fixas”.
Prova: No caso de ciclos reais, para efeito de análise, o calor recebido pelo ciclo deve ser igual
para ambos ciclos, reversível e irreversível, ou seja, QH QHR ( H )S H . Entretanto,
R ( L ) / ( H ) ( L )
QHR Q
LR 0
( H ) ( L )
Teorema RF: “O ciclo refrigerador de Carnot é o ciclo de maior coeficiente de desempenho dentre todos os ciclos
refrigeradores que operam entre dois reservatórios de calor à temperaturas L e H fixas”.
28
Prova: Na comparação de ciclos refrigeradores, o calor rejeitado QL deve ser igual para ambos
ciclos, reversível e irreversível e portanto, QL QLR ( L )S L . O trabalho perdido é expresso
pelas identidades que seguem,
QL ( L )S L
I
WI ( H )S H ( L )S L WPH
(L )
I
( H ) ( L ) WPH / S L
Considerando-se que o termo WPH / S L é positivo, segue-se a desigualdade,
(L )
I
( H ) ( L ) R
Da mesma forma que para motores reversíveis, o coeficiente de desempenho de um refrigerador
reversível depende apenas das temperaturas dos reservatórios de calor.
8
A demonstração desse teorema pode ser encontrada no texto “Principles of General Thermodynamics” de
Hatsopoulos, G.N. and Keenan, J. H., John Wiley, 1965.
29
Prova: Seja um sistema trocando calor com o ambiente na temperatura o , conforme ilustrado na
figura 3.13. A troca de calor ocorre segundo um ciclo de Carnot infinitesimal.
Fig. 3.13 – Sistema interagindo com o exterior através de uma máquina de Carnot
O trabalho do ciclo de Carnot é expresso por WC Q Qo . Para esse ciclo infinitesimal,
como foi demonstrado, também vale a identidade que segue,
Q Qo
0
( ) ( o )
Q Qo
( ) ( ) 0
o
O calor trocado com o reservatório de calor no processo cíclico é expresso pela integral,
Qo Qo
Q
Qo (o ) (3.17)
( )
Por outro lado, para o sistema composto do sistema dado e da máquina de Carnot, a Primeira Lei
nos dá, W Qo 0 e, por conseguinte,
W W Qo Qo (3.18)
Substituindo-se Q o de sua expressão da equação (3.17) na equação (3.18) resulta a equação que
segue
Q
W ( o ) (3.19)
( )
Q
desigualdade, ( ) 0 . O único resultado compatível com ambas as desigualdades é a equação
que segue,
QR
( ) 0
No caso de o ciclo ser irreversível, prevalece apenas a desigualdade estrita que segue,
Q
( ) 0
Essa desigualdade é também uma conseqüência direta da desigualdade infinitesimal de Clausius
Q
derivada da definição de trabalho perdido, qual seja, dS . Com efeito, integrando-se essa
( )
Q
desigualdade ao longo de um processo cíclico resulta, ( ) dS 0 .
31
O leitor pode dar segmento ao estudo da Segunda Lei suprimindo a leitura da secção que segue e
continuar sua leitura a partir da secção 3.6, sem prejuízo a seqüência lógica da teoria.
Existem somente duas curvas de processo AR que passam respectivamente pelos pontos A e
B , tais que ( p,V ) ( p A ,VA ) A constante e ( p,V ) ( pB ,VB ) B constante. A
32
A figura 3.15 coerentemente com a figura 3.14 e a figura 3.12, ilustra o ciclo de Carnot, o qual é
detalhadamente descrito no início da secção 3.5.1.4. Sem entrar no mérito do inteiro conteúdo
dessa secção, o leitor pode obter dela mais detalhes sobre esse ciclo.
Teorema MC: “O ciclo motor de Carnot é o mais eficiente dentre todos os ciclos motores que operam entre dois
reservatórios à temperaturas L e H fixas”.
Prova: A prova será demonstrada por negação. Para comparar os ciclos, ambos devem receber
igual QH . Suponha-se que R I . Sendo I WI / QH e R WR / QH resulta que WR WI ,
33
onde WR QH QLR e WI QH QLI . O ciclo motor de Carnot da esquerda na figura 3.16 pode
ser revertido, de modo que o trabalho WR que é originalmente produzido passa a ser consumido.
O ciclo revertido, orientado por setas negras, pode ser movido pelo ciclo irreversível da direita.
Como WR WI resulta que W WI WR 0 . Por conseguinte, o trabalho W é expresso por
W QH QLI ( QH QLR ) ou W QLR QLI . Esse resultado nos mostra que todo o trabalho
do ciclo composto pelos ciclos dados é produzido pelo saldo do calor oriundo do reservatório à
L , pois o reservatório à H apenas transfere calor do refrigerador para o motor. Resulta,
Corolário MC: “Todos os ciclos motores de Carnot que operam entre dois reservatórios a temperaturas L e
Prova: Sejam R1 e R2 dois ciclos reversíveis motores. Se admitirmos que R1 R 2 , resulta que
WR1 WR 2 . Como R1 pode ser revertido, como na prova anterior, ele como ciclo refrigerador
pode ser movido por R2 , resultando portanto em um saldo de trabalho W WR 2 WR1 0 que,
pelas mesmas razões da prova do teorema, nega o postulado K P . Resulta que R1 R 2 .
Adotando-se o mesmo raciocínio para o caso de R1 R 2 , nega-se o postulado K P e
portanto R1 R 2 . O resultado é que necessariamente R1 R 2 . Pelo exposto, conclui-se que
R R ( L , H ) , isto é, o rendimento de um motor reversível depende somente das
temperaturas dos reservatórios de calor e não das substâncias de trabalho utilizadas nesses ciclos.
34
Teorema RC:“O ciclo refrigerador de Carnot é o que tem o maior coeficiente de desempenho dentre todos os
ciclos refrigeradores que operam entre dois reservatórios de calor à temperaturas L e H fixas”.
reservatório à L serve apenas para transferir calor do ciclo motor R para o ciclo refrigerador I .
Corolário RC: “Todos os ciclos refrigeradores de Carnot que operam entre dois reservatórios a temperaturas
L e H fixas têm mesmo coeficiente de desempenho”.
Prova: Prova análoga a adotada na prova do teorema R é adotada para provar o corolário. Com
efeito, sejam os ciclos reversíveis R1 e R2 e R 2 R1 . Aplicando-se o mesmo raciocínio da
35
prova do teorema, como WR 2 WR1 , o ciclo refrigerador R1 é revertido para motor e utilizado
para mover o ciclo refrigerador R2 , do que resulta um saldo de trabalho WR1 WR 2 0 . Esse
resultado nega K P e mostra que a hipótese de R 2 R1 é falsa. Segue-se que R 2 R1 .
Admitindo-se a seguir que R 2 R1 , resultado negando K P é analogamente obtido, de
modo que R 2 R1 . Segue-se que necessariamente R1 R 2 . Como no caso do teorema M e
seu corolário, também para refrigeradores reversíveis se conclui que R R ( L , H ) .
Note-se que no caso de ciclo motor, WI WR resulta em QH QLI QH QLR ou QLI QLR
ou equivalentemente QLI QLR . O motor irreversível rejeita mais calor que o motor reversível, o
que é plausível. No caso do ciclo refrigerador, tem-se que I R , ou seja, WI WR e, portanto,
QHI QL QHR QL de sorte que QHI QHR . O ciclo irreversível, por conseguinte rejeita mais
calor para o reservatório de calor à H que o ciclo reversível. Note-se que, QHI WI QL , o que
sugere que quanto maior for o trabalho consumido para acionar o refrigerador maior será o calor
rejeitado ao reservatório à H .
para duas temperaturas L e H fixas quaisquer, os ciclos (1), (2) e (3) poderiam ter rendimentos
9
O formalismo da teoria da escala termodinâmica aqui apresentado, segue aquele do texto de G. J. Van Wylen e R.
E. Sonntag intitulado "Fundamentals of Classical Thermodynamics", John Wiley and Sons, Inc., 1973 ou da edição
revisada de R. E. Sonntag, C. Borgnakke e G. J. Van Wylen, “Fundamentos da Termodinâmica Clássica” Tradução
da 6ª. Edição, Editora Edgard Blücher, 2003. Entretanto, por este autor considerar que aquele formalismo é
incompleto, ele apresenta a sua própria demonstração.
36
A identidade precedente nos mostra que o produto da função , nessa ordem, tem a
propriedade de cancelar a parte da função contendo a variável 2 , pois o lado esquerdo mostra
ser apenas função de 3 e 1 . Segue-se da relação acima, que a função é composta pela razão
de uma função necessariamente positiva ou negativa da temperatura dos reservatórios de calor,
de modo que, ( L , H ) ( L ) / ( H ) ou a razão inversa, isto é,
( L , H ) g( H ) / g( L ) . No segundo caso, fazendo-se g 1 / resulta a primeira razão, de
onde se conclui que a ordem da razão é irrelevante. Pelo exposto, ( 3 ,1 ) ( 3 ) / ( 1 ) ,
( ) deve ser nula para certa temperatura min , que não pode ser alcançada através de processos
termodinâmicos macroscópicos. Por outro lado, ( ) deve ser necessariamente uma função
monotonicamente crescente de , isto é, para L H deve-se ter ( L ) ( H ) , caso
contrário, para L H resultaria ( L ) ( H ) , o que implicaria ( L ) / ( H ) 1 e o
rendimento resultaria, portanto negativo, contrariando a Primeira Lei. Pelo exposto, a opção de
( ) 0 e monotonicamente crescente é admissível. Entretanto, qualquer função contínua
( ) monotonicamente crescente, nos permite expressar na forma, ( ) ( ) ( min ) ,
de modo que independentemente do valor numérico de ( min ) tem-se, ( min ) 0 e
( ) 0 para min . Considerando-se que para o ciclo de Carnot os calores trocados devem
satisfazer a equação, QL / QH ( L ) / ( H ) , na hipótese de existir uma temperatura min para
a qual ( min ) 0 , para qualquer motor reversível que opere entre dois reservatórios de
Conforme a demonstração do lema S , existem várias isotermas que podem unir as curvas AR .
Em particular é possível escolher uma isoterma tal que a área do ciclo CEFC seja igual a área do
ciclo FDGF . Tal isoterma tem a propriedade de satisfazer a seguinte identidade,
D E G D
C pdV C pdV E pdV G pdV
38
G F G
E pdV E pdV F pdV
e
D E F G D
C pdV C pdV E pdV F pdV G pdV (3.20)
D F D
Sendo que, C pdV C pdV F pdV , da identidade (3.20) resulta a identidade que segue,
F D E F G D
C pdV F pdV C pdV E pdV F pdV G pdV
Reordenando os termos dessa equação vem,
D D G E F F
F pdV G pdV F pdV C pdV E pdV C pdV
Invertendo os limites de integração das integrais de sinal negativo dessa expressão vem,
D G F E F C
F pdV D pdV G pdV C pdV E pdV F pdV (3.21)
A equação acima expressa a igualdade das áreas dos ciclos considerados. As integrais
correspondentes à processos seqüenciais do tipo CD podem portanto ser substituídas pela soma
39
B
A pdV Nlim
D N
C pdV n Nlim
n 1
E N G
n 1
D
C pdV E pdV G pdV
n
(3.22)
No limite, a soma dos trabalhos dos N processos compostos de processos AR e TR , que têm a
propriedade de compensação das áreas, resulta em um trabalho que é equivalente a área sob a
curva do processo reversível dado. Esse trabalho é precisamente igual ao trabalho máximo
correspondente ao processo reversível dado e, por conseguinte, o processo construído como
limite da seqüência de processos infinitesimais AR e TR é equivalente ao processo AR dado.
B Q
Teorema SC: “A integral A
independe do caminho do processo reversível que une dois estados de
( ) R
equilíbrio A e B quaisquer de um sistema compressível simples”.
Demonstração: Seja o uma temperatura qualquer, que sem perda de generalidade é considerada
menor que as temperaturas respectivas aos pontos A e B , como ilustrado na figura 3.20.
Associada ao estado A existe uma curva AR definida por A ( p,V ) A ( p A ,VA ) cte , que
definida por B ( p,V ) B ( pB ,VB ) cte , que intercepta a isoterma dada no ponto C . O lema
SC precedente nos assegura que o processo reversível que une A a B pode ser representado
por uma seqüência de processos AR e TR que têm a propriedade de compensação de áreas.
Para cada dois pontos E e F , o lema nos mostra que existe uma única isoterma que une os
pontos G e H com essa propriedade. Por outro lado, a partir do ponto E , um ponto J sobre a
isoterma o é determinado pela curva AR definida por E ( p,V ) E ( pE ,VE ) cte e a
partir do ponto F , um ponto I sobre a mesma isoterma é determinado pela curva AR definida
por F ( p,V ) F ( pF ,VF ) cte , de sorte que um ciclo de Carnot elementar GHIJG é
formado, onde os pontos G e H são tais que as áreas EGKE e KFHK igualam-se. Sendo o
processo reversível respectivo a curva EF equivalente ao processo reversível respectivo a
EGHF e os processos EG e HF adiabáticos reversíveis, pode-se escrever o que segue,
Q Q Q Q
EF ( )
R
EGHF ( )
R GH ( )
R ( )
(3.23)
Q N
Q N
Q N
Q
lim lim lim
B
A
( ) R N n 1 EF ( n ) ( ) R N n 1 EGHF ( n ) ( ) R N n 1 ( ) n
Por outro lado, a integral sobre a curva CD é também expressa pela soma que segue,
D Q N
Q N
Qo
lim lim
C
( o ) R N n 1 IJ ( n ) ( o ) R N n 1 ( o ) n
onde Qo é o calor trocado no processo respectivo a curva IJ , o qual é negativo. A soma dessas
integrais nos dá portanto,
B Q D Q N
Q N
Qo
lim lim
A
( ) R C
( o ) R N n 1 ( ) n N n 1 ( o ) n
(3.24)
Q
N
Qo
lim
N
n 1 ( ) ( o ) n
41
Q Qo
0
( ) ( o )
e por essa razão, a integral expressa pela equação (3.24) resulta nula. Entretanto, a integral do
ponto C ao ponto D , ao longo do processo isotérmico à temperatura o nos dá a identidade,
D Qo Q
C
CD
(o ) R (o )
Combinando-se essa expressão com a identidade expressa pela equação (3.24) chega-se a
expressão,
B Q Q
A
CD 0
( ) R (o )
Demonstração: Sejam A e B dois estados localizados sobre o ciclo R dado. Como o ciclo é
reversível, ele é equivalente ao ciclo composto dos processos reversíveis, R1 de A até B e R2 de
B até A , conforme ilustrado na figura 3.21.
Q B Q A Q B Q B Q
( ) A ( ) B ( ) A ( ) A ( ) 0
R R1 R2 R1 R2
42
uma vez que pelo teorema S as duas últimas integrais da equação precedente são iguais a
QCD / ( o ) . Essa identidade, que como vemos é decorrenete do teorema SC , é a expressão
analítica do teorema de Clausius.
3.5.2.4 - Entropia
O teorema do potencial do cálculo diferencial e integral estabelece que a condição necessária e
suficiente para que uma integral independa do caminho de integração, é que seu integrando seja
uma diferencial exata. O teorema SC nos assegura que QR / ( ) é uma diferencial exata.
Segue-se que deve existir uma função diferenciável S S ( p ,V ) tal que,
Q
dS (3.25)
( ) R
Integrando-se essa equação entre dois estados de equilíbrio quaisquer (1) e (2) vem,
2 2 Q
S 2 S1 dS . Essa função é denominada de entropia (palavra grega que significa
1 ( )
1
R
“desordem interna”), denominação que será posteriormente justificada. Como conseqüência da
existência de S , segue-se que num processo reversível o calor trocado é necessariamente
expresso pela equação
Observe-se que QR é uma diferencial inexata, pois esta depende do caminho do processo, tal
qual o trabalho mecânico. No entanto ( 1 / ( ))QR se transforma em diferencial exata, o que
significa ser o fator 1 / ( ) o próprio fator de integração de QR .
Unicidade de entropia:
Num processo adiabático reversível, QR ( )dS 0 . Sendo ( ) é uma função positiva,
resulta que dS 0 e, portanto que S ( p ,V ) é constante. A mesma demonstração utilizada na
secção 3.4 da unicidade de curvas adiabáticas pode ser adotada para demonstrar a unicidade da
entropia. Com efeito, suponha-se existirem duas funções de entropia, a saber, S1( p,V ) c1 e
S2 ( p,V ) c2 , cujas curvas respectivas passem pelo ponto de um estado A especificado. Seja
uma isoterma ( p,V ) cte , que não passe pelo ponto A . Sendo isotermas independentes das
curvas AR determinadas por entropia constante, a isoterma dada necessariamente cruzará com
essas curvas de entropia constante em pontos distintos B e C . A curva AR que liga A a B
determinada por S1 , a curva que une B e C determinada pela isoterma dada e a curva AR que
liga C a A determinada por S2 , formam um ciclo térmico. A Primeira Lei nos dá,
W
W Q QAB QBC QCA
Considerando-se que QAB e QCA são nulos, resulta que o trabalho do processo cíclico é igual ao
calor trocado com um único reservatório de calor na temperatura dada, o que nega o postulado
K P.
QI
dS (3.27)
( )
2 QI
S2 S1 (3.28)
1 ( )
QI
dS ( )
QI
( ) 0 (3.29)
QI WP
dS (3.30)
( )
como WP 0 , pode-se afirmar que a equação (3.30) é equivalente a própria desigualdade de
Clausius dada por (3.27). Da equação (3.30) conclui-se que a entropia somente poderá decrescer
se o sistema perder calor. Note-se que essa demonstração alternativa do teorema de Clausius não
pode prescindir da escala termodinâmica derivada da teoria do ciclo de Carnot e, portanto, dos
teoremas MC e RC e seus respectivos corolários.
45
Para orientação do leitor, os esquemas lógicos da teoria da Segunda Lei são ilustrados nas figuras
3.22 (a) e 3.22 (b).
Fig. 3.22 (a) – Fluxograma da teoria respectiva à existência da entropia derivada do postulado de
Carathéodory (secção 3.5.1)
46
Fig. 3.22 (b) – Fluxograma da teoria respectiva à existência da entropia derivada do ciclo de
Carnot (secção 3.5.2)
47
TH / TL ( V3 / V2 )k 1 ( V4 / V1 )k 1
uma vez que os processos unindo os estados (2) e (3) e os estados (4) e (1) correspondem as
mesmas temperaturas inicial e final. Segue-se dessas identidades que V3 / V2 V4 / V1 ou
48
QL ( L ) TL
QH ( H ) TH
Para que a escala de ( ) nos dê o mesmo rendimento do ciclo de Carnot expresso na escala
Kelvin, é suficiente que ( ) a aT , onde a é uma constante positiva. Segue-se que para
a igual a unidade, a escala termodinâmica coincide com a escala Kelvin. Para essa escala, como
vemos, min Tmin 0 K .
R 1 TL / TH (3.31)
R QL /( QH QL ) TL /( TH TL ) (3.32)
R QH /( QH QL ) TH /( TH TL ) (3.33)
se, Tg 273,15 e Tv 373,15 , resultados esperadamente idênticos àqueles obtidos por Kelvin
Para um motor de Carnot que opere entre reservatórios de calor nos pontos fixos do gelo e do
vapor, L g e H v e, por conseguinte tem-se,
( g ) / ( v ) 1 R 0,732
( v ) ( g ) N
min seja arbitrado. Observe-se que a escala definida pela função f , ressalvada a necessidade de
arbitrar min , passa a ser uma escala absoluta, à medida que as temperaturas desta escala são
independentes da substância de trabalho da máquina reversível.
f ( g M ) f ( g ) ( v ) ( g ) N
v ln( a min
3,7315 N ) / ln a
g ln( a min
2,7315 N ) / ln a
de onde resulta,
( v g ) ln ( a min
3,7315 N ) /( a min 2,7315 N ) / ln a
Para M dado, deve ser escolhido de modo que o denominador seja positivo. Note-se que o
tamanho do grau dessa escala é variável com a temperatura. Para M ln a 0,311959 essa
equação nos dá N infinito e para a 2 e M 100 resulta, 0,004501 . Arbitrando-se
51
U U
dU dS dV
S V V S
U U
( ) ( S ,V ) e p p( S ,V )
S V V S
U
T T ( S ,V ) . Por conseguinte, o conhecimento da função U permite-nos conhecer
S V
U
diretamente T e p . Sendo T 0 , resulta que 0 e, portanto, pelo teorema da função
S V
inversa, é possível obter S S (U ,V ) . Do cálculo tem-se,
S U
1
U V S V
S
de onde se pode escrever, 1 / T e, portanto, conclui-se que T T (U ,V ) . Do cálculo
U V
tem-se ainda a relação de derivadas que segue,
S U U
p /T
U V V S S V
U à luz do lema de Joule, enquanto que U e V figuram como variáveis independentes, o que
nos permite determinar a temperatura e portanto a pressão, através das derivadas da entropia
como uma função de U e V .
Essa equação nos revela que a variação de entropia decorre não somente da troca de calor mas
também de fatores de irreversibilidade dos quais resultam trabalho perdido.
(iii) Num processo adiabático irreversível, a equação (3.37) é reduzida a expressão
dS WP / T 0 . No processo adiabático irreversível a entropia necessariamente cresce. Segue-
se que para dois estados de equilíbrio (1) e (2), S2 S1 .
(iv) A desigualdade de Clausius nos revela também, que para dois estados de equilíbrio (1) e (2),
existem vários processos que unem esses estados dados, dentre os quais, como vimos, também
processos reversíveis. Independentemente da natureza desses processos, S2 S1 é determinada
apenas pelos estados de equilíbrio inicial e final. O lema C , demonstrado anteriormente, assegura
a mensurabilidade da entropia, uma vez que dados dois estados de equilíbrio quaisquer é sempre
possível unir esses estados por um processo reversível, para o qual a variação de entropia é
calculada pela equação,
2 Q
S 2 S1 1
T R
Todavia, se o processo for irreversível, o calor trocado entre estados (1) e (2) será menor que o
correspondente ao processo reversível, pois fatores internos de irreversibilidade contribuem para
variar a entropia, a qual, segundo a integração da equação (3.37), é expressa pela equação,
2 QI 2 WP
S 2 S1 1 1
T T
53
dU ( p ,V ) p( V )dV
dS (3.38)
T ( p ,V )
Portanto,
2 dU pdV
S 2 S1 1 (3.39)
T
Entropia específica: Por definição, S é uma propriedade termodinâmica extensiva, pois o calor é
uma quantidade extensiva. Define-se a entropia específica por s S /m, onde
s( p ,v ) s( p ,V ) S ( p ,V ) / m , uma vez que para cada valor de V está associado um único
valor de v .
Unidade: Por decorrência da definição de entropia, sua unidade será expressa em energia por grau
absoluto, que no sistema internacional é kJ / K . A entropia específica terá por unidade
kJ / kgK , que é a unidade de calor específico.
u u
du ds dv (3.41)
s v v s
u
T T ( s ,v )
s v
u
p p( s ,v )
v s
h h
dh ds dp (3.44)
s p p s
h
T T( s, p )
s p
h
v v( s , p )
p s
Conforme mostra o diagrama, para cada estado de saturação determinado por p ou T dados,
s ( p ) e sv ( p ) ficam determinados. A entropia em qualquer ponto interior à região de saturação
é determinada por s s ( 1 x ) sv x .
