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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS

CURSO JORNALISMO
TEORIA POLÍTICA E DEMOCRACIA
EDIVÂNIA SOUZA, GEISA BORGES, LETÍCIA RODRIGUES, LORENA
GONÇALVES E SAMARA NATHÁLIA

Intervencionismo militar: o futuro repetindo passado

“Eu vejo o futuro repetir o passado


Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não para”
(Cazuza)
- Começar falando sobre as manifestações e os crescentes do pensamento por uma volta
do intervencionismo militar
Pesquisar sobre isso na época da eleição
- Explicar esse pensamento no sentido de que ele retornou por tais razoes
Durante anos foi construída a ideia de que polícia é sinônimo de segurança;
quanto mais polícia, mais proteção e menos violência. Há uma ideia errônea de que as
forças armadas, por serem “defensores da lei e justiça”, é uma instituição livres de erros
e isenta da criminalidade. A organização dentro das corporações, criam valores
específicos que fortalecem o estereótipo de correção:
Algumas características são caras aos militares, tal como respeito a autoridades, hierarquia e disciplina.
Da mesma forma que produz uma certa homogeneidade de pensamento dentro da instituição. Não
estamos querendo dizer que são robôs ou máquinas programados para agirem de determinada forma,
porém existe um conjunto de ideias básicas que lhes são peculiares. (PUGLIA, 2004, p. 3)

O pensamento e a ideologia militar ultrapassam os muros das corporações e


tomam a sociedade civil sendo levantados por discursos inflamados e mensagens
subliminares, quando percebem que a organização da sociedade e a diversidade de
ideias ao seu redor não correspondem ao padrão considerado “normal e aceitável” para
uma boa convivência. Como mostra Puglia (2004):
Um dos pontos de extrema importância para o pensamento militar e que se liga não somente aos aspectos
políticos e também aos sociais é com relação à concepção organicista da sociedade, o que implica que ela
deve ser ordeira, avessa ao conflito ou a confusão, ou seja, comprometida com a ordem. O sentimento
organicista militar passa a atuar em vários campos, não apenas para manter a ordem e organizar os
próprios aparatos militares, mas também se expande como forma de análise social. Ao se levar isto para a
política é que se nota um primeiro ponto para a explicação do intervencionismo militar, pois os militares
não compreendem como natural ou justo a disputa de ideias que pode levar a confusão ou a desordem.
(PUGLIA, 2004, p. 4)
Assim, grupos de brasileiros, em meio a sensação de caos e violência, levam esse
discurso para o âmbito político. Por medo e indignação perante esse contexto, procuram
alguém que os defenda, acreditando que apenas as forças armadas podem protegê-los. A
partir da ideia de proteção que as pessoas têm com relação aos militares, eles os julgam
ser responsáveis por toda segurança da pátria. No artigo “Pensamento militar brasileiro
e ação política”, Puglia (2004), destaca a autoridade dos militares frente a sociedade,
demonstrando a unicidade de seus poderes:
A alegação por parte dos militares era que eles se constituíam como o único grupo capaz, dentre outras
coisas, de delimitar e saber o momento em que a ordem estaria em perigo e era, portanto, um instante
para a intervenção. Seriam como um eterno vigia, pronto para intervir nas situações mais críticas, em que
a sociedade estaria incapacitada de gerir sozinha seus próprios assuntos. Esta afirmação passa pelo fato de
que os militares também se colocavam como os reais conhecedores dos interesses da Nação, e por
consequência, seriam os seus principais intérpretes de seu anseio. (PUGLIA, 2004, p. 2)

Para os pesquisadores Alexandre Barros e Edmundo Campos Coelho, já que a probabilidade de fazermos
guerras externas é remota, as forças armadas sofrem de um “desemprego estrutural” que problematiza
sua limitação às atividades exclusivamente profissionais. Nesse sentido, a doutrina da segurança nacional,
a ênfase no inimigo interno e a ameaça da chamada “guerra revolucionária” constituíram um modo não
democrático de sublimar esse “desemprego estrutural”, mas constituem um recurso incompatível com
uma sociedade e um Estado que se querem democráticos. (SILVA, 2007, p. 18)

Porém, de acordo com Silva (2007), a tradição corporativa e a doutrina de


segurança nacional das Forças Armadas ainda não desapareceram por um completo,
uma vez que:
O artigo 142 da Constituição de 1988 dispõe que: As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo
Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na
hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa
da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
Como se vê não foi possível retirar completamente a “garantia da lei e da ordem” das suas atribuições e
isso deixou a porta aberta à utilização das forças armadas para dirimir conflitos sociais. (SILVA, 2007, p.
19)

