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ANATOMIA DA CINTURA ESCAPULAR

 O ombro possui 3 diartroses (gleno-umeral, acrômio-clavicular e esterno-clavicular).


 É composto por 14 ligamentos e 19 músculos.
 Existem 3 sistemas osteoligamentares de deslizamento  sub-acromial, úmero-bicipital e escápulo-torácico.
 Tem uma grande estabilidade estática e pequena estabilidade dinâmica.
 Estática  adesão/coesão, volume finito, baixa pressão intra-articular, congruência articular, lábio glenoidal,
obstáculos ósseos.
 Dinâmica  manguito mantém a cabeça umeral aposta à glenoide (depressor e estabilizador) + cabeça longa do
bíceps (estabilizador anterior).
 CLAVÍCULA
› A clavícula forma a porção ventral da cintura escapular.
É um osso longo curvado como um “S” itálico, situado
quase que horizontalmente logo acima da primeira
costela.
› Se articula medialmente com o manúbrio do esterno e
lateralmente com o acrômio da escápula.
› Principais acidentes ósseos: Extremidade esternal;
extremidade acromial; corpo da clavícula; tubérculo
conóide; linha trapezóide; impressão do ligamento
costoclavícular; sulco do músculo subclávio.
› Não tem medula, osso trabecular com revestimento de
osso compacto.

 ESCÁPULA
› É um osso par, chato e bem
fino, translúcido em alguns pontos.
Forma a parte dorsal da cintura
escapular.
› A escápula se articula com
dois ossos: úmero e clavícula.
› Tem a forma triangular
apresentando duas faces, três
margens e três ângulos.
› Face dorsal
› Espinha da escápula – separa
as fossas supra e infra-espinhal;
› Acrômio – fica na extremidade
da espinha;
› Fossa supraespinal – é
côncava e lisa, localizada acima da espinha;
› Fossa infraespinal – é côncava, fica abaixo da espinha.
› Face Costal
› Fossa subescapular.
› Margem Superior.
› Incisura escapular – incisura semi-circular localizada na porção lateral, formada pela base do processo coracóide;
› Processo coracóide – processo curvo e espesso próximo ao colo da escápula.
› Margem Lateral.
› Margem Medial.
› Ângulo Inferior – espesso e áspero.
› Ângulo Superior – fino, liso e arredondado.
 ARTICULAÇÕES DO OMBRO

› O ombro é formado por três articulações: esternoclavicular; acromioclavicular; glenoumeral. Alguns autores
consideram outra articulação no complexo do ombro: a articulação costoescapular, entre as costelas e a escápula,
importante na biomecânica fisiológica do ombro.
› Articulação esternoclavicular  Articulação sinovial
com cápsula pequena. Essa articulação é formada pela
união da extremidade esternal da clavícula e o manúbrio
do esterno. Possui as seguintes estruturas articulares:
› Cápsula articular – circunda a articulação e varia em
espessura e resistência.
› Ligamento esternoclavicular anterior – é um feixe amplo
de fibras que cobre a face anterior da articulação.
› Ligamento esternoclavicular posterior – é um análogo
feixe de fibras que recobre a face posterior da
articulação.
› Ligamento interclavicular – é um feixe achatado que une as faces superiores das extremidades esternais das
clavículas.
› Ligamento costoclavicular – é pequeno, achatado e resistente. Está fixado na parte superior e medial da cartilagem
da primeira costela e face inferior da clavícula.
› Disco articular – é achatado e está interposto entre as
superfícies articulares do esterno e clavícula.
› Articulação acromioclavicular  É uma articulação plana
entre a extremidade acromial da clavícula e a margem medial do
acrômio. É formada pelas seguintes estruturas:
› Cápsula articular – envolve toda a articulação acrômio-
clavicular.
› Ligamento acromioclavicular – é constituído por fibras
paralelas que se estendem da extremidade acromial da clavícula
até o acrômio.
› Disco articular – geralmente está ausente nesta articulação.
› Ligamento coracoclavicular – une a clavícula ao processo
coracóide da escápula. É formado por dois ligamentos: ligamento
trapezóide e ligamento conóide.
› Ligamento coracoacromial – é um feixe triangular forte estendido entre o processo coracóide e o acrômio. É um
ligamento importante para estabilização da cabeça do úmero na cavidade glenóide, pois evita a elevação dela nos
movimentos de abdução acima dos 90 graus.
