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A ORIENTACAO EDUCACIONAL E O CURRICULO Regina Leite Garcia Joanir Gomes de Azevedo a Secretaria de Educoeo do Municipio do Rio de Janeiro RESUMO. A orientacio educacional, historicamente, se apresento ‘como um servigo na escola. Sou enfoque ere entdo,psicaligico Alustava o aluno 3 escola o preparava para o futuro ajustomen. 108 sociedade. ‘Ao fazer critica de seu papel, buscou novos caminhos. Este artigo pretende apontar alguns caminhos. Partimos do pressuposto de que, s2ndo 0 orlentador edu: cacional um especiaista de educaréo, seu instrumento de trabe ‘ho, como dos demais especialstas de edueario, & 0 curricula, ‘Assim, a partir de uma das indmereeclasficagSes de cur eulo, tentemos compatibilizer os aiversos anfoques de orientagso edu cecional ‘A Orientagdo Educacional, 20 evoluir de um enfo- ‘que psicolégico para um enfoque politico-pedagégico, passa por uma fase de busca de referencial te6rico, onde {as teorias de Orientagio Vocacional jd ndo Ihe servem, € de redefinicao de sua prética, jé que 6 preciso repensar (0 seu fazer nessa nova postura. © primeiro “insight” do orientador educacional foi no sentido de perceber que, se era pedagogo, especialista lem educagdo, 0 seu instrumento de trabalho era, fora de divida, 0 curriculo. © curriculo passava a ser, entdo, o instrumento ‘comum de trabalho de orientadores e supervisores, Mas, em sua formagio, curriculo no era o tema central. Foi preciso complementar a sua formagdo, e ele comegou a estudar Educagdo em seu sentido mais amp @ tudo 0 que 6 especitico da prética pedagégica: currs: ‘culo, planejamento, avaliacdo, processo ensino-aprendi zagem, relagio professor-aluno, aluno-conhecimento etc. Este trabalho é uma tentativa de resposta 8 busca dda Orientacdo Educacional em definir o seu papel numa nova visio. Surgiu de um artigo publicado na revista “Educagio e Avaliacio", nmero 2, ano 1, janeiro/8 Editora Cortez, intitulado “Avaliago do Enfoque Domi Cad. Pesq., Séo Paulo (48): 29-37, fev. 84 ‘SUMMARY Historially, counselling has been a service in school. Ite focus was then a psychological one, adapting children to school and preparing them for future adeptation into society. ‘After analysing eitcally thelr own role, counsellors have looked for new paths. ‘This paper intends to point out to some of these posibi ‘The counselor, being a specialist in Education, has, as ‘ther specialists in edeation, curriculum st privilaged tool af work, ‘Thus, using ono of the various classifications of eurriculi, we tied to make compatible the diverse points of view of coun ‘lng nante de Curriculo na Faculdade de Arquitetura e Urba- rnismo de Santos” de Noémio Xavier da Silveira Filho, no qual 0 autor, baseado em Eisner, apresenta cinco enfo- ‘ques curriculares: 0 racionalismo académico, 0 processo Cognitivo, a auto-ealizacdo, a tecnologia do ensino e a reconstruedo social, aos quais tentaremos relacionar os diferentes enfoques de Orientacio Educacional, defi do, assim, a aco do orientador educacional em cada enfoque curricular. © RACIONALISMO ACADEMICO No enfoque denominado 1 ccabe ao aluno uma insignificante participagdo nas deci ses referentes aos objetivos do ensino. Ele é mero recep tor de um conjunto de verdades que compSem o curri- culo, organizado em disciplinas estanques ndo articuladas fornecer conceitos « critérios para 0 desenvolvimento da funcao intelectual 1 Eisner, Eliot e Vallance, Elizabeth. "ConcepeSes contitantes de cuiriculo”. Berkeley, California, McCutchan Publishing Corporation, 1974. 