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Badiou Lacan Platao Matema PDF
Badiou Lacan Platao Matema PDF
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Um limite lenso. Locan enire a filosofia eo pskonólise Lacan e Plalöo: o malema é uma idéia?
cipalmente sete: Platão, Aristóteles, Descartes, Kant, Hegel, Kier- imortalidade, uma ficção religiosa, mas isso não significa que ela
kegaard e finalmente posicionou sua expe-
Heidegger. Mas Lacan possa dispensar a eternidade, que é o predicado absolutamente
riência sob bandeira daantifilosofia. Este pontoé essencial: Lacan
a
necessário de toda verd_ade, já que há ao menos uma verdade.
é um antifilósofo. Vamos homologar sem exame prévio reinte- a Eis a verdadeira questão. O adversário imemorial do filóso-
gração, entre nós, de um antifilósofodeclarado? Reunir-se sob o
-
fa chama-se sofista, e, apesar de assemelhar-se ao filósofo em
emblema sarcástico da antifilosofia não seria um julgamento a todos os pontos, apesar de armar-se com a mesma retórica e de
respeito de nossa própria falência Slosófica? utilizar as mesmas referëncias, ele especifica-se por organizar seus
Esta única questão realmente importante.
é a
propósitos a partir do enunciado "não há verdade". O sofista é
Ela demonstra a gravidade de nosso propósito. O que está em absolutamente idëntico ao filósofo, salvo pelo efeito dessa ne-
jogo é a consciência que podemos ter (ou, ao contrário, denegar) gação surda, em que se encontra em jogo a existëncia da verda-
a respeito da possibilidade da filosoßa, desta filoso6a que Platão de. É a essa negação que o filósofo, mesmo o céth o, não pode
articula imperativo socrático do ¡ahilosophein que consiste em
ao e der seu assemimento. O cético é filósofo, já que seu draria con-
não aceitar uma opinillo sem antes esclarecer seu porquê seu e siste em sustentar que nenhopa perdade se deixa reconhecer
princípio. Ennm, que esis em jogo é possibilidade de filo-
o a a enquanto raL No entanto, o sofista garante a paz de sua alma e a
sofia ainda existir, poder existir, dever existir sem confusão nem atividade febril em buscado serviço dos bens graças à convicção
fusão com a arte, ciência, a poltica ou a psicanálise. E também
a
trangiilla de que a inexistëncia de toda verdade transforma tor- o
sem se dissipar neste agregido inconsistente, por meio do qual mento illosóilco, e mesmo o tormento cético, em um pathos va-
ela se enquadra no que Lacan chama de disonso da universidade, há jogos de linguagem, eo pensamento,
zio. Pois, para ele, só
discurso que pretende justapor regiöes prescritas pela aparência nãoencontra nenhum obsticuloque lhe impeçade
diz o sonsta,
de um objeto: filosofla da cléncia ou epistemologia, filosolla da deshzar por entre tais jogos,
arte ou estética, filosofia da poltica ou do poltico, filosofia das De fato, podemos definir a filosolla como o modo de pensa-
paixöes das vinudes. acontecimen-
e
merno que reconhece, sob o nome de Eicignis,' de
Ora, ou a filosana é, atualmenw, capaz de persistir, recome- to
(événement),3 um obstáculo (point ri'arrit) ao pensamento,
ar, der um passo a mais nesse canúnho singu½r cue a faz ani- irredutívd ös regras da Ungua, e que indica o momento no qual
colar o ser, osajeho e a verdade nu, vocontrário, devemos pensã- urna verdade nos coloca em suspenso.
