Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CURSO JORNALISMO
TEORIA POLÍTICA E DEMOCRACIA
EDIVÂNIA SOUZA, GEISA BORGES, LETÍCIA RODRIGUES, LORENA
GONÇALVES E SAMARA NATHÁLIA
Para os pesquisadores Alexandre Barros e Edmundo Campos Coelho, já que a probabilidade de fazermos
guerras externas é remota, as forças armadas sofrem de um “desemprego estrutural” que problematiza
sua limitação às atividades exclusivamente profissionais. Nesse sentido, a doutrina da segurança nacional,
a ênfase no inimigo interno e a ameaça da chamada “guerra revolucionária” constituíram um modo não
democrático de sublimar esse “desemprego estrutural”, mas constituem um recurso incompatível com
uma sociedade e um Estado que se querem democráticos. (SILVA, 2007, p. 18)
- Mostrar que isso vem de um histórico e que a mídia também corrobora para esse
pensamento, sobre a ameaça comunista que retorna
Parte Geisa
No artigo, “Ditadura ou Revolução? O Golpe Militar pela imprensa juiz-forana
(2014),” temos exemplos de como a mídia da época, reagiu diante do golpe militar de
1964. Tropas militares saíram de Juiz de Fora-MG, comandadas pelo General Mourão
Filho, em apoio a tomada do poder. Segundo CARDOSO; SANTOS (2014, p.8), a mídia
local, logo de início, demonstrou total apoio aos militares, como mostra um registro do
veículo “Diário Mercantil”:
No dia dois de abril, a manchete estampada no “Diário Mercantil” remeteu ao ideal de
Minas Gerais como estado revolucionário e defensor do país: “Minas mais uma vez sai
em defesa da liberdade restituindo ao Brasil, em 36hs, a paz e a democracia”. O jornal
estampou uma grande foto do general Olympio Mourão Filho assinando a
“proclamação do país” e o aclamou como um dos líderes da libertação nacional das
“garras” dos comunistas. Além disso, na primeira página, é evidente a notícia de que
“Juiz de Fora, como toda Minas Gerais, viveu a situação como centro do alto comando
pela Liberdade”. (LISIEUX; MUSSE, 2013. P.5)
Os donos dos veículos, assim como empresários, apoiavam o golpe dizendo ser uma
revolução contra o comunismo, quando na verdade apoiavam qualquer que fosse de
encontro aos seus interesses. Contudo, mesmo muitos jornalistas sendo contrários ao
movimento, publicavam tudo que beneficiasse a imagem dos militares:
A sociedade juiz-forana, sempre muito segmentada e elitizada, apoiou o movimento que
classificava como anticomunista, em outras palavras, que ia a favor de seus interesses,
sejam financeiros ou ideológicos. Dessa forma, os detentores de riquezas e donos de
veículos de comunicação optaram por prestar apoio total aos agentes do golpe,
inflamando a imagem desses nos noticiários, principalmente pelo fato de o princípio de
tudo ter ocorrido na cidade. Ao produzir matérias favoráveis à Ditadura Militar, os
jornalistas, mesmo que não concordando, escreviam histórias em que os antagonistas
eram os que não concordavam com ações autoritárias e com o tipo de governo que
estava sendo estabelecido. Sendo assim, a parcela da população que não era engajada
em nenhum ideal e apenas se informava por jornais construía uma ideia deturpada -
que muitos idosos mantêm até hoje - de que os anos de chumbo foram positivos para o
país: uma Revolução. (CARDOSO, Letycia Moreira; SANTOS, Leonardo Alves dos:
Ditadura ou Revolução? O Golpe Militar pela imprensa juiz-forana; 2014, p.8)
Os jornais da época, construíam uma imagem negativa de tudo e todos que eram
contrários ao golpe e sua ideologia, além de deturparem a imagem de agentes públicos
importantes que eram considerados inimigos. Retratavam a todo tempo situações de
caos e atribuíam ao comunismo.
As autoras ainda relatam que os jornais juízes-forano retratavam Jango como “traidor
da nação e fugitivo”, construindo, sem dúvidas alguma, a imagem positiva da Ditadura
Militar em tal comunidade. De acordo com vivências de Laerte Braga, entre os veículos
para os quais trabalhava, apenas a Gazeta Comercial buscava ser imparcial. O jornal se
limitava a noticiar os fatos, sem entrar em meritocracias, buscava “informar a população
e não inflamá-la”. Já as demais mídias, deixavam seu conteúdo à total disposição dos
militares. Braga finaliza: “o grosso dos jornalistas juiz-foranos tinham uma visão
contrária, mas se viam na contingência de cobrir aqueles fatos”. (CARDOSO; SANTOS,
2014, p.9)
Do mesmo modo, hoje vemos o trabalho que a mídia faz, mesmo que
discretamente ou inconscientemente, de promover o caos e o medo. Enquanto que
alguns veículos, sejam impressos, radiofônicos, televisivos ou on-line, não escondem sua
posição de apoio a intervenções militares, outros o fazem através de publicações e
apresentações, equivocadas, usando do sensacionalismo para trazer a sensação do
medo. Palavras-chave são usadas(como no passado), para construir uma imagem de
sociedade desordenada, ameaçada pelo comunismo que hoje tem novas formulações.
