Você está na página 1de 20

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO
a. Contextualização da atual demanda hídrica mundial, situações de
escassez. Demanda hídrica no Brasil.
b. Consumo indireto de água, contextualização e dados numéricos do que
representam.
c. Motivação (breves parágrafos do porque é interessante estudar sobre o
tema, possibilidades de aplicação da Pegada Hídrica). Focar na
justificativa para o Brasil.
d. Conceito.
e. Pegada Hídrica verde, azul e cinza (breve contextualização).
f. Como é feita uma avaliação completa da pegada hídrica (explicar as 4
etapas do processo).

2. OBJETIVO
Objetivo de estudo da pegada hídrica e remeter ao estudo de caso.

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
a. Água
i. Explicação de ciclo hidrológico.
ii. Fatores que interferem no aumento da demanda hídrica.
iii. O que é Política Nacional de Recursos Hídrico.
iv. Cenário Brasileiro.
b. Sustentabilidade
i. O que é.
ii. Atual situação mundial e mudanças que ocorreram.
iii. Probabilidade futura de escassez de Recursos Hídricos.
iv. Água e desenvolvimento, demonstrar a relação entre eles.
v. Busca pelo desenvolvimento Sustentável (Políticas e
expectativas de conservação de água).
vi. Setor público como agentes para promover mudanças na gestão
de água trazendo casos como foi aplicado a Pegada Hídrica.
c. Pegada Hídrica
i. Histórico.
ii. Conceito (detalhado), determinação da apropriação real da água
pelo homem.
iii. Pegada Hídrica verde, azul e cinza detalhado.
iv. Unidade Pegada Hídrica
v. Diferentes tipos de Pegada Hídrica (definição do objetivo, explicar
brevemente como é feito o cálculo da pegada hídrica para cada
objetivo específico – PH do processo, do produto, do consumidor,
área delimitada)
vi. Importância
vii. Sustentabilidade da Pegada hídrica (Introdução, Critérios de
Identificação de Pontos Críticos)
4. METODOLOGIA
Metodologia de cálculo para o estudo de caso apresentado no item 5.

5. ESTUDO DE CASO
a. Analisar melhor as opções e decidir qual caminho.
i. Monocultura (Para produzir 1kg de determinada cultura)
ii. Município
iii. Indústria
iv. ETA (Para produzir 1L de água potável)
b. Cálculo da sustentabilidade
i. Sustentabilidade ambiental da pegada hídrica azul (caso exista)
ii. Sustentabilidade ambiental da pegada hídrica verde (caso exista)
iii. Sustentabilidade da pegada hídrica verde (caso exista)
c. Identificação componentes insustentáveis do
processo/produto/empresa.
d. Como a pegada hídrica reflete localmente no quesito ambiental.

6. RESULTADOS
a. Resultado Pegada Hídrica do item 5.
b. Resultado da sustentabilidade ambiental (5.b)

7. REDUÇÃO DA PEGADA HÍDRICA


a. Responsabilidade é de quem? Demonstrar as proporções de como cada
um pode diminuir no estudo de caso do Item 5.

8. LIMITAÇÕES

9. RESULTADOS E DISCUSSÕES
a. Análise quantitativa e qualitativa do processo.
b. Análise da sustentabilidade.
c. Proposta de melhoria.