57
u s
T
T v T v
s
cv T (3.45)
T v
h s
T
T p T p
s
cp T (3.46)
T p
T
segundo a equação (3.46) é expresso por T / c p . Considerando que cv é menor que c p
s p
segue-se que o coeficiente angular respectivo a curva de volume constante é maior que o
coeficiente angular respectivo a curva de p constante e, por conseguinte, as curvas de volume
constante no diagrama da figura 3.24 são mais inclinadas que as curvas de pressão constante.
58
h
coeficiente angular da curva h h( s , p ) para p constante e v é claramente a variação
p s
da entalpia com a pressão ao longo de uma linha vertical de entropia constante.
2
( Q1 2 )R 1 TdS
2
( q1 2 )R 1 Tds
2 2
Q1 2 1 TdS TH 1 dS TH ( S2 S1 )
60
4 4
Q3 4 3 TdS TL 3 dS TL ( S4 S3 )
W R W R Q Q1 2 Q3 4 TH ( S 2 S1 ) TL ( S2 S1 ) ( TH TL )( S 2 S1 )
w W / m ( TH TL )( s2 s1 )
W Q QH QL 0
Q 2 Q 3 Q 4 Q 1 Q 1 2 1 4 Q1 2 Q3 4
1 2 3 4 Q 0 3 Q 0 T
T R T T T T TH 1 TL H TL
Q QH QLR
T T T
R H L
QLR TL
Considerando-se que por definição de escala termodinâmica de temperatura, , essa
QH TH
Q QH QLI QH QLR
T I TH
TL
TH
TL
0
ou equivalentemente,
61
Q
T 0
I
Q
S gen 0 (3.47)
T I
onde S gen é aqui denominada de geração de entropia por volta do ciclo. Quanto mais
irreversível for o ciclo, isto é, quanto mais WI diferir de WR , maior será o valor de S gen , pois
maior será QLI em relação a QLR . Para um ciclo irreversível a integral cíclica nos dá,
QLI QH
S gen
TL TH
de onde vem,
TL
QLI QH TL S gen
TH
e portanto,
T
WI QH QLI 1 L QH TL S gen
TH
Essa equação nos mostra que WI é tanto menor quanto maior for S gen . Entretanto, S gen é
limitada superiormente pelo valor mínimo da desigualdade de Clausius, que corresponde ao ciclo
para o qual WI 0 , isto é, QLI QH e, por conseguinte,
Q 1 1
min QH (3.49)
T I TH TL
62
1 1
máx S gen QH
TL TH
TL S gen
I R (3.50)
QH
A equação (3.50) representa uma reta de I como função de S gen , cujo coeficiente angular é
igual a TL / QH , conforme ilustrada na figura 3.28(a). Essa figura nos mostra que para
S gen 0 resulta I R e para S gen máximo resulta I 0 . A figura 3.28(b) ilustra a
W Q QH QL 0
Q QH QL
T T T
H L
Q QHI QL QHR QL
T T T T T 0
I H L H L
A exemplo da desigualdade de Clausius para um ciclo motor, essa integral, como vemos, resulta
negativa.
Q QHI QL
S gen
T TH TL
TH
QHI QL TH S gen
TL
TH
WI QHI QL QL QL TH S gen
TL
ou ainda,
T TL
WI QL H TH S gen
TL
QL
WI TH S gen
R
QL QL
TH S gen
I R
1 1 TH S gen
(3.51)
I R QL
Essa equação é geometricamente representada na figura 3.29(a) como uma reta, em que 1 / é
expressa como função de S gen , cujo coeficiente angular é igual a TH / QL . A figura 3.29(b)
equação (3.51) nos mostra que quanto maior for o valor numérico de S gen , maior será o valor
de onde vem,
cvo ( T )dT dv
ds R (3.52)
T v
Integrando-se essa diferencial entre os estados especificados por ( T1 ,v1 ) e ( T2 ,v2 ) resulta
T2 cvo ( T )dT v
s2 s1 R ln 2 (3.53)
T1 T v1
dp
Tds c po ( T )dT RT
p
de onde vem,
c po ( T )dT dp
ds R (3.54)
T p
Integrando-se essa diferencial entre os estados especificados por ( p1 ,T1 ) e ( p2 ,T2 ) vem
T2 c po ( T ) p
s2 s1 dT R ln 2 (3.55)
T1 T p1
T v
s2 s1 cvo ln 2 R ln 2 (3.56)
T1 v1
T p
s2 s1 c po ln 2 R ln 2 (3.57)
T1 p1
É fácil verificar que se o processo for adiabático reversível, isto é, isentrópico, resultam das
equações (3.56) e (3.57) as equações respectivas que seguem
k 1
T2 v1
(3.58)
T1 v2
k 1
T2 p2 k
(3.59)
T1 p1
Essa equação é conhecida pelo nome de adiabática de Poisson e k é o coeficiente de mesmo nome.
Na situação de o calor específico ser considerado variável, um estado qualquer especificado por
T e v é relacionado a um estado de referência especificado por To e vo , através da equação
(3.56) como segue,
T cvo ( T ) v
s so dT R ln (3.60)
To T vo
Para estados especificados por p , T e po , To , a equação (3.57) toma a forma que segue,
67
T c po ( T ) p
s so dT R ln (3.61)
To T po
Segue-se que para dois estados de entropia constante e igual a so , as equações (3.60) e (3.61) nos
permitem escrever, respectivamente,
v 1 T c (T )
ln vo dT (3.62)
vo R To T
p 1 T c (T )
ln po dT (3.63)
po R To T
As equações (3.62) e (3.63) podem ser expressas em termos das variáveis relativas adimensionais,
definidas por vR v / vo e pR p / po . Substituindo-se cvo c po R na equação (3.62) pode-se
T c po ( T )
onde, sTo dT .
To T
A equação (3.63) por sua vez pode ser escrita como segue
ln p / po ln pR sTo / R (3.65)
Pelo exposto, pode-se concluir que a partir de um estado qualquer definido por vo e To , é
s so T R v
ln ln (3.68)
cvo To cvo vo
T v k 1 s s
ln o
(3.69)
To vo cvo
de onde
k 1
T vo s so
exp (3.70)
To v cvo
Demonstração análoga pode ser utilizada para reduzir a equação (3.61). Com efeito,
considerando-se c po constante e que R / c po ( k 1 ) / k , pode-se mostrar que essa equação é
equivalente a expressão que segue,
k 1
T p k s so
exp (3.71)
To po c
po
69
A equação (3.70) nos mostra que a temperatura como função de s e v é uma função
exponencial de s para v constante. A equação (3.71) por sua vez, nos mostra que a temperatura
como função de s e p é uma função exponencial de s para p constante. A figura 3.30 ilustra
duas curvas, uma isométrica e outra isobárica no diagrama T s . O calor específico à volume
s cvo
constante, conforme a equação (3.45) nos permite escrever, . Vê-se nessa figura
T v T
que cvo / T tg é o coeficiente angular da reta tangente a curva de s como função de T ,
s c po
considerando-se o volume constante. Da equação (3.46) tem-se analogamente, ,
T p T
onde c po / T tg que é o coeficiente angular da reta tangente a curva de s como função de T ,
considerando-se a pressão constante. Sendo c po cvo , a curva isobárica resulta menos inclinada
que a curva isométrica, fato que também pode ser constatado para o caso de um fluido real. A
figura 3.30 ilustra geometricamente os coeficientes angulares respectivos a curva isobárica e a
isométrica, as quais se cruzam num ponto dado.
Para o caso de o calor específico ser variável, a curva de temperatura como função da entropia
para um proceso isométrico é determinada pela equação (3.60). Para tanto, o valor numérico do
volume é especificado e a temperatura é considerada como variável independente, de modo que
especificando esta temperatura, calcula-se a integral da equação (3.60) e então a entropia. A curva
70
de temperatura como função da entropia para processo isobárico é determinada pela equação
(3.61) aplicando-se o mesmo procedimento respectivo ao processo isométrico.
Segue-se que
y p( x )x (3.72)
d dy pdx xdp
Sendo dy pdx essa equação nos dá, d xdp , o que sugere ser função de p , além do
que,
x d / dp
dp d 2 y
0 . O teorema da função inversa nos assegura que se pode explicitar x como função
dx dx 2
de p e, portanto,
y( x ) p( x )x y( x( p )) px( p ) ( p )
y px (3.73)
dx d 2
0 e, por conseguinte, pelo teorema de função inversa, é possível obter-se
dp dp 2
p p( x ) . Segue-se que,
y px ( p ) px ( p( x )) p( x )x y( x ) (3.74)
72
d 2 y dp
Como exemplo ilustrativo tome-se a função y x . Nesse caso p( x ) 2 x e
2
2 0.
dx 2 dx
É óbvio que x p/2 é a inversa desejada. Por conseguinte,
2
p p p2
y px x px p
2
e, portanto, . A inversa é obtida através de
2 2 4
d 2 1 d p
x d / dp . Como 2
0 resulta que existe x x( p ) . Com efeito x e
dp 2 dp 2
2
p2 2x
portanto p 2 x . Logo y px px 2 x x 2 2 x 2 x 2 . A reprodução
4 4
da função y x 2 por suas tangentes é mostrada na figura 3.31.
A transformação parcial em relação a x é definida tal como no caso de uma variável por,
x z( x , y ) px (3.75)
z
onde p p( x , y ) .
x
x x x x
Como d x dp dy resulta que x e q . Note-se que a parte
p y p p
funcional de y é preservada na representação funcional de x , visto que a derivada parcial de
73
2z p 2 z
relativamente a y é q . Supondo-se que 0 , segue-se que 0 . Pelo teorema da
x 2 x x 2
função inversa é possível explicitar x x( p , y ) . Segue-se pois que
x z( x , y ) p( x , y )x z( x( p , y ), y ) px( p , y ) x ( p , y ) .
2 x x 2 x
A inversão de x pode ser conseguida admitindo-se 0 . Segue-se que 0
p 2 p p 2
e pelo teorema da função inversa resulta que é possível explicitar p p( x , y ) . Por conseguinte,
pela equação (3.75) vem,
z x ( p , y ) px x ( p( x , y ), y ) p( x , y )x
Nessa figura, o conjunto das retas tangentes determinadas pelos coeficientes angulares
respectivos, reproduz as curvas resultantes das intercessões da superfície com os planos verticais
correspondentes a coordenadas constantes.
74
z
Como exemplo ilustrativo, seja z x 2 y 2 xy . Portanto p( x , y ) 2x y e
x
z p 2 z
q( x , y ) 2 y x ; 2 0 . Segue-se que é possível inverter x x( p , y ) . De
y x x 2
y p
fato, x . A transformação parcial em x é, pois,
2
x z( x , y ) p( x , y )x x 2 y 2 xy ( 2 x y )x x 2 y 2 xy 2 x 2 xy
de onde vem,
2
y p
x x y
2 2
y
2
2
x y p
Por conseguinte, x como esperado e
p 2
x y p x 2 1
2 y 2 y x q . Note-se que 2x 0 , o que assegura a
y 2 p p 2
inversão de p como função de x e y . Realmente, p 2 x y . A transformação inversa é
obtida como segue,
2
y p
z x px y px x y ( 2 x y )x x y 2 x xy x y xy
2 2 2 2 2 2 2 2
2
g( x , y , z ) a( x x0 ) b( y y0 ) z z0 0
onde a e b são constantes. Para que esse plano passe pelo ponto de coordenadas x0 y0 0 e
g ( x , y , z ) ax by z xy 0
Para que o plano seja tangente à superfície em cada ponto ( x , y ) dado, ele deve ser
perpendicular ao vetor normal a superfície no ponto considerado. Esse vetor normal é
proporcional ao vetor gradiente da representação implícita da superfície dada por
f ( x , y , z ) z z( x , y ) 0 . Por definição do gradiente de f vem
f f f
grad f , , ( p , q ,1 )
x y z
Note-se que no cálculo das derivadas parciais de f , x , y e z são tratadas como variáveis
independentes.
Para que o plano seja perpendicular a esse vetor, é suficiente que o vetor normal ao plano seja
paralelo ao vetor grad f , ou seja, grad f deve ser paralelo a grad g , que é expresso como
segue,
g g g
grad g , , ( a ,b ,1 )
x y z
76
Por conseguinte, é suficiente que a seja igual a p e b seja igual a q . Portanto a equação do
plano assume a forma g ( x , y , z ) px qy z xy 0 . Segue-se que a ordenada de
3.8.2.1 - Entalpia
Seja o caso da transformação de u( s ,v ) em relação ao volume v , substituindo-se este pela
u
derivada p . A Primeira Lei nos dá,
v s
u u
du dv dv Tds pdv
s v v s
u
onde T . Observe-se que p no presente caso representa o coeficiente angular da
s v
energia interna como função de v para s constante. Por conseguinte, a definição de
transformação parcial de Legendre nos dá,
uv u ( p )v u pv h( s , p )
h
T (3.78)
s p
77
h
v (3.79)
p s
u
temperatura T . A definição de transformação parcial de Legendre nos dá,
s v
us u( s ,v ) Ts f ( T ,v )
78
f
s (3.81)
T v
f
p (3.82)
v T
u sv u pv Ts g( p ,T )
g
v (3.84)
p T
g
s (3.85)
T p
dz p( x , y )dx q( x , y )dy
z z
onde p( x , y ) e q( x , y ) . A condição de Schwarz de integrabilidade dessa
x y y x
forma diferencial é expressa pela igualdade de derivadas cruzadas,
2 z 2 z
xy yx
p z 2 z 2 z z q
y y x yx xy x y x
p q
Uma relação de derivadas do tipo envolvendo propriedades termodinâmicas é
y x
denominada de relação de Maxwell, no presente caso, associada à função z .
u u
Para a energia interna da Primeira Lei nos dá, du Tds pdv , onde T e p .
s v v s
Da condição de Schwarz vem,
80
T u 2u 2u u p
v s v s v s vs sv s v s v s v
T p
(3.86)
v s s v
Para a entalpia, a equação (3.77) nos dá, dh Tds vdp . Das equações (3.78) e (3.79) tem-se,
T h 2 h 2h h v
p s p s ps sp s p s p
T v
(3.87)
p s s p
Para o potencial de Helmholtz, a equação (3.80) nos dá, df pdv sdT . Das equações (3.81)
e (3.82) tem-se,
p f 2 f 2 f f s
T v T v Tv vT v T v T
p s
(3.88)
T v v T
Para a energia livre de Gibbs, a equação (3.83) nos dá, dg vdp sdT . Das equações (3.84) e
(3.85) tem-se,
g
v
2g
2 g g
s s
T p T p Tp pT p T p p T
v s
(3.89)
T p p T
Para identificar o potencial associado a uma relação de Maxwell dada, basta observar as variáveis
consideradas constantes nas derivadas parciais, as quais são precisamente as variáveis
independentes associadas ao potencial dado. Essas relações, como veremos, serão úteis para
reduzir derivadas parciais da termodinâmica em termos das propriedades termodinâmicas c p ,
e kT .
s s
ds dT dv (3.90)
T v v T
s cv
A definição de calor específico expressa pela equação (3.45) nos dá, . Esta
T v T
identidade, a relação de Maxwell expressa pela equação (3.88) e a equação (3.90) nos permitem
escrever o que segue,
cv p
ds dT dv (3.91)
T T v
cv ( ,T ) F d
ds dT R 2
T T
cv ( ,T )dT d F d
ds R
T T 2
T cvo ( T ) F d
s so dT R ln 2 (3.92)
To T o 0 T
Note-se que para um gás ideal, F 0 . Considerando-se dois estados à ( T1 ,v1 ) e ( T2 ,v2 ) , onde
1 1 / v1 e 2 1 / v2 , a equação da diferença de entropia calculada pela equação (3.92) no dá a
expressão que segue,
T2 cvo ( T )dT v
s2 s1 R ln 2
T1 T v1
s s
ds dT dp (3.93)
T p p T
Da definição de calor específico expressa pela equação (3.46) e da relação de Maxwell expressa
c p dT v
pela equação (3.89) segue-se que ds dp ou ainda em termos de ,
T T p
cp
ds dT v dp (3.94)
T
T2 c ( T )dT
s2 s1 (3.95)
T1 T
onde c p cv c( T ) .
s s
c p cv T (3.96)
T p T v
Pondo-se s s( T ,v ) vem,
s s v s T
T p v T T p T v T p
s v
c p cv T
v T T p
s p
A relação de Maxwell (3.88) nos dá, e portanto a expressão precedente nos dá,
v T T v
p v
c p cv T
T v T p
p v v
T v T p p T
p
Substituindo-se dessa identidade na equação precedente e as derivadas resultantes das
T v
definições de e kT , expressas respectivamente pelas equações (2.22) e (2.35) vem,
2Tv
c p cv (3.97)
kT
3.10.2 - Diferencial de u( T ,v )
u
No cálculo de u através de sua diferencial expressa pela equação (2.116), a derivada pode
v T
ser reduzida como segue. A Primeira Lei expressa em função da entropia nos dá,
du Tds pdv , de onde se pode escrever,
u s
T p
v T v T
u p
T p (3.98)
v T T v
Essa identidade foi utilizada para obter a diferencial expressa pela equação (2.119), a partir da
qual integrou-se a energia interna u( T ,v ) .
s
A equação (3.45) nos dá, cv T , de onde se pode escrever,
T v
cv s s
T T
v T v T v v v T
85
s p
A equação (3.88) nos dá, T , o que nos permite escrever a derivada da expressão
v T T v
precedente como segue,
cv 2 p
T 2 (3.99)
v T T v
cv cv d d d 1 1
Por outro lado, e 2 2 . A equação (3.99) toma a forma que
v dv dv dv v v
segue,
c 2 p
2 v T 2 (3.100)
T T
2 p 2 2 F
2 ( RT F ( ,T )) 2
T T T
2
cv T 2F
2 2 (3.101)
T T
2F
Note-se que 2 é de ordem O( 2 ) para tendendo a zero, pois as derivadas em T não
T
afetam a ordem em . A equação (3.101) nos permite escrever a diferencial que segue,
cv T 2F
dcv |T d 2 2 d
T T
F d
2
cv ( ,T ) cv ( 0 ,T ) 0 dcv T 0 2 2 (3.102)
T
F d
2
cv ( ,T ) cvo ( T ) T 2 2 (3.103)
0
T
c p s s
T
p T p T p T T p T p
c p v 2v
T T 2
p T T T p p T p
e, portanto
c p 2v
T 2 (3.104)
p T T p
c 2v
dc p | T p dp T 2 dp T
p T T p
p v
2
c p ( p ,T ) c po ( T ) T 2 dp T
0
T p
p p F
onde c po ( T ) c p ( 0 ,T ) . Sendo dp T e RT , essa expressão pode ser
T T T
reduzida a uma integral em termos da viarável diferencial como segue,
v F
2
c p ( p ,T ) c po ( T ) T 2 RT d (3.105)
0
T p T
v p p
(3.106)
T p T v v T
Aplicando a essa equação a regra de derivação da razão entre duas funções chega-se a expressão,
2v p p 2 p p p
2
2
T p T T v p v T vT T v v T
onde,
p 2 p 2 p v
2
T T v p T v Tv T p
p 2 p p 2 p p p
T 2
T v p T v v T Tv T v v T
2v 2 p p 2 p p p
2
p p d p 1 p
2 2 (3.108)
v T T dv T v T
2 p p 2 p 2 p
2
(3.109)
vT T v T T
T T
2 p p 2 p 1
2 2
v T v v T T T v
(3.110)
2
2 p p 2 p
2
2 2
2
T T T T
p p
(3.111)
T v T
2 p 2 p
2 2 (3.112)
T v T
2v 2 p p 2 p p 2 p 2
2 2 2 (3.113)
T
p T T T T T
p F p F 2 p 2F
RT ; R ; 2 2
T T T T T T
2 p 2F 2 p 2F
R ; 2 2
T T T T
Pelo exposto, pode-se ver que todas as derivadas foram reduzidas a derivadas parciais da parte
real F ( ,T ) da equação de estado do gás. Note-se que o integrando da equação (3.105) é
regular, pela razão de que a expressão do numerador da equação (3.113), como se pode verificar é
um infinitésimo de segunda ordem em 0 , assim como também o é, o produto presente no
numerador dessa equação.
T
J (3.114)
p h
T h h
p h p T T p
h s
T v
p T p T
s v
A relação de Maxwell (3.89) nos dá, e, por conseguinte, a expressão anterior
p T T p
nos permite escrever,
T v h
T v
p h T p T p
90
v h
Substituindo-se por sua expressão da equação (1.22) e por sua expressão da
T p T p
equação (2.30), obtém-se a equação que segue,
v( T 1 )
J (3.115)
cp
T T T
dT dp ds dp
p s s p p s
T s s
p s p T T p
s cp
onde . Eliminando-se a derivada do numerador através da relação de Maxwell
T p T
(3.89) tem-se,
s v
v (3.116)
p T T p
T vT
Segue-se das últimas três derivadas a expressão, , a qual nos permite expressar a
p s cp
variação da temperatura como segue,
vT
dT dp (3.117)
cp
91
1 v
k s (3.118)
v p s
v s s
p s p v v p
Substituindo-se o numerador por sua expressão da inversa da relação de Maxwell dada pela
equação (3.86) e o denominador por sua expressão da inversa da relação de Maxwell dada pela
equação (3.87) resulta
v v p v T
(3.119)
p s T s T s T s p s
Note-se que a entropia permanece como variável independente. Para tornar a entropia função no
numerador e no denominador da derivada de v relativamente a T , utiliza-se a regra de derivação
de função implícita expressa na forma,
v s s
T s T v v T
v s T s
(3.120)
p s T v p s v T
s p
/ kT
v T T v
s
cv / T
T v
T
Entretanto, conforme foi provado na secção 3.10.5, vT / kT . Segue-se dessas três
p s
identidades e da equação (3.120) a relação,
v k cv
T v
p s cp
k s kT cv / c p (3.121)
Essa equação nos mostra que o coeficiente k s não é uma propriedade termodinâmica
e kT .
