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CURSO PREPARATÓRIO CORRESPONDENTE NO PAÍS

MÓDULO II - Mercado Financeiro


Carga Horária
2 horas
CURSO PREPARATÓRIO CORRESPONDENTE NO PAÍS — MÓDULO II — MERCADO FINANCEIRO

Lição 1 - Risco

TEMA 1 - RISCO
Conceito
O conceito de risco é simples: é a incerteza de Assim, a existência de um risco é caracterizada
alcançar o objetivo esperado, em um dado período pela simples ameaça de um evento ou de uma
de tempo. ação afetar de forma adversa os objetivos traçados
pela organização e prejudicar o retorno dos inves-
Mas existem aspectos que envolvem a análise de
timentos dos clientes e acionistas de uma insti-
risco, que nos leva a criar medidas (parâmetros)
tuição financeira.
para a qualificação (classificação) e quantificação
(mensuração) dos riscos envolvidos nas atividades
do mercado financeiro.

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Os riscos decorrem da possibilidade de materialização das ameaças e,


também, do não aproveitamento de oportunidades.

De maneira geral, o risco é representado por possíveis ameaças ao


capital, à liquidez e à rentabilidade esperada.
Podemos dizer então que os bancos somente concederiam créditos,
sem efetuar a competente análise, se não houvesse o risco de
inadimplência, o que não ocorre em termos reais. Portanto, o risco
é inerente à atividade bancária e ao crédito, em particular.
A gestão do risco é o processo de identificação, análise e prevenção de
riscos e envolve eventos presentes em todos os setores da economia Dica
sejam comerciais, industriais, financeiros ou de serviços, sempre Conhecer os riscos e suas causas
diminui em muito a inadimplência.
baseada no estabelecimento de cenários que, por convenção, são
classificados em: pessimistas, conservadores e otimistas.

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A técnica estatística se faz presente mediante a utilização de


medidas de probabilidade, com destaque especial para o desvio Desvio padrão é a medida mais
padrão. Podemos afirmar que, quanto maior o número de variá- comum da dispersão estatística.
Ele mostra o quanto de variação
veis envolvidas, maior é a complexidade do cálculo do cenário de
ou “dispersão” existe em relação
riscos e quanto maior o número dos dados utilizados maior será a à média (ou valor esperado).
sua precisão.

Possíveis
Ameaças

RISCO
Capital Liquidez Rentabilidade
É a INCERTEZA
de alcançar certa
rentabilidade
esperada, em um
dado período. As instituições somente
concederiam CRÉDITO se não
houvesse risco de inadimplência, o
que não ocorre em termos reais.

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Pergunta
Qual é o risco de um evento ocorrer?

Para responder esta pergunta temos que ter domínio de um número


de variáveis que não seja tão extenso, que possa dispersar o resul-
tado e que não seja tão escasso que não medirá adequadamente o
risco desejado.
A mensuração (medição) de risco é uma matéria que não segue uma
receita pronta e varia de uma instituição para outra. Por exemplo:
um banco especializado na concessão de crédito imobiliário estará
mais suscetível ao risco proporcionado pelo setor da construção civil.
É importante exercitar e aprimorar as técnicas de mensuração
de risco e, a cada evento, realizar a análise dos erros cometidos.
Podemos notar que a “Gestão de Risco” não é um processo estático
e, sim, um processo contínuo e dinâmico de atividades integradas,
pelas quais a administração (alta gerência), com o suporte dos
responsáveis pelos processos de negócio, busca reduzir ao mínimo o
impacto de potenciais riscos.

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Apresentamos na imagem abaixo os principais riscos presentes no


mercado financeiro:

CRÉDITO

LEGAL MERCADO

RISCO

OPERACIONAL LIQUIDEZ

IMAGEM

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TEMA 2 – RISCO DE CRÉDITO


O risco de crédito está presente em todas as operações de emprés-
timos ou de financiamentos.
Neste caso ele é representado pela incerteza de que o tomador de
crédito irá efetuar a liquidação de seus compromissos, assumidos
através de um contrato.

Pergunta
O que é um contrato?

Contrato é um acordo onde uma parte assume compromissos com outra.

O risco de crédito é um risco-chave e crítico para os bancos, uma


vez que pode gerar impacto negativo em curto prazo nos resultados
operacionais. Portanto, podemos afirmar que é um risco inerente às
operações de crédito.
Sabemos que uma das funções essenciais dos bancos é efetuar
empréstimos e financiamentos, razão pela qual grande parte dos
ativos bancários é formada pelas operações de crédito, consideradas
as diversas modalidades existentes.

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Pergunta
Qual é o risco de um banco não receber o valor de um empréstimo ou
financiamento concedido na data e condições acordadas?

Sem efetuar qualquer análise das variáveis existentes, poderíamos


dizer que o risco seria de 50% para que o tomador não efetuasse o
pagamento e 50% para que a liquidação acontecesse.
A situação seria traduzida nos seguintes termos: um determinado
tomador me solicita um empréstimo e sem qualquer análise concedo
o recurso, mesmo sem melhor conhecê-lo.
O risco de receber é o mesmo de não receber, ou seja, o devedor, da
mesma forma que solicitou o empréstimo e o recebeu, poderá voltar
e efetuar o pagamento. Como, também, poderá não voltar.

Dica
Em função disso, é importante saber que crédito não é somente confiança.

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A concessão de crédito envolve um estudo sério de probabilidades,


onde são levadas em consideração, estudadas, avaliadas e ponde-
radas diversas variáveis do tomador com a finalidade de medir o
risco de não recebermos os recursos emprestados.

Risco de crédito é a possibilidade do não recebimento do total ou de


parte dos recursos a que se tem direito, ou do seu recebimento fora do
prazo e/ ou sem observância das condições pactuadas.

Para que possamos antever os riscos, devemos considerar os aspectos


subjetivos e objetivos na análise de crédito, como segue:

ANÁLISE DE CRÉDITO
Aspectos Subjetivos Aspectos Objetivos
Tradição Análise econômico-financeira:
Idoneidade Adequação do fator risco/retorno
Análise do desempenho e das perspectivas
Histórico de mercado
futuras do setor de atividade

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PESSOA FÍSICA – ANÁLISE DO CRÉDITO


Vamos agora aprofundar os aspectos que devem ser considerados por
ocasião de uma boa análise para a concessão de um empréstimo a
pessoa física.

ANÁLISE DO CRÉDITO – PESSOA FÍSICA


Informações Subjetivas Informações Objetivas
Ramo de atividade que atua como
Renda Mensal/Anual (atividade regular).
empregado e/ou profissional liberal
Profissional liberal: Principais clientes e
tipo de relação (eventual ou contratual
– Se contratual períodos etc.), valor e Outras rendas (eventuais e regulares).
vencimento dos contratos, tempo de
relação com os Clientes.
Estado Civil e número de Dependentes. Aplicações (Classificadas por tipo e valor).
Bens imóveis (com e sem ônus): Localização, Avaliação
Referências Bancárias.
de mercado.
Referências Comerciais. Bens móveis (com e sem ônus): Avaliação de mercado.
Tempo no emprego ou atividade.
Imóvel locado: valor da locação e tempo de residência.
Seguro: Tipo e valor da cobertura.
Outros bens (Declaração de Imposto de Renda).

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Cada uma das variáveis analisadas, a partir do seu


detalhamento, contribui para gerar um indicador Exemplo
(um score, ou uma pontuação). Informação Subjetiva
Vamos considerar a variável: “Ramo de atividade em
que atua”:
Exemplo • Não é possível estabelecer uma escala de pontuação
Informação Objetiva objetiva, atribuir uma nota e peso para essa
variável, no entanto, podemos utilizar informações
Vamos considerar a variável: “Tempo no emprego ou
de análise de mercado e constatarmos qual a
atividade”:
situação atual e as perspectivas para o ramo de
• Podemos estabelecer uma escala numérica em atividade que atua o analisado.
função do tempo que o potencial tomador do crédito
• Caso a situação atual seja boa e as perspectivas
possui no emprego ou atividade.
positivas se mantenham, podemos aumentar os
• Atribuímos para cada nível da escala uma pontos para o calculo do risco do analisado.
pontuação.
• Como tratamos de futuro e como, no nosso exemplo,
• Ao final essa pontuação pode ser ponderada pela a renda do analisado depende da situação atual
importância que poderá ter na composição final do e perspectivas do seu ramo de atividade, talvez
risco. possamos utilizar uma pontuação elevada para
• Assim de forma sucessiva realizamos a mesma ponderação.
operação em relação a cada variável objetiva. • Caso ocorra o inverso, ou seja, o ramo de atividade
Utilizamos essa metodologia também para efetuarmos com situação atual e perspectiva ruim, por
a ponderação das variáveis subjetivas. conservadorismo podemos reduzir a pontuação com
maior intensidade.
E assim, sucessivamente, vamos efetuando a analise
de cada variável e fazendo as ponderações cabíveis.

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Ao final, trabalhando numa escala de pontuações e pesos, chegamos a


uma nota final que representará o risco de crédito, que representará a
probabilidade do tomador pagar ou não o compromisso a ser assumido.
Cabe ao gestor de crédito determinar qual o nível de risco de crédito
que deseja correr, dada à característica de agressividade ou de
conservadorismo da sua Instituição.

Dica
Vale lembrar que as duas extremidades podem determinar a quebra
de uma instituição financeira: agressividade demais e conservadorismo
demais. Cabe sempre o equilíbrio.

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PESSOA JURÍDICA – ANÁLISE DO CRÉDITO

Para uma empresa ou entidade de personalidade jurídica analisamos


as informações:
Do “Balanço Patrimonial” e da “Demonstração de Resultados” O balanço patrimonial é uma
de pelo menos os últimos três exercícios; demonstração contábil que tem
por finalidade apresentar a posição
Do Fluxo de Recursos e do Fluxo de Caixa; e contábil, financeira e econômica de
uma organização em determinada
Da Ficha Cadastral. O objetivo é definir o risco de crédito do data, representando uma posição
tomador, seja pessoa física ou jurídica, seja empresa de pequeno estática (posição ou situação do
ou grande porte. Portanto, o risco de crédito caracteriza-se pela patrimônio em determinada data).
perda da parte ou da totalidade do principal acrescido dos juros A demonstração do resultado do
contratuais. exercício oferece uma síntese
financeira dos resultados
O objetivo é definir o risco de crédito do tomador, seja pessoa física operacionais e não operacionais de
ou jurídica, seja empresa de pequeno ou grande porte. uma organização em certo período.
Portanto, o risco de crédito caracteriza-se pela perda da parte ou da
totalidade do principal acrescido dos juros contratuais.

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Dica
Esse tipo de risco é comum nas instituições financeiras.

Cabe salientar que no mercado financeiro, as operações envolvendo


os títulos públicos federais são consideradas “livres de risco”, uma
vez que é considerada remota a hipótese de ocorrer o não paga-
mento de obrigações por parte do Tesouro Nacional, já que impli-
caria na falência do País.

Títulos Públicos Federais = Livres de Risco!

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GERENCIANDO RISCO DE CRÉDITO

Como estudamos até aqui, a utilização da boa técnica bancária na


concessão do crédito é fundamental para a redução e administração do
risco de crédito.
Algumas medidas preventivas podem ser adotadas, entre as quais
destacamos:
Não concentração dos créditos concedidos em um pequeno número
de tomadores ou setor econômico;
Observância da capacidade de pagamento dos proponentes; e
Vinculação de garantias suficientes.
O gestor da carteira de crédito de uma instituição financeira, por
exemplo, deve adotar critérios que apontem para capacidade de
pagamento do tomador de crédito. Esta análise pode ser feita com
base em dados obtidos:
Internamente: conduzida pelo comitê de crédito da instituição
financeira; e/ou
Externamente: utilizando a classificação de risco de agências
especializadas.