10. CONCLUSÃO

REFERÊNCIAS
1. INTRODUÇÃO

A
2. OBJETIVOS

A
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. Ciclo hidrológico

O ciclo hidrológico ou o ciclo da água é um fenômeno natural em que a água


circula em um circuito fechado englobando a atmosfera e a superfície terrestre, sendo
este processo impulsionado majoritariamente pela energia solar que é associada à
rotação da terra, bem como à gravidade. O ciclo da água não ocorre de forma
individual, esse processo se dá pela interação entre os processos geomorfológicos,
hidrológicos e biológicos que tem como agentes dinâmicos o clima e a água, sendo
que cada processo é influenciado e influencia os demais. A litosfera, por exemplo,
atua na biosfera como uma fornecedora de alimentos orgânicos e minerais, sendo
esta o substrato para os seres vivos (PALMA, 2017).
Silveira (2004) afirma que o ciclo das águas pode ser dividido em quatro etapas
básicas:
 A primeira delas é a precipitação atmosférica, ou seja, a água que vem da
atmosfera e atinge a superfície terrestre. Existem diversos modos de
precipitação, como chuvas, saraivas, neblinas, granizos, neves, geadas e
orvalhos, a diferença entre as formas de precipitação se dá pelo estado no qual
a água está.
 Já o escoamento subterrâneo é caracterizado pela infiltração, ou seja, a água
que está na superfície tende a penetrar e ir para o interior do solo. Esse
processo se dá por capilaridade ou por gravidade, sendo que as águas
superficiais originárias da precipitação escoam e infiltram no solo, formando a
água subterrânea.
 A terceira etapa é o escoamento superficial, nessa etapa as águas de deslocam
pela superfície terrestre sob a ação da gravidade. A análise do escoamento
superficial envolve desde uma gota de chuva que cai no solo impermeado ou
saturado e escorre pela superfície, até os grandes cursos de água (rios) que
desaguam nos mares.
 A última etapa engloba a evapotranspiração que pode ser definida como sendo
o conjunto de processos físicos responsáveis por transformar a água
precipitada de plantas em vapor. Já a transpiração é o processo no qual ocorre
a evaporação devido a ações fisiológicas de animais e vegetais. Os vegetais,
através das suas raízes absorvem a água presente no solo a fim de suprir as
suas atividades vitais, porém, uma parte da água absorvida é cedida à
atmosfera novamente. Dessa forma, o processo de evaporação é a interação
dos processos fisiológicos e físicos que geram a transformação da água
precipitada contida na superfície terrestre em vapor.
A figura 1 ilustra as quatro etapas do ciclo da água.

Figura 1 – Ciclo Hidrológico

Fonte: MMA (2019)

A água que evapora se condensa em algumas condições, podendo formar


nuvens que geram a precipitação. Normalmente, esta é interceptada pela vegetação
no começo do processo, sendo que o volume absorvido é dependente da superfície
da folhagem, representando a área que absorveu a água. Quando o volume de água
é evaporado por completo as plantas absorvem a umidade do terreno novamente por
meio das suas raízes, cedendo-a para a atmosfera através da transpiração
(BARBOSA, 2016).
O volume de água que passa pela vegetação cai no solo, podendo escoar
superficialmente ou infiltrar no solo. O escoamento superficial tende a ser direcionado
para os rios que compõem a drenagem principal de bacias hidrográfica. Já a infiltração
se dá em função do relevo, das características geológicas do solo, da água disponível,
dos obstáculos presentes durante o escoamento, o porte e o tipo da cobertura vegetal,
além do estado da superfície (zona não saturada e saturada). A água que infiltra no
solo pode atingir o aquífero, alcançando a zona saturada ou fazendo com que haja
escoamento subsuperficial, permanecendo na zona não saturada (TARGA et al.,
2012), conforme a figura 2.

Figura 2 – Escoamento em bacias (a) zona insaturada, (b) zona saturada

Fonte: Tucci e Clarke (1997)

A precipitação e o escoamento podem ser representados em um gráfico que


tem o tempo no eixo das abscissas, o gráfico da precipitação é denominado
hietograma e o do escoamento hidrograma. A distribuição da vazão em função do
tempo ocorre pela interação existente dos componentes presentes no ciclo hidrológico
entre a vazão da bacia hidrográfica e a precipitação (FERREIRA, 2015). Ferreira
(2015) afirma que o hidrograma é caracterizado por três componentes básicos:
 A ascensão, que é associada à intensidade da precipitação.
 A região de pico, que é perto do valor máximo, ou seja, quando o hidrograma
tende a mudar sua inflexão, o que implica em diminuição das chuvas e/ou
amortecimento das bacias. Nesse ponto há o término do escoamento
superficial, havendo apenas escoamento subterrâneo
 A última componente é a recessão, ou seja, apenas o escoamento subterrâneo
contribui para a vazão final do rio.
De acordo com Silva (2017), o balanço hídrico pode ser considerado então
como sendo a soma do volume de água que entra e sai em um determinado espaço
em um período de tempo, enquanto o que fica nesse espaço é o restante, esse
fenômeno pode ser exemplificado na figura 3.