Adicionalmente tem-se,
s s
ds dp dv 0
p v v p
Tomando-se as inversas das relações de Maxwell (3.86) e (3.87), a diferencial precedente pode ser
expressa como segue,
v p
dp dv 0
T s T s
p v
dp dv 0
T s T s
93
p
a qual pode ser escrita na forma, dp dv 0 . Dividindo-se essa última equação por p
v s
chega-se a expressão,
dp v p dv
0
p p v s v
v p
Defina-se o coeficiente de expansão isentrópica por, k . A equação (3.118) nos permite
p v s
expressar esse coeficiente na forma, k 1 / p k s . Essas três últimas identidades nos permitem
expressar a diferencial precedente como segue,
dp dv
k 0 (3.122)
p v
Essa equação, deduzida para o caso de gás real é a equivalente da equação (2.94) correspondente
ao processo politrópico de gás ideal, particularizada para o caso de processo adiabático quase-
estático em que c 0 e n k c po / cvo . Da equação (3.121) vem k 1 / pk s ( c p / cv ) / kT p .
s
entropia tem-se, ds |T dp . Da relação de Maxwell expressa pela equação (3.89) vem,
p T
v
ds |T dp e da equação (1.22) tem-se
T p
ds |T v dp (3.123)
u
Para a energia interna tem-se que du T dp . Do cálculo infinitesimal pode-se escrever,
p T
u u v
p T v T p T
94
u p v
T p (3.124)
p T T v p T
Essa identidade foi utilizada no Volume II para se obter a diferencial da entalpia em função da
temperatura e da pressão. Entretanto,
p v v
v
T v p T T p
v
onde kT v . Por conseguinte, a diferencial da energia expressa em termos da identidade
p T
(3.124) pode ser escrita na forma que segue,
du T v( kT p T )dp (3.125)
T u u
(3.126)
v u v T T v
u p
A equação (3.98) nos dá, T p ou ainda,
v T T v
u
T p
v T kT
95
u
Sendo cv , a equação (3.126) pode ser escrita como segue
T v
( pkT T )
dT dv (3.127)
cv kT
s
ds u dv
v u
s u u
v u v s s v
u u s p
onde T e p . Segue-se que, , de modo que a diferenciald a
s v v s v u T
entropia pode ser expressa na forma,
p dv
ds (3.128)
T
constante, o volume específico da água diminui com a temperatura, para temperaturas inferiores a
4oC e aumenta para temperaturas superiores a esta. Por conseguinte, no ponto de mínimo volume
específico o coeficiente de dilatação é nulo. Em outras palavras, esse coeficiente é negativo para
temperaturas inferiores a 4oC e positivo para temperaturas superiores a esta temperatura. Esta é a
razão de a entropia do líquido comprimido aumentar com a pressão, para temperatura igual a 0oC
e crescer com esta, para as temperaturas constantes da tabela A.2.4. O fato de a entropia não
variar com a pressão para a temperatura de 4oC, explica a razão de as curvas isobáricas se
cruzarem no ponto do diagrama T s localizado sobre a linha de líquido saturado
correspondente a essa temperatura. Em outras palavras, nesse ponto, várias pressões
correspondem ao mesmo valor numérico da entropia.
vv p v v s vv
v T
v
dv dv ds T sv s
v v
T v
p
Entretanto, considerando-se que nesse processo a derivada não depende de v , mas tão
T v
somente a relação entre pressão e temperatura, segue-se que,
vv p p vv dp
v T
v
dv
T v v
dv
dT
( vv v )
Combinando-se essa integral com o resultado da integral precedente, pode-se escrever o que
segue
dp
( sv s ) /( vv v ) (3.129)
dT
Essa equação é denominada de equação de Clausius- Clapeyron. Considerando-se que num processo
de mudança de fase, o calor trocado é igual a variação da entalpia, para um processo reversível
pode-se escrever T ds q p dh . Integrando-se essa equação entre o estado de líquido saturado
97
dp
( hv h ) / T ( vv v )
dT
Particularmente para pressões muito baixas em relação a pressão crítica, o vapor saturado
comporta-se como um gás ideal, de modo que vv RT / p . Para essa condição, a diferença de
entalpia, que é o próprio calor latente de vaporização, varia moderadamente com a temperatura,
de modo que se pode considerá-la praticamente constante. Por outro lado, o volume específico
do vapor saturado é muito maior do que o volume específico do líquido saturado, o que nos
permite desconsiderar este último. Por conseguinte, a equação diferencial precedente pode ser
expressa na forma que segue,
dp
( hv h ) p / RT 2
dT
dp
( hv h )dT / RT 2
p
ln p hv / RT C
onde C é uma constante arbitrária. Essa equação sugere que para pressões muito baixas em
relação a pressão crítica pode-se ajustar dados de pressão e temperatura pela correlação que segue
ln p A / T B (3.130)
onde A e B são constantes a determinar utilizando-se uma técnica de ajuste. A equação (3.130)
é correntemente denominada de equação de Antoine.
98
cp v
ds dT dp (3.131)
T T p
Integrando-se essa diferencial ao longo do caminho de integração ilustrado na figura 2.14 obtém-
se
T cp ( T , p ) p v
s so ( po ,To ) dT dT (3.132)
T p o T
To
po p T
p
Somando-se e subtraindo-se po
R dp / p à equação (3.132) pode-se escrever o que segue
T cp ( T , p ) p p R v dp
s so dT R ln (3.133)
To T po po po p T p p
T c po ( T ) p
s ( T , p ) so dT R ln (3.134)
To T po
v Z ZR
RT p
T p T p p
p R R Z RT Z p
Z dp
po 0 po p po 0 po
s s lim dp lim ( 1 Z ) T (3.135)
p p T T p
p
p
Z
portanto Z 1 BT p e B' T p , de modo que integrando da equação (3.135) é
T p
regular para p0 0 . A integral da equação (3.135) expressa em termos das variáveis reduzidas
pode ser escrita na forma que segue
( s s ) pr Z dpr
( 1 Z ) Tr (3.136)
R 0
Tr pr pr
( s s ) ( s s )o ( s s )1
(3.137)
R R R
( s s )o pr Z dp
( 1 Z o ) Tr o r (3.138)
R 0
Tr p r pr
( s s )1 pr Z dp
Z 1 Tr 1 r (3.139)
R 0
Tr p r pr
A regularidade dos integrandos dessas equações é assegurada pela regularidade dos integrandos
respectivos a Z o e Z R , visto que por definição, Z 1 ( Z R Z o ) / R . Tal qual foi feito no cálculo
100
3.11.2 - Fugacidade
A teoria do equilíbrio de fase e a teoria de soluções químicas, requerem o conhecimento da
função de Gibbs. Para o caso de sistemas com um componente apenas, a função de Gibbs foi
definida na secção 3.7.2.3, cuja diferencial é expressa por dg vdp sdT . Para um processo
isotérmico pode-se escrever o que segue
dg T vdp (3.140)
dg T RT d (ln p ) (3.141)
g g o RT ln( p / po ) (3.142)
pressão. Essa diferencial e a diferencial expressa pela equação (3.141) nos permite escrever o que
segue
dg T dg T Z RT dp / p RT dp / p ( Z 1 )RT dp / p
Comparando-se essa expressão com a equação (3.143) pode-se escrever o que segue
d ln( f / p ) ( Z 1 ) dp / p (3.144)
p
ln( f / p ) ( Z 1 ) dp / p T (3.145)
0
O limite dessa equação quando p tende a zero é zero, uma vez que como foi demonstrado
anteriormente Z 1 é um infinitésimo de primeira ordem na vizinhança de p 0 . Por
conseguinte, f tende a p quando a pressão tende a zero.
p p
ln( f / p ) ( Z o 1 ) dp / p T Z 1 dp / p T (3.146)
0 0
Substituindo-se p e T por suas respectivas variáveis reduzidas, essa equação pode ser escrita na
forma
pr pr
ln( f / p ) ( Z o 1 ) dpr / pr Tr Z 1 dpr / pr Tr (3.147)
0 0
pr
ln( f / p )o ( Z o 1 ) dpr / pr Tr (3.149)
0
pr
ln( f / p )1 Z 1 dpr / pr Tr (3.150)
0
pr pr
( g g ) T RT ln( f / p ) RTrTc ( Z o 1 ) dpr / pr Tr RTrTc Z 1 dpr / pr Tr (3.151)
0 0
onde
pr
( g g )o / RTc Tr ( Z o 1 ) dpr / pr Tr Tr ln( f / p )o (3.153)
0
pr
( g g )1 / RTc Tr Z 1 dpr / pr Tr Tr ln( f / p )1 (3.154)
0
para o cálculo da entropia. Os desvios de fugacidade calculados por Lee e Kesler são
apresentados nas tabelas A.18.7 e A.18.8.
103
c p 2Z Z
T 2 2 RT / p (3.155)
p T T p T p
Integrando-se essa equação segundo um processo isotérmico, do estado de gás ideal até o estado
de pressão p , obtém-se a equação que segue
p c p Z Z
2
( c p cp ) T p dp RT T 2 2 dp / p (3.156)
0
p T 0
T p T p
pr 2Z Z
( c p c ) T / R Tr
p Tr 2 2 dpr / pr (3.157)
0
Tr p r Tr pr
A identidade (3.97), por sua vez, pode ser reescrita na forma que segue
2
p p
c p cv T (3.158)
T v v T
Essa equação, expressa em termos das variáveis reduzidas pr , Tr e vr pode ser escrita na forma
que segue
2
p pr
( c p cv ) / R Tr r (3.159)
Tr vr vr Tr
104
A equação (3.99) pode ser integrada ao longo de um processo isotérmico, de um estado de gás
ideal correspondente a v infinito, até um estado de gás real correspondente a volume v dado, de
modo que
v c v p
2
( cv cv ) T v dv T 2 dv (3.160)
v T
T v
Substituindo-se as variáveis reduzidas pr , Tr e vr nessa equação, resulta a equação que segue
v r p
2
( cv cv ) T / R Tr r
dvr (3.161)
Tr
2
v r
A equação implícita (2.135) nos permite escrever a pressão reduzida como segue,
2
1 B / vr C / vr 2 D / vr 5 c4 ( / vr 2 )e / v / vr 2Tr3
r
(3.163)
onde a diferença de calor específico no segundo membro dessa equação é expressa pela equação
(3.159), cujas derivadas podem ser calculadas diretamente a partir da equação de estado (3.162).
A equação (3.164) nos mostra que basta o cálculo do desvio de gás ideal de um calor específico
para que se obtenha o outro desvio. Entretanto, o cálculo do desvio utilizando-se a equação
(3.157) prova-se mais trabalhoso que o cálculo do desvio utilizando-se a equação (3.161), uma vez
que a derivada parcial dessa equação pode ser calculada diretamente da equação de estado (3.162).
2 pr
2
2 ( b3 3b4 / Tr ) / vr c3 / vr 2 3c4 ( / vr 2 )e / vr ( Tr vr 2 ) ( Tr3vr )
Tr
2
vr
dvr d / 2 , de modo que a integração passa a ser realizada no intervalo compreendido entre
zero e , segundo a expressão que segue,
( cv cv ) T / R 2
0
( b 3b / T ) c 3c (
3 4 r 3 4
2 2
)e / Tr d Tr2
3c4 1 ( 1 / vr )e / v r
2 2
( T r
3
)
(3.165)
As equações (3.159) e (3.164) nos permitem escrever o desvio de gás ideal do calor específico a
pressão constante como segue,
2
p pr
( c p c ) / R ( cv c ) / R 1 Tr r
(3.166)
vr
p v
Tr v r Tr
pr
1 ( b1 b3 / Tr2 2b4 / Tr3 ) / vr ( c1 c3 / Tr2 ) / vr 2
Tr v r (3.167)
5 2 2
d 1 / vr 2c4 ( / vr )e / v r /( Tr3vr ) vr
2
pr
v
Tr 1 2 B / vr 3C / vr 2 6 D / vr 5
r Tr (3.168)
2 2 2
2 2 2
c4 ( / vr )( 2 / vr 3 ) 2 / vr e / v r ( Tr vr ) vr
2
9
Op. cit. 31, página 92, Volume I.
106
Para cada valor numérico da pressão e da temperatura reduzidas, deve-se calcular, por
conseguinte, ( vr )o e ( vr )R respectivos ao fluido simples e a fluido de referência. Uma vez
conhecidos os desvios de calor específico, respectivos a fluido simples e fluido de referência, o
desvio de calor específico para um gás de fator acêntrico conhecido, pode ser calculado
utilizando-se equações análogas àquelas utilizadas para o cálculo da entalpia, entropia e
fugacidade. As equações que correlacionam o desvio de calor específico a volume constante são
expressas como seguem,
onde
sendo que as diferenças respectivas a fluido simples e fluido de referência são calculadas
diretamente através da equação (3.165). As equações que correlacionam o desvio de calor
específico a pressão constante são expressas como seguem,
onde
2
p pr
( c p c ) / R ( 1 / R )( cv cv )R / R ( cv cv )o / R 1 Tr r
vr
p 1
Tr v r Tr ( v )
r R
pr
2
pr
1 Tr
Tr v r vr Tr ( v )
r o
As derivadas parciais expressas pelas equações (3.167) e (3.168) tanto quanto a equação (3.165),
devem ser calculadas para ( vr )o e ( vr )R , utilizando-se as constantes físicas respectivas ao fluido
simples e ao fluido de referência. Os desvios de calor específico computados por Lee e Kesler
são apresentados nas Tabelas A.18.9 e A.18.10.
107
Processo irreversível:
Nesse caso, calor é transferido espontaneamente do corpo A à TA1 ao corpo B à TB1 . As
energias internas desses sólidos são expressas por dU A mAc A dTA e dU B mB cB dTB , onde pela
Primeira Lei, como VA e VB são constantes, dU A QA e dU B QB . Pelo princípio da
conservação de energia para o sistema composto de A e B resulta que QA QB 0 e,
portanto, dU A dU B 0 . Substituindo-se as diferenciais da energia interna vem,
m Ac A dTA mB cB dTB 0
Integrando-se essa equação entre os estados iniciais a TA1 e TB1 até o estado de equilíbrio em que
TB 2 TA 2 T f I , chega-se a expressão,
T
S A mA s A mAc A ln f I (3.170)
TA1
T
S B mB sB mB cB ln f I (3.171)
TB1
T T
S A B mAc A ln f I mB cB ln f I
TA1 TB1
S A B m Ac A Tf I mB cB Tf I
ln ln
mAc A mB cB mAc A mB cB TA1 mAc A mB cB TB1
S A B Tf I Tf I T f I A T f I B
A ln B ln ln (3.172)
m A c A mB c B T T T T
A 1 B 1 A1 B 1
S A B T
ln A f I B (3.173)
mAc A mB cB T T
A1 B1
A temperatura final T f I conforme a equação (3.169) pode ser expressa pela média ponderada,
É conhecido da análise matemática que a média aritmética de dois números reais positivos, no
presente caso, TA1 e TB1 é maior que a média geométrica desses números, a qual é expressa pela
equação,
A B
T f R TA1 TB1 (3.175)
Por conseguinte, T f I T f R , o que nos assegura ser positiva a variação da entropia expressa pela
equação (3.173), um resultado esperado, uma vez que o sistema composto por A e B é um
sistema isolado e o processo é adiabático irreversível.
Processo reversível:
Nesse caso, a transferência de calor entre A e B ocorre segundo um processo reversível, por
meio de uma máquina de Carnot, de modo que
Q A QB
0 (3.176)
TA TB
Substituindo-se QA e QB em termos das equações das respectivas energias internas vem,
Integrando-se essa equação entre os estados iniciais a TA1 e TB1 e o estado final, este
supostamente numa temperatura T f R para os dois sistemas vem,
110
T T
mAc A ln f R mB cB ln f R 0 (3.178)
TA1 TB1
Dividindo-se essa equação termo a termo por m Ac A mB cB obtém-se a identidade que segue,
Tf R T
A ln B ln f R 0
TA1 TB1
T f(R A B )
ln A B 0
T T
A1 B1
Tf R
A B 1
TA1 TB1
logaritmo resulta nulo. Fisicamente T f R deve ser menor do que T f I , visto que no processo
d ( U A U B ) m A c A dT A m B c B dTB
T fR TfR
U A B mAc A T dTA mB cB T dTB
A1 B1
ou, equivalentemente,
Considerando-se que o processo no sistema composto é adiabático, a Primeira Lei nos dá,
( W12 )R U AB 0
wR ( T f R ATA1 BTB1 ) / T f I
wR ( T f I T f R ) / T f I (3.180)
trabalho máximo correspondente ao processo reversível, pode ser melhor compreendida com a
adimensionalização das variáveis deste exemplo. Com efeito, defina-se o parâmetro de assimetria
das temperaturas como T TB1 TA1 . Sendo T f I ATA1 BTB1 , TA1 e TB1 podem ser
TA1 / T f I 1 ( 1 A )
TB1 / T f I 1 A
respectivamente,
A1 TA1 / T f I 1 ( 1 A )
B1 TB1 / T f I 1 A
112
Note-se que A A1 ( 1 A ) B1 f I 1 . Por outro lado, a equação (3.175) pode ser reduzida a
expressão,
( 1 A )
T f I / T f R 1 / A1 A B1
Vemos nessa figura que quanto maior for a assimetria das temperaturas TA1 e TB1 em relação a
T f I , maior será o trabalho produzido no processo reversível, assim como também a entropia no
cresce com a perda do trabalho mecânico, que poderia ser produzido através de um processo
reversível. Essa conclusão está de acordo com a desigualdade de Clausius aberta e finita.
U 2 U1 P( Z1 Z 2 ) (3.183)
m cvo ( T2 T1 ) P( Z1 Z 2 ) de onde
T2 P( Z1 Z 2 )
1 (3.184)
T1 m cvoT1
T
S2 S1 m cvo ln 2 (3.185)
T1
114
ln 1 (3.186)
produto m cvoT1 tem a unidade de energia e que m cvo tem a unidade de entropia e portanto, e
são adimensionais. A figura 3.37 ilustra a variação de entropia adimensional como função do
parâmetro .
Pressão constante
Neste exemplo, considera-se que enquanto o peso cai produzindo trabalho sobre o sistema, o
volume do sistema varia à pressão constante, segundo um processo adiabático irreversível. A
Primeira Lei nos dá, Q dU p1dV W p 0 . Integrando-se essa equação entre os estados
(1) e (2) vem,
U 2 U1 p1( V2 V1 ) W12 0
Substituindo-se W12 por sua expressão utilizada no caso de volume constante, a equação acima
pode ser escrita na forma que segue,
115
( H 2 H1 ) p 1 P( Z1 Z 2 ) (3.187)
m c po ( T2 T1 ) P( Z1 Z 2 ) (3.188)
de onde vem,
T2 P( Z1 Z 2 )
1 (3.189)
T1 m c poT1
A equação (3.189) pode ser expressa em termos de , pondo-se c po kcvo , do que resulta
T2
1 (3.190)
T1 k
A variação da entropia, neste caso, para um processo isobárico reversível unindo os estados (1) e
(2), de acordo com a equação (3.57), é expressa como segue,
T
S2 S1 m c po ln 2 (3.191)
T1
Eliminando-se c po em favor de cvo , a equação (3.191) pode ser escrita como segue,
S 2 S1 T
k ln 2 (3.192)
m cvo T1
A equação (3.184) e a definição de nos permitem escrever a equação (3.192) na forma que
segue,
k ln 1 (3.193)
k
116
Q dU W 0
m cvo dT W 0
m cvo ( T2 T1 ) W12 0
ou seja,
Expansão
Neste caso, a equação (3.194) nos dá,
k 1
T2 R V1
(3.196)
T1 V2
Considerando-se que ( W12 )R é máximo, segundo a Primeira Lei, T2 R atinge o menor valor dentre
todos os processos possíveis. O trabalho ( W12 )R , positivo, é determinado pela equação (3.195).
T2 I T1 ( W12 )I / m cvo
T V
S2 S1 m( s2 s1 ) m cvo ln 2 I mR ln 2 (3.197)
T1 V1
Compressão
Neste caso, o máximo trabalho (negativo) em valor absoluto é mínimo. A exemplo do caso de
expansão, T2 R é também mínima. Com efeito, para um processo de compressão irreversível,
( W12 )I ( W12 )R e o trabalho perdido, ( W12 )P ( W12 )R ( W12 )I é positivo. A Primeira Lei
expressa pela equação (3.194) nos dá, ( W12 )I m cvo ( T2 I T1 ) , de modo que se pode escrever a
expressão que segue,
( W12 )I ( W ) ( W12 )P
T2 I T1 T1 12 R
m cvo m cvo
118
A equação (3.194), para o caso de processo reversível nos dá, ( W12 )R m cvo ( T2 R T1 ) , da qual
( W12 )R ( W12 )P (W )
T2 I T1 T2 R 12 P T2 R
m cvo m cvo m cvo
T2 I R V2
ln ln
T1 vo V1
c
A subtração membro a membro das equações respectivas a Primeira Lei para o caso em análise,
nos dá a relação de temperaturas que segue,
T2 I T2 R ( W12 )P
T1 T1 mcvoT1
V k 1 R V
ln 1 ( w12 )P ln 2 (3.198)
V2 cvo V1
Fig. 3.38 - Processo adiabático de expansão e compressão: (a) diagrama temperatura – entropia e
(b) aumento da entropia em função do trabalho perdido
A figura nos mostra que a entropia aumenta com o trabalho perdido, como esperado. Deve-se
considerar que para o caso de expansão, o máximo trabalho perdido é o trabalho específico
reversível, que no presente caso, conforme a equação (3.195) pode ser expresso como segue,
( w12 )R 1 ( V1 V2 ) k 1 1 T2 R / T1
da Primeira Lei tem-se, ( Q12 )I ( Q12 )R . De fato, o calor trocado no processo irreversível deve
ser menor, visto que efeitos de irreversibilidade no processo contribuem também para a variação
da entropia, a qual é expressa pela equação, dS ( QI WP ) / T ou equivalentemente,
120
TdS QI WP . Integrando-se essa equação segundo um processo isotérmico obtém-se a
expressão que segue,
T ( S 2 S1 ) ( Q12 )I ( W12 )P
Compressão
Neste caso W12 0 e Q12 0 . O trabalho máximo (negativo) é ( W12 )R e o calor máximo
(negativo) é ( Q12 )R . Para processo irreversível, ( W12 )I , nesse caso consumido, é algebricamente
menor, porém seu valor absoluto é maior. Não havendo limite para o trabalho ( W12 )I , segundo a
Primeira Lei, também não há limite para o calor trocado ( Q12 )I . A figura 3.39 ilustra o calor
trocado no processo reversível. Essa figura nos mostra que as áreas respectivas ao calor trocado
são tanto maiores quanto maior for a diferença entre a pressão inicial e a pressão final do
processo para uma dada temperatura. A equação da Primeira Lei, expressa como
Q12 U 2 U1 W12 , nos permite fazer um gráfico de W12 em função de Q12 , através da equação
W12 U1 U 2 Q12 , que representa uma reta em coordenadas cartesianas, com coeficiente
angular igual a unidade. Para o caso particular de um gás ideal, U 2 U 1 , de modo que a reta
passa pela origem. A figura 3.40 ilustra a reta que correlaciona trabalho e calor, para o caso
particular de um gás ideal, onde são mostrados os casos de processo reversível e irreversível.