› Ligamento transverso superior da escápula – é um fascículo
achatado e fino inserido no processo coracóide e na incisura
da escápula.
› Articulação glenoumeral  É uma articulação esferóide
multiaxial com três graus de liberdade. As faces articulares
são a cabeça hemisférica do úmero (convexa) e a cavidade
glenóide da escápula (côncava).
› É formada pelas seguintes estruturas:
› Cápsula articular – envolve toda a cavidade glenóide e a
cabeça do úmero. Membrana sinovial + membrana fibrosa.
› Ligamento coracoumeral – é um feixe amplo que fortalece a
parte superior da cápsula.
› Ligamentos glenoumerais – são espessamentos da cápsula
articular sobre a parte ventral da articulação. É constituído por
três ligamentos: ligamento glenoumeral superior; ligamento
glenoumeral médio; ligamento glenoumeral inferior.
› Ligamento transverso do úmero – é uma lâmina fina de fibras curtas e transversais que unem o tubérculo maior e o
menor, mantendo o tendão longo do bíceps braquial no sulco intertubercular.
› Lábio (labrum) glenoidal – é uma orla fibrocartilagínea inserida ao redor da cavidade glenóide. Tem função de
estabilização glenoumeral e quando rompido proporciona uma instabilidade articular que facilita o deslocamento
anterior ou posterior do úmero (luxação).
› MÚSCULOS ESCAPULOUMERAIS (DO
OMBRO)
› Deltóide
› Inervação: Nervo axilar (C5 e C6); Ação:
Abdução do braço, auxilia nos movimentos
de flexão, extensão, rotação lateral e
medial, flexão e extensão horizontal do
braço. Estabilização da articulação do
ombro.
› Supraespinal
› Inervação: Nervo supraescapular (C5 e
C6); Ação: Abdução do braço.
› Infraespinal
› Inervação: Nervo supraescapular (C5 e
C6); Ação: Rotação lateral do braço.
› Redondo Menor
› Inervação: Nervo axilar (C5 e C6); Ação: Rotação lateral e adução do braço.
› Redondo Maior
› Inervação: Nervo subescapular inferior - fascículo posterior do plexo braquial (C5 e C6); Ação: Rotação medial,
adução e extensão da articulação do ombro.
› Subescapular
› Inervação: Nervo subescapular superior e inferior - fascículo posterior (C5 e C6); Ação: Rotação medial e adução do
braço.
› MANGUITO ROTADOR
› A função principal deste grupo é manter a cabeça do úmero contra a cavidade glenóide, reforçar a cápsula articular
e resistir ativamente a deslocamentos indesejáveis da cabeça do úmero em direção anterior, posterior e superior.
› Todos eles, exceto o supra-espinal, são rotadores do úmero.
› Fazem parte do manguito rotador: supra-
espinal; infra-espinal; redondo menor;
subescapular.
› ESPAÇO QUADRANGULAR E
TRIANGULAR
› Os músculos redondos maior e menor junto
com o úmero delimitam um espaço de
formato triangular, que é subdividido pela
cabeça longa do músculo tríceps braquial em
espaços quadrangular (mais lateral) e
triangular (mais medial).
› No espaço quadrangular (ou espaço axilar
lateral) encontramos: artéria circunflexa
posterior do úmero e nervo axilar.
› No espaço triangular (ou espaço axilar medial) encontramos: artéria circunflexa da escápula.
SEMIOLOGIA
 INSPEÇÃO
› A atitude do braço ou do ombro pode sugerir alguma alteração importante, podendo ser funcional (como
consequência da dor ou não) ou anatômica.
› O exame deve ser feito com os ombros livres de roupa. Observar a forma como o paciente retira as roupas para
obter informação de possíveis limitações decorrentes dessa atividade.
› O ombro deve ser observado quanto a sua posição em relação ao tórax.
› Os contornos ósseos e as articulações correspondentes devem ser simétricos e sem deformidades.
› A pele e a musculatura que dão o formato característico ao ombro não devem apresentar deformidade ou hipotrofia.
› Durante a inspeção, procurar por cicatrizes na pele que possam sugerir ferimentos ou cirurgias anteriores;
deformidades ósseas ou articulares; e alterações do trofismo muscular; ou, ainda, qualquer alteração que modifique
o aspecto característico dos ombros em relação ao tórax.