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la a ce sua extma o, er despedaçirnento, de sua Qpal é a posiçiia de 1.aom? Nös vemos aqui como ela impor-
]mpUlüZA Sen! ffhérÏOS. ÑS CUf TCSÌflfDle Ïn]pOrla, eis arinnlosofia de-
O COS o in.-ir;ata-se de saber, de aina vez per todas, se a
que 1.raz ural jifiganzento schie essa poca e sobre. t.iullo 4.yu:,:la tendi<ia por l_acan necessartainente unaa ngora soûsta. Se esse
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nos prescreve a respena do campo do possível Pois, se Píndato é o caso, ele nos obriga, independemementedo grau de adniira-
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Um limite lensa. Locan enire filosofia pskoñBise molema
a
idéia?
e a
nos opormos à sua antifilosofia através da fúria ar umentativa Haveria uma articulação dá real ao desejo, da verdade
do real. e
anti-sofista. Uma fúria que, desde sua origem, constituio "annos" '
ao ser. O amor seria, no registro subjetivo de Lacan, aqulo que
o núdeo de cólera e de polémica da filosofia.
cruza e separa, na sua intensidade reconhecível, a lei real do de-
Há três teses maiores de Lacan a respeito da verdade:
sejo, que trama seu fracasso (mtage), e a lei do ser de uma verda-
1. Ifá verdade; tese pela qual Lacan recusa os sofistas. de, que insiste para além do reencontro. Afinal, Lacan não disse
2. Uma verdade sempre é, de uma parte, devedora do dizer desde 1954 que "é apenas na dimensão do ser, e não na dimen-
o¯uira,
mas, de meio-dita (mi-dite).
ela pode apenas ser são do real, que podem inscrever-se as três paixões fundarnen-
De onde se importância
segue que Lacan, para além da tais" (1986, p.308-9) - três paixöes fundamentais que são o amor,
que reconhece linguagem, rectisa toda equivalência
à o ódio e a ignorância? E ele não indicou em 1973 que saberia
..cnti o pensamento eo recurso linguageiro (langagier) variar sobre esse ponto ao afirmar que "o amor visa o ser, a sa-
3 , Não há cri ério de verdade. Pois a verdade não exata- mais um pouco, ma ser ou o ser que, e×atameme por ser, nos
é
mente um julganiento, mas uma operat;äo. Ela é do re. surpreende"? (1932, p.55).
gistro da causa do sujeiro e pode ser causa do sofrimen- Como não reconhecer, nesse ser que, por ser, surpreende,
to. Por sinal, esta é a razão da existëncia da psicanálise. aquilo que eu chamode acontecimento, lugar origináriode toda
A falta dequalquer critério, que exclui a verdade tanto verdade sobre o ser singular, ou simplesmente ser em situaçäo?
do princípio de adequação quanto do princípio de cene_ Lacan não temerá, no mesmo ano, dizer que o ser é o amor que
za, dá ao pensarnento lacaniano seu caráter-cético. Mas nos aborda através do encontro. Está claro que "encontro" eo
diremos também que, representando a verdade conio pro_ nome adequado de todo acontecimento amoroso. E por que não
cessoestruturadoe nãocomo revelaçãooriginária,Lacan traduzir o enunciado "o amor visa o ser" em minha linguagem,
garante a seu pensamemo um caráter dialét ca. reconhecendo neÌe um procedimento genérico, ou seja, aquilo
. oue permite, através da fidelidade a um enconiro, o advento de
Assmi, se as teses de Lacan sobre a verdade são anti-sofis- uma verdade a respeitoda qual nada podemos predicar. generica
tas; se elas admitem que uma verdade deb;a ura res,o em rela-
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a filosofia é apenas uma instância do discurso do mestre, contra designa aqueles que se livraram da jurisdição filosófico-cristã tra-
a qual a ética do discurso do analista se impõe. No que concerne mada originalmente por Platão.