29 o aluno. © ponto de partida € 0 j6 conhecido, ou sea, af Bo anterior, © conteiido jé dominado. Em seguide, & apresentado 0 novo conhecimento que deve ser apren- dido, apreensio que se dé através da comparacio do conhecimento novo com 0 conhecimento velho. Na corporacéo do conhecimento novo, é extrafdo dos ele- mentos apresentados uma lei, havendo, portanto, a inte- sgracSo do elemento novo a determinada classe de fend- menos. € 0 momento da generalizagd0, 20 qual sucede a aplicagdo, uma forma de verificacio da aprendizagem. (Saviani, 1982). O contetido de cada disciplina ¢ definido 2 prior, cobedecendo a uma ordem légica, e pretende formar 0 homem erudito,. intalectuaimente capacitado, apto a arandes generalizagdes, herdeiro da tradicio ocidental, conhecedor da produeio literéria, cientitica e artistica do ocidente. O conhecimento tem um fim em si mesmo. {A educagio se coloca como neutra e visa a transmissio de conhecimentos verdadeiros, comprovados @ aceitos. ‘Subjacente a usta configuragdo curricular, percebe +40 influéneia positivsta. O conhecimento é colocado ‘como inquestionével, baseado em verdades defintivas. E ‘ahistérico e antidialético. Ha uma verdade que esté af para ser descoberta. © conhecimento desta verdade é, pois, neutro e objetivo. Sendo © conhecimento temporal ¢ universal, 0 {que 6 bom para um aluno, ou um grupo de alunos, num determinado contexto, 6 bom para qualquer aluno, ou qualquer grupo de alunos, em qualquer contexto. Este €. aspecto conservador deste enfogue. Parte do pressuposto de que @ sociedade é boa e justa e que caberia & educago preparar as novas geracdes para se adaptarem a essa Sociedade harmoniosa, tal como se presenta. Tudo aquilo que foge & harmonia é visto como disfunedo, e precisa ser reajustado 8 sociedade. ‘A excola ¢ 0 local por excaléncia em que as novas gerapSes recebem o legado da bagagem cultural acumul da polas geracées que as antecederam. O homem conside- rado educado é aquele que identifica e compreende essa bagagem. (0 professor detém o poder do saber ¢ 0 aluno é 0 receptor deste saber. Como se estrutura no método expositivo, 0 bom professor é 0 que domina o conheck mento © 0 transmite com talento. O professor & o grande aor neste enfoque: grandes professores atraem até os alunos de outras turmas que vém fruiro brilho da expo- si. Toda a estrutura da escola e sua organizarlo, che- gando & propria arrumagdo da sala de aula, as filas, 3s Totinas, as relagdes, exigem e reforcam 0 autoritarismo do professor. Do aluno exigida a discipline, a ordem, a dedicagio aos estudos, a atencio & palavra do professor, © que 0 leva a internalizar 0 poder do professor como natural, reforgando-. (© aluno ideal, 0 bom aluno, é 0 que comparece didria © pontualmente 8 escola, esté sempre uniformiza do, possui todo 0 material escolar exigido pelos profes: sores, apresenta os exercicios sempre bem feitos,estuda e sabe todas as ligdas que the s30 ensinadas, responde faoertadamente sempre que argiido, 36 conversa em voz baixa e quando Ihe é permitido, apresenta um rendimen- 30 ‘to escolar considerado bom ou muito bom. Qs alunos que no se enquadram neste modelo de normalidade so rotulados de especiais, deficientes, carentes, excepcionais, problematicos e devem ser “tra- tados", de modo a atingir 0 padrio de normalidade, a compensar suas caréncias. Neste enfoque, 2 acdo do orientador educacional se faz no sentido de ajustar o aluno a escola e & socie dade. Detecta os “problemas”, 0s “desajustes”, trabe Thando-os individualmente ou em grupos, visando a sua superagdo. ‘Assim, a orientago educacional se coloca na esco- la de uma forma assistencial, como uma prestagio de ser- 8: 0 Servico de Orientaco Educacional, o SOE. E através do atendimento direto 20 aluno, individualmen- ‘te ou em