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Outro aspecto a ser considerado pelos gestores de risco está rela-


cionado com a insegurança jurídica em relação aos contratos de
crédito.
Ao colocar em risco o recebimento dos valores pactuados ou
prolongar excessivamente sua cobrança judicial, o referido aspecto
pode provocar a retração na oferta de crédito e aumenta o spread,
eis que pressiona os custos administrativos dos bancos - área jurí-
dica e de avaliação de risco de crédito – e reduz a certeza de rece-
bimento do empréstimo, mesmo numa situação de contratação de
garantias, pressionando o prêmio de risco, ou seja, a taxa adicional
para cobertura de não pagamentos embutida no spread.

Spread: é a diferença entre o custo de captação


dos bancos, representado pela taxa de remuneração
dos investimentos, e a receita obtida pelos bancos,
representada pela taxa de juros cobrada nas operações
de empréstimos.

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A seguir citamos algumas medidas adotadas pelo poder público para


reduzir o risco de inadimplência, bem como os custos associados à
morosidade da cobrança judicial:
MEDIDAS DO PODER PÚBLICO PARA REDUÇÃO DE INADIMPLÊNCIA E CUSTOS
1) Aprovação do crédito consignado em folha de pagamento.
2) Aprovação da nova Lei de Falências e de alterações no Código Tributário Nacional.
3) Criação da Cédula de Crédito Bancário
4) Ampliação da alienação fiduciária em garantia
5) Estímulo ao microcrédito e às cooperativas de crédito;
6) Reforma do Judiciário

RISCO DE CRÉDITO: DICAS


1) Tenha uma carteira de cliente diversificada.
2) Analise a ficha cadastral do cliente com critério e objetividade.
3) Analise a performance temporal do cliente nos últimos anos.
4) Solicite garantias reais.
5) Seja racional e impessoal na análise das informações.
6) Na dúvida não conceda o crédito.

Analise a partir das É fundamental utilizar


informações da Ficha a capacidade financeira
Cadastral para mensurar para avaliação do risco de
o fator de risco. crédito, entre outras

Risco de Crédito
Possibilidade de “Calote” por parte do tomador de empréstimo
ou financiamento.

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TEMA 3 – RISCO DE MERCADO


O risco de mercado está relacionado à oscilação dos preços dos ativos
em seus respectivos mercados de negociação e pode ser dividido em
quatro grandes áreas:

RISCO DE MERCADO

Risco de preço Risco de preço Risco de preço Risco de preço


de commodities de commodities de commodities de commodities

A oscilação nos preços dos ativos pode ser causada por eventos
ligados ao mercado como um todo ou ao segmento econômico no
qual a empresa está inserida.
A teoria financeira considera perda a simples constatação de que
houve uma queda no valor de mercado de determinado ativo, Marcação a Mercado consiste
apurado pelo procedimento de “Marcação a Mercado”. no procedimento de registrar,
contabilmente, o valor do ativo
Daí a necessidade de se desenvolver metodologias de controle e pelo efetivo valor de mercado,
mensuração para o risco de mercado, com o objetivo de reduzi-lo. atualizado diariamente.

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Portanto, sabemos que o risco de mercado depende de vários fatores,


entre eles:
FATORES QUE PODEM INTERFERIR NO RISCO DE MERCADO
Ocorrências impactantes na economia local e internacional.
Decisões de política econômica do governo, que podem afetar a concessão de
créditos.
Decisões de política monetária que podem retirar dinheiro de circulação, resul-
tando em alta da taxa de juros. Também pode ocorrer o contrário: haver uma
grande circulação de moeda, resultando na baixa da taxa de juros.
Alterações na política cambial, com oscilações na taxa de câmbio.
Mudanças no cenário político e econômico mundial, com riscos geopolíticos
específicos de cada país.
Questões legais, regulatórias e tributárias específicas de um país.

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Com tais acontecimentos, a capacidade de


pagamento do devedor pode ser influenciada.
Para adaptarmos a análise de riscos de mercado
à nossa realidade precisamos elencar todas as Dica
variáveis que estão influenciando a situação O risco de mercado é conhecido
do mercado no momento e avaliar quais são os também como risco sistêmico e
riscos dessas variáveis influenciarem positivo ou é resultante de problemas que
negativamente o futuro. uma ou mais instituições passam
Uma análise ponderada e qualificada dará o a enfrentar e que podem afetar
negativamente o seu segmento de
contorno esperado para o mercado, que deverá
atuação, por transmitir dificuldade
influenciar na ponderação do risco global para a outras empresas, impedindo até
efeito de efetivação de futuras operações mesmo sua operacionalidade no
financeiras. mercado em que atua. Havendo
agências reguladoras, poderá A agência
ocorrer intervenção para evitar um reguladora das
RISCO DE MERCADO colapso. instituições
financeiras é o
Possibilidade de variação no preço de ativos capaz
Banco Central
de afetar a capacidade de pagamento do tomador de
do Brasil.
empréstimos ou financiamentos bancários.

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TEMA 4 – RISCO OPERACIONAL

Definição de Risco Operacional


“É o risco de perdas resultantes de processos internos inadequados ou
defeituosos, pessoal, sistema ou como resultado de acompanhamentos
externos.”

É a possibilidade de prejuízo pelo não retorno de um investimento


decorrente de problemas operacionais da instituição financeira.
Veja a explicação na tabela a seguir:
TIPO DE PERDA VALOR DO PREJUÍZO? EXEMPLO
• Tangível; Falha em serviço que propiciou
Perda Econômica • Quantificado contabilmente em uma transferência indevida de
moeda corrente. recursos para terceiros.
• Intangível;
Instabilidade no sistema de
• Quantificado de forma abstrata;
Perda Não Econômica internet banking provocando insa-
• Reflete uma perda de confiança no
tisfação perante a clientela
conceito da instituição financeira.

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Os bancos são obrigados a possuir estrutura de gerenciamento desse


tipo de risco, que embasa sua análise nos seguintes indicadores:

Fraude
• Interna
• Externa

Falha no
Sistema Indicadores
Erro/Falha
• Equipamentos
do Risco Humana
Operacional
• Programas

Irregularidades
• Procedimentos
• Rotinas
• Controle

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Como podemos notar, o risco operacional está presente em toda a


atividade humana e decorre de falhas e irregularidades, intencionais
(dolo ou má-fé) ou não (omissão, negligência e imprudência), de
responsabilidade dos diversos agentes do processo de negócio.
Na condução do trabalho de prevenção do risco operacional devemos
considerar os seguintes aspectos:
CADA INSTITUIÇÃO POSSUI
1. Característica própria e atende a um determinado tipo de mercado.
2. Estrutura administrativa e de tecnologia própria (particular).
3. A sua maneira de efetuar seus controles internos.

Na maioria das vezes o risco legal e o risco de imagem são


consequências de um risco operacional.

Dica
A inclusão indevida de um CPF no SERASA.

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A gestão do risco operacional está diretamente relacionada com a


capacidade em detectar, conhecer, mensurar, controlar e administrar
os riscos existentes na organização.
Para sua maior eficiência, o foco da gestão é dividido em três grandes
grupos, a saber:
I. Risco Organizacional: decorre de uma organização
ineficiente, sem objetivos de curtos e longos prazos, com
fluxo ineficiente de informações internas e externas, criando
ambiente propicio as fraudes e irregularidades.
II. Risco de Equipamentos: refere-se basicamente a problemas
de falhas de equipamentos e sobrecargas de sistemas
(computadores, telefones, bancos de dados etc.) motivados,
principalmente, por obsolescência tecnológica da estrutura
operacional ou insuficiência de máquinas.
III. Risco Pessoal: está intimamente ligado às decisões erradas
tomadas pelas pessoas no processo do crédito, geradas pela
falta de segregação de atividades, sobrecarga de trabalho e
conflitos de interesse.

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A título de ilustração, vamos observar a seguir o risco operacional


envolvendo uma empresa do ramo petrolífero e um estabelecimento
bancário:

Caso I Caso II
Empresa de Petróleo Banco
Vazamento de petróleo da British Petroleum (BP), Foi noticiado que um Banco grande teve um problema
com a explosão de uma plataforma marítima no operacional e seus sistemas apontaram em todas as
Golfo do México matando 13 operários e derramando contas correntes saldos negativos. O erro foi corri-
cerca de 5 bilhões de barris de petróleo no mar. gido rapidamente, mas imaginem ter 15 milhões de
clientes com saldos desencontrados.

Dica
O risco operacional de uma empresa que explora Dica
petróleo é incalculável. Qualquer erro além do O risco operacional em um Banco é assunto muito
prejuízo financeiro acarreta o prejuízo da imagem, sério que está ligado à própria sobrevivência da
por passar a ser rotulada como uma empresa que instituição.
causou danos ao meio ambiente.
O risco de um hacker (especialista em computação
que comete crimes entrando ilegalmente no sistema
e banco de dados alheios) entrar na base de clientes
de um Banco e transferir recursos causará um
prejuízo financeiro muito grande.

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Reflexão
Então, como podemos avaliar e quantificar o risco operacional?

Dica
Abaixo elencamos algumas orientações para sua melhor compreensão:
1. Após conhecer a atividade e identificar seus riscos, elenque as variáveis
que podem causar a elevação dos riscos operacionais.
2. Observe como as variáveis elencadas são tratadas nas diversas áreas da
organização.
3. Dada as informações a respeito do tratamento dado pelos gestores da
organização a cada variável, a fim de minimizar os seus riscos, avalie
qual o risco operacional.

Caso o risco operacional seja avaliado como relevante terá um peso


maior na composição do risco global para efeito da efetivação, ou
não, de futuras operações de crédito.

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TEMA 5 – RISCO DE IMAGEM (REPUTAÇÃO)


Uma instituição financeira está sujeita ao risco de
reputação (Imagem), nas seguintes situações:
Quando há veiculação de informações que
afetam negativamente sua imagem, colocando
em risco sua idoneidade em relação ao mercado,
afetando todos os tipos de transações (comer-
ciais e financeiras).
Publicidade negativa em relação às atividades
desenvolvidas, gerando o afastamento da clien-
tela com a consequente redução de receitas.

Exemplo
A reclamação de um cliente por mau atendimento
pode colocar em risco a credibilidade do banco
perante a opinião pública.

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Além disso, podemos citar o prejuízo que os boatos sobre a má saúde


financeira causam a reputação de um banco. Exemplo
Boatos sobre a saúde financeira de
Este tipo de risco está ligado a eventuais perdas geradas por uma
uma instituição, desencadeando
situação de desgaste da imagem da instituição junto ao mercado ou uma corrida para saques dos
perante as autoridades, em razão de veiculação de informações ou valores depositados.
boatos na mídia.
Podemos observar que um dos fatores que mais contribui para esta
categoria de risco está diretamente ligado à qualidade do atendi-
mento e à postura ética dos funcionários da instituição.
Exemplo
Convenhamos, tais circunstâncias são particularmente danosas para Envolvimento da instituição em
as instituições financeiras, já que a natureza de seus negócios requer processos de lavagem de dinheiro.
a manutenção da confiança de depositantes, credores, concorrentes,
órgãos governamentais e do mercado em geral.
A reputação pode restar afetada também pela existência de falhas
operacionais e de deficiências no cumprimento de leis e de regula-
mentos relevantes.

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TEMA 6 - RISCO LEGAL


Os aspectos legais estão sempre presentes nas
atividades de uma instituição financeira, sobre-
tudo em razão da forte regulação exercida sobre
este setor da economia.
Os clientes e usuários dos serviços de um banco
podem apresentar questionamentos, por meio da
justiça, acerca das bases das transações efetu-
adas, contrariando muitas vezes as expectativas
das instituições no tocante ao retorno tranquilo
dos empréstimos e financiamentos.