ao pensamento do ser que tentamos identificar ein Lacan, faz-se Vamos admitir que nosso século conheceu três fenômenos
necessário lembrar que, desde 1955, ele opöe forrnalmente ao o político-bistóricos cruciais: comunismo, fascismo eo parla-- o o
empreendimento freudiano: "O mundo freudiano não um é mentarismo.Ou ainda, três lugares "ocidentais": Rússia, Ale- a a
mundo de coisas, não é um mundo do ser, é um mundo do dese- manha América. Vamos admitir que o século conheceu três
e a
jo enquanto tal" (1985a, p.280). Enunciado completado mais tipos de filosofias fortes, interventoras, conectadas a tais reali-
tarde e em um estilo mais ontológico: "O eu (je) não é um ser, dades político-históricas e situadas nesses marxismo
lugares: o
ele é suposto ñquele que fala, solidão que deixa traço de uma comunista, o nacional-socialismo de Heidegger eo empirismo
ruptura (1982, p.163).4 Notemos também que recur- lógico derivado do circulo de Viena transformado na filosofia
do ser" o e
so aos paradigmas matemáticos é expressamente dirigido con- acadëmica hegemõnica nos EUA.
tra o estilo do discurso filosófico. Por exemplo, ele dirá, em 1973: significativo que esses três
É pensamentos se definam como
"Em comparação com uma 610sofia cujo spice é o discurso de antiplatönicos. Heidegger vê em Platão o ponto de viragem gra-
Hegel, a formalizaçãoda lógica matemática nãopoderia nos ser- ças ao qual o pensamentose desvia do Ser como desvelamento e
vir no processo analítico?" (ibidem, p.125) Poderiamos multi- oferenda a fim de submeter-se, através da ldéia, ao esquema me-
plicar os exemp]os. Tudo indica que, para Lacan, não basta dis- tafísico que será, a partir de então, nosso destino. Como se trata
tinguir psicanållse e fi]osofia, o que estaria de acordo com minha de um sintoma, não devemos estar atentos apenas ao tema, mas
Em todo caso, ele bem menor que futuro de outra ilusão, infi-
é o vela o texto de Platão e o.problema da verdade.
nitamente mais tenaz por razões de estrutura, ou seja, a ilusão Por outro lado, sempre me surpreendi comos Ìógicos anglo-
Para elucidar o icor da antifiloseña de Lacan, faz-se necess;í- peito do fundamento das malem:lticas, ou seja, a convicção de
rio convocar o simoma Platão. que a matemática traia de um real no pomo de seu impasse, a
O sintoma Pbtuo vah: unis:ersalmente na anâlise da posiç o p:davra cmpregada é "phuonis no". Na América, Gödel sentin-se
de nossos contemporäncos a respeito da Diosona. constanomente p,-rseguido por sustcntar tal"platonismo". Ele
Se o orarmos Nieusche na aurora da contemporäneo, de- tinha o sendmento de ser si er.ciado pe o império de uma con-
vemos lembrar que, para ele, o século deve se curar, e cie come- ce¡ çäo estrilamente gramaticil e analtica. Aqui também, e até
ca a se curar, da doenca-Platão. Esse diagnostku 0, no Onel das no significione, o andplatonismo é a bandeira de ataque contra
cont.is. amiilosólco. O "r.ós. espíritor livres" de Nic usche aquilo gt:e os llósofos analincos. neste ponto em acordo com
I
Um limite Locan entre filosofia psicanálise
Locan Platäo: a mafema é umo idëla?
tenso:
e
a a o
fico da Academia de Ciências da URss, encontramos, no verbete I-acan não hesita (no que ele partilha o sintoma da modemi-
emmciado "ideólogd de proprietârios de escravos". dade) em formular uma oposição global, uma oposição que se
"Platão", o
E issoem contraste com as precauções oratórias que circundarn Para orientações fundamentais no pensamento. De um lado,
inusitado se lembrámos que Platão (assim como todo pensamento cuja origem encontra-se
o nome de Aristóteles, o que é
as Idéias matemáticas sãoinatas tanto ao escravo quanto a todo rememoração psicanaltica reminiscência platônica.