Fig. 3.40 – Ilustração do trabalho e sua relação com a troca de calor no processo isotérmico
Figura 3.42 – Estados e processos componentes de um processo reversível unindo os estados (1)
e (2R)
123
Sobre o pistão vertical, sem atrito, são depositados pesos elementares tais que a pressão
necessária para suspender o pistão e os pesos contra a atmosfera seja igual a p1 . Inicialmente o
gás no conjunto cilindro-pistão da direita encontra-se no estado (1) à p1 , V1 e T1 , conforme é
mostrado na figura 3.42(a). No processo (1-3) a massa do gás em (1) é transferida para o
conjunto cilindro-pistão central, mantendo-se a válvula da esquerda fechada (VF) e a da direita
totalmente aberta (VA). O processo é necessariamente quase-estático e não se considera os
efeitos da resistência ao escoamento do gás na tubulação. O processo (1-3) é realizado à pressão
constante e igual a p1 . O trabalho realizado sobre o sistema no processo é p1V1 , enquanto que
o trabalho de expansão realizado pelo sistema é p3V3 , de acordo com a figura 3.42(b). Como
A seguir, desloca-se parte dos pesos elementares para a prateleira, conforme mostra a figura
3.42(c), mantendo–se as válvulas fechadas até que a pressão p3 venha a se igualar a p2 . O
trabalho realizado pelo sistema nesse processo é ( W33 )R . Sendo ( Q33 )R 0 resulta que
S3 S3 e pelos resultados do primeiro processo segue-se que S3 S1 . Finalmente, abre-se a
válvula da esquerda e desloca-se toda a massa do gás para o cilindro (2), mantendo-se os pesos
remanescentes sobre o pistão. Nesse processo a pressão p2 é mantida constante. O trabalho
realizado pelo sistema no processo, conforme a figura 3.42(d) é p2 V2R , enquanto que o trabalho
realizado sobre o sistema é p2 V3 . Como p3 p2 e ( Q32 )R 0 segue-se que S 2 R S3 e,
portanto V3 V2 R . Por conseguinte, o trabalho líquido no processo (3’–2) é expresso pela
equação,
( W12 )R H 2 I H 2 R
Por outro lado, os estados (2R) e (2I) podem ser unidos por processo reversível, de modo que a
pressão seja constante e igual a p2 , conforme ilustrado na figura 3.41. Ao longo desse processo
tem-se que Q p
TdS e Q p
dH e portanto dH TdS . Integrando-se essa equação entre
S
H 2 I H 2 R S 2 I TdS p2
2R
S
( W12 )R S 2 I T dS p2
2R
O trabalho perdido no processo de (1) a (2I) é igual a ( W12 )R , pois como vimos o trabalho
relativo ao processo irreversível em análise é nulo. Pode-se portanto escrever eses trabalho como
segue,
S
( W12 )p S 2 I T dS p2
2R
Note-se que o resultado numérico dessa integral é geometricamente igual a área sombreada
mostrada na figura 3.41. Essa última equação nos mostra que o trabalho perdido resulta no
aumento da variação da entropia, resultado previsto pela desigualdade de Clausius.
Observe-se que V2 R V2 , pois parte da energia do sistema no estado (1) foi transformada em
trabalho equivalente a variação de energia potencial de parte dos pesos originalmente depositados
sobre o pistão. Note-se que o trabalho ( W12 )R é a soma dos trabalhos ( W33 )R e p1V1 , subtraída
125
Quando o sistema interage com o exterior, este considerado como um reservatório de calor, a
entropia do exterior varia com a troca de calor. A entropia do sistema composto pelo próprio
sistema e o exterior variará de acordo com a natureza dos processos irreversíveis envolvidos. A
figura 3.43 ilustra este caso.
126
d ( S S o ) Q / T Qo / To (3.199)
Pelo princípio da conservação da energia tem-se Q Qo 0 , de onde Qo Q . Por
conseguinte a desigualdade (3.199) pode ser escrita na forma
1 1
d ( S So ) Q (3.200)
T To
Se o sistema perde calor para o exterior, Q 0 . Segue-se que para T To resulta que
1 1
1 / T 1 / To e portanto o produto Q é positivo. Se o sistema recebe calor, do exterior
T To
1 1
Q 0 . Segue-se que para T To , 1 / T 1 / To e portanto Q 0 . Para qualquer caso
T To
tem-se,
127
1 1
d ( S S o ) Q 0 (3.201)
T To
cresce. Isto ocorre mesmo que o processo no exterior seja reversível, ou seja que dSo Qo / To .
A diferença finita de temperatura acarreta portanto o crescimento da entropia do sistema isolado.
No caso de o processo no sistema ser reversível, tem-se que dS Q / T . Se o processo no
exterior for também reversível, a desigualdade (3.199) reduz-se a equação
d ( S S o ) Q / T Q / To . Observe-se que a troca de calor com o exterior ocorre com
diferença finita de temperatura, a menos que T seja igual a To , situação em que a variação da
entropia do sistema composto pelo sistema propriamente e seu exterior é nula. A troca de calor
entre o sistema e o exterior com diferença finita de temperatura somente será reversível, na
situação em que a transferência de energia for realizada através de uma máquina de Carnot
operando entre o sistema e seu exterior, portanto entre as temperaturas T e To . Se o sistema
cede calor Q para a máquina de Carnot, esse será negativo em relação ao sistema. A máquina de
Carnot por sua vez recebe QH Q na temperatura TH T . Se Qo é o calor recebido pelo
exterior através da máquina de Carnot ele é positivo. A máquina de Carnot cede portanto a
quantidade de calor QL Qo na temperatura TL To . Por conseguinte pode-se escrever o que
segue,
Pelo exposto, a variação da entropia total do sistema composto pelo sistema propriamente e seu
exterior, para um processo interna e externamente reversível é nula.
Q Q Q Q
dS dS
To To T T
de onde vem,
128
Q Q 1 1
dS dS Q (3.202)
To T T To
1 1 Q
Como o produto Q é não-negativo, resulta que se dS 0 necessariamente
T To T
Q
dS 0 . A Segunda Lei expressa por essa desigualdade representa uma condição mais fraca
To
do que a Segunda Lei expressa pela desigualdade de Clausius na sua forma original, visto que a
desigualdade de Clausius implica na desigualdade estabelecida pela equação (3.202). A recíproca
não é verdadeira.
S Q / T (3.203)
10
Variação da entropia do universo: Se o universo é um sistema material isolado, resulta que toda luz emitida pelas
estrelas é confinada em um espaço físico termodinamicamente isolado. Se o universo evolui, sendo sistema isolado,
sua entropia crescerá indefinidamente. Porém não está afastada a hipótese de este universo pulsar, sendo que em
algumas regiões o tempo poderia ter um sentido enquanto que em outras regiões outro sentido, de sorte que
processos de troca de energia, de um lado poderiam aumentar a entropia e de outro poderiam diminuí-la. Se essa
pulsação fosse eterna, ela deveria ser globalmente reversível, pois se for irreversível, por efeito da dissipação, essa
pulsação deveria necessariamente fenecer. Por conseguinte, se o universo for pulsante e eterno, sua entropia deverá
ser constante. Se admitirmos a hipótese de buracos negros transporem a barreira que separa nosso universo
conhecido de um outro universo reverso no tempo, na hipótese de um universo eterno, a entropia do outro universo
129
A análise do sistema composto objeto desta secção servirá para demonstrar, que num sistema
composto isolado, os processos evoluem para o estado de equilíbrio enquanto que a entropia do
sistema aumenta, até esta atingir um máximo neste estado.
A figura 3.44 ilustra um cilindro de material impermeável e adiabático dentro do qual desliza um
pistão de material impermeável, cujo eixo também de material impermeável, atravessa dois
compartimentos, um dos quais contendo gás ideal A , de calor específico c A cv 0 A , na
deve decrescer, na mesma proporção do crescimento da entropia do universo visível, de modo que a entropia total
permaneça constante. Embora estarem fora do contexto da termodinâmica de engenharia, essas digressões um tanto
gratuitas, são interessantes como exercício teórico de nosso conhecimento elementar e intuitivo sobre questões ainda
não resolvidas na cosmologia.
130
m A RA / V1 A mB RB / V1B
Essas equações nos sugerem que a seguinte razão deve ser especificada para a condição inicial
dada, 1 V1 A / V1B m Av1 A / mB v1B m A RA / mB RB . Um exemplo numérico é ilustrado
considerando-se o sistema A contendo nitrogênio, para o qual k A 1,4 , c A 0,7448kJ / kgK e
RA 0,2968kJ / kgK e o sistema B, contendo argônio, para o qual k B 1,667 ,
cB 0,3122kJ / kgK e RB 0,20813kJ / kgK .
V1
V2 A V1 A 1
m1v1 A
V1
V2 B V1B 1
m1v1B
V2 A V1 A ( 1 X A )
V2 B V1B ( 1 1 X A )
V1
X A1
mB v1B
131
Adicionalmente tem-se,
V1 A m Av1 A
1
V ( m Av1 A mB v1B ) 1 1
onde V V1 A V1B .
w12 A ( T2 / T1 1 ) ( 1 A )( T2 / T1 1 ) 0
onde w12 0 .
RA R
Das relações c A e cB B pode-se escrever
kA 1 kB 1
m A RA mA RA mB RB
A ( k 1 ) ( k 1 ) (3.205)
( kA 1) A B
1 1 1
A
( k A 1 ) k A 1 k B 1
ou ainda
132
k A 1
A 1 1 (3.206)
k B 1
de onde
k 1 k A 1
B 1 A A 1 (3.207)
kB 1 k B 1
As equações (3.206) e (3.207) podem ser reduzidas nas formas respectivas que seguem,
k A 1
A ( k A 1 ) 1( k A 1 ) 1
k B 1
k A 1
B ( k B 1 ) ( k A 1 ) 1
k
B 1
k A 1
A ( k A 1 ) B1( k B 1 ) 1( k A 1 ) 1 (3.208)
k B 1
dVA dV
( mAc A mB cB )dT2 mAc A ( k A 1 )T2 mB cB ( k B 1 )T2 B 0 (3.211)
VA VB
dT2 dV dV
A( k A 1 ) A B ( kB 1 ) B 0 (3.212)
T2 VA VB
T V V
ln 2 A ( k A 1 ) ln 2 A B ( k B 1 ) ln 2 B 0
T1 V1 A V1B
T
ln 2 A ( k A 1 ) ln ( 1 X A ) B ( k B 1 ) ln ( 1 1 X A ) 0
T1
T
ln 2 ln ( 1 X A ) A ( k A 1 ) ( 1 1 X A ) B ( k B 1 ) 0
T1
T 1
ln 2 ln A ( k A 1 ) B ( k B 1 )
(3.213)
T1 (1 X A ) ( 1 1 X A )
Definindo-se
k A 1
( k A 1 ) 1
k B 1
T 1 1
ln 2 ln 1
T1 ( 1 X A ) ( 1 1 X A )
T2 T1 /( 1 X A ) 1 ( 1 1 X A ) (3.214)
V2 V2 m v
YA , V3 B V2 B ( 1 2YA ) e 2 A 2 A . Em termos das expressões no estado
m Av2 A V2 A mB v2 B
inicial respectivas ao item 4.14.1.1, pode-se escrever,
m Av1 A ( 1 X A ) 1( 1 X A )
2 1
mB v1B ( 1 1 X A ) ( 1 1 X A )
No estado (2) as pressões são expressas por p2 A RAT2 / v2 A e p2 B RBT2 / v2 B , de onde resulta,
R R RAT2 RBT2
p2 A p2 B A B T2
v2 A v2 B v1 A ( 1 X A ) v1B ( 1 1 X A )
(3.215)
R 1 R 1
A B T2
v1 A ( 1 X A ) v1B ( 1 1 X A )
T3 T2 ou seja, T3 A T3 B T2 .
Entre os estados de equilíbrio (2) e (3) é possível calcular a entropia através de processo
reversível unindo esses estados, tanto para A quanto para B . Como pode ser demonstrado, a
variação da soma de entropia para o sistema composto, S A B S A S B , é expressa pela equação
135
T v T v
S A B mAc A ln 3 A ( k A 1 ) ln 3 A mB cB ln 3 B ( k B 1 ) ln 3 B
T2 A v2 A T2 B v2 B
onde os logaritmos das razões das temperaturas se anulam, uma vez que as temperaturas
correspondentes aos estados de equilíbrio são idênticas. Portanto, a equação precedente pode ser
escrita na forma que segue
v3 A v
A ( k A 1 ) ln B ( k B 1 ) ln 3 B (3.216)
v2 A v2 B
A ( k A 1 ) ln ( 1 YA ) B ( k B 1 ) ln ( 1 2YA ) (3.217)
d ( k 1 ) B ( k B 1 ) 2
A A 0 (3.218)
dYA 1 YA 1 2YA
B ( k B 1 )1( 1 X A )
A( kA 1)
( 1 1 X A )
ou ainda na forma
A ( k A 1 )( 1 1 X A ) B ( k B 1 )1( 1 X A )
de onde vem
136
1 ( 1 1 X A ) 1( 1 X A )
ou ainda
1 1 X A 1 X A
Essa desigualdade é satisfeita para todo X A positivo. Por conseguinte, a entropia atinge um
máximo para toda a perturbação X A dada.
A ( k A 1 )( 1 2YA ) B ( k B 1 ) 2 ( 1 YA ) 0
de onde obtém-se
A ( k A 1 ) A ( k A 1 ) 2YA B ( k B 1 ) 2 B ( k B 1 ) 2YA 0
ou
A ( k A 1 ) B ( k B 1 ) 2YA A ( k A 1 ) B ( k B 1 ) 2
Resolvendo-se essa equação em termos de YA vem,
A ( k A 1 ) B ( k B 1 ) 2
YA
A ( k A 1 ) B ( k B 1 ) 2
Substituindo-se 2 por sua expressão em termos de X A no numerador e denominador dessa
equação e fazendo-se as simplificações sugeridas, chega-se a expressão que segue,
1 1 ( 1 X A ) /( 1 1 X A ) 1( 1 1 X A 1 X A ) /( 1 1 X A ) 1( 1 1 ) X A
YA
( 1 ) 2 ( 1 1 )1( 1 X A ) /( 1 1 X A ) 1( 1 1 )( 1 X A )
XA
de onde resulta YA .
1 X A
V1 V1 V1 A V
X A 1 A X A 1
V V1 A V V 1 1
137
V2 V2 V2 A V1 A
YA ( 1 X A ) 1
V V2 A V1 A V 1 1
XA
Substituindo-se o valor de YA nessa equação obtém-se a expressão,
1 X A
V2
X A 1
V 1 1
V1 V2
com a qual obtém-se a identidade, 0 . No estado de equilíbrio térmico final os
V
volumes dos sistemas A e B serão os mesmos volumes correspondentes ao estado inicial. Esse
resultado é esperado, uma vez que para qualquer temperatura de equilíbrio, o parâmetro 1
determina a relação de volumes no equilíbrio térmico.
A ( k A 1 ) ln ( 1 YA ) B ( k B 1 ) ln ( 1 2YA )
(3.219)
ln ( 1 YA ) A ( k A 1 ) ( 1 2YA ) B ( k B 1 )
ou ainda,
ln ( 1 YA ) ( 1 2YA )
1
1 1
máx ln
(3.220)
( 1 X A ) ( 1 1 X A )
1
O trabalho perdido no processo composto da compressão reversível seguida pela expansão livre
é ( w12 )P w12 . Segue-se dessa equação e da equação (3.204) que T2 / T1 1 ( w12 )P . Das
equações (3.214) e (3.220) resulta a expressão,
138
máx ln 1 ( w12 )P
A figura 3.45 ilustra a variação da entropia adimensional como função de YA , para um valor
fixo de X A e diferentes valores numéricos de 1 .
Fig. 3.45 – Variação da entropia como função de YA para X A 0,4 . O ponto de máximo é
localizado em YA X A /( 1 X A ) 2 / 3 .
k A 1 k A 1
T2 A v1 A 1
(3.221)
T1 A v2 A 1 X A
k B 1 k B 1
T2 B v1B 1
(3.222)
T1B v2 B 1 1 X A
A Primeira Lei nos dá, Q12 U 2 U1 W12 0 onde W12 é negativo. Substituindo-se nessa
equação as expressões da diferença de energia interna dos subsistemas A e B vem,
m Ac A ( T2 A T1 A ) mB cB ( T2 B T1B ) W12 0
1 1
m Ac AT1 A 1 mB cBT1B 1 W12 0
( 1 1 X A )
k A 1 k B 1
(1 X A )
140
Dividindo-se essa equação por m Ac ATA1 mB cBTA 2 e considerando-se que T1 A T1B T1 , obtém-
se a equação que segue
1 1
A 1 B 1 w12 0 (3.223)
( 1 1 X A )
k A 1 k B 1
(1 X A )
f ( X A ) w12 ( 1 X A )k A 1( 1 1 X A )k B 1 A ( 1 1 X A )k B 1 1 ( 1 X A )k A 1
(3.224)
( 1 A )( 1 X A ) k A 1
1 ( 1 X
1 A )k B 1
0
Essa equação pode ser resolvida implicitamente em termos de X A para w12 dado ou
explicitamente em termos de w12 como função de X A . Note-se que a variação da entropia, à
exemplo do processo de compressão 3.14.1.1 é nula.
m Ac A ( T3 A T2 A ) mB cB ( T3 B T2 B ) 0 (3.225)
R AT3 A RBT3 B
p3 A p3 B
v3 A v3 B
R v
T3 A T3 B B 3 A
RA v3 B
141
v3 A v ( 1 X A )( 1 YA )
v2 A ( 1 YA ) v2 B ( 1 2YA ) 1 A
v3 B v1B ( 1 1 X A )( 1 2YA )
Eliminando-se a razão dos volumes dessas duas últimas equações chega-se a expressão que segue,
RB v1 A ( 1 X A )( 1 YA )
T3 A T3 B (3.226)
R Av1B ( 1 1 X A )( 1 2YA )
T3 A T3 B ( 1 YA ) /( 1 2YA ) (3.227)
ou equivalentemente,
T3 A TAB ( 1 YA ) H ( YA ) (3.229)
A variação de entropia adimensional respectiva aos estados de equilíbrio (2) e (3) é expressa por
142
T3 A v T v
A ln ( k A 1 ) ln 3 A ( 1 A )ln 3 B ( k B 1 ) ln 3 B (3.230)
T2 A v2 A T2 B v2 B
Em termos de YA tem-se,
T3 A T
A ln ( k A 1 ) ln ( 1 YA ) ( 1 A )ln 3 B ( k B 1 ) ln ( 1 2YA ) (3.231)
T2 A T2 B
T
Z A AB ( 1 YA ) / H ( YA ) (3.232)
T2 A
T
Z B AB ( 1 2YA ) / H ( YA ) (3.233)
T2 B
d Z 1 Z 2
A A ( kA 1) ( 1 A ) B ( k B 1 ) (3.234)
dYA ZA ( 1 YA ) ZB ( 1 2YA )
d ( 1 A )( 1 2 ) k A 1 A(1 2 ) ( k 1 ) 2
A ( 1 A ) B (3.235)
dYA ( 1 YA )H ( YA ) 1 YA ( 1 2YA )H ( YA ) 1 2YA
( 0 ) A ( 1 A )( 1 2 )( 1 ) 1 A A A ( k A 1 ) ( 1 A )(( k B 1 ) 2
Considerando-se que para a condição de equilíbrio inicial dada respectiva ao caso 3.13.1.2,
A ( k A 1 ) ( 1 A )(( k B 1 ) 2 0 e que e A são menores que a unidade, resulta que
( 0 ) 0 .
Defina-se
( 1 A )( 1 2 ) k A 1
f ( YA ) A (3.236)
( 1 YA )H ( YA ) 1 YA
A (1 2 ) ( k 1 ) 2
g( YA ) ( 1 A ) B (3.237)
( 1 2YA )H ( YA ) 1 2YA
Como foi observado f decresce com YA enquanto que g cresce com YA e tente ao infinito em
YA 1 / 2 . Sendo ( 0 ) 0 resulta que f ( 0 ) g ( 0 ) . Por conseguinte, essas funções deverão
se cruzar em algum ponto no intervalo [ 0, 1 / 2 ]. A figura 3.48 ilustra o comportamento de f e
g com YA e o ponto correspondente a raiz que anula a derivada de entropia, para um valor
particular de X A e de 1 .
144
A ( 1 2 )( 1 A )( 1 2YA ) A ( k A 1 )H ( YA )( 1 2YA )
( 1 A ) A ( 1 2 )( 1 YA ) 2 ( 1 A )( k B 1 )H ( YA )( 1 YA ) 0
Denote-se a A ( 1 A )( 1 2 ) , b A( k A 1 ) ; c ( 1 A ) A ( 1 2 ) e
d 2 ( 1 A )( k B 1 ) . A equação acima pode ser reduzida a uma equação de segundo grau
como segue
p1 1 A A , p2 A ( 1 2 ) 2( 1 A ) 2 , p3 A ( 1 A ) 2 2 ,
q1 ( 1 A ) A , q2 ( 1 A )( 1 2 ) 2 A e q3 A ( 1 A ) 2 . Substituindo-se
essas quantidades nas equações de A , B e C resultam,
A1 2
A ( k B k A ) A ( k A 1 ) ( 1 A )( k B 1 )
( kA 1)
B A ( k A 1 ) A ( 1 2 ) 2( 1 A ) 2 2 ( 1 A )( k B 1 )( 1 A )( 1 2 ) 2 A
( 1 A ) A ( 1 2 )( 1 1 )
C A ( k A 1 ) 2 ( 1 A )( k B 1 )( 1 A A )
145
A figura 3.49 ilustra curvas da temperatura T3 A como função de X A , enquanto que a figura 3.50
Fig. 3.49 – Razão da temperatura do sistema A como função de X A , para valores numéricos de
1 fixos
Fig. 3.50 – Razão da temperatura do sistema B como função de X A , para valores numéricos de
1 fixos
A figura 3.51 ilustra curvas de variação da entropia em função de YA , de acordo com a equação
(3.231). Observe-se que, diferentemente da variação da entropia mostrada na figura 3.45, a
variação da entropia para YA 0 não é nula. A função expressa pela equação (3.231) não
representa verdadeiramente a variação da entropia, uma vez que a imposição da igualdade das
146
pressões de A e B para todos os estados segundo os quais o trabalho é nulo, não é fisicamente
válida, exceto para o estado de equilíbrio final.
Fig. 3.51 – Variação da entropia condicionada como função de YA para X A 0,3 . O ponto de
máximo é localizado em YA X A /( 1 X A ) 3 / 7 .
A igualdade de pressões no presente caso impõe uma restrição física ao processo, de modo que o
máximo encontrado é condicionado por esta restrição. A figura 3.52 ilustra o comportamento da
entropia máxima, em função de X A para diferentes valores numéricos de 1 .
Fig. 3.52 – Entropia máxima no estado de equilíbrio como função de X A , para valores
numéricos de 1 fixos
147
A figura 3.53 ilustra o trabalho ( w12 )P como função da variável X A , para distintos valores
numéricos de 1 . Essas curvas são construídas a partir da equação (3.223), que nos mostra a
correlação entre o trabalho consumido no processo reversível e o parâmetro X A . Esse trabalho é
igual ao trabalho perdido no processo irreversível.
Fig. 3.53– Trabalho perdido como função de X A , para valores numéricos de 1 fixos
A figura 3.54 ilustra curvas do valor máximo da variação da entropia correspondente à expansão
livre, como função do trabalho perdido ( w12 )P .
Fig. 3.54 – Entropia máxima função do trabalho perdido, para valores numéricos de 1 fixos
148
dU A p AdVA
dS A
TA
dU B pB dVB
dS B
TB
dU A dU B p A p
dS A B dVA B dVB
TA TB TA TB
1 1 p p
dS A B dU A A B dVA
TA TB TA TB
A condição de máximo nos dá, dS A B 0 para valores arbitrários de dU A e dVA . Essa condição
implica nas relações que seguem,
1 1
T3 A T3 B
p3 A p3 B
0
T3 A T3 B
149
(1 X A ) (1 X A ) ( 1 1 ) X A
( 1 1 )YA 1
( 1 1 X A ) ( 1 1 X A ) ( 1 1 X A )
Para cada estado (3), deve-se medir a força longitudinal sobre o eixo, que é diretamente
proporcional a diferença de pressões dos sistemas, tanto quanto a posição do pistão, que
determina os volumes de A e B . Desse modo a equação (3.225), juntamente com a equação
(3.239) determina as temperaturas T3 A e T3 B . Por conseguinte, os estados intermediários restritos
somente podem ser conhecidos através da experimentação.
onde dS o 0 , pois a entropia do exterior aumenta com o calor recebido por este. Como o
portanto, Qo To dS .