- Mostrar que isso vem de um histórico e que a mídia também corrobora para esse
pensamento, sobre a ameaça comunista que retorna
Parte Geisa
No artigo, “Ditadura ou Revolução? O Golpe Militar pela imprensa juiz-forana
(2014),” temos exemplos de como a mídia da época, reagiu diante do golpe militar de
1964. Tropas militares saíram de Juiz de Fora-MG, comandadas pelo General Mourão
Filho, em apoio a tomada do poder. Segundo CARDOSO; SANTOS (2014, p.8), a mídia
local, logo de início, demonstrou total apoio aos militares, como mostra um registro do
veículo “Diário Mercantil”:
No dia dois de abril, a manchete estampada no “Diário Mercantil” remeteu ao ideal de
Minas Gerais como estado revolucionário e defensor do país: “Minas mais uma vez sai
em defesa da liberdade restituindo ao Brasil, em 36hs, a paz e a democracia”. O jornal
estampou uma grande foto do general Olympio Mourão Filho assinando a
“proclamação do país” e o aclamou como um dos líderes da libertação nacional das
“garras” dos comunistas. Além disso, na primeira página, é evidente a notícia de que
“Juiz de Fora, como toda Minas Gerais, viveu a situação como centro do alto comando
pela Liberdade”. (LISIEUX; MUSSE, 2013. P.5)

Os donos dos veículos, assim como empresários, apoiavam o golpe dizendo ser uma
revolução contra o comunismo, quando na verdade apoiavam qualquer que fosse de
encontro aos seus interesses. Contudo, mesmo muitos jornalistas sendo contrários ao
movimento, publicavam tudo que beneficiasse a imagem dos militares:
A sociedade juiz-forana, sempre muito segmentada e elitizada, apoiou o movimento que
classificava como anticomunista, em outras palavras, que ia a favor de seus interesses,
sejam financeiros ou ideológicos. Dessa forma, os detentores de riquezas e donos de
veículos de comunicação optaram por prestar apoio total aos agentes do golpe,
inflamando a imagem desses nos noticiários, principalmente pelo fato de o princípio de
tudo ter ocorrido na cidade. Ao produzir matérias favoráveis à Ditadura Militar, os
jornalistas, mesmo que não concordando, escreviam histórias em que os antagonistas
eram os que não concordavam com ações autoritárias e com o tipo de governo que
estava sendo estabelecido. Sendo assim, a parcela da população que não era engajada
em nenhum ideal e apenas se informava por jornais construía uma ideia deturpada -
que muitos idosos mantêm até hoje - de que os anos de chumbo foram positivos para o
país: uma Revolução. (CARDOSO, Letycia Moreira; SANTOS, Leonardo Alves dos:
Ditadura ou Revolução? O Golpe Militar pela imprensa juiz-forana; 2014, p.8)

Os jornais da época, construíam uma imagem negativa de tudo e todos que eram
contrários ao golpe e sua ideologia, além de deturparem a imagem de agentes públicos
importantes que eram considerados inimigos. Retratavam a todo tempo situações de
caos e atribuíam ao comunismo.
As autoras ainda relatam que os jornais juízes-forano retratavam Jango como “traidor
da nação e fugitivo”, construindo, sem dúvidas alguma, a imagem positiva da Ditadura
Militar em tal comunidade. De acordo com vivências de Laerte Braga, entre os veículos
para os quais trabalhava, apenas a Gazeta Comercial buscava ser imparcial. O jornal se
limitava a noticiar os fatos, sem entrar em meritocracias, buscava “informar a população
e não inflamá-la”. Já as demais mídias, deixavam seu conteúdo à total disposição dos
militares. Braga finaliza: “o grosso dos jornalistas juiz-foranos tinham uma visão
contrária, mas se viam na contingência de cobrir aqueles fatos”. (CARDOSO; SANTOS,
2014, p.9)

Do mesmo modo, hoje vemos o trabalho que a mídia faz, mesmo que
discretamente ou inconscientemente, de promover o caos e o medo. Enquanto que
alguns veículos, sejam impressos, radiofônicos, televisivos ou on-line, não escondem sua
posição de apoio a intervenções militares, outros o fazem através de publicações e
apresentações, equivocadas, usando do sensacionalismo para trazer a sensação do
medo. Palavras-chave são usadas(como no passado), para construir uma imagem de
sociedade desordenada, ameaçada pelo comunismo que hoje tem novas formulações.
Assim, a mídia acaba por ser um agente indireto da intervenção, no momento em que
cria no inconsciente dos indivíduos, uma sensação de insegurança geral, fortalecendo o
discurso de intervencionistas.
- Entrevista com o intervencionista
Entrevista Geisa
- Refutar essa ideia de que o intervencionismo seria a solução, dizermos que isso não é o
que a sociedade democrática precisa, e que o diálogo é importante porque temos uma
pluralidade