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Este tipo de Risco é muito comum, pois a grande


maioria das pessoas jurídicas no Brasil não tem Exemplo
uma contabilidade baseada na legislação vigente. A concessão de empréstimos a clientes sem a completa
observância dos instrumentos legais que regem a
Por definição, o risco legal refere-se à possibili- operação, tais como, documentação incompleta,
dade de perdas decorrentes da inobservância de ausência de assinaturas ou assinaturas colhidas de
dispositivos legais ou regulamentares, da mudança pessoas que não sejam os legítimos representantes da
empresa.
de legislação ou das alterações na jurisprudência
aplicáveis às transações efetuadas pelos bancos.

Dica
As perdas decorrentes das sanções aplicadas por
órgãos reguladores e pagamento de indenizações por
danos a terceiros, por violação da legislação vigente
são igualmente classificadas como risco legal.

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TEMA 7 - RISCO DE LIQUIDEZ


$
O risco de liquidez reflete uma dificuldade parti-
cular do cliente, em dado momento, para liquidar
seus compromissos, ou seja, há falta de caixa. $
Ao analista de crédito é difícil visualizar tal $
situação, razão pela qual ele deve empreender
esforços com vistas a obter as informações neces-
sárias para subsidiar a tomada de decisão na
concessão de crédito.

O RISCO DE LIQUIDEZ PODE ESTAR ASSOCIADO A...


Decorrente de fatores de ordem política ou econômica
Falta de liquidez no mercado em geral
que reduzam o volume de dinheiro em circulação.
É o caso dos imóveis ou das ações de “segunda linha”,
Dificuldade de negociação de ativos
assim denominadas por serem menos negociadas.

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TEMA 8 - RELAÇÃO RISCO RETORNO


Dica
O retorno está diretamente associado ao risco. A racionalidade do • “Quanto maior o retorno maior o
mercado financeiro irá buscar um maior retorno possível a um nível risco”.
menor de risco possível: • Os tipos de risco devem ser
analisados com as informações
constantes na Ficha Cadastral,
AVALIAÇÃO DO RISCO DE CRÉDITO que servirão para mensurar o
fator de risco.
Trata-se de uma metodologia que visa quantificar o risco de crédito.
• Dentre as variáveis mais
Consiste no levantamento das informações relativas a toda carteira utilizadas devemos considerar
a capacidade financeira como a
de clientes da instituição, agrupando-as por tipo de cliente (pessoas
essencial.
físicas separadas das pessoas jurídicas), volume de crédito,
montante, e características específicas.
A seguir, você estudará os dados e as características de cada grupo,
elencando as prováveis causas de inadimplências.
Neste momento são aplicados os conceitos estatísticos para a deter-
minação do fator de risco desejado e chegamos à etapa de evitar os
riscos.

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Dica
PROCEDIMENTOS ÚTEIS
1. Tenha uma carteira de cliente diversificada.
2. Analise a ficha cadastral do cliente com critério e objetividade.
3. Analise o comportamento e o histórico de pagamento do cliente
nos últimos anos.
4. Agregue garantias reais.
5. Seja racional e impessoal ao analisar as informações e os dados
disponíveis.
6. Na dúvida, não conceda o crédito.

Deixar de analisar as possibilidades da existência do risco é a mesma


coisa que “dar de presente o crédito” e depois ficar reclamando da
infelicidade. Conhecer os riscos e evitálos é a forma mais racional e
objetiva na concessão do crédito e vale em qualquer situação profis-
sional e pessoal.
Por isso é importante:
Aplicar as ferramentas corretas para alcançar os objetivos
fixados.
Utilizar instrumentos e modelos de mensuração que possibilitem
conhecer e delimitar os riscos envolvidos.

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TEMA 9 - PREVENÇÃO DE RISCOS NA CONTRATAÇÃO DE OPERAÇÕES


(Resoluções CMN 3694/2009 e 4283/2013)
Para prevenir riscos na contratação de operações Os contratos, recibos, comprovantes e extratos
e na prestação de serviços uma das exigências é devem ser fornecidos tempestivamente, contendo
que os produtos e serviços ofertados (ou recomen- redação clara, objetiva e adequada à natureza e
dados) estejam adequados às reais necessidades, complexidade de modo a permitir o entendimento
interesses e objetivos dos clientes. do conteúdo e a identificação de prazos, valores,
encargos, multas, datas, locais e demais condições.
As instituições financeiras devem zelar pela inte-
gridade, confiabilidade, segurança e sigilo das
transações realizadas, bem como pela legitimi-
dade de suas operações e serviços.
Atenção
Deve estar clara ao cliente a possibilidade
O foco principal desta norma está na qualidade das de tempestivo cancelamento dos contratos!
informações que devem ser prestadas aos clientes
para possibilitar-lhes uma tomada de decisão segura
em um ambiente onde todos os direitos e deveres
sejam devidamente explicitados e conhecidos.

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O encaminhamento de instrumento de pagamento ao domicílio do


cliente e sua habilitação para uso somente pode acontecer em decor-
rência de expressa solicitação ou autorização do próprio cliente.
Os demonstrativos e faturas devem permitir que os usuários finais
de pagamento ou transferência sejam identificados por quem efetua
determinado pagamento.

Dica Atenção
As instituições financeiras devem divulgar, em suas dependências e nas É vedado recusar ou dificultar o
dependências dos estabelecimentos, onde seus produtos são ofertados acesso aos canais de atendimento
(em local visível e em formato legível), informações relativas a situações convencionais, inclusive guichês
que impliquem recusa: de caixa, mesmo na hipótese de
oferecer atendimento alternativo
• À realização de pagamentos, ou
ou eletrônico.
• À recepção de cheques, documentos, inclusive de cobrança.

A opção pela prestação de serviços por meios alternativos aos


convencionais é admitida, desde que adotadas as medidas neces-
sárias para preservar a integridade, a confiabilidade, a segurança
e o sigilo das transações realizadas, assim como a legitimidade dos
serviços prestados, em face dos direitos dos clientes e dos usuários,
cabendo às instituições financeiras a responsabilidade de dar ciência
dos riscos existentes.

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Lição 2 - Prevenção e combate


a lavagem de dinheiro

TEMA 1 – Afinal, o que vem a ser lavagem de dinheiro?


A lavagem de dinheiro constitui um conjunto de operações comer-
ciais ou financeiras que buscam a incorporação na economia de cada
país dos recursos, bens e serviços que se originam ou estão ligados
a atos ilícitos.

“Lavar dinheiro”
Fazer com que produtos de crime pareçam
ter sido adquiridos legalmente.

A dissimulação é a base do processo de lavagem de dinheiro.

$
Para o sucesso de seu crime, o criminoso oculta suas intenções
e dificulta ao máximo o rastreamento de suas operações. Assim,
o dinheiro se afasta de sua origem ilegal e retorna ao criminoso
aparentemente limpo.

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No Brasil foi aprovada a Lei 9.613/1998 que tipifica o crime de


lavagem de dinheiro. Também institui medidas que conferem maior
responsabilidade a intermediários econômicos e financeiros e cria,
no âmbito do Ministério da Fazenda, o Conselho de Controle de Ativi-
dades Financeiras (COAF).
Recentemente foi editada a lei 12.683/2012, que promove algumas
alterações na Lei 9.613/98 para tornar mais eficiente a persecução
penal dos crimes de lavagem de dinheiro. Essa nova Lei visa ampliar
o combate à lavagem de dinheiro.
Entre as novas medidas podemos citar a supressão do rol exaustivo
de crimes antecedentes para a caracterização do delito de lavagem
de capitais, bem como a ampliação de agentes privados na colabo-
ração às autoridades estatais na prevenção e repressão deste delito.
A nova Lei visa tornar mais eficiente o combate à lavagem de dinheiro
com vista a desarticular o crime organizado, na medida em que o
capital que financia as atividades destes grupos criminosos é reco-
nhecido como oriundo desta espécie de delito.

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O crime de lavagem de dinheiro é objeto de preocupação da comu-


nidade internacional, tanto que existem inúmeros grupos de espe-
cialistas e de autoridades públicas desenvolvendo instrumentos de
prevenção e repressão à prática do crime em tela.
A nova Lei de Lavagem de Dinheiro discorre sobre as formas de ocul-
tação e dissimulação, o uso de meios para ocultação ou dissimu-
lação, o uso de bens, direitos e valores sujos na atividade econômica
ou financeira e a participação dos criminosos em entidade dirigida à
lavagem de dinheiro.

Dica

OCULTAÇÃO DISSIMULAÇÃO
Encobrimento de bens, Consiste no movimento de distancia-
valores e direitos, por mento do bem da sua origem criminosa,
qualquer meio, com a dificultando-se o seu rastreamento. A
finalidade de conver- seu turno, é posterior à ocultação e
tê-los futuramente em pertence à segunda etapa do ciclo da
ativos lícitos. lavagem de dinheiro.

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Antes da Lei n.º 12.683/2012, a legislação brasileira de combate à


lavagem de dinheiro apresentava uma lista fechada de crimes ante-
cedentes passíveis de lavagem. Com a nova lei, houve a supressão
do rol taxativo de crimes antecedentes, admitindo-se, para fins de
lavagem de capitais, qualquer infração penal.
A ampliação do rol de crimes antecedentes visa suprir a lacuna de
punibilidade da lei anterior, que não admitia, por exemplo, que os
produtos de crimes contra a ordem tributária e da contravenção
penal do “jogo do bicho” pudessem ser objeto de lavagem. A referida
alteração legal possibilitou, ainda, abranger toda a cadeia criminosa
de lavagem de dinheiro.
Agora, todo e qualquer processo penal que tenha como objeto
crime de cunho patrimonial abrange a discussão sobre a destinação
dos bens, valores e direitos de origem criminosa e a sua possível
lavagem, tal como o valor arrecadado em rifas não autorizadas pelo
Poder Público.
A alienação antecipada de bens, direitos e valores objeto de apre-
ensão ou de medida assecuratória decretada pelo juiz constitui a
principal inovação da Lei 12.683.

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No Brasil
• Aprimoramento dos sistemas e métodos para desestabilizar a ação
dos criminosos, pois tipifica o crime de lavagem de dinheiro.
• Instituição de medidas que conferem maior responsabilidade a
intermediários econômicos e financeiros. Atenção
• Criação do Conselho de Atividades Financeiras – COAF, no âmbito Deverá ser comunicada ao COAF
do Ministério da Fazenda. pelas instituições financeiras,
abstendo-se de dar ciência
Lei 9.613/98 Lei 12.683/12 de tal ato a qualquer pessoa,
inclusive àquela à qual se refira a
informação, no prazo de 24 (vinte
e quatro) horas, a proposta ou
Lavar recursos é
Prevenção fazer com que produtos de realização de operações suspeitas
crime pareçam ter sido adquiridos ou com indícios de crime de
legalmente. lavagem de dinheiro!

Lavagem de Dinheiro

Conjunto de operações comerciais ou financeiras que buscam a


incorporação na economia de cada país dos recursos, bens e serviços que
se originam ou estão ligados a atos ilícitos.

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TEMA 2 – Paraísos fiscais e crime


PARAÍSOS FISCAIS

Os paraísos fiscais são países comumente utilizados pelos criminosos


com a finalidade de ocultar e impedir o rastreamento do dinheiro
obtido de forma escusa, dado que, pela natureza desses países,
existe o escudo do sigilo bancário e profissional absoluto.
É importante ressaltar que os chamados paraísos fiscais não podem
ser associados exclusivamente a ações criminosas, existindo vários
usos legítimos para sua utilização como, por exemplo, a proteção de
patrimônios.

