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Mapeamento do risco de enchentes

em regiões metropolitanas utilizando


sensoriamento remoto
Mauricio de Figueiredo Longato1
Ana Maria Heuminski Ávila2
Hilton Silveira Pinto2

Um grande problema enfrentado atualmente pela população das


regiões metropolitanas são as enchentes. É um fato que faz com que a
urbanização e a ocupação irregular contribuam significativamente com
o risco de alagamento nas cidades. Assim, fica clara a necessidade de
desenvolver métodos para avaliar as regiões com potencial risco de
alagamento para, assim, evitar ou minimizar o impacto da ocupação
humana e dos riscos envolvidos.
O presente trabalho tem por objetivo desenvolver, testar e aplicar um
método de avaliação de risco de enchentes em regiões metropolita-
nas, utilizando, como área teste, a região metropolitana de Campinas.
A região metropolitana de Campinas é constituída por 19 municípios
e possui uma área territorial de 3.467 km² (IBGE, 2005), contígua
à região metropolitana de São Paulo. Campinas está localizada na
região central do Estado de São Paulo, coordenadas 22º 56’ 15’’ de
Latitude Sul [1] e 47º 03’ 45’’ de Longitude Oeste. A região sofre com
os efeitos adversos dos eventos meteorológicos extremos, como, por
exemplo, a ocorrência de enchentes. Para o desenvolvimento e teste

1
Universidade Estadual de Campinas/IFGW; mauricio@cpa.unicamp.br
2
Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri/
Unicamp); avila@cpa.unicamp.br; hilton@cpa.unicamp.br

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do algoritmo desenvolvido, foi usada uma imagem do satélite ASTER


com a qual foi possível extrair informações altimétricas da região
estudada e que esta, por sua vez, compreende uma área de 40 km²
da região em estudo.
Visando encontrar regiões candidatas a alagamentos, utilizaram-se as
informações topográficas disponíveis no satélite. Partindo do principio
de que para uma região ser alagada ela deve, no mínimo, ser capaz
de aprisionar a água por um tempo, a geometria da região deve ser
considerada para analisar e quantificar a possibilidade de ocorrência
de alagamento em um determinado lugar. É importante, também, que
se defina um critério de pontuação que meça a chance que uma região
tem de ser alagada, posicionando-a, assim, em uma escala de risco.
Postula-se que os lugares em determinada região, os quais possuem
sua altura abaixo da altura média dos pontos da região, são propensos
a receber e acumular um fluxo maior de água, tornado-se, assim,
candidatos a sofrer alagamento. Partindo desse princípio, para
determinar quais locais são propensos a alagamento deve-se: primeiro,
delimitar uma região; segundo, tirar a média das altitudes da região e,
terceiro, classificar cada lugar em “locais com sua altura acima ou
abaixo da média”, pontuando-os em zero quando acima e em um
valor P, quando abaixo (P será determinado através de um critério que
será discutido adiante). Esse processo é repetido algumas vezes em
diferentes escalas de ensembles1 sobre os mesmos locais do mapa.
Os valores P’s, assumidos em cada iteração, de cada região no mapa,
são somados, fazendo com que as pontuações sejam acumuladas. No
fim desse processo, os locais que adquirirem as maiores pontuações
são considerados como locais de maior chance de sofrer alagamento.
A partir do resultado da simulação, construiu-se um histograma com
as pontuações obtidas por cada ponto (Figura 1a). A Figura 1b mostra
a função peso escolhida para a pontuação.
A Equação (1) descreve a função peso escolhida para definir o valor
de P:

1
Ensemble é o nome escolhido para definir um grupo de pontos.

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VI Mostra de estagiários e bolsistas 2010

Figura 1. a) Histograma de pontuação, eixo x: Pontuações possíveis; eixo y:


número de pontos para um dado intervalo de pontuação. b) Função pontuação
escolhida, eixo x: tamanho da região do ensemble; eixo y: pontuação P.

Pontuação = A2 e A (1)
Onde A é o número de pontos contidos na região analisada.
E dessa forma foi construído um mapa, utilizando a plataforma
do google earth, onde foram destacados os pontos de maior risco
apontados pelo programa. A Figura 21 mostra o resultado do modelo

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para um local em que, historicamente, ocorrem enchentes em


Campinas, segundo dados da Defesa Civil do município.

Figura 2. Imagem do cruzamento das avenidas Brasil com a Orozimbo Maia


- Campinas; Coordenadas: 22º03’38.59” S; 47º03’38.59” O.

Referências
DEGROOT, M. H. “Probability and Statistics. 2nd Ed. Reading: Addison-
Wesley,1989. 723 p.
IBGE. Cidades. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.
php>. Acesso em: 06 ago. 2005.
KRAMER, C. Y. A first course in methods of multivariate analysis.
Blacksburg: Virginia Polytechnic Institute and State University, [1972].

1
Imagem retirada de : http://earth.google.com/

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