151
pois além de o sistema realizar trabalho equivalente a suspensão dos pesos, WP , ele despende
energia para aumentar o volume do sistema contra a pressão po . O trabalho máximo útil é
To dS dU Wmáx po dV
Integrando-se essa equação entre um estado qualquer e o estado para o qual o sistema esteja em
equilíbrio com o exterior à po e To resulta,
Wmáx U U o To ( S S o ) po ( V Vo )
onde
ex Ex / m u To s po v
A função ex exo , da qual resulta o máximo trabalho específico que possa ser produzido
num processo cujo estado final corresponda ao estado de equilíbrio do sistema com o exterior é
denominada de exergia. A função definida por a uo To ( s so ) po ( v vo ) é denominada
de anergia, a qual é igual ao limite mínimo da energia, abaixo do qual não é mais possível extrair
energia do processo. Segue-se da equação (3.244) que u a de onde a u . A soma da
exergia com a anergia é portanto igual a energia interna u .
u uo cvo ( T To )
T p
s so c po ln R ln
To po
T T
Sendo v vo R o , pode-se escrever , expressa pela equação (3.244) na forma que
p po
segue,
T p T T
cvo ( T To ) To c po ln R ln po R o (3.245)
To po p po
Dividindo-se a equação (3.245) por cvo To , a exergia resultante, adimensional, pode ser escrita na
forma que segue
T T p T p
1 k ln ( k 1 ) ln ( k 1 ) 1 (3.246)
cvo To To To po To po
11
Essa figura e a descrição de suas características peculiares são apresentadas no livro de T. Kottas, “The Exergy
Method of Thermal Plant Analysis”, Reprint Edition, Krieger Publishing Company, Florida – USA, 1995.
154
Nessa figura, a curva de entropia constante é determinada pela equação (3.71), que é reproduzida
como segue:
k 1
T p k s so
exp
To po c
po
p po v T
Por outro lado, sendo que pv RT , resulta que . Como vo RTo / po tem-se
po RTo To
T v p
To vo po
k 1
s so
yx k
exp (3.247)
c
po
v
y x (3.248)
vo
A equação (3.233) por sua vez, expressa nas variáveis x e y , toma a forma que segue,
( x , y ) y 1 k ln y ( k 1 ) ln x ( k 1 )( y / x 1 ) (3.249)
A figura 3.56 ilustra a reta correspondente a v vo obtida através da equação (3.249) e também a
Para cada curva de constante, existe reta de v = constante que tangencia a curva nos pontos
onde y 1 . Com efeito,
155
dy
dx x y
( k 1 )( x y )
x x2
k ( k 1)
1
y y x
dy ( k 1 )( x y ) y
dx xxy kx ( k 1 ) y
v dy v
Sendo y x resulta . Igualando-se essa derivada à derivada da curva de
vo dx vo
constante chega-se a expressão,
v ( k 1 )( x y ) y
vo xxy kx ( k 1 ) y
v
Substituindo-se y x e rearranjando-se os termos da equação resultante chega-se a
vo
v v v
x 1 ou x o de onde y x 1 . Por conseguinte, o valor de no ponto
vo v vo
determinado é expresso como segue,
v v
( v / vo ,1 ) ( k 1 ) 1 ln c( v / vo )
vo vo
Para cada curva de constante, existe também curva de s constante que tangencia a curva de
= constante nos pontos onde x 1 . Com efeito, pela equação (3.247) pode-se escrever,
k 1
k 1
dy ( k 1 ) x a k
dy ( k 1 ) y
y x k a e ou equivalentemente, a , onde
dx k x dx k x
156
s so
a exp . Igualando-se essa derivada à derivada da curva de constante obtém-se a
c p0
equação que segue,
( k 1) y ( k 1 )( y x ) y
k x xxy kx ( k 1 ) y
( 1, a ) k ( a 1 ln a ) c( a )
v v
( v / vo ,1 ) ( k 1 ) 1 ln 0 ,1
vo vo
s so
onde resultam também duas raízes, a saber, a1 0 ,66808 e a2 1,4270 . Sendo a exp
c p0
correspondentes aos parâmetros calculados para o caso particular de ( x , y ) 0,1 são ilustradas
na figura 3.57.
157
2
( WR )12 Q12 To Q / T
1
na qual Q12 figura como a energia e o trabalho reversível ( WR )12 é a exergia. A expresão,
2
( AQ )12 To Q / T
1
Das equações (3.47) e (3.48) vem, WI WR To Q / T . Essa identidade nos permite expressar o
WP WR WI To Q / T (3.251)
onde a integral cíclica, segundo a desigualdade de Clausius é não-positiva. Essa equação nos
mostra que para um processo cíclico, o negativo da anergia calculada ao longo da curva do
processo resulta igual ao trabalho perdido.
12 R. H. Fowler e E. A. Guggenheim, “Statistical Thermodynamics”, pág. 223-227, Cambridge University Press, 1949.
159
como segue: “Se a entropia de uma substância pura tende a zero, a temperatura absoluta tende a zero”. Em
outra ordem, se a temperatura absoluta tender a zero, a entropia de uma substância
cristalinamente pura tenderá a zero. Essa versão da Terceira Lei é apresentada por H. Callen13,
U
com base na definição de temperatura expressa pela equação, T , a qual foi provada na
S V
secção 3.6.1.3, para o caso particular de um sistema compressível simples. Essa expressão
também nos revela que se a entropia tende a zero segundo um processo à volume constante, a
energia interna tende a um mínimo, uma vez que a derivada parcial desta se anula neste estado.
Esse postulado implica que para uma escala termodinâmica de temperatura qualquer, a função
U
( ) deve ser não-negativa e anular-se para certo valor numérico min , no estado para
S V
o qual a entropia é nula. A Segunda Lei nos mostra que a existência da entropia é assegurada pela
existência da função ( ) , cujo inverso é o fator de integração da diferencial inexata do calor,
enquanto que a Terceira Lei estabelece que essa função deve anular-se, para certa temperatura
min de qualquer escala termodinâmica de temperatura.
Vimos na secção 3.4 que duas curvas de uma família de isentrópicas não podem cruzar-se em
nenhum ponto do diagrama p V , uma vez que se isto ocorrer, nega-se o postulado de Kelvin-
Planck. Assim sendo, nenhuma isentrópica de S 0 pode cruzar a curva correspondente a
S 0 , a qual, segundo o postulado de Nernst, deve coincidir com a curva correspondente a
T 0 K . Suponha-se um estado definido por uma temperatura T 0 e uma entropia S 0
dadas. Segue-se da propriedade anteriormente descrita que nenhum processo adiabático
reversível que se inicie no estado dado pode terminar num estado de entropia nula. Em outras
palavras, o postulado de Nernst implica que nenhum processo isentrópico pode ser realizado a
partir de um estado de temperatura absoluta não-nula, de modo a atingir o estado correspondente
ao zero absoluto. A figura 3.58 justifica geometricamente o porquê dessa impossibilidade. Com
efeito, a partir do estado A nenhum estado B sobre a curva de S constante e positiva pode ser
alcançado sobre a curva de S constante e igual a zero.
Com base no postulado K P , tal como foi feito na secção 3.5.2.2, pode-se também demonstrar
que a temperatura min é inatingível através de processos macroscópicos. Com efeito, considere-
min tal que ( min ) 0 . Nesse caso, a Segunda Lei nos dá a relação,
Fig. 3.58 – Processo isentrópico iniciado num estado de temperatura absoluta positiva T ( )
que não pode terminar num estado para o qual S 0 e ( min ) 0 .
U S
CV mcv T
T V T V
A diferencial de S ( T ,V ) nos dá,
S S
dS dT dV
T V V T
de onde vem,
S S
TdS T dT T dV
T V V T
S
TdS CV dT T dV (3.252)
V T
A forma extensiva do potencial de Helmholtz definido na secção 3.8.2.2 nos permite escrever,
F U TS e a forma extensiva da diferencial expressa pela equação (3.80), na forma,
dF p dV S dT
A forma extensiva da relação de Maxwell associada a esse potencial, conforme a equação (3.88) é
expressa pela equação,
S p
(3.253)
V T T V
p
TdS CV dT T dV (3.254)
T V
( ii ) Segunda relação
Considere-se a função entropia expressa na forma S S ( T , p ) . A Primeira Lei expressa em
termos da entalpia, H U pV , nos dá,
162
TdS dH V dp
A forma extensiva da equação (3.46) nos permite expressar a capacidade calorífica à pressão
constante pela equação que segue,
H S
C p mc p T
T p T p
S S
dS dT dp
T p p T
de onde vem,
S S
TdS T dT T dp
T p p T
S
TdS C p dT T dp (3.255)
p T
A forma extensiva da energia livre de Gibbs, definida na secção 3.8.2.3 nos permite escrever,
G U TS pV , cuja diferencial, de acordo com a equação (3.83) é expressa na forma,
dG V dp S dT
A forma extensiva da relação de Maxwell associada a essa função, conforme a equação (3.89) é
expressa pela equação,
S V
(3.256)
p T T p
V
TdS C p dT T dp (3.257)
T p
dU s TdS s B dM s
Essa diferencial nos sugere ser a energia interna uma função de S s e M s , além do que,
U U s
necessariamente, T s T ( S s , M s ) e B B( S s , M s ) . Essas relações
S s M s M s S s
Ss Ss ( T ,M s ) .
( i ) Primeira relação
Considere-se a função entropia expressa na forma S s S s ( T , M s ) e a expressão da Primeira Lei
da equação (3.258). Para um processo à magnetização constante, essa equação reduz-se a
expressão, dU s M TdS s M . Essa identidade nos permite definir a capacidade calorífica à
s s
U S
CM s s T s (3.259)
T M s T M s
S S
dS s s dT s dM s
T M s M s T
S
TdS s CM s dT T s dM s (3.260)
M s T
dFs d ( U s TS s ) dU s T dS s S s dT
A equação (3.258) nos permite reduzir essa diferencial na forma que segue,
165
dFs B dM s S s dT
Essa diferencial nos sugere ser Fs uma função de M s e T , além do que, necessariamente,
F F
B s e S s s , de modo que se pode escrever as derivadas que seguem,
M s T T M s
B Fs 2 Fs
T M s T M s T TM s
S s Fs 2 Fs
M s T T T M s M s T
2 Fs 2 Fs
TM s M s T
S s B
(3.261)
M s T T M s
Essa identidade representa uma relação de Maxwell para o potencial Fs , que como se pode
H
TdS s CM s dT oT dM s (3.262)
T M s
( ii ) Segunda relação
Considere-se a função entropia expressa na forma S s S s ( T , B ) e a expressão da Primeira Lei
da equação (3.258). A diferencial da entalpia nos dá,
dH s d ( U s BM s ) dU s B dM s M s dB
166
TdS s dH s M s dB
H S
CH s T s (3.263)
T B T B
S S
dS s s dT s dB
T B B T
S
TdS s C H dT T s dB (3.264)
B T
dGs d ( U s T S s BM s ) dU s Td S s BdM s S s dT M s dB
A expressão da Primeira Lei da equação (3.258) nos mostra que os primeiros três termos do
segundo membro dessa diferencial se cancelam, de modo que se pode escrever,
dGs S s dT M s dB
Essa diferencial nos sugere ser Gs uma função de B e T , além do que, necessariamente,
G G
M s s e S s s . Essas expressões nos permitem escrever as identidades que
B T T B
seguem,
M s Gs 2Gs
T B T B T TB
167
S s G 2Gs
s
B T B T B BT
2Gs 2Gs
TB BT
Dessa identidade e das identidades precedentes obtém-se a relação de Maxwell para Gs que
segue,
S s M s
(3.265)
B T T B
Note-se a analogia entre essa identidade e a identidade expressa pela equação (3.256).
Substituindo-se a derivada da entropia dessa expressão na identidade expressa pela equação
(3.264) tem-se,
M s
TdS s C H dT T dB (3.266)
T B
Note-se também a analogia entre as relações TdS expressas pelas equações (3.262) e (3.266) e as
relações de sistema compressível simples expressas respectivamente pelas equações (3.254) e
(3.257).
Fig. 3.59 – Curvas da entropia como função da temperatura para intensidade de campo
magnético constante
A partir da relação fundamental referida anteriormente, foi demonstrada por M. Curie a equação
que relaciona a magnetização com a intensidade do campo magnético e a temperatura, a qual é
expressa como segue,
M s Cc H / T (3.267)
14
Op. cit 5, página 14.
169
CM s A / T 2 (3.268)
onde A é uma constante positiva. Na referência citada consta uma tabela contendo os valores
teóricos dessa constante e da constante Cc , para alguns sais paramagnéticos de interesse prático,
os quais corroboraram com excelente precisão os dados experimentais. Os processos sugeridos
para resfriamento com sal paramagnético podem ser analiticamente formulados como seguem.
M s M s
TdS s T dB oT dH
T B T H
M s H
Cc 2 (3.269)
T H T
magnetização, dH é positivo, o que implica na diferencial precedente ser o calor trocado TdS s
negativo, indicando ser o processo considerado exotérmico.
170
M s
CH dT oT dH 0
T H
Nesse processo, como bem nos mostra a figura 3.59, H decresce e, portanto, sua diferencial dH
é negativa. Como nos mostra a equação (3.269), a derivada de M s é também negativa, de modo
que nessa diferencial dT deve ser negativa, o que nos indica ser o processo de desmagnetização
adiabática um processo de resfriamento.
H M
s
T M s Cc
AdT oTM s
TdS s dM s
T2 Cc
Para um processo de magnetização adiabático reversível, essa expressão reduz-se a equação que
segue,
AdT o M s
dM s 0 (3.270)
T3 Cc
A 1 1
2 2 o ( M R2 M M2 )
2 TR TM 2Cc
A 1 1 oCc H R2 H M2
2 2
2 TR TM 2 TR2 TM2
de onde se obtém a expressão que segue,
TR ( oCc / A )H R2 1
(3.271)
TM ( oCc / A )H M2 1
TM C
1 o c H M2 (3.272)
TR A
Essa equação nos mostra que temperaturas significativamente menores que TM podem ser
alcançadas em processos com sais paramagnéticos, para os quais o valor numérico de A é
pequeno e o valor numérico de Cc é grande. É o caso, por exemplo, do nitrato de cério e
magnésio, para o qual A / R 6,1 106 K 2 e Cc 0 ,317cm3 / ion grama , onde o íon-grama é
igual a massa de íons do sal correspondente ao número de Avogadro, qual seja, o molécula-
grama. A teoria apresentada foi tomada como base para construir os aparatos mostrados na
figura 3.60.
A figura 3.60(a) nos mostra um sistema concebido para resfriamento magnético de baixa
intensidade. O sal paramagnético, na forma de um pó ou de pequenas esferas, é depositado no
compartimento interno no qual pode escoar hélio gasoso, que é denominado de gás permutador,
uma vez que esse gás é utilizado como meio de resfriamento do sal durante o processo de
magnetização isotérmica. Esse compartimento é mergulhado num banho de hélio líquido
resfriado a 5 K , contido num compartimento isolado por paredes separadas por um espaço em
vácuo. Essa parede é por sua vez mergulhada em outro compartimento contendo nitrogênio
líquido a baixa temperatura, o qual é também isolado por paredes separadas por espaço em
vácuo. O hélio líquido à temperatura de 5 K , pode ser obtido por processos convencionais em
laboratório de criogenia, baseados no efeito Joule-Thomson. Temperaturas de até 1K podem ser
obtidas pela vaporização adiabática de hélio líquido. A figura 3.60(b) nos mostra outro aparato
onde o imã é mergulhado em hélio líquido, o que oferece condições para que o condutor do
172
solenóide atinja o estado de supercondutor, de sorte que campos magnéticos intensos podem ser
produzidos para atingir temperaturas mais baixas no processo de desmagnetização.
Fig. 3.60 – (a) Aparato para experimento de resfriamento de sal paramagnético dotado de um
eletro-ímã de intensidade moderada. (b) Aparato para experimento de resfriamento de sal
paramagnético dotado de um eletro-ímã supercondutor.
M para o qual H H M até um estado R para o qual H 0 , tal como ilustrado na figura 3.61.
A razão das temperaturas TM e TR é expressa pela equação (3.272).
TM CH
S M SQ S s ( TM , H M ) S s ( T0 , H M ) dT
T0 T H HM
TR CH
S R S P S s ( TR ,0 ) S s ( T0 ,0 ) dT
T0 T H 0
(3.273)
TR C TM C
0 H dT 0 H
dT
T H 0 T
H HM
qual seja S s ( 0, H M ) S s ( 0,0 ) , seria negativo, o que negaria o postulado NS. Reciprocamente,
suponha-se que o postulado NS seja falso, ou seja, que a diferença de entropia no primeiro
membro da identidade (3.273) seja um número negativo. Então seria possível determinar um
valor de TM para o qual a segunda integral dessa identidade (que é negativa) seja igual a esse
número. Isto implica que a primeira integral seria necessariamente nula, o que somente seria
possível se TR fosse nula, negando portanto o postulado IN.
A figura 3.62 ilustra a condição de negação do postulado NS. Com efeito, na figura 3.62(a) vemos
que na circunstância de a entropia S s ( T0 , H M ) ser distinta da entropia S s ( T0 ,0 ) no limite para
Uma evidência física que justifica a validade da Terceira Lei é constatada através da equação de
Clausius-Clapeyron, demonstrada na secção 3.10.10 para a transição de fase líquido-vapor. Essa
equação pode ser analogamente demonstrada para a transição de fase sólido-vapor (sublimação),
dp sv ss
a qual é expressa na forma, , onde p é a pressão de saturação sólido-vapor, sv e vv
dT vv vs
dp
lim 0 . Experimentos de Simon e Swenson15 evidenciam que para o He 4 (uma fase
T 0 dT
dp
particular do hélio líquido), na vizinhança de T 0 , prevalece a correlação 0 ,425T 7 , a qual
dT
confirma esse limite.
15
Simon, F. E., and Swenson, C. A, Nature, Vol. 165, pg. 829, London, 1950.
176
p B V
( S B S A )T dp (3.274)
p A T
p
Integrando-se a equação (3.252) entre dois estados A e B unidos por um processo isométrico,
obtém-se a identidade que segue
TB S TB c
( S B S A )V dT m v dT (3.275)
T A T TA T
V
No limite para TA tendendo a 0 K , de acordo com a Terceira Lei, S A 0 . Para que a integral da
equação (3.275) seja regular no limite para TB tendendo a 0 K , para o qual S B 0 , o calor
específico deve ser expresso em termos de uma potência da temperatura cujo expoente deve ser
positivo, doutra forma, a integral dessa equação resulta singular. Por conseguinte, o calor
específico à volume constante deve ser nulo no limite do zero absoluto.
Integrando-se a equação (3.254) entre dois estados A e B unidos por um processo isotérmico,
obtém-se a identidade que segue
V B p
( S B S A )T dV (3.276)
V A T
V
p
Entretanto, como foi demonstrado no Volume I, a derivada é igual a / kT . Pelas
T V
mesmas razões utilizadas anteriormente na análise do limite da equação (3.275), segue-se da
Terceira Lei que / kT tende a zero no limite para T tendendo a 0 K . Por outro lado, c p e cv
2Tv
são correlacionados pela equação (3.97), qual seja, c p cv . Segue-se dessa identidade e
kT
177
dos resultados anteriormente obtidos, que c p tende a zero para T tendendo a 0 K . A propósito,
as curvas de calor específico dos sólidos apresentadas na secção 2.8, do Volume II, nos mostram
que os calores específicos e tendem a zero para T tendendo a zero.
Para um gás ideal ou gás a pressão muito baixa, que nos permita considerá-lo gás ideal, conforme
visto em secção precedente, a entropia molar, por analogia a equação (3.61) é calculada pela
equação
T c po ( T ) p
s dT R ln (3.277)
To T po
Considerando-se que à exceção dos gases nobres todos os gases reais no zero absoluto
apresentam-se no estado sólido, a equação anterior não pode ser utilizada para o cálculo da
entropia quando o estado de referência adotado for o zero absoluto. Na vizinhança do zero
absoluto, a entropia é calculada pela expressão desenvolvida para o estado sólido, qual seja,
T cv( s ) ( T )
s dT so (3.278)
0 T
onde so é igual a zero, por conseqüência da Terceira Lei. De acordo com a equação (3.277), a
entropia num estado de temperatura T e pressão p pode ser expressa pela equação que segue
T c po ( T ) p
s( T , p ) s( T * ) dT R ln (3.279)
T *
T po
onde s ( T * ) é a entropia calculada a partir do zero absoluto, num estado para o qual o gás possa
ser considerado como gás ideal. No cálculo dessa entropia deve-se utilizar a integral expressa pela
equação (3.278) e as variações de entropia decorrentes de todos os processos que ocorrem desde
o zero absoluto, conforme a equação que segue
178
Ts cv( s ) ( T ) c
Tv v ( l ) (T ) T* cv ( T , po )
s( T * ) dT ssl dT slv dT (3.280)
0 T Ts T Tv T
onde po é uma pressão relativamente baixa, correntemente tomada igual a 1atm , ssl hsl / Ts é a
r
Considere-se uma mistura de r-gases ideais, composta de N1 , N 2 ,..., N r mols; N N j . A
j 1
r
fração molar do componente ( j ) é yi N i / N ; j 1,2 ,..., r e, portanto, y
j 1
j 1 . Para um
gás particular da mistura, segundo a equação (3.279), pode-se escrever o que segue
r r
S m N j s j ( T , p j ) N j s j ( T ) R ln( p j / po )
j 1 j 1
r r r
S m N j s j ( T ) R N j ln p j N j R ln po (3.282)
j 1 j 1 j 1
r r r
sm Sm / N y j s j ( T ) R y j ln p j R y j ln po (3.283)
j 1 j 1 j 1
r
Por outro lado, como p j y j p e p p j , o termo das pressões parciais pode ser desdobrado
j 1
como segue,
r r r r r
R y j ln p j R y j ln( y j p ) R y j ( ln y j ln p ) R y j ln y j R y j ln p
j 1 j 1 j 1 j 1 j 1
onde o somatório das frações molares é igual a unidade. Essa identidade nos permite expressar a
equação (3.283) na forma que segue
r r
sm y j s j ( T ) R y j ln y j R ln p R ln po (3.284)
j 1 j 1
Suponha-se que r gases estejam em equilíbrio térmico, separados por paredes impermeáveis,
cada um dos quais ocupando volumes V1 ,V2 ,...,Vr , num tanque de volume V , na pressão po e
temperatura T . A seguir, as paredes são removidas e os gases se misturam através de um
processo de difusão, até atingir o estado de equilíbrio. Nesse estado, a temperatura será T , uma
vez que durante o processo de mistura de gases ideais, como já foi comentado no Volume II, não
há evolução de calor. Entretanto, os volumes ocupados pelos gases antes da mistura obedecem a
equação de Clapeyron, de modo que V j N j R T / po ; j 1,2 ,..., r . O volume total ocupado
pelos gases após a mistura, segundo a Lei de Amagat, é a soma dos volumes dos gases antes do
r r
processo de mistura, de modo que, V V j N j R T / po NR T / po . A pressão final da
j 1 j 1
mistura é p NR T / V e, por conseqüência dessas identidades, igual a po . A entropia da
mistura é expressa pela equação (3.284), todavia considerando-se que os dois últimos termos da
pressão se cancelam.