 PALPAÇÃO
› Palpar referidos de dor, musculatura, superfícies ósseas e articulações.
› Em geral, a dor não corresponde a um ponto bem determinado, mas sim a uma região que caracteriza determinada
lesão.
› A musculatura que envolve superficialmente o ombro é de fácil avaliação, principalmente o tendão do cabo longo do
músculo bíceps braquial na corredeira bicipital do úmero.
› A superfície anterior da clavícula é facilmente palpada na região anterior do ombro, além do contorno do acrômio na
face lateral, a espinha da escápula na região posterior e o processo coracoide na região anterior do ombro. Todas
essas estruturas estão próximas da pele, podendo ser palpadas sem muita dificuldade, assim como as articulações
esternoclavicular e acromioclavicular.
 MOBILIDADE
› Os movimentos do ombro devem ser sempre examinados de forma comparativa com o lado contralateral.
› O exame deve verificar a mobilidade passiva e ativa.
› Apesar de o ombro ser capaz de exercer movimentos em todos os planos, durante o exame, são avaliados apenas
os movimentos de elevação do braço no plano da escápula e no plano coronal e os movimentos rotacionais.
› Os movimentos de elevação associados aos de rotação são complexos e difíceis de serem reproduzidos de forma
sistematizada, para que possam ser comparados em uma possível reavaliação.
» Rotação lateral. Com o braço junto ao tórax e o cotovelo fletido em 90º, a rotação pode variar de 0 a 90º. O
movimento é feito de forma ativa e passiva.
» Rotação medial. Estruturas anatômicas no quadril e na coluna vertebral são utilizadas como referência para a
rotação do ombro. É solicitado ao paciente que posicione o polegar na região dorsal o mais cranial possível. O
movimento varia desde a região do trocanter no quadril até a primeira vértebra torácica (T1).
» Abdução. Com o cotovelo estendido e o braço em rotação lateral, o paciente é solicitado a elevar o braço no plano
coronal até acima da cabeça, referindo, ou não, dor durante o trajeto. Caso o paciente não consiga abduzir
ativamente o ombro até o final do movimento, o examinador ajuda passivamente. A dor que aparece entre 60 e 120º
está, em geral, relacionada à região subacromial (manguito rotador) e os graus do movimento são chamados de
"arco doloroso", e de 120 a 180º à articulação acromioclavicular. O movimento varia de 0 a 180º.
» Elevação. O examinador fica atrás do paciente e pede que o braço estendido seja elevado no mesmo plano da
escápula. Além de avaliar o movimento de elevação do braço, observar o ritmo escapulotorácico, que deve ser
harmônico e simétrico. Caso o paciente não consiga elevar o braço até acima da cabeça, o examinador faz
passivamente. O movimento varia de 0 a 180º. O paciente poderá elevar os dois ombros até 180º, mas com um ritmo
escapulotorácico alterado. A assimetria do movimento escapular configura de forma inespecífica alguma alteração
articular.
» Rotação lateral e medial em abdução de 90º. A avaliação pode também ser feita com o paciente em decúbito
ventral. Com o ombro abduzido em 90º e o cotovelo fletido em 90º, o paciente deve girar a mão até acima da cabeça.
O movimento varia de 90 (rotação medial) a 120º de rotação lateral. Essa avaliação não é feita de rotina, mas
somente nos casos em que houver interesse em avaliar esse movimento específico. É uma forma de avaliar os
movimentos rotacionais sem depender de alterações das articulações do cotovelo e do punho.
 TESTE MUSCULAR
 A avaliação muscular é feita durante os movimentos de rotação lateral e medial, abdução e elevação do braço,
comparando com o lado contralateral.
 Após a avaliação da mobilidade, pedir para o paciente repetir o movimento de rotação lateral e medial, abdução e
elevação que será resistido pelo examinador. Ao atingir 90º, aproximadamente, o examinador imprime uma
resistência ao movimento, avaliando a função muscular.
 A força muscular pode ser graduada de 0 a 5 graus, sendo que 0 caracteriza nenhuma contração muscular e 5 uma
contração com força normal.