à Lacan de-
homem. Mais uma vez, a diatribe contra Platão diz mais do que clara: "Este é um dos modos através dos quais a teoria platônica
supõe, pois ela mostra que o século inteiro é amiplatônico, se distingue da teoria freudiana" (1998, p.523). Um dos modos:
visäo de Lacan sobre esse sintoma? eis aqui um posicionamento de teoria contra teoria, de Freud con-
E qual é a É aqui que se
tra Platão.
decide o sentido, no século XX, da antifilosofia
É necessário dizer que a presença do sintoma Platão no pen_ Uma anålise detalhada mostra que as censuras de Lacan con-
samento lacaniano é muito extensa. tra o platonismo estendem-se, na verdade, a todo o campo filo-
Como todos aqueles que se propöem a julgar a filosofia, ou sónco, e isso basta para que tal campo seja idemificado .quilo
Entenda-se, a origem de um campo de pensamemo do qual não semido da noção de antifilosona.1ais censuras dizem respeito:
em 1954, que "Sócrates inaugura este novo ser-no-mundo que Vamos começar examinando o que es10 cm jogo nessas Trés
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Um limile tenso: Locon entre o filosofia e a psiconótise Locon e Plotäo: o matemo é uma idéia?
O Crátilo de Platão é constituído pelo esforço em mosuar que porquë, que só aceitemos nos satisfazer com esta verdade chama-
deve haver uma relação, e que o significante quer dizer algo por si da épistémè, ciëncia, ou seja, aquilo que presta contas de suas razöes.
mesmo. Essa tentativa, que podemos chamar, graças à posição em Segundo Plalão, este era o philosophein de Sócrates. (1992, p.51)>
que o significante só se articula sem relaçäo alguma com o signifi_ menos na figura de seu desejo, o fi]ósofo instaura a cientificidade
cado. (1982, pA2)6 que o futuro, através do patrocinio de Ferdinand de Saussure,
Mas esse processo se desenrola sem ambigüidade alguma? pressuposição terrível do gozo, Coisa,
à das Ding. Eu cito, ainda
Lacan é o primeno a reconhecer o génio propriameme cómico no texto de 1960:
que brilha nos diálogos de Platão. Devemos levar ao pé da letra .
Em uma curta digressão da Cana Vll, Platão nos diz aquilo
as elimologias impressionantes do Crátilo? A estratégia de Platão . .
que procurado por toda operação dialética: trata-se simplesmen-
e
consisillia em garantir, a qualquer custo, a signincaçSo do signi
te da mesma coisa que indiquei no ano passado em nossa proposi-
ficante? Na verdade, o enunciado central desse diálogo aparece
ção sobre a ética e que chamei de "a coisa", to pra.gma no caso de
quando Sócrates dedara que nós, nós os filósofos, partimos das
Platão.Se voces quiserem, entendam isto como a grande questão,
coisas e não das palavras. Ver a etimologia apenas como vetor de a realidade última, aquela da qual depende o pensamento que a
lempos, de reduzir a língua a uma superfície lúdica. Que a língua ela mesma o exercício do poder de to pregn:n. (ibidem, p.85P
possaapreender a coisa n:esm I, e que o pensamento Glosòíicodeva
P]at¯o. \]ma força de origem reconhecida de potência de araccipa--
sit ar-se no ponto des a:preensão: cis o que apaixona
e
Or can em < nro lugar aceila essa paix cuo vem connabalan at o veredicto propriameme posithista se-
n de Plar o,
teoria
terceiro homem e a todas as aporias que acompanham a
nito das dobras do imaginário e que deve supor um sempre-já-aí apresentação com-
da reminiscência. No final das contas,
em sua
(toujours-déjà-là) para nomear a vertigem de suas similitudes. como um
pleta, a reminíscência apresenta-se não exatamente
Vejamos o que ele diz em 1955· mito
conceito cuja operação é determinada, mas como um ar-
Platão só pode conceber idéias como uma ticulado aos ciclos da existência. A imensa construção que é
a encarnação das
série de reflexos indefinidos- Tudo o que se produz é reconhecido República faz economia de toda mencão à reminiscência, isto
e
A
é imagem da idéia. A irnagem existente em si não é outra coisa que até o mito terminal de Er, o Panfílio, no qual só háalusöes ã remi-
imagem de uma idéia existente em si, não outra coisa que uma aquele que retornou dentre os mortos.