grupo, procura ajudéo em seu process de ‘adaptacdo & escola, aos valores, ao saber, futura forma de ‘adaptacéo a0 mundo do trabalho. planejamento da Orientacdo Educacional é inde- pendente do planejamento curricular. O ponto comum 6 0 objetivo de ambos: a formagao integral do homem, seu ajustamento a escola e a sociedade. © orientador educacional desenvolve uma atuacio eminentemente corretiva, centrada na conduta, nas ina: daptagGes, nos desajustamentos dos alunos. Sou enfoque 6 predominantemente psicoligico. Acredita que 0 ho- ‘mem nasce com potencialidade para o bem e para o mal @ que a ago do meio o leva a desenvolver essas potencia- lidades num sentido ou no outro. © homem completo éo ‘que atinge a auto-realizacdo e autonomia, a que chega por ser racional, capaz de auto-controle e de aprendizagem. Esta forma de atuacdo parte do diagndstico indivi dual realizado através de técnicos de mensuracSo. Utiliza ‘questionérios, inventérios, testes, ontrevistas e sessGes de ‘grupos para desenvolver 0 autoconhecimento do aluno ¢ © conhecimento do mundo que o cerca, de modo que, conhecendo suas aptides e interesses, suas possibilida- des e limitagdes e as possibilidades e limitagdes do meio, © aluno possa fazer mais adequadamente suas opgdes educacionais e profissionais. Cabe a0 orientador educacional ajudar 0 aluno a criar um nivel de expectativa compativel com a realida- de, através de uma visio realista de si mesmo e de suas possibilidades. ‘A sociedade que & apresentada a0 aluno, ¢ que 0 ‘orientador educacional deve contribuir para que ele conheca, sendo harmoniosa e justa, oferece iguais opor- ‘tunidades para todos. Vencem os mais aptos, os mi capazes, 0 mais esforcados, que adquirem sucesso pelo seu proprio mérito. AS diferencas individuais justificam, as posigSes diferentes na sociedade e na escol (© atendimento a alunos com problemas de desa- justamentos exige, para sua eficiéncia e eficécia, um tra- balho paralelo com os pais e os professores desses alunos, no sentido de orienté-los quanto & melhor forma de atua fo, bem como para acompanhar 0 processo de ajusta- mento desses alunos. ‘A mediagdo escola-familia 6 feita na medida em que 0 orientador educacional fornece aos pais as infor- ‘mages de como a escola procura corresponder as suas expectativas de preparo intelectual de seus fithos. E na medida em que traz para a escola a expectativa da fami- Cad. Pesq. (48) fev. 1984 lia com relagdo a eta. 0 orientador participa da elaboracio de testes ¢ {nstrumentos de medidas, influindo para que soja respei- tada a seqiéncia ligica do conteido. Quando participa ‘dos Conselhos de Classe, o faz no sentido de prestar © cother informagGes sobre os alunos que estdo sendo aten- ddidos por ele, bem como de perceber quais os que esto precisando de uma atengio especial para tomar as prov dincias cabiveis. Procura inser a informagio profissional eas opor tunidades de desenvolvimento do autoconhecimento em cada discipline, a fim de que o aluno, ao final do curso, excolha a profissfo mais adequada &s suas caracter(sticas pessoais e mais Util &sociedade. 0 orientador educacional deve possibilitar que as informagdes sobre os alunos circulem entre profestores, pais e direcdo da escola, desde que contribuam para faci litar a ago desses agentes educativos em beneficio do ajustamento do aluno. Pela expecificidade do trabalho desenvolvido e pelo rnimero de alunos que uma escola geralmente posul, esta linha de Orientago Educacional exige um niimero de orientadores educacionais proporcional ao niimero de alunos, além de dependéncias especificas, 0 gabinete de Orientaedo Educacional, devidamente equipado: cadei