Figura 3 – Esquemático do balanço hídrico

Fonte: Silva (2017)

Conhecer o balanço hídrico permite entender melhor o comportamento


hidrológico de um ambiente, auxiliando no planejamento e no manejo de forma
sustentável. Pois, através dele consegue-se dados acerca de períodos de falta e
excesso hídrico, evapotranspiração potencial, a quantidade de água que tende a
escoar em um sistema e o armazenamento de água no interior do solo. Vale destacar
que há modelos matemáticos que permitem representar os processos hidrológicos,
estimando no espaço e no tempo os componentes utilizando equações de
continuidade que trabalham de forma integrada (PORTO, 2012).

3.2. Fatores que interferem no aumento da demanda hídrica

O crescimento populacional tem impulsionado o aumento pela demanda de


água no mundo, porém, a quantidade de água presente no planeta terra é constante,
ou seja, não varia no ciclo hidrológico da terra. O volume de água requerido para suprir
as atividades e as necessidades humanas, seja nos processos de obtenção de
produtos, seja para consumo próprio tem se elevado significativamente a cada ano
que passa no Brasil (LEONETI, 2010). A figura 4 ilustra o consumo mundial de água
entre 1940 e 2000.

Figura 4 – Consumo mundial de água

Fonte: Adaptado de Branco (2006)