Discussão que fizemos

Ainda tenho que trabalhar mais (farei à noite). Vou deixar a parte por enquanto:
SVARTMAN, Eduardo Munhoz. 1968 no Brasil: a visão dos militares. História: Debates
e Tendências. V.8, n.1, jan/jul. 2008, p. 132-147, publ. no 1° sem. 2009.
CARDOSO, Letycia Moreira; SANTOS, Leonardo Alves dos: Ditadura ou Revolução? O Golpe Militar
pela imprensa juiz-forana

“Argumenta-se que a cúpula militar era pautada por um padrão de visão de ação
política relativamente antigo no meio militar brasileiro – o intervencionismo controlador
–, por uma desconfiança em relação aos políticos civis forte o bastante para subordinar
as clivagens castrenses a uma propalada unidade das Forças Armadas na defesa da
“Revolução de 1964” e, por fim, por um duradouro consumo da teoria da “guerra
revolucionária”, desempenhou um papel importante na militarização do regime e na
montagem de um poderoso e extensivo aparato de repressão (SVARTMAN, 2009, p.133).

“Apesar da sua amplitude e de agregar elementos mais antigos, como várias das teses do
chamado “pensamento autoritário” da década de 1920, as questões mais novas, como o
forte anticomunismo que se desenvolveu no meio militar após a revolta de 1935, a visão a
respeito dos fenômenos sociais e políticos partilhada, em especial, pelo intervencionismo
controlador e seus herdeiros começou a ser sistematizada e codificada em duas
instituições militares de ensino: a Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
(Eceme)e a Escola Superior de Guerra” (SVARTMAN, 2009, p.138).
Ao fim da Segunda Guerra Mundial, a Eceme adaptou doutrinas militares norte-
americanas à realidade do Exército brasileiro, enquadrando militarmente o Brasil no
esforço de “defesa conjunta do hemisfério” contra o comunismo (SVARTMAN, 2009,
p.138).

“A Doutrina de Segurança Nacional (DSN) articulou as considerações militares quanto


ao planejamento econômico e político das atividades de defesa (decorrência da guerra
industrial e da guerra total) e promoveu a passagem do enfoque dos militares na
‘agressão externa’ para a ‘agressão interna’. O ponto de partida da doutrina era o
‘conflito ideológico permanente’ entre Ocidente e Oriente, no qual o Brasil, por sua
‘índole cristã’ e seus compromissos com os ‘amigos do Norte’ (os Estados Unidos),
colocava-se inquestionavelmente alinhado com o Ocidente” (SVARTMAN, 2009, p.139).

“Ao subordinar praticamente tudo nos corolários da segurança, a DSN formula um


discurso empregado para legitimar não apenas a presença de militares no campo
político, mas o seu protagonismo praticamente ilimitado” ((SVARTMAN, 2009, p.140).

“O intervencionismo controlador, por sua vez, é também herdeiro de uma forte


disposição partilhada entre segmentos do oficialato do Exército que encara com
profunda desconfiança os assim chamados ‘político profissionais’. Trata-se de uma visão
um tanto difusa, porém fortemente sedimentada entre oficiais do Exército desde a
década de 1920, na qual estava também implícita a sua crítica ao liberalismo oligárquico
e uma forte crença na técnica e nas virtudes militares para resolver ‘objetivamente’ os
problemas nacionais (SVARTMAN, 2009, p.140-141).

“A doutrina da guerra revolucionária operou decisivamente para produzir um consenso


em diversos meios militares e civis para que se entendessem as manifestações dos
movimetnso sociais no início da década de 1960 e as ações do governo João Goulart
como partes de um processo articulado e planejado que, se não fosse interrompido,
conduziria o Brasil a uma revolução comunista” ((SVARTMAN, 2009, p.143).