A entropia dos gases antes do processo de mistura é expressa pela soma que segue,
r
So N j s j ( T ) R y j ln( p j / po )
j 1
180
r r
so y j s j ( T ) R y j ln( p j / po ) (3.285)
j 1 j 1
diferença entre a entropia sm , expressa pela equação (3.284), para a qual p po e so , expressa
pela equação (3.285), do que resulta,
r
s R y j ln y j (3.286)
j 1
Essa equação nos mostra que a diferença de entropia é sempre positiva, uma vez que y j 1 ,
r
para j 1,2 ,..., r e y
j 1
j 1.
No processo de mistura de gases ideais, como foi visto no Volume II, não ocorre evolução de
calor e tampouco consumo de trabalho. Diferentemente, a separação dos gases somente pode ser
realizada através de processos de resfriamento com destilação fracionada, a custa de transferência
de calor ou por um processo de filtração da mistura através de membranas semi-permeáveis,
neste caso, a custa de trabalho externo. O processo de mistura é, por conseguinte, um processo
irreversível e, como sabemos, num processo irreversível, na ausência de troca de calor, ocorre
aumento de entropia, tal como predito pela equação (3.286).
No desenvolvimento da equação (3.286) não se fez distinção sobre a natureza dos gases na
mistura. Essa equação nos sugere que se gases idênticos são “misturados” ocorre aumento de
entropia. Sabemos que isso não pode ocorrer. Essa aparente contradição é denominada de
paradoxo de Gibbs. Pode-se interpretar essa equação de modo a resolver esse paradoxo. Com
efeito, para p po as três últimas parcelas da equação (3.284) podem ser escritas nas formas que
seguem,
181
r r
r r
R y j ln y j R ln po R ln po R y j ln( y j po ) R y j ln po R y j ln( p j / po )
j 1 j 1 j 1 j 1
Entretanto, deve-se considerar que para gases idênticos, as pressões parciais dos gases na
“mistura” devem ser iguais as pressões desses gases antes de a mistura ocorrer, quais sejam, po .
Por conseguinte, ln( p j / po ) é nulo, de modo que para esse caso especial, sm so .
16 Ludwig Boltzmann, "Nochmals das Maxwell'sche Verteilungsgesetz der Geschwindigkeiten", Annalen der Physik,
Vol. 291, Issue 5, 1895, Pages: 223–224.
182
princípio, podem variar no intervalo ( , ) . Ao par ( x̂ ,v̂ ) associado a partícula dá-se o
nome de ponto-fase. Ao conjunto-produto desses pares, simbolizado por R Ev̂3 , dá-se o nome de
espaço de fases. Admitindo-se que essas variáveis sejam contínuas, seu tratamento estatístico pode
ser formulado através do cálculo diferencial, o que nos permite definir uma célula como o
conjunto-produto infinitesimal, d I x̂ d I v̂ em que
Admite-se que em cada célula assim definida exista um número muito grande de pontos. Essas
células têm dimensões muito pequenas se comparadas a dimensão da região R e suficientemente
grandes para abrigar um grande número de pontos-fase. Um micro-estado é definido pela completa
especificação dos pontos-fase em cada uma das células do espaço de fases, ou seja, a
especificação de x̂ e v̂ de cada partícula em cada instante e em cada célula. Os pontos-fase
dessas partículas em incessante movimento migram de uma célula para outra, entretanto, segundo
padrões de regularidade. Um macro-estado é completamente caracterizado pela especificação do
número de pontos-fase em cada célula do espaço de fases. Admite-se como uma hipótese
estatística, que todos os micro-estados são igualmente verossímeis. Por estranho que possa
parecer, um micro-estado em que todas as moléculas confinadas numa sub-região de R tenham
igual módulo e orientação para uma mesma direção, é verossímil tanto quanto um estado em que
essas moléculas tenham velocidades aleatoriamente distribuídas. Nesse contexto, a hipótese da
teoria de jogos de que qualquer sequência de números da loteria possa ocorrer, mesmo que nos
pareça improvável, não pode ser descartada. Entretanto, alguns micro-estados, como vemos,
terão maior probabilidade de acontecer que outros, embora igualmente verossímeis. Ao leitor
interessado em um tratamento avançado da mecânica estatística sugere-se o livro de Fowler17 e de
termodinâmica estatística o livro de Fowler e Guggenheim18.
17
R. H. Fowler, Statistical Mechanics, Cambridge at the University Press, 1936.
18
Op. cit 12, página 158.
19
F. W. Sears, An Introduction to Thermodynamics, the Kinetic Theory of Gases, and Statistical Mechanics, Addison-Weley
Publishing Company, 1952.
183
n1 4 3 2 1 0
n2 0 1 2 3 4
Célula 2 a b c d n2 1 a
Um micro-estado deve ser distinguido somente pela presença de diferentes pontos-fase na célula
e não segundo a ordem desses pontos, ou seja, o micro-estado é o mesmo, independentemente
da ordem dos pontos-fase na célula. Como vemos no exemplo, cada célula pode apresentar-se
com 3! arranjos de pontos distinguidos pela ordem. Os quatro pontos-fase nos permitem
identificar 4! 24 arranjos distintos tão somente pela ordem desses pontos. Por conseguinte, o
número de arranjos distintos pela natureza dos pontos-fase é igual a 24 / 3! 4 , tal como
mostrado. Se uma célula conter p elementos distintos, o número total de arranjos distinguíveis
desses elementos pela ordem é p! . Com efeito, existem p escolhas para o primeiro elemento,
( p 1 ) escolhas para o segundo, uma vez escolhido um elemento, ( p 2 ) escolhas para o
terceiro, uma vez escolhidos dois elementos, e assim por diante, de modo que o número de
escolhas será p( p 1 )( p 2 )...3 2 1 p! . No caso de existirem n pontos-fase, o número de
arranjos de p pontos distintos pela natureza dos pontos é igual a combinação n! / p! ( n p )! .
Com efeito, uma vez escolhidos p pontos para formar um arranjo, restam ( n p ) pontos não-
escolhidos. Para cada arranjo de p pontos existem p! arranjos distintos pela ordem dos pontos
e para os ( n p ) a escolher existem ( n p )! maneiras de fazê-lo. O número total de arranjos
que se distinguem pela ordem é n! . Se C pn é o número de arranjos distintos pela natureza dos
184
portanto, C pn n! / p! ( n p )! .
W1 n! / n1! ( n n1 )!
W2 ( n n1 )! / n2 ! ( n n1 n2 )!
W3 ( n n1 n2 )! / n3 ! ( n n1 n2 n3 )!
W p 1 ( n n1 n2 n p 2 )! / n p 1! ( n n1 n2 n p 1 )!
W p ( n n1 n2 n p 1 )! / n p ! ( n n1 n2 n p )!
n! ( n n1 )!
W
n1! ( n n1 )! n2 ! ( n n1 n2 )!
( n n1 n2 )! ( n n1 n 2 n p 2 )! ( n n1 n 2 n p 1 )!
n3 ! ( n n1 n2 n3 )! n p 1! ( n n1 n2 n p 1 )! n p ! 0!
n!
W
n1! n2 ! n p !
185
Uma outra forma de demonstrar essa expressão é contar no grupo de n pontos, os arranjos
formados com n1 , n2 , n p pontos distinguíveis pela natureza destes. O número de arranjos
A prova de que 0! 1 pode ser obtida simplesmente cotando o número de arranjos de n pontos
distinguíveis pela natureza destes, dentre n pontos, isto é, o número de combinações. Esse
número é igual a unidade e portanto, n! / n! ( n n )! 1 / 0! 1 . A prova de que 0! 1 pode
também ser obtida da função Gama de Euler, a qual é definida pela integral que segue,
( x ) e u u x 1du
0
para x 0 .
( x ) ( x 1 )( x 1 )
( x 1 ) ( x 2 )( x 3 )
e na sequência
( x ) ( x 1 )( x 2 )( x 3 )( x N ) e u u x N 1du
0
( x ) ( x 1 )( x 2 )( x 3 )3 2 1 e u du
0
onde 0
e u du 1 e, portanto, ( x ) ( x 1 )! . Para x 2 tem-se, ( 2 ) ( 2 1 )! 1! .
Entretanto, ( 1 ) e u du 1 e também, ( 1 ) ( 1 1 )! 0! de onde conclui-se que 0! 1 .
0
Entretanto, para grandes valores de x pode-se desconsiderar o erro numérico ocasionado pela
diferença entre a área dos retângulos e a área real entre cada dois valores consecutivos de x , até
porque como vemos na figura, esse erro diminui com x crescente, de modo que,
x
ln( x! ) ln x dx . Essa integral resolvida por partes, nos dá, ln( x! ) x ln x x 1 x ln x x ,
1
para grandes valores de x . Essa função é conhecida pelo nome de fórmula de Stirling.
p
ln W ln( n! ) ln( ni ! )
i 1
p p p p
ln W n ln( n ) n ni ln( ni ) ni n ln( n ) n ni ln( ni ) ni , onde n i n
i 1 i 1 i 1 i 1
Segue-se que,
p
ln W n ln( n ) ni ln( ni ) (3.287)
i 1
p
(ln W ) n ln( n ) ni ln( ni ) 0
i 1
p p
(ln W ) ni ln( ni ) ln( ni ) ni 0
i 1 i 1
Entretanto,
p p p p
1
ni ln( ni ) ni ni
ni ni ni n 0
i 1 i 1 i 1 i 1
ln( n ) n
i 1
i i 0 (3.288)
188
p
n ni 0 (3.289)
i 1
Essa equação representa uma restrição sobre a variedade dos possíveis ni ; i 1,2 ,..., p .
Suponha-se um sistema isolado, isto é, de energia interna constante. A energia interna U total do
conjunto de partículas é a soma das energias das partículas de cada célula de energia i , de modo
p
que U ni i . Sendo U constante tem-se,
i 1
p
U i ni 0 (3.290)
i 1
Essa equação, a exemplo da equação (3.289) constitui-se numa equação de restrição adicional que
deve prevalecer tal qual a equação (3.289) também no estado de máxima probabilidade. A solução
desse problema de máximo condicionado é obtida utilizando-se o método de multiplicadores de
Lagrange. Com efeito, multiplicando-se a equação (3.289) pela constante ln (onde é
constante), a equação (3.290) pela constante e somando-se a equação (3.287) as equações
resultantes chega-se a expressão,
ln( ni ) ln i ni 0
i 1
Essa equação deve prevalecer no ponto de máximo para todos os valores numéricos
arbitrariamente escolhidos das variações ni , o que somente é verdadeiro se as seguintes
equações forem válidas,
p p
Entretanto, sendo ni n deve-se ter n e i . Essa expressão nos dá,
i 1 i 1
n/ Z (3.292)
onde,
p
Z e i (3.293)
i 1
Essa somatória é denominada de função de partição ou soma dos estados (terminologia traduzida da
palavra alemã de idêntico significado "zustandssumme", atribuída a Boltzmann). Substituindo-se
da equação (3.292) na equação (3.291) tem-se,
ni / n Z i / Z (3.294)
onde Z i e i ; i 1,2 ,..., p . Conclui-se portanto que o estado mais provável é aquele para o
qual o número de partículas (pontos-fase) de energia i é expresso por essa equação. A razão
Z i / Z nada mais é do que a probabilidade discreta de ocorrer uma célula de fração igual a ni / n .
Z
i 1
i / Z para q p .
subsistemas pode-se atribuir uma certa ordem, superior a ordem dos estados resultantes da
remoção da parede, pois as partículas desses subsistemas no estado inicial, estão em equilíbrio em
seus estados de temperatura e pressão. Após a remoção da parede, o grau de desordem será
crescente, até que o sistema não-restrito atinja um estado final de máxima desordem, de equilíbrio
térmico e mecânico. Nessa evolução para o estado de equilíbrio, a entropia do sistema crescerá
até atingir seu máximo, correspondente ao micro-estado de maior probabilidade, qual seja, W .
Pode-se, por conseguinte, considerar que existe uma relação funcional entre a entropia do sistema
e a probabilidade de ocorrência do micro-estado correspondente ao estado de equilíbrio
termodinâmico deste.
fase distinguíveis pela natureza destes, pertencentes aos espaços de fases dos dois sistemas.
Segue-se que S ( W ) S ( W1W2 ) . Sendo a entropia uma função aditiva, a entropia do sistema
S f ( W ) f ( W1W2 ) f ( W1 ) f ( W2 ) (3.295)
W2 f ( W ) f ( W1 )
W1W2 f ( W ) f ( W ) 0
ou equivalentemente,
W f ( W ) f ( W ) 0
191
f ( W ) / f ' ( W ) 1 / W
ln f ( W ) lnW A
ln f ' ( W )W A
Essa expressão nos dá, f ' ( W )W e A e, portanto, f ' ( W ) e A / W , cuja integral nos dá a
expressão que segue,
f ( W ) e A ln W B
onde B é uma constante arbitrária. Em particular, para os sistemas (1 ) e ( 2 ) essa expressão nos
dá,
f ( W1 ) e A lnW1 B e f ( W 2 ) e A ln W 2 B
Note-se que as constantes A e B devem ser as mesmas para os sistemas (1 ) e ( 2 ) , uma vez
que no caso de estes sistemas serem idênticos, f deve resultar numericamente igual para ambos.
Por conseguinte, a soma das funções precedentes nos dá a identidade que segue,
f ( W1 ) f ( W 2 ) e A lnW1 B e A ln W2 B
Essas duas últimas identidades e a equação (3.295) nos dão a identidade que segue,
e A ln W1 e A lnW2 B e A ln W1 B e A ln W2 B
S k ln W (3.296)
Essa equação e as equações (3.287) e (3.294) nos permitem obter as identidades que seguem,
p p
n e i p
ln W n ln( n ) ni ln( ni ) n ln( n ) ni ln n ln( n ) ni ln( n )
i 1 i 1 Z i 1
p
p p
ni ln Z ni i n ln Z i ni
i 1 i 1 i 1
p
Considerando-se que a energia total das partículas é expressão pela equação, i ni U , a
i 1
identidade precedente e a equação (3.296) nos permitem obter a equação que segue,
S k lnW n k ln Z k U (3.297)
U
Entretanto a Segunda Lei da Termodinâmica nos dá a relação fundamental, T , cuja
S V
S 1
derivada inversa é, . Derivando-se a equação (3.297) relativamente a U vem,
U V T
S nk Z
k kU
U V Z U V U V
Z dZ
A relação nos permite expressar a derivada precedente como segue,
U V d U V
S n k dZ
k kU (3.298)
U V Z d U V U V
p
dZ
i e / i
d i 1
20
A expressão S k lnW está gravada na lápide de Boltzmann em Göttingen, onde ele foi professor.
193
A equação (3.294) nos dá, e i ni Z / n , de modo que essa derivada pode ser expressa pelas
identidades que seguem,
p
dZ Z Z p ZU
i ni i ni
d i 1 n n i 1 n
dZ
Substituindo-se dessa expressão na equação (3.298) e cancelando-se os termos de sinais
d
S 1
contrários tem-se, k , ou seja, . Segue-se que Z i e i / kT , de modo que as
U V kT
equações (3.393) e (3.294) nos dão respectivamente,
p
Z e i / kT (3.299)
i 1
p
n p
U i ni i e i / kT
i 1 Z i 1
dZ 1 p
2 i e i / kT
dT kT i 1
n kT 2 dZ
U
Z dT
ou equivalentemente,
d
U n kT 2 (ln Z ) (3.301)
dT
194
U
S n k ln Z (3.302)
T
A forma extensiva do potencial de Helmholtz, respectiva a sua forma intensiva definida na secção
3.8.2.2 é expressa por, F U TS . Substituindo-se S nessa expressão por sua expressão da
equação (3.302) vem,
F n k T ln Z (3.303)
A equação (3.300) que expressa a fração de moléculas com energia i , qual seja, e i / kT é devida
partículas possam portar energias 1 , 2 ,..., p , respectivas a estas células. Essas energias são
distintas umas das outras, o que nos permite ordená-las em ordem crescente, isto é,
1 2 3 ... p 1 p . A fração mais provável de partículas de cada célula, conforme as
equações (3.299) e (3.300) é expressa como segue,
195
p
n j / n e i / kT e
i 1
i / kT
; j 1,2,... p
p
nj / n e
( 1 j ) / kT
1 e( 1 i ) / kT ; j 1,2,... p
i 1
A razão i / kT , argumento real presente nas funções exponenciais, deve por certo ser
adimensional, o que nos sugere ter a razão i / k a unidade de temperatura absoluta. Definindo-
temperatura de referência, qual seja, 1 min , a equação precedente toma a forma que segue,
p
nj / n e
( min j ) / T
1 e( min i ) / T ; j 1,2,..., p (3.304)
i2
Sendo min i para i 2 ,3,..., p , o expoente dessas equações são todos negativos, a exceção do
expoente do numerador no caso de j 1 , caso para o qual tem-se a equação,
p
n1 / n 1 1 e( min i ) / T
(3.305)
i2
No limite para T tendendo ao infinito essa expressão nos dá, n1 / n 1 / p e no limite para T
tendendo a zero, ela nos dá a unidade, uma vez que neste limite as exponenciais tendem a zero.
Para j 1 , o limite da equação (3.304) para T tendendo ao infinito é igual a 1 / p e para T
tendendo a zero o limite dessa equação é zero.
p
Por outro lado, a energia total das partículas é expressa pela equação, U ni i . Substituindo-
i 1
p
p p
U ni i n i e i / kT 1 e i / kT
i 1 i 1 i 1
196
p
p
U n 1 i e( 1 i ) / kT 1 e( 1 i ) / kT
i 2 i 2
onde 1 k min . Note-se que para T tendendo ao infinito, o limite dessa expressão nos dá as
identidades que seguem,
p
p
U ni i n i / p n m
i 1 i 1
p
onde m i / p é a média das energias consideradas. Factorando-se 1 no numerador da
i 1
U p
p
1 ( i / min ) e( min i ) / T 1 e( min i ) / T (3.306)
n k min i 2 i2
O limite dessa expressão para T tendendo ao infinito, como se pode diretamente verificar é
expresso como segue,
U 1 p
1 ( i / min )
n k min p i2
Sendo cada razão i / min maior que a unidade, o numerador dessa expressão resulta maior que
p . O limite da equação (3.306) para T tendendo a zero é a unidade, uma vez que o limite de
cada exponencial é zero, por ser min i 0 para i 2 ,3,..., p . Sendo U / nk min 1 nesse
limite, tem-se, U o nk min . Devida a presença de exponenciais nas somas da equação (3.306), a
p i / kT n p p i / kT
S n k ln Z U / T nk ln e i e i / kT e
i 1 T i 1 i 1
p n p p i / T
S n k ln e i / T i e i / T e
i 1 T i 1 i 1
S p
p
p
min ln1 e( min i ) / T min 1 ( i / min ) e( min i ) / T 1 e( min i ) / T
nk T i2 T i2 i 2
S p
( min i ) / T min p ( min i ) / T p
ln1 e
T ( i / min 1 ) e 1 e( min i ) / T (3.307)
nk i 2 i 2 i2
O limite dessa expressão para T tendendo ao infinito nos dá, S / n k ln p , uma vez que o
limite da soma do argumento do algoritmo é a soma de p unidades, enquanto que os limites do
numerador e do denominador do segundo termo são finitos e o limite do fator deste tende a
zero. O limite dessa equação para T tendendo a zero é calculado no segundo termo, tomando-se
min
o limite de produtos do tipo e( min i ) / T , que são equivalentes a expressão,
T
( min / T ) / e( i min ) / T . Aplicando-se a regra de L'Hospital a essa expressão obtém-se o limite
igual a zero. O limite da soma do termo do logaritmo tende a unidade, de modo que o limite da
entropia é igual a zero. Pode-se interpretar os resultados da presente análise em termos da razão
min / T . Com efeito, para T min , a energia interna tende a seu valor mínimo, enquanto que a
entropia tende a zero. Como se pode verificar, a exceção da célula de menor energia, todas as
outras células tendem a perder partículas, as quais migram para a primeira a medida que T tende
a zero. Com efeito, foi mostrado que no limite para T tendendo a zero, a fração n1 / n tende a
T min , as partículas tendem a distribuir-se uniformemente nas células, pois no limite para T
Para melhor ilustrar o comportamento da energia e da entropia, essas funções são expressas em
termos de energias escalonadas crescentemente segundo a equação, i 1 ( i 1 ) ;
p
nj / n e ( j 1 ) / T
1 e ( i 1 ) / T ; j 1,2,..., p
i 2
p
n1 / n 1 1 e ( i 1 ) / T
i 2
infinito. Como pode ser diretamente verificado, as expressões da energia, respectiva a equação
(3.306) e da entropia respectiva a equação (3.307) tomam as formas que seguem,
U p
p
u 1 1 ( i 1 )( / min ) e ( i 1 ) / T 1 e( i 1 ) / T (3.308)
nk min i 2 i 2
S p
p p
s ln1 e ( i 1 ) / T ( / T ) ( i 1 ) e ( i 1 ) / T 1 e ( i 1 ) / T (3.309)
nk i 2 i 2 i2
como funções de T / , para p 20 . Essa figura nos revela que a medida que a temperatura
aumenta a partir do 0 K , as primeiras células acumulam partículas até uma certa temperatura,
além da qual estas passam a perder essas partículas para as outras células, de modo que para T
muito elevada, todas as células tendem a receber igual fração de partículas, qual seja,
1 / p 1 / 20 0 ,05 , tal como evidenciado nessa figura.
199
Fig. 3.64 – (a) Curvas de n1 / n . (b) Curvas de n 2 / n . (c) Curvas de n 3 / n , como funções de
para p 20
A figura 3.65 nos mostra curvas de u como função da temperatura adimensional T / , para
p 5 , 10 e p infinito, no caso particular de / min 1 . A figura 3.66 nos mostra curvas de s
como função de T / para p 5 , 10 e p infinito.
p
u 1 1 ( i 1 ) / min p
i2
de a razão / min ser nula, a equação (3.308) nos dá u igual a unidade para todas as
temperaturas do intervalo considerado. Pelo exposto, vimos que a variação de u com T
depende do incremento de energia de uma célula para outra, traduzido em termos da razão de
temperaturas / min .
1 ( i 1 )( / min )e( i 1 ) / T e i / T ( / min ) i e i / T
i 2 i 1 i 1
onde
T2 d
i ei / T
i 1
1 e i / T
dT i 1
T 2 d i / T
u 1 e 1 e i / T
min dT i 1 i 1
u 1 ( / min )e / T /( 1 e / T ) (3.310)
s ln( 1 e / T ) ( / T )e / T /( 1 e / T ) (3.311)
O limite de u e s para T tendendo ao infinito como pode ser diretamente verificado é infinito.
Para T tendendo a zero, o limite de s é igual a zero e o limite de u é igual a unidade.
