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O professor e maestro Ernani Braga, liderando outros ilustres músicos da época, desenvolveu uma campanha em

prol da criação do Conservatório Pernambucano de Música, como um meio de elevar o nível de ensino da música,
através da educação musical. Ele não entendia como Recife - capital aberta às grandes iniciativas culturais e com
uma plêiade numerosa de músicos - não tivesse um estabelecimento de ensino do gênero, dispondo de tão grande
potencial docente.

O deputado Arruda Falcão quis ser o intérprete deste grupo e apresentou o projeto de criação do Conservatório
Pernambucano de Música à Assembléia Legislativa, onde foi aprovado. Com sede na cidade do Recife, a sua
fundação deu-se em 17 de julho de 1930 e seria administrado pelo Diretor - o maestro Ernani Braga - e pela
Congregação dos Catedráticos, todos em caráter definitivo.

O vocábulo "conservatório", na acepção específica de escola de música, provém da cidade de Nápoles na Itália,
onde o padre espanhol Juan de Tapia, em 1537, fundou o Conservatório Della Madona de Loreta que recolhia
crianças abandonadas, conseguindo excelentes resultados na sua educação por meio do ensino da música, além de
integrá-las à comunidade através da arte.

No primeiro Estatuto do Conservatório Pernambucano de Música, aprovado pela Congregação dos Catedráticos em
1º de agosto de 1930, constavam os seguintes objetivos da entidade:

1) difundir o ensino teórico e prático da música, acessível a todas as classes sociais;


2) criar uma biblioteca e um museu da música;
3) formar o orfeão e a orquestra do Conservatório.

Iniciava o Conservatório as suas atividades oferecendo cursos de teoria e solfejo, canto coral, harmonia, piano,
violoncelo e canto harmônico, sendo as disciplinas teóricas, de canto coral e harmonia, ministradas coletivamente e
as disciplinas de instrumento e canto lecionadas individualmente. Recife via no fardamento verde dos alunos do
Conservatório o acesso a uma arte que, até então, era privilégio da burguesia. Entretanto, as audições dos alunos
aconteciam no sempre lotado Teatro de Santa Isabel, para um público elitizado.

O Estatuto tratava, das inscrições e formas de admissão, dos exames, dos concursos e diplomas, dos deveres dos
alunos, do corpo docente, das competências da Congregação e do Diretor.
O Conservatório funcionava em prédio alugado, situado na esquina da rua Riachuelo com a rua da União, ponto
central da cidade e de fácil acesso aos alunos e professores.

NOVOS RUMOS PARA O CONSERVATÓRIO

Outro Estatuto, aprovado em janeiro de 1937, determinava que o ensino da música ministrado no Conservatório
fosse orientado pelo Instituto de Música do Rio de Janeiro e criava os cursos de Ginástica Rítmica e Danças
Clássicas a serem oferecidos em anexo ao Conservatório. Determinava também que, após 3 (três) anos de teoria e
solfejo, o aluno freqüentaria as aulas de Harmonia, não podendo diplomar-se nos cursos de Instrumento e Canto,
sem ter cursado, no mínimo, o primeiro ano dessa disciplina.
Através da Portaria nº 202, de 09 de março de 1941, do Secretário do Interior, foi aprovado o Regulamento que
mantinha os objetivos iniciais do Conservatório, inclusive aqueles que visavam criar uma biblioteca e um museu de
música e formar o orfeão e a orquestra, podendo-se inferir que, após quase 11 (onze) anos de funcionamento,
estes objetivos não haviam sido alcançados.
Quando Pernambuco sofreu intervenção federal, o interventor Governador Agamenon Magalhães nomeou nova
Diretoria e, em 22 de março de 1941, transformou a entidade em Autarquia Administrativa - Conservatório
Pernambucano de Música, através do Decreto nº 603, vinculando-a à Secretaria do Interior.
Os cursos ministrados permaneciam os mesmos, acrescidos, apenas, do curso de História da Música. O regulamento
inovava em relação aos cursos de extensão e aperfeiçoamento a serem oferecidos fora do horário dos cursos
regulares.
O regulamento ainda normatizava sobre: 1) o regime disciplinar discente; 2) as competências da Congregação e do
Diretor Presidente; 3) o quadro de pessoal docente e o concurso de provimento dos cargos; 4) a escrituração
escolar; 5) a conservação do acervo da Biblioteca; 6) as penalidades para os funcionários; 7) a origem dos recursos
e o regime financeiro; 8) e a organização do patrimônio.
Ainda no ano de 1941, foi oficializada a criação da Orquestra Sinfônica do Recife, e organizada pelo Governo do
Estado com a colaboração do Conservatório, da Força Policial, da Rádio Clube de Pernambuco e do Sindicato dos
Músicos.