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS


CURSO JORNALISMO
TEORIA POLÍTICA E DEMOCRACIA
EDIVÂNIA SOUZA, GEISA BORGES, LETÍCIA RODRIGUES, LORENA
GONÇALVES E SAMARA NATHÁLIA

Intervencionismo militar: o futuro repetindo passado

“Eu vejo o futuro repetir o passado


Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não para”
(Cazuza)
- Começar falando sobre as manifestações e os crescentes do pensamento por uma volta
do intervencionismo militar
Pesquisar sobre isso na época da eleição
- Explicar esse pensamento no sentido de que ele retornou por tais razões

Algumas características são caras aos militares, tal como respeito a autoridades, hierarquia e disciplina.
Da mesma forma que produz uma certa homogeneidade de pensamento dentro da instituição. Não
estamos querendo dizer que são robôs ou máquinas programados para agirem de determinada forma,
porém existe um conjunto de idéias básicas que lhes são peculiares. (PUGLIA, 2004, p. 3)

A pós-modernidade é marcada pela fragmentação do sujeito e por uma descrença


generalizada nas informações, em particular, o descrédito em relação às grandes
organizações de mídia. Uma fala do entrevistado Welves ilustra esse contexto:
A Globo já está sendo intimada a responder um processo por qual
motivo ela não está transmitindo tudo que está acontecendo. Ela [A
Globo] está escondendo! Quando o exército vai pra rua eles usam como
combate ao tráfico. Não é! Eles já estão se posicionando em áreas de
metrô, praça pública, onde tem muita aglomeração de pessoas e risco de
atentado. (Welves)

Soma-se a isso o fato da ampla divulgação de casos de violência no jornalismo


televisivo, havendo programas sensacionalistas exclusivamente para esse fim, bem como
circulação em redes sociais de imagens que retratam crimes ocorridos. Nesse contexto,
não raro os indivíduos sentem-se como se vivessem em meio ao caos e à violência. Por
medo e indignação perante essa situação, surgem grupos desejosos de alguém que os
defenda, acreditando, por exemplo, que apenas as forças armadas podem protegê-los, a
partir da ideia de proteção que as pessoas têm com relação aos militares. No artigo
“Pensamento militar brasileiro e ação política” destaca-se a autoridade dos militares
frente a sociedade, demonstrando a unicidade de seus poderes.
Um dos pontos de extrema importância para o pensamento militar e que se liga não somente aos aspectos
políticos e também aos sociais é com relação à concepção organicista da sociedade, o que implica que ela
deve ser ordeira, avessa ao conflito ou a confusão, ou seja, comprometida com a ordem. O sentimento
organicista militar passa a atuar em vários campos, não apenas para manter a ordem e organizar os
próprios aparatos militares, mas também se expande como forma de análise social. Ao se levar isto para a
política é que se nota um primeiro ponto para a explicação do intervencionismo militar, pois os militares
não compreendem como natural ou justo a disputa de ideias que pode levar a confusão ou a desordem.
(PUGLIA, 2004, p. 4)

A alegação por parte dos militares era que eles se constituíam como o único grupo capaz, dentre outras
coisas, de delimitar e saber o momento em que a ordem estaria em perigo e é era, portanto, um instante
para a intervenção. Seriam como um eterno vigia, pronto para intervir nas situações mais críticas, em que
a sociedade estaria incapacitada de gerir sozinha seus próprios assuntos. Esta afirmação passa pelo fato de
que os militares também se colocavam como os reais conhecedores dos interesses da Nação, e por
consequência, seriam os seus principais intérpretes de seu anseio. (PUGLIA, 2004, p. 2)

Na entrevista realizada com Welves, o qual se autodeclara intervencionista, nota-


se que essa crença na intervenção em momentos críticos ainda permeia o imaginário dos
grupos que defendem que o poder deve ser assumido pelos militares. “Se o exército não
fizer a intervenção, a marinha faz. Se a marinha e o exército não fizer, a Aeronáutica faz.
É obrigação dos três poderes defender a pátria. Porque o país chegou num ponto de
caos. Porque ali eles estão roubando a rodo e rindo na nossa cara” (Welves)

Para os pesquisadores Alexandre Barros e Edmundo Campos Coelho, já que a probabilidade de fazermos
guerras externas é remota, as forças armadas sofrem de um “desemprego estrutural” que problematiza
sua limitação às atividades exclusivamente profissionais. Nesse sentido, a doutrina da segurança nacional,
a ênfase no inimigo interno e a ameaça da chamada “guerra revolucionária” constituíram um modo não
democrático de sublimar esse “desemprego estrutural”, mas constituem um recurso incompatível com
uma sociedade e um Estado que se querem democráticos. (SILVA, 2007, p. 18)