é
ruscencia porque Er é
imagem de uma outra imagem. Só há reminiscëncia. (1985a, p.50) Certamente, podenamos sustentar que a ocorrência do mko
em Platão é exatamente o signo de que o imaginário sustenta o
Esse estatuto propriamente imaginário da reminiscência a
puras, de analogias sem
pensamento através de semelhanças
bloqueia, simultaneamente, em um para-além da verdadeira re_
constantemente arti ula-
. conceito. O arquétipo jungiano não é
mito é o
solutos, há criação" (ibidem, p.296). falha de sua in-
quando compreensão conceitual abre-se
a
à
completude. .
reenvio inGnito próprio no imaginário de uma deação originá_ e
abordar obra de
Por sinal, essa seria uma boa maneira de a
supor o do
.no s do imagin rio, o que essi longe de ser « a yrœ- basa que Pimão chama
ire si, o papel central deste ponto de o
27
encontrará aquilo que demanda ao reconhecer, em Agatão, o
ral:o personagem (ou a persona, eis af todo o problema) só
s. Lacan certamente não é o primeiro a adotar tal ope- brilho de sua falta.
artilha. Hegel, Kierkegaard, Nietzsche e vários outros A segunda razão que fundamenta a capacidade de anälise de
os. Discurso do mestre para Platão, e, através de uma é implicação estrita da vgrdade no universo do discurso.
a
tórica impressionante, discurso do analista para Só- Sócrates-Platio aquele que inaugura na histôria, para além
é
e
isso indica que ponto, para Lacan, contra os sofistas, defesa de que lógica do significante está a
tre parênteses, a a
a
e de sustentar o discurso do analista independe de toda ligada posição da verdade. Don tre várias citaçöes, sublinhemos
à
às instituições, às profissões e mesmoà invenção teó- este desenvolvimento de 1961: "O que Sócrates chama de ciên-
ud, pois, à parte Freud, creio que o único analista com cia é o que se impöe necessariamente a toda interlocução devido
uma certa manipulação, uma certa coerência interna ligada
an poderia idendficar-se era Sócrates- a
a
sejoo enigma intactodo psicanalista. A fórmula é sua. signißcante" (1992, p.105):Lacan indica que Sócrates, aqui em
ele não reconduz
3, resultado de seu desejo quase ingënuo de nos con- uma posição originária, não é um humanista,
:o Banquete nãoé uma ficção de Platão mas uma espécie o homem ao homem. Ele sublinha de maneira pertinente que a
io que,
roß·atário à pan ilha, creditarei a Platão, de quem Nota-se a que ponto a separação entre Sócrates e Platäo, as-
Sócrates o primeiro analista da histório no qual ela opera, aparece como nnica maneira de manter Platäo
beliin r]o sobre a transferência, Lacan:: ostra como a neaniente, ela torna possível <-omo e:œrcício do pensamento,
noiralistelem tanto injulisäo do mestre riuanto ]nterrupção proferidora da
lisferencid de Alcebíades a Sócrates, reta a
a
EUrpfDUl3dCOLC. Í:.Ì2 St PRZdCOO.k.nar ne Alcebindes Coroni livelfila, entre regiines ilstintos de discurso.
Locen entre Tilosono a psocr.o..se
Urn limite tenso: a e
o sujeito, essa
movimento inexplicável, ser doente ou ter reminiscência, ou seja, possi-
filosofia graças a um que Lacan excluiu da doutrina da a
no fundamento de Se a a
lei siste,
travessia subversiva dos registros do discurso e ser, sob a
paradoxos
Sunsänneni, que o faria ceder diame da exigör.aa pura da con
pelos paiadoxos do Um, parado.s:o que nomeci como
diante do face-a-face a:r.I o varia que ela
Ultra-Um, ou seja, do acometimento, do encontro, da preci-
sistenda signi6eame, do
SUsiCUI.ari3 do que advém. Ora, foi Platãoque em re-
SÒCraiCS. 1150 ?:50 pil:icäe não caladén
a
i]Dpl]GL CL nital]RHiCDIC 3
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da th a
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Um limile tenso, Locan enire a filosofia eo ps canótise Locon e Ploläo: o molema é uma idéia?
