Você está na página 1de 3

ALMEIDA, FERNANDA V. e CENTENO, ALBERTO J.

, BISINOTI, MÁRCIA
CRISTINA; JARDIM, WILSON F. - Revisão Substâncias Tóxicas Persistentes
(STP) no Brasil – Quim. Nova, Vol. 30, No. 8, 1976-1985, 2007.

FLORES, ARACELI VERÔNICA; RIBEIRO, JOSELITO NARDY; NEVES,


ANTONIO AUGUSTO; QUEIROZ, ELIANA LOPES RIBEIRO DE. –
Organoclorados: Um Problema de Saúde Pública.

Os estudos apresentados nos falam sobre as Substâncias Tóxicas Persistentes –


STP, pesticidas usadas no combate às pragas agrícolas e em saúde pública, e
os prejuízos causados por seu uso, dentre as quais, o grupo dos Poluentes
Orgânicos Persistentes – POP, define-se como o mais expressivo.

As STP são substâncias que apresentam como características, degradação lenta


no meio ambiente, são acumulativas na biota e tóxicas. Sua utilização
indiscriminada vem trazendo danos irreparáveis ao meio ambiente e, dentre as
mais utilizadas, estão os organoclorados, de origem sintética, em destaque no
presente estudo. Com a ação de tais produtos reduziu-se o índice de doenças e
beneficiou-se a produção agrícola, porém, em contrapartida, o ecossistema
tornou-se vulnerável, considerando a permanência desses agentes no meio
ambiente por longos períodos, devido a sua estabilidade química.

O estudo mostra, ainda, que o grau de persistência de tais substâncias está


relacionada ao tipo, quantidade e às características e reações do meio, assim
como a sua degradação é decorrente da interação que poderá ocorrer entre o
produto e os agentes físicos, químicos e biológicos.

O solo e a atmosfera são os canais de maior acessibilidade e transmissão desses


compostos. No solo, uma vez infiltrados, disseminam-se para os rios, mares,
poços, sistemas de abastecimento de água, lençóis freáticos, entre outros. Na
atmosfera, são dispersos com muita facilidade. Em ambas as formas de
contaminação a cadeia alimentar é atingida, gerando-se um impacto ambiental no
planeta. Outras fontes de contaminação relacionadas foram os sedimentos, os
animais, os seres humanos e os alimentos.

Devido a alta lipossolubilidade, os organoclorados se acumulam nos tecidos


adiposos dos organismos vivos, trazendo sérios problemas para as espécies.
Amostras de leite materno, de sangue e tecido adiposo humano contaminados,
câncer gastrintestinal, tumores hepáticos e de tireóide, alterações neurológicas,
dermatoses, rinites alérgicas, depressão do sistema imunológico, entre outras,
assim como a má formação da casca dos ovos de águias, falcões e açores, a qual
foi precursora da queda populacional das aves, são exemplos vivos da
contaminação da cadeia alimentar, derivada . A principal via de contaminação é a
digestiva, cuja ocorrência se dá por alimentos ricos em gordura, embora as vias
respiratórias e cutânea também sejam suscetíveis.

No decorrer dos anos algumas medidas políticas foram adotadas no controle dos
pesticidas, estabelecendo-se limites para a sua utilização. Na década de 60,
diversos países restringiram ou proibiram a utilização dos organoclorados, porém,
em 1970, no Brasil, estimulava-se o seu uso, visando garantir a produção agrícola
para fins de exportação. Somente em 1975, foram proibidos o uso, a
comercialização e a distribuição desses produtos no Brasil. Atualmente, os
agrotóxicos clorados, em uso no Brasil, são para fins de preservação de madeira,
embora o Hepatocloro tenha sido proibido no ano de 2004.

Em 2001, da Convenção realizada em Estocolmo, resultou o tratado global entre


90 países, cujo objetivo visava a eliminação de substâncias tóxicas persistentes,
quando os representantes de cada país firmaram um acordo nesse sentido,
selecionando doze substâncias denominadas de “as doze sujas”: Aldrin, Endrin,
Dieldrin, Clordano, DDT, Toxafeno, Mirex, Heptacloro, Hexaclorobenzeno, PCB,
Dioxinas e Furanos.

Posteriormente, foram desenvolvidos outros Projetos voltados às questões


ambientais, como por exemplo a “Avaliação Regional das Substâncias Tóxicas
Persistentes”. O Projeto foi desenvolvido à nível mundial e avaliados os danos e
ameaças ocasionados pelas substâncias, por cada uma das doze regiões
geográficas pré-estabelecidas, a fim de que fossem identificadas as
conseqüências e as medidas que deveriam ser adotadas. O grupo da América do
Sul teve a participação do Laboratório de Química Ambiental da UNICAMP,
dividindo-se, então, as STP por grupos: agrotóxicos, compostos industriais e
subprodutos não intencionais. No documento da América do Sul, as substâncias
foram separadas em três classes de prioridades, considerando as informações de
fontes, toxicologia, níveis ambientais e efeitos para a saúde do homem, definindo-
se o DDT, lindano, pentaclorofenol e endossulfan como prioritárias.

Quanto às medidas técnicas, desenvolveram-se estudos visando amenizar os


impactos no meio ambiente decorrentes do uso dos organoclorados, através de
processos físicos, biológicos, oxidativos avançados, eletroquímicos e outros,
porém, estudos científicos devem ser intensificados nesse sentido.

Conclusão:

As Substâncias Tóxicas Persistentes tornou-se um problema de saúde pública


devido a falta de controle no passado. Os estudos mostram que tais substâncias
ainda resistem no meio ambiente por serem quimicamente estáveis, e os dados
disponíveis referem-se, sobretudo, à região sudeste, onde se concentram
atividades acadêmicas em número bastante expressivo.

Os dados disponíveis sobre a situação no Brasil, ainda são insuficientes e pouco


divulgados. Incentivos por parte dos governos seriam bem vindos, uma vez que
tornou-se fundamental a ampliação de programas de monitoramento e controle,
projetos que venham ao encontro das necessidades ambientais visando garantir a
sobrevivência de cada espécie, bem como o incremento nas atividades científicas.

Você também pode gostar