Porém, de acordo com Silva (2007), a tradição corporativa e a doutrina de


segurança nacional das Forças Armadas ainda não desapareceram por um completo,
uma vez que:
O artigo 142 da Constituição de 1988 dispõe que: As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo
Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na
hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa
da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
Como se vê não foi possível retirar completamente a “garantia da lei e da ordem” das suas atribuições e
isso deixou a porta aberta à utilização das forças armadas para dirimir conflitos sociais. (SILVA, 2007, p.
19)

- Mostrar que isso vem de um histórico e que a mídia também corrobora para esse
pensamento, sobre a ameaça comunista que retorna
Parte Geisa
O artigo, “Ditadura ou Revolução? O Golpe Militar pela imprensa juiz-forana
(2014),” apresenta exemplos de como a mídia da época, reagiu diante do golpe militar de
1964. Tropas militares saíram de Juiz de Fora-MG, comandadas pelo General Mourão
Filho, em apoio a tomada do poder. Segundo CARDOSO; SANTOS (2014, p.8), a mídia
local, logo de início, demonstrou total apoio aos militares, como mostra um registro do
veículo “Diário Mercantil”:
No dia dois de abril, a manchete estampada no “Diário Mercantil” remeteu ao ideal de
Minas Gerais como estado revolucionário e defensor do país: “Minas mais uma vez sai
em defesa da liberdade restituindo ao Brasil, em 36hs, a paz e a democracia”. O jornal
estampou uma grande foto do general Olympio Mourão Filho assinando a
“proclamação do país” e o aclamou como um dos líderes da libertação nacional das
“garras” dos comunistas. Além disso, na primeira página, é evidente a notícia de que
“Juiz de Fora, como toda Minas Gerais, viveu a situação como centro do alto comando
pela Liberdade”. (LISIEUX; MUSSE, 2013. P.5)

Os donos dos veículos, assim como empresários, apoiavam o golpe dizendo ser uma
revolução contra o comunismo, quando na verdade apoiavam qualquer que fosse de
encontro aos seus interesses. Contudo, mesmo muitos jornalistas sendo contrários ao
movimento, publicavam tudo que beneficiasse a imagem dos militares:
A sociedade juiz-forana, sempre muito segmentada e elitizada, apoiou o movimento que
classificava como anticomunista, em outras palavras, que ia a favor de seus interesses,
sejam financeiros ou ideológicos. Dessa forma, os detentores de riquezas e donos de
veículos de comunicação optaram por prestar apoio total aos agentes do golpe,
inflamando a imagem desses nos noticiários, principalmente pelo fato de o princípio de
tudo ter ocorrido na cidade. Ao produzir matérias favoráveis à Ditadura Militar, os
jornalistas, mesmo que não concordando, escreviam histórias em que os antagonistas
eram os que não concordavam com ações autoritárias e com o tipo de governo que
estava sendo estabelecido. Sendo assim, a parcela da população que não era engajada
em nenhum ideal e apenas se informava por jornais construía uma ideia deturpada -
que muitos idosos mantêm até hoje - de que os anos de chumbo foram positivos para o
país: uma Revolução. (CARDOSO, Letycia Moreira; SANTOS, Leonardo Alves dos:
Ditadura ou Revolução?

O Golpe Militar pela imprensa juiz-forana; 2014, p.8)

Os jornais da época, construíam uma imagem negativa de tudo e todos que eram
contrários ao golpe e sua ideologia, além de deturparem a imagem de agentes públicos
importantes que eram considerados inimigos. Retratavam a todo tempo situações de
caos e atribuíam ao comunismo.
As autoras ainda relatam que os jornais juízes-forano retratavam Jango como “traidor
da nação e fugitivo”, construindo, sem dúvidas alguma, a imagem positiva da Ditadura
Militar em tal comunidade. De acordo com vivências de Laerte Braga, entre os veículos
para os quais trabalhava, apenas a Gazeta Comercial buscava ser imparcial. O jornal se
limitava a noticiar os fatos, sem entrar em meritocracias, buscava “informar a população
e não inflamá-la”. Já as demais mídias, deixavam seu conteúdo à total disposição dos
militares. Braga finaliza: “o grosso dos jornalistas juiz-foranos tinham uma visão
contrária, mas se viam na contingência de cobrir aqueles fatos”. (CARDOSO, Letycia
Moreira; SANTOS, Leonardo Alves dos: Ditadura ou Revolução?