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O CRIME

A Lei nº. 9.613, dispõe sobre os crimes de lavagem de dinheiro ou


ocultação de bens, direitos e valores mobiliários e cria o COAF, órgão Dica
disciplinar responsável pela prevenção e combate da prática de O crime de lavagem de dinheiro
“lavagem de dinheiro”. decorre da tentativa de ocultar
recursos provenientes dos crimes
A principal tarefa do COAF é promover um esforço conjunto de toda considerados “antecedentes”.
a máquina governamental que cuida da implementação de políticas
nacionais voltadas para o combate à lavagem de dinheiro, evitando
que setores da economia continuem sendo utilizados nessas opera-
ções ilícitas.
A mencionada lei tipifica o crime de lavagem como aquele em que
se oculta ou dissimula a natureza, origem, localização, disposição,
movimentação ou propriedade de bens, direitos e valores prove-
nientes, direta ou indiretamente, dos crimes antecedentes tráfico
ilícito de substâncias entorpecentes ou drogas afins; terrorismo;
contrabando; extorsão mediante sequestro.

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Penalidades

Esse envolvimento pode se caracterizar por situações nas quais um Atenção


agente: Está exposto à mesma penalidade
quem:
Converte bens obtidos de forma ilícita em ativos lícitos;
• Utiliza na atividade econômica
Adquire, recebe, troca, negocia, guarda, movimenta ou ou financeira bens, direitos
transfere bens ilícitos; ou valores que sabe serem
provenientes de qualquer dos
Importa ou exporta bens com valores não correspondentes crimes antecedentes;
aos verdadeiros. • Participa de grupo, associação ou
escritório tendo conhecimento
O Consultor Financeiro também pode ser penalizado e o crime é de que sua atividade principal ou
tipificado como “não afiançável” (o indiciado não pode ser libertado secundária é dirigida à prática de
mediante pagamento de fiança). crimes previstos na Lei!

A pena prevista de reclusão pode variar de três a dez anos, além


de multa, aplicável aos criminosos e a quem ocultar ou dissimular a
utilização de bens, direitos ou valores provenientes de qualquer dos
crimes antecedentes.
Os mecanismos mais utilizados no processo de lavagem de dinheiro
envolvem teoricamente três etapas independentes: Colocação,
Ocultação e Integração. Estas etapas ocorrem simultaneamente,
com frequência. É o que estudaremos a seguir.

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TEMA 3 - MECANISMOS NO PROCESSO DE LAVAGEM DO DINHEIRO

COLOCAÇÃO – 1ª Etapa
O criminoso procura movimentar o dinheiro em
países com regras mais permissivas e naqueles que
possuem um sistema financeiro liberal (“paraísos
fiscais”).
A colocação se efetua por meio de depósitos,
compra de instrumentos negociáveis ou compra de
bens. OCULTAÇÃO – 2ª Etapa
Para dificultar a identificação da procedência do Consiste em dificultar o rastreamento contábil dos recursos
dinheiro o criminoso: ilícitos.
• Fraciona os valores. O objetivo é quebrar a cadeia de evidências ante a possibilidade
• Utiliza estabelecimentos comerciais que da realização de investigações sobre a origem do dinheiro.
usualmente trabalham com dinheiro em
espécie. O criminoso busca movimentar os recursos eletronicamente,
transferindo os ativos para contas anônimas – preferencialmente
em países amparados por lei de sigilo bancário – ou realizando
INTEGRAÇÃO - 3ª. Etapa depósitos em contas “fantasmas”.

Nesta última etapa, os ativos são incorporados


formalmente ao sistema econômico.
As organizações criminosas procuram investir em
empreendimentos que facilitem suas atividades –
podendo tais sociedades prestar serviços entre si.
Uma vez formada a cadeia, torna-se cada vez mais
fácil legitimar o dinheiro ilegal.

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TEMA 4 – OS AGENTES ENVOLVIDOS E AS


INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS
AGENTES ECONÔMICOS SUJEITOS À LEI
Estão sujeitas às obrigações legais as pessoas jurídicas que tenham
em caráter permanente ou eventual como atividade principal ou
acessória, cumulativamente ou não:
A captação, intermediação e aplicação de recursos financeiros de
terceiros, em moeda nacional ou estrangeira;
A compra e venda de moeda estrangeira ou ouro como ativo
financeiro ou instrumento cambial; e
A custódia, emissão, distribuição, liquidação, negociação inter-
mediação ou administração de títulos ou valores mobiliários.

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IDENTIFICAÇÃO E MANUTENÇÃO DE REGISTROS DOS CLIENTES

Após 1998, as normas relativas à abertura, manutenção e movimen-


tação de contas de depósitos das pessoas físicas e jurídicas nas insti-
tuições financeiras passaram a incorporar as determinações da Lei
9.613/98 com a aplicação do princípio “Conheça seu Cliente”.

Conheça seu Cliente


Conhecer o cliente significa conhecer suas atividades e negócios; o mercado onde atua;
as perspectivas desse mercado; e, se possível, quem são seus clientes e fornecedores.

Assim foi ampliada a quantidade de informações que as pessoas


físicas e jurídicas devem prestar quando da abertura de contas
de depósito, além de determinar que as instituições financeiras e
demais pessoas jurídicas mantenham a documentação apresentada
em seus arquivos.
O princípio “Conheça seu Cliente” deve ser aplicado quando da
análise da capacidade financeira do cliente. E neste caso, se as infor-
mações em poder da instituição não forem suficientes para justificar
a movimentação financeira do cliente deve ser feita a comunicação
de indício de lavagem de dinheiro.

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Lavagem de Dinheiro

OPERAÇÕES SUSPEITAS DE INDÍCIO DE CRIME


1. Movimentações ou pagamentos em dinheiro vivo de quantias que ultrapassem a R$ 10 mil ou o
equivalente em moeda estrangeira.
2. Aumento substancial no volume de depósitos bancários, sem causa aparente, ou movimentação de
recursos incompatível com a capacidade financeira.
3. Quantidades expressivas de pequenos depósitos que, somados, resultem em grandes valores.
4. Numerosas contas correntes.
5. Utilização sistemática de cofres de aluguel.
6. Solicitação frequente de elevação do limite de crédito.
7. Aquisição de ações sem patrimônio compatível.
8. Compra ou venda de ativos por preço significativamente superior ao do mercado.
9. Operação realizada por pessoa física ou jurídica domiciliada em paraíso fiscal.
10. Pagamento de imóvel com cheque de agências bancárias fronteiriças ou localizadas no exterior.

Os Correspondentes no País devem ficar atentos aos preceitos desta


regulamentação, pois poderão, na sua atividade, tomar contato
com pessoas suspeitas ou mesmo transações consideradas ilegais.
Imediatamente, tomando o devido o cuidado de não relatar nada aos
envolvidos, nem a terceiros, deve comunicar aos responsáveis pelo

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seu relacionamento com a Instituição que representa para cumprir o


seu papel dentro das normas. A Instituição avaliará as informações à
luz da norma e tomará as medidas cabíveis.

INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS
O BACEN disciplinou a atuação das instituições financeiras com
relação à prevenção e combate à lavagem de dinheiro por meio da
Circular 3.461/2009.
As instituições financeiras, por intermediarem recursos de toda
ordem, devem tomar todas as precauções para evitar a ocorrência
de tais ilícitos, como segue:

A POLÍTICA DE PREVENÇÃO DEVE:


• Especificar, em documento interno, as responsabilidades dos integrantes de cada
nível hierárquico da instituição;
• Contemplar a coleta e registro de informações tempestivas sobre clientes, que
permitam a identificação dos riscos de ocorrência da prática dos mencionados crimes;
• Definir os critérios e procedimentos para seleção, treinamento e acompanhamento
da situação econômico-financeira dos empregados da instituição;
• Incluir a análise prévia de novos produtos e serviços, sob a ótica da prevenção; e
• Ser aprovadas pelo conselho de administração e receber ampla divulgação interna

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A política de prevenção deve:


Especificar, em documento interno, as responsabilidades dos
integrantes de cada nível hierárquico da instituição;
Contemplar a coleta e registro de informações tempestivas sobre
clientes, que permitam a identificação dos riscos de ocorrência
da prática dos mencionados crimes;
Definir os critérios e procedimentos para seleção, treinamento e
acompanhamento da situação econômico-financeira dos empre-
gados da instituição;
Incluir a análise prévia de novos produtos e serviços, sob a ótica
da prevenção; e
Ser aprovadas pelo conselho de administração e receber ampla
divulgação interna

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CURSO PREPARATÓRIO CORRESPONDENTE NO PAÍS — MÓDULO II — MERCADO FINANCEIRO

Além disso, devem confirmar as informações As instituições devem realizar testes de verifi-
cadastrais dos clientes e identificar os benefici- cação, com periodicidade máxima de um ano, que
ários finais das operações. Com especial atenção assegurem a adequação dos dados cadastrais de
para: seus clientes.
Informações cadastrais; No caso de movimentação de recursos pelos
clientes, os registros devem conter informações
Informações pessoais regulares;
sobre:
Valores e origem da renda mensal e patrimônio
A compatibilidade entre movimentação de
da pessoa física;
recursos e atividade econômica e capacidade
Faturamento médio mensal 12 meses da pessoa financeira do cliente;
jurídica;
A origem dos recursos movimentados;
Declaração firmada sobre os propósitos e a
Os beneficiários finais das movimentações; e
natureza da relação de negócio com a insti-
tuição; A identificação de operações superiores a R$
10.000,00.
Informações relativas às pessoas naturais auto-
rizadas a representar a pessoa jurídica.

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Lição 3 - Compliance e Detecção


e Prevenção à Fraude

TEMA 1- COMPLIANCE
1.1 Definição
Compliance significa agir de acordo com uma
regra, com um pedido ou com um comando, é uma
expressão que se volta para as ferramentas de 1 CANDELORO, Ana Paula P.; RIZZO, Maria Balbina Martins
de; PINHO, Vinícius. Compliance 360º: riscos, estratégias,
concretização da missão, da visão e dos valores de conflitos e vaidades no mundo corporativo. São Paulo:

uma empresa 1. Trevisan Editora Universitária, 2012.

Compliance não é o mero cumprimento de regras


formais e informais, sendo o seu alcance bem
mais amplo, ou seja, “é um conjunto de regras,
padrões, procedimentos éticos e legais, que, uma
vez definido e implantado, será a linha mestra
que orientará o comportamento da instituição no 2 Brasil, Lei 12.846/2013 - Artigo 7°, Inciso VIII. Recuperado
em 04 de outubro 2016, de http://www.planalto.gov.br/
mercado em que atua, bem como a atitude dos ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12846.htm

seus empregados” 2.

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No âmbito corporativo, uma Organização “em Compliance” é aquela


que, por cumprir e observar rigorosamente a legislação à qual se
submete e aplicar princípios éticos nas suas tomadas de decisões,
preserva ilesa sua integridade, assim como de seus colaboradores e
da Alta Administração.
Integridade é a capacidade da Organização de agir em consonância
com sua visão, missão e valores. Uma Organização íntegra é aquela
que consegue manter, em cada decisão, atividade ou ação, coerência
e conformidade com os seus princípios e valores. Por essa natureza de
ação e abrangência, o Compliance é comumente visto como uma ferra-
menta de combate à Corrupção e Fraude nas organizações.