A REORGANIZAÇÃO DO ENSINO E DAS ATIVIDADES MUSICAIS

Assim organizado, o Conservatório prossegue suas atividades até que, em 14 de fevereiro de 1968, pelo Decreto nº
1.490 o então Governador do Estado Dr. Nilo de Souza Coelho aprovava outro Regulamento que estabelecia como
finalidade do Conservatório a incrementação do bom gosto musical e a difusão e popularização do ensino teórico e
prático da música, nos níveis elementar e médio, para todas as classes sociais.
O regulamento previa cursos de Iniciação Musical, Ginástica Rítmica, Teoria e Solfejo, Canto, Canto Coral, Harmonia
e História da Música, Piano, Violino, Viola, Violoncelo, Contrabaixo, Flauta, Oboé, Clarinete, Fagote, Trompa,
Trompete, Trombone e Percussão.
Previa a organização de: um quarteto de cordas - para incrementar o gosto pelo estudo da música de Câmera; um
coral estadual com repertório religioso, erudito, folclórico e popular; uma banda de música infanto-juvenil; festivais
e concursos regionais e nacionais de música erudita e popular.
Regulamentava sobre a inscrição e admissão aos cursos, a sistemática de ensino, o custeio, os exames e diplomas,
o corpo discente, docente e a administração do Conservatório, que se desdobrava em Diretor Presidente e Diretor
Superintendente. O Regulamento criava os seguintes órgãos: Secretaria, Assessoria Técnica e Assessoria Jurídica.
Pelo Decreto nº 2.297, de 04 de fevereiro de 1971, do mesmo Governador Dr. Nilo Coelho, extinguiu-se o cargo de
Diretor Presidente.

A REESTRUTURAÇÃO ORGANIZACIONAL

O Conservatório Pernambucano de Música, atualmente está vinculado à Secretaria de Educação e Cultura do


Estado.
Para atender as novas demandas internas e externas do ensino musical, o Conservatório entrou em nova fase de
reestruturação organizacional, em agosto de 1989, buscando adequar-se à nova realidade e aos desafios que, no
final de século por certo, haveriam de surgir, passando por uma ampla reforma administrativa e pedagógica
concluída em 1990, cujo envolvimento dos professores e dos profissionais de música na condução dos trabalhos
constituiu o elemento de maior força criativa na concepção de novo modelo organizacional.
Os produtos normativos obtidos desta reforma administrativa foram:
I - O ESTATUTO que abordava as finalidades da instituição; a questão democrática viabilizada pelo Conselho
Deliberativo com representantes de todos os segmentos da comunidade conservatoriana; os princípios
organizacionais; as diretrizes pedagógicas dos cursos regulares, de extensão, de aperfeiçoamento e livres; e o
regime financeiro.
II - O REGIMENTO GERAL - que tratava da estrutura organizacional do Conservatório; da organização e
funcionamento dos cursos; dos direitos e deveres dos corpos discente, docente, técnico, administrativo e dos
profissionais de música; e do regime disciplinar;
III - O MANUAL DE ORGANIZAÇÃO com as atribuições de todas as unidades da estrutura do Conservatório;
Foi proposta a inclusão dos cursos regulares de música para formação do profissional-artista do nível médio do CPM,
na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, apresentada ao Deputado Federal Carlos Vasconcellos para
defende-la na Câmara Federal.
Em 1997, na gestao da pianista Elyanna Caldas, empreendeu-se uma reforma pedagógica nos cursos do
Conservatório, coordenada pela Professora e Pianista Jussiara Albuquerque Corrêa de Oliveira, então Diretora do
Departamento de Teoria Musical, para ajustar o ensino profissionalizante de música promovido pelo CPM, à Lei
9.394/96 - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

PROJETANDO O CONSERVATÓRIO NO CENÁRIO NACIONAL

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB desvinculou a educação regular do ensino profissionalizante
e o MEC criou o Programa de Expansão da Educação Profissional - PROEP, com vistas a implementar as reformas da
educação profissional no Brasil. A Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco, e a atual Presidência do CPM,
conseguiram a aprovação do MEC para um projeto que fará do Conservatório Pernambucano de Música - CPM, um
dos Centros de Educação Profissional do Brasil na área de música, oferecendo cursos em todos os níveis: da
iniciação ao curso técnico de música.
O Conservatório Pernambucano de Música será, para o país, um pólo de estímulo à arte musical, de avanço
tecnológico e de mudanças nas relações do trabalho, projetando-se como referência nacional na educação musical.
Vale assinalar o nome de todos aqueles que exerceram a direção do Conservatório Pernambucano de Música,
empreendendo uma incessante luta em prol da formação musical dos alunos:

Ernani Braga - fundador (1930 - 1939)


Manoel Augusto dos Santos (1939 - 1967)
Cussy de Almeida (1967 - 1979)
Henrique Gregori (1979 - 1983)
Clóvis Pereira dos Santos (1983 - 1987)
Elyanna Silveira Varejão (1987 - 1990)
Cussy de Almeida (1991 - 1994)
Elyanna Silveira Varejão (1995-1998)
Jussiara Albuquerque C. de Oliveira - desde 1999

http://www.conservatorio.pe.gov.br/htm/instituicao/historico.htm
22/05/2005, 11:00h

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