O aumento do consumo de água também pode ser associado à cultura de


desperdício, pois, havia-se uma mentalidade, que perdurou por muitos anos, que a
água era abundante e que ela não poderia acabar. Isso fez com que se disseminasse
a falta de proteção e o não investimento na utilização de forma sustentável e eficiente
dos recursos hídricos. A falta de preocupação fez com que surgissem os problemas
de escassez hídrica, que promoveu a degradação na qualidade da água, bem como
seu consumo exagerado. Pode-se atribuir ainda a escassez de água a fenômenos
como a expansão agrícola, aos processos de industrialização e a urbanização, sendo
esses fatores emergentes a partir da década de 50 (ARANCIBIA, 2012).
Segundo Setti (2001), a elevação no consumo de água também tem sido
influenciada pelo desenvolvimento econômico, principalmente no que se refere à
quantidade requerida para a utilização e também à variedade da utilização. A água,
antigamente, era usada apenas para fins domésticos, algumas aplicações agrícolas e
para criar animais. Porém, com o desenvolvimento da sociedade, outras demandas
para a água foram surgindo, o que fez com que surgissem conflitos entre os
dependentes desse recurso onde havia sua escassez. A água pode ser utilizada de
três formas distintas, que são descritas a seguir.
 O primeiro modo é o consuntivo, nesse modo a água é obtida da sua fonte
natural, fazendo com que haja a redução da sua disponibilidade espacial,
quantitativa e temporal.
 Já o uso não consuntivo consiste em utilizar a água fazendo com que ela
retorne à sua fonte de suprimento, quase que em sua totalidade, há ainda a
possibilidade de haver a modificação no padrão temporal de disponibilidade
quantitativa.
 Por fim, a utilização local aproveita a água em sua fonte de modo a não
promover alterações significativas, temporais ou espaciais de disponibilidade
quantitativa.
A elevação no consumo de água tem aumentado os problemas associados aos
recursos hídricos na maioria dos países do mundo. Em diversas situações a utilização
indiscriminada da água tem gerado problemas como a extinção de açudes, rios,
aquíferos subterrâneos e lagos. Vale destacar que a maior parte da água retirada do
meio ambiente para suprir as necessidades humanas é usada de forma ineficiente
(RIBEIRO, 2008).
O abastecimento por água encanada em regiões rurais atinge apenas 9% da
população que ali habitam, uma vez que, a maioria dos indivíduos que moram nesses
locais utilizam nascentes e poços para a obtenção de água para o seu consumo.
Assim, há uma grande deficiência no que se refere à coleta de água residual, bem
como ao abastecimento de água potável (RIBEIRO, 2008).
Conceição et al. (2013) afirmam que para suprir a demanda por alimentos, que
é uma prioridade mundial, além de ser um fator que impulsiona o agronegócio é
preciso elevar a utilização de água, gerando o déficit de água nas regiões em que
esses empreendimento estão localizados (normalmente é na zona rural). Porém,
destaca-se que a elevação da produção de alimentos não se dá da mesma maneira
em que se tomam ações para utilizar os recursos hídricos de forma sustentável. Isso
faz com que em regiões como em zonas rurais os agricultores utilizem a água de modo
incorreto, seja pelo desconhecimento acerca da resposta hídrica do manancial
explorado, seja pelo desconhecimento, o que dificulta ainda mais o planejamento e o
gerenciamento do recurso hídrico.
Em determinadas regiões brasileiras há conflitos acerca do uso da água no
abastecimento urbano e na agricultura, principalmente pelo fato dessas atividades
necessitarem de grandes quantidades, que é o caso da irrigação por inundação.
Porém, deve-se gerir corretamente os efluentes agrícolas e elevar a eficiência dos
sistemas de irrigação de modo a minimizar a contaminação das águas (SCHMIDT,
2007).
O desenvolvimento rural é um fenômeno que está diretamente associado à
disponibilidade hídrica, sendo este fato diretamente relacionado ao desenvolvimento
econômico de regiões secas, como a região nordeste, que é dependente da
disponibilidade de água para o seu progresso. Como os projetos de fornecimento de
água tem altos custos, acredita-se que nessas regiões mais secas a sua utilização
para fins agrícola devem ser direcionadas à produção de alimentos que geram mais
lucro e para a agricultura de subsistência em menores proporções. Porém, essas
culturas necessitam de abastecimento de água regular por longos períodos a fim de
evitar que o plantio permanente seja afetado, o que geraria a morte das plantas
(REBOUÇAS, 1997).
Alencar (2016) afirma ainda que para o abastecimento de populações difusas
nas zonas rurais é preciso que haja a participação individual a fim de que sejam
gerenciados os recursos hídricos, sendo este o marco inicial para que a sociedade
comece a integrar os processos decisórios. Esse fato demonstra a relevância que a
participação da comunidade rural tem na utilização de recursos hídricos e na
manutenção da boa qualidade da água, pois, as políticas públicas não são suficientes
para atender às necessidades desse povo.

3.3. A política nacional de recursos hídricos

A Política Nacional de Recursos Hídricos ou Plano Nacional de Recursos


Hídricos é um importante passo para o gerenciamento de recursos hídricos no Brasil.
Esse plano surgiu por meio de uma parceria entre o setor público, a sociedade civil
(escolas, sindicatos, associações comunitárias, dentre outras) e os usuários (setor de
geração de energia, de abastecimento de água, de irrigação, dentre outros), tornando-
se um importante instrumento de gestão participativa. Esse programa engloba três
níveis de planejamento, o plano nacional dos recursos hídricos, os planos estaduais
e os planos da bacia hidrográfica (RAMOS, 2007), conforme demonstrado na figura 5.
Figura 5 – Níveis de planejamento

Fonte: Brasil (2006)