 TESTES ESPECÍFICOS
 REGIÃO SUBACROMIAL E MANGUITO ROTADOR
» Teste do impacto (teste de Neer). Fazer um movimento passivo de abdução do
braço, no plano da escápula, de 0 a 180º, se o paciente suportar. Com uma das
mãos, o examinador estabiliza a escápula. Durante esse movimento, pode
ocorrer o " impacto" do tubérculo maior contra o arco coracoacromial e o paciente
referir dor aguda (sinal de Neer). Xilocaína 10 ml, repete o teste, se for positivo,
quer dizer que a estrutura acometida não é o manguito rotador. Se o sinal for
negativo, está relacionado com o manguito.
» Teste da elevação do cotovelo (teste de Yocum). O paciente deve colocar a
mão sobre o ombro oposto ao que está sendo examinado e exercer uma força para elevar o cotovelo, que sofrerá
uma resistência contra a elevação pelo examinador. O movimento pode gerar impacto do tubérculo maior contra o
arco coracoacromial e produzir dor, o que sugere compressão do manguito rotador.
» Teste de Jobe. O teste deve ser feito com o paciente em pé. O ombro deve ser
elevado a 90º no plano da escápula e em rotação medial. O examinador deve exercer
uma força para baixo aplicada ao braço do paciente, que deverá ser resistida pelo
paciente. A dor ou a incapacidade de manter o braço elevado caracteriza o teste positivo.
» Teste do subescapular (teste de Gerber, lift off, teste da pressão
abdominal). O teste deve ser feito com o paciente em pé, com a mão deste colocada ao
nível da quinta vértebra lombar (LS) e, de forma ativa, o paciente afasta o dorso da mão
da região lombar. Esse movimento pode sofrer resistência pela mão do examinador para
avaliar a força muscular (teste de Gerber).
› É importante diferenciar se o movimento está sendo feito pelo músculo tríceps braquial, quando ocorre a extensão
do cotovelo. Esse movimento com o cotovelo invalida o teste.
› Uma alternativa para pesquisar o músculo subescapular é o examinador posicionar a mão do paciente do mesmo
jeito, mas já afastada do corpo.
› A ineficiência do músculo faz com que o paciente não consiga manter esta posição da mão, e ela vai de encontro à
região dorsal. Este é conhecido como lift off test.
› Pode-se também avaliar o músculo subescapular, posicionando a mão do paciente no abdome e pedindo para que
ele pressione a mão contra o abdome, enquanto o examinador mantém o cotovelo no plano coronal (teste de
Napoleão). Se o paciente não for capaz de manter essa posição do cotovelo enquanto pressiona o abdome e o
cotovelo mover em direção ao corpo, o músculo subescapular é ineficiente.
» Teste do infraespinal (teste de Patte; teste da "cancela"). O paciente com o braço junto ao corpo e o cotovelo
fletido em 90º faz um movimento de rotação lateral que deverá ser sentido pela mão do examinador que impõe uma
resistência contra o movimento.
› O mesmo movimento de rotação lateral poderá ser feito com o ombro abduzido em 90º e sentido pelo examinador,
que impõe uma resistência contra o movimento (teste de Patte). A incapacidade de executar a rotação lateral significa
insuficiência do músculo infraespinal e do redondo menor.
› Outra forma de se testar o músculo subescapular é posicionar o braço do paciente em rotação lateral, com o cotovelo
junto ao corpo, e pedir para que mantenha a posição de rotação lateral. Se o músculo subescapular for insuficiente,
o braço irá rodar medialmente, em direção ao abdome, parecendo o movimento de uma cancela (teste da "cancela").
» Teste do bíceps (teste de Speed). O paciente deve elevar o braço em supinação e no plano da escápula, com o
cotovelo estendido, enquanto o examinador exerce resistência contra a elevação do braço. Quando houver dor na
região do s lco intertubercular do úmero, pode significar alterações no cabo longo do bíceps braquial.
» Teste da flexão em adução forçada. O paciente deve elevar o braço até aproximadamente 90º e aduzi-lo. Nesse
momento, o examinador deve forçar gentilmente a adução do braço. Caso haja dor, em geral está relacionada à
articulação acromioclavicular.
» Teste de O'Brien. Pedir ao paciente que eleve o braço em rotação medial e pronação do antebraço (com o polegar
em direção ao solo) até aproximadamente 90º.
› Após uma adução de cerca de 20º, o examinador deve aplicar uma força em direção vertical e para baixo, que deverá
ser resistida pelo paciente.