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1.2 Marco Legal


No Brasil, desde o ano de 2002 foram adotadas medidas contra a
corrupção, materializadas no Código Penal de artigos que tratam da
corrupção praticada por particular contra a Administração Pública
Estrangeira e alteração da Lei 9.613/98 (antilavagem de dinheiro,
hoje revogada pela 12.683/12).
Em 1º de agosto de 2013, foi promulgada a Lei 12.846/2013, conhe-
cida como Lei Anticorrupção, que estabeleceu que empresas, funda-
ções e associações passarão a responder civil e administrativa-
mente por atos lesivos praticados em seu interesse ou benefício que
causarem prejuízos ao patrimônio público ou infringirem princípios
da administração pública ou compromissos internacionais assumidos
pelo Brasil. Na referida Lei é atribuído reconhecimento formal à
importância da existência de mecanismos e procedimentos internos 3 ______, Decreto Lei 8.420/2015 - Artigo 41. Recuperado
em 16 de setembro 2016, de http://www.planalto.gov.br/
de integridade, auditoria e incentivo à denúncia de irregularidades ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Decreto/D8420.htm

e da aplicação efetiva de códigos de ética nas instituições. 3


A lei 12.846/2013 representa assim o reconhecimento formal dos
programas de Compliance pela legislação anticorrupção brasileira. No
artigo 7º, inciso VIII da lei constou como elementos que serão levados
em consideração na aplicação das sanções às empresas “a existência
de mecanismos e procedimentos internos de integridade, auditoria

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e incentivo à denúncia de irregularidades e a aplicação efetiva de


códigos de ética e de conduta no âmbito da pessoa jurídica”.
Em 18 de março de 2015, foi publicado o Decreto Lei 8.420/2015 que
regulamentou a Lei 12.846/2013 (Lei Anticorrupção). No decreto,
foi definido que “Programa de Integridade consiste, no âmbito de
uma pessoa jurídica, no conjunto de mecanismos e procedimentos
internos de integridade, auditoria e incentivo à denúncia de irregu-
laridade e na aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta,
políticas e diretrizes com objetivo de detectar e sanar desvios,
fraudes, irregularidades e atos ilícitos praticados contra a adminis- 4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-
2018/2016/Lei/L13303.htm
tração pública, nacional ou estrangeira” 4.
Mais recentemente, em 30 de junho de 2016, foi publicada a Lei
5 _____, Lei 13.303/2016 - Artigo 9°. Recuperado em
13.303/2016 5, conhecida como “lei das estatais”, que dispõe sobre 16 de setembro 2016, de http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13303.htm.
o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia
mista e de suas subsidiárias, no âmbito da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios.
A lei determinou que as empresas públicas devem adotar regras de
estrutura e práticas de gestão de riscos e controles internos que
contemplem mecanismos de integridade, tais como: prevenção de
conflito de interesses; vedação de atos de corrupção e fraude; e
canais adequados para o recebimento de denúncias internas e 6 Referencial de combate à fraude e corrupção: aplicável
a órgãos e entidades da Administração Pública. TCU, 2017
externas, dentre outros 6.
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1.3 Objetivo
O Compliance tem como função primordial assegurar que os
processos de cada área de uma Organização sejam aderentes à legis-
lação aplicável ao seu negócio, assim como às melhores práticas de
gestão organizacional, de modo a prevenir e mitigar riscos.
Dessa forma, a existência de Compliance em uma empresa, como
os Correios, tem como objetivo principal a proteção da reputação
corporativa da empresa mediante a implementação de medidas e
procedimentos preventivos frente aos riscos de fraude e corrupção
ou riscos que possam causar dano à imagem da empresa.
Assim, o cumprimento dos objetivos de Compliance estará alicer-
çado em um conjunto de medidas para prevenir, detectar e remediar
a ocorrência de atos de corrupção e fraude. Essas medidas deverão
ser pensadas e implementadas de forma sistêmica, com aprovação e
comprometimento da alta administração, e sob coordenação de uma
área específica.
Essas medidas constituem-se nos elementos fundamentais de um
programa de compliance que visam: desenvolver e disseminar os
valores contidos no Código de Ética e no Regulamento Disciplinar
Pessoal por toda empresa; desenvolver os profissionais na capaci-

56
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dade de lidar com dilemas éticos e disciplinares; criar canais de


denúncia para identificação, apuração e mitigação de condutas não
éticas e ilegais; e possibilitar a discussão de dilemas éticos por meio
de intensa comunicação e treinamento.

1.4 Informações e Comunicação


Uma empresa íntegra é aquela que incentiva e promove boas
práticas corporativas internamente e externaliza estas práticas a
seus parceiros - clientes, fornecedores, etc., disseminando seus
valores e formando uma rede que adota uma conduta responsável e
atua para construção de uma sociedade comprometida com valores
éticos.
Uma empresa íntegra deve comprometer-se a divulgar sua legislação
anticorrupção (Código de Ética e Regulamento Disciplinar de Pessoal)
para seus funcionários, colaboradores e demais partes interessadas,
a fim de que sejam cumpridas integralmente. Além disso, deve vedar
e rejeitar qualquer forma de suborno, fraude, corrupção, situações
de conflito de interesse e nepotismo.

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É importante que seja divulgado, com alcance a todos seus empre-


gados e demais partes relacionadas, os seguintes instrumentos:
1) Código de Ética
Exemplos:
Código de Ética dos Correios – disponível no endereço: https://
correios.com.br/sobre-correios/a-empresa/quem-somos/codi-
go-de-etica,
Código de Ética Banco do Brasil - disponível no endereço: http://
www.bb.com.br/docs/pub/inst/dwn/Codigodeetica.pdf,
Código de Ética do Banco Central – disponível do endereço:
https://www.bcb.gov.br/pre/codigoconduta/codigo_conduta_
servidores_bcb.pdf
2) Canais de Denúncias
Para denunciar quaisquer situações que possam ser caracterizadas
como violação da conduta ética e disciplinar ou que possam ser carac-
terizadas como atos de corrupção, fraude e lavagem de dinheiro.
Exemplos:
Canal de denúncias dos Correios - disponível na internet no
seguinte endereço: http://www2.correios.com.br/sistemas/
falecomoscorreios/ e por telefone 0800 725 0100;
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Canal de denúncias do Banco do Brasil – disponível na internet no


endereço: https://www42.bb.com.br/portalbb/canalDenuncia/
form1,803,17,503233,1.bbx

2. FRAUDE, DETECÇÃO E PREVENÇÃO


2.1 Definição
Fraude é um “ato intencional praticado por um ou mais indiví-
duos entre gestores, responsáveis pela governança, empregados ou
terceiros, envolvendo o uso de falsidade para obter uma vantagem
injusta ou ilegal” 7.
Outra definição internacional, vem da Managingthe Business Risk of
Fraud: Practical Guide: fraude é qualquer ato ou omissão intencional 7 Referencial de combate à fraude e corrupção: aplicável
a órgãos e entidades da Administração Pública. TCU, 2017.
concebido para enganar os outros, resultando na vítima sofrendo
perdas e/ou o autor obtendo um ganho.
Nas Normas Brasileiras de Contabilidade, o termo fraude refere-se
a ato intencional de omissão ou manipulação de transações, adulte-
ração de documentos, registros e demonstrações contábeis. A fraude
pode ser caracterizada por manipulação, falsificação ou alteração de
registros ou documentos, de modo a modificar os registros de ativos,
passivos e resultados; apropriação indébita de ativos; supressão ou

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CURSO PREPARATÓRIO CORRESPONDENTE NO PAÍS — MÓDULO II — MERCADO FINANCEIRO

omissão de transações nos registros contábeis; registro de transa-


ções sem comprovação; e aplicação de práticas contábeis indevidas.
A intenção é um elemento importante para diferenciar a fraude do
erro. O erro, ainda que possua potencial de grande prejuízo, pode
não se configurar como uma situação de fraude. A fraude também
pode ocorrer pela omissão. Quanto ao benefício, em geral, implica
em ganhos para o agente ou para terceiros, mas não necessaria-
mente o benefício existirá. A fraude pode ocorrer pela lesão inten-
cional, ainda que o agente não se beneficie dela. Ou até sem lesão,
desde que o agente esteja se beneficiando. Existindo ganho, este
pode ser direto, o mais comum, ou indireto, por recebimento de
vantagem ainda que sem valoração financeira. 7 7 Referencial de combate à fraude e corrupção: aplicável
a órgãos e entidades da Administração Pública. TCU, 2017.

Exemplos de fraude:
a) Consignar informações inverídicas em documentos ou sistemas
da Empresa;
b) Fraudar o registro de frequência próprio ou de outrem;
c) Apropriar-se de valores recebidos indevidamente;
d) Deixar de contabilizar receitas;

2.2 Corrupção x Fraude


Os conceitos de “fraude” e “corrupção” são mencionados exaus-
tivamente na literatura e no contexto político/econômico atuais.
60
CURSO PREPARATÓRIO CORRESPONDENTE NO PAÍS — MÓDULO II — MERCADO FINANCEIRO

No entanto, não existe um consenso internacional sobre a definição


desses termos. A própria Convenção das Nações Unidas contra a
8 Fraudes:Conhecê-las, Estudá-las e Preveni-las. Rosimari
Corrupção (UN, 2004) 8 não apresenta uma definição para o termo Humberta de Oliveira Castro, Jonas Comin de Campos

“corrupção”. O resultado é que cada país ou entidade internacional –http://www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2009/anais/


arquivos/0025_0467_01.pdf
define-os conforme o seu contexto jurídico. Mas para uniformização
do entendimento, adotaremos os conceitos de fraude apresentados
no item 2.1.
No que tange ao conceito de corrução na legislação penal brasi-
leira, em sentido estrito, a corrupção se apresenta de duas formas:
corrupção ativa e corrupção passiva, que respectivamente e suscin-
tamente significam oferecer ou solicitar alguma vantagem indevida.
Para Transparência Internacional: “corrupção é o abuso do poder
confiado para ganhos privados”. Abuso de poder envolve a prática
de atos ilícitos ou ilegítimos de forma deliberada ou intencional e
se caracteriza pela quebra de confiança por parte do empregado
dos Correios que comete o ato. Pode envolver empregados, agentes
públicos ou privados, terceiros e clientes. O ganho privado, ainda
que seja, geralmente, de ordem econômica, pode ser de qualquer
natureza, inclusive a fuga a uma obrigação; pode ser repassada
direta ou indiretamente ao beneficiário; e pode ser destinada ao
agente que comete o abuso de poder ou a um terceiro.

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Exemplos de atos de corrupção:


a) Praticar ato doloso, por ação ou omissão, que viole os deveres de
honestidade, moralidade, imparcialidade, legalidade e lealdade
aos Correios;
b) Obter para si ou outrem vantagem patrimonial ou pessoal inde-
vida em razão do exercício de cargo ou função que exerce nos
Correios;

2.3 Objetivo
As fraudes, em geral, são frutos de “oportunidades”, quer por
excesso de comando, quer por lacunas de fiscalização. Nem sempre
é o controle rigoroso que evita a fraude, hoje se usam até recursos
de informática para fraudar.
Quando se entrega a alguém alguma coisa para que zele por ela, não
só se transfere confiança, mas, também, autoridade para decidir
sobre a guarda. Quando ocorre a fraude ou erro, fere-se a fideli-
dade. As fraudes, em geral, possuem, direta ou indiretamente como
corresponsáveis os que se negligenciam na supervisão ou no controle.
Boa parte das fraudes nas empresas ocorre no movimento de caixa
ou banco (Operações bancárias). Desde as mais simples até as mais

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sofisticadas formas, as maquinações e os desfalques nas disponi-


bilidades têm sido relevantes quanto à incidência de fraudes. Por
esta razão, o objetivo do estudo da fraude, suas causas e princi-
pais ocorrências propiciará ações de prevenção junto aos empre-
gados e gestores responsáveis pelo processo operações envolvendo a
9 Relatório Técnico do GT-SISTEMA DE CONTROLE
concessão de créditos 9. INTERNO-PRT/PRESI-030/2015, subitem 3.1.1.

3. Controles Internos
3.1 Definição
O Controle interno é um processo conduzido pela estrutura de gover-
nança, pela administração e por outros profissionais da entidade,
e desenvolvido para proporcionar segurança razoável com respeito
à realização dos objetivos relacionados a operações, divulgação e
conformidade. 10 10 Relatório Técnico do GT-SISTEMA DE CONTROLE
INTERNO-PRT/PRESI-030/2015, subitem 3.1.1.

3.2 Objetivos
A Administração, com a supervisão da estrutura de governança, fixa
macro objetivos para a Empresa como um todo, que se alinham com
a missão, a visão e as estratégias da organização.