A Política Nacional de Recursos Hídricos traz metas que tratam dos recursos
hídricos a curto, médio e longo prazo, propondo a criação de programas regionais e
nacionais, a adequação e a harmonização de políticas públicas a fim de determinar o
equilíbrio entre oferta e consumo de água. Assim consegue-se garantir a
disponibilidade dos recursos hídricos com qualidade e em quantidade suficiente para
que ela seja utilizada de forma sustentável e racional. Esse documento foi criado
levando em consideração diversos fatores, não somente a água, dentre esses fatores
vale destacar os éticos, econômicos, culturais, sociais, técnicos, dentre outros. É
importante destacar ainda que diversos países ao redor do mundo estão modificando
seus planos, incorporando a metodologia proposta, bem como essa perspectiva de
gerenciamento adotada pelo Brasil (WOLKMER; PIMMEL, 2013).
De acordo com Brasil (2006a) esse plano parte da divisão da hidrografia
nacional que foi aprovada pela resolução n. 32 de 2003 com um aconselhamento do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística que delimitou 12 regiões hidrográficas
no território brasileiro. Essas regiões são formadas pelas bacias próximas entre si e
que tem semelhanças sociais, ambientais e econômicas, como mostrado na figura 6.

Figura 6 – Divisão hidrográfica do Brasil

Fonte: Brasil (2006a)

O plano engloba também as regiões especiais denominadas áreas especiais


de planejamento, que podem não coincidir com as bacias hidrográficas, além disso,
essas regiões têm características peculiares. O pantanal mato-grossense, o aquífero
guarani, as transposições de bacias, o sistema elétrico interligado e os núcleos
desertificados são exemplos dessas regiões especiais (BRASIL, 2006a).
De acordo com Brasil (2006a) a construção do plano nacional de recursos
hídricos foi construída seguindo as seguintes premissas:
 A elaboração do plano é um processo contínuo e permanente, que deve
aperfeiçoar e aprofundar os temas propostos à medida em que surgem as
necessidades, permitindo obter o cenário mais adequado de uma situação no
momento desejado.
 O plano é o principal elemento direcionador das políticas públicas dos recursos
hídricos no Brasil.
 O plano precisa ser implementado e construído através de um intenso processo
de mobilização, de consultas públicas e de participação social.
A construção do plano ocorreu de fato através do decreto presidencial n. 4.755
de 2003, que determinou que o ministério do meio ambiente seria responsável por
coordenar a elaboração do plano, bem como acompanhar sua implementação. Dessa
forma foi possível elaborar as diretrizes, os programas e as metas que asseguram a
utilização racional da água no Brasil (BRASIL, 2006a).