Assim, a mídia acaba por ser um agente indireto da intervenção, no momento em que
cria no inconsciente dos indivíduos, uma sensação de insegurança geral, fortalecendo o
discurso de intervencionistas.
- Entrevista com o intervencionista
Entrevista Geisa
- Refutar essa ideia de que o intervencionismo seria a solução, dizermos que isso não é o
que a sociedade democrática precisa, e que o diálogo é importante porque temos uma
pluralidade
Ainda tenho que trabalhar mais (farei à noite). Vou deixar a parte por enquanto:
SVARTMAN, Eduardo Munhoz. 1968 no Brasil: a visão dos militares. História: Debates
e Tendências. V.8, n.1, jan/jul. 2008, p. 132-147, publ. no 1° sem. 2009.
CARDOSO, Letycia Moreira; SANTOS, Leonardo Alves dos: Ditadura ou Revolução? O Golpe Militar
pela imprensa juiz-forana
“Argumenta-se que a cúpula militar era pautada por um padrão de visão de ação
política relativamente antigo no meio militar brasileiro – o intervencionismo controlador
–, por uma desconfiança em relação aos políticos civis forte o bastante para subordinar
as clivagens castrenses a uma propalada unidade das Forças Armadas na defesa da
“Revolução de 1964” e, por fim, por um duradouro consumo da teoria da “guerra
revolucionária”, desempenhou um papel importante na militarização do regime e na
montagem de um poderoso e extensivo aparato de repressão (SVARTMAN, 2009, p.133).
“Apesar da sua amplitude e de agregar elementos mais antigos, como várias das teses do
chamado “pensamento autoritário” da década de 1920, as questões mais novas, como o
forte anticomunismo que se desenvolveu no meio militar após a revolta de 1935, a visão a
respeito dos fenômenos sociais e políticos partilhada, em especial, pelo intervencionismo
controlador e seus herdeiros começou a ser sistematizada e codificada em duas
instituições militares de ensino: a Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
(Eceme)e a Escola Superior de Guerra” (SVARTMAN, 2009, p.138).
Ao fim da Segunda Guerra Mundial, a Eceme adaptou doutrinas militares norte-
americanas à realidade do Exército brasileiro, enquadrando militarmente o Brasil no
esforço de “defesa conjunta do hemisfério” contra o comunismo (SVARTMAN, 2009,
p.138).
Algumas características são caras aos militares, tal como respeito a autoridades, hierarquia e disciplina.
Da mesma forma que produz uma certa homogeneidade de pensamento dentro da instituição. Não
estamos querendo dizer que são robôs ou máquinas programados para agirem de determinada forma,
porém existe um conjunto de idéias básicas que lhes são peculiares. (PUGLIA, 2004, p. 3)
A alegação por parte dos militares era que eles se constituíam como o único grupo capaz, dentre outras
coisas, de delimitar e saber o momento em que a ordem estaria em perigo e é era, portanto, um instante
para a intervenção. Seriam como um eterno vigia, pronto para intervir nas situações mais críticas, em que
a sociedade estaria incapacitada de gerir sozinha seus próprios assuntos. Esta afirmação passa pelo fato de
que os militares também se colocavam como os reais conhecedores dos interesses da Nação, e por
consequência, seriam os seus principais intérpretes de seu anseio. (PUGLIA, 2004, p. 2)
Para os pesquisadores Alexandre Barros e Edmundo Campos Coelho, já que a probabilidade de fazermos
guerras externas é remota, as forças armadas sofrem de um “desemprego estrutural” que problematiza
sua limitação às atividades exclusivamente profissionais. Nesse sentido, a doutrina da segurança nacional,
a ênfase no inimigo interno e a ameaça da chamada “guerra revolucionária” constituíram um modo não
democrático de sublimar esse “desemprego estrutural”, mas constituem um recurso incompatível com
uma sociedade e um Estado que se querem democráticos. (SILVA, 2007, p. 18)
- Mostrar que isso vem de um histórico e que a mídia também corrobora para esse
pensamento, sobre a ameaça comunista que retorna
Parte Geisa
O artigo, “Ditadura ou Revolução? O Golpe Militar pela imprensa juiz-forana
(2014),” apresenta exemplos de como a mídia da época, reagiu diante do golpe militar de
1964. Tropas militares saíram de Juiz de Fora-MG, comandadas pelo General Mourão
Filho, em apoio a tomada do poder. Segundo CARDOSO; SANTOS (2014, p.8), a mídia
local, logo de início, demonstrou total apoio aos militares, como mostra um registro do
veículo “Diário Mercantil”:
No dia dois de abril, a manchete estampada no “Diário Mercantil” remeteu ao ideal de
Minas Gerais como estado revolucionário e defensor do país: “Minas mais uma vez sai
em defesa da liberdade restituindo ao Brasil, em 36hs, a paz e a democracia”. O jornal
estampou uma grande foto do general Olympio Mourão Filho assinando a