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Esses macro objetivos normalmente são expressos no Planejamento


Estratégico, o qual reflete as escolhas feitas pela administração
e pela estrutura de governança a respeito de como a organização
busca criar, preservar e converter valor para as partes interessadas.
Esses objetivos normalmente se concentram nas necessidades espe-
cíficas da Empresa, que podem ser oriundos de alinhamento opera-
cional, legal ou normativo.
Os objetivos da entidade estão divididos em três categorias:
operacionais, de divulgação e conformidade.
3.2.1 Objetivos Operacionais: relacionam-se à realização da missão
e da visão básica da entidade, não a razão fundamental para sua
existência. Esses objetivos se desdobram em subobjetivos para as
operações dos demais níveis de estrutura da Empresa, com a finali-
dade de aumentar a eficácia e eficiência da trajetória da entidade
rumo à sua meta definitiva. Exemplo de objetivos operacionais:
melhorar o desempenho financeiro, da produtividade, da qualidade,
de práticas ambientais, da inovação, satisfação dos empregados e/
ou salvaguardar os ativos da empresa.
3.2.2 Objetivos de Conformidade: as empresas devem conduzir
suas atividades e, frequentemente, tomar ações específicas, em
concordância com as leis e os regulamentos aplicáveis. A Empresa

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precisa reconhecer quais leis, regras e regulamentos são aplicáveis


a toda entidade. A organização deve incorporar essas normas aos
objetivos fixados pela entidade.
3.2.3 Objetivos de Divulgação: Os objetivos de divulgação dizem
respeito à preparação de comunicações para uso da organização e
de partes interessadas. Podem envolver informações financeiras e
não financeiras e divulgação interna ou externa. Os objetivos de
divulgação interna são influenciados por necessidades internas,
como os rumos estratégicos da entidade, seus planos operacionais e
as métricas de desempenho em vários níveis. Os objetivos das divul-
gações externas são influenciados principalmente por regulamentos
e/ou normas estabelecidas por órgãos reguladores ou autoridades
normativas.
Os Objetivos de Divulgação são diferentes do componente Infor-
mação e Comunicação. Nos Objetivos de Divulgação, a adminis-
tração estabelece os macro objetivos de divulgação, Ex: Emitir ao
Ministério de Comunicação um relatório sobre a Gestão da Susten-
tabilidade Ambiental nos Correios. E no componente Informação e
Comunicação são comunicados os resultados do controle interno
específico, Ex: Relatório de Gestão e Controle da Sustentabilidade
Ambiental dos Correios.

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3.3 Informação e comunicação


A Informação e Comunicação é analisada com base em disposições
de informações tempestivas, seja financeira ou de outra natureza,
relevantes e confiáveis para tomadas de decisões.
A informação é necessária para que a entidade cumpra responsa-
bilidades de controle interno a fim de apoiar a realização de seus
objetivos.
Atenção:
A organização obtém ou gera e utiliza informações significa-
tivas e de qualidade para apoiar o funcionamento do controle
interno.
A organização transmite internamente as informações necessá-
rias para apoiar o funcionamento do controle interno, inclusive
os objetivos e responsabilidades pelo controle interno.
A organização comunica-se com os públicos externos sobre
assuntos que afetam o funcionamento do controle interno.

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Lição 4 - Matemática Financeira

Início de Conversa
A matemática financeira teve seu início exatamente quando o homem
criou os conceitos de Capital, Juros, Taxas e Montante. Daí para
frente, os cálculos financeiros tornaram-se mais justos e exatos, mas
é preciso conhecê-los e, se possível, muito bem.
Juros representam a remuneração desejada para o capital do agente
superavitário.
No mercado financeiro agente superavitário é aquele que tem
recursos excedentes, sobra de caixa, e deseja manter esse volume
de capital aplicado durante um determinado período que, em seu
planejamento (orçamento), não irá necessitar.
Do outro lado temos os agentes deficitários, que são aqueles que não
possuem sobras de caixa e, pelo contrário, desejam adquirir bens
ou serviços e necessitam tomar recursos emprestados dos agentes
superavitários para tal.
Quem faz essa intermediação é uma instituição financeira.
Então juros representa a remuneração do capital aplicado pelo
agente superavitário numa instituição financeira e que é pago pelo
agente deficitário que tomou aquele recurso emprestado.
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TEMA 1 - COMPONENTES DA FÓRMULA


TAXA DE JUROS
É o índice que determina a remuneração do capital, ou seja, o preço
do “aluguel” do dinheiro num determinado período de tempo (dias,
meses, ano).
É a porcentagem aplicada ao capital inicial que resulta no montante
de juros.

JUROS
Juros é o valor expresso em dinheiro (em reais, por exemplo) refe-
rente a determinado capital e para determinado período. Pode ser
definido como a remuneração do capital, ou seja, o valor pago pelos
devedores aos emprestadores em troca do uso do dinheiro.
Ao fazer uma aplicação financeira, o montante final (Cn) resgatado
após n períodos deve ser igual ao capital inicial (C0) aplicado mais os
juros (J) ganhos na operação logo, podemos escrever:

Montante final = Capital inicial + J


Ou seja, Cn = C0 + J
Portanto: J = Cn – C0

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CAPITAL (C OU VP)
Valor aplicado por meio de alguma operação financeira.
Também conhecido como principal, valor atual, valor presente ou
valor aplicado. Em geral, o capital costuma ser representado por C0.

NÚMERO DE PERÍODOS
Tempo, prazo determinado em unidade de tempo (dias, meses, anos,
etc.) em que o capital é aplicado. Em geral o número de períodos
costuma ser simbolizado por n.

Juro é a remuneração do Capital empregado.


Para o Investidor: é a remuneração do investimento.
Para o Tomador: é o custo do capital obtido por empréstimo.

TAXA (i)
A grandeza do juro é definida por um coeficiente denominado taxa e
esta se expressa de duas formas:
Unitária - apresenta o juro da unidade de capital num período
determinado, tomado como unidade de tempo. Assim, se o juro

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de R$ 1.000,00 em um ano é R$ 50,00, diz-se que a taxa anual de


juro é: 0,05. A taxa unitária de juro é representada por i. Exemplo
Dada uma taxa percentual de 45%
Percentual - representa o juro de 100 unidades de capital no
a.a. obtemos sua equivalente
período tomado como unidade de tempo. Portanto, se R$ 100,00 forma unitária, fazendo
produzem R$ 5,00 de juros em um ano, diz-se que a taxa anual 45% = 45/100.
de juro é cinco por cento e escreve-se 5% a.a. O resultado dessa divisão expressa
a taxa unitária: 0,45 a.a.

MONTANTE
É o capital inicial acrescido dos juros por ele produzidos ao final do Exemplo
prazo estabelecido:
O montante de um capital de
A fórmula para calculá-lo é: M = C (1+i.n) R$10.000,00 em 6 meses, à taxa de
5% a.m. (0,05 a.m.) no regime de
juros simples, será:
M = C (1+i.n)
M = R$10.000,00 x (1 + 0,05 x 6)
M = R$10.000,00 x (1 + 0,30)
M = R$10.000,00 x 1,30
M = R$13.000,00

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TEMA 2 - JUROS SIMPLES


No regime de juros simples, o fato gerador dos juros sempre é o valor
do principal em função do tempo de aplicação, jamais se incorpo-
rando ao capital para efeito de cálculo dos juros relativos ao período
subsequente.

Exemplo
1) Supondo uma aplicação de R$ 100,00 por 30 dias e
com juros acordados de 2% ao mês.
Passado um mês, o aplicador receberá de juros:
Juros = (R$100,00 x 2%) = R$ 2,00
Montante = R$ 100,00 + R$ 2,00
Receberá portando: R$ 102,00.

Exemplo
2) Um cliente tomou emprestado R$100,00 por dois
meses a uma taxa de juros de 3% ao mês.
Ao final do primeiro mês ele deve ao Banco:
R$100,00 + (R$100,00 x 3%) = R$ 103,00
No final do segundo mês ele deve ao Banco:
R$ 103,00 + (R$100,00 x 3%) = R$ 106,00

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É elucidativo lembrar que, no cálculo dos juros simples, temos que


considerar ainda, a existência de juros exatos e de juros ordinários,
a saber:
CÁLCULO DE JUROS
No cômputo do tempo consideramos o número de
Juros exatos dias reais do calendário civil (ano = 365 ou 366 dias,
mês 28, 29, 30 e 31 dias, conforme o caso).
O tempo, por convenção, é mensurado segundo o
Juros ordinários
calendário comercial (ano = 360 dias; mês = 30 dias).

FÓRMULA PARA CÁLCULO DOS JUROS (SIMPLES)


A fórmula empregadas no cálculo dos fatores envolvidos nos juros
simples é representada por:

J=Cxixn
J= juros
C= Capital
i= taxa
n= período

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Exemplo
1) Vamos supor agora que você pegue um empréstimo de R$ 4.000,00 e
que será pago em cinco meses com uma taxa de juros de 4% ao mês. Qual
será o valor pago no final?
Primeiro passo: Identificando os elementos da fórmula:
C = R$4.000,00
I = 4% = 0,04
n=5
Segundo passo: Aplicando a fórmula dos juros temos:
J = R$ 4000,00 x 0,04 x 5
J = R$ 800,00
Terceiro passo: O montante final será formado por Capital + juros
(M=C+j):
M = R$ 4.000,00 + R$ 800,00 = R$ 4.800,00

Resposta: No final dos cinco meses você pagará o montante


de R$4.800,00 pelo empréstimo.

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Exemplo
2) Uma aplicação de R$ 50.000,00 à taxa de 5% a.a. (0,05 a.a.), ao final
de 3 anos, no regime de juros simples, renderá quanto de juros?
Aplicando a tabela abaixo teremos:

Resposta: No final do 3º ano, o capital de R$ 50.000 renderá


juros de R$7.500,00.

Podemos também calcular pela fórmula: j=C.i.n


j = R$50.000,00 x 0,05 x 3 = R$7.500,00

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TEMA 3 - JUROS COMPOSTOS


Os Juros compostos são calculados sobre o saldo devedor do capital
aplicado. A cada período os juros calculados somam-se ao saldo
devedor anterior.
Vamos supor que um tomador de empréstimo se propôs pagar um
empréstimo de R$100,00 a 3%a.m., ao final de um mês. Assim,
tomou emprestado R$100,00 e ao final de um mês devolveu R$
103,00. Vamos supor que o tomador necessitasse desse mesmo
empréstimo, porém por três meses.
Ao final de um mês a sua dívida atingiu a R$103,00.
O segundo mês do empréstimo já parte de uma dívida de R$103,00.
O cálculo dos juros do segundo período será: R$103,00 +
(R$103,00 x 3%) = R$106,09.
O terceiro período já parte desse saldo devedor e acumula juros por
mais um período: R$106,09 + R$106,09 x 3%) = R$109,27.
Ao final do terceiro mês o saldo do seu empréstimo será de R$109,27.
Para simplificarmos esse exercício de passagem do valor mês a mês,
utilizamos a formula matemática do juro composto:
M = C (1+i) n

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1) Identificando os componentes da fórmula:


C=R$100,00
i= 3% a.m.
n= 3m
2) Aplicando a fórmula em nosso exemplo teremos:
M = R$100,00 x (1+0,03)3
M = R$100,00 x (1,03)3
M = R$100,00 x 1,0927
M = R$109,27
Note como o cálculo é facilitado quando utilizamos a fórmula dos Atenção
juros compostos! A unidade de tempo para o período
Abaixo estão as fórmulas que utilizamos para os juros compostos: (n) deve ser a mesma da taxa de
juros (i)
M = C.(1+i)n
M=C+J
Exemplo
J=M-C
Qual o montante produzido por um
M = Montante capital de R$ 300.000,00 aplicado
C = Capital Aplicado durante um ano, à taxa de 7,5%
i = taxa de juros composto a.m., de juros compostos?
n = tempo de aplicação M = 300.000(1+,075)12
j = juros composto M = 714.5333,88
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CAPITALIZAÇÃO COMPOSTA
A capitalização composta ocorre quando utilizamos o sistema de juros
compostos na apuração da rentabilidade de um investimento ou do
encargo de um empréstimo. Neste sistema, os juros são adicionados
ao principal no fim de cada período, formando o montante que será
tomado como o principal para o período seguinte. Segue o mesmo
conceito que utilizamos no caso dos juros compostos.