› Em um segundo tempo, esse mesmo movimento deverá ser feito pelo paciente e pelo examinador, mas com o braço
em rotação lateral e o antebraço em supinação.
› O teste será considerado positivo quando o desconforto ou o estalido sentido na primeira fase do exame for aliviado
no segundo tempo da manobra.
› O teste positivo sugere lesão do complexo bíceps-labral superior.
› Quando houver persistência da dor nos dois momentos do exame, suspeitar de lesão na articulação
acromioclavicular.

› O manguito rotador é composto por tendões e quatro músculos de origem escapular (supra-espinal, infraespinal,
subescapular e redondo menor) que se inserem nas tuberosidades do úmero, sendo responsáveis pela
movimentação e estabilidade da articulação glenoumeral.
› Esses músculos, próximos da região de inserção, atravessam um túnel composto pelo acrômio, ligamento
coracoacromial, extremidade da clavícula e, inferiormente, pela cabeça do úmero. Nessa região, os tendões do
manguito sofrem atrito crônico essas estruturas, o que pode levar a processos inflamatórios e/ou degenerativos.
› As lesões são causadas pelo choque entre o ápice do tubérculo maior do úmero e as suas inserções tendinosas
contra o arco coracoacromial. Podem variar de um processo inflamatório até rupturas parciais ou completas de um
ou mais músculos e tendões da região.
› Causas das lesões  podem ser resultado de uma lesão substancial no ombro, da degeneração progressiva ou de
um desgaste do tecido do tendão, atividade repetitiva de sobrecarga e o levantamento de peso durante um período
de tempo prolongado ou do desenvolvimento de esporões ósseos (crescimento anormal que causam protuberâncias
ósseas nas estruturas que limitam a cavidade subacromial).
› Fatores que predispõe um atrito MAIOR entre o ápice do tubérculo maior do úmero e suas inserções tendinosas
contra o arco coracoacromial  acrômio mais inclinado anteriormente que provoca maior estreitamento da saída do
túnel; atividade do indivíduo, no trabalho ou esporte, realizando muitos movimentos de elevação do braço.
› (*) Com esse movimento, as tuberosidades do úmero são golpeadas contra a borda anterior do acrômio,
favorecendo o traumatismo dos tendões. É por isso que o pinçamento do manguito também é chamado de Síndrome
do Impacto.
› Essa síndrome do impacto é chamada por leigos de “bursite do ombro”. Nem sempre a bursa está inflamada, mas
nos casos crônicos ela pode estar espessada e fibrosada, o que contribui com o impacto, pois a bursa acaba
competindo por espaço em uma região onde o espaço já está comprometido e reduzido.
› Existem fatores biológicos que fragilizam os tendões, além dos fatores mecânicos: degeneração natural pelo
envelhecimento, problemas vasculares locais (tabagistas) e as tendinites (tendinopatias) crônicas. Traumas, fraturas
e luxações no ombro ou trações do braço podem criar ou piorar pequenas lesões prévias. Também parece existir
uma influência genética.
› As tendinopatias do manguito rotador são agrupadas em primárias (bursite e tendinite calcária) ou secundárias
(estreitamento do espaço subacromial, calcificação do ligamento coracoacromial e fratura desviada da grande
tuberosidade).
› Do ponto de vista mecânico, o tendão do supraespinhal é o componente mais vulnerável do manguito. Além disso,
este tendão tem uma área de pouca vascularização na região que sofre os impactos, por isso, é lesado com
frequência no pinçamento do manguito rotador.
 QUADRO CLÍNICO
› A maior incidência é em mulheres de meia idade e, nos jovens, incide mais nos que praticam esportes com o membro
superior.
› Há duas principais manifestações clínicas, uma aguda e outra crônica. Surge dor localizada na face anterior e lateral
do ombro, com irradiação para o braço, até o cotovelo. A elevação do braço provoca o aumento da dor. Ocorre
crepitação palpável, limitação da mobilidade e diminuição da força muscular pela dor.
› Nos casos crônicos é típica a dor noturna, com dor à palpação perituberositárias, havendo hipotrofia muscular do
ombro e déficit funcional.
› (*) A perda de movimentos não acontece em todos os casos de lesão do manguito. Nos casos de lesão aguda e
completa (transfixante) existe com frequência uma perda de força para levantar o braço. Essa perda de força pode
ser leve (apenas fadiga muscular) ou intensa (impossibilidade de levantar o braço). Nos casos de lesão mais antiga
(crônica) e não muito extensa pode haver uma adaptação e outros músculos e tendões podem compensar a rotura.