3.4. Cenário Brasileiro

O Brasil é um país privilegiado no que se refere às riquezas naturais,


principalmente no que se refere às águas, mesmo que sua distribuição seja desigual.
O país possui uma das maiores reservas de água, tendo cerca de 15% de toda a água
doce superficial da terra. Porém, a desigualdade é muito grande, pois, a região norte
detém 68% do volume total de água, tendo apenas 7% da população. A região
nordeste, por sua ve,z concentra 43% da população brasileira e detém apenas 6% do
volume de água disponível no país (PAZ et al., 2000).
A distribuição de águas no país não é uniforme, sendo que as regiões mais
industrializadas são as que menos tem recursos hídricos disponíveis. Por isso, o país
precisa adotar um sistema nacional para gerir os recursos hídrico, de forma integrada
e tendo como unidade de gerenciamento as bacias hidrográficas. Afirma-se que a
região menos populosa do Brasil, que é a amazônica, detém 80% dos recursos
hídricos nacionais, enquanto que as demais regiões detêm os outros 20% de forma
desigual. Dentre essas regiões vale destacar a nordeste, que detém uma grande
população e uma grande escassez de água, apresentando índices pluviométricos
irregulares, que afetam ainda mais a região (TUNDISI, 2008).
O Brasil possui a maior reserva de água doce do mundo, seja pela quantidade
de água, seja pela área que ela ocupa, essa região representa cerca de 12% de toda
a água disponível no mundo. Sendo que desses 12%, a maior parte pertence à bacia
amazônica, pois, a relação desse é reservatório é extremamente dependente da bacia
hidrográfica, da floresta e do ciclo da água, no qual o rio amazonas, que é o seu
principal afluente despeja cerca de 15% da água doce que desemboca nos oceanos
e mares (REBOUÇAS, 2001).
Dessa forma, o volume de água disponível na bacia amazônica é o maior do
mundo, sendo ele referência no planeta, além de o rio amazonas ser considerado
imprescindível para a terra. O grande problema disso tudo é que os grandes centros
urbanos estão localizados longe dos principais e maiores rios brasileiros, como o São
Francisco, o Amazonas e o Paraná. Mas, quem mais sofre no país é a região nordeste,
que enfrenta longos períodos de estiagem, o que contribui para que as terras sejam
abandonadas, fazendo com que seus cidadãos migrem para regiões mais
desenvolvidas como Rio de Janeiro e São Paulo, piorando ainda mais a falta de água
nessas regiões (BICUDO et al., 2010).
De acordo com Bicudo et al. (2010), no Brasil a distribuição de água no território
se dá da seguinte forma:
 A região norte detém 70% da água.
 Depois vem a região centro-oeste, com 15%.
 Em seguida aparece a região sul e sudeste com 12%.
 E, por fim, a região nordeste com menos de 3% do total de água.
Ramos (2007) afirma que o Brasil, mesmo sendo um país extenso apresenta
três situações distintas no que se refere às situações hídricas:
 A primeira delas se refere à região nordeste, na qual se encontra em uma
região com clima semiárido, sendo esta região altamente dependente de água
que ocorre com grande variabilidade temporal e espacial das precipitações,
porém, a escassez e a má distribuição impactam diretamente a região.
 A segunda delas é a região sul e sudeste que tem abundância de água, mas,
o fato dessas regiões serem muito populosas faz com que o consumo de água
seja maior, bem como a poluição industrial e doméstica, impactando
negativamente nos recursos hídricos disponíveis na região.
 A terceira e última delas engloba a região centro-oeste e a norte, que são locais
com alta disponibilidade de recursos hídricos, sendo estes associados ao
Pantanal e a Amazônia. Outro fato que contribui para a conservação das
reservas é a baixa densidade demográfica, porém, medidas especiais são
necessárias para proteger esses locais, que tem chamado muita atenção de
criminosos ambientais.
Vale destacar ainda que a qualidade da água dos rios e dos lagos brasileiros
tem caído, o que compromete sua captação e o tratamento, principalmente nos
grandes centros urbanos. No Pantanal e na região amazônica, por exemplo, os rios
Cuiabá, Madeira e Paraguai já estão contaminados com metais pesados, como o
mercúrio, que é encontrado em agrotóxicos utilizados nas lavouras e nos garimpos
clandestinos. Já nas grandes cidades a queda na qualidade de água se dá pelo
despejo de esgotos industriais e domésticos, além da poluição dos rios, que atuam
como transportadores de lixo (HESS, 2018).
Nos dias de hoje o mundo desenvolvido está preocupado apenas com o
crescimento econômico, a fim de suprir a crescente demanda de consumo, mas, isso
tem poluído o planeta, gerando uma crise ecológica. Notoriamente percebe-se
situações preocupantes no que se refere à poluição do ar, da água, o acúmulo de
rejeitos e a poluição do solo, que impactam significativamente na degradação do meio
ambiente, comprometendo a subsistência da espécie humana no planeta (ROMEIRO,
2012).
É importante ter em mente que ter grandes reservas hídricas não significa que
toda a população terá acesso à água potável, uma vez que, os mananciais estão
sendo contaminados pela ação do homem. Isso tem impactado negativamente na
qualidade de vida e também no funcionamento do ecossistema brasileiro (ROMEIRO,
2012).
A demanda no consumo e de disponibilidade de recursos hídricos no Brasil tem
sido acompanhada de perto pela Agência Nacional das Águas (ANA). A ANA tem
realizados diversos estudos hidrológicos específicos e planos de recursos hídricos a
fim de obter dados mais precisos acerca dos recursos hídricos no país. O órgão
enfatiza que é preciso revisar a demanda periodicamente principalmente em locais
que não tem planos de bacia, fato que acelera a degradação. Isso favorece problemas
como a defasagem entre demandas reais e conhecidas, implicando em estudos mais
específicos acerca da utilização de recursos hídricos (GOMES; BARBIERI, 2004).
A ANA estudou ainda as bacias e as classificou de acordo com a oferta de
água, a vulnerabilidade, as demandas consuntivas e a qualidade das águas. Por meio
desse estudo foi possível listar os trechos de rios federais que são de interesse para
a exploração de recursos hídricos. Essa lista auxiliou a subsidiar ações de
gerenciamento e planejamento que são previstas no plano nacional de recursos
hídricos, assim direciona-se esforços em locais que precisam de gestões mais ativas
ou que tenham conflitos iminentes ou potenciais por água (FERREIRA et al., 2016).
A ANA afirmou ainda que o setor que mais demanda água é a agricultura
irrigada, sendo este o principal setor no que se refere ao volume demandado. Mas
vale destacar que o que mais intensifica os conflitos acerca da água é o período do
ano em que ocorre a elevação da irrigação e do consumo para o abastecimento, pois
diminui-se a disponibilidade de água e eleva-se, consequentemente, os conflitos
(GAMA, 2009).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALENCAR, D. B. S.; Influência da precipitação no escoamento superficial em uma