Exemplo
O Capital de R$100,00 será aplicado com variações
mensais de taxa de juros (1% no primeiro mês, 2%
no segundo mês e 4% no terceiro mês). Qual o saldo
devedor ao final do terceiro período?
Ao final do primeiro mês capitalizamos o capital
emprestado R$ 100,00 em 1% = R$ 101,00.
No final do segundo mês, capitalizamos o capital em
2% = R$ 103,02.
E ao final do terceiro, capitalizamos o capital em 4%
= R$ 107,14.

Nesta situação, o capital foi capitalizado durante todo o período e o


saldo devedor não foi amortizado ao longo do período.
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FATOR DE CAPITALIZAÇÃO
A expressão algébrica (1 + i / 100)n é chamada de fator de capita-
lização, pois ao multiplicar seu resultado pelo capital obtém-se o
montante.
Exemplo:
Para um capital de R$ 10.000,00 aplicado à taxa de 10% a.a., com
juros compostos, por 2 anos:
JUROS
N CAPITAL JUROS MONTANTE
ACUMULADOS
0 10.000,00 0 0 10.000,00
1 10.000,00 1.000,00 1.000,00 11.000,00
2 11.000,00 1.100,00 2.100,00 12.100,00

Aplicando a fórmula:
M = 10.000,00 x (1 + 10/100)2 = 12.100,00
Como j = M – C → j = 12.100,00 – 10.000,00 = 2.100,00

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Compare, no exemplo a seguir, a rentabilidade de R$ 100,00 inves-


tidos hoje, mantida a aplicação no período de 10 anos ou 120 meses,
à taxa de 1,5% ao mês nas modalidades de juros simples e juros
compostos:
TIPO DE JUROS CAPITAL JUROS MONTANTE
Simples 100,00 180,00 280,00
Compostos 100,00 496,93 596,93

TEMA 3 - TAXA DE JURO NOMINAL, REAL E EFETIVA


TAXA NOMINAL
É a taxa que encontramos nas operações correntes, ou seja, a taxa
visível aos participantes de uma transação, por exemplo, de um CDB
cotado a 13% ao ano.

Dica
A inflação está inserida nessa cotação e não reflete,
portanto, o ganho real do investidor no investimento.

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TAXA REAL
É a taxa nominal descontada a inflação do período. Ela será positiva
quando a taxa nominal for maior do que a inflação no mesmo período
e será negativa quando a taxa nominal for menor do que a inflação
no mesmo período.

TAXA EFETIVA
Pode ser dada de duas maneiras:
1) pela taxa proporcional (juros simples); ou
2) pela equivalente (juros compostos):

CAPITALIZAÇÃO SIMPLES VERSUS CAPITALIZAÇÃO COMPOSTA

Pergunta
Qual regime de capitalização é mais vantajoso?

Se você é o tomador dos recursos certamente vai querer pagar


menos juros.
Mas se você está emprestando, vai querer receber mais juros.

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O prazo da operação e o período de capitalização da taxa são muito


importantes para determinar qual regime gera mais juros.
No gráfico abaixo podemos notar que ao contrário do que normal-
mente se pensa, o regime de capitalização composta gera juros infe-
riores aos da capitalização simples.
Isso ocorre porque o período estabelecido para uma determinada
operação é inferior ao período estabelecido para taxa de juros esta-
belecida para essa mesma operação.
Caso o prazo da operação coincidisse com o período de capitalização
da taxa de juros (por exemplo: operação de um ano com taxa de
juros anual), o valor de juros na capitalização simples seria exata-
mente igual ao valor de juros gerados no regime de capitalização
composta.
M juros compostos

juros simples

Ms=Mc

1 t

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RESUMINDO
PRAZO DA OPERAÇÃO MELHOR REGIME DE CAPITALIZAÇÃO
Menor que a capitalização da taxa (taxa Tomador: Composto
ao ano e prazo inferior a um ano) Doador: Simples
Igual ao da Capitalização da taxa (taxa
Indiferente
ao ano e prazo de um ano)
Maior que a capitalização da taxa (taxa Tomador: Simples
ao ano e prazo superior a um ano) Doador: Composto

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TEMA 4 - TAXA DE JUROS EQUIVALENTES E


TAXA DE JUROS PROPORCIONAIS
Muitas vezes a taxa de juros é expressa ao ano, mas a transação é
por um prazo menor e temos de achar a taxa correspondente ao
período da operação.

Dica
Duas taxas são PROPORCIONAIS quando, considerados o mesmo prazo
e o mesmo capital e produzem o mesmo montante, no regime de
capitalização SIMPLES de juros.
Duas taxas são EQUIVALENTES quando, considerados o mesmo prazo
e o mesmo capital, produzem o mesmo montante, no regime de
capitalização COMPOSTA de juros.
Capitalização Simples – as taxas são proporcionais.
Capitalização Composta – as taxas são equivalentes.

Exemplo
Uma aplicação a 1% ao mês resultará em 12% ao ano pela taxa proporcional:
(1% x 12) = 12%
A mesma taxa no cálculo pela taxa equivalente resulta
(1,01)12 = 12,68%
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TEMA 5 - JUROS PRÉ E


PÓS-FIXADOS
JUROS PRÉ-FIXADOS Exemplo
São juros determinados e negociados no fecha- Dessa forma, um contrato de empréstimo para
mento da operação. Credor e devedor sabem no pagamento daqui a 3 meses com cláusula de juros
momento do fechamento da operação o que um pós-fixados com base na variação mensal do CDI –
Certificado de Depósitos Interbancários (taxa referencial
vai pagar e o outro vai receber. do mercado financeiro para juros) terá o seguinte
calculo:
JUROS PÓS-FIXADOS
Empréstimo de R$100,00.
Neste caso já não há definição. No contrato cons-
Variação da taxa do CDI no primeiro mês = 1%
tará uma taxa referencial para poder formalizar a
Variação da taxa do CDI no segundo mês = 2%
transação, no entanto ninguém consegue prever o
que cada parte poderá ganhar. Variação da taxa do CDI no terceiro mês = 4%.
Teremos a seguinte composição do saldo devedor:
Neste caso o devedor, comparativamente com
R$ 100,00 x 1,01 = R$ 101,00 (saldo devedor do 1º mês)
empréstimo pré-fixado, fez um mau negócio. No
R$ 101,00 x 1,02 = R$ 103,02 (saldo devedor do 2º mês)
entanto, poderia ter ocorrido o inverso e o credor
R$ 103,02 x 1,04 = R$ 107,14 (saldo devedor no 3º mês)
receberia então um valor menor.

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TEMA 6 - JUROS DE MORA


São juros determinados em contrato e representam os juros que
serão aplicados ao saldo devedor após o tomador se tornar inadim-
plente, ou seja, deixar de pagar na data do vencimento.

Exemplo
No exemplo acima calculamos que ao final de 3 meses
o devedor terá que pagar R$ 107,14. Suponhamos que
tenha ocorrido um atraso no pagamento no final e que
o contrato prevê uma cláusula de juros de mora de 3%
ao mês.
Se o empréstimo não for pago em dia o cálculo do
saldo devedor será o seguinte: R$ 107,14 * 1,03= R$
110,35, em função do juro de mora.

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TEMA 7 - CUSTO EFETIVO TOTAL - CET


O CET representa o custo total de uma operação (empréstimo ou
financiamento) e deve ser informado ao cliente pela instituição
financeira antes da concretização do negócio e em qualquer outro
momento, caso requerido pelo cliente.
O CET deve constar dos informes publicitários das instituições
quando forem veiculadas ofertas específicas (com divulgação da
taxa de juros cobrada, do valor das prestações etc.).

Dica
Representado pela taxa efetiva calculada em função
do valor liquido liberado ao devedor.
Expresso na forma de taxa percentual anual.
Inclui a taxa nominal do empréstimo (taxa de juros),
as tarifas, o seguro, os tributos e outras despesas.

Supondo um empréstimo de R$ 1.000,00 e que a soma de todas as


tarifas e tributos seja R$ 100,00. O valor a ser liberado é de R$
900,00. A taxa nominal comunicada é de 1% ao mês, a taxa efetiva
será calculada da seguinte forma:

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Calculando a prestação de um empréstimo de R$


1.000,00 a uma taxa nominal de 1% ao mês teremos Saiba Mais
12 parcelas de R$ 88,85. Ocorre que, conforme Abaixo demonstramos com chegar a esse número
demonstrado acima, foram liberados somente R$ utilizando uma calculadora HP 12 C:
900 e a prestação permanece a mesma. Para calcular a prestação:
1000 Clicar CHS e clicar PV
Utilizando uma planilha de cálculo ou uma calcu-
ladora financeira científica iremos observar que o 12 clicar “n” = numero de parcelas
CET é de 2,71% ao mês e não 1% ao mês. 1 clicar “i” taxa do financiamento
PMT = 88,85 = valor da parcela
Para calcular CET: Teremos agora que utilizar a
parcela (PMT) de R$ 88,85, só que para encontramos
o CET teremos que utilizar o valor recebido de R$
900,00.
88,85 Clicar ENTER clicar PMT
12 clicar “n” 900 clicar CHS clicar PV
Clicar “i” o resultado apresentado foi de: 2,71%
CET = 2,71%

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Pergunta
Qual a finalidade do CET?

Conhecendo previamente o custo total da operação de crédito fica


mais fácil para o cliente comparar as diferentes ofertas de crédito
feitas pelas instituições do mercado, o que gera maior concorrência
entre essas instituições.

O CET deve incluir todos os fluxos financeiros envolvidos na


operação como: taxa de juros, tarifas cobradas, tributos
que incidem sobre a operação e serão arcados pelo Cliente
tomador do empréstimo, custos de seguros incluídos para
garantir o bem financiado, despesas de registros cobradas,
bem outras despesas que serão arcadas pelo cliente.

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Exemplo
Crédito pessoal de R$ 10.000,00 - Apresentado ao cliente o plano de
pagamento de 12 parcelas de R$ 1.000,00.
A taxa nominal de um plano deste é de 2,923% ao mês.
No entanto, após apurados todos os custos de tributos, seguros, registros,
tarifas, no valor de R$1.000,00) será liberado ao cliente o valor líquido de
R$9.000,00 (R$10.000,00 – R$1.000,00).
Note que mudou o valor liberado, mas o valor da parcela permaneceu
o mesmo.
Temos então que recalcular os juros, pois o valor liberado diminuiu, mas
as parcelas continuam as mesmas. Logo, a taxa de juros aumentou.
Neste caso a taxa efetiva foi para 4,73% ao mês.

Dica
O que deve ser apresentado como CET ao potencial tomador do
empréstimo é a taxa de 4,73% e não 2,923% ao mês, como inicialmente
foi calculado.
Assim, o cliente poderá comparar este custo, nas mesmas bases,
com o CET ofertado pela concorrência e decidir pela melhor oferta.

A Instituição Financeira deve comprovar que deu ciência ao


cliente do CET.