O Golpe Militar pela imprensa juiz-forana; 2014, p.9)

Do mesmo modo, hoje vemos o trabalho que a mídia faz, mesmo que discretamente ou
inconscientemente, de promover o caos e o medo. Enquanto que alguns veículos, sejam
impressos, radiofônicos, televisivos ou on-line, não escondem sua posição de apoio a
intervenções militares, outros o fazem através de publicações e apresentações,
equivocadas, usando do sensacionalismo para trazer a sensação do medo. Palavras-
chave são usadas(como no passado), para construir uma imagem de sociedade
desordenada, ameaçada pelo comunismo que hoje tem novas formulações.
Assim, a mídia acaba por ser um agente indireto da intervenção, no momento em que
cria no inconsciente dos indivíduos, uma sensação de insegurança geral, fortalecendo o
discurso de intervencionistas.

- Entrevista com o intervencionista


Entrevista Geisa
- Refutar essa ideia de que o intervencionismo seria a solução, dizermos que isso não é o
que a sociedade democrática precisa, e que o diálogo é importante porque temos uma
pluralidade

Discussão que fizemos

SVARTMAN, Eduardo Munhoz. 1968 no Brasil: a visão dos militares. História: Debates
e
Tendências. V.8, n.1, jan/jul. 2008, p. 132-147, publ. no 1° sem. 2009.

No contexto de 1968, “Argumenta-se que a cúpula militar era pautada por um padrão
de visão de ação política relativamente antigo no meio militar brasileiro – o
intervencionismo controlador –, por uma desconfiança em relação aos políticos civis
forte o bastante para subordinar as clivagens castrenses a uma propalada unidade das
Forças Armadas na defesa da “Revolução de 1964” e, por fim, por um duradouro
consumo da teoria da “guerra revolucionária”, desempenhou um papel importante na
militarização do regime e na montagem de um poderoso e extensivo aparato de
repressão (SVARTMAN, 2009, p.133).

“Apesar da sua amplitude e de agregar elementos mais antigos, como várias das teses do
chamado “pensamento autoritário” da década de 1920, as questões mais novas, como o
forte anticomunismo que se desenvolveu no meio militar após a revolta de 1935, a visão a
respeito dos fenômenos sociais e políticos partilhada, em especial, pelo intervencionismo
controlador e seus herdeiros começou a ser sistematizada e codificada em duas
instituições militares de ensino: a Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
(Eceme)e a Escola Superior de Guerra” (SVARTMAN, 2009, p.138).

Ao fim da Segunda Guerra Mundial, a Eceme adaptou doutrinas militares norte-


americanas à realidade do Exército brasileiro, enquadrando militarmente o Brasil no
esforço de “defesa conjunta do hemisfério” contra o comunismo (SVARTMAN, 2009,
p.138).

“A Doutrina de Segurança Nacional (DSN) articulou as considerações militares quanto


ao planejamento econômico e político das atividades de defesa (decorrência da guerra
industrial e da guerra total) e promoveu a passagem do enfoque dos militares na
‘agressão externa’ para a ‘agressão interna’. O ponto de partida da doutrina era o
‘conflito ideológico permanente’ entre Ocidente e Oriente, no qual o Brasil, por sua
‘índole cristã’ e seus compromissos com os ‘amigos do Norte’ (os Estados Unidos),
colocava-se inquestionavelmente alinhado com o Ocidente” (SVARTMAN, 2009, p.139).

“Ao subordinar praticamente tudo nos corolários da segurança, a DSN formula um


discurso empregado para legitimar não apenas a presença de militares no campo
político, mas o seu protagonismo praticamente ilimitado” ((SVARTMAN, 2009, p.140).

“O intervencionismo controlador, por sua vez, é também herdeiro de uma forte


disposição partilhada entre segmentos do oficialato do Exército que encara com
profunda desconfiança os assim chamados ‘político profissionais’. Trata-se de uma visão
um tanto difusa, porém fortemente sedimentada entre oficiais do Exército desde a
década de 1920, na qual estava também implícita a sua crítica ao liberalismo oligárquico
e uma forte crença na técnica e nas virtudes militares para resolver ‘objetivamente’ os
problemas nacionais (SVARTMAN, 2009, p.140-141).

“A doutrina da guerra revolucionária operou decisivamente para produzir um consenso


em diversos meios militares e civis para que se entendessem as manifestações dos
movimetnso sociais no início da década de 1960 e as ações do governo João Goulart
como partes de um processo articulado e planejado que, se não fosse interrompido,
conduziria o Brasil a uma revolução comunista” ((SVARTMAN, 2009, p.143).

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