do pai que poderia tê-lo retido. Isso nos leva à dimensão propria- pode saber. Digamos que, para isso, faz-se necessária uma expe-
mente ontológica do litígio. riência, uma ocorrëncia cujo acaso irreducível àquilo que se é
Em 1973, Lacan censura Parmênides por ter fundado tradi- a
sabe. E não é desprovido de importäncia notar que, nesses dois
ção filosófica a partir da suposição de que o ser pensa. É verdade diálogos fundamemais, não é Sócrates que fala, mas o Estran-
que um fragmento de Parmênides diz que "o mesmo pensar
é e
geiro de velho Parmênides, improvavelmente
Eléia, ou o
de "um materna que nossa topologia nos fornece". Ao menos, para discurso
é, o analítico, ao mesmo tempo, ideal disponívelà
esse recurso é apresentado como uma tentativa.
transmissão integral e ieat como_impasse da formalização,
Ora, quem não sabe que matemática é, para
Pfarão, condição a
impasse graças ao qual aquilo que advém do real em uma análise
indispensável para remediar, pelo viés da Idéia, a perda de
ver- pode e deve coexistir,
dade a queos sofistas nos expöem? A
dimensäo mais platonizante
Para Platso, a força da matematização encontra-se também
de Lacan näo seria exatamente a
referènciaconstanteñquiloque, no acesso ao real, um real que ele chama
por não ter relação alguma com a
de inteligivet e que, tal
realidade, estå mais apto nos como Lacan,
a
é aquilo que se distingue da realidade, chamada por
abrir ao real e que encontra na matemática
seu único paradigma Platão de sensível. Mas não é a formalização que constitui tal po-
disponível?
der de acesso ao real. Antes, é a decisão axiomática, ou aquilo que
É verdade, aquilo que poderiamos chamar de posicionamento Platão chama de lúpótescs. Ora, esse funcionamento_axiomático
da matemática nesus duas estruturas de pensamemo separa mais violenta o pensangento, há aí algo de cegueira e constrangimento.
uma vez Platso Lacan. Para Plarão,
e
o pensamento matemático, Eis por que
. a elevação dialética em direção ao principio pode
ou dianoia, é apenas o vestibulo da dialética. Ele é metaxu, entre dispor da matemática apenas para esclarecer seu próprio poder.
dois, no meio do caminho entre doxa
a e a verdadeira episteme. Estaríamos, pois, vendo uma oposição entre uma concepção
Com Lacan, tipo de acesso ao real aberto pelo
o
Ìógico-matemáti- form alist moderna
coé, para
a e uma concepção hipotético-dedutiva d ás-
o discurso analitico, um ideal improvãvel supremo. e
sica? Afirmar isso significalia desconhecer a função do axioma
Eleo diz clarameme no Seminário XX,
decididamente um rexto em Lacan, já que podemos sustentar que, para ele, o sujeito
inesgotável: "A formalização matemática é nosso é
objetivo, nos- mais conseqüência de um axiomado que
a o efeito de uma causa.
so ideal. Por qué? Porque apenas ela
é matema, ou seja, capaz de Afirmar isso significaria também desconhecer função da Ìetra
transmitir-se integraÌmente" (1982, p.161). Poderíamos emão
a
i
Um limite lenso: Locan c-atre o iilosofia a psiconólise
Plaiäo:
e
intensidade subjetiva própria ao amor e à severa transmissão do se não lhes dou a ûltima palavra sobre Platão, porque Platão deci-
. matema? Quem, senäo Platão e Lacan, arriscou-se sustentar
a
diumesmoque,estaúltimapalavra,elenãonosdiria"(1992,p.67).