Fas, mesas, arquivos, armérios,fichas, registro, baterias de testes, formulérios etc Trabalhando, como os demais profissionais da es cola, a partir de um modelo ideal a ser atingido, @ aqa0 do orientador educacional é no sentido de que 0 alino desenvolva as sues potencialidades, atingindo © modelo préestabele OPROCESSO COGNITIVO Neste enfoque, pretende-se que o aluno atinja a autonomia intelectual, capacitando-se a resolver as situa: ‘Bes probleméticas que a vida possa apresentar. © processo visa ao desenvolvimento das habi des cognitivas @ no a simples aquisi 105. Assim, 0 contetdo & meio, e ndo fim, meio para atingir a autonomia. Apoiado no desenvolvimento das estruturas men: tais, privilegia os processos cognitivos de aquisigio do ‘conhecimento e as etapas evolutivas Este enfoque fundamenta-se nas teorias de apren- dizagem e de desenvolvimento, surgidas na década de 50. Seus principais téoricos so Piaget, Bruner e Ausubel, percebendo-se algumas distingdes entre eles. © aluno é sujeito da aprendizagem e 0 professor & © estimulador, 0 que coloca sempre problemas desafiado- res & sua capacidade mental. © professor competente ¢ aquele que domina as teorias de aprendizagem e o processo de desenvolvimen- to mental e que ajuda os alunos a avancar. © centro do trabalho do profesor nio & mais a se iiéncia logica da matéria, mas a seqiiéncia cognitiva pela ual 0 aluno passa para aprender a matéria, O professor ‘nfo é mais 0 transmissor do saber, mas o estimulador para que os alunos construam o saber. ara Piaget, a aprendizagem se dé através da inte- ragdo dos estimulos do meio ambiente com os esquemas Orientagéo educacional e curriculo assimiladores de quem aprende. Os estimulos externos so interpretados e transformados pelo esquema de asti- milagdo do sluno. Logo, estfmulos semelhantes podem redunder diferentes para diferentes alunos, 2 nfo ser quando os esquemas de-assimilago dos alunos também so semelhantas. © curriculo deve obedecer as estruturas cognitivas dos alunos, uma vez que qualquer assunto pode ser aprendido pelo aluno, desde que respeitadas suas condi- 5e5 de maturidade e prontidao. Estas condicSes se pren dem 20s estdgios do educando: sensério-motor (0 a 2 anos), pré-operacional (2 a 7 anos), operagiies voncretas (7 a 11 anos), operacdes formais (12 anos em diante) Aqui o curriculo deve partir do concreto para o abstra- to, do particular para o geral do prOximo para o aistante Um processo de aprendizagem centrado no desen volvimento das habilidades cognitivas através do jogo permite, no #6 a aquisi¢do de contetidos, como, tam- bbém, a criagdo de novos contetidos na busce de solueées Para Bruner, o objetivo da aprendizagem é a aqui sigo de destreza na resoluedo de problemas, e esta se dé Quando hi o encaixe de uma nova categoria no sistema de cédigos do individuo. 0 currfculo deve ser estruturado em forma de espi- ral, em que um mesmo tema vai sendo gradativamente ampliado e aprofundado, partindo do particular para o eral e respeitando as formas do aluno de representagio do mundo: enativa (resposta motora), icdnica (imagens ‘que representam conceitos)e simbélica (abstragdo). i peitadas essas formas de representacSo, qualquer aluno, e qualquer idade, pode aprender qualquer assunto des. de que inteligente e honestamente apresentado. © importante € 0 processo de aprendizagem, oon- trado na aquisi¢fo de conhecimentos. 