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COMO CONSTRUIR Silvana Serafino Cambiaghi silvana@nvenel.com.br ‘Sheila Walbe Ornstein sheilawo@usp.br Banheiros com acessibilidade para pessoas com deficiéncia fisica e idosos banheiro necessita atender as dife- rentes caracteristicas das pessoas que vio utilizé-lo e isso deve ocorrer cde uma forma segura e independente, © termo que define um projeto que atenda ao maior ntimero de pessoas possiveis 0 Desenho Universal, ¢re- quer considerar as habilidades ou difi- culdades de utilizagao de um espago plas pessoas ao longo de toda.a vida, Considera-se, em nossa sociedade, que a privacidade seja um fator pre- ponderante para que as fungdes orgi nicas ¢ de higiene pes cfetuadas adequadamente, somente entre as criangas ainda pe quenas a falta de privacidade nao re- presenta um problema. O usustio por- tador de deticienci ue, muitas vezes, entrar no ambiente em ‘que estejalocalizada a bacia sanititia, pias e chuveiro devido a dimensoes inadequadas, portas com vaosestreitos ce pegasee metais sanitarios dispostos de uma forma inacessivel para uma pes- soa com mobilidade reduzida. © impacto sociale psicolégico que pode causara esse usuério é grande, de- sestimulando a saida para outros am- bientes que nao podem ser utilizados ‘com privacidade sem a ajuda de tercei- ros e muitas veres tendo na pripria re- sidéncia a necessidade de auxilio devi- do as caracteristicas inadequadas dos equipamentos e do ambiente. Hoje, diz-se que uma proposta arquitet6nica cria ou suprime uma deficiéncia, Pesquisas recentes em APO (Ava- liagdo P6s-Ocupagio) tém apontado ‘que, apesar dos avangos em termos de normalizagao, legislagao e interesse, ainda que isolados, de algumas esco- las de arquitetura, o atendimento aos quesitos basicos de acessibilidade ou do Desenho Universal esti ainda longe da incorporagao cotidiana nas atividades de projetos executivos. Além disso, ha casos em que se verifi- ca uma interpretagdo equivocada da NBR 9050/94 resultando em projetos ‘que, por vezes, oferecem mais barrei- ras que acessos. Assim, pelas razdes jd expostas, 0 banheiro de uso residencial ou situa- do em espagos de uso coletivo ¢ tal ‘como ocorre ha muitas décadas nos paises desenvolvidos é um dos am: bientes internos da edificagao que tanto para pessoas com dificuldades permanentes quanto para aquelas com dificuldades temporarias deve ser simplesmente acessivel. Dai ter procurado destaci-lo como exemplo pratico neste artigo. Por que executar um projeto detalhado de acessibilidade? Detalhes que muitas vezes sio im- perceptive para uma pessoa que utili- ‘za um espago sem ter alguma dificulda- de de locomogao podem se tornar im- peditivos se essa pessoa estiverutilizan: do bengala,cadeira de rodas oualguma protese. Imagine uma pessoa sentada fem um vaso sanitério sem poder alcan- ‘gar o papel higiénico, nem levantar-se para pegi-lo, Isso ocorre intimeras -vezes, nao por um desrespeito as pes- soas com alguma dificuldade de loco- mogio, mas por falta de detalhamento no projeto ecritérios na execugio. Outra necessidade € 0 planeja- mento prévio para execugdo da obra em locais cujos parametros de acessi- bilidade devam ser respeitados. Caso 0 projeto preveja paredes de gesso acar- tonado, é necessirio deixar reforgos internos, nos locais onde serdo fixadas Darras de apoio e transferéncia, para suportar 0 peso de uma pessoa. A lo: calizagio caltura dos pontos hidrauli- cos ¢ elétricos devem ser adequadas para que no se tome necessirio que- braras paredes para uma reforma pos- terior. A drenagem deve ser projetada para que um desnivel maximo de 0,015 m (chanfradoa 45) entre o piso do boxe do chuveiro e o restante do piso do banheiro seja suficiente, Isso reduz o risco de alguém escorregar € cairno piso molhado