Com isso, os movimentos podem ser quase normais, com pouca perda de força.
 FASES DE NEER
› - Fase I: edema e hemorragia do músculo; pacientes jovens abaixo de 25 anos e ocorre em função do uso excessivo
do membro superior nas atividades esportivas ou no trabalho;
› - Fase II: fibrose e tendinite, faixa etária de 25 a 40 anos;
› - Fase III: nesta fase, observa-se ruptura do MR que ocorre na faixa etária acima de 40 anos.
› O diagnóstico é basicamente clínico e dois testes são usados para estabelecê-lo.
› a) Teste de Neer: flexiona-se passivamente o braço do indivíduo e ele sentirá dor. A dor aumenta se, durante a
elevação, associar adução e rotação interna ao movimento.
› b) Teste do arco doloroso: solicita-se que o paciente faça abdução do braço. Os primeiros graus de abertura são
indolores. Depois, surge dor que aumenta à medida que a abdução progride e pode diminuir nos graus finais de
abdução.
› A radiografia do ombro é útil para identificar calcificações, artrose da articulação e o ultrassom irá mostrar os tendões,
se há inflamação, degeneração ou rotura, mas não detecta lesões <1cm. Pode ser normal ou apresentar sinais de
impacto. Quando a distância acrômio-umeral for menor que 7 mm, sugere ruptura pequena do manguito e, se for
menor que 5 mm, sugere ruptura maciça.
› A RM fornece as melhores informações das lesões do manguito rotador. Tem grande vantagem de avaliar as lesões
totais e parciais do manguito, lesões da bolsa subacromial e alterações ligamentares e ósseas. É possível
diagnosticar o estágio de degeneração gordurosa/atrofia dos ventres musculares do manguito, principalmente no
plano sagital, conforme o sistema de Goutallier.
 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
› Bursite subacromial (espessamento da bolsa subacromial com aumento do volume
› de líquido), tendinite ou tendinose (degeneração crônica), peritendinite calcificada (tendinite calcária), capsulite
adesiva em estágio inicial e contusão podem apresentar semelhança no exame físico (capsulite adesiva oferece
resistência aumentada para mobilização passiva).
› Raio X mostra bem a calcificação peritendínea e os estágios avançados de capsulite adesiva (osteopenia da cabeça
umeral).
› Ultrassonografia pode diferenciar bursite e tendinopatia de ruptura. Raramente podem ocorrer artrose glenoumeral,
tumores, bursite infectada e artrite séptica.
 TRATAMENTO
› Na fase aguda:
› 1- Repouso do membro superior com tipóia.
› 2- Evitar movimentos de elevação do braço.
› 3- Anti-inflamórios não hormonais, via intramuscular e/ou via oral.
› 4- Calor úmido local (bolsa de água quente, chuveiro).
› Na fase crônica:
› 1- Evitar movimentos de elevação do braço.
› 2- Anti-inflamórios não hormonais, via oral.
› 3- Exercícios pendulares.
› 4- Calor úmido.
› 5- Sessões fisioterápicas de ultrassom.
› 6- Fortalecimento e re-equilíbrio muscular após desaparecimento da dor.
› O tratamento cirúrgico está indicado quando o paciente é tratado clinicamente por seis meses e não melhora ou em
casos de rotura tendínea (casos crônicos de impacto com enfraquecimento do tendão pela degeneração avançada).
› A cirurgia consiste em fazer a descompressão subacromial, removendo o ligamento coracoacromial, a borda
anterior do acrômio e a bursa e desgastando a superfície inferior do acrômio. Com isso, os tendões são
liberados mecanicamente e os pontos de atrito ósseo são eliminados.
› O procedimento pode ser feito por via aberta ou por artroscopia.
 PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES
› As lesões do manguito rotador podem sofrer uma progressão de sua gravidade. As lesões pequenas (<2cm) podem
se tornar extensas (>5cm) e irreparáveis.
› As lesões extensas podem originar uma artrose (artropatia do manguito rotador) em que há uma perda importante
da função na maioria dos casos, com dor intensa. Essa é a complicação mais temida e que tem seu risco diminuído
quando as lesões são reparadas mais precocemente.

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