0 professor, 20 invés de apresentar a0 aluno o conhecimento em sua forma final, auxiliao @ descobrilo, através do forneci- mento de indicagdes, matarais ou outros recursos neces- Para Ausubel, a aprendizagem se faz através da incorporacdo de material significative pela estrutura cog: nitiva pré-existente © curriculo deve ser estruturado de modo que o material a ser aprendido possua significagSo légica, ine Tente a ele mesmo, e psicoldgica, que ele passa a ter, face a sua apresentacdo a percepcio do aluno. O importante 6 2 aquisigéo de conhecimentos. Assim, conteiido do ensino deve no 36 valorizar o que € significativo para 0 aluno, mas também tornar si novo, de modo que posse mais facilmente ser incorpora- do estrutura cognitiva do aluno. © professor apresenta ao aluno o assunto novo de uma forma globalizada, possibilitando meior economi de tempo © aqusi¢do de maior quantidade de conhec mentos. Nesse enfoque curricular, a Orientagio Educacio- nal participa do processo aducativo escolar, uma vez que 4 autonomia intelectual do aluno, © desenvolvimento do sua capacidede de resolver problemas e a aquisicfo de conteddos signifcativos so também seus objetivos. Essa participago no processo educative escolar se faz através da participagdo do orientador educacional no planejamento, implementagdo, desenvolvimento e 3r avaliagdo do curriculo. (© planejamento da Orientagdo Educacional & imentador do planejamento do professor, uma vez que 0 ‘erientador educacional the fornece dados sobre o mo- mento do aluno, sua etapa do desenvolvimento cogni- tivo, seus interesses. Utiliza instrumentos de avaliacdo a fim de definir a etapa do desenvolvimento cognitivo em {que © aluno se encontra, analisando, junto com os pro- fessores © o supervisor escolar, as etapas e/ou as formas de representacS0 cognitiva, procurando identificd-as, relacioné-las com as caracteristicas dos alunos, com as possibilidades dos professores, definindo metodologias. De seu trabalho com os alunos, em grupo ou indivi- dualmente, em que utilizou instrumentos de avaliacdo das etapas de desenvolvimento cognitivo, o orientador ‘educacional levarS 0 “momento” do aluno, que seré interpretado com 0s professores e 0 supervisor, identifi cando as etapas do desenvolvimento, as formas de repre- sentago cognitiva, compatibilizando-os os interesses dos alunos, &s possibilidades dos professores, as caracte- risticas da escola. Serdo definidas, em conjunto, metodo- logias, critérios e instrumentos de avaliacio e organi ‘edo das turmas. Participa do conselho de classe, analisando a coe: réncia entre a finalidade, a metodologia, a etapa do desenvolvimento cognitivo do aluno e o resultado a que s@ chegou. (© orientador educacional acompanha 0 proceso ‘como consultor, clarificando 0 que caracteriza cada eta- pa do desenvolvimento cognitivo, identiticando as mu- ddancas, sugerindo atividades que estimulem 0 desenvol vimento do aluno e a ampliaggo e aprofundamento dos contedidos. Enfatiza a importincia da construgdo de co- nhecimentos, sobretudo para alunos de classes sécio- -econdmicas desprivilegiadas para quem, na maior parte das vezes, a escola 6 a iinica possibilidade de acesso 20 saber dominante, e como certas metodologias que privi legiam © processo, em detrimento do contedido, contri- bbuem para acentuar uma situacdo de discriminacio, de exclusdo, de reprodugdo das desigualdades sociais. ‘Ainda quanto ao aspecto do conteddo de ensino, analisa, junto com os professores e o supervisor escolar, € selego dos conteddos, seus niveis de abrangéncia, sua seqiincla, sua validade e possibilidade de um mesmo ‘contetido poder contribuir ou néo para o desenvalvimen- to da habilidade de resolver problemas, rumo a autono- mia intelectual. Assessora os pais na identificago ¢ compreenséo do desenvolvimento cognitive dos filhos, e na forma em ‘que eles podem contribuir para estimulé-los, além de rmanter 06 pais informados sobre a maneira de atuago da escola, AAUTO-ATUALIZAGAO © ponto central