do boxe. ‘Assim sendo, serao elencados os critérios que devem ser adotados no desenvolvimento de um projeto ¢ posterior construgdo de um banheiro para que atenda as necessidades de ‘um maior niimero de pessoas posst veis, segundo o conceito do Desenho Universal Detalhes técnicos de projeto e execucao de um banheiro a serem respeitados: = Localizagao Em edificios puiblicos, os sanité- rios acessiveis devem estar proximos a0 local de maior fluxo de pessoas, ‘TECHNE 75 | JUNHO DE 2003 junto a refeitérios, auditorios ou salas de espera. Devem estar em conjunto com os demais sanitirios e ter uma comunicagao visual que determine 2 diregio. Os sanitétios acessiveis devem ser sinalizados com o simbolo internacional de acesso. m= Antecamara ‘A maioria das antecamaras ou an- teparos visuais nao permite a circula- ‘gio de uma pessoa em cadeira de rodas. Para que isso seja possivel é ne~ cessiria uma area de 1,20 x 1,20 m, livre de obsticulos, para que a pessoa possa fazer um giro de 90 Portas de entrada Para permitir a abertura da porta ‘com auitonomia por uma pessoa em cadeira de rodas, deve ser deixado um espaco de 0,60 m de parede, do lado da mmaganeta (que deve ser do tipo alavan- a). Caso seja impossivel de executar, devido as dimens6es reduzidas doam- biente, existem sistemas simples de au- tomatizagao para abertura de portas. As portas dos banheiros, bem como as dos boxes acessiveis, deve ter um vio livre de,no minimo, 0,80 m. Quando abertura for invertida, ou seja, abrir para fora do banheiro, tomna-se neces- sério a instalagio de uma barra hori- zontal na parte interna do ambiente a ‘uma altura de 0,80 m do piso e préxi- ‘ma as ferragens, para faciitar 0 fecha- ‘mento por uma pessoa sentada em ‘uma cadeira de rodas. Caso se opte por ‘uma porta de correr,o trlho deve ser instalado na parte superior. | Espago interno Nos banheiros residencias e sani- tarios publicos, uma pessoa em cadei ra de rodas deve poder girar 360° e, para isso, é necessario um espaco livre de 1,50 m de diametro, Essa area pode avangar 0,25 m sob pias sem coluna e bancadas suspensas, = Lavatérios 5 lavatorios devem ser instalados uma altura de 0,80 m do piso e pos- suit uma altura livre na parte inferior Espago interno Ralositonade = Ua SR 3 8 it A) Met cortina Barra de apoio vertical L i “Banco retrtil St chuvei wvelro Barra de apoio ——~Torneira monocomando —Tampo de granito Porta de correr embutida Soleirarampada mS 1 -.50_,45-— Gretna para escoamento de gua 19s neste n Bacia sanitaria e pia Sanca de iluminagéo S _— Espetho i= 10% Vaivula de — ‘Saas Ca | Cuba de | AO g sobrepor \ Barra de apoio. c=90em Lixeira —Torneira monocomando e //_—Interruptor e tomada _Frontéo granito He Zen Piso antiderrepante Detalhe de barra de apoio _-Tampo da pia de granito de0,70m para permitiraaproximacdo_um retangulo de 0,80 x 1,10 m poden- de uma cadeira de rodas, Esse espago, chamado de area da aproximagao, ¢a previsio da insergio na drea de piso de do avangar sob a pia suspensa. Para tanto, nao devem ser escolhidas pias ‘com coluna, saias superiores a 0,10 m> a COMO CONSTRUIR de altura ou gabinetes que interfiram na utilizagao da pia. Existem modelos de pias nas quais osifao esta proximo a parede, adequados em residéncias de pessoas com muita dificuldade de lo- comogao, quando 0 sifio atrapalha a aproximagao e utilizagao da pia. = Chuveiro Caso 0 fechamento do chuveiro seja ‘com boxe, suas portas devem ter vao livre de 0,80 m, O ambiente deve ser provido debancos retrteis de0.45 mde profundidade por 0,70 m de compri- ‘mento, instaladosa umaalturade0.46m_ Bacia sanitaria e acessérios i Cortina— ; SS ‘Suporte para xempu / esabonete Piso aniderrapante Soleira chantrada ‘Adaptagio da bacia — Janelas | Comande oe /[,aetura das janes 1 / foe ag, escrge 0.90 t ——— Boxe e chuveiro mW, Barra de apoio lateral — Registro de monocomando 8 ‘com termostato " Banco retratil— Piso antiderrapante Suporte para 7 xampu e sabonete _-Valvula de do piso. Deve ser, ainda, prevista uma rea de transferéncia de 0,80 x 1,10 m. dentro ou fora do boxe para permitir a transferéncia da cadeira de rodas para o banco interno, Quando a érea de trans- feréncia estiver fora do boxe, 0 vao de passagem deve serlivre de obstéculo em pelo menos 0,80 m. Devem ser previstas barras horizontais everticais. = Metais (Os misturadores devem ser mo- nocomando eestar no méximoa0,50m da face frontal do lavatorio e seu de- sign deve ser do tipo alavanca ou cru- zeta, Torneiras com sensores sto indi- cadas para sanitarios piiblicos. Nos chuveiros, os metais devem ser insta- Jadosa umaalturaentre0,80m e 1,00m ¢, obrigatoriamente, com ducha ma- nual afixada em altura acessivel & Boxeacessivel As dimensoes minimas de boxe sanitario acessivel devem ser de 1,50m. na parede que for instalada a bacia por 1,70 m, quando a porta abrir para fora ou for de correr. Ou seja, deve ter dimensoes que permitam a transfe- réncia frontal e lateral para a bacia sem sobreposi¢do com a drea de var- redura da porta. fm Bacia sanitaria As bacias sanitarias tém como pa- drao a altura de 38 cm. Para 0 uso es- pecifico por portadores de deficiéncia fisica,a altura final da pega deve ser de 46 em. Além do aumento de altura da bacia, hé outros pontos a serem leva~ dos em conta: a) Alouga, bem como 0 assento, deve ter uma fixagio mais resistente, para evitar acidentes ) Deve existir dea de transferén- cia com dimensoes de 0,80 x 1,10 m, ao lado e frente do vaso sanitirio e instalagao de barras de apoio Hi, basicamente, trés maneiras para adaptar as bacias existentes a al- tura necesséria: 1) Utilizar assento da bacia sanité- ria especial que, por ser mais espesso, jgarante que a altura final da bacia (al- tura em relagdo ao assento) seja de TECHNE 75 | JUNHO DE 2003 0,46 m, conforme recomendado em norma técnica, Esse tipo de adaptacao €indicado em ambientes residenciais endo em sanitérios piblicos. A manu tencio inadequada das ferragens de fi- xagao pode ocasionar sérios acidentes 2) Colocagao de base na bacia, a mentando a altura final. Nesse caso, 0 ideal é que a base tenha uma projegao oincidindo coma base da bacia. Eacei- tvel um avango de até 5 cm (para cada lado) em relagao a base da bacia. Esse & tum dos maiores err0s em projetos,oca- sionado degraus, patamares que tor- nama utilizagdo da bacia impraticével 3) Aquisicao de bacias ja com a ‘medida solicitada (algumas empresas jd as fabricam) ow a utilizagdo de ba- cias suspensas, o que torna a adapta- «fo da altura mais facil, jé que ha mo- bilidade quanto a altura de instalagio da pega, Mas, uma vez instalada a peca sua altura esta fixada, nao sendoaconselhada para problemas fi- sicos temporaios. Essa pega tem, ainda, a colocagao e usos limitados a banheiros com instalagoes hidréulicas € tubulacdes previamente plangjadas e cuidadosamente preparadas Bacia suspensa = Bacia com caixa acoplada Conforme o design e inclinacao da parte posterior da caixa acoplada,o ato desentar na bacia torna-se mais cOmo- do, nao interferindo com o tampo da louga. A caixa acoplada deve ter um Angulo de inclinagao maior que 90° em, telago com 0 assento, Quanto menor € esse Angulo, mais dificil torna-se manter a tampa aberta, dificultando 0 seu uso por pessoas com deficigncia. As barras devem ser instaladas acima da caixa acoplada, respeitando-se 0 espa- 0 para manutengao, Barras de apoio e transferéncia Asbarras sio utilizadas, principal- ‘mente, para que uma pessoa se trans- fira de uma cadeira de rodas para 0 vaso sanitério, chuveiro ou banheirae também para apoio de pessoas idosas, usuarios de muletas ou