“proclamação do país” e o aclamou como um dos líderes da libertação nacional das
“garras” dos comunistas. Além disso, na primeira página, é evidente a notícia de que
“Juiz de Fora, como toda Minas Gerais, viveu a situação como centro do alto comando
pela Liberdade”. (LISIEUX; MUSSE, 2013. P.5)
Os donos dos veículos, assim como empresários, apoiavam o golpe dizendo ser uma
revolução contra o comunismo, quando na verdade apoiavam qualquer que fosse de
encontro aos seus interesses. Contudo, mesmo muitos jornalistas sendo contrários ao
movimento, publicavam tudo que beneficiasse a imagem dos militares:
A sociedade juiz-forana, sempre muito segmentada e elitizada, apoiou o movimento que
classificava como anticomunista, em outras palavras, que ia a favor de seus interesses,
sejam financeiros ou ideológicos. Dessa forma, os detentores de riquezas e donos de
veículos de comunicação optaram por prestar apoio total aos agentes do golpe,
inflamando a imagem desses nos noticiários, principalmente pelo fato de o princípio de
tudo ter ocorrido na cidade. Ao produzir matérias favoráveis à Ditadura Militar, os
jornalistas, mesmo que não concordando, escreviam histórias em que os antagonistas
eram os que não concordavam com ações autoritárias e com o tipo de governo que
estava sendo estabelecido. Sendo assim, a parcela da população que não era engajada
em nenhum ideal e apenas se informava por jornais construía uma ideia deturpada -
que muitos idosos mantêm até hoje - de que os anos de chumbo foram positivos para o
país: uma Revolução. (CARDOSO, Letycia Moreira; SANTOS, Leonardo Alves dos:
Ditadura ou Revolução?
Os jornais da época, construíam uma imagem negativa de tudo e todos que eram
contrários ao golpe e sua ideologia, além de deturparem a imagem de agentes públicos
importantes que eram considerados inimigos. Retratavam a todo tempo situações de
caos e atribuíam ao comunismo.
As autoras ainda relatam que os jornais juízes-forano retratavam Jango como “traidor
da nação e fugitivo”, construindo, sem dúvidas alguma, a imagem positiva da Ditadura
Militar em tal comunidade. De acordo com vivências de Laerte Braga, entre os veículos
para os quais trabalhava, apenas a Gazeta Comercial buscava ser imparcial. O jornal se
limitava a noticiar os fatos, sem entrar em meritocracias, buscava “informar a população
e não inflamá-la”. Já as demais mídias, deixavam seu conteúdo à total disposição dos
militares. Braga finaliza: “o grosso dos jornalistas juiz-foranos tinham uma visão
contrária, mas se viam na contingência de cobrir aqueles fatos”. (CARDOSO, Letycia
Moreira; SANTOS, Leonardo Alves dos: Ditadura ou Revolução?
Do mesmo modo, hoje vemos o trabalho que a mídia faz, mesmo que discretamente ou
inconscientemente, de promover o caos e o medo. Enquanto que alguns veículos, sejam
impressos, radiofônicos, televisivos ou on-line, não escondem sua posição de apoio a
intervenções militares, outros o fazem através de publicações e apresentações,
equivocadas, usando do sensacionalismo para trazer a sensação do medo. Palavras-
chave são usadas(como no passado), para construir uma imagem de sociedade
desordenada, ameaçada pelo comunismo que hoje tem novas formulações.
Assim, a mídia acaba por ser um agente indireto da intervenção, no momento em que
cria no inconsciente dos indivíduos, uma sensação de insegurança geral, fortalecendo o
discurso de intervencionistas.
SVARTMAN, Eduardo Munhoz. 1968 no Brasil: a visão dos militares. História: Debates
e
Tendências. V.8, n.1, jan/jul. 2008, p. 132-147, publ. no 1° sem. 2009.
No contexto de 1968, “Argumenta-se que a cúpula militar era pautada por um padrão
de visão de ação política relativamente antigo no meio militar brasileiro – o
intervencionismo controlador –, por uma desconfiança em relação aos políticos civis
forte o bastante para subordinar as clivagens castrenses a uma propalada unidade das
Forças Armadas na defesa da “Revolução de 1964” e, por fim, por um duradouro
consumo da teoria da “guerra revolucionária”, desempenhou um papel importante na
militarização do regime e na montagem de um poderoso e extensivo aparato de
repressão (SVARTMAN, 2009, p.133).
“Apesar da sua amplitude e de agregar elementos mais antigos, como várias das teses do
chamado “pensamento autoritário” da década de 1920, as questões mais novas, como o
forte anticomunismo que se desenvolveu no meio militar após a revolta de 1935, a visão a
respeito dos fenômenos sociais e políticos partilhada, em especial, pelo intervencionismo
controlador e seus herdeiros começou a ser sistematizada e codificada em duas
instituições militares de ensino: a Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
(Eceme)e a Escola Superior de Guerra” (SVARTMAN, 2009, p.138).