deste enfoque 6 a liberdade @ a consciéncia da liberdade: o homem é senhor de seus atos, portanto capaz de fazer escolhas em qualquer situacdo. Mais do que atualidade, o homem é potenciaidade, um permanente viraser. Neste sentido, ele 6 um eterno desconhecido, pois a todo momento muda, evolu, ad- aquirindo novo conhecimento de si mesmo. Se & desco 32 fo, seu comportamento no é previstvel ou contro- lével; é @ mera expresso observavel e conseqiténcia do mundo interno de ser, tnico, original e indevassével. Neste enfoque, colocamse as pedagogias ndo-dire tivas. Rogers, Gilles Ferry, Hameline-Dardelin, Lobrot, Cury, a experiéncia de Neill em Summerhill, o trabalho de Barry e Johnson, so algumas das mais significativas realizagies. (0 curr(culo gira em torno dos interesses, propési 108, necessidades e aspiragdes de cada aluno. Apresenta objetivos amplos, uma vez que é impossivel definir 2 priori 08 caminhos que cada aluno sequird, tornando in- vidvel a utiizagdo de mecanismos de contr Se, nesse proceso, parte-se da realidade subjetiva para a realidade objetiva, seria pelo menos incoerente avaliar de fora para dentro. Assim, 0 que importa 6 2 ‘auto-avaliagfo, ou seja, a avaliaedo que o individuo faz ddo seu processo interno de crescimento, o que the possi- bilita viver 0 seu processo de autoconhecimento, um dos objetivos desse enfoque. (© papel do professor € 0 de facilitador das condi- oes de aprendizagem. Auxilia o processo de aquisigaio de conhecimentos por parte do aluno sem, entretanto, interferir quanto @ direco que esse processo toma ou quanto aos contetidos utilizados. (0 importante sS0 as relages que se estabelecem aluno/aluno, altino/professor e o proceso pelo qual essas relagées se estabelecem. O contetido é 0 meio pelo qual las se estabelecem. Este enfoque enfatiza o individualismo, uma vez ‘que concebe 0 individuo como senhor de si mesmo, es: sencialmente livre para fazer escolhas em qualquer situa- Go. O ponto central dessa liberdade é a prépria cons- Giéncia do individuo. Considera 0 comportamento expresséo observivel @ conseqiiéncia do mundo interno do ser, essencialmente apoiado. Somente uma ciéncia que comece com a expe- riéneia do homer, resultado do seu modo de ser, poderd ser adequada para 0 estudo do homem. O homem existe ‘como potencialidade, ou seja, ele representa mais do que atualidade. Ele é desconhectvel, na medida em que a ‘todo momento muda e evolui, adquirindo novo conheci- mento de si mesmo, Desloca 0 aluno de sua situacdo de classe e consi dera que as mudancas sociais se fazem a partir das mu- dangas individuais. ‘Neste enfoque, 0 orientador educacional é defini do como facilitador de relagdes. Procura estabelecer rela- ges facilitadoras em que haja crescimento métuo, cla- Tificando, quando muito, a dindmica dessas relagdes: ca- dda um consigo mesmo, cada um com 0$ outros, cada um ‘com 0 conhecimento, o professor como mediador do co- rnhecimento, 0 conhecimento e o aluno. Aceita e reinterpreta a realidade interna e externa, respeitando formas diferentes de ser e de viver. Trabalha, sobretudo, os valores préprios da natureza humana: li- berdade, autenticidade, aprofundamento da consciénei tespeito & propria individualidade e a individualidade do ‘outro, busca de qualidade das relagées. ‘Procura desenvolver 0 autoconceito do aluno, a atualizagio de seu potencial, a sua capacidade de assumir livre e canscientemente o séu préprio destino de modo Cad. Pesq. (48) fev. 1984 auténtico, Assessora os pais na aceitacdo dos flhos como pes- ‘Assessora os professores na compreensio da diné das relagdes e na utilizago das pedagogias nfo-

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