microbacia hidrográfica do distrito federal. Engenharia Agrícola, v. 26, n. 1, 2016.

ARANCIBIA, E. R. Consumo sustentável: padrões de consumo da nova classe


média brasileira. 2012. 144 F. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento
Sustentável) – Universidade de Brasília, Brasília, 2010.

BARBOSA, E. C. Influência da Vegetação nas Condições Microclimáticas em


Ambientes Urbanos - Estudo de Caso Ilha do Fundão. 2016. 140 F. Trabalho de
Conclusão de Curso (Engenharia Ambiental) – Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Rio de Janeiro, 2016.

BRANCO, O. E. A. Avaliação da disponibilidade hídrica: Conceitos e aplicabilidade,


2006.

BRASIL. Sistema Nacional de Informações Sobre Saneamento (SNIS); Ministério das


Cidades. Projeto de Lei Nº 5.296 de 2005. Institui as Diretrizes para os Serviços
Públicos de Saneamento Básico e a Política Nacional de Saneamento Básico.
Brasília, DF, 2006.

______. Conselho Nacional de Recursos Hídricos. Resolução CNRH Nº 58, de 30 de


janeiro de 2006. Aprova o Plano Nacional de Recursos Hídricos. Publicada no Diário
Oficial da União (DOU), Poder Executivo, Brasília, DF, 08 de março de 2006b.

BICUDO, C. E. M. et al. Águas do Brasil: análises estratégicas. São Paulo: Instituto


de Botânica, 2010.

CONCEIÇÃO, A. et al. Análise Espacial do Balanço Hídrico no Meio Rural de Santa


Catarina. Revista Brasileira de Recursos Hídricos, v. 18, n. 4, 2013.

FERREIRA, A. A. Aplicação da Metodologia para o estudo do Diagnóstico das


Disponibilidades Hídricas em Bacias Hidrográficas: Estudo de Caso na Bacia do
Rio Camanducaia / MG-SP. 2015. 130 F. Trabalho de Conclusão de Curso
(Engenharia Hídrica) – Universidade Federal de Itajubá, 2015.

FERREIRA, F. S. et al. Modelagem da qualidade da água do rio doce pelo método


streeter-phelps a jusante do emissário da Cenibra. Única cadernos acadêmicos, v.
2, n. 2, 2016.