20 mesmo tempo que processo da verdade não pode reaÌizar-
o
O Platãodissimulador não seria, após separaçãoentre aíic- a
se sem
uma transferência flindada na demanda
de amor e trans- ão-Sócratese seu mestre, uma segunda forma de sustentar pro-
mitir-se sem um matema cuja forma nos é
dada pelo axioma? pósitos ambiguos em relação filosofia? Se República irneira à a é
Quem pode escrever sobre a porta da
sua Escola (já que todos os : oma impostura irönica, como saber se falamos do que pensa
dois fundaram escolas que, sob o
nome de Escolada Causa Freu-
e
Platão ou do que ele pensa sem dizer (im-pense), se falamos da
diana, a empresa
lacanianacontinuaedevemosdesejar, ao menos filosofia ou de seu contrário sofístico? não nos esqueçamos de E
a mesma duração da Academia - sem poder prever
quem fará que,mesmoidentificandoapenasemSócratesaposiçãododiscur-
neste caso o papel de Damascio), sim,
quem pode escrevera má- so analítico, dizemos sem dizer que a filosofia soube antecipá-lo.
xima dupla: que ninguém entre aqui se
não for geômetra, ou lógi_ Diremos então que a antifilosofia, ao ser comparada com o
co, ou topólogo, e que ninguém emie aqui se besitar que dispositivo de du-
dito sobre Platão, mostra-se como um
a sustentar é
a intensidade a-tópica, a-social da nëo-relaçäo plicidade. Não se trata aqui de emidr um julgamento, já que essa
(dédiaison) amo-
rosa? Platão Lacan tentaram,
e em terrenos diferentes, designar duplicidade uma operação. Ela deve constituir-se como figura
é
A fim de concluir, parece-me que ca, psicanálise deve atravessar abrir brechas na filosofia. Fm
essa relação tortuosa e par-
a e
tilhada entre Lacan Platäo, que sua disposição lacaniana, ela está sempre na diagonal menos
e ao menos livra Lacan da doxa ao
'
(a osotca antip]arónica, encontra seu sintoma do amor e das matemáticas. E, enquanto procedimentos genéri-
na estranha con-
v]cçao lacamana ·
varias vezes rependa
segundo a qual Platão e
cos, todos os dois são condiçöcs da filosofia. Lacan não perde tudo
mais esconde do que revela o que o que se abre de acesso a tais condiçöes através da Glosofia, ou
pensa.Já vimos que, propó- a
de todos. Uma-se
à andliosofia. un i cs que se contrariam cuja contnariedade e
o de levar ao e tremo a im -- · o· ·
o que escende:en pensamento Ie-se M onde a pren: and", rimçãode disinncia susienta tam-
rea as s de seu pen¯
bém a a rma än d
filosola", função de pros:imidade.
I
Um limite lenso: Lacan entre a filosofia e a psiconólise Locon e Platão: o matemo é umo idéio?
Tenho certeza de que Lacan diz em algum lugar, mas não LACAN,J. O SeminárioXI: os quatro conceitos fundamentais da psica-
consegui encontrar o local exato, que aquele que vê a psicanálise naise. Rio de Janeiro:Jorge zahar, 1985b.
como a continuação dos diálogos platônicos está enganado. No . O Seminário 1: os escritos técnicos de Freud. Rio de Janeiro:Jor-
que estamos de acordo, já que lambém procuro distinguir seve- se zabar, 1986.
ramente filosofia e psicanálise. Mas, por outro lado, ele se per_ ___
__.0Semináriovil:aéticadapsicandise.Riodejaneiro:JorgeZahar,
gunta, e neste caso sei perfeitamente onde - trata-se do semi_ 1988.
nário de 19 de maio de 1954 se "deveríamos levar intervenção O seminário vm: a transferëncia. Rio de Janeiro: Jorge zahar,
-, a
bém de acordo. Dessa vez, silo os diálogos plarõnicos .,wres krits. Paris: seuil, 2001.
que däo
conúnuidade análise ou completam. Deixo--os PLATÄO. A repúWica. Lisboa: Fundacão Calouste Gulbenkian, 1993.
à a nessa torção
do esquema amifilosófico, salienrando que a palavra "coragem"
entre seu exame em Lachés e sua discreta insistência em Lacan
ji nos fornece uma razão sulciente para tentarmos uma aproxi ..
Refelénciris bibliográficas