bengalas em boxes, banheiras, ao lado de pecas sa- nitarias e mictorios. Junto as bacias sanitérias, elas devem ter o compri- mento de 0,90 m, devendo ser instala- das na horizontal, a 0,76 m de altura do piso tanto na parede lateral como. de fundo da bacia sanitaria. Devem ter boa empunhadura, com didmetro entre 30 e 45 mm, e estar firmemente fixadas em paredes ou divisérias a uma distancia minima de 40 mm. As extremidades devem estar fixadas ou justapostas nas paredes com formato recurvado. As barras de apoio e seus elementos de fixagao e instalagao devem ser de material resistentea cor- rosio, conforme NBR 10283. Na impossibilidade de instalagao de barras nas paredes laterais serio ad- mitidas barras laterais articuladas ou fixas (com fixagio na parede de fundo), desde que sejam observados os pari —— Papeleira ~ Adaptagio da bacia metros de seguranga e de dimensiona- ‘mento e que barras ¢ apoios nao inter- firam na érea de giro e transferéncia, Valvula de descarga Oacionamento do mecanismo de descarga deve ficar dentro do alcance manual do usuério considerando criangaseidosos, Uma altura de ,00m a partir do piso éadequada. O manu- seio deve ser com uma s6 mao e com esforgo fisico minimo. = Papeleira Tratando-se de papeleiras embu- tidas ou que avancem menos de 10 em em relagao a parede, a parte pela qual seretira o papel deve estar localizada a 0,40 m do piso ea uma distancia mé- xima de 0,15 m da borda frontal da bacia. No caso de papeleiras que, por conta das dimensdes, no atendam a esse parimetro,0 acesso ao papel deve estar entre 1,00 me 1,10 m do piso, sobre a barra de apoio etransferéncia, Aceswrioseequipamentos elétricos A area de manuseio dos acessérios como toalheiros, saboneteiras e regi ‘ros deve estar localizada entre 0,80 me > — Elétrica Torneira // monocomando Interruptor etomada || Espelho inclinade i=10%5 __ Porta de correr embutida na parede Puxador ~ Piso antiderrapante nes om m {3 COMO CONSTRUIR 1,00 m de altura do piso, Tomadase i terruptores também devem estar a essa altura epermitira aproximagao,aleance € manuseio de uma pessoa em cadeira de rodas, especialmente aqueles que es- tejam proximosa bancadas de pias para utilizagao de barbeadores, secadores ou interruptores para acender huzes sobre osespelhos. Oscomandos deaquecedo: res devem estar entre 0,80 me 1,20me ser instalados interfones ou sistemas de seguranga préximosa bacia sanitaria, = Espelhos Amaioria dos espelhosem banhei- ros piiblicos nao permite a visualiza cao de uma crianga, pessoa com e tatura muito reduzida ou em cadeira de rodas. Para que isso acontega, devem ser instalados a 0,90 m de altura do piso ou, acima disso, deve estar i linado frontalmente a 10°, Banheiro residencial ‘Obanheiro residencial éuum espago que requer como uma das condigdes Acess6rios Madeira revestida ~ delaminado melaninico 128 _| [020/070 | 029] aas 5 038) 080 \ “a8 \ Furo para“ Espetho Spot @8cm — de cristal Acessorios 35 {— ca wo, \S4 uminagéo Spot Espelho inctinado __Laminado melaminico ‘Ainclinagio e 2 altura dos espelhos deve ser tal que permita a visualizacio de qualquer usuario bésicas privacidad, higiene eadequada iluminagao ¢ ventilagao, bem como a seguranga dos equipamentos ¢ mate- riaisde acabamento como pisos, metais eloucas.Existem elementos que sio ba- sicos em um projeto para que esse am- biente possa ser adequado para atender asnecessidades pessoais do usu piso deve ser antiderrapante, ‘mesmo quando molhado. O mobilié- rio € 0s tampos de granitos devem ter cantos arredondados e a largura livre da porta de acesso de 0,80 m.Se neces- sirio, deve-se inverter sua abertura, ou instalar porta de correr. O espago in terno, para possibilitar o giro de uma pessoa em cadeira de rodas, deve in

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