Tal como foi demonstrado, a equação (3.304) pode ser expressa na forma,
p
nj / n e ( j 1 ) / T
1 e ( j 1 ) / T ; j 1,2,..., p
i2
O limite dessa fração para p infinito nos dá, para j 1 , n1 / n 1 e / T e para j 2 ,3,..., p ,
limite dessa razão para T tendendo ao infinito é zero. O limite de n j / n ; j 2 ,3,..., p para T
tendendo a zero é zero e para T tendendo ao infinito é também zero. Esse limite, como vemos,
é fisicamente inconsistente. Entretanto, inspecionando-se a expressão da soma de exponenciais
202
de n j / n ; j 1,2 ,3,..., p , como foi mostrado, o limite para T tendendo ao infinito nos dá
esse limite nos dá, n j 1 ; j 1,2 ,..., p , resultado que em princípio é consistente para p infinito.
Derivadas de u e s em T 0 :
A derivada de u é calculada expressando-se a equação (3.308) na forma, u A / B , onde
p
A 1 1 ( i 1 )( / min )e ( i 1 ) / T
i 2
p
B 1 e ( i 1 ) / T
i2
de modo que,
du dA dB
/BA / B2
dT dT dT
onde
p
dA
( / T 2 ) ( i 1 )1 ( i 1 )( / min )e ( i 1 ) / T
dT i 2
p
dB
( / T 2 ) ( i 1 )e ( i 1 ) / T
dT i 2
No cálculo do limite para T tendendo a zero, na primeira parcela da derivada aparecem na soma
produtos do tipo, ( / T 2 )e ( i 1 ) / T ( / T 2 ) / e( i 1 ) / T , que a exemplo de limites anteriores,
são nulos. Sendo o limite de B igual a unidade, resulta para a primeira parcela um limite igual a
zero. Na segunda parcela, aparecem no produto das somas expressões do mesmo tipo daquelas
presentes na primeira parcela, de modo que seu limite é também nulo, uma vez que o limite de A
é igual a unidade. A derivada da energia interna no limite para T 0 é, por conseguinte, nula.
Conclui-se desse resultado que a energia interna atinge um mínimo nesse limite. A entropia
expressa pela equação (3.309) pode ser escrita na forma, s ln B ( / T )C / B , onde
p
C ( i 1 ) e ( i 1 ) / T . A derivada de s é expressa na forma,
i 2
203
ds 1 dB dC dB C
/ BC / B2 2
dT B dT T dT dT T B
muito grande, mesmo nas células dI x̂ dI v̂ , o que nos permite considerar as variáveis x̂ e v̂
como variáveis contínuas. Deve-se por conseguinte estender a teoria de probabilidades de
pontos-fase discretos para os pontos-fase definidos por x̂ e v̂ . A teoria de probabilidades
resumida no Apêndice B.15, nos mostra que no caso de intervalos quaisquer entre duas variáveis
aleatórias conterem um número muito grande de pontos, pode-se estender a definição de
probabilidade discreta para probabilidade contínua, utilizando-se o cálculo diferencial e integral
de várias variáveis. Como foi observado anteriormente, as moléculas movem-se no espaço da
região R configurando pontos-fase nas células dI x̂ dI v̂ . A cada célula corresponde um hiper-
que em cada célula dI x̂ dI v̂ as partículas têm a mesma energia ( x̂ ,v̂ ) , uma função contínua,
onde x̂ e v̂ são as coordenadas centrais da célula. Por analogia a distribuição discreta de estados,
204
contidas em dI x̂ , uma grandeza infinitesimal, coerentemente de terceira ordem, uma vez que
dV ( x̂ ) o é. Recorrendo-se a teoria básica de probabilidade de funções contínuas apresentada no
Apêndice B.15, a probabilidade discreta Z i associada a i-ésima célula, i 1,2 ,... p é representada
região R e do espaço Ev̂3 nessa equação, como vemos, são integrais triplas. A fração mais
d 6 n( x̂ ,v̂ ) / n d 6 Z / Z (3.314)
Dessa equação derivam-se duas integrais fisicamente importantes. A primeira é expressa pela
integral, d 3n( x̂ ) 3 d 6 n( x̂ ,v̂ ) . A equação (3.312) nos permite expressar essa diferencial na
E v̂
Essa equação nos dá o número mais provável de partículas contidas em dI x̂ com velocidades vi ;
d 3n( v̂ ) n e ( x̂ ,v̂ )dx1 dx2 dx3 dv1 dv2 dv3 / Z (3.316)
R
Essa equação nos dá o número mais provável de partículas na região R com velocidades v̂ no
intervalo dI v̂ .
Por outro lado, uma partícula de um gás (átomo ou molécula) de massa m , porta energia cinética
1
c ( v̂ ) mv 2 e energia potencial p ( x̂ ) m ĝ x̂ referida a um ponto x̂ de um campo de
2
forças de aceleração gravitacional ĝ . O sinal negativo indica que o produto escalar ĝ x̂ é
considerado negativo, uma vez que ĝ é sempre orientada no sentido oposto da coordenada x3 .
A energia agregada a partícula é a soma dessas energias e, por conseguinte,
p ( x̂ ) / kT c ( v̂ ) / kT
e ( x̂ ,v̂ ) / kT e [ ( x̂ ,v̂ ) c ( v̂ ) / kT ] / kT e e . Nesse caso a expressão de Z da equação
(3.313) toma a forma que segue,
p ( x̂ ) / kT
Z e dx1 dx2 dx3 3 e c ( v̂ )dv1 dv2 dv3 (3.317)
R E v̂
d 3n( xˆ ) ( xˆ ) / kT p ( xˆ ) / kT
n
e p dV ( xˆ ) R
e dV ( xˆ ) (3.318)
206
d 3n( v̂ )
n
e c ( v̂ ) / kT dv1 dv2 dv3 E v̂3
e c ( v̂ ) / kT dv1 dv2 dv3 (3.319)
p ( xˆ ) / kT
d 3n( xˆ ) n e m gx3 / kT dV ( xˆ ) R
e dV ( xˆ )
p ( xˆ ) / kT a
R
e dV ( xˆ )
0 0
e m gx3 / kT 2 r drdx3 A e m gx3 / kT dx3
0
d 3n( x3 ) n mg m gx3 / kT
e (3.320)
dV ( x3 ) a 3 kT
d 3n( x3 ) n
e (3.321)
dV ( x3 ) a 3
Essa equação nos revela que quanto maior for o valor da coordenada vertical , isto é, da energia
potencial das moléculas, menor será a densidade molecular volumétrica. Para elevadas
temperaturas, no limite para kT tendendo ao infinito ( tendendo a zero) o limite da equação
207
(3.320) é claramente zero. Conclui-se portanto que a medida que a temperatura do gás aumenta,
as moléculas do gás tendem a diluir-se no espaço infinito da região R considerada.
Na equação (3.320) o produto ( mg )n é próprio peso do gás, pois mn é a massa total deste. Para
x3 0 essa equação nos dá,
d 3n( 0 ) ( mn )g
po
dAdx3 a2
d 3n( x3 ) d 3 N
dV N A dV
po mg x3 / kT
e
RT
mg
mN A g / R T
kT
o e g x 3 / RT
(3.322)
Sendo p / RT e o po / RT vem,
p po e g x3 / RT (3.323)
208
Essa equação é conhecida pelo nome de equação barométrica. Pond-se x3 z zo nessa equação,
ela iguala-se a equação (1.100) demonstrada no exercício ilustrativo 1.11.2 do Volume I.
p ( xˆ ) / kT a b a 2 mg
R
e dV ( xˆ )
0 0
e m gx3 / kT 2 r drdx3
kT
(1 e mg b / kT )
e, por conseguinte,
d 3n( x3 ) n mg e mg x3 / kT
(3.324)
dV ( x3 ) a 2 kT ( 1 e mg b / kT )
Para b tendendo ao infinito, como se pode constatar, essa equação reduz-se a equação (3.320),
como esperado. A equação (3.324) pode ser expressa em termos das variáveis adimensionais
x3 / b e mg b / kT na forma que segue,
d 3n( x3 ) n e
(3.325)
dV ( x3 ) a 2b ( 1 e )
d 3n( x3 ) n
lim
kT dV ( x )
3 a 2b
Essa razão nada mais é que a densidade molecular volumétrica média na região considerada.
Caso (ii) - Cilindro contendo um gás ideal em movimento de rotação ao redor de seu eixo de simetria
Considere-se um gás confinado numa região constituída de um cilindro de raio a e comprimento
b , em movimento de rotação com velocidade angular , ao redor do seu eixo, na ausência de
um campo gravitacional. Cada molécula do gás é submetida a uma força igual a mâc , onde
âc 2 r êr 2 v ê , em que o vetor êr é orientado radialmente e o vetor ê é orientado
r r 1
W a W a m 2 r dr m 2 ( a 2 r 2 )
2
Essa equação nos sugere que a definição da energia potencial deve ser expressa pela equação,
1
p ( r ) m 2( a2 r 2 )
2
d 3n( r , x3 ) b a
2 2 2 2
( a 2 r 2 ) / 2 kT
n e m ( a r ) / 2 kT e m dV ( r , x3 )
dV ( r , x3 ) 0 0
b a 2 b 2kT
2 dx3 e m
2
( a 2 r 2 )/ 2 kT m 2 a 2 / 2 kT
r dr ( 1 e ) (3.326)
0 0 2 m2
2 2 2
d 3 n( r ) 1 m 2 e m ( a r )/ 2 kT
n (3.327)
dV ( r ) b 2kT ( 1 e m a / 2 kT )
2 2
2
d 3 n( ) n e ( 1 )
(3.328)
dV ( ) a 2b ( 1 e )
Essa equação nos mostra que no centro do cilindro onde a energia potencial é máxima ( 0 ) ,
a densidade molecular é mínima e onde a energia potencial é mínima ( a ) , a densidade é
máxima. Para temperaturas elevadas, no limite para kT tendendo ao infinito ( tendendo a
zero), como se pode verificar aplicando-se a regra de L'Hospital, a densidade molecular tende a
razão n / a 2b , que nada mais é que a densidade molecular média no volume da região
d 3n( ) a 2b
densidade molecular adimensional definida por, ( ) , para o caso de 1 .
dV ( ) n
e
Para 0 , ( 0 ) e p ( 0 ) / kT e para 1 , ( 1 ) e p ( 1 ) / kT 0 .
( e 1 ) ( e 1 )
2
m d 3 n( ) mn e ( 1 )
( ) 2
dV ( ) a b ( 1 e )
onde mn é a massa do gás contida no cilindro e m d 3n( ) é a massa do gás contida no volume
dV ( ) . Pondo-se ( ) p( ) / RT nessa equação vem,
2
( mn )RT e ( 1 )
p( )
a 2b ( 1 e )
Tomando-se o limite dessa equação para tendendo a zero, ou seja, tendendo a zero e
(mn) RT (mn) RT
lim p( ) po
0 a 2b V
onde po é a pressão do gás no cilindro, na ausência de rotação deste. Pode-se portanto escrever a
equação que segue,
2
e ( 1 )
p( ) po (3.329)
( 1 e )
2
Essa equação pode ser reescrita segundo a expressão, p( ) po e /( e 1 ) , a qual se iguala
a equação (1.113) demonstrada no exercício ilustrativo 1.11.3 do Volume I, fazendo-se nesta
última, g 0 .
Considere-se a seguir o caso de um cilindro em rotação ao redor do seu eixo vertical x3 , sujeito a
um campo gravitacional de aceleração g na direção desse eixo. Nesse caso a energia toma a
forma,
p ( x̂ ,v̂ ) m g x3 m 2 ( a 2 r 2 ) / 2
212
Como exercício, o leitor pode demonstrar que a densidade molecular pode ser expressa na forma
adimensional que segue,
2
d 3 n( , ) n e e ( 1 )
(3.330)
dV ( , ) a 2b ( e 1 )( 1 e )
2
p( , ) ( mnRT / a 2b ) e ( 1 )e /( e 1 )( e 1 )
p( ) ( mnRT / a 2b ) e ( 1 ) /( e 1 )
po ( mnRT / a 2b ) /( e 1 )
2
p( , ) po e ( 1 )e /( e 1 )
Essa equação adimensional é idêntica a equação (1.113) respectiva ao exercício ilustrativo 1.11.3
do Volume I.
R E v̂
A integral no espaço Ev̂3 deve ser realizada no intervalo ( , ) e a exponencial pode ser
factorada em produtos que são funções apenas de uma componente da velocidade. Pode-se
portanto escrever,
2 2
reduzidas a integral, e u du . Entretanto, do cálculo integral tem-se, e u du ,
Z V ( / )3 / 2 V ( 2 kT / m )3 / 2 (3.332)
No Volume III demonstrou-se que a pressão do gás é igual a derivada parcial do potencial de
F
Helmholtz, qual seja, p , que segundo a equação (3.333) nos dá, p n kT / V .
V T
Entretanto, a equação de Clapeyron pode ser expressa na forma, p NR T / V . Comparando-se
d 3n( v̂ ) 2
( m / 2 kT )3 / 2 e m v / 2 kT dv1 dv2 dv3
n
Sendo v 2 v12 v22 v32 essa expressão toma a forma que segue,
d 3n( v̂ ) 2 2 2
( m / 2 kT )3 / 2 e m v1 / 2 kT dv1 e m v 2 / 2 kT dv2 e m v3 / 2 kT dv3 (3.334)
n
d 3n( v̂ )
f ( v1 )dv1 f ( v2 )dv2 f ( v3 )dv3
n
onde,
2
f ( vi ) ( m / 2 kT )1 / 2 e m vi / 2 kT
; i 1,2,3
Essa função originalmente obtida por Maxwell em seu pioneiro trabalho sobre a teoria cinética
dos gases monoatômicos, nos dá a distribuição das componentes escalares da velocidade das
moléculas no intervalo ( , ) . A fração das componentes da velocidade das moléculas no
intervalo dI v̂ , qual seja, limitado pelos intervalos, vi dvi / 2,vi dvi / 2 ; i 1,2,3 é expressa
dn( vi )
pelas equações, n f ( vi ) ; i 1,2 ,3 ou na forma que segue,
dvi
1 dn
( vi ) f ( vi ) ; i 1,2 ,3 (3.335)
n dvi
1 dn
Curvas de ( vi ) são mostradas na figura 3.68 para diferentes temperaturas.
n dvi
215
Fig. 3.68 – Função de distribuição das componentes da velocidade molecular para diferentes
temperaturas
Como vemos, a distribuição de densidade das componentes da velocidade molecular tem a forma
geométrica da "curva de sino" da distribuição normal de erros de Gauss, o que é esperado de
uma função exponencial com expoente negativo do quadrado da variável independente. Essa
figura nos mostra que temperaturas elevadas, como é o caso da temperatura T3 , têm o efeito de
aumentar a probabilidade de existirem moléculas com componentes de velocidade elevadas.
Quanto mais baixa for a temperatura, como é o caso da temperatura T1 , menor é a probabilidade
de existirem moléculas com alta velocidade. Em outras palavras, o movimento molecular é tanto
menos intenso quanto menor for a temperatura do gás.
visualizar esse volume analogamente ao que se faz no E 3 para volumes infinitesimais expressos
em coordenadas cartesianas, tal como mostrado na figura 3.69.
O "volume" dessa casca esférica é igual a 4 v 2 dv . Por outro lado, a densidade de pontos-fase de
velocidades em dI v̂ pode ser expressa pela equação (3.334) na forma que segue,
dn( v ) 2
4 ( m / 2 kT )3 / 2 v 2e m v / 2 kT dv
n
217
1 dn 4 2
(v) ( m / 2kT )3 / 2 v 2e m v / 2 kT (3.336)
n dv
Essa função de distribuição foi também obtida por Maxwell em seu trabalho sobre a teoria
cinética dos gases monoatômicos. Diferentemente da equação (3.335) ela não é simétrica em
relação a v até porque ela somente tem sentido para v 0 . Como vemos, essa função é nula
para v 0 e como se pode verificar, seu limite para v tendendo ao infinito é zero. A figura 3.70
1 dn
ilustra curvas de ( v ) para diferentes temperaturas.
n dv
Essa figura corresponde diretamente à figura 3.68 no que diz respeito ao efeito da temperatura
sobre a distribuição de velocidade. Essa correspondência deve-se ao fato de que
v v12 v22 v32 . Semelhantemente ao que nos mostra a figura 3.68, temperaturas elevadas, a
vi2 vi2 dn( vi ) dn( vi )
onde
dn( vi ) n . Recorrendo-se a equação (3.335), essa expressão pode ser escrita na forma,
2
vi2 vi2e vi dvi
1 2
onde m / 2kT . Segue-se que o valor esperado da energia cinética mvi é expresso pela
2
equação,
1 2 m
2
mvi vi2e vi dvi
2 2
2
Sendo e vi uma função par, pode-se ainda escrever,
1 2
2
mvi m vi2e vi dvi
2 0
Pondo-se u vi2 nessa integral chega-se a expressão, ( 1 / 2 / 3 / 2 ) u 2e u du / . A integral
0
1 2 1 2 1 2 1 2
mv mv1 mv2 mv3
2 2 2 2
1 2 1 2 1 2 1 2 3
mv mv1 mv2 mv3 kT
2 2 2 2 2
Esse notável resultado pode também ser obtido através da função de distribuição de velocidades
expressa pela equação (3.336), a qual nos permite escrever dn( v ) g ( v )dv , onde
219
2
g( v ) 4n 3 / 2v 2e m v / 2 kT
/
1 2 1
v2
n 0
v dn( v ) v 2 g ( v )dv
n 0
4 3 / 2
2
v2 v 4e v dv
0
3
Essa integral é também conhecida no cálculo integral e resulta igual a . Substituindo-se o
8 5
valor da integral na expressão precedente obtém-se a equação que segue,
v 2 3kT / m (3.337)
1 2 3
de modo que mv kT . Substituindo-se k por sua expressão nessa equação obtém-se a
2 2
equação que segue,
v 2 3R T / M (3.338)
onde M mN A .
Energia interna
Definindo-se a energia interna do gás monoatômico como o valor esperado da soma das energias
cinéticas de todas as suas moléculas, a equação (3.337) nos dá,
220
1 3
U n mv 2 n kT
2 2
3
U NR T
2
1 dU
O calor específico molar a volume constante é expresso pela equação, cvo de modo que
N dT
3
cvo R . Essa equação, que foi plenamente confirmada por dados experimentais obtidos para
2
os gases nobres, nos revela que cada grau de liberdade de movimento de translação das moléculas
do gás, contribui ao calor específico com a fração R / 2 . Essa notável conclusão deu origem ao
princípio da equipartição da energia, segundo o qual, cada grau de liberdade de movimento de uma
molécula deve contribuir ao valor específico à volume constante com a fração R / 2 . Esse
princípio não pode ser rigorosamente adotado para outros gases que não os gases nobres. Por
exemplo, o gás hidrogênio ( H 2 ), cuja molécula bi-atômica é virtualmente uma barra elástica
contendo um átomo em cada uma de suas extremidades, possui três graus de liberdade de
translação, dois momentos principais de inércia de translação, ou seja, duas velocidades angulares
independentes de rotação e um grau de liberdade de vibração na direção axial da barra. Por essa
1
razão, o calor específico medido desse gás não é necessariamente igual a um múltiplo de R
2
para maior parte das temperaturas consideradas. A discordância do calor específico teórico em
relação aos dados experimentais é explicada pelo fato de que em determinadas faixas de
temperatura, efeitos de natureza quântica ocasionam transições de energia entre as modalidades
de energia cinética de translação, energia cinética de rotação e também energia de vibração axial
dos átomos do gás. A figura 2.17 do Volume II ilustra a curva do calor específico c po cvo R
para o hidrogênio, a qual nos revela que esse calor específico varia continuamente de seu valor
5 7
R na vizinhança do zero Kelvin até atingir R , ao final do segmento de curva
2 2
monotonicamente crescente que une os patamares correspondentes e esses dois valores.
221
4 3 / 2
2
v v 3e v dv
0
Essa integral é também conhecida no cálculo integral e seu valor numérico é igual a 1 / 2 2 , de
modo que a expressão precedente reduz-se a v 2 / , de onde resulta a equação que segue,
2kT
v2 (3.339)
m
8R T
v (3.340)
M
T 300 K , a equação (3.339) nos dá, v 445,58m / s 1604 ,1km / h . O valor esperado do
quadrado da velocidade expresso pela equação (3.337) nos dá, v 2 23,4 10 4 m 2 / s 2 e, portanto,
hidrogênio, a equação (3.340) nos dá, v 8 8,3144 103 300 / 2 1782,1m / s , enquanto
que a equação (3.338) nos dá, v 2 3 8,3144 103 300 / 2 1934,3m / s . Esses resultados
Deve-se levar em consideração de existem moléculas com velocidades maiores que a velocidade
média, todavia em proporção decrescente com o módulo da velocidade, quando este for superior
ao módulo correspondente ao máximo da função de distribuição da velocidade para uma dada
temperatura, tal como mostrado na figura 3.70.
800 K TH 1500 K .
(b) Para o caso particular de TL 300 K e TH 800 K , que temperatura deveria ser variada de
3.19.4 - No exemplo 2.14.5, considerar 1kg de nitrogênio no estado inicial de pressão igual a
1MPa , temperatura de 500 K e para o estado final, p2 / p1 0,1 . Determinar:
(a) A variação da entropia no processo.
(b) O trabalho perdido.
223
3.19.8 - 0,2m3 de ar é comprimido num cilindro por um pistão que não causa atrito na parede
deste, na pressão de 1MPa e temperatura de 1000 K . O pistão é liberado e o gás expande-se
segundo um processo quase-estático. Admitindo-se ser o processo adiabático e que o trabalho
realizado medido resultou em 130kJ , determinar a mínima temperatura possível e a pressão no
estado de equilíbrio final. Verificar também o efeito da dependência do calor específico do gás
com a temperatura, sobre as variáveis no estado final. Ilustre o processo no diagrama T S .
Resposta: Para c po referido a 300 K , T2 739,63K e p2 348,34kPa .
3.19.9 - Uma massa de 0 ,2kg de gás nitrogênio é confinada num cilindro vertical termicamente
isolado, por um pistão que não causa atrito na parede deste, na pressão de 1MPa e temperatura
de 800 K . O pistão é gradativamente movido até que o volume do gás atinja o dobro do volume
do estado inicial. Determinar:
(a) A mínima temperatura fisicamente possível e a pressão no estado de equilíbrio final.
(b) O máximo trabalho que se pode obter do processo.
224
(c) Verificar o efeito da dependência funcional do calor específico do gás com a temperatura
sobre as variáveis no estado final.
Ilustre o processo em diagrama T S .
Resposta: Para c po referido a 300 K , (a) T2 606,29 K e p2 378,93kPa . (b) W12 28,85kJ .
( W13 )P 5,316kJ .
3.19.11 - Gás nitrogênio ocupando um volume de 0,1m3 é confinado num cilindro termicamente
isolado, por um pistão que não causa atrito na parede deste, na pressão de 200kPa e
temperatura de 300 K . O gás deve ser comprimido até que o volume deste seja igual a metade do
volume no estado inicial.
(a) Determinar a mínima temperatura fisicamente possível e a pressão no estado final, bem como
o mínimo trabalho, em valor absoluto, necessário para realizar o processo.