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Estudo de caso:
Um banco faz um empréstimo pessoal de R$ 1.000,00 que deve ser
devolvido em 5 prestações mensais iguais de R$ 221,48. Sabendo-se
que o banco cobra IOF de 0,2% a.m sobre as prestações, antecipada-
mente, calcular a taxa de juros real do empréstimo.
Resolução:
Se o banco cobra 0,2% a.m. antecipadamente e sobre as prestações,
em 5 meses teremos um IOF de 1%. Portanto, a quantia líquida rece-
bida no ato é de:
P = 1.000 – (221,48 x 5 x 0,01)
P = 1.000 – 11,07 = 988,93
Temos: 988,93 = 4,465098
221,48
Calculando obtemos: 3,90% a.m.
Sabemos que na composição do Custo Efetivo Total devem ser inclu-
ídos os impostos. E quais são os impostos que afetam a atividade
financeira e o custo dos empréstimos e financiamentos? Veremos a
seguir.

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TEMA 8 – IMPOSTOS E TAXAS


ISS - IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS EM QUALQUER NATUREZA
Não incide ISS sobre o valor intermediado no mercado de títulos e
valores mobiliários, o valor dos depósitos bancários, o principal, os
juros e acréscimos moratórios relativos a operações de crédito reali-
zadas por instituições financeiras.
A incidência do ISS ocorre sobre os serviços prestados pelas Institui-
ções Financeiras. Listamos abaixo alguns deles:
SERVIÇOS DE INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS TRIBUTADOS PELO ISS
• Administração de fundos quaisquer, de consórcio, de cartão de crédito.
• Abertura de contas em geral, inclusive conta corrente e caderneta de poupança.
• Locação e manutenção de terminais eletrônicos, de terminais de atendimento.
• Cadastro e elaboração de ficha cadastral.
• Acesso, movimentação e consulta a contas em geral.
• Emissão, alteração, cessão, substituição, cancelamento e registro de contrato de
crédito; estudo, análise e avaliação de operações de crédito e serviços relativos
à abertura de crédito, para quaisquer fins;
• Arrendamento mercantil (leasing).
• Serviços relacionados a cobranças, recebimentos ou pagamentos em geral, de
títulos quaisquer.
• Serviços relacionados a crédito imobiliário.

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IOF – Imposto sobre Operação Financeira


É um tributo com função predominantemente extrafiscal, voltado
para o controle da política monetária, mas com significativo incre-
mento na arrecadação.
Incide, dentre outros, sobre operações de crédito realizadas pelas
instituições Financeiras, quando observado o seguinte:
Operações de crédito, a sua efetivação pela entrega total ou
parcial do montante ou do valor que constitua o objeto da obri-
gação, ou sua colocação à disposição do interessado.
Operações relativas a títulos e valores mobiliários, a emissão,
transmissão, pagamento ou resgate destes na forma da lei apli-
cável.
Base de Cálculo.
Operações de crédito, o montante da obrigação, compreendendo
o principal e os juros.
Operações relativas a títulos e valores mobiliários:
Na emissão o valor nominal mais o ágio, se houver.

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Na transmissão, o preço ou o valor nominal ou o valor da


cotação em bolsa, conforme a lei.
No pagamento ou resgate, o preço.
As alíquotas são administradas de acordo com as estratégias de polí-
tica monetária.
Podem ser alteradas para maior, caso a autoridade monetária entenda
que deva encarecer os empréstimos e desestimular o avanço das
operações de crédito.
Caso deseje estimular a expansão do crédito a alíquota será redu-
zida.

TEMA 9 - SISTEMAS DE AMORTIZAÇÃO


ANUIDADES E AMORTIZAÇÕES – FLUXO DE CAIXA
Chama-se fluxo de caixa a sucessão de pagamentos e/ou de recebi-
mentos (termos do fluxo) prevista, período a período, associada a
uma anuidade ou amortização.
É importante observar que, neste caso, anuidade é termo técnico
não correspondendo, necessariamente, ao período de um ano.

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Quando a série de entradas e saídas de caixa:


se destinada a constituir um capital, denomina-se anuidade;
se destinada ao pagamento de uma dívida, toma o nome de
amortização.

Exemplo
Quando você adquire um imóvel “na planta”, a quantia que
se paga antes do recebimento das chaves visa formar uma
poupança (anuidade) e as prestações pagas após a obtenção
do financiamento tem o objetivo de liquidar a dívida (amorti-
zação).

Em Matemática Financeira, essa sucessão de eventos é objeto de


classificação bastante ampla.

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Para facilitar a visualização utilizamos a representação gráfica


chamada “diagrama de tempo” ou “diagrama do fluxo de caixa”, no
formato a seguir:

Entrada de Caixa

0 1 2 3 4 5 6 tempo

Saídas de Caixa

(sem escala)

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PRESTAÇÕES
Uma coisa muito comum na vida de todos nós são as prestações.
Denomina-se prestação a cada termo de uma série de pagamentos
ou recebimentos.
Para cálculo das prestações existem várias metodologias. A seguir
iremos descrever as principais metodologias adotadas no mercado
financeiro.

PAGAMENTO ÚNICO
O devedor paga o Montante = Capital + Juros compostos da dívida
em um único pagamento ao final de n períodos. O Montante pode ser
calculado pela fórmula:
M = C (1+i)n
Uso comum: Letras de câmbio, Títulos descontados em bancos,
Certificados a prazo fixo com renda final.

SISTEMA DE PAGAMENTOS VARIÁVEIS


O devedor paga periodicamente valores variáveis de acordo com a
sua condição e de acordo com a combinação realizada inicialmente,
sendo que os juros do saldo devedor são pagos sempre ao final de
cada período.
Uso comum: Cartões de Crédito.
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SISTEMA AMERICANO
O devedor paga o Principal em um único pagamento no final e no final
de cada período realiza o pagamento dos juros do Saldo devedor do
período.

Dica
No final dos períodos o devedor
paga também os juros do período.

SISTEMA DE AMORTIZAÇÕES CONSTANTES (SAC)


O devedor paga o Principal em n pagamentos sendo que as amortiza-
ções são sempre constantes e iguais.
Uso comum: Sistema Financeiro da Habitação - SFH

SISTEMA DA TABELA PRICE (SISTEMA FRANCÊS)


O sistema da tabela Price é utilizado em financiamentos pagos com
prestações constantes. É o caso dos financiamentos de compra de
automóveis, em que o comprador paga o valor do veículo em um
determinado número de prestações iguais.

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Todas as prestações (pagamentos) são iguais. A diferença para o


sistema de amortizações constantes é que na Tabela Price a amorti-
zação vai aumentando com o passar dos períodos.
Uso comum: Financiamentos em geral de bens de consumo.

SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO MISTO (SAM)


Cada prestação (pagamento) é a média aritmética das prestações
respectivas no Sistema Price e no Sistema de Amortização Constante
(SAC).
Uso comum: Financiamentos do Sistema Financeiro da Habitação – SFH

SISTEMA ALEMÃO
O sistema Alemão consiste em liquidar uma dívida onde os juros são
pagos antecipadamente com prestações iguais, exceto o primeiro
pagamento que corresponde aos juros cobrados no momento da
operação financeira. É necessário conhecer o valor de cada paga-
mento (P) e os valores das amortizações.

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Lição 5 - Descontos

Chama-se de desconto a diferença entre o valores nominais de


um título - Valor Futuro e Valor Atual. É um valor cedido a uma
pessoa (Física ou jurídica) para incentivar a quitação de uma dívida
antecipadamente, obtendo com isso um abatimento denominado
desconto.
D= VF – VA (Desconto = Valor Futuro - Valor Atual)
Divide-se em dois grupos: Desconto Simples e Desconto Composto

Desconto Simples:
O desconto simples é aquele obtido em função de cálculos lineares
e também subdivide-se em dois grupos:

Desconto Simples Comercial


Desconto comercial simples, também chamado de desconto bancário,
ou por fora, é o desconto aplicado sobre o valor nominal, ou futuro,
do título

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O Desconto Comercial Simples tem como base o Juro Simples, então,


sendo todas as operações baseadas nele.
O desconto é calculado sobre o valor nominal.
Exemplo:
D = VN . i . t VA = VN . (1 – i.t)

Legenda
D= desconto
VN = valor nominal
i = taxa
t = tempo
VA = valor atual

Desconto Simples racional


O desconto simples racional ou também denominado de desconto
verdadeiro ou é o desconto aplicado sobre o valor atual do título utili-
zando-se a para o cálculo a taxa efetiva. O cálculo deste desconto

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funciona análogo ao cálculo de juro simples. O cálculo do desconto


racional é feito sobre o valor atual ou presente do título.
Dr = A . i . t VA = VN
(1 + i.t)
Legenda
D = desconto
VN = valor nominal
i = taxa
t = tempo
VA = valor atual

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Desconto Composto:
Desconto composto são obtidos com cálculos exponenciais. Incide
sobre o Valor futuro, deduzidos dos descontos acumulados até o
período imediatamente anterior.

Desconto Composto Comercial


Desconto, também chamado “por fora”, que tem como base o cálculo
do juro composto e caracteriza-se pela incidência sucessiva da taxa
de desconto sobre o valor nominal do título, o qual é deduzido, em
cada período, dos descontos obtidos em períodos anteriores. (ASSAF
NETO, 2001)
D = VN . i . t VA = VN . (1 – i)t
Legenda
D = desconto
VN = valor nominal
i = taxa
t = tempo
VA = valor atual

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Desconto Composto Racional ou por dentro


O desconto composto “por dentro” (ou racional) é aquele estabele-
cido segundo as conhecidas relações do regime de juros compostos.
Assim sendo, o desconto composto racional é a diferença entre o
valor nominal e o valor atual de um título, quitado antes do venci-
mento. (ASSAF NETO, 2001)

D=A.i.t VA = VN
(1 + i)t
Legenda
D = desconto
VN = valor nominal
i = taxa
t = tempo
VA = valor atual

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GLOSSÁRIO:
TÍTULO: é qualquer papel negociável, exemplo:
ações, letras de câmbio, promissórias.
Os títulos circulam mediante um endosso. Dessa
forma, uma nota promissória, é um título que
compromete uma pessoa que o assina a pagar uma
certa importância a uma outra pessoa, em uma
determinada data.
ENDOSSO: segundo o dicionário Aurélio, endosso é um
meio de se transferir a propriedade de um título de
crédito a outra pessoa.
VALOR NOMINAL: chama-se de valor nominal de um
título, o valor que esse título tem na data de seu
vencimento, ou seja, é o valor indicado no título
(importância a ser paga no dia do vencimento). O
valor nominal de um título vem impresso no próprio
título. O valor nominal também pode ser chamado de
valor futuro, valor de face ou valor de resgate.
VALOR ATUAL: é o valor que que um título tem em
uma data anterior ao seu vencimento. O valor atual
também é pode ser chamado de valor real, valor
presente ou valor aplicado.
http://www2.anhembi.br/html/ead01/mat_
financeira/site/lu02/lo1/index.htm

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Fim do Módulo II
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Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem prévia autorização da UniCorreios. Uso
exclusivamente interno para os empregados.

B499c

Bergo, César Augusto Moreira.


Curso Preparatório Certificação Profissional Correspondentes no País / César Augusto Moreira Bergo. -1.ed. – Brasília
: UniCorreios, 2014.
108p.: il.

Módulo 2 – Mercado Financeiro


Inclui bibliografia somente no Módulo 4

1. Mercado financeiro. 2. Riscos. 3.Combate à lavagem de dinheiro. 4. Matemática financeira.

CDU: 336.71

Ficha catalográfica elaborada pela biblioteca da UniCorreios.


UniCorreios - Universidade dos Correios
Gerência de Educação a Distância
Projeto de Certificação de Correspondente no País
Design educacional:
Gilson Borges Espíndola
Apoio ao Design educacional:
Michelle Maria de Souza Lopes
Sergio Ferreira Louredo dos Reis
Diagramação/Ilustração:
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Ana Carolina de Freitas Alves
Isis Florencio de Albuquerque Cavalcante
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Revisão final:
C.A.M. Bergo Agente Autônomo de Investimento EPP ©

Edição de junho/2017

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