GAMA, R. G. Usos da Água, Gestão de Recursos Hídricos e Complexidades


históricas no Brasil: Estudo sobre a Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul. 2009.
2009. 188 f. Dissertação (Mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais) –
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Rio de Janeiro, 2009.

GOMES, J. L.; BARBIERI, J. C. Gerenciamento de recursos hídricos no Brasil e no


Estado de São Paulo: um novo modelo de política pública. Cad. EBAPE.BR, v. 2, n.
3, 2004.
HESS, G. Ensaios sobre poluição e doenças no Brasil. 1 ed. São Paulo: Outras
Expressões, 2018.

PALMA, E. G. A. Governança das águas no brasil: a aplicação da política nacional


de recursos hídricos e seus impactos no território da bacia do rio São Francisco.
2017. 430 f. Tese (Doutorado em Geografia) – Universidade Federal de Sergipe, São
Cristóvão, 2017.

PAZ, V. P. S. et al. Recursos hídricos, agricultura irrigada e meio ambiente. Rev. bras.
eng. agríc. ambient., v. 4, n. 3, 2000.

PORTO, R. L. Fundamentos para gestão da água. São Paulo: Universidade de São


Paulo, 2012.

RAMOS, M. Gestão de recursos hídricos e cobrança pelo uso da água. Rio de


Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2007.

REBOUÇAS, A. C. Água na região Nordeste: desperdício e escassez. Estud. av. v.


11, n. 29, 1997.
REBOUÇAS, A. C. Água e desenvolvimento rural. Estud. av. v. 15, n. 43, 2001.

RIBEIRO, W. C. Aquífero Guarani: gestão compartilhada e soberania. Estud. av., v.


22, n. 64, 2008.

LEONETI, A. B. Saneamento básico no Brasil: considerações sobre investimentos e


sustentabilidade para o século XXI. Revista de Administração Pública, v. 45, n. 2,
2010.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE (MMA). Ciclo hidrológico. 2019.

ROMEIRO, A. R. Desenvolvimento sustentável: uma perspectiva econômico-


ecológica. Estud. av., v. 26, n. 74, 2012.

SCHMIDT, W. Agricultura irrigada e o licenciamento ambiental. 2007. 127 f. Tese


(Doutorado em Agronomia) – Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2007.

SETTI, A. A. Introdução ao gerenciamento de recursos hídricos. Brasília: Agência


Nacional de Energia Elétrica, Superintendência de Estudos e Informações
Hidrológicas, 2001.

SILVA, G. N. Método para estimativa do balanço hídrico climatológico com


suporte de ferramenta computacional: um estudo de caso. 2017. 93 f. Dissertação
(Mestrado em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Regional) – Faculdade
Vale do Cricaré, São Mateus, 2017.

SILVEIRA, A. L. L. da. Ciclo hidrológico e bacia hidrográfica. In: TUCCI, C. E. M.


(Org.). Hidrologia: ciência e aplicação. 3. Ed., Porto Alegre: Ed. da UFRGS, 2004.
TARGA, M. S.et al. Urbanizacao e escoamento superficial na bacia hidrografica do
Igarape Tucunduba, Belem, PA, Brasil. Ambiente e Agua - An Interdisciplinary
Journal Of Applied Science, v. 7, n. 2, 2012.

TUCCI, C. E. M.; CLARKE, R. T. Impacto das mudanças da cobertura vegetal no


escoamento: revisão. Revista Brasileira de Recursos Hídricos, v. 2, n. 1, 1997.

TUNDISI, J. G. Recursos hídricos no futuro: problemas e soluções. Estudos


avançados, v. 22, n. 63, 2008.

WOLKMER, M. F.; PIMMEL, N. F. Política Nacional de Recursos Hídricos: governança


da água e cidadania ambiental. Sequência: Estudos Jurídicos e Políticos, v. 34, n. 67,
2013.

Você também pode gostar