(b) Admitindo-se, que o trabalho no processo de compressão seja 30% maior em valor absoluto
que o trabalho referido no item (a), o mesmo estado inicial e o volume no estado final, respectivo
a este item, determinar a temperatura no estado final e a variação de entropia no processo.
225
3.19.13 - Um gás ideal é confinado num cilindro diatérmico no estado especificado por T1 , p1 e
V1 dados, por um pistão que não causa atrito na parede desse. A soma da pressão devida ao peso
do pistão e da pressão externa é igual a pressão no estado dado. O sistema é posto em contato
com o exterior, que é considerado como um reservatório térmico à temperatura To , menor que
To
Resposta do item (a): ( Q12 )I m c po ( T )dT .
T1
To dT
Resposta do item (b): ( Q12 )R mTo T c po ( T ) .
1 T
226
3.19.14 - Considere o sistema referido no exercício 3.19.13 e suponha que o pistão seja
bloqueado no estado (1) especificado. O gás é resfriado até que a temperatura deste atinja a
temperatura To .
To
(a) Provar que ( Q12 )I m cvo ( T )dT .
T1
To dT
(b) Provar que ( Q12 )R mTo T cvo ( T ) e que ( W12 )R To S12 , onde
1 T
To
S12 m cvo ( T )( 1 / T 1 / To )dT .
T1
3.19.15 - Certa massa de água no estado de vapor saturado seco na temperatura de 25o C , é
confinada num cilindro diatérmico por um pistão móvel, o qual não causa atrito na parede deste.
A soma da pressão devida ao peso do pistão e da pressão externa é igual a pressão exercida pelo
vapor na temperatura dada. O sistema é aquecido segundo um processo quase-estático isobárico,
até um estado de equilíbrio à temperatura T2 50o C . A partir desse estado o pistão é bloqueado,
enquanto o sistema continua sendo aquecido até um estado cuja temperatura é T3 150o C .
Determinar:
(a) O calor trocado e a variação de entropia por unidade de massa no processo isobárico.
(b) O calor trocado e a variação de entropia por unidade de massa no segundo processo.
(c) Comparar as variações de entropia respectivas aos itens (a) e (b) com as variações calculadas
através das equações de gás ideal, considerando o calor específico dependente da temperatura e
justificar a razão dos desvios numéricos.
(d) Ilustrar os processos no diagrama T s .
Sugestão: Na hipótese de se considerar o gás real, calcular a variação da entropia através de uma
rotina de integração numérica, discretizando o intervalo de temperatura e fazendo uso do
software EES, para acessar as propriedades termodinâmicas necessárias. Para o processo
isobárico, entre os estados (1) e (2), a integral da diferencial da entropia, dh p1 / T , é calculada
precendente, neste caso substituindo-se na expressão das parcelas indexadas da soma do trapézio
h( T , p2 ) por u( T ,v2 ) .
227
T1 200o C são comprimidos num cilindro diatérmico por um pistão que não causa atrito na
parede desse. A soma da pressão devida ao peso do pistão e da pressão externa é igual a pressão
no estado dado. O sistema é posto em contato com o exterior à To 25o C . A água é resfriada
segundo um processo quase-estático isobárico, até o estado para o qual a temperatura da água é
igual a temperatura do exterior.
(a) Determinar o calor trocado no sistema e a variação da entropia, considerando-se que todo o
trabalho é perdido no processo.
(b) Determinar o trabalho máximo que pode ser extraído do processo de resfriamento.
(c) Provar que o trabalho máximo que pode ser extraído do processo de resfriamento é expresso
pela equação, ( W12 )R To S12 , onde S12 m( so s1 ) mh( p1 ,T1 ) h( p1 ,To ) / To .
(d) Comparar os resultados, considerando o vapor d’água como gás ideal e justificar a razão das
pequenas diferenças numéricas constatadas.
Sugestão: Supor que a troca de calor reversível com o meio seja realizada através de um ciclo de
Carnot, para o qual Q / T Qo / To 0 , onde Q é a quantidade de calor infinitesimal
respectiva ao meio exterior e To a temperatura deste constante. O calor trocado com o exterior,
3.19.17 - 5kg de vapor d’água saturado seco na temperatura T1 100o C são confinados num
Sugestão: Supor que a troca de calor reversível com o meio seja realizada através de um ciclo de
Carnot, para o qual Q / T Qo / To 0 , onde Q é a quantidade de calor infinitesimal
respectiva ao meio exterior e To a temperatura deste constante. O calor trocado com o exterior,
3.19.18 - Fazendo uso das equações (3.60) – (3.65), para o gás nitrogênio:
(a) Ilustrar em diagrama T s , conforme a figura 3.30, curvas de v / vo e p / po constantes, a
partir do estado de po 1bar e To 25o C . Comparar essas curvas com as curvas respectivas a
calor específico constante referenciado a 300 K .
(b) Computar uma tabela de propriedades termodinâmicas para esse gás, análoga a tabela A.19,
incluindo nesta também os valores numéricos da energia interna e da entalpia, calculados
considerando calor específico constante e referenciado a 300 K .
U ( potência / área K ) por A , a área da superfície de troca de calor na interface entre o corpo
To .
x 2 ( 1 a b )x b 0 , onde b To / TH 1 e a W /( UA )L TH .
(c) Provar que existe solução dessa equação para todo a 0 , que x corresponde ao ponto de
intersecção da reta de equação y ax com a parábola de equação y x 2 ( 1 b )x b e que a
(a) Desenvolver uma equação que relacione a máxima temperatura TH possível, com W , TL e
To .
(c) Provar que existe solução dessa equação somente se a a 1 b 2 b , que esta solução
corresponde ao ponto de intersecção da reta de equação y ax com a parábola de equação
x b.
(d) Provar que a taxa de variação da entropia é expressa pela equação,
S gen ( UA )H ( b x )( 1 / x 1 / b ) . Para b 5 , resulta que a 0,5278 . Arbitrar um valor de a
230
menor que a e então, escolher a solução mais racional sob o ponto de vista da geração de
entropia. Interpretar fisicamente a variação temporal da entropia respectiva as duas soluções.
produzida W constantes:
(a) Utilizando a Primeira e Segunda Leis da Termodinâmica, provar que no caso de o motor ser
reversível, as razões x TL / TLo 1 e y TH / THo 1 satisfazem as equações,
w 1 W /( UA )H THo 1 .
(b) Explicitando y em função de x na primeira equação e comparando a derivada dessa função
com a derivada da segunda função em relação a x no ponto de x 1 , demonstrar que para
w w ( 2 ) /( 1 ) 1 , existem duas raízes que satisfazem as equações e que para
o caso particular para o qual w w , existe somente uma raiz, que corresponde ao ponto de
tangência da curva de y com a reta de x .
(e) Para 1 e 0,5 , resulta que w 0,9572 . Para w 0,98 , calcular as raízes da equação
referida no item (c) e escolher a solução mais racional, segundo o critério da geração da entropia.
Comparar os valores numéricos das razões y e TL / THo x , respectivas as raízes calculadas e
interpretar fisicamente os resultados,
Resposta: (e) x1 1,4114 , y1 0,7743 , 1 0,001857 , TL1 / THo 0,7057 , x2 1,0486 ,
3.19.23 - Uma bomba de calor é utilizada para aquecer um ambiente que deve ser mantido em
uma temperatura TP dada, transferindo calor de um ambiente à temperatura TL dada. A troca de
calor do reservatório quente da bomba para o ambiente de temperatura TP é realizada através de
um trocador de calor, cujo calor trocado é governado pela equação, QP K ( TH TP ) , em que
TH TP e K é uma constante expressa em unidade de energia por grau de diferença de
temperatura. Especificando-se TL , QL e TP , demonstrar que para o caso particular de uma
bomba de calor reversível, o valor numérico de K deve ser maior que a razão QL / TL . Fazer um
esboço do gráfico de QH / TH em função da temperatura TH para diferentes valores números da
constante K .
3.19.24 - Uma massa de ar ocupando um volume de 0,1m3 é confinada num cilindro diatérmico
na pressão de 1MPa , por um pistão móvel que não exerce atrito na parede do cilindro. O gás
troca calor com o meio exterior cuja temperatura é To 300 K , segundo um processo quasi-
estático, durante o qual o calor trocado é governado pela equação, Q UA( T To ) , onde
UA 0,1kW / K . O calor perdido foi medido num intervalo de tempo t (segundos), resultando
em 200kJ . Esses dados nos permitem formular dois problemas distintos, a saber:
( W12 )R 67 ,938kJ .
232
3.19.25 – Considere-se como referência o exemplo ilustrativo 2.14.12 (a) e a figura respectiva 2.39
reproduzida na figura 3.71, onde, para o sistema A , N1IA 0,012kmol de gás nitrogênio (1),
para o qual VBI é compatível com a condição inicial de igualdade de pressões parciais do
componente (1). No estado (I), a temperatura de ambos sistemas é igual a 300 K . O gás
nitrogênio é comprimido isotermicamente até o estado (II), enquanto que toda massa de B é
transferida para A , mantendo-se o volume de A constante. A seguir, a mistura de A é
comprimida adiabática e reversivelmente. até o estado (III), para o qual a pressão é igual ao dobro
da pressão do estado (II).
Determinar:
(a) A variação de entropia, o calor trocado e o trabalho respectivo ao processo compreendido
entre os estados (I) e (II).
(b) A temperatura, o volume no estado final e o trabalho no processo compreendido entre os
estados (II) e (III).
(c) Verificar a desigualdade de Clausius no processo compreendido entre os estados (I) e (III).
Resposta: (a) y1IA 0,75 , y2I A 0,25 , y1IIA 0,6666 , y2IIA 0,3333 , p AI 199,548kPa ,
3.19.26 – Em um processo à pressão constante, sabemos que o calor trocado por unidade de
massa q Q / m , é igual a variação da entalpia específica. Integrando-se a diferencial da
entalpia entre os estados (1) e (2), segundo um processo à pressão constante, chega-se a equação,
h 2 h1 u 2 u 1 p( v 2 v1 ) . Demonstrar que para um processo reversível,
s2
u 2 u 1 T ( s 2 s1 ) p( v 2 v1 ) , onde T ( p ) T ( p , s )ds /( s2 s1 ) é a média integral de
s1
T ( p , s ) no intervalo considerado.
3.19.27 – Vapor d’água saturado seco, confinado num cilindro por um pistão móvel que não
causa atrito, é submetido a um processo de expansão adiabática quase-estática, de um estado de
pressão p1 2 MPa até um estado de pressão p2 200kPa .
(a) Determinar a temperatura no estado final de equilíbrio, para um processo de que resulte o
máximo trabalho específico, para o estado inicial e a pressão final especificados.
(b) Considerando um processo que ocorra entre o estado inicial dado e igual pressão final, para o
qual o trabalho realizado é de 90% do trabalho referido no item (a), determinar a temperatura (e
o título, se for o caso) no estado final e a variação de entropia específica no processo.
(c), Considerando um processo que ocorra entre o estado inicial dado e igual pressão final, para o
qual o trabalho realizado é de 50% do trabalho referido no item (a), determinar a temperatura (e
o título, se for o caso) no estado final e a variação de entropia específica no processo.
(d) Provar que no caso de o estado (2) ser de saturação (item (b)), o trabalho específico perdido
pode ser expresso pela equação, ( w12 )P T2 ( s 2 I s 2 R ) p2 ( v 2 I v 2 R ) , onde T2 Ts ( p2 ) .
Provar também que no caso de o estado (2) ser de superaquecimento (item (c)), o trabalho
perdido pode ser expresso pela equação ( w12 )P T2 ( s 2 I s 2 R ) p2 ( v 2 I v 2 R ) , onde T2 é a
estado (1) e da temperatura no estado (2). Para efeito de comparação, determinar o valor
numérico de T .
(e) Interpretar os resultados numéricos à luz da desigualdade de Clausius.
(f) Ilustrar os processos analisados no diagrama T s e interpretar geometricamente a integral de
T ( p , s ) em termos de área.
Sugestão: Em relação ao item (d), utilizar a identidade provada no exercício 3.19.25, considerando
um processo reversível (que seguramente existe) entre os estados ( 2 R ) e ( 2 I ) .
3.19.28 – CO2 deve ser comprimido, segundo um processo adiabático quase-estático, do estado
de vapor saturado seco a temperatura de 20o C até um estado de pressão igual a 10 MPa .
(a) Determinar o valor numérico da temperatura no estado (2), correspondente ao máximo
trabalho específico (mínimo, em valor absoluto) que possa ser consumido entre os estados (1) e
(2) de pressão dada.
(b) Considerando-se um processo para o qual o trabalho é 30% maior, em valor absoluto, que o
trabalho respectivo ao item (a), determinar a temperatura no estado final e a variação da entropia
específica no processo.
(c) Provar que o trabalho perdido na compressão respectivo ao item (b), pode ser expresso pela
equação, ( w12 )P T2 ( s 2 I s 2 R ) p2 ( v 2 I v 2 R ) , já interpretada no exercício 3.19.27.
3.19.29 – Um tanque rígido e hermético de volume igual a 1000 contém vapor d’água saturado
seco a 100o C . O vapor deve ser aquecido até atingir a temperatura de 200o C , segundo um
processo quase-estático, por meio de uma máquina térmica que opera entre o exterior a 25o C e
o tanque. Determinar:
a) A pressão do tanque no estado final.
b) O mínimo trabalho consumido no processo.
Sugestão: Supor que a troca de calor reversível com o meio seja realizada através de um ciclo de
Carnot, para o qual Q / T Qo / To 0 , onde Q é a quantidade de calor infinitesimal
respectiva ao meio exterior e To a temperatura deste constante. O calor trocado com o exterior,
235
parcelas do tipo, 1 / T j
1 / T j 1 u( T j 1 ,v1 ) u( T j ,v1 ) / 2 , onde T j T1 ( j 1 )T ;
j 1,2 ,...,n 1 e T ( T2 T1 ) / n .
T1 , é submetido a uma força constante normal N sobre uma coroa circular fixa. Essa coroa, de
igual temperatura inicial, massa, calor específico e dimensões do disco referido, é aquecida na
operação de frenagem. No intervalo de tempo de frenagem, a roda do veículo cujo raio é igual a
R 3 , maior que R 2 , percorre uma certa distância X com velocidade constante. Durante o
onde c N ( R23 R13 )X / 3mcT1 ( R22 R12 )R3 , em que c é o coeficiente de atrito
cinemático da superfície de contato da coroa e do disco.
Sugestão: Considerar que a potência mecânica dissipada na frenagem, por unidade de área,
respectiva a um elemento de área de coroa circular de largura dr e raio r na superfície de
contato das coroas, é expressa pela equação, dW c N r 2rdr / A , onde
onde, g 5,463M ( 5,463M )2 4( 2 ,7315M 2 min
2
) / 2.
M
b) Demonstrar que para f ( ) ln , M e N são relacionados pela equação, ln g N
g
onde, g3,7315 min ( g M )2 ,7315 .
Ao comparar-se uma escala genérica com a escala Kelvin, deve prevalecer a relação
( ) / ( g ) T / Tg . Em termos da função f , a razão dos calores da máquina de Carnot nos
dá, f ( ) f ( min ) f ( g ) f ( min ) T / Tg .
3.19.33 – Considere-se duas curvas adiabáticas e estados como ilustrados na Figura 3.19 da
página 38, onde os estados C e D para o ar são especificados por pC 500kPa ,
1 p
estados é governado pela equação, p pC e ( v vC ) , da qual obtém-se, ln D .
vD vC pC
a) Demonstrar que a integral que estabelece a condição de compensação das áreas respectivas aos
processos CEFC e FDGF resulta na equação explícita para a temperatura que segue,
1
( p v pC vC ) pC ( vD vC ) pD vDk k 1
T D D
( k 1 )
e 1 R ln k
pC vC
3.19.34 – Construir curvas respectivas ao processo adiabático reversível para o gás real nitrogênio
entre os estados de T1 300 K , v1 0,8786m3 / kg e T2 1200 K , representadas nos diagramas
T cvo ( T ) F d
nos dá a expressão, s s1 dT R ln 2 . As derivadas parciais de
T1 T 1 1 T
B( T ) e C( T ) são expressas respectivamente como seguem,
dB bo dB dC bo dC
2
R B ( T ) T
e R C ( T ) T
dT M dT dT M dT
dB bo dC ( 1 )
2 2 2
b
g( ) o B ( T ) T
( 1 ) C ( T ) T
dT
M dT M 2
A equação precedente pode ser resolvida numericamente através do software EES, para
determinar o valor numérico de e portanto de v , para cada valor numérico de T T1
especificado. Como pode ser verificado, para cada valor numérico de T T1 dado, essa equação
tem uma raiz que corresponde ao ponto de cruzamento das curvas respectivas a f e g , onde f
238
é uma função decrescente com T e g é uma função crescente com esta variável. Essa raiz situa-
T
se entre 1 , ponto para o qual, f ( 1 ) cvo ( T )dT 0 e g ( 1 ) 0 e o , ponto para o qual
T1
1 T c (T )
f ( o ) 0 e g ( o ) 0 . A expressão de f nos dá, o 1 exp vo dT . Note-se
R T1 T
que o é o valor de como função de T na condição de s s1 para um gás ideal em que c po
é variável com a temperatura. Como se pode verificar por inspeção gráfica, a medida que T
cresce, a raiz aumenta e portanto v descresce, confirmando fisicamente o fato de que a
compressão adiabática do gás resulta no aumento de sua temperatura (e portanto de sua pressão).
Dispensando-se o uso do software EES, pode-se resolver a equação em termos de na forma
implícita, h( ) g ( ) f ( ) 0 , através do método de Newton, iniciando o processo
iterativo com ( o 1 ) / 2 . Adotar interpolação linear ou polinomial do segundo grau para
3.19.35 – 2kg de vapor d’água saturado seco a 200o C são confinados num cilindro vertical por
um pistão. O pistão é revestido perifericamente (na superfície de contato com o cilindro) e em
sua superfície inferior por uma camada de cobre cujo calor específico é co 0,374kJ / kg K e
cuja massa, mo , é igual a 10% da massa da água. Tanto o material do cilindro quanto o material
do pistão são isolantes térmicos. O pistão é deslocado até que a pressão da água atinja 4 MPa .
(a) Determinar a temperatura do sistema no estado final de equilíbrio e o trabalho respectivo ao
processo, considerando este reversível (caso em que não se considera o atrito entre o
revestimento metálico e a parede do cilindro).
(b) Determinar a temperatura do sistema no estado final de equilíbrio e a variação da entropia
correspondente ao processo, na situação de o trabalho ser 20% maior que o trabalho respectivo
ao processo reversível.
(c) A partir da equação da força de atrito, qual seja, F c N , em que c é o coeficiente de
atrito cinemático e N é a força na direção radial do pistão, obter uma expressão que relacione o
trabalho perdido no processo em função da variação do volume da água.
(d) Resolver os itens (a) e (b) considerando que a massa do metal seja igual a 50% da massa da
água e tirar conclusões do efeito desta massa sobre a temperatura no estado final de equilíbrio.
Deve-se considerar que o atrito do sólido com a parede resulta em aquecimento, enquanto o
calor é transferido para o gás e para o sólido aumentando suas energias internas.
Sugestão: Para o caso (a) expressar a variação da entropia total considerando o sólido e a água.
Por inspeção, verificar que o estado final é de vapor superaquecido e que a temperatura T2 R está
O valor numérico desse fator é igual a 144,0932kJ / m3 . A entropia s2 R resulta menor que a
240
3.19.36 – Considerar o exercício 3.19.35 cujo fluido de trabalho é o nitrogênio, no estado inicial
para o qual T1 300 K e p 1 100kPa , enquanto que no estado final, p 2 3MPa . Resolver os
itens (a) e (b) considerando o calor específico variável com a temperatura. Resolver novamente o
item (b) considerando o calor específico do gás constante e referido a temperatura média
( T1 T 2 I ) / 2 , calcular a temperatura final e comparar esta com a temperatura final respectiva ao
item (b).
3.19.37 – Uma câmara cilíndrica horizontal rígida e indeformável cujo volume é igual a V o ,
Sugestão: Espalhando-se no exemplo analítico ilustrativo 2.14.4 - caso (b.2) do Volume II,
considerar a equação da soma dos volumes e a equação resultante da aplicação da Primeira Lei.
Considerando-se que U A U B é constante, assim como também VA VB , as diferenciais dessas
equações implicam que as variáveis independentes respectivas são relacionadas. O deslocamento
do pistão produz um processo irreversível entre os estados de equilíbrio (1) e (2). A variação da
entropia de cada sistema componente, ao longo de um processo reversível que une os estados de
equilíbrio do sistema composto por A e B , nos permite expressar a variação da entropia total
que é a soma das diferenciais respectivas a cada sistema como segue,
dU A p A dVA dU B pB dVB
d ( S A S B ) dS A dS B
TA TA TB TB
241
p2 A p2 B p2 mA RT2 / V2 A mB RT2 / V2 B .
cavidade irradiante, cuja temperatura é constante e igual a T ( K ) . Esse corpo troca energia com
essa superfície, a qual é governada pela equação Q A( T 4 T4 ) , em que é uma constante
inicial é o 1 .
1 /( 1 3 )1 / 3 .
(c) Para o caso particular de 0 , obter a equação diferencial, dx / d 3 ( 1 x 4 ) , em que
x / .
dx 1 1 x 1
Sugestão: Considerando a identidade, 1 x 4
ln arctan x , chega-se a solução na
4 1 x 2
242
1 1 1
arctan( / ) arctan( 1 / ) . Para 1 a
3
forma, ln
4 1 2
única solução real possível é aquela para a qual e para 1 a única solução real possível
é aquela para a qual . Essas condições asseguram ser a função logarítmica real.
(d) Demonstrar que a taxa de variação da entropia adimensional no processo, definida por
S / ATo3 é governada pela equação adimensional, ( 4 4 ) / .
(e) Construir curvas de solução de e para as condições estabelecidas no item (c) e tirar
conclusões físicas a partir destas curvas.
243
Índice Remissivo
A
anergia - 150, 152, 157, 158
B
Boltzmann - 167, 181, 182, 186, 187, 189, 194, 203, 206, 212, 213, 221
C
cálculo da entropia - 53, 65, 81, 98, 100, 102, 177
ciclo de Carnot - 1, 19, 24, 25, 27, 29, 31, 32
Clausius - 1, 9, 10, 23, 24, 30, 41-44, 52, 53, 60-63, 96
compressibilidade adiabática - 91
Curie - 167, 168
D
diferencial do calor - 18, 19, 31, 54
E
escala termodinâmica - 19, 35, 44, 47, 48, 51, 54, 60, 159, 160
exergia - 150, 152, 153, 157
K
Kelvin-Planck - 15, 18, 159, 160
M
máquina térmica - 4, 157, 234
Mollier - 58
P
processo reversível - 1, 2, 11, 19, 23, 31, 32, 37, 39-42, 52-54
R
reservatório de calor - 4, 9, 10, 12, 24, 29, 35, 125
T
terceira Lei - 20, 36, 37, 49, 158, 159, 172, 175-177, 203
trabalho máximo - 11, 39, 111, 120, 150-152, 225, 227
transformação de Legendre - 70-72, 76, 78, 79